Texto Básico:Jó
1:13-21
“Nu sai do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor
o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”(Jó 1:21).
INTRODUÇÃO
Imagine um dia que
começa como qualquer outro. Você se levanta para ir ao serviço e, chegando na
firma, encontra as portas lacradas. A firma fechou, sem aviso. Você,
inesperadamente, ficou desempregado. Tendo obrigações para cumprir, você decide
ir ao banco para sacar dinheiro e pagar algumas contas que estão vencendo. Mas,
chegando ao banco, eles dizem que sua conta foi fechada, sem explicação, e que
você não tem nenhum centavo. Você resolve voltar para casa, ainda tentando
entender o que está acontecendo. Chegando perto de sua rua, você percebe vários
bombeiros e ambulâncias correndo por todos os lados. Seus vizinhos estão na
rua, chorando inconsolavelmente. Antes de você chegar até sua casa, um dos
vizinhos chama você e fala palavras que jamais esquecerá: "Aconteceu tão rápido",
ele diz, "que não foi possível salvar ninguém. A casa, de repente,
explodiu. Todos que estavam dentro morreram. Eu sinto muito. Todos os seus
filhos estão mortos."
Alguns dias passam. Você acorda num
lugar estranho. Olhando para seu redor, percebe que está num hospital. Você
está sentindo dores terríveis, e uma coceira constante. Depois de algumas horas
de sofrimento, a enfermeira avisa que está na hora de visita. No seu caso,
várias pessoas serão permitidas entrar para visitá-lo. A primeira pessoa que entra
no quarto é sua esposa. Precisando muito de uma palavra de consolo e de
explicação, você olha para ela com tanta esperança, nunca imaginando o que ela
vai falar. Ela chega perto da sua cama e começa a gritar: "Eu não entendo
a sua atitude", ela diz. "Sua fé não vale nada. Você confia num Deus
que fez tudo isso? Amaldiçoe o nome de Deus e morra!" Com essas palavras,
ela sai do quarto.
Enquanto você procura entender tudo
isso, chegam alguns amigos seus. São velhos amigos, sempre prontos para ajudar.
Agora será consolado! Mas, eles entram no quarto, vêem seu estado crítico e seu
corpo desfigurado pela doença, e não falam nada. Ficam com a boca aberta,
olhando, mas não acreditam. Depois de um longo período de silêncio, um deles
fala: "Você mereceu isso. Você deve ter feito alguma maldade muito grande,
e Deus está te castigando. Ele tirou todos os seu bens e matou seus filhos. Ele
causou esta sua doença. Ele fez tudo isso porque você é mau!" Você começa
discutir quando um dos outros concorda com o primeiro, e depois outro também
concorda com eles. Não adianta discutir. Para eles, você é um detestável
pecador que deve sofrer mais ainda.
De repente, algumas crianças passam no
corredor. Você se anima, porque crianças sempre trazem alegria e amor. Mas,
estas crianças param na porta, vêem a feiúra do seu rosto e corpo, e saem
correndo. "Nunca vi nada tão feio", uma delas comenta.
Esta paráfrase, usada por Dennis Allan,
explica que isto pode acontecer com qualquer pessoa. A Bíblia Sagrada mostra
que um homem, cuja fidelidade e retidão foi testemunhada pelo próprio Deus,
passou por isso, seu nome era Jó. Este homem, fiel e abençoado por Deus,
perdeu, num dia só, todas as suas posses e todos os seus filhos. Logo depois,
foi atacado por uma terrível enfermidade. A própria esposa foi contra este
homem de Deus, e disse: "Amaldiçoa a Deus e morre" (Jó 2:9). Os
amigos o condenaram e discutiram com ele para provar a sua culpa (a maior parte
do livro relata essas discussões – Jó 2:11- 37:24). Todos os conhecidos dele,
até as crianças, o desprezaram (Jó 19:13-19). Você sabe qual foi a sua reação?
Diz a Bíblia que “Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e
se lançou em terra, e adorou, e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu
tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”(Jó 1:20,21).
Qual seria a nossa
reação diante das perdas materiais, filhos, empregados, amigos dignidade,
reputação...? Como devemos nos
comportar diante de tais acontecimentos? Nesta Aula, à luz da vida de Jó,
estudaremos os princípios bíblicos para o crente lidar com as perdas no decurso
da vida.
I. JÓ E A EXPERIENCIA DAS PERDAS HUMANAS
Jó era um homem
especial, um exemplo impressionante em sua época e em nosso era. Logo no início
do livro, ele é apresentado como homem extremamente correto, inculpável,
íntegro, irrepreensível, justo, precavido (“evitava fazer o mal”), reto
(“andava na linha”) e temente a Deus (cf Jó 1:1). Duas vezes o próprio Deus
afirma que Jó era sem igual: “No mundo inteiro não há ninguém tão bom e honesto
como ele” (Jó 1:8; 2.3).
Mas, Jó não era ímpar
somente em seu caráter. Também, no que diz respeito à prosperidade, ele era
aprovado e bem-sucedido em tudo. Jó tinha saúde, família, riquezas e muita
gente a seu serviço. Era “o homem mais rico do oriente”: possuía 11.500 cabeças
de gado. Mas, em um mesmo dia, no dia do aniversário do seu filho mais velho,
Jó recebeu quatro más notícias seguidas, uma imediatamente após a outra. De uma
hora para outra, perdeu tudo. As perdas foram provocadas por: calamidades
sociais, calamidades sobrenaturais, calamidades meteorológicas e calamidades físicas. Foi uma experiência
altamente bombástica.
a) Perdas decorrentes
de calamidades sociais. Diz o texto sagrado que era o dia de
festa na casa do filho mais velho, ou seja, estava-se no início do turno de
dias dos costumeiros banquetes do patriarca. Ao fim desse turno é que Jó
incumbia-se de fazer um sacrifício a Deus em favor de seus filhos. Portanto,
podemos entender que o dia escolhido pelo adversário era o do começo do turno
dos dias, ou seja, o momento mais distante do de maior devoção do patriarca. É
sempre assim, o inimigo procura atuar no momento em que estamos mais apegados
às coisas materiais, mais distantes da adoração a Deus. É por isso que devemos
ser sempre vigilantes e jamais deixarmos de estar em oração e comunhão com Deus
(cf. 2Ts 5:17).
No momento mais distante da adoração, o
adversário, que, na sua mente, entendia que o patriarca servia a Deus
unicamente pelos benefícios dEle recebidos (como muitos crentes que servem a
Deus, atualmente, por causa da prosperidade material), tratou de,
imediatamente, atacar Jó no seu patrimônio, mediante o furto de seus bois e
jumentos(Jó 1:14,15). Os sabeus, povo descendente de Cão(Gn 10:7), eram
cruéis e sanguinários, tanto que, além de furtarem, mataram todas as vítimas,
não deixando nada a desejar em relação aos latrocidas dos nossos
dias. Logo percebemos que estas pessoas criminosas são grandes
instrumentos do adversário e lhe servem a seus propósitos. Temos, neste
episódio, a certeza de que é fundamental a proteção de Deus sobre o patrimônio
do ser humano.
Mas não foi esta a única calamidade
social vivida por Jó. As Escrituras também registram que a terceira má notícia
recebida pelo patriarca, naquele dia, foi o roubo de seus camelos por parte dos
caldeus(Jó 1:17), que, organizados em três bandos, também mataram a todos os
servos, menos o que veio dar a triste notícia para Jó, levando seus camelos,
que eram seus animais de transporte.
Apesar de toda essa
perda, Jó não se revoltou, não se indignou, não ficou clamando por vingança ou
postulando a pena de morte para os delinquentes, mas chegou à constatação de
que tudo que estava sob o seu domínio era de Deus e que Ele poderia,
legitimamente, permitir a sua retirada.
Não devemos prender
nossos corações nas coisas que possuímos, ainda que angariadas com o suor do
nosso rosto, pois "a vida de qualquer não consiste na abundância do que
possui"(Lc 12:15b), não sendo nosso propósito ajuntar tesouros na
terra, "onde a traça e a ferrugem tudo consomem e onde os ladrões minam e
roubam"(Mt 6:19).
A reação de Jó foi
agradável a Deus, pois diz o texto que Jó não pecou ao assim reagir(Jó 1:22).
Será que temos nos mantido sem pecado quando somos, igualmente, vítima dos ladrões?
Que, diante das calamidades sociais, possamos, como Jó, não pecar e adorar ao
Senhor.
b) Perdas decorrentes de
calamidades sobrenaturais. Mal o patriarca
recebera a notícia de que havia perdido parte significativa do seu gado por
obra dos sabeus, os criminosos de seu tempo, chega outro servo
remanescente com a notícia de que o restante do gado havia sido consumido de
forma sobrenatural, pois "fogo de Deus caiu do céu e queimou as ovelhas e
os moços, e os consumiu"(Jó 1:16). Estamos aqui diante de uma calamidade
sobrenatural, ou seja, de uma calamidade que não tem explicações entre os
fenômenos da natureza; que a física e, por extensão, a ciência e o conhecimento
humano não podem explicar. Quando lemos o livro de Jó, sabemos que foi uma
operação satânica permitida por Deus, mas o patriarca nada sabia, assim como,
muitas vezes, não sabemos os desígnios divinos em nossas provações. No
desespero, o único sobrevivente, um servo de Jó, identifica este fogo como
sendo "fogo de Deus", mas jamais um "fogo de Deus" iria ter
uma finalidade destrutiva, iria matar e destruir os bens de um servo fiel ou
seus empregados, inocentes que eram diante de seu patrão. O fogo destruidor
foi, sem dúvida, uma demonstração inequívoca de poder sobrenatural, de poder
acima do poder humano, mas não era de Deus, pois, Deus não veio para matar,
roubar e destruir.
É preciso termos
cuidado com fenômenos sobrenaturais que aconteçam à nossa volta, pois o
adversário é especialista em imitar o que Deus faz, como, aliás, dá-nos conta a
Bíblia Sagrada(2Co 11:14).
c) Perdas decorrentes de calamidades meteorológicas. Mal havia o servo remanescente contado a Jó a perda sobrenatural
de suas ovelhas e dos empregados que dela cuidavam, chega a mais dolorida de
todas: "um grande vento sobreveio além do deserto e deu nos quatro cantos
da casa, a qual caiu sobre os mancebos, e morreram "(Jó 1:19). Agora, era
um fenômeno meteorológico que ceifava a vida dos filhos de Jó.
Apesar de ter perdido
seus filhos por causa deste "grande vento", Jó não fez como muitos
que, mesmo desabrigados e necessitados, após estas catástrofes, maldizem e
blasfemam do nome do Senhor, literalmente culpando a Deus pelas catástrofes que
aconteceram em suas vidas (esquecendo-se, muitas vezes, que elas são resultado
de sua própria imprudência e vida desregrada). Em tudo isto, Jó não pecou, não
atribuindo a Deus falta alguma.
Será que temos agido
assim, ou temos feito coro com os desabrigados e necessitados rebeldes, muitas
vezes maldizendo a tudo e a todos pelas cenas que presenciamos ou pelo que
tenhamos sofrido na própria pele? Mais importante do que um patrimônio, do que
os próprios entes queridos que venhamos a perder, está a nossa salvação eterna.
Que catástrofes
naturais não nos façam perder a salvação e criarmos para nós mesmos uma
catástrofe muito maior e, o que é pior, eterna!
d) Perdas decorrentes de calamidades físicas. Satanás, mais uma vez, mostra seu engano e Deus, sabedor do que
segurava Jó, permite que seja também provado na sua integridade física, na sua
saúde. Assim que foi permitido por Deus - Deus não
permitiu ao adversário que tocasse na vida de Jó (prova de que só Deus tem o
poder sobre a vida de um ser humano) -, o adversário impõe a Jó uma chaga
maligna, que o atingiu dos pés à cabeça, uma doença horrível que trouxe grande
sofrimento ao patriarca. O texto sagrado afirma-nos que ele mal foi reconhecido
pelos seus amigos, o que indica que a doença era deformativa; que a doença
atingia a sua pele e que perturbava o seu sono, pois devia haver uma intensa
dor. Era algo pior do que um câncer, era como uma espécie de elefantíase,
segundo os estudiosos das Escrituras.
Se vier sobre nós a
prova da doença, a prova da enfermidade, devemos pedir a Deus a cura, mas
sempre sabendo que, muitas vezes, não é propósito de Deus nos curar mas,
através de nossa doença (e até morte), glorificar o Seu nome através de nós. A
doença não é, como muitos andam dizendo por aí, firmados na falsa doutrina da
confissão positiva, um sinal de pecado, tanto assim que Jó não tinha pecado e
ficou doente, como também não tinha pecado o profeta Eliseu, que morreu de uma
doença que teve e da qual não foi curado(2Rs 13:14), como também o
próprio cego de nascença, cuja doença foi curada para glória do nome de Deus(Jo
9:1-3). A doença pode ser de causas físicas e naturais, como também, por
operação maligna, como no caso de Jó. O fato é que, em havendo a enfermidade,
devemos nos manter na disposição do mestre, descansando nEle e não perdendo a
fé.
II. A PERDA DOS BENS
Apesar de ser um
homem justo e temente a Deus, Deus permitiu que Satanás destruísse o rebanho,
as posses, os filhos e a saúde de Jó.
Em um mesmo dia, Jó perdeu:
· Todo
o gado (7.000 ovelhas, 3.000 camelos, 1.000 bois e 500 jumentos).
· Todos
os empregados (administradores, agricultores, boiadeiros, cortadores de lã,
guardas das torres de vigia, plantadores de capim, roçadores de pastos,
tiradores de leite, tratadores de animais, vendedores de gado, etc). Só
escaparam aqueles que vieram trazer essas notícias.
· Todos
os dez filhos (três mulheres e sete homens). Estavam todos comendo e bebendo na
casa do irmão mais velho, quando o furacão atingiu a casa e a derrubou sobre
eles. No dia seguinte, havia dez caixões de defuntos para Jó enterrar.
Jó perdeu todas as
suas posses e seus filhos. Apesar de tudo isso, ele recusa-se a negar a Deus,
embora não compreenda o porquê de todos estes males.
Satanás imaginava que ninguém
permaneceria firme na sua devoção e adoração a Deus diante da perda dos bens
materiais e, principalmente, dos filhos. Ele estava enganado. Jó passou por
toda expressão normal de dor e luto. Ele “rasgou o seu manto”(Jó
1:20), roupa usada especialmente pela nobreza ou por homens em posições
elevadas; esta ação talvez simbolizava seu coração quebrantado (veja Jl 2:13).
Ele “rapou a sua cabeça”(Jó 1:20) – parte de uma prática comum em
rituais de luto, como mostram outros textos (veja Is 15:2; Jr 7:29; Ez 7:18; Am
8:10). Ele “se lançou em terra, e adorou”(Jó 1:20), isto é, ele
prostrou-se em uma atitude de humildade e submissão a Deus e continuou a
adorá-lo em meio à severa adversidade. Ele disse: “Nu saí do ventre de minha
mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o
nome do Senhor” (Jó 1:21). Este versículo mostra a completa submissão à
vontade de Deus que caracterizava Jó e que é uma marca da integridade
fundamental que ele mantinha. Embora essa declaração dos seus lábios possa ser
uma “fórmula de submissão”, ela revela Jó engrandecendo a Deus em vez de
amaldiçoá-lo ou se rebelar contra Ele.
“Em tudo isto” (Jó 1:22) – tanto naquilo que aconteceu a Jó como no que ele
disse e fez – não houve qualquer expressão de transgressão: “Jó não pecou, nem
atribuiu a Deus falta alguma”. Ele não viu em Deus nenhuma ação inapropriada,
responsável ou culpável. Jó sobreviveu a todas as intempéries e fazia sua
pública profissão de fé: “Eu sei que o meu Redentor vive, e que no fim se
levantará sobre a terra” (Jó 19:25). Jó é um dos mais notáveis exemplos de
resistência frente às vicissitudes pelas quais o ser humano pode passar.
Qual deve ser a nossa atitude quando
perdermos um bem que consideramos precioso? A mesma de Jó: completa submissão à
vontade de Deus. Deus deve ser honrado tanto nos momentos de desgraça como nos
momentos bons. Devemos nos conscientizar que "... nada trouxemos para este
mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele" (1Tm 6:7,8). Portanto,
não devemos colocar nosso coração em coisas que terão baixa durabilidade
comparada ao tempo que nos está destinado na eternidade.
Também é preciso entender o real lugar que os
bens ocupam em nosso coração. Se eles ocuparem o lugar destinado apenas a Deus,
Deus se encarregará de nos ensinar a finitude dos bens materiais, seja por
perda repentina, seja por degradação com o passar do tempo. E Deus fará isso
por amor a nós, para que nos lembremos que Ele é o nosso maior bem. O Deus que
dá pode também tirar, de acordo com sua sabedoria e vontade.
III. MESMO NA PERDA PODEMOS DESFRUTAR O AMOR DE DEUS
1. Sua Graça. Jesus disse ao apóstolo
Paulo: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza”(2Co 12:9). Esse é o grande paradoxo do cristianismo. A força ao
dizer que é forte, na verdade, é fraqueza; a fraqueza ao dizer que é fraca, na
verdade, é força. O poder de Deus revela-se nos fracos. Paulo pediu para Deus
substituição, mas Deus lhe deu transformação. Deus não removeu sua aflição, mas
lhe deu capacitação para enfrentá-la vitoriosamente. Deus não deu explicações
para Paulo, fez-lhe promessas:”A minha graça de basta”. Não vivemos de
explicações, vivemos de promessas. Nossos sentimentos mudam, mas as promessas
de Deus são sempre as mesmas. O apóstolo se contenta com a resposta do Senhor e
declara: “De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que
em mim habite o poder de Cristo”. Em vez de murmurar e se queixar do
espinho na carne, ele se gloriaria nas fraquezas. Dobraria os joelhos e
agradeceria ao Senhor por elas. Suportaria de bom grado, desde que o poder de
Cristo repousasse sobre ele.
O
sofrimento do tempo presente não é para se comparar com as glórias por vir a
serem reveladas em nós(Rm 8:18). A nossa leve e momentânea tribulação produz,
para nós, eterno peso de glória(2Co 4:17). Aqueles que tem a visão do Céu são
os que triunfam diante do sofrimento. Aqueles que ouvem as palavras inefáveis
do paraíso são aqueles que não se intimidam com o rugido do leão. O sofrimento
é por breve tempo, o consolo é eterno. A dor vai passar, o Céu jamais! A
caminhada pode ser difícil, o caminho pode ser estreito, mas a graça de Cristo
nos basta.
2. Seu amor. Ainda que percamos os
mais preciosos bens, podemos desfrutar do amor de Deus. Deus é amor (1João
4:8b) e, portanto, tudo o que faz em relação ao homem e a todos os demais seres
do Universo é fruto deste Seu caráter amoroso. O amor de Deus não tem limites e
não podemos, portanto, medi-lo de forma racional, mas somente através de uma
experiência direta com o Senhor(Ef 3:17-19), ainda que, muitas vezes, queiramos
limitar o amor de Deus segundo os nossos conceitos e as nossas experiências com
Ele.
É no momento da luta, da dificuldade, do problema insolúvel, que vemos
quão grande é o amor de Deus que está em Cristo nosso Senhor! Quando o Senhor
nos coloca no meio do fogo, no meio das águas e nós, apesar de todo o calor, de
todas as ondas, sentimos que não podemos, em absoluto, caminhar, mas, então,
vemos que o Senhor, embora tenha permitido que ali estivéssemos, vem com Sua
forte mão nos socorrer, nos amparar e nos levar até o porto seguro. É nesse
momento que presenciamos que o Senhor está no absoluto controle de todas as
coisas e que todas as coisas que estão acontecendo, embora pareça serem danosas
para nós, embora sejam, efetivamente, doloridas e amargas nesse momento, estão
dentro de um propósito de Quem nos ama, de Alguém que não quer nos destruir,
mas nos aprimorar, de Alguém que quer aprofundar Seu relacionamento conosco.
A
provação é uma demonstração do amor de Deus, é uma prova de que o nosso Deus é
um Deus presente, um Deus que tem prazer em fazer que o homem cresça
espiritualmente, vá de glória em glória e siga sempre para a infinita caminhada
em busca da perfeição espiritual. Ao contrário dos deístas, vemos que o nosso
Deus não nos abandonou após a criação nem nos deixa à própria sorte, submetidos
a leis por Ele estabelecidas para a ordem cósmica, mas é um Deus que, embora
tenha criado leis para este Universo, é humilde e amoroso o suficiente para vir
até o nosso encontro, inclinar-se para nos ouvir e estar ao nosso lado no
difícil, mas importante, processo de crescimento e desenvolvimento espiritual. Ele faz isto porque nos ama, porque
quer o nosso bem(Rm 8:28).
3. Deus intervém na história. A Bíblia
Sagrada está repleto de fatos que mostram que Deus é o ser soberano que
intervém na história da humanidade. “Lembrai-vos das coisas passadas desde a
antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há outro
semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as
coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho subsistirá, e farei
toda a minha vontade”(Is 46:9,10).
A intervenção de Deus na história da
humanidade é bastante notória. Infelizmente há muitos que não enxergam essa
realidade. Os chamados “deístas”, ou seja, aquelas pessoas que aceitam a
existência de Deus(ou de um “deus”), não acreditam que haja intervenção divina
no processo histórico da humanidade. Eles afirmam que Deus é simplesmente como
um relojoeiro que, depois de criar seu mecanismo, deu “cordas e o abandonou à
mercê do destino”. Todavia as evidências mostram que eles estão equivocados,
pois Deus se preocupa, sim, com o processo histórico da humanidade. Em todas as
dispensações Deus interveio na história da humanidade; a Bíblia está repleto de
fatos. Ele intervém tanto há história geral(João 3:16,17), envolvendo toda a
humanidade, como também na individual(Sl 8:3,4; João 9:1-41) de cada pessoa,
trazendo consolo, esperança e paz(Tt 2:11-14).
Deus interveio na vida de Jó. Depois de
grandes e significantes perdas, angústias, dores e sofrimentos indescritíveis,
o patriarca foi miraculosamente restaurado, enquanto orava por seus amigos; e o Senhor acrescentou,
em dobro, a tudo quanto
Jó antes possuía (Jó 42:10). Ele morreu velho e farto de dias
(Jó 42:17).
A restauração das riquezas de Jó revela
o propósito de Deus para todos os crentes fiéis. Deus nunca permite que o
crente sofra sem um propósito espiritual, embora talvez ele não compreenda por
que. Nesses casos o crente deve confiar em Deus, sabendo que Ele, na sua
perfeita justiça, fará o que é sempre melhor para nós e para seu reino.
Por maiores que forem
as aflições ou dores que os fiéis tenham que passar, Deus, no momento certo,
estenderá a mão para ajudar os que perseverarem, concedendo-lhes cura e
restauração totais. “Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o
Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso”(Tg 5:11).
CONCLUSÃO
A sucessão impiedosa
dos acontecimentos que levaram Jó à ruína são a demonstração de que tudo o que
somos e tudo o que temos depende da indispensável proteção divina. Foi Deus
permitir que o adversário atingisse Jó, que tudo, num só dia, foi destruído.
Que tenhamos sempre em mente que nada do que somos ou do que temos depende de
nós, mas é uma concessão da vontade de Deus. Daí porque ter Jeremias se
expressado em suas lamentações: " as misericórdias do Senhor são a causa
de não sermos consumidos"(Lm 3:22a).
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Elaboração: Luciano de Paula
Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular
(Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 51 – CPAD.