terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

ADULTÉRIO: CRENTE NÃO CAI NESSE PECADO




Por: Haroldo Reimer

 
 
Várias pesquisas realizadas no Brasil indicam que a grande maioria dos homens e 50 a 60% das mulheres têm praticado ou praticam o adultério ou, como se diz na linguagem mais em uso, “transam” com pessoas que não são sua esposa ou seu marido. Com a ênfase dada ao sexo na TV, no cinema, na literatura, e até nas instituições de ensino, chegando ao extremo da obsessão, não é de se admirar que o homem secular, sem a convicção espiritual e os princípios da Palavra de Deus, caia nesse pecado.

O crente em Cristo, porém, não cai nesse pecado. Ele entra nele aos pouquinhos. Isso porque não observa a sinalização que o adverte do perigo. Faz vista grossa a esses sinais porque, embora não deseje precipitar-se no abismo da desgraça da imoralidade, quer sentir pelo menos um pouco a gostosura dos seus prazeres. Assim, avançando sinal após sinal, deixa a vida pegar embalo no caminho errado até ao ponto de não conseguir mais fazer a manobra de frear para evitar o desastre. Diz, então, que “caiu no pecado”, quando este, de fato, há tempo já estava no seu caminho.

O primeiro sinal é falta de carinho e afeto na conversa e relacionamento cotidianos com o cônjuge. A comunicação começa a limitar-se a frases como: “Tive um péssimo dia no escritório hoje”; “Já pagou a conta do dentista?”, ou, pior ainda: “Você já gastou todo o dinheiro que lhe dei no mês passado?”; “Se você não comprar logo uma geladeira nova, eu simplesmente vou parar de cozinhar”.

Quando você percebe que é difícil conversar com sua esposa ou seu marido com aquela linguagem carinhosa que usava durante o namoro, tome cuidado – é um dos primeiros sinais de perigo.

Perto desse sinal vem outro: a falta de conversa sobre assuntos espirituais, a leitura da Bíblia em conjunto e a oração com a esposa. Quando essas coisas não fazem parte da vida conjugal, é um sinal de alerta. Prosseguindo nesse caminho pode haver adultério mais adiante.

Há mais sinais. Quando você começa a compartilhar os problemas de relacionamento no lar com algum amigo ou amiga do sexo oposto, você está aproximando-se mais do perigo. Frequentemente essa outra pessoa tem problemas também, e está disposta a ouvir, a conversar e demonstrar simpatia, o que gera ainda mais intimidade.

Não demora muito para que aconteça o “toque inocente”. O patrão põe a mão no ombro da sua secretária ao pedir que ela digite uma carta; ela encosta seu corpo ligeiramente no dele ao entregar a carta pronta, depois um abraço fraternal, um beijinho no rosto. Você argumenta que não há nada de errado nisso, que é apenas amizade.

Quando você percebe que é difícil conversar com sua esposa ou seu marido com aquela linguagem carinhosa que usava durante o namoro, tome cuidado.

Aos poucos vocês estão gastando mais tempo juntos. “Acontece” que saem para o almoço na mesma hora e “por que não almoçarem juntos”? Ela precisa pegar o metrô para ir para casa; “por que não levá-la no seu carro?” Você precisa trabalhar duas horas extras para terminar o projeto, e ela, sendo boa amiga, fica também para ajudar. Se parar um pouco para pensar, você perceberá que tem prazer na companhia dela ou dele. Não, vocês não estão dormindo juntos, mas estão em grande perigo. Nessa altura, o sinal é um luminoso vermelho piscando a todo vapor.

Se você não retroceder, haverá um envolvimento emocional que provavelmente o arrastará para a fossa fatal do adultério. E com amargura de coração você dirá – “Caí no pecado”. Não, você não caiu... você entrou nele aos pouquinhos.

O pastor Charles Mylander, num artigo publicado no periódico “Moody Monthly”, sugere três áreas onde é preciso aumentar o controle para evitar ser arrastado ao pecado do adultério:

Primeiro: Controle da mente

Adultério, como a maioria dos pecados, começa na mente. O crente em Cristo precisa levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5). O apóstolo Paulo exorta o cristão a uma transformação “pela renovação da... mente” (Rm 12.2), e Jesus Cristo, no Sermão da Montanha, disse: “Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt 5.28).

A porta principal da mente são os olhos. E nessa área de imoralidade o homem, muito mais que a mulher, precisa desenvolver o controle a fim de ter uma mente pura. O homem que permite aos seus olhos o prazer de assistir aos programas de TV que apelam para sexo a fim de obter mais IBOPE (e são muitos); que toma tempo para folhear revistas como “Playboy”, que deixa seus olhos analisarem o corpo das mulheres para uma avaliação sexual, logo vai perder a primeira batalha contra a tentação. Sua mente vai querer o adultério, e este querer só espera a oportunidade para se realizar com a experiência.

A mulher também precisa praticar o controle. Talvez mais na maneira de vestir-se do que pelo olhar. É interessante que a Bíblia exorta a mulher a vestir-se com modéstia, bom senso, etc., e não o homem, isso porque a mulher não é tão facilmente levada à tentação sexual pelos olhos como o homem. Mas a mulher que é indiscreta na maneira de vestir-se, sem dúvida, é cúmplice do diabo na tentação ao homem. A admoestação da Bíblia de “glorificar a Deus no vosso corpo” (1 Co 6.20), com toda a certeza inclui o cuidado que cada mulher precisa ter em não provocar a concupiscência, revelando a beleza do seu corpo, seja por falta de roupa adequada ou pelo uso de roupa colante. Argumentar que “está na moda” não mudará em nada a opinião do Autor das Sagradas Escrituras.

Segundo: Controle de palavras

A porta principal da mente são os olhos. E nessa área de imoralidade o homem, muito mais que a mulher, precisa desenvolver o controle a fim de ter uma mente pura.

O homem casado, ou a mulher casada, jamais devem usar as palavras carinhosas de amor no trato com outras pessoas além do cônjuge. Nunca compartilhe problemas de casa com amigos do sexo oposto. E não procure conselho com alguém que tenha seus próprios problemas. Quem é perdedor dificilmente ajudará outro a ganhar. Ao encontrar problemas sem solução, procure conselho com alguém que descobriu a fórmula para constituir uma família feliz e vive essa felicidade no lar. Muitos adultérios tiveram o seu início na intimidade da “sala de aconselhamento”.

Terceiro: Controle de toque

Homens, não ponham suas mãos noutra mulher a não ser a sua própria esposa. E, mulheres, não conversem com o homem em “Braille”. O prazer da intimidade física é algo que Deus reservou para a santidade do casamento. Sexo antes ou fora do casamento sempre contamina o sexo no casamento, e o contato físico é um prazer que leva à consumação do desejo dessa intimidade. É preciso avaliar sinceramente se os abraços e beijos que damos e recebemos são uma expressão de estima recíproca ou um prazer “inocente” que podemos desfrutar sem compromisso. Deus reconhece o nosso desejo de intimidade, mas não aprova tal intimidade fora do casamento. “Por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1 Co 7.2).

O conselho de Salomão ainda é válido: “Bebe a água da tua própria cisterna e das correntes do teu poço... alegra-te com a mulher da tua mocidade... e embriaga-te sempre com as suas carícias... O que adultera com uma mulher está fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa” (Pv 5.15,18-19; 6.32). (Haroldo Reimer - http://www.chamada.com.br)

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Aula 09 – NÃO ADULTERARÁS


1º Trimestre/2015

 
Texto Base: Êxodo 20:14; Deuteronômio 22:22-30

01/03/2015

 

 “Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5:28)

 

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do trimestre trataremos nesta Aula do Sétimo Mandamento: "Não adulterarás". É um mandamento que consiste em uma proibição absoluta, sem nenhuma concessão. Isto vigora tanto para o homem como para a mulher (Lv 20:10). A finalidade precípua é proteger o matrimônio, instituição sagrada instituída por Deus. É válido ressaltar que a sexualidade, dentro dos padrões morais exarados nas Escrituras Sagradas, é santa. Deus criou o homem como um ser sexuado - “macho e fêmea os criou” (Gn.1:27). Deste modo, a atração sexual, a atividade sexual não é algo pecaminoso nem estranho ao ser humano, mas, muito pelo contrário, é algo que decorre da própria natureza humana. O que Deus proíbe é o sexo ilícito, que tem sido um dos grandes problemas do ser humano ao longo da sua existência.

I. O SÉTIMO MANDAMENTO

1. Abrangência. O Sétimo Mandamento envolve sexo e casamento num contexto social contaminado pelo pecado. Em seu sentido mais amplo e específico ele condena qualquer imoralidade sexual, seja a formicação, a prostituição, o adultério, o incesto, o homossexualismo masculino, o lesbianismo ou a sodomia (Lv 20:10-21).

Hoje, no âmbito de uma sociedade, cujos padrões morais absolutos estão danificados, quebrar um voto matrimonial virou algo normal e comum; não há mais vergonha para quebra do Sétimo Mandamento. No passado, o peso da vergonha humilhava todos aqueles que quebravam os votos matrimoniais, mas em nossa sociedade este comportamento mudou. Temos visto pessoas admitirem publicamente, em entrevistas na televisão, os seus relacionamentos extraconjugais. É algo que parece moderno e sofisticado. Apenas os "ultrapassados" ainda creem em fidelidade. A pornografia envia uma mensagem nada sutil à nossa sociedade: enquanto tais relacionamentos forem prazerosos, tenha quantos quiser, com quem desejar, mas "não magoe ninguém". A maior parte das cenas de sexo nos filmes não acontece entre pessoas casadas.

Um escritor de novelas afirmou que seu alvo é fazer as pessoas rirem de felicidade com adultério, homossexualismo e incesto pela televisão. "Se você levar as pessoas a rirem dessas coisas, perderão a resistência a esse tipo de prática", afirmou. Uma pesquisa recente, feita nos Estados Unidos, mostrou que no universo de pessoas casadas metade teve um caso extraconjugal. Uma afronta direta ao sétimo mandamento, que diz: "não adulterarás".

2. Objetivo. O objetivo precípuo do Sétimo Mandamento é a proteção e santificação do matrimônio instituído por Deus. Como bem diz o pr. Esequias Soares, “o mandamento ‘não adulterarás’ veio para proteger o lar e dessa forma estabelecer uma sociedade moral e espiritualmente sadia”. No plano de Deus, a família é uma ordem da criação; foi instituída antes da queda (Gn 1:26-31; 2:18-25) e colocada sob a benção divina (Gn 1:28).

3. Contexto. Segundo o pr. Esequias Soares, “a lei foi promulgada numa sociedade patriarcal que permitia a poligamia. Nesse contexto social, o adultério na lei de Moisés consistia no fato de um homem se deitar com uma mulher casada com outro homem, independentemente de ser ele casado ou solteiro. Os infratores da lei deviam ser mortos, tanto o homem quanto a mulher (Dt 22:22; Lv 20:10)”.

II. INFIDELIDADE

A infidelidade conjugal destrói casamentos e famílias, trazendo grandes prejuízos sociais, econômicos, emocionais e espirituais. O pior de tudo, afasta a pessoa de Deus. Segundo o sábio bíblico, “só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa” (Pv 6:32). Contudo, ainda que alguns tenham ciência das consequências devastadoras desse ato, pouco se faz com o objetivo de evitá-lo, e não são poucos os que “flertam com o inimigo ao lado”.

1. Adultério. O adultério é a relação sexual entre uma pessoa casada e quem não é seu cônjuge. É grave pecado, que era duramente apenado na lei de Moisés (Lv 20:10; Dt 22:22).

Aquele que pratica adultério quebra pelo menos cinco dos dez mandamentos. O primeiro diz: "não terás outros deuses diante de mim" - quem adultera está dizendo que existe um relacionamento mais importante do que o relacionamento com Deus. O segundo afirma: "não dirás falso testemunho contra o teu próximo" - além de quebrar os votos matrimoniais, o adúltero geralmente engana para encobrir o seu pecado. O terceiro determina: "não furtarás" - quando Davi pecou com Bate-Seba, o profeta Natã o acusou, principalmente, de roubar a mulher do próximo. O quarto mandamento declara: "não cobiçará". - o adultério começa com a cobiça. O quinto mandamento afirma com bastante clareza: "não adulterarás". Por isso, que o adultério é um pecado tão sério.

Atualmente, o mundo vê o adultério como algo normal, natural e até esperado no casamento (recente pesquisa feita no Brasil demonstrou que dois terços das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e entendem ser isto natural e compreensível). Entretanto, o adultério é abominável aos olhos de Deus, tanto que seu alcance foi ampliado por Jesus no sermão do monte (Mt 5:27-30). Sua prática é considerada loucura pela Palavra de Deus (Pv 6:32-35).

Com certeza, não há prática que cause tantos males e denigra tanto o caráter de alguém senão o adultério, que, além de destruir a família, célula-máter da sociedade, dá péssimo exemplo aos filhos que, sem o exemplo dos pais, perdem o referencial do certo e do errado, sendo, a partir de então, alvos fáceis do inimigo de nossas almas. O adultério é a figura da infidelidade, da própria perdição na Bíblia, tamanho o mal que representa. A Palavra afirma que é o próprio Deus quem julgará os adúlteros (Hb 13:4).

2. Fornicação. A fornicação é a manutenção de relações sexuais, com consentimento mútuo, entre pessoas não casadas.  No Antigo Testamento, uma “moça virgem” que estivesse noiva e praticasse a fornicação seria morta por apedrejamento (Dt 22:24). Deus não tolerava essa prática entre pessoas que estavam já comprometidas ao casamento.

Ao contrário do que determina a Bíblia Sagrada, o mundo tem defendido e até incentivado que as pessoas, numa idade cada vez menor, venham a manter relações sexuais, deixando a virgindade, algo considerado ultrapassado e até ridicularizado pela mídia e, por extensão, na sociedade por ela influenciada. Entretanto, a Bíblia condena a fornicação do início ao final. A Palavra é bem clara ao afirmar que os fornicários não herdarão o reino de Deus (At 15:29; Ef 5:5; 1Tm 1:10; Hb 12:16; Ap 21:8).

As bases do casamento são lançadas no namoro e alicerçadas no noivado. Se essas bases forem lançadas sobre a desobediência a Deus, na prática da fornicação, estão correndo sério risco de não terem a bênção de Deus. Não adiantará uma cerimônia pomposa, com dezenas de testemunhas, vestido de noiva com véu e grinalda, com modelo personalizado, nem uma recepção no melhor clube da cidade. Ter a bênção de Deus no casamento é muito mais importante. Pense nisso!

3. Diferença entre adultério e fornicação, com relação à penalidade. Segundo Victor P. Hamilton, a punição do adultério, para ambos, era a morte (Dt 22:21,22). Para fornicação, não havia pena de morte. Em vez disso, o homem devia pagar uma multa de cinquenta ciclos ao pai da mulher (Dt 22:29). Por essa razão, o homem e a virgem desposada, se coabitarem, são apedrejados até a morte (Dt 22:24), exceto quando se tratar de estupro no campo. A explicação para esta diferença de penalidade é que as Escrituras atribuem maior seriedade e honra ao relacionamento matrimonial. O casal se torna, em verdade, uma só carne. E não se permite que nada abra uma brecha nessa união.

4. Sexo antes do casamento. A atividade sexual não é algo que deva ser desenvolvido sem qualquer critério ou a qualquer momento. Sexo antes do casamento nunca teve aprovação divina. Infelizmente, a erotização tem sido uma constante e tem atacado não mais os adolescentes, apenas, mas as próprias crianças (como estão a mostrar, cada vez mais, os desenhos animados ou a programação dos meios de comunicação voltada para o público infantil). Esta tem sido uma das maiores armas de Satanás nos nossos dias e as consequências têm sido nefastas, a ponto de a idade da primeira gravidez estar, no Brasil, por volta dos 10(dez) anos de idade. Somente no casamento se pode praticar o sexo, sendo totalmente contrária à Palavra de Deus qualquer outra conduta que não esta. É com tristeza, aliás, que vemos, cada vez mais, uma tolerância de muitos na igreja com relação a este princípio bíblico, permitindo-se o sexo antes do casamento entre “pessoas já comprometidas”, como se isto fosse possível.

5. Consequências da infidelidade conjugal. Algumas consequências, dentre muitas:

a) Perda da comunhão familiar. A infidelidade conjugal não passa de um instrumento diabólico para a destruição e desagregação da família. A Bíblia diz que o marido deve amar a sua esposa da mesma forma que Cristo ama a Igreja. Quando um cônjuge adultera causa terrível transtorno à sua família: Em primeiro lugar, atinge ao cônjuge; Em segundo lugar, aos demais membros da família, principalmente aos filhos, que ficam confusos e perplexos por saber que o pai ou a mãe foi infiel, traindo a confiança matrimonial e dos filhos. O adultério mina o edifício da família em sua base, que é a confiança do esposo na esposa, e dos filhos nos pais. Em quem confiar, se os líderes traem um ao outro? O resultado dessa quebra de confiança é a tristeza, a decepção e a revolta dos filhos. Muitos, não tendo estrutura espiritual e emocional, enveredam por caminhos perigosos, envolvendo-se com drogas, bebida e prostituição. Quem pratica a infidelidade conjugal está edificando sua casa sobre a areia (Mt 7:26).

b) Perda da comunhão com Deus. O adultério é pecado gravíssimo aos olhos de Deus, o Criador do casamento, do lar e da família. Ele divide a família, afasta o cônjuge da presença de Deus e impede as bênçãos divinas. O rei Davi mais do que ninguém sentiu na pele e na alma a tragédia desse pecado. Deus, o Senhor de toda a justiça, reprovou o ato de Davi (2Sm 11:27), perdoou-o por se arrepender profundamente do ato impensado e precipitado, mas não o livrou das inevitáveis e trágicas consequências. Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma decisão errada feita apenas num instante. Pagam um alto preço por uma desobediência. Choram amargamente por tomar uma direção errada na vida. Cuidado com o pecado, pois ele pode levar você mais longe do que você quer ir.

c) Morte espiritual. O adultério leva à morte espiritual, às vezes até à morte física. O mais perigoso é a morte eterna, ou seja, o afastamento eterno de Deus; é a pior consequência da infidelidade conjugal. Alguns minutos de prazer ilícito podem levar um homem, ou uma mulher, para o inferno - “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros... herdarão o Reino de Deus” (1Co 6:10).

III. VERSÃO POSITIVA DO SÉTIMO MANDAMENTO

Hans Ulrich Reifler, em seu livro “a ética dos Dez Mandamentos” desenvolve a versão positiva do Sétimo Mandamento nos seguintes aspectos:

1. A pureza.  A pureza sexual envolve ações, palavras e pensamentos. O salmista responde à pergunta "de que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?" (Sl 119:9) com as palavras: "Guardo no coração as tuas palavras para não pecar contra ti" (Sl 119:11). E Jesus Cristo ensinou que os limpos de coração são bem-aventurados porque verão a Deus (Mt 5:8)

O que contamina as ações é aquilo que está dentro do coração: "... do coração procedem maus desígnios" (Mt 15:19). Tiago diz que nossas tentações têm origem na própria cobiça, que atrai e seduz o homem. A cobiça, por sua vez, dá à luz o pecado, e o pecado gera a morte (Tg 3:14,15). A impureza sexual começa nos pensamentos, evolui nas palavras e culmina em ações erradas (pecado), que geram a morte. Para reverter este ciclo, é preciso vigiar para manter puros os pensamentos.

2. A bênção do Matrimônio. O sexo praticado dentro do casamento monogâmico é o modo de satisfazer aquilo que seria concupiscência e levaria à promiscuidade se fosse perpetrado fora do casamento. Em 1Coríntios 7:2, o apóstolo Paulo ensinou: "... por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa e cada uma o seu próprio marido". Além dessa recomendação preventiva, Paulo diz também o seguinte: "Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado" (1Co 7:9). Finalmente, ele recomenda aos casais: "Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e novamente vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência" (1Co 7:5). Nessas três referências, vemos que o funcionamento prático do matrimônio é a prevenção contra a impureza sexual.

O matrimônio é uma união permanente que só pode ser anulada pela morte de um dos cônjuges (Rm 7:1ss.; 1Co 7:39; 1Tm 5:14). "Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mt 19:6). É evidente que o caráter perpétuo do casamento exclui qualquer forma de divórcio, que Jesus qualifica como pecado (Mt 19:3-12) e que nunca corresponde à vontade divina para o homem (Mt 19:8). O plano de Deus é sábio e perfeito. Quando o casamento foi instituído, não havia espaço para a separação. O divórcio foi criado pelo homem por causa da dureza de seu coração, e não por causa de Deus.

3. O casamento é uma união de cama e mesa. O casamento não é uma união teórica ou platônica. Um casamento sem relações sexuais é como um carro sem lubrificante nem combustível: não vai muito longe, não vai para lugar nenhum. A função do sexo no casamento é unificar dois seres de sexos opostos. A Bíblia sustenta esta dimensão conjugal com a frase: "Os dois se tornarão uma só carne" (Gn 2:24; Mt 19:5,12; 1Co 6:16; Ef 5:31). Se sob qualquer pretexto, a relação sexual nunca chega a ser concretizada num casamento, este pode ser anulado perante a lei, porque as relações sexuais estão implícitas num casamento verdadeiro.

IV. ALGUNS PRINCÍPIOS DA SEXUALIDADE CRISTÃ APROVADA POR DEUS

1. Benevolência. O marido deve satisfazer sexualmente a mulher, e a mulher satisfazer sexualmente o marido. A mulher não é objeto de satisfação sexual do homem, como também o homem não o é da mulher. Tem de haver satisfação mútua. O marido deve pagar à mulher a devida benevolência, e a mulher ao marido (1Co 7:3). Os ingredientes indispensáveis para a benevolência são: diálogo, honestidade, compreensão e carinho.

2. Submissão. Paulo escreveu em 1Coríntios 7:4 que nenhum dos cônjuges tem poder sobre o seu próprio corpo. Deus colocou limites para frear a brutalidade do homem. Se não fosse isso, o homem trataria a mulher de maneira violenta como sua propriedade. Quem tem a primazia na intimidade é a mulher, e não o homem.

3. Concordância. Paulo disse: “Não vos defraudeis um ao outro senão por consentimento mútuo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração” (1Co 7:5). A prática sexual é ativa e deve ser feita no tempo e na medida certa. O sexo é o termômetro do relacionamento conjugal.

Sem o prazer do sexo, sem a união física, o casamento se torna platônico estéril e ilusório. A verdadeira alegria vem somente com a união verdadeira, e a união verdadeira só existe onde há um relacionamento único e permanente entre um homem e uma mulher, que se unem pelos laços do amor.

CONCLUSÃO

O homem e a mulher deve levar em consideração a seguinte exortação em 1Co 6:18-20: "Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o nosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus e que não sois de vos mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no nosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus". Portanto, a infidelidade conjugal, geralmente tornada em adultério, é considerada o maior pecado contra o corpo. Isto porque o corpo é "templo do Espírito Santo". Havendo o verdadeiro amor, não haverá frieza sexual; haverá interesse, atração de um pelo outro; haverá prazer no ato sexual. É necessário, pois evitar a infidelidade sob qualquer forma ou pretexto. Pense nisso!

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 61. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos – Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD.

Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Aula 08 – NÃO MATARÁS


1º Trimestre/2015

Texto Base: Êxodo 20:13; Números 35:16-25

“De palavras de falsidade te afastarás e não matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio” (Êx 23:7).

INTRODUÇÃO

Dando sequência ao estudo do Decálogo, vamos estudar nesta Lição o Sexto Mandamento. Este Mandamento é imperativo: “não matarás” (Êx 20:13; Dt 5:17). O homicídio doloso, pérfido, insulta a Deus, o doador da vida. A existência do ser humano é a Sua mais importante possessão. Por isso, o Senhor expressa Seu desejo de que ela seja honrada, respeitada e preservada.

I. O SEXTO MANDAMENTO

1. Abrangência. "Não matarás." Muitos especialistas em língua hebraica dizem que este texto seria melhor traduzido por “não assassinarás”. Isto explicaria algumas passagens difíceis do Antigo Testamento em que o próprio Deus permite ou mesmo ordena que algumas pessoas sejam mortas (Ex 17:14; 1Sm 15:1-3, etc).

Este mandamento proíbe o homicídio, o assassinato premeditado e o não premeditado. Temas como eutanásia, feticídio, suicídio, infanticídio, genocídio, são pertinentes ao sexto mandamento. Todavia, este mandamento não proíbe a pena capital, visto que a própria lei estipulava a pena de morte. Também se permitia a guerra, visto como o soldado atua como agente do estado. Há uma análise, a seguir, sobre estes temas.

2. Objetivo. O objetivo do Sexto Mandamento: a preservação da vida e a proibição do assassinato premeditado, ou seja, o homicídio doloso. O povo da Nova Aliança, que faz a Igreja do Senhor Jesus, que vive em um contexto completamente diferente daquele vivido pelos fiéis da Antiga Aliança, deve lutar pela defesa da vida.

Na Nova Aliança o Sexto Mandamento inclui “pensamentos e palavras, ira e insultos”. Segundo o Rev. John Stott, "os escribas e fariseus estavam evidentemente procurando restringir a aplicação do Sexto Mandamento apenas ao ato do homicídio, isto é, ao derramamento de sangue humano, mas Jesus discordou deles. A verdadeira aplicação da proibição era muito mais ampla: incluía pensamentos e palavras, além de atos; cólera e insultos, além do homicídio".

Há, então, um aspecto existencial, isto é, relacionado com o mundo interior da pessoa. Mata-se alguém não só literalmente, mas também no coração. O apóstolo João diz que é homicida quem odeia a seu irmão (1Jo 3:15). Se alguém tem ódio de uma pessoa, é como se a tivesse assassinado em seu coração. Jesus ensina que para Deus isto é tão errado e condenável como um assassinato.

É possível que haja crentes que frequentem regularmente a igreja e participam de suas atividades, mas tenham ódio de outras pessoas, quem sabe até mesmo dentro da própria igreja. Crentes que se reúnem em torno da mesa do Senhor, participam da Santa Ceia, mas com o coração carregado de ódio. Estas atitudes devem ser abandonadas pelos que pretendem ser fiéis a Jesus. A Bíblia recomenda a todos que tenham um esforço especial para viver em paz com todos os homens (Rm 12:18).

Também, a defesa da vida, que é o objetivo do Sexto Mandamento, abrange o aspecto social. Um dos deveres exigidos é confortar e socorrer os aflitos e proteger e defender os inocentes (Mt 25:35,36; Pv 31:8,9; Is 58:7). Isto é dever do Estado, mas, também da Igreja. Todo esforço cristão nesta área é válido, pois levará os não cristãos a glorificar ao Pai que está nos céus (Mt 5:16).

3. Contexto. “Não matarás”, já era um mandamento gravado na consciência de toda a humanidade, desde o primeiro ser humano, e estará gravado na consciência do último ser humano que restar na terra. Todo homem normal, sempre foi e será capaz de discernir entre o certo e o errado, entre o ético e o antiético, entre o bem e o mal. Milhares de anos antes da Lei Moral ter sido escrita para Israel, lá no Sinai, não foi preciso Deus falar para Adão que ele tinha pecado, que ele havia cometido um ato antiético para com o seu Criador. Dentro de Adão, a sua própria consciência o acusava. Então, ouvindo a voz de Deus, escondeu-se – “E chamou Deus a Adão, e disse-lhe: onde estás? E ele disse: ouvi a tua voz soar no jardim e temi, porque estava nu, e escondi-me” (Gn 3:9-10).

Aconteceu, também, com Caim quando matou Abel. Em nenhum lugar estava escrito “não matarás”, todavia, Deus não o teve por inocente, porque a Lei Moral estava gravada em sua consciência e, por ela, o homem sabia da necessidade de valorizar a sua vida, ou do próximo. Tirar a vida de alguém é um direito tão somente do doador da vida. Assim, Deus não teve Caim por inocente – E disse Deus: que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra, que abriu a sua boca para receber o sangue do teu irmão “(Gn 4:10).

Portanto, a Lei Moral não estava escrita, no papel, porém, já estava gravada na consciência do primeiro ser humano e na consciência dos seus descendentes (Rm 1:19; 2:14,15).

II. IMPORTÂNCIA

1. Da vida. Biblicamente a vida pertence a Deus (Dt 30:15; Sl 36:9; Lc 12:20). Deus criou, santificou e abençoou a vida humana. Ele é, pois, o Criador, o doador e o Senhor da vida. Só Ele pode tirá-la. Ao homem Ele ordenou: “Não Matarás”. Portanto, tirar a vida própria ou alheia é ofender a Deus e depreciar o Criador.

O valor da vida não depende dos anos acumulados, nem da capacidade física ou intelectual da pessoa. Antes, a vida é um bem pessoal intransferível e incalculável. Por isso, nenhum indivíduo, nenhuma organização ou sociedade, nenhum grupo de médicos e nem o próprio Estado secular podem arrogar a si o direito de legalizar a matança de seres indefesos ou classificar as pessoas, separando as que devem morrer das que podem viver.

A vida do homem é um bem inalienável. A vida pertence a Deus. Está escrito: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24:1); “...pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” (Atos 17:25). Desta feita, ninguém pode dizer que a “vida é minha, eu faço dela o que quero”.

2. Não matar. O que significa não matar? O Sexto Mandamento é aplicável em situações de guerra? Qual a resposta bíblica diante da crescente criminalidade? O homem tem direito de morrer com dignidade e sem dores? Até quando é justo prolongar a vida por meios artificiais?

O termo hebraico, de onde se origina a palavra “matar”, expressa pela primeira vez em Êx 20:13, dá a ideia de assassinar, matar com violência, de maneira injusta e cruel. Assassinar alguém é o pior crime que uma pessoa pode cometer, e isso é um golpe contra o próprio Deus, visto que o ser humano foi feito à sua imagem (Gn 1:26,27).

O "Não matarás" é a proteção da vida. Observe que este mandamento é ratificado no Novo Testamento pelo Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos (Mt 19:18,19; Rm 13:9; Tg 2:11; 1Jo 3:15).

A valorização e proteção da vida como bem pessoal proíbe de forma categórica qualquer forma de assassinato. O “não matarás” inclui de maneira direta a proibição dos seguintes crimes: a eutanásia, o feticídio, o suicídio, o infanticídio e o genocídio. Para uma melhor compreensão vamos tecer algumas considerações gerais e individualizadas para estas situações.

a) Eutanásia e feticídio(aborto). Num primeiro momento pode parecer tratar-se de dois assuntos totalmente diferentes, porém ao se identificar cada um deles vê-se que são dois extremos de um elo comum, ou seja, dois acontecimentos que podem ocorrer um no início e outro no final de uma vida. Os dois possuem um só objetivo, a saber, a supressão ou interrupção de uma vida.

Pelo Aborto, procura-se impedir que um ser humano venha ao mundo, enquanto que pela Eutanásia, tirá-la deste mundo, sem que, pelo processo normal, se tenha chegado o tempo de Deus nos termos descritos por Salomão:” Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer...” (Ec 3:1-2). Contudo, o Pós-Modernismo ignora o que diz a Palavra de Deus, defendendo, em todo o mundo, a legalização da intervenção do homem, quer para selecionar quem pode nascer, quer para determinar quem deve morrer. Em muitos países esses dois tipos de assassinatos estão legalizados, contrariando o Sexto Mandamento.

A Eutanásia é conhecida como homicídio piedoso. A Bíblia, porém, não faz diferença entre homicídio piedoso e homicídio maldoso. O que ela diz é “não matarás”. Quanto ao homicida, a Bíblia diz: “...Mas, quanto...aos homicidas...a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte” (Ap 21:8). Esta é a verdade bíblica!

b) O suicídio. O suicídio nada mais é que um autoassassinato. A Palavra de Deus não distingue entre matar a si próprio ou ao semelhante. Diz apenas o mandamento que não se deve matar, entendido aqui um ser humano, seja ele quem for, inclusive o próprio matador. A Palavra de Deus diz que os homicidas não se salvarão (Ap 21:8; 22:15).

No suicídio, o homem, além de se fazer juiz sobre a sua própria vida, o que lhe é vedado, pois já vimos que só Deus é o dono da vida – “O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela” (1Sm 2:6) -, além do mais demonstra total falta de confiança e de esperança em Deus, porquanto busca resolver seus problemas e dificuldades pondo fim à sua vida, demonstrando, com isso, que não confia em Deus. O verdadeiro cristão, pelo contrário, ainda que esteja a passar problemas e dificuldades, não vai buscar a solução no suicídio, mas em Deus. A Palavra de Deus está repleta de promessas de que o Senhor sempre estará ao nosso lado, se nos mantivermos fiéis (Is 43:1-5; Sl 91:1; Mt 28:20).

Sempre se terá no suicídio um gesto de falta de fé em Deus, uma verdadeira manifestação de orgulho e de autossuficiência do suicida. Fazendo-se semelhante a Deus, o suicida recusa ser ajudado e orientado pelo Senhor e resolve pôr fim à sua vida, dando a si uma solução que, entretanto, somente lhe criará um problema eterno – a morte eterna, a eterna separação de Deus. Com efeito, o suicida morre no seu pecado e, portanto, estará irremediavelmente perdido (Ez 18:24), a menos que tenha tempo para se arrepender, o que é difícil de acontecer.

c) Infanticídio. O infanticídio é a matança consciente e deliberada de crianças. O termo técnico não tem nada a ver com o estado da criança - se está consciente, doente, é recém-nascida, deformada ou foi judicialmente declarada morta. A Bíblia cita exemplos trágicos de infanticídio sacrificial ao deus Moloque. Moloque era venerado no vale de Cedron, e crianças eram "passadas pelo fogo" (2Rs 16.3; 17.7, 31: 21.6; 2Cr 33.6; Ez 16.21; 20.26,31). O rei Acaz (2Cr 28.3), por volta de 730 a.C, e o rei Manasses (2Rs 21.6) sacrificaram seus próprios filhos. A lei mosaica proibia essa prática severamente e prescrevia até a pena capital a quem oferecesse seu filho a Moloque (Lv 18.21; 20.2-5).

O infanticídio continua sendo praticado na modernidade com toda fúria diabólica. No Brasil, de vez em quando, vê-se nos jornais sobre crianças sacrificadas em práticas de magias negras. Embora a opinião pública e a lei condenem tais práticas, até hoje não foi possível eliminá-las totalmente.

Segundo Hans Ulrich Reifler, nos Estados Unidos, o infanticídio é praticado principalmente com crianças que sobrevivem ao aborto. Aliás, o aborto é apenas a ponta de um "iceberg", cuja profundidade ninguém pode prever. Já se tornou evidente na história humana recente que assassinato de bebês antes de seu nascimento leva ao assassinato de criancinhas depois de nascidas. Infelizmente, isto é uma realidade em nossos dias. Um dos métodos aprovados de aborto é a histerectomia, em que o embrião é abortado com vida e morto depois de nascido por afogamento, fome ou corte do fluxo de oxigênio.

Isso é uma clara transgressão do Sexto Mandamento. Certamente, aqueles que praticam tão brutal assassinato não ficarão impunes. Pagarão aqui na Terra ou no inferno, num sofrimento eterno (Ap 21:8).

d) Genocídio. Segundo Hans Ulrich Reifler, genocídio é a matança consciente e deliberada de uma raça ou um povo considerado "inimigo" pelo resto da sociedade majoritária. O genocídio sempre é o resultado trágico de racismo político, fanatismo religioso, discriminação social ou preconceito econômico, moral ou até biológico.

Moisés foi salvo do genocídio decretado por Faraó contra Israel (Ex 1.22; 2.1-6). A rainha Ester salvou seu povo do genocídio planejado por Artaxerxes (Et 1-10). O terceiro exemplo de genocídio relatado na Bíblia é o massacre dos meninos com menos de dois anos ordenado por Herodes (Mt 2:16-18).

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mais de 6 milhões de judeus foram massacrados em câmaras de gás e campos de concentração como resultado da campanha antissemita de Hitler. Outros inúmeros genocídios recentes foram notícias. Uma clara afronta ao Sexto Mandamento.

e) Pena de Morte. Este é um dos temas mais controvertidos da atualidade. Segundo o pr. Esequias Soares, a pena capital não viola o sexto mandamento porque não se trata de assassinato malicioso e violento de um inimigo pessoal. É uma exigência da justiça para manter o bem-estar e a segurança do povo e preservar a sociedade. Seu objetivo não era restaurar a vida do assassinado ou reparar o prejuízo, pois somente Deus pode dar a vida; era conter o crime. Deus delegou aos governantes a autoridade de dirigir legitimamente o Estado. A execução de uma pena capital é determinada pelo Estado, depois de julgamentos e de todo processo legal, tendo o réu amplos direitos de defesa. A lei de Moisés exige pelo menos duas testemunhas, sem as quais o processo não terá validade legal (Nm 35.30; Dt 17.6).

Segundo Hans Ulrich Reifler, na lei de Moisés percebemos uma radicalização da pena de morte. O princípio básico era "vida por vida, olho por olho, dente por dente" (Êx 21:23,24). A pena máxima foi permitida e sancionada por Deus nos seguintes casos: assassinato premeditado (Êx 21:12-14); sequestro (Êx 21:16; Dt 24:7); adultério (Lv 20:10-21, Dt 22:22); homossexualismo (Lv 20:13); incesto (Lv 20:11,12,14); desobediência aos pais (Dt 17:12; 21:18-21); ferir ou amaldiçoar os pais (Êx 21:15; Lv 20:9); falsas profecias (Dt 13:1-10); blasfêmia (Lv 24:11-14); profanação do sábado (Êx 35:2; Nm 15:32-36); sacrifícios aos falsos deuses (Êx 22:20).

O Novo Testamento reconhece a pena de morte, mas não se trata de um mandamento cristão. Hans Ulrich Reifler cita os seguintes argumentos a favor da pena de morte no Novo Testamento, apesar de ferir o espírito de perdão, amor e misericórdia, que formam a essência do cristianismo:

Ø  O ensino de Jesus. Temos a tendência de esquecer que Jesus reafirmou o princípio da pena máxima no sermão do monte: "Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir... Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: quem matar estará sujeito a julgamento [à pena de morte]. Eu, porém, vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento" (Mt 5:17, 21,22).

Ø  Ananias e Safira. Esse casal foi condenado à morte pelas palavras apostólicas de Pedro. Eles tiveram morte imediata porque mentiram (At 5:13). Encontramos, então, claras evidências de que o Novo Testamento, mesmo na dispensação da graça, permite que homens condenem homens à morte.

Ø  O ensino de Paulo. Em Romanos 13:1,2 vemos que Deus deu a espada às autoridades humanas para protegerem a vida. O uso da espada para o bem da sociedade logicamente inclui a pena de morte em casos especiais. Mas é importante observar que a espada foi dada para o bem da sociedade e não deve ser empregada indiscriminadamente.

Ø  A morte de Jesus Cristo. Pilatos realmente teve autoridade para prescrever a pena máxima a Jesus, e Cristo Se submeteu a ela (João 19:11). Sem essa pena não gozaríamos de tão grande salvação.

Diante de todos esses argumentos, concluímos que realmente existem exemplos morais concludentes no Antigo e no Novo Testamentos, que mostram que Deus ordenou, e os homens exerciam a pena capital para delitos específicos.  

“Todos reconhecem que a pena de morte é uma lei que fere o espírito de perdão, amor e misericórdia, que formam a essência do cristianismo; no entanto, ela está presente no Novo Testamento. A diferença do Antigo Testamento é que ali a lei prescreve como parte de um sistema legal, e aqui não é mandamento, conselho ou incentivo. O Novo Testamento apenas reconhece que a pena capital existe” (Esequias Soares).

Sou partidário dos que preferem apoiar penas alternativas, como o caso da prisão perpétua, onde o criminoso tem a oportunidade de se recuperar, e até de se tornar um crente salvo em Cristo Jesus.

f) Guerras e defesa pessoal. Segundo Hans Ulrich Reifler, a questão da guerra é o segundo exemplo clássico que não se enquadra necessariamente no sexto mandamento. O povo de Israel jamais considerou que este mandamento proibisse guerras, mesmo porque o próprio Deus ordenou várias guerras: contra Amaleque (Êx 17.8-16; 1Sm 15.1-9), contra os filisteus (1Sm 7.1-14), contra os amonitas (1Sm 11:1-11), contra Jericó (Js 6.2ss.), contra a cidade de Ai (Js 8:1ss.), contra os cananeus (Js 11.19,20) e muitas outras, mencionadas principalmente nos livros históricos do Antigo Testamento.

O próprio Deus é conhecido como "homem de guerra" (Êx 15.3; Is 42.13). O título "Senhor dos Exércitos" (Êx 12.41; 1Sm 17.5; Sl 46) indica que Deus luta contra os inimigos ao lado de Seu povo. Em Números 21:14 lemos: "livro das Guerras do Senhor". O próprio Deus, na qualidade de capitão, chefiava o exército (2Cr 13.12). Na oração do rei Salomão, temos uma forte indicação de que o Senhor envia Seu povo contra os inimigos (2Cr 6.34). Ele armou emboscadas (2Cr 20.22) e ensinou o salmista a combater (Sl 144.1). Algumas vezes, Deus assumiu a batalha e combateu sozinho, enquanto o exército de Israel ficava quieto (2Cr 20.17). Qualquer guerra "convocada por Deus" estava fadada a ser vencida pelos israelitas.

Assim, qual a posição dos cristãos com respeito à guerra? Até que ponto o cristão pode envolver-se em conflitos bélicos? Existem normas ou diretrizes bíblicas para nos orientar nesta questão?

Quanto a esse problema, o cristianismo divide-se em pelo menos três correntes de pensamento, segundo Hans Ulrich.

- Primeira corrente: o ativismo. O ativismo sustenta que o cristão deve ir para todas as guerras em submissão e obediência ao governo instituído e ordenado por Deus (Rm 13.1-7). Para justificar sua posição, essa linha de pensamento opera com as seguintes referências bíblicas: Gênesis 1.28; 9.5,6; Êxodo 21.23-25; Mateus 22:21; Romanos 13.1-7; 1Timóteo 2.2; Tito 3.1; 1Pedro 2.13,14.

Como podemos justificar guerras entre nações pagãs de hoje baseados em guerras ordenadas pelo Senhor no Antigo Testamento? Nenhuma dessas nações é o povo escolhido por Deus. Diz mais Hans: o problema é a tendência de idolatrar o Estado, considerando-o infalível ou, até, idêntico à vontade de Deus. E isso, evidentemente, está muito longe da realidade.

- Segunda corrente: o pacifismo. O pacifismo argumenta que o homem nunca deve participar de guerras; ele deve poupar a vida dos outros, visto que Deus ensina que é proibido matar. Os principais argumentos do pacifismo podem ser resumidos assim: matar é sempre errado; também é errado usar a força para resistir ao mal, porque a vingança pertence a Deus (Mt 5.39; Dt 32.35); a guerra é baseada no mal da ganância; a guerra sempre resulta em muitos males; a violência gera mais violência e a guerra cria mais guerras. O pacifismo moderado (ou pacifismo cristão) opõe-se ao serviço militar armado.

- Terceira corrente: o seletivismo. O seletivismo afirma que é necessário fazer uma diferença entre guerras justas e guerras injustas, e que se deve participar de algumas delas, visto que agir de outra forma seria recusar-se a fazer o bem maior ordenado por Deus.

Os argumentos do seletivismo são:

ü  Deus sancionou a pena máxima após o dilúvio (Gn 9.6);

ü  Está de acordo com a lei de Moisés (Êx 21-26), reafirmada por Pedro (1Pe 2.13);

ü  Paulo ensina que toda autoridade procede de Deus (Rm 13.1-7);

ü  Jesus Cristo se submeteu à pena capital (Jo 19.11);

ü  Está implícito no fato de o apóstolo Paulo buscar a proteção do exército romano (At 22.25-29; 23.23): e

ü  É estimulado em Tiago 4.17: "... aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando".

Finaliza Ulrich: o seletivisia não cai num ativismo cego nem foge à responsabilidade cívica nos momentos cruciais de seu país. Ele avalia a situação, ora e depois se posiciona como ser livre e responsável.

Concordo com o Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco, quando diz que um papel que Deus requer do cristão é a de ser pacificador. Muito mais do que ativistas do pacifismo que estão surgindo nos últimos tempos pelo mundo. Pacifista é alguém que é a favor da paz e que, para que esta paz venha, muitas vezes, recorre a métodos tão condenáveis quanto a política de guerras das autoridades, como se verifica, comumente, nas chamadas "manifestações antiglobalização" em que depredações, invasões, agressões são corriqueiras e nada têm a ver com a paz. Recorrem à violência para pregar a paz. Já os pacificadores, muito pelo contrário, são contundentes, firmes em suas atitudes e convicções, mas não recorrem jamais à violência. Jesus disse no sermão do monte: "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus"(Mt 5:9).

Mas, para sermos pacificadores de uma nação que está envolta na violência e na criminalidade, como o Brasil, é preciso, antes, sermos pacificadores no nosso lar, na nossa sala de aula, no nosso local de serviço, na nossa igreja local. Temos sido pacificadores, ou somos criadores de contenda entre os irmãos? Lembremo-nos de que o que cria contendas entre irmãos é abominado pelo Senhor! (Pv 6:16-19).

Só o cristão pode levar aos homens a verdadeira paz, que lhes foi deixada por Cristo (João 14:27), pois a paz não é a simples ausência de conflitos humanos, ausência esta que é assaz enganadora (1Ts.5:3), mas a comunhão com Deus, a única fonte de paz.

III. PROCEDIMENTO JURÍDICO

A Bíblia salienta e sustenta a inviolabilidade da vida humana. Deus proibiu de forma cabal o assassinato do ser humano, desde o limiar da raça humana. Está escrito: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gn 9:6).

A lei de Moisés traz instruções específicas sobre o procedimento jurídico do homicídio doloso, quando há intenção de matar, e do homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O capítulo 35 de Números aborda exclusivamente esse tema.

1. Homicídio doloso (Nm 35:16-21). Aqui, são dadas as instruções especificas aceca do procedimento jurídico sobre o homicídio doloso. Se alguém ferir de morte seu próximo, de forma intencional, premeditada e deliberada, e a pessoa golpeada morrer, o autor da ação é considerada homicida. Neste caso, de homicídio doloso; nem mesmo o altar de Deus serviria de refúgio para este tipo de assassino (vide o caso de Joabe – 1Rs 2:28-33).

2. Homicídio culposo (Nm 35:22-25). Se o indivíduo não armou cilada (Êx 21:13) para a vítima, então o assassino poderia fugir e se refugiar no altar de Deus; mais tarde, seriam criadas cidades de refúgio com esse propósito (Nm 35:22-28), e ali o assassino estaria seguro até que a questão fosse julgada e a verdade determinada por tribunal apropriado. Essas cidades apontavam para o refúgio que só Jesus oferece. Através do seu sangue, Ele nos mostra um lugar seguro, onde todos os que quiserem estarão protegidos para sempre do pecado e da morte. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Salmo 46:1).  

Vejamos, em resumo, alguns aspectos significativos sobre as cidades de refúgio:

a) O que as cidades de refúgio representavam? As cidades de refúgio representavam, em linguagem jurídica de hoje, um "habeas corpus" a favor do homicida involuntário (crime culposo), ou cujo crime não tivesse sido apurado adequadamente. Em caso de homicídio, pela lei, caberia ao parente mais próximo do falecido a responsabilidade de aplicar a "Lei de Talião" ao homicida, e isto poderia ser feito a qualquer hora e em qualquer lugar, exceto na cidade de refúgio, onde o homicida que não matara intencionalmente poderia aguardar seu julgamento em segurança (Nm 35:11,12). O refugiado não poderia sair da cidade. Se o fizesse, correria por sua conta o que acontecesse, pois o vingador o apanharia, e não haveria apelo para ele. As cidades de refúgio eram bem fortificadas e muradas, com portas nas extremidades, que podiam ser fechadas para impedir a chegada do vingador.

b) A cidade de refúgio é um tipo perfeito de Cristo. A cidade de refúgio protegia tanto aos filhos de Israel quanto ao estrangeiro (Nm 35:15), pois se levava em consideração o princípio da inocência e não da nacionalidade, e representava para o homicida perseguido e fugitivo, segurança e descanso ao mesmo tempo, tornando-se assim um tipo perfeito de Jesus Cristo, que recebe todos quantos tiverem acesso a Ele (João 6:37). Somente estando em Jesus Cristo, o refúgio eterno, o pecador estará para sempre livre da sentença mortífera do pecado (João 5:24).

Ao determinar a construção das seis cidades de refugio, Deus Pai não estava querendo com isso proteger o assassino, mas dar um lugar de refugio àquele que cometia homicídio involuntário. Jesus é muito mais que aquelas cidades: é o refúgio para os culpados.

 

CONCLUSÃO

 

O Sexto Mandamento foi dado por Deus para proteger a vida. Por mais que sejamos tentados a defender o "olho por olho e dente por dente", diante de uma tremenda injustiça, precisamos fazer o exercício diário de olharmos para Jesus e nos lembrarmos de que, mesmo a sua vida esvaindo-se, o nosso Senhor exalava o perdão contra os seus algozes.

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 61. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos – Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD.

Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

GEISLER, Norman L. Ética Cristã: alternativas e questões contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 1984.

Caramuru Afonso Francisco – O cristão e a guerra. PortalEBD.