2º Trimestre/2015
Texto Base: Lucas 1:1-4
“Para que conheças a
certeza das coisas de que já estás informado” (Lc 1:4)
INTRODUÇÃO
Neste
trimestre estudaremos a vida e obra de Jesus, o Homem Perfeito conforme registrou
Lucas no seu Evangelho. O relato feito por Lucas é tido pelos teólogos como o
mais completo dentre os outros evangelhos. Muitos fatos ocorridos na vida do Salvador
só são encontrados neste Evangelho, como, por exemplo, a pesca maravilhosa (Lc 5:6)
e a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7:11-15), mas a sua maior beleza
está em narrar a história da salvação (Lc 19:10). Lucas apresenta o Salvador
como o Homem Perfeito que veio salvar a todos: judeus e gentios.
Espiritualmente,
estaríamos bem mais pobres no nosso apreço pelo Senhor Jesus e pelo seu
ministério sem a ênfase singular do evangelista Lucas. O amor do Senhor e a
oferta de salvação para todos, não somente para os judeus, seu interesse
especial por indivíduos, sim, e até pelos pobres e rejeitados são salientados
em Lucas. Lucas também concede ênfase intensa ao louvor (dando-nos exemplos dos
consagrados “hinos” cristãos em Lc 1 e 2), à oração e ao Espírito Santo. Assim
avaliou o crítico francês Ernest Renan
sobre o Evangelho segundo Lucas: “O livro
mais belo que existe”. Que cristão sensível, ao ler a inspirada obra-prima
de Lucas, desejaria contestar essas palavras? Oro, que mediante o estudo de
cada Lição, possamos conhecer mais a respeito do Filho de Deus, que se fez
Homem e habitou entre nós.
I. LUCAS, O EVANGELHO DO FILHO DO HOMEM
1.
Autoria e data. Lucas é o único evangelista que escreve uma
continuação do seu Evangelho: o livro de Atos, no qual sua autoria é ainda mais
evidente. As passagens de Atos na primeira pessoa do plural, “nós”,
indicam que o escritor esteve envolvido pessoalmente (Atos 16:10; 20:5-6;
21:15; 27:1; 28:16; cf. 2Tm 4:11). Pelo processo de eliminação, somente Lucas
se enquadra em todos esses períodos. Está bem claro na dedicatória a Teófilo e
no estilo da composição que Lucas e Atos foram escritos pelo mesmo autor.
A
evidência interna fortalece a documentação externa e a tradição da Igreja. O
vocabulário (muitas vezes mais exato em termos médicos que os outros escritores
do Novo Testamento), junto com o depurado estilo grego, sustenta a autoria de
um médico culto, gentílico e cristão, mas conhecedor dos temas judaicos. A
predileção de Lucas por datas e pesquisas (cf. Lc 1:1-4; 3:1) tornam-no o
primeiro historiador da Igreja.
Paulo
chama Lucas “o médico amado” e o nomeia separadamente de cristãos judeus (Cl
4:14), o que o tornaria o único escritor gentílico no Novo Testamento.
- Data. A mais provável para Lucas é o início dos anos 60
do primeiro século. Visto que quase todos concordam que Lucas deve preceder
Atos cronologicamente, e Atos termina por volta de 63 d.C. com Paulo em Roma,
uma data antes disso é necessária. O grande incêndio de Roma e a resultante
perseguição dos cristãos como bodes expiatórios de Nero (64 d.C.) e o martírio
de Pedro e Paulo não seriam ignorados pelo historiador da Igreja Primitiva se
já estivessem ocorrido. Assim, uma data próxima de 61-62 d.C é mais provável.
2.
A obra. Lucas, o médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha
ocular da vida de Jesus, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já
escritas sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã.
A narrativa de Lucas descreve, com riqueza de detalhes, o ministério terreno de
Jesus, como ele nasceu, cresceu, libertou os oprimidos, formou os seus
discípulos, morreu pendurado em uma cruz e ressuscitou dos mortos.
Aqueles
que conhecem o seu conteúdo certamente concordam com essa afirmação. A maneira
especifica como registrou os acontecimentos, que tiveram como ápice a
ressurreição e a ascensão de Jesus, é própria e singular do autor.
Dentre
os quatro Evangelhos, Lucas é o que apresenta o relato mais completo da vida de
Jesus Cristo. É importante notarmos que o conteúdo deste Evangelho, juntamente
com o conteúdo do seu segundo Livro, Atos dos Apóstolos, constituem 20% do Novo
Testamento. É importante destacar que 50% desse relato é exclusivo de Lucas.
Marcos, Mateus e João não tem esse material exclusivo, que se encontra
principalmente no trecho que compreende Lucas 9:51-19:27.
Em
Lucas, Jesus é visto claramente como o Salvador divino-humano, que veio como a
provisão divina da salvação para todos os descendentes de Adão.
Lucas
nos dá uma visão geral da história da Salvação quando diz: “A Lei e os Profetas vigoraram até João;
desde esse tempo, vem sendo anunciado o Evangelho do reino de Deus, e todo
homem se esforça por entrar nele” (Lc 16:16). Neste verso, Lucas mostra a
intervenção de Deus para salvar a humanidade em três grandes etapas: o tempo do
Antigo Testamento; o tempo de Jesus ou o tempo do reino; e o tempo da Igreja.
Entretanto, fica claro que o resumo de toda a mensagem que ele quis transmitir
sobre Jesus e o próprio Evangelho se encontra em Lucas 19:10, quando apresenta
Jesus como Aquele que fez a diferença nessa história da salvação: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar
o perdido”. Esse é, pois, o verso-chave do Evangelho de Lucas.
O
cuidado de Lucas em elaborar corretamente o seu relato faz-nos perceber o
quanto levava a sério o ministério que tinha recebido de Deus na preservação
verídica do Evangelho da graça.
Assim,
Lucas demonstrou amor verdadeiro, desenvolveu um ministério confiável e
preservou eternamente o conteúdo mais singular da história da humanidade.
Portanto,
conhecer e estudar este livro sagrado deve nos fazer mais sensíveis em relação
a vinda, a vida, o ministério, a morte e a glorificação de Jesus Cristo, pois
Ele é também considerado o “evangelho da graça”, o evangelho que mostra a
vontade de Deus em abençoar os homens.
3.
Os destinatários originais. Originalmente, Lucas endereça o seu Evangelho a
Teófilo. O título excelentíssimo (Lc 1:3) dá a entender que ele
era um oficial do governo. Seu nome quer dizer amigo de Deus.
Provavelmente ele foi um cristão que ocupou posição de honra e responsabilidade
na administração exterior do Império Romano.
O propósito de Lucas foi
apresentar a Teófilo um relato escrito que confirmaria a confiança absoluta de
tudo o que foi ensinado concernente à vida e ao ministério do Senhor Jesus. A
mensagem escrita forneceria a estabilidade, preservando-o das inexatidões da
contínua transmissão oral.
Lucas
também escreveu aos gentios. Em sua narrativa deixa claro que ele escreveu para
os gentios. Por exemplo, ele apresenta a genealogia humana de Jesus,
recuando-se até Adão (Lc 3:23-28) e não até Abraão, conforme fez Mateus (cf Mt
1:1-17).
4.
Ênfase. É interessante percebermos o contraste que
existe entre as ênfases de João e Lucas. Enquanto João trata da divindade
daquele que é Homem, Lucas nos apresenta, de modo claro, a humanidade daquele
que é Deus. Quando destacamos o verso-chave deste Evangelho – “Porque o Filho
do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10) -, temos reforçado essa
ênfase. Jesus é apresentado como Filho do Homem, destacando-se a sua
humanidade, a sua identificação conosco.
Mas
é bom reconhecermos também que Lucas não deixa de demonstrar a glória da
divindade e da majestade de Jesus Cristo (Lc 1:32-35).
Ao
lermos e estudarmos a narrativa de Lucas sobre a vida e o ministério de Jesus
Cristo, ficamos impressionados pelo interesse humano do seu autor. Somos
confrontados com os aspectos da vida humana de Jesus Cristo, apresentados a
eventos comoventes, cheios de alegria, de tristeza, de cânticos, de exultação,
de lágrimas, de louvor e de muita oração.
Somente
Lucas descreve o nascimento do seu precursor, João, o batizador. Lucas é o
único que registra os cânticos especiais que têm sido alvo de tantas obras da
música cristã: a Beatitude, de Isabel (Lc 1:42); a Magnificat, de
Maria (Lc 1:46-55); o Benedictus, de Zacarias (Lc 1:68-70); o Glória
in excelsis, dos anjos (Lc 2:14); e o Nunc-dimittis, de Simeão (Lc
2:29-32). E, além disso, ele destaca as mulheres, as crianças, os doentes, os
samaritanos, enfim todos os rejeitados pela alta sociedade daqueles dias.
Mas
Lucas se destaca também por ser considerado “o evangelho do lar”. Ele nos
mostra, de modo simples, a vida de Jesus quando ainda pequeno, junto com os
pais Maria e José; a cena na casa de Simeão; a hospitalidade de Marta e Maria;
a mulher varrendo a casa para achar a moeda perdida; a parábola do amigo
inoportuno que bate na casa do amigo à meia noite; a parábola onde o pai
celebra, em casa, a volta do filho perdulário ao lar; e o local preparado para
a celebração da Páscoa quando foi instituída a Ceia do Senhor.
5. A importância do Evangelho segundo
escreveu Lucas. A importância desse Evangelho pode ser
constatada através de sete destaques que merecem ser conhecidos:
a)
Em
Lucas encontramos a Trindade envolvida na salvação da humanidade.
Vemos o controle de Deus Pai, enviando-nos o seu Filho Jesus Cristo para nos
salvar (Lc 1:26; 10:21). Encontramos a ação do Espírito Santo atuando e
capacitando o próprio Senhor Jesus na realização do seu ministério (Lc 4:14,18)
e percebemos que o Senhor Jesus Cristo, de modo consciente, declarou plenamente
essa missão (Lc 19:10).
b)
Em
Lucas encontramos uma visão distinta da história da salvação.
Lucas divide a intervenção divina no projeto de salvação da humanidade em três
etapas: o tempo do Antigo Testamento, que chega até os dias de João Batista; o
tempo do reino de Deus, ou o tempo de Jesus Cristo, incluindo toda a vida e
ministério do Salvador; e o tempo da igreja, a partir do cumprimento da
promessa da vinda do Espírito Santo (Lc 16:16).
c)
Em
Lucas encontramos uma clara ênfase na universalidade da salvação, na
abrangência da mensagem cristã. Jesus não é apenas o
Messias dos judeus, mas o Salvador do todas as pessoas (Lc 2:32; 4:25-27;
24:46,47).
d)
Em
Lucas encontramos uma ênfase escatológica ligada à salvação.
Lucas escreve acerca de uma grande salvação, que é válida por toda a eternidade
e não somente para um tempo. Ele aguarda a vinda do fim, quando a salvação da
qual escreve chegará à sua consumação.
e)
Em
Lucas encontramos a viagem final de Jesus da Galileia para Jerusalém,
passando por várias aldeias, inclusive samaritanas (Lc 9:51-56), mostrando a
abrangência da salvação (Lc 15:1,2) e a sua clara entrega em nosso favor (Lc
18:31-33).
f)
Em
Lucas encontramos a clara promessa do Espírito Santo que
viria para inaugurar uma nova etapa do relacionamento Deus-Homem (Lc 24:49),
que se concretizou em Atos 2:1-4.
Perdemos
muito quando desconhecemos essa narrativa tão especifica, esse retrato pintado
com tanta sensibilidade.
Conhecer
o Evangelho registrado por Lucas é importante por todos esses argumentos
levantados, pois é um relato claro do plano maravilhoso de Deus em nos trazer
salvação através de Jesus Cristo e nos capacitar através da ação do Espírito
Santo.
6.
Características especiais. Há diversas
características que de forma especial dão ao Evangelho segundo Lucas sua
própria individualidade. (4)
a)
Ele é o Evangelho universal. Lucas, ele mesmo um gentio (ele é
expressamente excluído dos “únicos da circuncisão” em Cl 4:11,14), olha além
dos limites estreitos do nacionalismo e do preconceito judaicos da época. A
árvore genealógica de Cristo é traçada além de Abraão, o pai das nações, até
Adão, o pai da raça humana; e Jesus é chamado de “luz para revelação aos
gentios” (Lc 2:32).
b) Ele é o Evangelho da
alegria. Há alegria no início – “estou lhes trazendo boas novas de grande alegria”; há alegria no
meio do relato (cap. 15); e há alegria no final quando os discípulos “voltaram para Jerusalém com grande alegria”.
Há tristeza e reveses suficientes, mas a alegria constantemente se intromete no
curso dos acontecimentos.
c) É o Evangelho dos
marginalizados e desprezados. “Por que vocês comem e bebem com publicanos e pecadores?” (Lc 5:30),
perguntam os fariseus. E todo o Evangelho poderia servir de resposta: Porque o
Filho do Homem “veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10), mulheres
caídas, odiados cobradores de impostos e até mesmo um ladrão moribundo. Os
cobradores de impostos certamente não eram pobres, mas socialmente eram
desprezados e evitados. Jesus nasceu de pais pobres, e foi a visita de humildes
pastores de ovelhas, e não a de sábios orientais, que capturou a imaginação de
Lucas.
d) É o Evangelho das
mulheres. Uma das principais características da apresentação que
Lucas faz do Evangelho é seu respeito e reverência pela dignidade da mulher. As
histórias da gravidez de Isabel e Maria, tão difíceis de contar, estão
impregnadas de graça e delicadeza que as revestem de uma atmosfera singular de
pureza. A glória da condição de mãe é retratada aqui com tanta consideração
quanto a tragédia vista na condição de mãe da viúva de Naim. Lucas também tem
prazer em contar das mulheres que cuidavam de Jesus (Lc 8:1-3) e foram fiéis
até o final (Lc 23:27).
e) É por excelência o
Evangelho da oração. Dos quatro evangelistas, Lucas é o que dá
mais destaque à oração. Ele se esforça em ensinar que a alma tem necessidade da
comunhão com Deus. Ele reforça essa lição ao mostrar Cristo como o exemplo de
oração para o crente. Por exemplo, ele mostra como o nosso Senhor se voltou ao
Pai em oração em todos os momentos críticos da sua vida: no batismo, antes do
chamado dos Doze, antes da confissão de Pedro, na transfiguração e na
crucificação. Também é Lucas que nos apresenta as parábolas do amigo importuno
e a do fariseu e o publicano, e um tratado acerca da oração que as acompanha.
7.
Esboço de Lucas. Há várias demonstrações de Esboço. De forma
resumida apresento este:
a)
A introdução do evangelista (Lc 1:1-4).
b)
O parentesco humano do Filho do Homem (Lc
1:5-2,52).
c)
O batismo, a genealogia e aprovação do Filho
do Homem (Lc 3:1-4:13).
d)
O ministério do Filho do Homem na Galileia,
no poder do Espírito Santo (Lc 4:14-9:50).
e)
A viagem do Filho do Homem para Jerusalém,
discipulando os doze (Lc 9:51-19:27).
f)
A rejeição e a crucificação do Filho do
Homem pelas autoridades e pelo povo (Lc 19:28-23:56).
g)
A ressurreição e a ascensão do Filho do
Homem (Lc 24:1-53).
II.
A UNIVERSALIDADE DA SALVAÇÃO
1.
A história da salvação.
Segundo Leon L. Morris, o
conceito que Lucas tem da história da salvação não para na ascensão. Vê o ato
de Deus continuado na proclamação do evangelho e na vida da igreja. Os judeus
têm um lugar especial na dispensação divina, e até ao fim é “a esperança de
Israel” que os pregadores do evangelho proclamam (Atos 28:20). Os judeus,
porém, rejeitaram seu Messias. Isto não queria dizer que Deus foi derrotado. Na
realidade, foi a oportunidade para uma expansão de Seu triunfo na proclamação
do evangelho aos gentios. Mas o evangelho tinha de ser oferecido aos judeus primeiramente.
Foi a recusa, da parte deles, da boa dádiva de Deus que importou em a igreja
ficar predominantemente gentia (Atos 13:46ss.). Tiago especificamente inclui os
gentios em “um povo para o seu nome” (Atos 15:14).
Tudo
isto advém do amor e da graça de Deus. A salvação divina brota do grande amor
que Deus tem para os homens. (1)
2.
A salvação em seu aspecto universal. O aspecto universal da
salvação, revelado no evangelho segundo escreveu Lucas pode ser facilmente
observado pelo seu amplo destaque dado aos gentios. O próprio Lucas endereça a
sua obra a um gentio, Teófilo (Lc 1:1,2).
A
palavra “salvação” está ausente de Mateus e Marcos e corre uma só vez em João.
Lucas, no entanto, emprega o referido termo duas vezes (e duas vezes mais em
Atos), e empregou o verbo “salvar” mais frequentemente do que qualquer outro
Evangelista.
Segundo Leon L. Morris,
Lucas nos conta que a mensagem do anjo dizia respeito aos homens em geral, e
não a Israel especialmente (Lc 2:14). Faz a genealogia de Jesus remontar até
Adão (Lc 3:38), o progenitor da raça humana, não parando em Abraão, o pai da
nação judaica (conforme faz Mateus). Conta-nos acerca dos samaritanos, como,
por exemplo, quando os discípulos queriam invocar fogo contra eles (Lc
9:51-54), ou na bem-conhecida parábola do Bom Samaritano (Lc 10:30-37), ou na
informação de que o leproso agradecido era desta casta (Lc 17:16). Refere-se
aos gentios no cântico de Simeão (Lc 2:32) e nos conta que Jesus falou com
aprovação acerca de não-israelitas tais como a viúva de Sarepta e Naamã, o
sírio (Lc 4:25-27). Conta-nos acerca da cura do escravo de um centurião (Lc
7:2-10). Registra palavras acerca de pessoas que vêm de todas as direções da
bússola para assentar-se no reino de Deus (Lc 13:39) e da grande comissão para
pregar o evangelho em toda as nações (Lc 24:47). Sustenta-se geralmente que sua
história da missão dos setenta (Lc 10:1-20) tem relevância para os gentios.
Fica claro que Lucas tinha profundo interesse pela solicitude de Deus para com
todas as pessoas. Lucas mostra com clareza a largura do grande amor de Deus na
universalidade da salvação. (2)
Jesus
é o perfeito Deus-Homem que oferece a salvação a todas as nações (Lc 2:29-32).
Para Ele não há judeu, nem gentio, nem grego, nem bárbaro, nem escravo, nem
livre. Sua obra é uma interpretação viva e completa daquele que tem poder para
redimir o homem em qualquer lugar e em qualquer tempo.
III.
A IDENTIDADE DE JESUS, O MESSIAS ESPERADO
1.
Jesus, o Homem Perfeito. O Senhor Jesus foi o único
Homem Perfeito que este mundo alguma vez já viu. Ele foi totalmente e sempre
perfeito, aos olhos de Deus e diante dos homens – perfeito nos pensamentos,
perfeito nas palavras e perfeito nas ações. No “Homem Jesus Cristo” estavam
perfeitamente combinadas a majestade que intimidava e a docilidade que trazia
perfeita tranquilidade na Sua presença. Os escribas e os fariseus
experimentaram as Suas repreensões severas, enquanto que a pobre samaritana e
“a mulher que era pecadora” sentiram-se inexplicável e irresistivelmente
atraídas a Ele.
Jesus
foi um homem semelhante a nós, mas sem pecado – “nele não há pecado” (1João
3:5). Exteriormente, Ele não se distinguia dos demais homens, nos quais habita
o pecado (Rm 8:3), contudo, nEle não existiu pecado. Não podia pecar nem
cometeu pecado algum. Por isso, Ele é o Homem Perfeito, e permanece eternamente
Homem Perfeito – “Porque há um só Deus e
um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2:5).
2.
O Messias e o Espírito Santo. O Espírito Santo é
destacado em Lucas desde o início. Há uma profecia no sentido de que João seria
cheio do Espírito Santo, desde o ventre materno (Lc 1:5), ao passo que se diz
de Isabel bem como de Zacarias que ficaram cheios do Espírito Santo (Lc
1:41,67). O mesmo Espírito estava “sobre” Simeão, revelou-lhe que haveria de
ver o Cristo, e o guiou para o Templo no momento apropriado (Lc 2:25-27).
Com
relação a Jesus Cristo, o Espírito Santo estava ativo em conexão com o Seu
Ministério. Este fato remonta até à concepção original, pois o anjo Gabriel
informou Maria que “descerá sobre ti o
Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra” (Lc
1:35).
Quando
Jesus estava para começar Seu ministério, há várias referências ao Espírito
Santo. João Batista profetizou que Jesus batizava com o Espírito Santo e com
fogo (Lc 3:16). Quando nosso Senhor foi batizado, o Espírito Santo veio sobre
Ele “em forma corpórea como pomba” (Lc 3:22), e o mesmo Espírito O encheu e O
guiou para o deserto na ocasião da tentação (Lc 4:1). Depois de terminada a
tentação, e Ele estava para entrar no Seu ministério, “Jesus, no poder do
Espírito, regressou para a Galileia” (Lc 4:14). Depois, quando pregou na
sinagoga de Nazaré, Jesus aplicou a Si mesmo as palavras: “O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lc 4:18).
Não
há muitas referencias ao Espírito durante o ministério, mas em certa ocasião
Jesus “exultou no Espírito Santo” (Lc
10:21) e provavelmente devamos entender que isto indica que o Espírito estava
continuamente com Ele. Além disto, disse aos Seus seguidores que, nas
emergências, o Espírito Santo lhes ensinaria as coisas que deveriam dizer (Lc
12:12), e não é fácil pensar que eles teriam o Espírito Santo e Jesus, não.
A
blasfêmia contra o Espírito o Espírito é o mais grave dos pecados (Lc 12:10).
Jesus disse a Seus discípulos que o Pai daria o Espírito Santo àqueles que lhes
pedirem (Lc 11:13). Depois da ressurreição, disse: “Eis que envio sobre vós a
promessa de meu Pai”; e passou a assegurar os discípulos que seriam “revestidos
de poder do alto” (Lc 24:49). Esta é uma clara referência à vinda do Espírito
Santo, profecia esta que foi cumprida no Pentecostes. O Espírito Santo está
constantemente operante desde o Dia do Pentecostes.
Está
absolutamente claro, pois, que uma das grandes ênfases de Lucas é o Espírito
Santo. Não pensa que Deus deixa os homens para servi-lo da melhor maneira que
podem com seus próprios recursos. O amor de Deus é visto no Espírito que entra
nos seguidores de Jesus e lhes dá poder e os guia. (3)
CONCLUSÃO
Quando
você for assaltado por perguntas ou dúvidas sobre a sua fé, leia o Evangelho de
Lucas. Você poderá crer com segurança que Jesus é Deus, o único Filho de Deus,
o Homem Perfeito, e único Salvador da humanidade. Ele oferece perdão a todos os
que O aceitam como Senhor de suas vidas, e que creem que o que Ele diz é
verdadeiro. O mundo está perdido, como milhões de pessoas rumando à separação
eterna de Deus. Esses homens, mulheres e crianças precisam encontrar e conhecer
o Salvador. Se você conhece a verdade sobre a Verdade, o seu Senhor e Salvador
Jesus Cristo, o que você está fazendo para compartilhar o Evangelho com os
outros? Pense nisso!
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Luciano
de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Lucas
(Introdução e Comentário). Leon L. Morris. VIDA NOVA.
Comentário
Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
(1) Leon L. Morris. Lucas (Introdução e
comentário). pg. 34.
(2) Ibidem, pg 35.
(3) Ibidem, pp. 43/44
(4) F.F.Bruce – Comentário Bíblico NVI.
Ed.VIDA.