2º Trimestre 2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 02
Texto Base: João 3:1-9,16
“Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te
digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (João 3:3).
João 3:
1.
E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.
2.
Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre
vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não
for com ele.
3.Jesus
respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer
de novo não pode ver o Reino de Deus.
4.Disse-lhe
Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a
entrar no ventre de sua mãe e nascer?
5.Jesus
respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e
do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.
6.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito,
7.
Não te maravilhes de ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
8.
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem,
nem
para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
9.
Nicodemos respondeu e disse-lhe: Como pode ser isso?
16.Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
INTRODUÇÃO
Nesta
segunda lição, estudaremos um dos temas centrais do Evangelho de João: o Novo Nascimento. Nosso texto base,
João 3:1-9, apresenta um profundo diálogo entre Jesus e Nicodemos, um fariseu e mestre da Lei, que buscava
compreender os mistérios do Reino de Deus. Nessa conversa, Jesus declara de
forma categórica: "Na verdade, na
verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de
Deus" (João 3:3), destacando que o Novo Nascimento é uma exigência fundamental para a vida eterna.
A
Bíblia define esse processo como Regeneração,
uma transformação operada pelo Espírito Santo na vida do pecador arrependido.
Diferente de uma mudança superficial ou moral, a Regeneração é uma obra espiritual e sobrenatural,
onde o indivíduo recebe uma nova
natureza e um novo coração, capacitado a viver em comunhão com Deus.
O
Novo Nascimento pode ser descrito de diversas maneiras como, por exemplos: “regeneração’;
“transformação de vida de dentro para
fora”; “nascimento espiritual”; “recriação interior da vida espiritual de uma
pessoa”. No entanto, sua essência reside no fato de que ninguém pode entrar no Reino de Deus sem
experimentar essa profunda transformação interior.
Ao
longo desta lição, exploraremos o significado, a necessidade e os efeitos do
Novo Nascimento, compreendendo que não
se trata de uma escolha humana ou um mérito pessoal, mas da ação soberana e
graciosa do Espírito Santo na vida do crente. Que este estudo nos leve a
valorizar e buscar essa experiência transformadora, que nos conduz a uma vida
de intimidade com Deus e certeza da salvação.
I. JESUS E NICODEMOS
1. Quem era
Nicodemos?
Nicodemos
era um fariseu e um dos
principais líderes religiosos de Israel, membro do Sinédrio, o conselho supremo dos judeus (João 3:1). Sua posição
indicava que ele possuía grande conhecimento da Lei e das tradições judaicas,
além de exercer influência entre o povo. No entanto, apesar de sua erudição e
status, ele reconheceu em Jesus um mestre vindo da parte de Deus, o que o levou
a buscá-Lo para obter respostas sobre a vida espiritual.
O
fato de Nicodemos procurar Jesus à
noite (João 3:2) pode indicar tanto um desejo de evitar a exposição
pública quanto um símbolo de sua própria condição espiritual: ele estava em trevas e precisava da luz de
Cristo. Sua conversa com Jesus revelou sua dificuldade em compreender a
necessidade do Novo Nascimento, pois, como fariseu, ele estava acostumado a
associar a salvação ao cumprimento da Lei e das tradições religiosas.
Mais
tarde, Nicodemos aparece defendendo Jesus contra a injustiça dos líderes judeus
(João 7:50,51) e, após a crucificação, participa de Seu sepultamento, trazendo
especiarias para ungir o corpo do Senhor (João 19:39). Essas passagens sugerem
que Nicodemos passou por uma jornada de
fé, saindo da dúvida para um reconhecimento progressivo de Cristo como o
Messias.
2. O reconhecimento de
Nicodemos sobre Jesus como Mestre
“Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem
sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que
tu fazes, se Deus não for com ele” (João 3:2).
O
relato deste texto mostra que Nicodemos reconhecia a autoridade de Jesus ao
chamá-Lo de "Rabi", um título respeitoso
utilizado para mestres da Lei. Esse reconhecimento sugere que Nicodemos via em
Jesus alguém com profundo conhecimento
espiritual, cuja origem divina era confirmada pelos sinais e milagres
que realizava. Ao afirmar: "Rabi,
bem sabemos que és Mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais
que tu fazes, se Deus não for com ele", Nicodemos expressa uma
convicção inicial de que Jesus não era
um mestre comum, mas alguém que possuía uma missão divina.
Esse
reconhecimento, no entanto, ainda era limitado. Nicodemos via Jesus como um mestre e realizador de milagres, mas
não compreendia plenamente Sua identidade como o Messias e Filho de Deus.
Sua visão estava condicionada à expectativa judaica de um líder enviado por
Deus para operar maravilhas, sem perceber que os sinais apontavam para uma
realidade espiritual muito mais profunda: o Reino de Deus e a necessidade do Novo Nascimento.
Além
disso, é interessante notar que Nicodemos usa o pronome "sabemos", sugerindo que outros líderes religiosos também percebiam algo especial em Jesus,
mas temiam reconhecê-lo publicamente. Seu interesse em compreender os
ensinamentos de Cristo revela uma busca
sincera, porém, limitada pelo entendimento humano e pela tradição religiosa.
A
resposta de Jesus, ao invés de se deter no reconhecimento de Nicodemos, aponta
para a necessidade de transformação
espiritual. Ele não elogia a percepção do fariseu, mas introduz um
conceito que desafia sua compreensão: o
Novo Nascimento. Isso mostra que, mais do que um simples reconhecimento
intelectual, o que Jesus deseja é uma
experiência real e transformadora na vida daqueles que O buscam.
3. O diálogo entre
Jesus e Nicodemos
A
partir de João 3:3, Jesus introduz um
conceito essencial para a salvação: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo
não pode ver o Reino de Deus". Esta afirmação deixou Nicodemos
perplexo, pois sua mentalidade estava fortemente enraizada no cumprimento da
Lei e na herança judaica como garantias de pertencimento ao Reino de Deus. Ele
interpretou as palavras de Jesus de maneira literal, perguntando: "Como pode um homem nascer, sendo velho?
Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?" (João
3:4). Isso demonstra sua dificuldade em compreender a realidade espiritual do Novo Nascimento.
Jesus,
então, amplia a explicação ao afirmar: "Aquele
que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus"
(João 3:5). A menção à "água"
e ao "Espírito" é fundamental para entender o processo da Regeneração. No contexto bíblico, a água pode simbolizar tanto a
purificação que vem do arrependimento (como pregado por João Batista – Mateus
3:11) quanto a própria Palavra de Deus (Efésios 5:26), que conduz à
santificação. Já o Espírito
representa a obra divina que transforma
o coração do homem, tornando-o uma nova criação em Cristo (Tito 3:5).
Dessa
forma, o Novo Nascimento não se trata
de uma reforma exterior ou de um esforço humano, mas de uma
transformação radical operada pelo Espírito Santo. A resposta de Jesus
evidencia que ninguém pode entrar no
Reino de Deus por mérito próprio, linhagem ou práticas religiosas, mas
apenas através de uma mudança
espiritual profunda e sobrenatural.
Jesus
conclui essa explicação ao destacar a diferença entre o nascimento natural e o
espiritual: "O que é nascido da
carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito" (João 3:6).
Isso demonstra que o Novo Nascimento
não se refere a uma experiência física, mas a uma renovação interior realizada
pelo Espírito Santo, tornando o pecador uma nova criatura apta a viver segundo os princípios do Reino de Deus
(2Co.5:17).
O
diálogo entre Jesus e Nicodemos nos ensina que a salvação não é fruto de conhecimento religioso ou boas obras, mas sim
de uma experiência transformadora com Deus, onde o Espírito Santo renova
a vida do crente e o capacita a viver segundo a vontade divina.
Sinopse I – JESUS E NICODEMOS O encontro entre Jesus e Nicodemos (João 3:1-9) revela uma das mais profundas
verdades sobre a Regeneração Espiritual. Nicodemos, um fariseu e membro do Sinédrio, reconhecia Jesus como um
mestre vindo de Deus devido aos sinais que realizava. Entretanto, sua
compreensão era limitada, pois via Jesus apenas como um grande mestre e não
como o próprio Filho de Deus. No diálogo, Jesus apresenta um conceito
fundamental: o
Novo Nascimento. Ele declara que ninguém
pode ver o Reino de Deus sem nascer de novo, deixando Nicodemos confuso, pois sua visão era pautada na tradição
judaica e no mérito religioso. Jesus então esclarece que esse nascimento não
é físico, mas espiritual, operado pela água e pelo Espírito Santo. A água simboliza a purificação e o
arrependimento, enquanto o Espírito representa a transformação interior que
concede ao crente uma nova vida em Deus. Por fim, Jesus diferencia o nascimento natural do
nascimento espiritual, deixando claro que apenas a obra do Espírito Santo pode tornar
o homem apto a entrar no Reino de Deus.
Esse diálogo ensina que a salvação não é adquirida por conhecimento
religioso ou boas obras, mas sim por uma experiência real de transformação
espiritual, concedida pela graça divina. |
II. O NOVO NASCIMENTO:
A OBRA DE REGENERAÇÃO
1. O Novo Nascimento
O Novo Nascimento é o fundamento da Regeneração
espiritual, um ato sobrenatural operado pelo Espírito Santo, pelo qual o
pecador é transformado em uma nova criatura e se torna filho de Deus (2Co.5:17;
João 1:12). Essa transformação não é meramente simbólica, mas real e essencial
para que o homem tenha comunhão com Deus e entre no Reino dos Céus.
A Bíblia apresenta o Novo Nascimento como uma obra
profunda e completa, que concede ao homem:
·
Uma vida renovada
(1João 3:13,14). O regenerado deixa as trevas e passa a viver em
amor, evidenciando sua nova condição espiritual.
·
Uma mente transformada
(Rm.12:2). O novo nascimento muda a forma de pensar, levando o
crente a viver segundo a vontade de Deus.
·
Uma nova natureza (Tg.1:18,21). O
pecador, que possui uma natureza carnal, corrompida e caída em pecado, passa a
ter uma nova natureza, agora purificada e espiritualmente restaurada.
·
Uma nova identidade em
Cristo (2Co.5:17). O velho homem é deixado para
trás, e uma nova vida começa.
·
Um chamado à santidade
(1Co.6:20). O regenerado pertence a Deus e deve glorificá-lo em
tudo.
Entretanto, na cultura pós-moderna, a doutrina da
Regeneração é frequentemente rejeitada. O pecado é relativizado e a necessidade
de transformação espiritual é ignorada. Jesus é reduzido a um mero filósofo ou
mestre moral, sem reconhecimento de Sua missão redentora. Esse pensamento nega
a necessidade do Novo Nascimento, afastando as pessoas da verdade do Evangelho.
A Regeneração não pode ser alcançada por esforços
humanos ou boas obras. Ela é um milagre realizado exclusivamente pelo Espírito
Santo (Tt.3:5). Somente pela graça de Deus, mediante a fé em Cristo, o homem
pode nascer de novo e ter uma nova vida em Deus.
2. A Regeneração como
obra exclusiva de Deus
A Regeneração é uma obra sobrenatural de Deus,
operada pelo Espírito Santo, que transforma radicalmente o coração do pecador,
concedendo-lhe nova vida espiritual. Esse processo não é fruto do esforço
humano, mas uma ação exclusiva da graça divina, que restaura a comunhão entre
Deus e o homem.
O Novo Testamento enfatiza que a regeneração não
depende de méritos pessoais, mas da vontade soberana de Deus. Tiago declara: “Toda
boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto”; “segundo a sua vontade, ele nos
gerou pela palavra da verdade” (Tg.1:17,18).
Isso significa que a Regeneração não é apenas um
convite à mudança moral, mas sim um novo nascimento espiritual, no qual o
Espírito Santo transforma a natureza humana, tornando o pecador uma nova
criatura (2Co 5:17).
A Regeneração ocorre quando o pecador reconhece sua
condição caída e se rende a Cristo. O Espírito Santo age poderosamente,
convencendo do pecado, do juízo e da justiça (João 16:8), levando o pecador ao
arrependimento genuíno e à fé no Evangelho.
Ø Convencer do pecado. Se refere à ação do Espírito Santo em revelar
ao ser humano a realidade do pecado. O Espírito Santo mostra a verdadeira
natureza do pecado, que é a separação de Deus e a desobediência à Sua vontade.
Ele ajuda as pessoas a reconhecerem seus erros e a necessidade de
arrependimento.
Ø Convencer da justiça. O Espírito Santo revela a justiça de Deus, que é manifestada através de
Jesus Cristo. Ele mostra que a justiça não é apenas um conjunto de regras, mas
uma relação correta com Deus, alcançada através da fé em Jesus. O Espírito
Santo também demonstra que Jesus é o padrão perfeito de justiça.
Ø Convencer do juízo. Isso significa que o Espírito Santo alerta sobre o julgamento final de
Deus. Ele lembra que haverá um dia em que todos serão julgados por suas ações.
O Espírito Santo também mostra que o príncipe deste mundo (Satanás) já está
condenado, e que a vitória final pertence a Deus.
Dessa forma, a regeneração não é um mero ajuste de
comportamento, mas uma renovação profunda e permanente, na qual Deus concede ao
homem um novo coração e um novo espírito (Ez.36:26), capacitando-o a viver em
santidade e obediência à vontade divina.
3. A necessidade da
Regeneração do pecador
Segundo o apóstolo Paulo, todos os seres humanos
pecaram (Rm.5:12). Assim, surge a necessidade de cada indivíduo passar pela
experiência da Regeneração (Rm.5:19).
Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, o ser humano
precisa nascer de novo:
a) Porque a inclinação do seu coração é contra
Deus. A inclinação da carne do ser humano é inimizade contra Deus. Sua
natureza é pecaminosa e totalmente caída. Os maus desígnios vêm do seu coração,
mas não o desejo de ser salvo. O ser humano não pode mudar a si mesmo. Ele está
cego para as coisas de Deus, insensível como um morto à voz do Espírito Santo.
Se a pessoa for deixada à própria sorte, perecerá. Da mesma forma que um ser
humano jamais é o autor da sua existência, assim também nenhum ser humano pode
dar vida à própria alma. Sem o Novo Nascimento, ninguém pode chegar ao Céu.
Você pode entrar no Céu sem dinheiro, sem fama, sem cultura e até sem religião,
mas jamais sem o Novo Nascimento.
b) Porque sem o Novo Nascimento ninguém pode ver
o Reino de Deus nem pode entrar nesse Reino (Joao 3:3,5). Para entrar no Reino de Deus é
necessário o toque regenerador do Espírito Santo. Não se entra no Reino de Deus
apenas fazendo boas obras. Se Nicodemos, com seus conhecimentos, talentos,
entendimento, posição e integridade, não podia entrar no Reino prometido em virtude
de sua posição e obras, que esperança há para alguém que procura salvação por
essas vias? Mesmo para um Nicodemos deve haver uma transformação radical, a
geração de uma nova vida. Não se trata do conserto de uma parte, mas da
renovação de toda a natureza.
c) Porque uma fé intelectual ou emocional é
insuficiente para a pessoa entrar no Reino de Deus. Muitos foram atraídos a Jesus
com uma fé apenas intelectual ou emocional ao observarem seus prodígios.
Nicodemos também ficou impressionado com os sinais que Jesus fazia. Isso o
levou a reconhecer que Jesus era vindo de Deus e que Deus estava com Ele. Mas
essa fé não foi suficiente para salvar sua alma. Crer em milagres não é o
bastante para levar a pessoa ao Céu. Quando Nicodemos se aproximou de Jesus
tecendo-lhe os mais altos elogios, Jesus desviou o assunto para a necessidade
urgente de Nicodemos nascer de novo. Jesus não estava interessado em discutir
seus milagres, que tinham como resultado apenas uma fé superficial. Pelo
contrário, Ele foi direto ao ponto culminante, mostrando a Nicodemos a
necessidade da transformação de seu coração por intermédio do Novo Nascimento.
d) Porque o Novo Nascimento é uma ordem expressa
de Jesus (João 3:7). Jesus é categórico: “Necessário vos é nascer de
novo”. Lá no Céu, você não entrará por ser membro da Assembleia de Deus,
presbiteriano, batista ou de qualquer outra denominação ou religião. Lá no Céu,
só entrarão aqueles que nasceram de novo, aqueles que foram remidos e lavados
no sangue do Cordeiro.
Sem o Novo Nascimento, o Céu não apenas seria
impossível para o ser humano, mas também não seria um lugar desejável para sua
alma. Aqueles que nunca nasceram de novo amam mais as trevas do que a luz; por
isso, o destino deles é de trevas eternas. Pelo nascimento natural, as pessoas
tornam-se membros de uma família terrena; para que elas se tornem membros da
família de Deus, para receberem a natureza espiritual, que é o único meio de
ser admitido em seu reino, faz-se necessário um nascimento "do alto”, do
Espírito Santo.
Sem o Novo Nascimento, o ser humano ama o mundo e as
coisas que há no mundo. Sem o Novo Nascimento, o ser humano é amigo do mundo e
inimigo de Deus. Sem o Novo Nascimento, o ser humano se conforma com o mundo e
vive segundo o seu curso.
Quando o homem se convence do pecado, da morte e do
juízo, aceitando a Jesus como seu único e suficiente Salvador, crendo em
Cristo, na Sua obra no Calvário e se arrependendo dos seus pecados, renunciando
à impiedade, isto é, ao pecado e às concupiscências do mundo e passa a viver,
neste mundo, sóbria, justa e piamente, segundo a vontade do Senhor, que está
presente na Sua Palavra (Tt.2:12), temos o Novo Nascimento, a geração de um
novo homem, de uma nova criatura, pois os pecados são perdoados.
O sangue de Jesus purifica o homem de todo o pecado
e ele passa a ocupar uma nova posição diante de Deus, justificado pela fé
(Rm.5:1), tendo paz com Deus, pois os pecados, que antes faziam divisão entre
ele e Deus (Is.59:2), não mais existem, são removidos (João 1:29), lançados no
mar do esquecimento (Mq.7:19), voltando o homem, então, a ter comunhão com
Deus. O espírito do homem, assim, volta a ter vida, é vivificado (1Co.15:22),
pois cessa a sua separação de Deus, que o tornava inerte.
Sinopse: O apóstolo Paulo afirma que todos os seres humanos
pecaram (Rm.5:12), tornando-se necessária a experiência da Regeneração (Rm.5:19). O Rev.
Hernandes Dias Lopes destaca quatro razões essenciais para esse Novo
Nascimento: a)
A inclinação do
homem contra Deus. O coração humano é naturalmente inclinado ao
pecado, rebelde e incapaz de buscar a Deus por si só. Sem o Novo Nascimento,
ninguém pode entrar no Céu, pois o ser humano, em sua condição natural, está
espiritualmente morto e separado de Deus. b)
A impossibilidade de
ver e entrar no Reino de Deus sem a Regeneração. Conforme João 3:3,5, o toque regenerador do Espírito Santo é
indispensável. Nem mesmo Nicodemos, um líder religioso de prestígio, poderia
entrar no Reino sem essa transformação radical. O Novo Nascimento não é uma
mera reforma moral, mas a renovação completa da natureza humana. c)
A insuficiência de
uma fé intelectual ou emocional. Muitos seguem a
Cristo impressionados por seus milagres, mas essa fé superficial não conduz à
salvação. Nicodemos reconheceu Jesus como mestre divino, mas isso não
bastava. O verdadeiro acesso ao Reino requer transformação interior por meio
do Novo Nascimento. d)
O Novo Nascimento
como ordem expressa de Jesus. Em João 3:7,
Jesus declara: "Necessário vos é nascer de novo". A salvação não se
baseia em filiação denominacional ou méritos religiosos, mas na redenção pelo
sangue de Cristo. Sem essa regeneração, o homem permanece escravo do pecado,
amante das trevas e separado de Deus. O Novo Nascimento ocorre quando o pecador se arrepende,
crê em Cristo e renuncia ao pecado, tornando-se uma nova criatura. Seus pecados são
perdoados pelo sangue de Jesus, sua comunhão com Deus é restaurada, e ele
passa a viver segundo a vontade divina. Assim, justificado pela fé (Rm.5:1),
ele experimenta paz com Deus e uma nova vida em santidade. |
III. OS MEIOS DA OBRA
REGENERADORA
1. A operação do
Espírito Santo
A expressão “nascer da água” em João 3:5 tem sido
interpretada de diversas formas, mas, no contexto da conversa de Jesus com
Nicodemos, trata-se de uma metáfora para a purificação espiritual realizada
pelo Espírito Santo. Ao contrário da concepção de que se refere ao batismo
cristão, Jesus ensina que o Novo Nascimento não é um rito externo ou um ato
físico, mas uma transformação interior e sobrenatural operada pelo Espírito.
O termo "água" aqui remete à ação
purificadora de Deus, como já indicado no Antigo Testamento: "Aspergirei
água pura sobre vós, e ficareis purificados" (Ez.36:25). Essa conexão
demonstra que o novo nascimento envolve tanto a remoção do pecado quanto a
renovação espiritual, um processo que ocorre exclusivamente pelo poder do
Espírito Santo.
Além disso, Jesus reforça essa verdade ao afirmar
que é necessário ser "nascido do Espírito" (João 3:5,8). Ele compara
essa obra com o vento: invisível, mas real e perceptível em seus efeitos. De
fato, a regeneração não é simplesmente uma mudança de comportamento ou adesão a
um sistema religioso, mas uma transformação que altera a essência do ser humano,
tornando-o espiritualmente vivo para Deus.
O apóstolo Paulo também descreve essa renovação em
Tito 3:5: "não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a
sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do
Espírito Santo". Esse texto destaca que a salvação não ocorre por mérito
humano, mas unicamente pela graça divina, manifestada na ação do Espírito.
Portanto, a operação regeneradora do Espírito Santo
é fundamental para a salvação. Ele transforma o pecador em uma nova criatura,
libertando-o do domínio do pecado e concedendo-lhe um novo coração, uma nova
mente e um novo espírito para que possa viver segundo a vontade de Deus.
2. A Palavra de Deus
A regeneração não ocorre de maneira arbitrária ou
mística, mas por meio da Palavra de Deus, que é o instrumento utilizado pelo
Espírito Santo para operar essa transformação espiritual. O apóstolo Pedro
ensina que os crentes são “de novo gerados, não de semente corruptível, mas da
incorruptível, pela Palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pd.1:23).
Essa afirmação ressalta que a regeneração não é um evento natural, mas
sobrenatural, fundamentado na verdade divina revelada nas Escrituras.
Tiago também enfatiza essa verdade ao declarar que
Deus nos “gerou pela Palavra da verdade” (Tg.1:18). Essa geração não é física,
mas espiritual, indicando que a Palavra de Deus tem poder de vivificar o
pecador, despertando nele a consciência da sua condição e levando-o à fé
salvadora em Cristo.
O autor de Hebreus descreve o impacto da Palavra de
Deus afirmando que ela é “viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma
de dois gumes” (Hb.4:12). Essa passagem ilustra a capacidade da Escritura de
alcançar o íntimo do ser humano, discernindo seus pensamentos e intenções,
confrontando o pecado e promovendo a transformação necessária para que o
pecador receba a nova vida em Cristo.
Portanto, a Palavra de Deus é a semente da
regeneração, sendo o meio pelo qual o Espírito Santo atua para dar vida ao
pecador. Sem a exposição à verdade divina, ninguém pode ser regenerado, pois “a
fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm.10:17). Assim, a
regeneração ocorre quando o coração humano recebe essa Palavra com fé,
permitindo que o Espírito Santo produza uma transformação completa, tornando o
pecador uma nova criatura em Cristo (2Co.5:17).
3. A vontade soberana
de Deus na Obra da Regeneração
A Regeneração é um ato soberano de Deus,
fundamentado em Seu desejo de que todos os seres humanos sejam salvos e cheguem
ao conhecimento da verdade (1Tm.2:3,4).
Esse desejo reflete o caráter amoroso de Deus, que, desde a queda do homem, elaborou um plano de redenção para
restaurar a comunhão entre Criador e criatura. O apóstolo Pedro reforça essa
verdade ao declarar que Deus “não quer que nenhum pereça, senão que
todos cheguem ao arrependimento” (2Pd.3:9).
Entretanto, a salvação não acontece sem a resposta do ser humano
à graça divina. Deus, em sua soberania,
permite que as pessoas exerçam livre-arbítrio, tomando suas próprias decisões. Assim, ainda que o desejo de Deus seja
salvar a todos, Ele não impõe a salvação de forma coercitiva, mas convida cada um a aceitar Seu perdão.
Isso pode ser visto em Lucas 7:30, onde os fariseus rejeitaram o
conselho de Deus, e em Atos 7:51, onde
Estevão repreende os judeus por resistirem ao Espírito Santo.
Portanto, a regeneração é uma obra soberana de Deus,
mas implica
a responsabilidade humana de responder ao chamado divino. Embora o Espírito Santo convença o pecador do pecado, da justiça e do
juízo (João 16:8), a decisão de se submeter a essa verdade cabe ao
próprio indivíduo. Assim, ninguém
poderá alegar ignorância ou falta de oportunidade, pois Deus, em sua justiça,
oferece a todos os meios necessários para que sejam regenerados e tenham
a vida eterna.
Sinopse III – OS MEIOS DA OBRA REGENERADORA A
regeneração é um ato divino que transforma o pecador em nova criatura, e essa
obra ocorre mediante três principais meios estabelecidos por Deus: a operação do Espírito Santo, a Palavra de
Deus e a vontade soberana do Pai. O Espírito Santo desempenha um papel
central na regeneração, pois é Ele quem convence o pecador e realiza a
transformação interior necessária para o novo nascimento. A expressão “nascer
da água e do Espírito” (João 3:5,8) enfatiza que essa obra não é física, mas
espiritual, e resulta na purificação e renovação da vida do salvo (Tt.3:5). A Palavra de Deus é outro meio
fundamental na regeneração, pois é por meio dela que Deus gera nova vida no
pecador. O apóstolo Pedro afirma que somos regenerados pela “Palavra viva e
que permanece para sempre” (1Pd.1:23). Tiago também destaca que Deus nos gera
“pela Palavra da verdade” (Tg.1:18). Sendo viva e eficaz (Hb.4:12), a Palavra
de Deus atua no mais profundo do ser humano, capacitando-o a viver como nova
criatura. A vontade soberana de Deus revela Seu desejo de
que todos alcancem a salvação e o conhecimento da verdade (1Tm.2:3,4; 2Pd.3:9).
Contudo, Deus permite que o ser humano exerça seu livre-arbítrio, podendo
aceitar ou rejeitar a salvação (Lc.7:30; At.7:51). Embora seja Deus quem inicia
e efetua a regeneração, cabe ao homem responder
ao chamado divino, reconhecendo sua necessidade de salvação e
aceitando a obra redentora de Cristo. Dessa
forma, a Regeneração é uma ação exclusiva de Deus, mas envolve a participação
do pecador, que precisa crer e se submeter à transformação operada pelo
Espírito, através da Palavra e conforme a vontade soberana do Pai. |
CONCLUSÃO
O
Novo Nascimento é uma doutrina essencial das Escrituras e a única porta de
entrada para o Reino de Deus. Jesus ensinou a Nicodemos que essa experiência
não é opcional, mas uma necessidade absoluta para todo ser humano. Como vimos
ao longo da lição, a regeneração é uma obra sobrenatural do Espírito Santo, que
transforma o pecador em uma nova criatura, libertando-o da condenação do pecado
e tornando-o filho de Deus.
Essa
transformação não ocorre por méritos humanos, mas unicamente pela graça divina,
mediante a fé na obra redentora de Cristo. O Espírito Santo opera a
regeneração, a Palavra de Deus é o instrumento que gera essa nova vida, e a
vontade soberana do Pai garante que a salvação esteja acessível a todos os que
se rendem ao senhorio de Cristo.
Diante
dessa verdade, cada pessoa precisa refletir: Já nasci de novo? O Novo
Nascimento não é um conceito teórico, mas uma realidade espiritual que deve ser
experimentada. Quem nasce de novo manifesta uma vida transformada, rejeita as
obras da carne e vive segundo o Espírito. Que possamos reconhecer a necessidade
dessa obra em nossas vidas e buscar, diariamente, uma comunhão profunda com
Deus, permitindo que Sua vontade se cumpra em nós.
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave –
Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. CPAD.
Dicionário VINE.CPAD.
O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.
Pr. Esequias Soares. A Razão de nossa
Fé. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. Novo
Nascimento e batismo com o Espírito Santo - experiências distintas.
PortalEBD_2005.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A
Corrupção da Doutrina da Regeneração. PortalEBD_2005.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática
Atual e exaustiva.
Rev. Hernandes Dias Lopes. João, as
glórias do Filho de Deus. Hagnos.