Aula 01
A DEFESA DO APOSTOLADO DE PAULO
Leitura Bíblica:2Corintios 1:12-14;10:4,5
03/01/2010
“Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo”(2Co 1:5).
INTRODUÇÃO
Iniciamos mais um ano letivo, e estudaremos mais uma Epístola do nosso compêndio doutrinária: a Segunda Carta de Paulo aos Coríntios. Esta Carta é a mais pessoal e autobiográfica do apóstolo Paulo. Nela, o apóstolo Paulo conta suas lutas mais renhidas e suas aflições mais agônicas. Nessa carta, Paulo abre as cortinas da alma e mostra suas dores íntimas e suas experiências mais arrebatadoras. O seu tema está definido da seguinte forma: Consolar aqueles que se arrependeram por meio de suas repreensões e correções na primeira epístola(1:1-2:17; 7:1-16); instruir acerca do verdadeiro ministério cristão(3:1-6:18); ensinar a graça no contribuir e dar instruções acerca de coletas para os santos pobres na Judéia(8:1-9:15);defender seu apostolado(10:1-12:18)e advertir os desobedientes(12:19-13:14).Também, Paulo aborda algumas verdades nessa carta que não trata em nenhuma das outras cartas, como a doutrina da nova aliança, o ministério da reconciliação, a habitação celeste, sua experiência de arrebatamento e visão beatífica do céu e seu espinho na carne.
I. A CIDADE DE CORINTO
1. Uma metrópole estratégica do século 1 D.C. Na época de Paulo, a cidade de Corinto ocupava posição estratégica junto às rotas comerciais da região. Era uma das cidades comerciais mais importantes da época e controlava grande parte das navegações entre o Oriente e o Ocidente. Situava-se na parte da Grécia e a península de Peloponeso. Era, em muitos aspectos, a metrópole grega de maior destaque nos tempos de Paulo. Seu colossal centro cultural se destacava com uma grande diversidade de riqueza, religiões e padrões morais. Tinha uma reputação de ser extremamente independente e tão decadente quanto qualquer cidade no mundo. Os romanos destruíram Corinto em 146 a.C. depois de uma rebelião. Mas em 46 a.C o imperador romano Júlio César a reconstruiu por causa de seu ponto estratégico. Na época de Paulo (50 d.C), os romanos fizeram de Corinto a capital da Acácia(atual Grécia). Era uma cidade grande, que oferecia à Roma grande lucros provenientes do comércio, como também a proteção militar de seus portos. Mas a prosperidade da cidade tornou-a passível de todos os tipos de corrupção. A idolatria floresceu. Existia, ainda, mais de uma dúzia de templos pagãos empregando pelo menos mil prostitutas. Em função da reputação de Corinto, até as prostitutas de outras cidades passaram a ser chamadas de “meninas coríntias”.
2. Uma cidade história e libertina. Nos dias de Paulo, a cidade de Corinto era um “pólo” terrível e vergonhoso de idolatria. Os gregos eram conhecidos por sua idolatria. E graças à religião depravada de seus habitantes, se transformou em centro de imoralidade e sinônimo de toda espécie de impureza e sensualidade. A reputação da cidade era tão abjeta que seu nome tornou-se um provérbio notório: “corintizar” significava praticar prostituição.
A principal divindade da cidade era Afrodite (Vênus), deusa do amor licencioso, e milhares de prostitutas profissionais serviam no templo dedicado à sua adoração. Os antigos pagãos podem ter associado algumas das extravagâncias frenéticas do paganismo com o exercício de dons espirituais (12.2). Paulo não tolerou o mundanismo na igreja e repreendeu aqueles crentes com muita firmeza e autoridade espiritual, o que levou muitos a fazerem oposição ao apóstolo.
Apesar de ter sido uma cidade tão idólatra e devassa, Deus não viu nisso obstáculo para que fosse criada uma igreja no meio desse povo. Paulo foi usado grandiosamente pelo Espírito Santo para pregar o evangelho na cidade de Corinto. A pregação do evangelho salvou almas e resultou na formação de uma igreja na cidade. É animador saber que nenhum lugar da terra é tão imoral a ponto de ser impossível fundar ali uma congregação pertencente a Deus.
3. Local e data da carta de 2Corintos. Após ter escrito a primeira epistolo aos corintios de Éfeso, Paulo sentiu a necessidade de fazer uma “visita dolorosa” a Corinto e voltar. Dolorosa por causa das relações tensas entre Paulo e os crentes dali, naquela época. Lucas não registra essa visita no livro de Atos. Entretanto, ela pode ser deduzida dos trechos de 2Corintios 12:14 e 13:12, em que Paulo alude à sua futura visita como a “terceira” que faria. A declaração constante em 2Corintios 2:1: “Isto deliberei por mim mesmo: não voltar a encontrar-me convosco em tristeza”, subentende que houvera no passado uma visita dolorosa, que dificilmente pode ser identificada com a primeira vez que Paulo esteve com eles, levando o evangelho.
Paulo escreveu essa carta da província da Macedônia(2:13; 7:5; 9:2), possivelmente em Filipos, no decurso da sua terceira viagem missionária, logo depois que recebeu o relato otimista de Tito após sua visita à igreja de Corinto. Segundo estudiosos, a epístola inteira foi completada em 56 d.C., provavelmente na segunda metade do ano. Da Macedônia, Paulo foi a Corinto, onde passou o inverno de 56/57, supervisionou a obra da coleta e compôs a epístola aos romanos.
II – OBJETIVO DA CARTA
Essa é uma epístola apostólica enérgica e corajosa. O principal objetivo de Paulo, claramente expresso pela maneira fraternal, mas firme, com que profetiza a verdade e aplica a Palavra de Deus, é evitar que falsos mestres, que haviam se infiltrado na igreja, minassem a pureza do cristianismo, contestando sua integridade pessoal e autoridade apostólica.
Paulo não escreve como mero líder autoritário, temeroso pela possível perda de sua posição de comando, mas sim como verdadeiro pai espiritual dos cristãos de Corinto, aos quais amava profundamente e se preocupava em que tivessem o maior e melhor crescimento espiritual, alimentando-se da verdade bíblica, e livres das ideologias pagãs, místicas e judaizantes, que se propagavam por toda a Corinto da época.
A situação da Igreja em Corinto era de tamanha carnalidade e desrespeito às autoridades espirituais, que Paulo precisou falar sobre sua própria pessoa e testemunho imaculado em Cristo. Embora tivesse apelado para o próprio conhecimento pessoal e íntimo que os coríntios tinham dele e de seu caráter, e ainda que tivesse recordado os enormes sofrimentos incorridos com o objetivo de levar-lhes a mensagem regeneradora e salvadora do Senhor, ele agiu com sensível humildade, transparência e sinceridade, expressando muitas vezes seu embaraço com a necessidade de evidenciar tais aspectos da sua vida e ministério em Cristo. Por todo o texto desta notável e rica epístola, percebemos a mais elevada dignidade, devoção, fé serena e inabalável, bem como a mais autêntica e intensa paixão do pastor por seu Deus e povo.
Esta epístola apostólica se aplica aos nossos dias em que o estrelato “gospel” parece ofuscar o brilho sublime e poderoso da glória de Deus nos homens de fé. Por isso, seu estudo e aplicação prática são mais do que oportunos.
1. Autoria e características da carta. “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia: graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo”(1:1-2). Há um consenso praticamente unânime acerca de sua autoria. Não há dúvidas de que essa carta foi escrita pelo apóstolo Paulo. O fato de Timóteo ser mencionado no versículo 1 não significa que ele ajudou a redigir a carta. Indica apenas que ele estava com Paulo quando a epístola foi escrita. Como era seu costume, Paulo incluiu seu co-obreiro na saudação, mas a carta é do próprio apóstolo. Por este motivo, ele refere a si mesmo na primeira pessoa, e comenta sobre Timóteo na terceira pessoa (veja 1:19). Paulo e Timóteo mandaram esta carta à igreja dos coríntios e aos demais santos na Acaia. A Acaia representava a região sul da Grécia, enquanto a Macedônia, também mencionada na epístola, correspondia à região norte.
A expressão “igreja de Deus” significa que era uma congregação de cristãos pertencentes a Deus. Não se tratava de uma assembléia de pagãos ou de uma reunião não religiosa, mas de um grupo de cristãos nascidos de novo, chamados do mundo para pertencer ao Senhor.
Características da Epistola. Quatro fatos principais caracterizam esta Epístola: (a) É a mais autobiográfica das epístolas de Paulo. Suas muitas referências pessoais são feitas com humildade, desculpas e até mesmo constrangimento, mas foi necessário, tendo em vista a situação em Corinto; (b) Ultrapassa todas as demais epístolas paulinas no que tange à revelação da intensidade e profundidade do amor e cuidado de Paulo por seus filhos espirituais; (c) Contém a mais completa teologia do Novo Testamento sobre o sofrimento do crente(1:3-11;4:7-18;6:3-10;11:23-30;12:1-10), e de igual modo, sobre a contribuição cristã(ver cap 8 a9); (d) Termos-chave, tais como fraqueza, aflições, lágrimas, perigos, tribulação, sofrimento, consolação, vanglória, verdade, ministério e glória, destacam o conteúdo incomparável da Epistola de 2Corintios.
2. A carta tem um caráter pessoal. Como foi dito acima, esta Segunda Epístola aos Corintios é a mais autobiográfica das cartas do apóstolo Paulo e, portanto, possui uma marca bastante pessoal. Muitos estudiosos afirmam que mais do que qualquer outra epístola de Paulo, 2Corintios permite-nos sondar os sentimentos íntimos do apóstolo sobre si mesmo, sobre seu ministério apostólico e sobre seu relacionamento com as igrejas que fundava e nutria. Nenhum outro livro do Novo Testamento retrata uma angústia emocional física e espiritual com tanta profundidade e amplitude. Ao ler esta Epístola, temos a sensação de nos aproximar mais do coração de Paulo do que em seus outros escritos. Sentimos um pouco do tremendo entusiasmo do apóstolo pela obra do Senhor. Entrevemos a excelência do maior de todos os chamados. Lemos com admiração silenciosa a longa lista de sofrimentos que ele suportou. Experimentamos o calor da indignação com a qual ele respondeu aos críticos inescrupulosos. Em resumo, Paulo parece revelar-nos todos os segredos de sua alma.
3. A exposição do ministério e apostolado paulinos e a coleta para os necessitados. A Segunda Carta aos Corintios contém: uma defesa pessoal e comovente de seu apostolado e ministério(1-7); instruções que definem a teologia do Novo Testamento sobre a oferta(8-9); e uma afirmação poderosa de sua autoridade apostólica(10-13).
a) A exposição do ministério Paulino(capítulos 1-7). Observe nos primeiros versículos do capítulo primeiro que o apóstolo Paulo se apresenta como apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus. É significativo ele começar com essa observação, pois alguns em Corinto questionavam se Paulo havia, de fato, sido comissionado pelo Senhor. Ele responde que não escolheu o ministério por sua própria vontade, nem foi ordenado pelos homens; antes, foi escolhido por Cristo Jesus pela vontade de Deus.
Os judaizantes que foram a Corinto questionaram a autoridade apostólica de Paulo. Negaram que ele era, verdadeiramente, um servo de Cristo. Talvez tenham gerado dúvidas entre os coríntios a fim de que estes exigissem uma carta de recomendação do apóstolo Paulo da próxima vez que ele fosse visitá-los. Paulo pergunta se precisará de tal carta. Acaso não tinha ido a Corinto quando ainda eram idólatras pagãos? Não os havia levado a Cristo? O Senhor não havia colocado seu selo sobre o ministério do apóstolo dando-lhe almas preciosas em Corinto? Eis a resposta: os próprios coríntios eram a carta de Paulo, escrita em seu coração, mas conhecida e lida por todos os homens(2Co 3:2). Neste caso, não havia necessidade de uma carta escrita com pena e tinta. Os coríntios eram fruto do ministério de Paulo e objeto de sua afeição. Além disso, eram conhecidos e lidos por todos os homens, ou seja, sua conversão se tornara conhecida em toda a região. Quem via os cristãos de Corinto podia perceber que sua vida tinha sido transformada, que eles haviam deixado os ídolos e se voltado para Deus, e que estavam vivendo de forma separada. Comprovavam, portanto, o ministério divinamente autorizado de Paulo.
b) A coleta para os necessitados (capítulos 8-9). Era comum na Igreja Primitiva, não só a pregação do Evangelho, mas também a prática de ajudar aos pobres em suas necessidades (At 2.43-46; 4.34-37).
Os cristãos em Jerusalém estavam sofrendo devido a pobreza e escassez. Por esta razão, Paulo sentiu a necessidade de fazer uma coleta entre os crentes coríntios, para enviar à Jerusalém, pois isto seria, não só uma demonstração de solidariedade, mas também de gratidão, àquela igreja. Paulo dá-lhes, então, as seguintes instruções:
Paulo esperava que os coríntios fizessem o mesmo que as igrejas da Galácia. “Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia” (1Co 16.1).
A contribuição deve ser proporcional ao que ganhamos: ” No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade” (1Co 16.2).
A contribuição deve ser realizada de forma voluntária, e com alegria: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2Co 9.7).
Quando Deus nos dá em abundância, é para que multipliquemos as boas obras: “E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra” (2Co 9.8).
Nossa prioridade máxima no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em Cristo: “Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10).
A colheita é proporcional ao plantio. “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará”(2Co 9.6).
c) A defesa do apostolado(capítulos 10-13). Nos últimos capítulos da epístola, Paulo volta a defender seu ministério, desta vez contra os ataques dos super-apóstolos(11:5) que, do mesmo modo, são falsos apóstolos(11:3). O argumento de Paulo é que os que ainda lhe são antagônicos “nos julgam como se andássemos em disposições de mundano proceder”. Na qualidade de apóstolo, sua autoridade é tanto de natureza espiritual quanto soberanamente poderosa(10:1-11). A seguir, de forma indireta, ridiculariza os falsos apóstolos que vieram para Corinto e se vangloriam da superioridade de sua sabedoria e ensinamentos sobre os outros. Paulo defende tão somente o seu próprio ministério e ação, sem se preocupar com as cousas já realizadas em campo alheio(10: 12-16). Com efeito, toda vanglória é ilegítima. É Deus quem realiza o trabalho(10:17). A aprovação do Senhor é a única que tem validade(10:18).
Os falsos apóstolos haviam se infiltrado na igreja de Corinto, fazendo com que "desprezassem" os sofrimentos de Paulo. Na verdade, tais pessoas diziam o seguinte sobre ele: "Se Deus está de verdade com esse homem, então por que tantas acusações vergonhosas estão se acumulando contra ele? Por que Paulo está sendo jogado na prisão? E como um homem de Deus pode dizer que está 'desesperançado da vida'? Não dá para entender como que um homem de oração pode ser tão atacado e diminuído. Se Paulo tivesse realmente fé, ele não estaria vivendo esses problemas".
Acusações como essas ainda são lançadas hoje contra servos consagrados que enfrentam sofrimentos e críticas. Quantas vezes você já ouviu um cristão falando assim de outro cristão: "Alguma coisa de errado deve ter na vida dele para enfrentar tanto sofrimento". No caso de Paulo, o ponto era seus críticos querendo quebrar a sua autoridade espiritual.
No entanto, Paulo diz que não se arrependeu por ter enviado a carta aos coríntios. Antes, ele instrui seu filho espiritual Tito para ir a Corinto, e explicar qual o propósito que havia na carta: "Diga a eles que os amo, e não quero que nada de mal lhes aconteça, mas que essa situação tem de ser tratada”.
III – AS LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM PAULO
“Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (1Co 11:1). Muitas são as lições que este obreiro amado do Senhor deixou como legado para todos aqueles que querem exercer o chamado para o ministério eclesiástico.
1. ZELOSO na obra do Senhor. A maior lição que o apóstolo Paulo nos transmite é o ZELO que ele praticava na obra do Senhor - "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo" (2 Co 11.2). Aqui Paulo confessa ser “zeloso” em relação à igreja em Corinto, zelo que não se limitava àquela igreja local mas que era uma característica do seu ministério, pois todas as suas cartas mostram a preocupação do apóstolo com a Noiva de Cristo. Este zelo é o “zelo de Deus”, o “ciúme” que o apóstolo Tiago identifica no Espírito Santo (Tg.4:5) e que o próprio Deus revela através do profeta Ezequiel (Ez.16:42).
Este “zelo de Deus” é a preocupação de que a Igreja não se desvie dos caminhos do Senhor, é a forte disposição de fazer com que os salvos perseverem até o fim, não sejam enganados pelo inimigo, é o esforço para que os integrantes da igreja local permaneçam puros até a volta de Cristo, que não abandonem a simplicidade de Cristo, cujos sentimentos espirituais não sejam corrompidos.
Este zelo traduz-se, portanto, no empenho, no esforço através do ensino da Palavra de Deus, exortação e admoestação para que os irmãos em Cristo Jesus não se desviem espiritualmente, mas permaneçam firmes até a volta do Senhor. Paulo, em seu convívio com Cristo, aprendeu que não é com força ou com violência que se obtém a adesão dos salvos a uma vida de santificação e crescimento espiritual, mas por meio do Espírito Santo, motivo por que jamais cessou de ensinar, admoestar e exortar o povo de Deus, seja pessoalmente, seja através de epístolas.
2. Caráter firme para tomar decisões. O líder deve ter um caráter firme para tomar decisões que nem sempre são simpáticos, mas necessárias. Paulo disciplinou o crente coríntio que tinha relações sexuais com mulher de seu pai(1 Co 5); chamou a atenção de Pedro quando este dissimulava suas atitudes entre os crentes de Antioquia( Gl 2:11-14). Também repreendeu Elimas, o feiticeiro que tentava desviar o procônsul Sérgio Paulo( At 13:6-12), e considerou insensatos os gálatas que estavam abandonando a liberdade do Evangelho. Entretanto, seu zelo era demonstrado também no carinho que tinha para com as igrejas, mesmo quando estavam em dificuldades.
3. AUTENTICIDADE. Ser “autêntico” é “ter origem comprovada”, “em que não há falsidade, espontâneo, real”, “que tem autoridade, válido”. Paulo sempre foi um homem autêntico, alguém que jamais escondeu as suas convicções e que as defendia em todo lugar, sob quaisquer circunstâncias. Fosse diante do Sinédrio, de César ou dos apóstolos, Paulo jamais escondeu as suas convicções e o seu modo de pensar. Falava e escrevia sempre as mesmas coisas, não se cansando de defender a verdade (At.13:42; Fp.3:1). Por isso, podia exortar aos irmãos para que se mantivessem firmes e constantes na obra do Senhor (1Co 15:58).
O preço da autenticidade é alto e, por vezes, Paulo muito sofreu por causa de seu apego à verdade (2Co 11:23-28). Aliás, ao resumir o ministério, o Senhor disse que Paulo aprenderia quanto se deve padecer pelo nome de Cristo (At.9:16). O preço da autenticidade é o vitupério de Cristo (Hb 11:26), ou seja, o desprezo que sofremos, a desonra que ganhamos por parte do mundo em virtude de nossa submissão ao Senhor, pois, como nos diz Jesus: “Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a Mim” (Jo 15:18). Todavia, hoje muitos não querem pagar o preço da autenticidade, preferindo os tesouros do Egito ao vitupério de Cristo. Servir a Jesus é ter aflições neste mundo (Jo 16:33). Paulo sofreu muito, mas jamais desanimou, correu a carreira que lhe estava proposta e pôde, ao seu final, declarar a sua vitória. Temos, assim, em Paulo, não só a lição da autenticidade, mas, também, da perseverança até o fim, do pagamento do preço, do suporte do vitupério de Cristo.
Temos em Paulo, portanto, um bom exemplo da necessidade de sermos autênticos em todos os nossos relacionamentos. Leia Pv 27.5,6; 28.23 e 2 Pe 3.15,16.
4. Amar sem ser conivente com o erro. A razão para essa carta foi um vergonhoso ato de fornicação para o qual estavam sendo feitas vistas grossas. Paulo escreve aos coríntios algo assim: "Vocês estão cheios de si e orgulhosos, se recusando a chorar por esse pecado feito abertamente em seu meio. Vocês não julgaram a situação corretamente. Deveriam ter tirado de sua comunhão aquele que perpetrou isso, até que vissem nele arrependimento genuíno". Paulo então os instrui para que tal seja "entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor [Jesus]" (1Co 5:5). Foi uma mensagem forte e dura. E após um tempo, Paulo se lamenta tê-la enviado (ver 2Co 7:8). Em verdade, a partir daquele dia, Paulo sofria, se preocupando sobre como os coríntios reagiriam a tal instrução. Será que eles não compreenderiam bem os seus motivos? Ou saberiam que ele a havia escrito em amor, com interesse profundo quanto aos caminhos da igreja? Ele mais tarde lhes escreve dizendo, "não falo para vos condenar" (7:3).
Paulo consola os corintios(7:8-13a). Ele explica para a igreja que o propósito de enviar-lhes a carta dolorosa não foi para feri-los com a espada da tristeza, mas curá-los com o bisturi do genuíno arrependimento. O propósito de Paulo em escrever a carta dolorosa não foi apenas para desmascarar o malfeitor nem mesmo se defender, mas para que a igreja pudesse manifestar seu amor por ele diante de Deus(7:12).
5. Estar disposto a sofrer perseguições, por amor a Cristo. Apesar de seu desempenho ministerial, Paulo viu-se obrigado a provar aos coríntios que em nada era inferior aos mais excelentes apóstolos. Nesta apologia, faz questão de ressaltar os seus sofrimentos por amor a Cristo. Aliás, estas são as maiores credenciais que um homem de Deus pode apresentar. Por intermédio de seus sofrimentos, o apóstolo Paulo deixou-nos um exemplo que, apesar dos séculos já transcorridos, continua a ecoar de maneira eloquente e irrefutável.
A lista de sofrimentos de Paulo aparece três vezes na carta de 2Corintios(4:7-12; 6:4-10; 11:23-28). A primeira lista demonstra que o sofrimento revela a gloria de Deus(4:10-12,15). A segunda lista foi escrita pra que o ministério de Paulo não fosse achado culpado(6:3), e, sim, para que Deus fosse glorificado. A terceira lista Paulo escreve para dizer aos seus leitores que ele serve a Cristo como servo bom e fiel.
CONCLUSÃO
Paulo se submeteu à “loucura” de ter que apresentar suas credenciais apostólicas e defender sua própria pessoa e ministério, não para manter seu prestígio elevado e reputação ilibada perante os cristãos de Corinto, mas especialmente por causa do nome do Senhor. É diante de Deus que ele se levanta, pois sua posição está na pessoa e na obra de Cristo. Longe de ser egocêntrico, sua preocupação está em cooperar com o crescimento espiritual dos irmãos em Cristo. Essa é a principal finalidade de sua vida e ministério (10:8).
Sigamos, pois, os exemplos de Paulo. Através deles poderemos de igual modo glorificar o nome de Cristo em nossas vidas. O propósito de Paulo era glorificar a Deus; que este também seja o nosso eterno propósito! Que os líderes atuais tirem as escamas dos olhos e procurem enxergar sem viés o caráter, a integridade e o zelo pela obra do Senhor, e que procurem imitar o triunfante ministério do apóstolo Paulo(1Co 11:1). Que haja nos lideres atual uma integridade irrefutável. Veja que exemplo a ser seguido pelos líderes hodiernos: “Porque nós não somos, como muitos, mercadejando a Palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus”(2Co2:17). Paulo denuncia os falsos apóstolos que estavam entrando na igreja de Corinto pregado um falso evangelho, com um falso comissionamento e com uma falsa motivação. Esses obreiros fraudulentos eram mascates da religião. Eles não tinham compromisso com Deus, com sua Palavra, nem com seu povo; visavam apenas o lucro. Faziam da religião um instrumento para se abastar. Faziam da igreja uma empresa; do evangelho um produto; do púlpito, um balcão; e dos crentes, consumidores. Que Deus nos guarde desses líderes!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia – 2Corintios. 2Corintios – Rev. Hernandes Dias Lopes. Por que os justos sofrem – Pr. David Wilkerson.
Este é um blog evangelizador. Sua principal missão é divulgar o Evangelho genuíno de Jesus Cristo. Contém subsídios para Lições da Escola Bíblica Dominical, destinados a todos que se interessarem em otimizar suas aulas, concernentes aos tópicos propostos nas lições bíblicas da CPAD. "Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino”(Rm.12:7).
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