Leitura Bíblica: Jr 7:1-11
18/04/2010
“Assim diz o SENHOR: Põe-te no átrio da Casa do SENHOR e dize a todas as cidades de Judá que vêm adorar à Casa do SENHOR todas as palavras que te mandei que lhes dissesses; não esqueças nem uma palavra”(Jr 26:2).
18/04/2010
“Assim diz o SENHOR: Põe-te no átrio da Casa do SENHOR e dize a todas as cidades de Judá que vêm adorar à Casa do SENHOR todas as palavras que te mandei que lhes dissesses; não esqueças nem uma palavra”(Jr 26:2).
INTRODUÇÃO
Anunciar a Palavra de Deus com ousadia é característica intrínseca ao mensageiro da Palavra de Deus. Seu compromisso é com a verdade, por isso ousa transmiti-la em seu stricto sensu, mesmo que seja antagônico aos anseios dos receptores (João 17:17). Ele não prega o que o povo quer ouvir, mas o que o povo precisa ouvir. A responsabilidade de Jeremias era levantar-se e falar, a do povo era ouvir. Se o povo desse ouvido à sua palavra, Deus se compadeceria; caso contrário, Ele faria da cidade de Jerusalém uma maldição e deitaria por terra o mais caro de seus símbolos: o Templo. O tempo estava se esgotando para Judá. Logo Nabucodonozor entraria pelas portas da cidade e assumiria o domínio da nação. Jeremias pregou ousadamente a mensagem que o Senhor lhe deu(cap 7 e 26). Ele expôs a infidelidade e a insensatez do povo de Judá por ter abandonado a única fonte do bem e por ter corrido atrás dos ídolos vazios.
I. JEREMIAS É CHAMADO A PREGAR À PORTA DO TEMPLO
Deus comissionou Jeremias a proferir uma mensagem para o povo de Judá à porta do Templo. Deus disse para Jeremias: ”Põe-te à porta da Casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, vós os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor”(7:2). Por que a porta do Templo e não a praça central de Jerusalém? O texto sugere que a ocasião era uma festa religiosa nacional, uma em que todo o reino participava. Desta feita, o momento era bastante oportuno e abrangente.
1. O ambiente da pregação. O juízo de Deus era inevitável e iminente, caso o povo não alterasse sua vã maneira de viver. Assim sendo, Deus escolhera o local que possibilitasse ao profeta discorrer sua mensagem com maior abrangência. Há diversos lugares onde uma pregação pode e deve ser feita, e uma das sérias pregações relatadas na Bíblia é a que Jeremias fezna porta do Templo, por ordem do próprio Deus.
O Templo se transformara num fetiche supersticioso para Judá. Os falsos profetas garantiam ao povo que a cidade era segura, pois Deus escolhera o Templo para sua residência na terra (cf Sl 132:13-16). Os falsos profetas induziam o povo a acreditar que, por terem o Templo do Senhor em seu território, jamais sofreriam reprimendas resultantes de seus pecados e de seus caminhos tortos. Eles acreditavam que a frequência ao culto era suficiente para esconder seus pecados e más atitudes. Mas, para as pessoas sem compromisso verdadeiro com sua vida espiritual, Deus disse: ‘Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras...’(Jr 7:3). O ataque de Jeremias a essa crença popular aconteceu em seu primeiro sermão público. O que fez suscitar imediata reação popular.
O caso em Israel era tão sério que Deus desafiou Jeremias a que procurasse uma pessoa justa em Judá: “Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai-vos, e buscai pelas praças, a ver se achais alguém, ou se há um homem que pratique a justiça ou busque a verdade, e eu lhe perdoarei”(Jr 5:1). Deus diz que os filhos catavam madeira, os pais acendiam o fogo e as mães faziam bolos para a Rainha dos Céus (7:18). “Rainha dos Céus” é Ishtar, a deusa babilônica da fertilidade, ou Astorete, a deusa fenícia. O Templo perdera o significado para Deus, pois se tornara, como o próprio Senhor chamou, um covil de ladrões, um lugar onde os bandidos se reúnem após praticar seus crimes (7:11).
2. Nossa responsabilidade. Tal como aconteceu com Jeremias, a pessoa que Deus escolhe para uma missão especial não pode se esquivar de sua responsabilidade. O Senhor tem um propósito para cada cristão, mas algumas pessoas são designadas por Ele para trabalhos específicos. Se Deus lhe der uma tarefa específica, aceite-a alegremente e cumpra-a com zelo. Se Ele não o fez, procure cumprir a missão comum a todos os crentes: amar, obedecer e servir a Deus, até que a direção divina se torne mais clara.
Frequentemente, as pessoas relutam com novos desafios porque sentem que não têm a habilidade, o treinamento ou a experiência adequados. Jeremias se considerava "uma criança", alguém sem experiência para ser um profeta de Deus diante das nações. Mas o Senhor prometeu estar com ele. Não devemos permitir que sentimentos de incapacidade nos impeçam de obedecer a Deus. Ele sempre estará conosco. Se Ele lhe der um trabalho a fazer, proverá tudo o que você precisa para fazê-lo.
II. A MENSAGEM DE JEREMIAS
O profeta Jeremias primeiro roga ao povo para melhorar os seus caminhos (7:3), isto é, para ser genuíno e sincero no seu arrependimento. Ele então esboça o que isso significava na prática: “Não vos fieis em palavras falsas”i(7:4), sejam justos uns com os outros, “não oprimam o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramem sangue inocente, nem andem após outros deuses”i(7:6). Seu tom é conciliatório e encorajador. O resultado: eles permaneceriam na terra e habitariam em paz(7:7). Jeremias assegura ao povo que os pensamentos de Deus em relação a eles são bons.
1. O alcance da mensagem de Jeremias. Deus ordena que Jeremias se coloque à porta do Templo (7:2) e fale todas as palavras que o Senhor lhe ordenou para falar. Parece que o povo estava celebrando uma festa nacional na qual apareciam pessoas de todas as cidades de Judá (26:2). Esse era o momento propício para se proclamar uma mensagem importante que afetaria todo o país.
Ele não devia omitir nenhuma palavra – “... não esqueças nem uma palavra”(26:2). O profeta sabia que sua profecia ofendia o povo e lhe causava hostilidade e oposição. Talvez ele houvesse sido tentado a omitir algumas palavras, sobretudo severas, da mensagem divina, porém o Senhor lhe disse para não omitir uma única palavra.
Deve-se pregar a mensagem integral de Deus. Obreiros fiéis não devem suprimir nas suas mensagens as palavras dos mandamentos e advertências de Deus, embora saibam que certas pessoas as rejeitarão. Aquele ministro que deixa de lado certas partes da Palavra de Deus, para disfarçar pecados da congregação, é considerado um ministro indigno.
A pregação da palavra de Deus raramente conduz à popularidade. As pessoas que ficam ressentidas com a mensagem perturbadora geralmente recorrem a medidas ou para calar o mensageiro ou para acabar com ele. A pregação corajosa da palavra do Senhor por Jeremias irritou muita gente que não queria que seus pecados fossem expostos e condenados. Muitos queriam matá-lo, inclusive os seus familiares e visinhos e amigos. O próprio Senhor revelou para Jeremias que os homens estavam tramando para matá-lo. Estes homens incluíram o pessoal da própria cidade dele, Anatote (veja 11:18-23).
O projeto do Senhor não é que paremos de sofrer nesta terra, mas que as angústias fortaleçam nossa fé ao ponto que fica "muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo" e que resulta "em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado" (1Pedro 1:7). Não importa a dureza dos momentos aqui; são leves e momentâneos em comparação com a "glória eterna que pesa mais do que todos eles" (2Co 4:17).
2. O chamado ao primeiro amor. O desejo de Deus para Israel na época era: “7:3 - Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar. 7:4 - Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. 7:5 - Mas, se deveras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras, se deveras fizerdes juízo entre um homem e entre o seu companheiro. 7:6 - se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal. 7:7 - eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, de século em século”. Em uma linguagem popular, Deus exigia do povo de Israel inteireza de coração, uma fé pura, um obedecer à palavra de Deus, executar justiça e andar em caminhos retos. Era o chamado de Deus ao primeiro amor.
Nestes “últimos dias” dos “tempos trabalhosos” da Igreja, neste período do pós-moderno, Satanás está envidando esforços no sentido de concretizar a integração entre a Igreja e o mundo, entre o reino da luz e o reino das trevas. Para que isto aconteça ele precisa destruir a identidade da Igreja, como sendo o povo de Deus aqui na Terra, e a identidade de cada crente, como sendo “filho de Deus”. Neste sentido Satanás trabalha com o objetivo de introduzir o mundo, com todas suas bagagens diabólicas, no seio da Igreja, bem como de atrair a Igreja para as coisas do mundo. Para a consecução dos seus objetivos é preciso diminuir, mais e mais, as distâncias que separam a Igreja do mundo, apagar a linha divisória para que ela possa ser cruzada, despercebidamente, por muitos. Lamentavelmente, satanás está obtendo grandes resultados nesta sua maneira de agir.
A arma que o cristão deve usar nestes últimos dias, para atacar os terríveis tempos que vivemos é a “espada do Espírito”, ou seja, a Palavra de Deus. Assim como Jesus lutou contra o adversário fazendo uso desta arma, a única arma de ataque da armadura do cristão (Ef.6:17b), também não podemos, nos dias difíceis, abrir mão de usar esta arma. Não é por outro motivo que se tenta tanto desacreditar as Escrituras ou impedir que elas estejam nas mãos, mentes e corações do povo de Deus.
III. JEREMIAS COMBATE A TEOLOGIA DO TEMPLO
Todo sofrimento que viria com a ordem do Senhor expressa pelo profeta se devia ao fato do povo se fiar e confiar na própria religião como diz o texto sagrado: “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este “(7:4). Isso quer dizer que os israelitas fiavam no Templo do Senhor como base de sua fé, negando as boas obras, e logicamente pregando uma coisa e vivendo outra bem diferente. Fiavam-se em sua própria religião, a saber, o judaísmo, como base de proteção, mesmo sendo infiéis, idólatras, adúlteros e assassinos.
1. A teologia do Templo. Sob muitos aspectos, para os israelitas, o Templo e a cidade de Jerusalém tinha o mesmo significado. Vejamos alguns aspectos:
a) Simbolizava a presença e a proteção do Senhor Deus entre o seu povo (cf. Êx 25:8; 29:43-46). Quando ele foi dedicado, Deus desceu do céu e o encheu da sua glória (2Cr 7:1,2; cf. Êx 40:34-38), e prometeu que poria o seu Nome ali (2Cr 6:20,33). Por isso, quando o povo de Deus queria orar ao Senhor, podia fazê-lo, voltado em direção ao templo (2Cr 6:24, 26, 29, 32), e Deus o ouviria “desde o seu templo” (Sl 18:6).
b) O Templo também representava a redenção de Deus para com o seu povo. Dois atos importantes tinham lugar ali: os sacrifícios diários pelo pecado, no altar de bronze, (cf. Nm 28:1-8; 2Cr 4:1) e o Dia da Expiação quando, então, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo a fim de aspergir sangue no propiciatório sobre a arca para expiar os pecados do povo (cf. Lv 16; 1Rs 6:19-28; 8:6-9; 1Cr 28:11). Essas cerimônias do Templo relembravam aos israelitas o alto preço da sua redenção e reconciliação com Deus.
c) O Templo simbolizava a presença de Deus somente enquanto o povo rejeitasse todos os demais deuses e obedecesse à lei de Deus. Miquéias, por exemplo, verberava contra os lideres do povo de Deus, por sua violência e materialismo, os quais ao mesmo tempo, sentiam-se seguros de que nenhum mal lhes sobreviria enquanto possuíssem o símbolo da presença de Deus entre eles: o Templo (Mq 3:9-12); profetizou que Deus os castigaria com a destruição de Jerusalém e do seu Templo. Posteriormente, Jeremias repreendeu os idólatras de Judá, porque se consolavam mediante a constante repetição das palavras: “Templo do Senhor, Templo do Senhor, Templo do Senhor é este” (Jr 7:2-4, 8-12). Por causa de sua conduta ímpia, Deus destruiria o símbolo da sua presença: o Templo (Jr 7:14,15). Deus até mesmo disse a Jeremias que não adiantava ele orar por Judá, porque Ele não o atenderia (Jr 7:16). A única esperança deles era endireitar os seus caminhos (Jr 7:5-7).
O próprio Jesus, assim como os profetas do Antigo Testamento, censurou o uso indevido do Templo. Seu primeiro grande ato público (João 2:13-17) e o seu último (Mt 21:12,13) foram expulsar do Templo aqueles que estavam pervertendo o seu verdadeiro propósito espiritual (ver Lc 19:45). Ele passou a predizer o dia em que o Templo seria completamente destruído (Mt 24:1,2; Mc 13:1,2; Lc 21:5,6).
Na época de Jeremias, o povo cometia todo tipo de pecado (7:5-9); depois, no sábado, vinha ao Templo, apresentava-se a Deus, e deste modo enganava-se, crendo que estava seguro mediante o amor que Deus lhe tinha. Acreditavam que o Senhor jamais permitiria que o Templo e a cidade de Jerusalém fossem destruídos.
Existe na atualidade essa falsa teologia. Os crentes vivem em desobediência a Deus e à sua Palavra, e julgam-se seguros, porque crêem no “Sangue de Cristo”. Na linguagem de Jeremias, estão confiando “em palavras falsas” (enganosas), que para nada são proveitosas (Jr 7:8).
Existem alguns paralelos entre a maneira como os judeus viam o Templo em Jerusalém e como muitos hoje vêem suas igrejas:
(1) Os judeus não cultuavam a presença de Deus em sua vida cotidiana como faziam no Templo. Hoje, é possível frequentar belas e bem equipadas igrejas, mas não levar a presença de Deus conosco durante a semana.
(2) O edifício do Templo se tornou mais importante para os judeus do que a essência da fé. Ir à igreja e pertencer a um grupo pode tornar-se mais importante do que ter uma vida transformada para Deus.
(3) Os judeus viam apenas o Templo como santuário. Muitos cristãos não se vêem como Templo do Espírito Santo e usam a filiação religiosa como um esconderijo, pensando que esta os protegerá dos males e dos problemas.
Portanto, o compromisso de Deus não é com símbolos, monumentos ou com ícones, mas com todos os que guardam a sua Palavra e observam seus mandamentos.
2. A desmistificação da teologia do Templo. A inviolabilidade do Templo e da cidade de Jerusalém era o dogma religioso mais popular da época. Os profetas profissionais e os sacerdotes tinham se agarrado a esse dogma para proclamar ao povo que estavam seguros, visto que Deus jamais deixaria que seu lugar de habitação fosse destruído. Com um único golpe, Jeremias destruiu o dogma mais estimado deles.
Vejamos o que o profeta fala a respeito das próprias ações dos israelitas de confiar em seu dogma: “7: 8 - Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada são proveitosas. 7:9 - Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes. 7:10 - e então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos livres, podemos fazer todas estas abominações? 7:11- É, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor”.
Ao pé da letra isso quer dizer: “Vocês fazem tudo que me desagrada como Deus, tudo que eu odeio e abomino, e vem em minha casa e dizem: somos livres do pecado porque somos judeus e filhos de Deus. A resposta de Deus é: A minha casa e meu Templo virou covil de ladrões e ordinários?”.
O sermão de Jeremias trouxe uma reação imediata dos líderes religiosos da nação. Eles ficaram indignados. Alegando que Jeremias era culpado de profetizar falsamente em nome do Senhor, condenaram-no na mesma hora: “certamente morrerás (26:8). O povo que estava na cidade para a festa foi levado de roldão pelos seus líderes religiosos, e Jeremias estava em perigo de ser apedrejado e morto. Sua ” culpa “ residia no fato de o seu sermão discordar daquilo que os falsos profetas estavam anunciando ao povo. Os líderes religiosos não perderam tempo em acusar Jeremias diante dos príncipes e do povo, afirmando: “este homem é réu de morte”(26:11).
Jeremias defendeu sua posição de uma maneira admirável. Ele foi direto e resoluto, e falou com poder – “E falou Jeremias a todos os príncipes e a todo o povo, dizendo: O Senhor me enviou a profetizar contra esta casa e contra esta cidade todas as palavras que ouvistes. Agora, pois, melhorai os vossos caminhos e as vossas ações e ouvi a voz do Senhor, vosso Deus, e arrepender-se-á o Senhor do mal que falou contra vós. Quanto a mim, eis que estou nas vossas mãos; fazei de mim conforme o que for bom e reto aos vossos olhos”(26:12-14). O profeta estava preparado para qualquer consequência. Mas, Deus guardou o seu servo da morte, em cumprimento à promessa que lhe fizera (Jr 1:17-19).
Trazendo ao contexto dos dias atuais esta palavra: Não adianta pregar um perfil de bom cristão, de ir ao culto todo domingo, dar o dízimo, ofertar, apertar a mão do irmão na igreja, dar a paz do Senhor, e se fiar nestas coisas, ações e palavras, se elas negarem sua essência de cristão. É muito fácil falar sou “cristão”, “crente”, evangélico; ou dizer que vai ao templo do Senhor, estar sempre lá, ser dizimista, e não se fiar em verdadeiras obras de fé e na essência de transformação e vida com Deus.
A verdadeira religião é amar a Deus sobre todas as coisas, ao próximo como a nós mesmos e “e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1:27). O povo de Israel plantou uma falsa fé, falsas palavras diante do Senhor, falsas ações, querendo convencer a Deus e eles mesmos que sendo judeus religiosos seriam livres das consequências de seus próprios atos pecaminosos; e colheu a destruição.
Atualmente, muitos dentro das igrejas continuam fiando em palavras falsas e obras falsas. Mas, a Deus ninguém engana. Devemos ter a humildade de reconhecer os nossos erros. Deus jamais passará despercebido dos nossos atos praticados de forma dissoluta e obstinada. Portanto, devemos ter um reflexo claro de nossos atos incontinentes quando o praticarmos, para que haja salvação, cura e quebrantamento, mediante um arrependimento sincero diante de Deus, e quem sabe haverá uma esperança ou uma benção.
IV. A LIÇÃO DE SILÓ
“Farei também a esta casa, que se chama pelo meu nome, na qual confiais, e a este lugar, que vos dei a vós e a vossos pais, como fiz a Siló”(7:14). Mensagem semelhante em Jeremias 26:4-6.
Siló, cerca de 28 km ao norte de Jerusalém, era o local onde o Tabernáculo havia sido instalado após a conquista de Canaã(Js 18:1). A cidade foi destruída em 1050 a.C pelos filisteus. Naquela ocasião os pecadores filhos de Israel convocaram a arca da aliança para o campo de batalha, pensando que ela asseguraria sua vitória. Foi um dia triste, Israel foi vencido, a arca de Deus foi capturada e Siló foi destruída. Tal como as pessoas nos dias de Eli, os ouvintes de Jeremias eram culpados de ouvir as palavras falsas “Templo do Senhor, Templo do Senhor...” (7:4), acreditando que uma cidade contendo o Templo de Deus certamente seria poupada de uma invasão por uma nação estrangeira. Contudo, Deus se compadeceria se eles se convertessem dos seus maus caminhos.
Jeremias declara que Siló foi destruída por causa dos pecados do povo(7:12,14;26:6); o mesmo destino teria Jerusalém e o seu Templo se os israelitas não largassem seus caminhos pecaminosos. Apesar da ameaça de morte(Jr 26:8,11), Jeremias não se retratou da sua mensagem de julgamento divino sobre Israel. Pelo contrário, afirmou que sua autoridade vinha de Deus, e a seguir conclamou o povo a arrepender-se dos seus pecados (Jr 26:12-15). Permaneceu fiel a Deus e à sua Palavra, apesar das graves conseqüências de sua oposição.
Jeremias não foi morto, porque Deus lhe tinha prometido proteção até o fim(Jr 1:17-19). Porém, seu companheiro de ofício, Urias, filho de Semaías, foi morto pelo sanguinário rei Jeoaquim(26:20-23).
Os sacerdotes e os profetas eram reverenciados pelo povo, tinham poder. E o Templo era muito importante para eles. Profetizar que o Templo seria destruído era o mesmo que afirmar que seriam destruídos da autoridade que tinham. Jesus também enfureceu os líderes religiosos de seu tempo ao profetizar a destruição de Jerusalém e do Templo(Mt 24:2).
Muitas vezes, são os líderes religiosos que combatem sistematicamente aqueles que conclamam o povo a um retorno à fé bíblica e à verdadeira santidade. Isso aconteceu nos dias de Jesus e também acontecerá nos últimos dias antes da sua volta. Tenho a impressão que isso já está acontecendo!
CONCLUSÃO
As reações à verdade variam amplamente hoje. Alguns ouvem aqueles que se levantam e falam a verdade e deitam fora seus maus caminhos; outros, endurecidos pela ação enganosa do pecado, teimam e clamam pela saída do mensageiro. Nossa responsabilidade é clara. Se estivermos falando a verdade, temos que ser ousados e destemidos na proclamação e no ensino da Palavra de Deus. Se estivermos ouvindo a verdade, temos que examinar-nos e converter-nos de nossos maus caminhos. Dias de trevas se aproximam! Jesus está voltando! Portanto, preparemo-nos para a volta de nosso Senhor! “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!”(Ap 22:20).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4.
I. JEREMIAS É CHAMADO A PREGAR À PORTA DO TEMPLO
Deus comissionou Jeremias a proferir uma mensagem para o povo de Judá à porta do Templo. Deus disse para Jeremias: ”Põe-te à porta da Casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, vós os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor”(7:2). Por que a porta do Templo e não a praça central de Jerusalém? O texto sugere que a ocasião era uma festa religiosa nacional, uma em que todo o reino participava. Desta feita, o momento era bastante oportuno e abrangente.
1. O ambiente da pregação. O juízo de Deus era inevitável e iminente, caso o povo não alterasse sua vã maneira de viver. Assim sendo, Deus escolhera o local que possibilitasse ao profeta discorrer sua mensagem com maior abrangência. Há diversos lugares onde uma pregação pode e deve ser feita, e uma das sérias pregações relatadas na Bíblia é a que Jeremias fezna porta do Templo, por ordem do próprio Deus.
O Templo se transformara num fetiche supersticioso para Judá. Os falsos profetas garantiam ao povo que a cidade era segura, pois Deus escolhera o Templo para sua residência na terra (cf Sl 132:13-16). Os falsos profetas induziam o povo a acreditar que, por terem o Templo do Senhor em seu território, jamais sofreriam reprimendas resultantes de seus pecados e de seus caminhos tortos. Eles acreditavam que a frequência ao culto era suficiente para esconder seus pecados e más atitudes. Mas, para as pessoas sem compromisso verdadeiro com sua vida espiritual, Deus disse: ‘Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras...’(Jr 7:3). O ataque de Jeremias a essa crença popular aconteceu em seu primeiro sermão público. O que fez suscitar imediata reação popular.
O caso em Israel era tão sério que Deus desafiou Jeremias a que procurasse uma pessoa justa em Judá: “Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai-vos, e buscai pelas praças, a ver se achais alguém, ou se há um homem que pratique a justiça ou busque a verdade, e eu lhe perdoarei”(Jr 5:1). Deus diz que os filhos catavam madeira, os pais acendiam o fogo e as mães faziam bolos para a Rainha dos Céus (7:18). “Rainha dos Céus” é Ishtar, a deusa babilônica da fertilidade, ou Astorete, a deusa fenícia. O Templo perdera o significado para Deus, pois se tornara, como o próprio Senhor chamou, um covil de ladrões, um lugar onde os bandidos se reúnem após praticar seus crimes (7:11).
2. Nossa responsabilidade. Tal como aconteceu com Jeremias, a pessoa que Deus escolhe para uma missão especial não pode se esquivar de sua responsabilidade. O Senhor tem um propósito para cada cristão, mas algumas pessoas são designadas por Ele para trabalhos específicos. Se Deus lhe der uma tarefa específica, aceite-a alegremente e cumpra-a com zelo. Se Ele não o fez, procure cumprir a missão comum a todos os crentes: amar, obedecer e servir a Deus, até que a direção divina se torne mais clara.
Frequentemente, as pessoas relutam com novos desafios porque sentem que não têm a habilidade, o treinamento ou a experiência adequados. Jeremias se considerava "uma criança", alguém sem experiência para ser um profeta de Deus diante das nações. Mas o Senhor prometeu estar com ele. Não devemos permitir que sentimentos de incapacidade nos impeçam de obedecer a Deus. Ele sempre estará conosco. Se Ele lhe der um trabalho a fazer, proverá tudo o que você precisa para fazê-lo.
II. A MENSAGEM DE JEREMIAS
O profeta Jeremias primeiro roga ao povo para melhorar os seus caminhos (7:3), isto é, para ser genuíno e sincero no seu arrependimento. Ele então esboça o que isso significava na prática: “Não vos fieis em palavras falsas”i(7:4), sejam justos uns com os outros, “não oprimam o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramem sangue inocente, nem andem após outros deuses”i(7:6). Seu tom é conciliatório e encorajador. O resultado: eles permaneceriam na terra e habitariam em paz(7:7). Jeremias assegura ao povo que os pensamentos de Deus em relação a eles são bons.
1. O alcance da mensagem de Jeremias. Deus ordena que Jeremias se coloque à porta do Templo (7:2) e fale todas as palavras que o Senhor lhe ordenou para falar. Parece que o povo estava celebrando uma festa nacional na qual apareciam pessoas de todas as cidades de Judá (26:2). Esse era o momento propício para se proclamar uma mensagem importante que afetaria todo o país.
Ele não devia omitir nenhuma palavra – “... não esqueças nem uma palavra”(26:2). O profeta sabia que sua profecia ofendia o povo e lhe causava hostilidade e oposição. Talvez ele houvesse sido tentado a omitir algumas palavras, sobretudo severas, da mensagem divina, porém o Senhor lhe disse para não omitir uma única palavra.
Deve-se pregar a mensagem integral de Deus. Obreiros fiéis não devem suprimir nas suas mensagens as palavras dos mandamentos e advertências de Deus, embora saibam que certas pessoas as rejeitarão. Aquele ministro que deixa de lado certas partes da Palavra de Deus, para disfarçar pecados da congregação, é considerado um ministro indigno.
A pregação da palavra de Deus raramente conduz à popularidade. As pessoas que ficam ressentidas com a mensagem perturbadora geralmente recorrem a medidas ou para calar o mensageiro ou para acabar com ele. A pregação corajosa da palavra do Senhor por Jeremias irritou muita gente que não queria que seus pecados fossem expostos e condenados. Muitos queriam matá-lo, inclusive os seus familiares e visinhos e amigos. O próprio Senhor revelou para Jeremias que os homens estavam tramando para matá-lo. Estes homens incluíram o pessoal da própria cidade dele, Anatote (veja 11:18-23).
O projeto do Senhor não é que paremos de sofrer nesta terra, mas que as angústias fortaleçam nossa fé ao ponto que fica "muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo" e que resulta "em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado" (1Pedro 1:7). Não importa a dureza dos momentos aqui; são leves e momentâneos em comparação com a "glória eterna que pesa mais do que todos eles" (2Co 4:17).
2. O chamado ao primeiro amor. O desejo de Deus para Israel na época era: “7:3 - Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar. 7:4 - Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. 7:5 - Mas, se deveras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras, se deveras fizerdes juízo entre um homem e entre o seu companheiro. 7:6 - se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal. 7:7 - eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, de século em século”. Em uma linguagem popular, Deus exigia do povo de Israel inteireza de coração, uma fé pura, um obedecer à palavra de Deus, executar justiça e andar em caminhos retos. Era o chamado de Deus ao primeiro amor.
Nestes “últimos dias” dos “tempos trabalhosos” da Igreja, neste período do pós-moderno, Satanás está envidando esforços no sentido de concretizar a integração entre a Igreja e o mundo, entre o reino da luz e o reino das trevas. Para que isto aconteça ele precisa destruir a identidade da Igreja, como sendo o povo de Deus aqui na Terra, e a identidade de cada crente, como sendo “filho de Deus”. Neste sentido Satanás trabalha com o objetivo de introduzir o mundo, com todas suas bagagens diabólicas, no seio da Igreja, bem como de atrair a Igreja para as coisas do mundo. Para a consecução dos seus objetivos é preciso diminuir, mais e mais, as distâncias que separam a Igreja do mundo, apagar a linha divisória para que ela possa ser cruzada, despercebidamente, por muitos. Lamentavelmente, satanás está obtendo grandes resultados nesta sua maneira de agir.
A arma que o cristão deve usar nestes últimos dias, para atacar os terríveis tempos que vivemos é a “espada do Espírito”, ou seja, a Palavra de Deus. Assim como Jesus lutou contra o adversário fazendo uso desta arma, a única arma de ataque da armadura do cristão (Ef.6:17b), também não podemos, nos dias difíceis, abrir mão de usar esta arma. Não é por outro motivo que se tenta tanto desacreditar as Escrituras ou impedir que elas estejam nas mãos, mentes e corações do povo de Deus.
III. JEREMIAS COMBATE A TEOLOGIA DO TEMPLO
Todo sofrimento que viria com a ordem do Senhor expressa pelo profeta se devia ao fato do povo se fiar e confiar na própria religião como diz o texto sagrado: “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este “(7:4). Isso quer dizer que os israelitas fiavam no Templo do Senhor como base de sua fé, negando as boas obras, e logicamente pregando uma coisa e vivendo outra bem diferente. Fiavam-se em sua própria religião, a saber, o judaísmo, como base de proteção, mesmo sendo infiéis, idólatras, adúlteros e assassinos.
1. A teologia do Templo. Sob muitos aspectos, para os israelitas, o Templo e a cidade de Jerusalém tinha o mesmo significado. Vejamos alguns aspectos:
a) Simbolizava a presença e a proteção do Senhor Deus entre o seu povo (cf. Êx 25:8; 29:43-46). Quando ele foi dedicado, Deus desceu do céu e o encheu da sua glória (2Cr 7:1,2; cf. Êx 40:34-38), e prometeu que poria o seu Nome ali (2Cr 6:20,33). Por isso, quando o povo de Deus queria orar ao Senhor, podia fazê-lo, voltado em direção ao templo (2Cr 6:24, 26, 29, 32), e Deus o ouviria “desde o seu templo” (Sl 18:6).
b) O Templo também representava a redenção de Deus para com o seu povo. Dois atos importantes tinham lugar ali: os sacrifícios diários pelo pecado, no altar de bronze, (cf. Nm 28:1-8; 2Cr 4:1) e o Dia da Expiação quando, então, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo a fim de aspergir sangue no propiciatório sobre a arca para expiar os pecados do povo (cf. Lv 16; 1Rs 6:19-28; 8:6-9; 1Cr 28:11). Essas cerimônias do Templo relembravam aos israelitas o alto preço da sua redenção e reconciliação com Deus.
c) O Templo simbolizava a presença de Deus somente enquanto o povo rejeitasse todos os demais deuses e obedecesse à lei de Deus. Miquéias, por exemplo, verberava contra os lideres do povo de Deus, por sua violência e materialismo, os quais ao mesmo tempo, sentiam-se seguros de que nenhum mal lhes sobreviria enquanto possuíssem o símbolo da presença de Deus entre eles: o Templo (Mq 3:9-12); profetizou que Deus os castigaria com a destruição de Jerusalém e do seu Templo. Posteriormente, Jeremias repreendeu os idólatras de Judá, porque se consolavam mediante a constante repetição das palavras: “Templo do Senhor, Templo do Senhor, Templo do Senhor é este” (Jr 7:2-4, 8-12). Por causa de sua conduta ímpia, Deus destruiria o símbolo da sua presença: o Templo (Jr 7:14,15). Deus até mesmo disse a Jeremias que não adiantava ele orar por Judá, porque Ele não o atenderia (Jr 7:16). A única esperança deles era endireitar os seus caminhos (Jr 7:5-7).
O próprio Jesus, assim como os profetas do Antigo Testamento, censurou o uso indevido do Templo. Seu primeiro grande ato público (João 2:13-17) e o seu último (Mt 21:12,13) foram expulsar do Templo aqueles que estavam pervertendo o seu verdadeiro propósito espiritual (ver Lc 19:45). Ele passou a predizer o dia em que o Templo seria completamente destruído (Mt 24:1,2; Mc 13:1,2; Lc 21:5,6).
Na época de Jeremias, o povo cometia todo tipo de pecado (7:5-9); depois, no sábado, vinha ao Templo, apresentava-se a Deus, e deste modo enganava-se, crendo que estava seguro mediante o amor que Deus lhe tinha. Acreditavam que o Senhor jamais permitiria que o Templo e a cidade de Jerusalém fossem destruídos.
Existe na atualidade essa falsa teologia. Os crentes vivem em desobediência a Deus e à sua Palavra, e julgam-se seguros, porque crêem no “Sangue de Cristo”. Na linguagem de Jeremias, estão confiando “em palavras falsas” (enganosas), que para nada são proveitosas (Jr 7:8).
Existem alguns paralelos entre a maneira como os judeus viam o Templo em Jerusalém e como muitos hoje vêem suas igrejas:
(1) Os judeus não cultuavam a presença de Deus em sua vida cotidiana como faziam no Templo. Hoje, é possível frequentar belas e bem equipadas igrejas, mas não levar a presença de Deus conosco durante a semana.
(2) O edifício do Templo se tornou mais importante para os judeus do que a essência da fé. Ir à igreja e pertencer a um grupo pode tornar-se mais importante do que ter uma vida transformada para Deus.
(3) Os judeus viam apenas o Templo como santuário. Muitos cristãos não se vêem como Templo do Espírito Santo e usam a filiação religiosa como um esconderijo, pensando que esta os protegerá dos males e dos problemas.
Portanto, o compromisso de Deus não é com símbolos, monumentos ou com ícones, mas com todos os que guardam a sua Palavra e observam seus mandamentos.
2. A desmistificação da teologia do Templo. A inviolabilidade do Templo e da cidade de Jerusalém era o dogma religioso mais popular da época. Os profetas profissionais e os sacerdotes tinham se agarrado a esse dogma para proclamar ao povo que estavam seguros, visto que Deus jamais deixaria que seu lugar de habitação fosse destruído. Com um único golpe, Jeremias destruiu o dogma mais estimado deles.
Vejamos o que o profeta fala a respeito das próprias ações dos israelitas de confiar em seu dogma: “7: 8 - Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada são proveitosas. 7:9 - Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes. 7:10 - e então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos livres, podemos fazer todas estas abominações? 7:11- É, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor”.
Ao pé da letra isso quer dizer: “Vocês fazem tudo que me desagrada como Deus, tudo que eu odeio e abomino, e vem em minha casa e dizem: somos livres do pecado porque somos judeus e filhos de Deus. A resposta de Deus é: A minha casa e meu Templo virou covil de ladrões e ordinários?”.
O sermão de Jeremias trouxe uma reação imediata dos líderes religiosos da nação. Eles ficaram indignados. Alegando que Jeremias era culpado de profetizar falsamente em nome do Senhor, condenaram-no na mesma hora: “certamente morrerás (26:8). O povo que estava na cidade para a festa foi levado de roldão pelos seus líderes religiosos, e Jeremias estava em perigo de ser apedrejado e morto. Sua ” culpa “ residia no fato de o seu sermão discordar daquilo que os falsos profetas estavam anunciando ao povo. Os líderes religiosos não perderam tempo em acusar Jeremias diante dos príncipes e do povo, afirmando: “este homem é réu de morte”(26:11).
Jeremias defendeu sua posição de uma maneira admirável. Ele foi direto e resoluto, e falou com poder – “E falou Jeremias a todos os príncipes e a todo o povo, dizendo: O Senhor me enviou a profetizar contra esta casa e contra esta cidade todas as palavras que ouvistes. Agora, pois, melhorai os vossos caminhos e as vossas ações e ouvi a voz do Senhor, vosso Deus, e arrepender-se-á o Senhor do mal que falou contra vós. Quanto a mim, eis que estou nas vossas mãos; fazei de mim conforme o que for bom e reto aos vossos olhos”(26:12-14). O profeta estava preparado para qualquer consequência. Mas, Deus guardou o seu servo da morte, em cumprimento à promessa que lhe fizera (Jr 1:17-19).
Trazendo ao contexto dos dias atuais esta palavra: Não adianta pregar um perfil de bom cristão, de ir ao culto todo domingo, dar o dízimo, ofertar, apertar a mão do irmão na igreja, dar a paz do Senhor, e se fiar nestas coisas, ações e palavras, se elas negarem sua essência de cristão. É muito fácil falar sou “cristão”, “crente”, evangélico; ou dizer que vai ao templo do Senhor, estar sempre lá, ser dizimista, e não se fiar em verdadeiras obras de fé e na essência de transformação e vida com Deus.
A verdadeira religião é amar a Deus sobre todas as coisas, ao próximo como a nós mesmos e “e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1:27). O povo de Israel plantou uma falsa fé, falsas palavras diante do Senhor, falsas ações, querendo convencer a Deus e eles mesmos que sendo judeus religiosos seriam livres das consequências de seus próprios atos pecaminosos; e colheu a destruição.
Atualmente, muitos dentro das igrejas continuam fiando em palavras falsas e obras falsas. Mas, a Deus ninguém engana. Devemos ter a humildade de reconhecer os nossos erros. Deus jamais passará despercebido dos nossos atos praticados de forma dissoluta e obstinada. Portanto, devemos ter um reflexo claro de nossos atos incontinentes quando o praticarmos, para que haja salvação, cura e quebrantamento, mediante um arrependimento sincero diante de Deus, e quem sabe haverá uma esperança ou uma benção.
IV. A LIÇÃO DE SILÓ
“Farei também a esta casa, que se chama pelo meu nome, na qual confiais, e a este lugar, que vos dei a vós e a vossos pais, como fiz a Siló”(7:14). Mensagem semelhante em Jeremias 26:4-6.
Siló, cerca de 28 km ao norte de Jerusalém, era o local onde o Tabernáculo havia sido instalado após a conquista de Canaã(Js 18:1). A cidade foi destruída em 1050 a.C pelos filisteus. Naquela ocasião os pecadores filhos de Israel convocaram a arca da aliança para o campo de batalha, pensando que ela asseguraria sua vitória. Foi um dia triste, Israel foi vencido, a arca de Deus foi capturada e Siló foi destruída. Tal como as pessoas nos dias de Eli, os ouvintes de Jeremias eram culpados de ouvir as palavras falsas “Templo do Senhor, Templo do Senhor...” (7:4), acreditando que uma cidade contendo o Templo de Deus certamente seria poupada de uma invasão por uma nação estrangeira. Contudo, Deus se compadeceria se eles se convertessem dos seus maus caminhos.
Jeremias declara que Siló foi destruída por causa dos pecados do povo(7:12,14;26:6); o mesmo destino teria Jerusalém e o seu Templo se os israelitas não largassem seus caminhos pecaminosos. Apesar da ameaça de morte(Jr 26:8,11), Jeremias não se retratou da sua mensagem de julgamento divino sobre Israel. Pelo contrário, afirmou que sua autoridade vinha de Deus, e a seguir conclamou o povo a arrepender-se dos seus pecados (Jr 26:12-15). Permaneceu fiel a Deus e à sua Palavra, apesar das graves conseqüências de sua oposição.
Jeremias não foi morto, porque Deus lhe tinha prometido proteção até o fim(Jr 1:17-19). Porém, seu companheiro de ofício, Urias, filho de Semaías, foi morto pelo sanguinário rei Jeoaquim(26:20-23).
Os sacerdotes e os profetas eram reverenciados pelo povo, tinham poder. E o Templo era muito importante para eles. Profetizar que o Templo seria destruído era o mesmo que afirmar que seriam destruídos da autoridade que tinham. Jesus também enfureceu os líderes religiosos de seu tempo ao profetizar a destruição de Jerusalém e do Templo(Mt 24:2).
Muitas vezes, são os líderes religiosos que combatem sistematicamente aqueles que conclamam o povo a um retorno à fé bíblica e à verdadeira santidade. Isso aconteceu nos dias de Jesus e também acontecerá nos últimos dias antes da sua volta. Tenho a impressão que isso já está acontecendo!
CONCLUSÃO
As reações à verdade variam amplamente hoje. Alguns ouvem aqueles que se levantam e falam a verdade e deitam fora seus maus caminhos; outros, endurecidos pela ação enganosa do pecado, teimam e clamam pela saída do mensageiro. Nossa responsabilidade é clara. Se estivermos falando a verdade, temos que ser ousados e destemidos na proclamação e no ensino da Palavra de Deus. Se estivermos ouvindo a verdade, temos que examinar-nos e converter-nos de nossos maus caminhos. Dias de trevas se aproximam! Jesus está voltando! Portanto, preparemo-nos para a volta de nosso Senhor! “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!”(Ap 22:20).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4.
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