sábado, 21 de agosto de 2010

Aula 09 - JESUS – O CUMPRIMENTO PROFÉTICO DO ANTIGO PACTO

Texto Base: Atos 3:18-26

"E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos"(Lc 24:44).

INTRODUÇÃO
Todo o Velho Testamento aponta para e profetiza sobre Cristo. Entre os Salmos e profetas do Antigo Testamento há incontáveis profecias sobre como seria o Messias(Lc 24:44). No discurso proferido no Templo pelo apóstolo Pedro(Atos 3:18-26) é mostrado que Jesus é o Evento que já fora pregado pelos santos profetas, e que agora devia ser aceito pelo povo de Israel. A recusa de algum seguimento religioso ou religião, principalmente o judaísmo, em aceitar a idéia de um Messias que morre só pode ser devida à falta de consideração a estas profecias. O apóstolo Pedro mostra que Jesus é o profeta que Deus levantaria para ser ouvido, conforme a profecia de Moisés. Aliás, a lei de Moisés, que Israel tinha que obedecer antes da época de Cristo, constantemente apontava para Jesus: "A lei nos serviu de aio para conduzir a Cristo" (Gl 3:24). Portanto, Jesus Cristo está presente em todo conteúdo das Escrituras Sagradas, história e instituições, de maneira direta e indireta. Ele é, assim, o cumprimento das profecias proferidas pelos profetas do Antigo Testamento. O próprio Jesus assim falou: “E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”(Lc 24:27).
I. FIGURAS PROFÉTICAS
A profecia do Antigo Testamento fala por intermédio de prefigurações, tanto por imagens quanto por linguagem profética.
1. As prefigurações. Entre todas as profecias do Antigo Testamento, as que anunciavam a primeira vinda de Jesus estão entre as mais poderosas. Citaremos dois exemplos ocorridos na vida de Cristo que foram prefigurados em situações reais no Antigo Testamento:
a) A Paixão de Cristo. A paixão de Cristo foi prefigurada na instituição da páscoa, no Egito (Êx 12.3-13). Nela, o cordeiro, uma vez sacrificado, deveria ser assado, inteiro, sendo comido, então, à noite, com pães asmos e ervas amargas (Ex.12:8,9), queimando-se tudo o que restasse naquele mesmo dia (Ex.12:10). Isto nos fala que o sacrifício de Jesus era completo, não teria de ser repetido, nem restaria algo a ser realizado depois de sua efetivação. O sacrifício se daria com sofrimento (ervas amargas) e com sinceridade (os pães asmos), mas traria vida ao povo de Deus. O fato de o cordeiro ser assado e, depois, retirado do forno para ser consumido, também indicava a ressurreição de nosso Senhor. Esta festa é a figura mais proeminente da morte de Jesus, tendo servido de seu prenúncio desde então até o dia mesmo da prisão do Senhor, que se deu no dia anterior à mesma (Lc.22:15).
Todo o sistema de sacrifícios instituído pela lei de Moisés apontava para a necessidade de morte de uma vítima, de um substituto para o perdão dos pecados. Com efeito, na lei de Moisés fica claro que não haveria como obter o perdão dos pecados, a “expiação”(palavra que no hebraico significa “cobertura”), sem que houvesse derramamento de sangue, sem que houvesse a morte de alguém no lugar do pecador. Todos os sacrifícios figuravam o sacrifício de Cristo por todos nós, o qual padeceu durante a comemoração da Páscoa - "Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós" (1Co 5:7).
b) Os sofrimentos de Davi, descritos no Salmo 22. Este salmo prefigura os vitupérios e flagelos de Jesus. Ele foi recitado pelo Senhor na cruz, como prova cabal de que ali se tinha o seu cumprimento. É o clamor de desamparo do servo de Deus; “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste? Por que Te alongas das palavras do Meu bramido e não Me auxilias?”. Foram estas as palavras que o Senhor recitava na cruz, em hebraico, quando o povo entendeu que estivesse a clamar por Elias, já que o povo falava o aramaico (Mt.27:46,47; Mc.15:34,35). Neste salmo, há uma descrição nítida da crucifixão de Jesus; a descrição dos sofrimentos mostra-nos claramente a forma da morte, ou seja, a morte por crucifixão, pois é falado em desconjuntar de ossos(Sl.22:14), ainda que nenhum deles tenha sido quebrado (Sl.22:17); em secura da boca que fez com que a língua se prendesse ao paladar (Sl.22:15), o traspassar dos pés e das mãos (Sl.22:16). O salmista, também, fala acerca da repartição dos vestidos entre os seus algozes e o lançamento de sortes sobre a sua túnica (Sl.22:18). O salmista é bem claro ao afirmar que este sofredor é posto no pó da morte (Sl.22:15).
2. A linguagem profética. Alguns estudiosos informam que a maioria das profecias bíblicas foi escrita numa linguagem denominada “linguagem profética”. Essa linguagem seria cheia de simbolismos e figuras com encaixes históricos a serem revelados, onde a própria Bíblia desvendaria tais símbolos e figuras. Apesar dos profetas viverem, a maioria, em épocas diferentes, a linguagem profética empregada são perfeitamente harmônicas, o que vem a enfatizar a inspiração por um único Espírito – o Espírito Santo de Deus.
Em Mateus 2:19-23 é descrito que José, Maria e Jesus se estabelecem em Nazaré. E no versículo 23 é descrito o seguinte: "E chegou e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno". Quando este versículo diz que “Ele será chamado Nazareno”, significa que seria tratado com desprezo. Mateus não menciona o nome de nenhum dos profetas, mas diz que os profetas haviam predito que Jesus seria chamado Nazareno. Nenhum versículo do Antigo Testamento diz isso diretamente. Muitos estudiosos sugerem que Mateus está fazendo referencias a Isaias 11:1: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo”. A palavra hebraica traduzida “tronco” é netzer, mas a comparação parece remota. Uma explicação mais provável é que “nazareno” é usado para descrever qualquer pessoa que morou em Nazaré, cidade vista com desprezo pelo resto do povo. Natanael expressa isso com sua pergunta proverbial: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?”(João 1:46). Embora não achemos nenhuma profecia de que Jesus seria chamado nazareno, podemos achar uma que diz que ele seria “desprezado e o mais rejeitado entre os homens”(Is 53:3).
O ministério de Jesus seria anunciado por um predecessor. Vimos isto, exaustivamente, na aula anterior. Este vaticínio está escrito em Malaquias 3:1 e Isaias 40:3, o que se cumpriu literalmente, conforme Mateus 3:1-3 e Lucas 1:17.
Jesus entraria em Jerusalém de forma pública e montado em um jumento. A declaração profética sobre este acontecimento marcante foi proferida por Zacarias(Zc 9:9) e cumprido em Mateus 21:1-9
Jesus seria apresentado no Templo. A declaração profética está exarada em Ageu 2:7-9; e cumprido em Lucas 2:21-32. O filho Primogênito era apresentado a Deus um mês após o nascimento. A cerimônia incluía o resgate da criança para Deus por meio de uma oferta, conforme a Lei(Ex 13:2,11-16;Num 18:15,16). Deste modo, os pais reconheciam que o filho pertencia a Deus, o único com poder de dar a vida. Quando Jesus foi apresentado no Templo duas personagens O acolhem: Simeão e Ana. Eles representavam o Israel fiel que esperava ansiosamente a sua libertação e a restauração do reinado de Deus sobre o seu povo. De Simeão diz-se que era um homem “justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel”.
Portanto, profecias cumpridas são uma forte evidência de que Deus é o autor da Bíblia. Somente a Bíblia está repleta de profecias - tanto já realizadas, como ainda por realizar. Ela nunca errou no passado, e não errará no futuro. Isto sustenta a sua inspiração por Deus (2Tm 3:16). “Conforme o Dr. Roger Liebi, 330 profecias extremamente exatas e específicas referentes ao Messias sofredor se cumpriram literalmente por ocasião da primeira vinda de Cristo”((Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br).
II. INSTITUIÇÕES PROFÉTICAS
Neste tópico, analisaremos Israel, o Tabernáculo e o Sacerdócio como instituições proféticas que identificam o Messias nas profecias para o seu povo.
1. Israel. A Bíblia não apenas profetiza que Cristo nasceria em Belém, mas também diz que Ele viria do Egito. No oitavo século antes de Cristo, o profeta Oséias anunciava em Israel a respeito da vinda do Messias: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho” (Os 11.1). Os comentaristas judeus aplicavam essa profecia a Israel e ao Messias, o que se torna bem evidente conhecendo o contexto do Novo Testamento.
ENTENDENDO MELHOR...
a) O propósito de Deus com Israel. “Quando Israel era menino, eu o amei” (Os 11:1a). Aqui, o profeta Oséias usou o verbo hebraico ahebh, que expressa o amor eletivo de Deus. Ele escolheu Israel para através dele revelar ao mundo o seu poder e a sua glória, quando destruiu a Faraó no Egito (Rm 9.17); dar ao mundo as Escrituras (Rm 3.1,2) e o Messias (Jo 4.22). Israel foi escolhido para ser um povo sacerdotal (Êx 19.5, 6). Deus não escolheu o Egito, a nação mais poderosa da época; não escolheu os fenícios, principais navegantes da antiguidade; não escolheu os gregos, povo da filosofia; não escolheu os assírios, povo beligerante e perito em artes bélicas. No entanto, escolheu e amou a Israel, pequeno povo de pastores nômades, quando este era ainda um menino indefeso na terra do Egito. Todavia, Israel nunca correspondeu a esse amor.
b) A profecia se cumpriu em Jesus. “... do Egito chamei a meu filho” (Os 11:1b). Qualquer judeu na época, ao ler essa passagem, viria logo à mente a saída dos filhos de Israel do Egito. Mas este texto sagrado é também uma profecia messiânica que se cumpriu quando Deus mandou que José e Maria retornassem do Egito com o menino Jesus (Mt 2:15).
Mas como essa profecia se cumpriu, como foi que Jesus, ainda menino, veio do Egito? A maioria de nós conhece a história da matança dos meninos judeus em Belém ordenada pelo infanticida rei Herodes, que via seu trono ameaçado pelo nascimento de Jesus. A Bíblia diz a esse respeito: “Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito; e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do profeta [em Os 11.1]: Do Egito chamei o meu Filho” (Mt 2.13-15). Os planos cruéis, egoístas e assassinos de um político mundano acabaram contribuindo para que a Palavra se cumprisse. Herodes pensava que aniquilaria os planos divinos, mas sua maldade apenas contribuiu para que as profecias se cumprissem literalmente.
2. O Tabernáculo. O Tabernáculo, que Deus mandou Moisés construir, era um santuário(Ex 25:8,9), um lugar separado para o Senhor habitar entre o seu povo e encontrar-se com os seus(Ex 25:25; 29:45,46; Nm 5:3; Ez 43:7,9). De dia e de noite a glória do Senhor estava sobre o Tabernáculo. Quando a glória do Senhor seguia adiante, Israel tinha que avançar junto. Deus guiou os israelitas dessa maneira enquanto estiveram no deserto(Ex 40:36-38; Nm 9:15,16). Era no Tabernáculo que Deus concedia o perdão dos pecados mediante um sacrifício vicário(Ex 29:10-14). Esses sacrifícios tipificavam o perfeito sacrifício de Cristo na cruz pelos pecados da raça humana(Hb 8:1,2; 9:11-14). O lugar mais importante do Tabernáculo era o Lugar Santíssimo(Ex 26:34), pois nele continha a Arca(peça em formato de baú, contendo os dez mandamentos, um vaso de maná e a vara florescida de Arão – ler Heb 9:4), que representava o trono de Deus.
Cada peça e utensílio do tabernáculo, também, aponta para Cristo e sua obra salvífica (Hb 9:8-10):
a) A arca da Aliança
. Simboliza a justiça e o Trono de Deus (Ex 25:10-22; Hb 9:4). Diante dela o sumo sacerdote se colocava, uma vez por ano, no dia da expiação, para aspergir sangue sobre o propiciatório, como expiação pelos pecados involuntários do povo, cometidos durante o ano anterior.
b) O Altar do Holocausto. Simboliza a cruz do Calvário, lugar onde Cristo foi crucificado (Hb 9:12-14;25-28; 10:10-14).
c) O Altar de Incenso. Representa a intercessão de Cristo na glória (Hb 7:25).
d) O Candelabro. Representa Cristo como “a Luz do mundo”(Mt 5:14-16; João 8:13).
e) A Mesa dos pães. Simboliza a Cristo “O Pão da Vida”(João 6:35).
f) O Lavatório. Representa a purificação e o início da santificação (Hb 10:19,22).
3. O sacerdócio. O Ministério Sacerdotal de Arão prefiguravam a obra de Cristo; isso está muito claro na epístola aos Hebreus (cf Hb 5:4,5). Dentre os sacerdotes se destacava a figura do sumo sacerdote, descendente de Arão, o primeiro sumo sacerdote, cuja função era, primordialmente, a de interceder a Deus por todo o povo, notadamente no dia da expiação, quando ingressava no lugar santíssimo e ali, depois de ter feito sacrifício antes por si mesmo, oferecia um sacrifício em nome de todo o povo, ocasião em que Deus aplacava a sua ira e adiava, por mais um ano, a punição pelos pecados cometidos. Mas, o ministério arônico, que era efêmero, teria que ser substituído por um permanente e perfeito. O profeta Jeremias, inspirado pelo Espírito Santo profetizou essa mudança no sistema sacerdotal (ler Jr 31.31-34 c/c Hb 8.8-12) e a substituição do sacerdócio arônico pela ordem sacerdotal de Melquisedeque (Sl 110.4 c/c Hb 7.11,17).
Jesus, como bem explicou o escritor da carta aos hebreus, é o sumo sacerdote por excelência, de uma ordem superior a dos sumo sacerdotes que descendiam de Arão, porque estes apenas, depois de terem feito um sacrifício por si, aplacavam, por um ano, a ira divina, cobrindo os pecados do povo (Sl.32:1), mas Jesus, bem ao contrário, sacrificou-se a si mesmo, uma vez por todas, para tirar o pecado do mundo, pecado que nunca mais será levado em conta por Deus. O seu sacrifício proporcionou o retorno da comunhão entre Deus e os homens (Hb.10:1-18). Em virtude deste sacrifício suficiente e que se fez propiciação pelos pecados de todo o mundo (1Jo.2:2), Jesus assumiu o papel de mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5; Hb.8:6; 9:15; 12:24), intercedendo atualmente, à direita do Pai, pelos transgressores (Is.53:12; Rm.8:34). Jesus é o sumo sacerdote, pois é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23), que é composta de sacerdotes (1Pe.2:5,9; Ap.1:6; 20:6).
III. PROFECIAS DIRETAS ACERCA DO NASCIMENTO DE JESUS
A encarnação é um dos maiores mistérios das Sagradas Escrituras, sem a qual seria impossível a nossa redenção. A encarnação envolve dois fatores: o esvaziamento do Senhor de sua glória e o seu nascimento como homem, que completou o esvaziamento. Ele esvaziou-se de sua glória para assumir a forma humana, viver entre os homens, derrotar Satanás e o pecado, e dar oportunidade para que o homem se reconciliasse com Deus. Em sua encarnação, o Cristo tornou-se em tudo semelhante a nós, exceto quanto à natureza pecaminosa e ao pecado (Fp 2.7,8 - ARA).
1. A origem humana de Jesus. Imediatamente à queda do homem, no Éden, Deus prometeu o Redentor, que viria da semente da mulher(Gn 3:15), ou seja, seria um ser humano nascido de mulher (Gl 4:4), mas sem pecado (Mt 1:20; Hb 4:15). Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo no ventre de sua mãe (Lc 1:31-35). Entretanto, Jesus não poderia ser concebido como o foram os demais seres humanos a partir do primeiro casal, porque, em virtude do pecado, os homens passaram a ser concebidos em pecado (Sl.51:5), ou seja, herdavam a natureza pecaminosa de seus pais, tanto que, em vez de saírem à imagem e semelhança de Deus, como havia sido o primeiro casal, saíam à imagem e semelhança de seus pais (Gn.5:3). Por isso, Jesus não poderia ser fruto de uma concepção resultante da relação sexual entre seus pais biológicos, visto que não poderia ser senão a “semente da mulher”, o “último Adão”(1Co.15:45), e, portanto, a exemplo do primeiro casal, criado por ação direta de Deus, sem mediação humana. É por este motivo que, ao longo da revelação progressiva de Deus, por meio da sua Palavra, o Senhor foi anunciando ao seu povo que o Salvador, o Messias, chamado de “semente da mulher”, seria alguém que seria o resultado da “concepção de uma virgem” (Is.7:14) e que a criança nascida, ao contrário de todas as demais, ao adquirir a consciência não se inclinaria para o mal, mas, sim, para o bem (Is.7:15,16).
2. O descendente dos patriarcas de Israel. A Bíblia diz que o Messias seria:
a) Descendente de Abraão(Gn 12:7; 17:19; 22:18). O cumprimento em Cristo: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade. Não diz: E às posteridades, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua posteridade, que é Cristo”(Gl 3:16).
b) Descendente de Isaque(Gn 21:12). O cumprimento em Jesus: Lc 3:33, 34. Do verso 23 ao 34 vemos que a genealogia de Jesus mostra que Ele é descendente do patriarca Isaque.
c) Descendente de Jacó(Nm 24:17). O livro de Números foi escrito cerca de 13 séculos antes do nascimento de Jesus. O mesmo versículo de Lucas que mostra ser Jesus descendente de Isaque, revela que Ele é também descendente de Jacó(Lc 3:34).
d) Da tribo de Judá(Gn 49:10). Entre as bênçãos proféticas do patriarca Jacó sobre seus doze filhos, coube a Judá a seguinte promessa: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. O cumprimento em Jesus: Mt 1:1; Lc 3:23, 33-34.
A bênção outorgada a Judá(Gn 49:8-12) indica que os direitos da primogenitura lhe foram concedidos, e, portanto, as bênçãos prometidas a Abraão(Gn 12:1-3). A suma dessa promessa é que todas as nações seriam abençoadas através de Judá pela “semente” da mulher (Gn 3:15). A Judá foi dito que seus descendentes governariam seus irmãos, “até que venha Silo”. “Silo” provavelmente significa “aquele a quem pertence”(cf Ez 21:27) e, em sentido pleno, refere-se ao Messias vindouro, Jesus Cristo, que veio através da tribo de Judá(Ap 5:5).
e) Seria um Renovo na Casa de Davi(Jr 23:5). O ministério do profeta Jeremias iniciou-se em 625 a.C. e terminou por volta de 586 a.C. Portanto, quase seis séculos antes do nascimento de Jesus, aquele profeta falou sobre um Renovo que nasceria da descendência de Davi. O rei Davi também falou destas promessas: Sl 132:11. O cumprimento em Jesus: Mt 1:1; 9:27; 15:22; At 13:22-23; Ap 22:16
3. Nascido de uma virgem. “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel”(Is 7:14; Mt 1:25-24; Lc 1:35). Esta profecia fora profetizado cerca de setecentos anos antes do evento histórico. Maria concebeu, sem que conhecesse varão, e deu à luz ao seu filho primogênito, que foi chamado de Jesus por ordem divina. Seu nascimento ocorreu em Belém conforme o registro de Lc 2.3-12. Maria, como as demais mulheres, sentiu as dores de parto ao dar à luz a Cristo; e, Jesus, à nossa semelhança, deixou o ventre materno, natural e não sobrenaturalmente, ao nascer em Belém de Judá. Jesus se fez carne e habitou entre nós, sendo fruto da concepção de uma virgem. Observemos bem que Jesus foi concebido em uma virgem, mas sua mãe não ficou virgem para sempre. A virgindade de Maria cessou com o nascimento de Jesus, assim como também a sua abstinência sexual em relação a seu marido, José. A Bíblia diz que José não a conheceu até que Jesus nasceu (Mt.1:25), sendo certo, também, que José e Maria tiveram filhos, como o dizem os moradores de Nazaré, a cidade onde Jesus foi criado (Mt.13:55; Mc.6:3).
O nascimento virginal de Cristo é um prova contundente de sua humanização. Negar, portanto, a concepção virginal de Jesus é negar a sua condição de Salvador, é procurar desacreditar a sua missão de salvação do homem. Jesus veio para libertar o povo do pecado e, por isso, não poderia ser formado em pecado.
É interessante observar, portanto, que a vinda de Jesus por obra e graça do Espírito Santo, em momento algum, pode ser usada como argumento para negar a sua humanidade, porquanto sua concepção virginal teve o propósito de fazê-lo entrar no mundo do mesmo modo que Adão, numa natureza sem pecado, ainda que humana, a fim de que pudesse vencer o mundo e o pecado, e, por conseguinte, garantir a salvação de toda aquele que nele crer(João 3:16).
4. O local de nascimento de Jesus. O local do nascimento de Jesus, conforme a profecia de Miquéias (Mq 5:2), seria a “pequena” cidade de Belém de Judá. Neste versículo, Miquéias profetiza que um governante surgiria de Belém para cumprir as promessas de Deus ao seu povo. Certamente, ele está se referindo a Jesus, o Messias (ver Mt 2:1,3-6), cuja origem é “desde os dias da eternidade”(cf João 1:1; Cl 1:17; Ap 1:8). Mas, como se daria este nascimento se José e Maria viviam em Nazaré?(cf Lc 1:26,27). Segundo disse o pr. Esequias Soares, Deus mobilizou o próprio imperador romano, César Augusto, para que baixasse um decreto, obrigando cada pessoa em Israel a alistar-se na cidade de seu nascimento. Sendo José belemita, foi com Maria para Belém, ocasião em que ela deu à luz o Salvador (Lc 2.9-11).
5. O massacre das crianças de Belém. O profeta Jeremias profetizou o seguinte: “Assim diz o Senhor: Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos, sem admitir consolação por eles, porque já não existem”(Jr 31:15). Ramá era o local de concentração dos prisioneiros antes da deportação para Babilônia (cf Jr 40:1-3). Raquel era uma das esposas de Jacó e mãe de José e Benjamim. Aqui, ela representa Israel chorando pelos deportados para o exílio. Deus declara que ela não precisa chorar mais, porque o povo voltará(Jr 31:16-20). Mateus aplica esta passagem profeticamente à ocasião do brutal assassinato das crianças da região de Belém por ordem de Herodes, o Grande (Mt 2:16-18), após o nascimento de Jesus.
IV. PROFECIAS SOBRE AS OBRAS DE JESUS
1. A visão messiânica em Moisés (Dt 18:17,18). A predição de Moises em Dt 18:17,18: “Então o Senhor me disse: Bem falaram naquilo que disseram. Eis que lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmão,como tu...”, foi uma profecia a respeito de Jesus Cristo. O Novo Testamento revela que o povo judeu aguardava a vinda do Messias, conforme disse Filipe a Natanael: "havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei" (João 1:45).
Pedro revelou que o profeta mencionado por Moisés em Dt 18:17,18 era Jesus Cristo: “Pois Moisés disse: Suscitar-vos-á o Senhor vosso Deus, dentre vossos irmãos, um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser”(At 3:22). O apóstolo quis mostrar às pessoas que seu tão esperado Messias havia chegado! Pedro e todos os outros apóstolos chamavam a atenção da nação judaica, a fim de que percebesse o que fizera a seu Messias e houvesse arrependimento e fé.
De que maneira foi Jesus semelhante a Moisés?
a) Moisés foi ungido pelo Espírito(Nm 11:17);
o Espírito do Senhor estava sobre Jesus na pregação do evangelho(Lc 4:18,19);
b) Deus usou Moisés para introduzir a antiga aliança; Jesus introduziu a nova aliança (1Co 11:23-25; Hb 8:8,9).
c) Moisés conduziu Israel, tirando-o do Egito para o Sinai, e estabeleceu o pacto de seu relacionamento com Deus; Cristo redimiu seu povo do pecado e da escravidão de Satanás, e estabeleceu um novo e vivo pacto com Deus, por meio do qual seu povo pudesse entrar na sua própria presença.
d) Moisés, nas leis do AT, referiu-se ao sacrifício de cordeiros para prover em figura a redenção; o próprio Cristo tornou-se o Cordeiro de Deus para prover a salvação a todos quantos o aceitarem.
e) Moisés conduziu o povo à lei, mostrando-lhe a sua obrigação em cumprir seus estatutos para ter a bênção divina; Cristo chamava o povo a si mesmo e ao Espírito Santo, como a maneira de Deus cumprir a sua vontade, e dos fiéis receberem a bênção divina e a vida eterna.
2. Sua vida e ministério. A Palavra profética diz que:
a) O Messias iniciaria seu Ministério na Galiléia(Is 9:1). Falando sobre o nascimento e o reino do Príncipe da Paz – Jesus, o Messias -, o profeta Isaías revelou profeticamente (mais de sete séculos antes do fato acontecer) onde o nosso Salvador iniciaria seu ministério. O cumprimento em Jesus: Mt 4:12-13, 17.
b) O Messias realizaria milagres(Is 32:3-4; 35:5,6). Esta foi outra grande profecia messiânica de Isaías, ao falar sobre o reinado do justo Rei. Não haveria dúvidas quanto aos seus milagres. O cumprimento em Jesus - Os milagres realizados por Jesus Cristo durante o Seu ministério maravilharam todo o povo: Mt 9:32-35; 11:1-5.
c) O Messias usaria parábolas nos Seus ensinos (Sl 78:2). O cumprimento em Jesus: Mt 13:3-4.
d) Ele seria traído por um amigo (Sl 41:9; 55:12-14). Cerca de 1000 anos antes do nascimento de Jesus, o salmista Davi que o Messias seria traído. Trata-se de uma profecia que teria o seu cumprimento na traição de Judas a Jesus: Mt 10:4; João 13:21; cf Mt 26:47-50.
e) Seria vendido por 30 moedas de prata(Zc 11:12). Tendo iniciado o seu ministério profético 520 anos antes do nascimento de Cristo, o profeta Zacarias inspirado pelo Espírito Santo, profetizou que isso iria acontecer com o Messias. Jesus foi vendido aos seus inimigos por Judas Iscariotes pelo preço de 30 moedas de prata: Mt 26:15.
f) Com as 30 moedas de prata seria comprado o campo do oleiro(Zc 11:13). Devemos observar que, segundo o profeta Zacarias, as moedas foram “lançadas ao oleiro”. Ora, segundo a concepção judaica, o oleiro era aquele profissional que criava artigos de pouco valor. Jesus Cristo seria vendido por um preço humilhante, e a desprezível quantia seria arrojada na Casa do Senhor, aos pés de um oleiro. O cumprimento em Jesus - O dinheiro pelo qual Judas vendeu Jesus, foi empregado em algo que tinha relação com um oleiro: Mt 26:6-7.
g) Jesus seria abandonado por seus discípulos(Zc 13:7b). A prisão e morte de Jesus e sua imediata consequencia sobre o estado de ânimo dos discípulos também foram profetizados por Zacarias. O cumprimento - Jesus sabia que seria abandonado. Mateus e Marcos registraram o cumprimento dessa profecia: Mt 26:31, 56; Mc 14:50.
3. Seu sofrimento, morte e ressurreição (At 3:18,26). O Antigo Testamento anunciou com abundância de detalhes a paixão de Cristo, principalmente o capítulo 53 de Isaías e o Salmo 22. Todavia, Deus prometeu ressuscitá-lo da morte (Sl 16.10).
a) A morte vicária de Cristo. A morte de Cristo era necessária, conforme explicou Jesus: “importava que o Filho de Deus padecessem muito”(Mc 8:31 a). Deus, em sua santidade, exigia a penalidade do pecado. Nos sacrifícios do Antigo Testamento era indispensável uma vitima para ser oferecida pelo o pecado, mas era uma oferta imperfeita, pois só apenas cobria o pecado, não o extinguia; agora surge o sacrifício perfeito do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”(João 1:29). O sacrifício no Antigo testamento era realizado em substituição ao pecador, assim o Cordeiro de Deus, santo, imaculado, assumiu o nosso lugar. O que seria o Evangelho sem a morte de Nosso Senhor? Nem Evangelho haveria; ela é a garantia de nossa vida eterna.
b) A ressurreição de Jesus. A ressurreição de Cristo é a principal doutrina do Novo Testamento. Ela foi testemunhada por muitas pessoas: “A este ressuscitou Deus ao terceiro dia e fez que se manifestasse, não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10.41). Os apóstolos não deixavam de ensinar esse fato: “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça” (At. 4.33).
CONCLUSÂO
Vimos, portanto, que Jesus é o começo e o fim do Antigo Testamento, cujos livros concentram-se no Messias. Ele é o centro das Escrituras Sagradas. Sendo assim, os 66 livros da Bíblia podem ser resumidos da seguinte forma: Todo o Antigo Testamento trata da preparação do mundo para a vinda de Cristo; Os Evangelhos tratam da manifestação de Cristo ao mundo, como o Rei e Redentor; Os Atos dos apóstolos tratam da propagação de Cristo por meio da Igreja. As Epístolas tratam da explanação de Cristo, dando os detalhes da doutrina; O Apocalipse trata do casamento de Cristo e a Igreja e a consumação de todas as coisas. Disse Jesus: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”(João 5:39).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia - Isaias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 1. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee

Um comentário:

  1. Parabens,irmão luciano.Todo esforço e dedicação merece ser parabenizado.Deus continue te dando sabedoria .Estou acessando pela primeira vez teu comentário,e já me tornei um intercessor a teu favor,só Deus sabe o quanto isso me ajudou.

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