Texto Base: 1Coríntios 12.4-10; 14.1-5
"Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação" (1 Co 14.3).
"Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação" (1 Co 14.3).
INTRODUÇÃO
A profecia, como um dom espiritual de expressão verbal, mostrada no Novo Testamento(1Co 12:10), não tem a mesma autoridade canônica das Escrituras (2 Pe 1.20), que são infalíveis. Portanto, deve ser julgada (1Co 14.29). A autêntica profecia é uma revelação divina, pois trata-se de um oráculo vindo da parte de Deus; porém, em nossos dias muitas pessoas falam de si mesmas palavras boas como se estas fossem verdadeiras profecias, e ainda motivam outras pessoas a fazerem o mesmo. Escutamos frequentemente: “Eu profetizo sobre a tua vida!”; “Profetize pra seu irmão”. A Bíblia ensina que a profecia não depende do "EU" querer: “... porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirado pelo Espírito Santo”(2Pe 1:21). É bom observarmos que os profetas autênticos de Deus não usaram esse famigerado clichê; ao contrário, quando profetizavam, diziam: “Assim veio a mim a palavra do Senhor...” (Jr 1:4); “Assim diz o Senhor...” (Jr 2:5; Is 56:1; 66:1); “Ouví a palavra do Senhor...” (Jr 2:4); “E veio a mim a palavra do Senhor”(Jr 2:1; 16:1). Portanto, desejar uma bênção para o próximo ou ter palavras de vitória jamais poderá invocar o dom de profecia sob pena de não estar falando inspirado por Deus. Os verdadeiros profetas falavam o que recebiam do Senhor: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pe 1:21). Portanto, à luz da Bíblia, nem todas as pessoas são profetas (1Co 12:29), e a vontade do homem, por mais bondosa que seja, não pode originar uma profecia verdadeira.
I. OS DONS ESPIRITUAIS
Os Dons de natureza Espiritual são destinados aos homens espirituais, ou seja, aqueles que receberam vida espiritual através do Novo Nascimento. As pessoas, lá fora, possuem os Dons Naturais, porém, os espirituais são destinados à Igreja. Diríamos que a condição para o uso dos Dons Espirituais é a apresentação do corpo “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”, ou seja, uma vida colocada no altar, uma vida de consagração a Deus, uma vida de santificação. O Senhor Nosso Deus usa vasos limpos, ou purificados, vasos que não estejam em conformidade com o mundo.
1. O que são os Dons espirituais. São dotações e capacitações sobrenaturais que o Senhor Jesus, por intermédio do Espírito Santo, outorga à sua Igreja, visando a expansão universal da sua obra e a edificação dos santos. O crente que crê na operação ainda hoje do Espírito Santo como agente transmissor de poder divino na pregação do Evangelho é um crente que crê no Evangelho completo, pois a pregação do evangelho abrange não só a notícia de que Jesus é o Senhor e Salvador do mundo e que é preciso nEle crer para alcançar o perdão dos pecados e a salvação da alma, obtendo, assim, a vida eterna, como também esta mensagem é confirmada da parte de Deus mediante a operação do Seu poder, através dos dons espirituais, cuja recepção se torna possível em virtude do revestimento de poder, do mergulho, da imersão do ser do crente no fogo do Espírito de Deus, no seu completo envolvimento com a terceira Pessoa da Trindade Divina.
2. Conceito. Os Dons espirituais são chamados, no original grego, de "charismata", palavra que significa "graças", ou seja, os Dons espirituais são dádivas, são favores imerecidos que Deus concede aos homens que estão dispostos a servi-lo. A verificação do significado da palavra "charismata" é muito importante, pois demonstra, de forma cabal, que os dons espirituais são concessões divinas, decorrem do exercício da Sua infinita misericórdia, não havendo, portanto, qualquer merecimento, qualquer mérito por parte daqueles que são aquinhoados pelo Espírito Santo com um dom espiritual.
O dom espiritual é concedido não porque alguém seja mais espiritual ou melhor do que outro, mas em virtude da soberana vontade do Senhor. Quem o diz não somos nós, mas a própria Palavra de Deus: "Mas um só mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”(1Co.12:11). Muitos são os que acham que os portadores de Dons espirituais são crentes superiores aos demais, que têm um nível maior de espiritualidade e que, em razão disto, desfrutam de uma posição diferenciada no meio da comunidade. Este pensamento, inclusive, tem feito com que muitos crentes andem à procura destes irmãos a fim de que obtenham curas divinas, maravilhas, sinais ou profecias, num comportamento totalmente contrário ao que determina a Palavra de Deus, que ensina que os sinais seguem os crentes e não os crentes correm atrás de sinais (Mc.16:17,20). Jesus não aprovou esta conduta, típica dos judeus formalistas e descrentes (Mt 12:38,39). Nenhum outro sinal deve-se buscar, como disse nosso Senhor e Salvador, senão a Sua ressurreição, que é a garantia da aceitação do Seu sacrifício e do perdão dos nossos pecados.
3. O falso ensino dos cessacionistas. Uma corrente da teoria cessacionista deduz, erradamente, que os Dons espirituais cessaram após a era apostólica, pois o Evangelho, de acordo com a geografia daqueles dias, já havia chegado aos confins da terra (At 1.8; 13.47). Afirma que os Dons do Espírito são habilidades naturais, santificadas e aperfeiçoadas por Deus após a conversão do indivíduo. Uma outra corrente acredita que os Dons espirituais não são para os tempos hodiernos, mas estiveram restritos ao período apostólico. No entanto, ao lermos as Sagradas Escrituras, não encontramos qualquer evidência de que os Dons do Espírito tenham cessado com a morte dos apóstolos e muito menos de que se trata de talentos humanos santificados. O argumento antipentecostal é fundamentado na hermenêutica naturalista, que nega qualquer elemento sobrenatural nas Escrituras. Portanto, a dedução dos cessacionistas não é possível e nem necessária como método de interpretação do Novo Testamento.
A atualidade dos Dons espirituais é confirmada pela Escritura e experiência cristã. O apóstolo Paulo diz que os propósitos dos dons, especificamente, é o de fortalecer a igreja (1Co 14.3,4, 26). Se os Dons cessaram após a morte dos apóstolos, por que Paulo escreveria a igreja de Corinto para que buscassem ardentemente os dons e zelassem por ele, sabendo que os dons não durariam mais do que 50 anos? Não há qualquer analogia plausível para sustentar tal absurdo. A experiência pentecostal de incontáveis cristãos, em todas as épocas e lugares, é evidência complementar da atualidade dos dons conforme a verdade bíblica.
4. Os Dons são dados como instrumentos de Trabalho.
a) Os Dons Espirituais não são presentes. Deus capacita o homem através da concessão de seus dons. Isto nos faz entender que os Dons não são presentes de Deus ao homem, ou à Igreja, conforme muitos afirmam. Presentes, tal como os Dons, nós recebemos, gratuitamente. Porém, o presente uma vez recebido torna-se propriedade nossa. A pessoa que o dá perde o controle sobre o mesmo. O que recebe pode fazer do presente o que quiser. É seu! Se gostar, pode usar; não gostando, pode dar-lhe o fim que pretender, pois ele é o dono da coisa recebida. Com os Dons é diferente, eles são dados como Instrumentos de Trabalho - “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”(1Co 12:7).
Os Dons são dados não como se dá uma jóia para ser usada como adorno, ou enfeite; não é, também, uma medalha usada como condecoração para ser exibida no peito, e que só serve para chamar a atenção para a pessoa que a usa. Sendo instrumento de trabalho, usar, ou não usar o Dom, não é uma questão de querer; Deus dá para ser usado!
b) Aquele que recebe um Dom e não usa, pode ser responsabilizado. O mesmo pode acontecer com aquele que usa o Dom, não na obra de Deus, mas, para satisfazer algum interesse pessoal, e particular. Vemos a comprovação do que estamos afirmando exposta por Jesus, nas Parábolas dos Talentos e das Minas(Mt 25:14-30 e Lucas 10:11-27). Nem os Talentos, nem as Minas foram dados como presentes aos seus amigos. Foram, na verdade, dados aos servos para que fossem usados de acordo com os interesses do Senhor, o legitimo dono dos Talentos e das Minas. Contudo, um dos servos, ou não entendeu, ou foi negligente, pois, resolveu não trabalhar com o valor recebido – “...cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor”(Mt 25:18). Perceba a expressão “o dinheiro do seu senhor”. Da mesma forma os Dons de Deus não se tornam propriedade daquele que os recebe. São dados para serem usados na Obra de Deus.
A negligencia pela não utilização ou pelo uso indevido por parte de quem recebe o Dom resultará em conseqüências negativas quando o dono voltar, tal como aconteceu naquelas duas Parábolas referidas: “Lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá planto e ranger de dentes”(Mt 25:30).
Assim, meu irmão, se você recebeu um, ou mais Dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na Obra de Deus. Tampouco, você não pode enterrá-los. PENSE NISSO!
c) O Dom é concedido conforme a capacidade e habilidade no seu uso. Voltamos a afirmar que os Dons de Deus não são dados como presentes, mas, como Instrumentos de Trabalho para serem usados na Obra de Deus. Eles são dados “...conforme a medida da fé que Deus repartiu à cada um”, e, no caso dos Dons espirituais, eles são distribuídos pelo Espírito Santo “...a cada um para o que for útil”(1Co 12:7). Portanto, cada um recebe segundo a sua capacidade e habilidade no seu uso.
O Senhor Deus conhece essa capacidade e habilidade de cada um. Um estetoscópio é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um médico. Porém, não terá nenhuma serventia nas mãos de um pedreiro. Da mesma forma um prumo é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um pedreiro, porém, de nada servirá nas mãos de um médico.
O Espírito Santo dá o instrumento à pessoa certa. Àquela que tem condições de usá-lo. Assim, se você recebeu um Dom é porque você pode e deve usá-lo em beneficio da Obra de Deus, nunca em beneficio pessoal, porque você é um servo. Portanto, se você receber um Dom e não usá-lo, ou se usá-lo diferente do que é exigido pela Bíblia, você não será considerado inocente!
5. A lista dos dons espirituais e uma ilustração. É comumente dito que os dons espirituais são nove, dizer este que se baseia na lista mais completa de dons espirituais que se encontra no Novo Testamento, que se encontra em 1Co 12:8-10. Entretanto, além desta relação, que é a mais conhecida e a mais pormenorizada, temos, também, a relação constante de Rm 12:6-8, que não é uma relação tão completa quanto a primeira e que parece misturar dons espirituais com dons ministeriais (até porque o texto não é específico com relação aos dons espirituais como é o anteriormente mencionado). Mesmo se levarmos em consideração apenas a relação de 1Coríntios, não podemos nos esquecer de que um dos itens da relação fala dos "dons de curar" (1Co 12:9), dando a entender, portanto, que há mais de um dom de curar, o que torna, também, precário o entendimento de que os dons espirituais sejam apenas nove. Assim, não podemos afirmar com respaldo bíblico que somente haja nove dons espirituais. Entretanto, tal posição bíblica não pode servir de base para que se adicionem outros dons de modo aleatório e sem qualquer respaldo escriturístico, manifestações que, no mais das vezes, não se coadunam com os propósitos e finalidades dos dons espirituais, cuja presença na igreja, inevitavelmente, trará edificação espiritual, consolação, exortação e um maior envolvimento da igreja local com o Senhor e a Sua obra.
Tomando-se, porém, a relação mais minudente das Escrituras, podemos dividir os dons espirituais em três categorias, a saber:
a) dons de poder: fé, dons de curar, operação de maravilhas. São dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas efetuem demonstrações sobrenaturais do poder divino, com a realização de milagres, de maravilhas e de coisas extraordinárias, que confirmem a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da igreja. São evidências da onipotência divina no meio do Seu povo.
b) dons de ciência: palavra da sabedoria, palavra da ciência, dom de discernir os espíritos. São dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada Lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu povo.
c) dons de elocução ou de fala: variedade de línguas, interpretação de línguas e profecia. São dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. São evidências da onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.
Observamos, portanto, que cada dom espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus; tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção a Jerusalém celestial. Tem-se, portanto, no exercício dos dons espirituais, uma inequívoca demonstração do poder de Deus (1Co 2:4), mas sem qualquer oportunidade de exibicionismo ou de glorificação humana, mas única e exclusivamente para a glória de Deus e para pregação do Cristo crucificado (1Co 2:2).
É com base nesta peculiar circunstância que podemos identificar e repudiar todas as inovações que hoje contagiam muitas igrejas locais, em especial os “novos dons” e a tão desejada e nunca explicada “nova unção”. Não existe apoio bíblico para determinadas manifestações que são puras heresias e demonstrações claras de manifestações diabólicas, como os ditos “dons” da “risada santa”, do “cair pelo Espírito”, do “dom de lagartixa”, do “vômito santo” e outras “neobobagens pentecostais”, como bem denominou o jornalista cristão Jozadak Pereira.
II. A IMPORTÂNCIA DO AMOR
O amor é imprescindível para quem diz ser filho de Deus. É como se fosse o próprio DNA espiritual do cristão sincero e verdadeiro. Devemos observar que este amor não é apenas a essência da comunhão entre Deus e o homem, o próprio núcleo da vida espiritual, mas é, como afirma Paulo, a primeira virtude do fruto do Espírito (Gl 5:22), ou seja, necessariamente este amor tem de se traduzir em atitudes, em ações, tem de se manifestar fora do indivíduo. Não foi por outra razão que Deus, ao entregar a Moisés a lei, estabeleceu que o resumo de todos os mandamentos fosse “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder”(Dt 6:5). Só assim poderia haver a guarda de todos os mandamentos e, por conseguinte, temor a Deus (cfr. Dt 6:1,2), mandamento este que foi endossado por Cristo, quando indagado a respeito do que era mais importante na lei (Mt 22:37).
O amor é a marca registrada do cristão, conforme afirmou o próprio Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(João 13:35).
O amor é, também, o distintivo do filho de Deus – “Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei o bem... e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo...” (Lc 6:35).
A falta de amor que paira sobre as pessoas que não são salvas, que realmente é uma característica dos que não temem a Deus, tem, infelizmente, se alastrado em muitos que se dizem ser cristão. A crescente onda do mal tem distorcido a visão das pessoas de tal forma que aquilo que é malévolo parece banal. Isso está ocasionando a insensibilidade e o esfriamento do amor, infelizmente, até mesmo entre os cristãos. A falta de amor é um dos principais fatores da mornidão espiritual que avança no meio dos que cristãos se dizem ser.
Quando aceitamos a Cristo, o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5:5); das virtudes cristãs, é a mais importante (1Co 13:13). Assim, não podemos, em hipótese alguma, permitir que esta virtude, esta disposição de caráter, esta força que nos impulsiona a tomar as atitudes do dia-a-dia, desapareça de nossas vidas, por causa da multiplicação do pecado.
Portanto, o amor é o que nos distingue como filhos de Deus; não é o dom de profecia, o poder de falar em nome de Deus ou de realizar curas, etc. De que adianta ao crente ser dotado de todos os dons espirituais e até demonstrar auto-sacrifício, se ele não pratica o amor de Deus em sua vida cotidiana? Os dons são temporários e não distribuídos a todos os crentes, mas o amor é uma virtude permanente e deve existir em todos os crentes indistintamente, pois ele é o “cartão de identidade” do autêntico cristão (1João 4:8; Rm 5:5,8).
O apóstolo Paulo afirma em 1Co 13:2 que sem o genuíno amor de Deus operando em nossos corações, os mais destacados dons tornam-se ineficazes – “E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria”.
Uma pessoa pode receber revelações maravilhosas de Deus; pode entender os grandes mistérios divinos, verdades extraordinárias até então ocultas, mas agora reveladas a esse indivíduo; grande ciência pode lhe ser concedida de forma sobrenatural; pode receber a fé heróica que é capaz de transportar montes. Se, porém, esses dons maravilhosos forem usados apenas em benefício próprio, e não para a edificação dos membros do Corpo de Cristo, não têm absolutamente nenhum valor e quem os possui não é nada, ou seja, não é de nenhuma ajuda para os outros.
Outrossim, o apóstolo Paulo nos chama atenção de ainda que ele entregasse todos os seus bens para alimentar os pobres, ou mesmo que entregasse seu próprio corpo para ser queimado, esses atos de grande coragem só lhe seriam proveitosos se fossem realizados em espírito de amor (1Co 13:3). Se estivesse apenas tentando chamar a atenção, sua demonstração de virtude não teria nenhum valor.
Jesus deu poder aos seus discípulos, enviou o Consolador, mas deixou claro que seríamos conhecidos como seus discípulos se amássemos uns aos outros(João 13:35). Deus sabe que somos todos diferentes, física e psicologicamente falando. Havia diferença também entre os discípulos, mas o Senhor ordenou que amassem uns aos outros. O novo mandamento – de demonstrar o amor - é a diferença cristã em um mundo egoísta e vingativo.
III. O DOM DE PROFECIA (1Co 14.3)
O dom de profecia é concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para trazer mensagens de Deus com a finalidade de edificar, exortar e consolar a igreja – este é o tríplice propósito da profecia neotestamentária. É uma demonstração de que Deus está conosco a todo instante e que compartilha de nossos sentimentos, fazendo questão de lhos manifestar para que, sentindo a Sua compaixão, ajamos de acordo com a Sua vontade. Ao dizer que o profeta edifica, exorta e consola, o apóstolo Paulo não fornece uma definição, apenas cita os resultados da mensagem transmitida em uma linguagem que as pessoas conhecem. Ao contrário do dom de Línguas, o qual, sem interpretação, beneficia somente à pessoa contemplada com este dom.
Quando as línguas não são interpretadas, só Deus as entende. Nesse sentido aquele que fala em línguas "não fala aos homens, se não a Deus". Por conseguinte, ninguém na congregação entende o que é dito ou aprende algo. Ainda que o espírito humano seja suscetível ao Espírito de Deus, e o que fala em línguas esteja sendo edificado, tudo o que é dito permanece em "mistérios". De nada adiantará alguém apresentar verdades maravilhosas nunca antes reveladas se estas não forem inteligíveis.
1. Edificação. O dom de profecia na igreja é originado pelo Espírito Santo, não para predizer o futuro, mas para fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. Na edificação os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conformem com este mundo (Rm 12:2-8). Neste processo, os crentes são edificados na santificação, no amor a Deus, no bem-estar do próximo, na pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera. Por isso, todas as profecias devem ser devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à igreja nem abalar a fé daqueles que ainda não possui uma firme edificação.
2. Exortação. A exortação é outra função da profecia que tem por sinônimo o encorajamento divino para os servos de Deus. Significa, também, ajudar, assistir, incentivar, estimular, animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar. Todos esses significados revelam a missão da profecia, pois o Espírito inspira o profeta a animar, despertar, alertar e falar palavras de encorajamento tanto à Igreja como a alguém em particular.
3. Consolação. A consolação é o terceiro propósito da profecia do Novo Testamento. Tendo em vista o fato de que estamos em um mundo decaído, que pode nos tirar a esperança e a alegria, esta função é indispensável para o fortalecimento da fé do povo de Deus.
Na vida terrena, temos, sempre, aflições, como nos disse o Senhor Jesus, mas é necessário que tenhamos sempre bom ânimo. Este ânimo é dado pelo Senhor e, portanto, é fundamental que as pessoas a quem o Senhor tem concedido este dom o exercitem, de modo a impedir que os crentes sejam tomados pelo desânimo, em especial nos instantes de aumento da iniqüidade como os vividos pela Igreja neste período imediatamente anterior à vinda do Senhor.
O bom ânimo, a disposição, é fundamental para que se faça algo na obra do Senhor. Quem nos mostra é o próprio Deus, que deu palavras de ânimo a Josué antes que se iniciasse, efetivamente, a sua gestão diante do povo de Israel(Js 1:6), como também o conselho que Davi, homem segundo o coração de Deus, ministrou a seu filho Salomão, pouco antes de morrer e após ter mandado aclamá-lo como novo rei sobre Israel(1Cr 22:13; 28:20), ou palavras de Jesus em algumas ocasiões (Mt 9:2,22; Mc 6:50; Lc 8:48). Paulo, também, usou deste dom no retorno às igrejas que fundara ao término da sua primeira viagem missionária (At 14:22).
CONCLUSÂO
Diante do que foi exposto somos cônscios de que os Dons espirituais são imprescindíveis à Igreja nos dias de hoje e que devemos buscá-los com dedicação, principalmente o dom de Profecia (1Co 14:1). Apesar de ser verdade que os dons são distribuídos pelo Espírito conforme lhe apraz, também é fato que podemos pedir os dons que serão mais valiosos para a igreja local. Por isso, o apóstolo Paulo sugere que o dom de profecia é particularmente desejável.
Quem recebe um dom espiritual deve estar consciente que, em razão deste dom, não foi feito melhor dos que os demais irmãos, mas, bem ao contrário, foi-lhe dada uma responsabilidade ainda maior, de forma que deverá, sempre, usar este dom conforme a vontade do Senhor e de acordo com as Escrituras, pois deve sempre exercer este dom para a glória do nome do Senhor. Infelizmente é comum medirmos o grau de espiritualidade de um crente pela quantidade de dons que ele possui ou pelo fato de ele "ser muito usado por Deus". Entretanto, a Bíblia nos mostra o caminho mais excelente: o amor. Não é por acaso que Paulo associa dons, amor e Corpo de Cristo num mesmo tratado. Uma igreja pode reunir todos os dons espirituais, no entanto, se não tiver amor, ela não terá utilidade nenhuma no Reino de Deus (1Co 13.3). O dom deve ser usado livre de escândalos, engano, falsificação, e dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua (1Co 14.26-40). Amém!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee. Os Dons do Espírito Santo - Caramuru Afonso Francisco.
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