terça-feira, 12 de outubro de 2010

Aula 03 - A ORAÇÃO SÁBIA

Texto Base: 2Cr 6:12,21,36,38,39
“E, acabando Salomão de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do Senhor encheu a casa”(2Cr 7:1).

INTRODUÇÃO
Como podemos avaliar se uma oração é sábia? É claro que nós não podemos estipular algum parâmetro que possamos tomar como referencia para dizermos com precisão: “esta oração se enquadra dentro do parâmetro estabelecido, logo é uma oração sábia”, não. O Espírito Santo é o avaliador da oração; Ele ajuda as nossas fraquezas e aperfeiçoa os ingredientes certos do incenso (a nossa oração) a ser posto diante do Deus Pai(ler Rm 8:26). Todavia, não podemos deixar de destacar que a melhor maneira de apelarmos a Deus é quando vamos a Ele como servos. Muitos querem determinar que Deus faça isto ou aquilo, ao seu bel prazer, esquecendo-se que o Senhor nos ensina a servidão. Uma condição basilar a uma oração sábia e eficaz não deixa de ser a que nos comportemos diante do nosso Senhor com um coração de servo. Ser servo, humilde, submisso é essencial e indispensável para estarmos diante do Senhor em oração; é a essência do caráter cristão. Davi tinha um coração de servo! Deus mesmo o chamou de servo(Sl 78:70; 89:20). Jesus é o maior exemplo de servo humilde e obediente(João 4:34; Fp 2:5-8).
I. VIVENDO A DIFERENÇA
Salomão viveu num lar marcado por sucessivos problemas morais. Davi foi cuidadoso em construir um reino, trabalhou arduamente para isso. Como líder e administrador da monarquia, ele se saiu muito bem, todavia, quase nada vemos ser feito dentro de casa. Havia um dualismo reino-família que pareciam ser mutuamente excludentes. Os maiores inimigos de Davi não foram as nações vizinhas, mas uma anarquia generalizada que se instaurou dentro de sua própria casa: Amnon estupra sua irmã; Absalão mata seu irmão; as concubinas do rei são possuídas sexualmente pelo seu próprio filho; Adonias usurpa o trono, etc. São todos fatos de certa forma ligados à vida familiar. Uma família desestruturada assemelha-se a um trem que descarrilou; é uma tragédia. O que podemos dizer com segurança é que Davi se saiu muito bem como rei, mas o mesmo não pode ser dito como pai. Davi estruturou o seu reino, mas deixou sua casa ruir. Não adianta ganhar tudo e perder a família. Já ouvi alguém dizer acertadamente que nenhum sucesso justifica o fracasso da família.
O apóstolo Paulo bem disse em 1Corintios 16:19, quando se refere a um casal de crentes da Igreja Primitiva: “... muito vos saúdam Áquila e Priscila e, bem assim, a Igreja que está na casa deles”. A nossa casa deve ser uma extensão do Reino de Deus e o Reino de Deus precisa estar dentro de nossa casa. Um não pode existir sem o outro.
Conquanto tenha falhado na educação dos seus filhos por se dedicar ao reino de Israel, Davi deixou um legado, que foi referência na vida de Salomão: o legado espiritual. O próprio Salomão testemunhou isso, quando o Senhor lhe apareceu em sonho em Gibeão: “E disse Salomão: De grande beneficência usaste tu com teu servo Davi, meu pai, como também ele andou contigo em verdade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua face; e guardaste-lhe esta grande beneficência e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como se vê neste dia”(1Rs 3:6). Líder justo e inteiramente devotado a seu povo, Davi foi, acima de tudo, um homem da mais profunda fé, responsável por abrir as portas do arrependimento para todas as gerações futuras. Ele deixou a todos os judeus e a toda a humanidade, um legado de fé e coragem, bem como a dinastia real de Israel da qual viria o Messias.
Ao longo de sua vida, Davi demonstrou por diversas vezes que era dependente da orientação divina para realização de suas conquistas e de seus planos (1Sm 23.2; 30.8; 2Sm 2.1). E ele sabia que para o seu sucessor obter êxito no seu governo era necessário uma dependência total aos ditames da Palavra de Deus. Por isso, antes de morrer, deu a Salomão suas últimas instruções: “E tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai e serve-o com um coração perfeito e com uma alma voluntária; porque esquadrinha o Senhor todos os corações e entende todas as imaginações dos pensamentos; se o buscares, será achado de ti; porém, se o deixares, rejeitar-te-á para sempre” (1Cr 28:9). Esse aviso foi bastante instrutivo, firme e contundente; e cabia a Salomão, juntamente com seus súditos, observar esse importante legado. E o povo de Israel não ficou livre dessa advertência, pois antes disso Davi lembrou ao povo a guardar todos os mandamentos do Senhor (1Cr 28.8).
Salomão levou em consideração o legado espiritual deixado por seu pai Davi. Ele começou seu reinado com fé no Senhor e amor a Ele(1Reis 3:3). Como uma demonstração de seu caráter piedoso, ele foi a Gibeão para lá sacrificar ao Senhor, e sacrificou mil holocaustos(1Rs 3:4). Nesse local apareceu-lhe o Senhor de noite, em sonho, e disse-lhe: “Pede o que quiseres que te dê”. Diante dessa oportunidade inigualável, Salomão proferiu uma das mais belas orações da Bíblia; uma oração que agradou a Deus (1Rs 3:10). Ele orou pedindo sabedoria e um coração entendido isto é, capacidade para tomar decisões coerentes com a verdade revelada na Lei de Moisés(1Rs 3:5-9). Com esse pedido, Salomão demonstrou reconhecer três verdades importantíssimas: (1) ele era humanamente incapaz de governar Israel; (2) seu sucesso dependia única e exclusivamente do favor de Deus; e (3) o povo de Israel não era propriedade sua, e sim do próprio Jeová, Deus de Israel. Deus se agradou de seu pedido(1Rs 3:10) e atendeu sua oração(1Rs 3:11-14). Todavia, o dom da sabedoria que Deus deu a Salomão não era uma garantia de que ele sempre andaria em retidão. Por essa razão, Deus acentuou que a vida longa de Salomão dependeria de “andares nos meus caminhos”(1Rs 3:14). A infidelidade de Salomão posteriormente, impediu a realização integral da vontade de Deus na sua vida(1Rs 11:1-8).
A oração de Salomão na inauguração do Templo(1Rs 8.1—9.9; 2Cr 5—7). Durante sete anos e meio Salomão construiu o Templo – entre o quarto ano do seu reinado, até o décimo primeiro ano(1Rs 6:37,38). Quando o Templo ficou todo pronto, Salomão convocou todo o Israel para uma grande festa de dedicação. Ele convocou os principais líderes do povo e todo o povo, e ordenou o translado da Arca da Aliança para o Templo. No dia do cortejo, que foi feito com grande pompa, em que todos os sacerdotes e levitas cantavam salmos e o povo festejava, foi imolado um imenso número de ovelhas e bois em sacrifício. A Arca foi colocada no local chamado de Santo dos Santos, sendo que aí somente uma vez por ano era permitida a entrada do sumo sacerdote. Depois de um breve discurso (2Cr 6:1-11), Salomão se dirigiu a Deus, com uma das mais belas orações da Bíblia (2Cr 6:14-42). Depois da dedicação do Templo, o Senhor apareceu mais uma vez a Salomão e ordenou que ele obedecesse à Lei e conduzisse o povo à obediência, com a promessa de que, sob estas condições, os olhos do Senhor estariam sempre sobre aquele lugar, mas caso Israel desobedecesse, seria submetido à severa disciplina (1Rs 9:1-9; 2Cr 7:11-22).
Davi começou muito bem; esteve muito mal, cometendo pecados terríveis, mas soube se erguer, não se deu por vencido; terminou os seus dias em comunhão com Deus, a ponto de o Senhor se agradar em fazer um pacto com ele, e prometer que o seu reino não teria fim. Com Salomão, infelizmente, os seus dias finais foram uma decepção, o que resultou na divisão do reino de Israel.
O que é mais admirável num crente não são os dons e prováveis unções que ele aufere, mas a capacidade espiritual de ultrapassar e vencer as barreiras inibidoras de sua jornada até ao alvo pretendido. A nossa maratona é de resistência. Não há classificação na chegada, mas há grande recompensa quem resistiu os obstáculos e chegou até o fim. Quem chegar no final da maratona será premiado. A maratona só termina com a glorificação do crente, e ela não acontece aqui na terra.
II. AS CARACTERISTICAS DA ORAÇÃO DE SALOMÃO
1. Salomão confessou que Deus é único(2Cr 6:14 –“e disse: Ó Senhor, Deus de Israel, não há Deus semelhante a ti, nem nos céus nem na terra, como tu, que guardas o concerto e a beneficência aos teus servos que caminham perante ti de todo o seu coração”. Salomão proferiu estas palavras ajoelhado(2Cr 6:13), como sinal de reverência e de submissão ao Deus supremo e único. Naquela época, era bastante incomum que um rei se ajoelhasse perante outro, sobretudo diante de seus súditos, porque o ato significava submissão a uma autoridade superior. Salomão demonstrou seu grande amor, submissão e respeito por Deus ao ajoelhar-se diante dele. Sua atitude revelou que reconhecia Deus como supremo Rei e Autoridade; isto encorajou o povo a fazer o mesmo.
A Bíblia Sagrada mostra-nos, com absoluta clareza, que, além de existir, Deus é único. Os estudiosos e historiadores ficam a indagar porque o povo hebreu chegou, ao contrário de todos os povos à sua volta, à concepção de um único Deus, mas, a verdade, como sabemos, é que isto não foi fruto de qualquer mente humana, mas o resultado da revelação divina, que, desde quando chamou Abrão para que saísse de Ur dos caldeus, revelou-Se ser um único Deus(Gn 15:7; Ne 9:7).
Moisés proferiu, também, que Deus é único: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor”(Dt 6:4). Deus, através de Isaias, foi enfático: ”Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim”(Is 46:9). Jesus em sua oração sacerdotal também fez menção deste fato(João 17:3). O apóstolo Paulo também fez menção de que Deus é único(Rm 16:17; 1Tm 1:17). Judas versículo 25: “ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”!.
2. Salomão proclama a fidelidade de Deus(2Cr 6:14,15) – “que guardaste ao teu servo Davi, meu pai, o que lhe prometeste; porque tu, pela tua boca, o disseste e, pela tua mão, o cumpriste, como se vê neste dia”. Salomão reconheceu que Deus é fiel e soberano sobre tudo; cumpre promessas e é misericordioso para com todos os que têm um coração reto. Ele mesmo, no momento da inauguração do Templo, estava vivendo o cumprimento das ricas e infalíveis promessas divinas feitas a Davi(1Cr 22:9,10; 2Sm 7:12,16).
Todos os pactos constantes na Bíblia que foram firmados entre Deus e o homem sempre tiveram, da parte de Deus, seu pleno cumprimento. No Éden, Deus prometeu vida ao homem enquanto ele não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, o que foi rigorosamente cumprido.
A Noé, Deus prometeu salva-lo do dilúvio, juntamente com sua família, através da arca, o que cumpriu; posteriormente, prometeu nunca mais destruir a Terra com um novo dilúvio, o que tem se cumprido desde então, pois nunca mais houve um dilúvio universal.
A Abraão, homem sem filhos e já idoso, prometeu uma descendência e que dele sairiam povos e reis; Deus tem cumprido este compromisso, como podem testemunhar os milhões de judeus e árabes que hoje existem.
A Israel, Deus prometeu que seria sua propriedade peculiar, seu reino sacerdotal; e tem cumprido até aqui a sua parte no pacto, preservando a nação israelita, apesar da incredulidade dela, ao longo dos séculos, de forma evidentemente miraculosa, como foi a restauração do Estado de Israel na Palestina, como prova de mais um compromisso que Deus tem cumprido, a de entregar a Terra de Canaã a Israel.
A Davi, Deus prometeu que sua descendência governaria eternamente sobre Israel; e sabemos que a vinda de Cristo, que é descendente de Davi e vivo está, é a demonstração do cumprimento desta promessa, pois para sempre o Senhor reinará sobre Israel.
Aos homens pecadores, Deus prometeu perdão dos pecados aos que crerem em Jesus Cristo e tem cumprido este compromisso, como nós mesmos somos testemunhas, pois fomos alcançados por este amor e por este perdão e hoje desfrutamos da comunhão com o Senhor.
À Igreja, Jesus prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela(Mt 16:18), e isto tem sido cumprido, pois a igreja tem prevalecido sobre todas as sórdidas investidas de Satanás. Nosso Deus é Aquele que vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12).
Hoje, a igreja mística do Senhor Jesus espera o cumprimento da mais sublime promessa: a vinda do Senhor para levá-la ao Céu(João 14:1-3; 1Ts 4:17). Com absoluta certeza Ele virá; e, então, estaremos para sempre com Ele na sua glória (Ap 7:17; 21:4)
Portanto, Deus ao falar algo, ao assumir um compromisso, assume um compromisso com Ele mesmo(Is 55:10,11). Ele é fiel, como dizem as Escrituras (1Co1:9; 10:13; 2Co 1:18), ou seja, cumpre a sua Palavra, porque o caráter de Deus diz que Ele não muda (Ml 3:6), é a verdade (Dt.32:4; Jr.10:10), é justo (Ex.9:47; 2Cr.12:6; Sl.11:7) e que, portanto, sua Palavra só pode ser “sim e amém” (2Co 1:20).
3. Salomão era sensível ao bem-estar de seu povo(ler 2Cr 6:14 – 42). Pelas palavras de Salomão podemos observar este sentimento, que é próprio do líder que está em submissão e obediência ao Deus único e verdadeiro. O líder que é temente a Deus busca o melhor possível para os seus liderados, quer no aspecto social, moral ou espiritual. Foi assim com Moisés, com Josué, Samuel, Davi, Neemias e outros homens de Deus ao longo da história do povo de Israel.
Observe as palavras de Salomão dirigidas a Deus em oração, exaradas em 2Cr 6:24-40, solicitando o cuidado especial de Deus sobre o povo que escolhera para que fosse seu, entre todos os povos da terra(1Rs 8:51-53). Todavia, em sua oração, Salomão demonstra consciência de que as bênçãos e as provisões de Deus estão relacionadas a ações concretas no sentido de satisfazer aos requisitos e condições divinos. Esquecer esse fato é orar em vão.
O procedimento espiritual demonstrado por Salomão naquele momento diante do povo de Israel, o qual foi sincero, haja vista que Deus atendeu a sua oração de imediato(2Cr 7:1), deve ser o valor padrão na vida de todos os líderes hodiernos do povo de Deus. O líder cristão deve ser uma pessoa conhecida por meio de sua qualidade espiritual e atitude moral impoluta, e sua autoridade embasada diretamente na Palavra de Deus. Ele deve ser uma pessoa fervorosa em oração! Ele deve ser uma pessoa que vive sob os ditames da Palavra de Deus e através disso desafia os seus liderados a seguir o seu exemplo. O seu modo de vida, de agir, de falar, deve ser inteiramente controlado ou guiado pelo Espírito Santo.
O líder é alguém que deixa uma marca na vida, bem como no coração das pessoas. O seu proceder fará com que alguém sinta o desejo de fazer o que a Palavra de Deus diz. Ele procura causar um impacto na vida dos liderados não para querer receber glória ou querer aparecer, mas para que seja um fruto para toda a eternidade. Salomão, por ocasião da manifestação pública de sua submissão e adoração a Deus, apresentava uma marca visível a todo o povo de Israel, a marca da liderança e da submissão à autoridade de Deus.
III. A ORAÇÃO INTERCESSÓRIA
Orar de forma intercessória indica que entramos na presença de Deus para suplicar por outras pessoas, e que naquele momento não somos o alvo de nossas próprias orações. A oração intercessória é um imperativo; quem não o faz não exerce seu sacerdócio. Paulo é enfático ao dizer: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações e intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens” (1Tm. 2:1). Na verdade, não oferecer oração intercessória a favor de outras pessoas é pecado; o profeta Samuel reconhecia isso: “Quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o SENHOR, deixando de orar por vós...” (1Sm 12:23).
Interceder por alguém é estar na brecha como Ezequiel 22:30 menciona: "Procurei entre eles um homem que erguesse o muro e se pusesse na brecha diante de mim e em favor desta terra, para que eu não a destruísse, mas não encontrei nenhum". A passagem de Ezequiel descreve a intercessão por uma nação inteira na sua rebelião contra Deus.
Portanto, a oração intercessória é puramente uma demonstração de amor, porque é desinteressada; ela se concentra nos outros. Através dela provamos que o bem-estar do semelhante está acima do nosso.
1. No Antigo Testamento. No Antigo Testamento, muitos homens de Deus foram fervorosos na prática da oração intercessória em favor de outrem. Através dela situações foram alteradas e reinos restabelecidos.
Abraão suplicou por Ló e este foi liberto da destruição de Sodoma e Gomorra. Moisés chegou a abdicar de sua bem-aventurança eterna ao interceder pelos filhos de Israel: "Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito" (Êx 32:32); esta sua intercessão foi tão eficaz, que levou Deus a poupar os rebelados israelitas.
Outra demonstração clássica de intercessão está em Números 14; ali é demonstrada uma das melhores narrativas sobre oração intercessória registradas na Bíblia; o povo se rebelou contra Deus provocando-o à ira, mas Moisés prontamente intercedeu pelo povo e Deus o perdoou(Nm 14:19,20).
Samuel orou constantemente pela nação de Israel(1Sm 12:23). Daniel orou pela libertação do seu povo do cativeiro (Dm 9:3). Davi suplicou pelo povo; intercedeu pelo seu filho(ler 2Sm 12:14-23). O patriarca Jó livrou-se de seu cativeiro quando intercedia por seus amigos (Jó 42:7-12).
Jeremias, interceu pelos filhos de Judá, mesmo sabendo que eles achavam-se afastados de Deus e mergulhados numa apostasia crônica. Ele nos dá exemplo de oração intercessória em tempo de calamidade. Trata-se uma oração motivada pela compaixão, pelo sofrimento do seu povo: “Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de dia e não cessem porque a virgem, filha do meu povo, está ferida de grande ferida, de chaga mui dolorosa”(Jr 14:17). A “filha do meu povo” é Jerusalém, mergulhada em grande sofrimento por causa de uma seca prolongada, que provocava uma onda de crimes, de banditismo(Jr 14:18). Jeremias sente que, no meio da desgraça, pode fazer alguma coisa: compadecer-se, sofrer com os outros, interceder por eles. Salomão, em sua oração na dedicação do Templo, demonstrou o mesmo sentimento desses homens de Deus(2Cr 6:24-40).
2. No período interbíblico. Depois do cativeiro Babilônico, Deus continuou, ainda durante um tempo, levantando profetas para não permitir que o povo se mantivesse num indiferentismo em relação às coisas de Deus. Estes profetas foram Ageu, Zacarias e Malaquias. Porém, apesar das mensagens destes profetas o povo judeu manteve-se num indiferentismo e num formalismo que levariam o Senhor a não levantar profetas no meio do povo durante cerca de quatrocentos anos, período que é conhecido como o "período do silêncio" ou "período interbíblico". Todavia, como nunca deixou de existir remanescente fiel a Deus, certamente, nesse período, houve alguém que esteve diante de Deus em temor e tremor, como se pode deduzir pelo capitulo 10 versículo 22 do evangelho de João, ou seja, a “Festa da Dedicação”, em memória à retomada do Templo pelos Macabeus, em 166 a.C., das mãos do rei sírio Antíoco IV, que tinha profanado o Templo de Deus (em 175 a.C). Lucas 2:25-38, também, denota o viver de pessoas piedosas, como Ana(a profetiza) e Simeão(homem justo) e muitos que esperavam a redenção de Jerusalém.
3. Em o Novo Testamento. No Novo Testamento, a Igreja é convocada para orar por nós mesmos (Mt.24:20; 26:41; Mc.13:18,33; Lc.22:40); uns pelos outros (Tg.5:16; Cl 1:3); pelos inimigos da Igreja (Mt.5:44; Lc.6:28); pelos ministros do Evangelho e pela obra do Senhor (Ef.6:19; 1Ts.5:25; Hb.13:18), como também pelas autoridades constituídas (1Tm.2:2), como por todos os homens (1Tm.2:1). Cristo rogou por Seus discípulos e fez especial intercessão por Pedro; também, intercedeu em favor dos seus inimigos (Lc 23:34). A Igreja orou por Pedro preso; Paulo é exemplo de constante intercessão(Cl 1:9-11).
O Novo Testamento declara que somos o sacerdócio santo (1Pe 2:4), o sacerdócio real (1Pedro 2:8) e um reino de sacerdotes (Ap 1:5). Observe que o apóstolo Pedro usa duas palavras para descrever este ministério sacerdotal: "Santo" e "real". Santidade é algo necessário para que possamos comparecer perante o Senhor (Hb 12:14). Somos capazes de fazer isso apenas por causa da justiça de Cristo, não da nossa justiça. “Realeza” faz parte da autoridade majestosa a nós delegada como membros da “família real”, por assim dizer, com acesso legítimo à sala do trono de Deus.
Nos dias pelos quais passamos, em que muitos se têm deixado contaminar pelo amor de si mesmo (2Tm 3:1,2), poucos são os que se dedicam à tarefa intercessória nas igrejas locais. Há, na verdade, uma verdadeira banalização a respeito dos “pedidos de oração” que, em muitos lugares, nem sequer são lidos e que, uma vez apresentados à igreja, são imediatamente “jogados fora”, em cestos de lixo providencialmente colocados nos púlpitos. Não há acompanhamento dos pedidos de oração, não há envolvimento da igreja local no clamor ao Senhor. Urge voltarmos ao primeiro amor (vide At 2:46).
CONCLUSÃO
No exercício da oração intercessória, como cristãos piedosos da fé em Cristo, devemos nos dispor a interceder pela Igreja, pelos que ainda não são Igreja e pelos que a Igreja hão de alcançar. Ajamos assim, e teremos mais resposta dos céus e menos orações frustradas. “Orar e interceder pelos fracos da igreja e pelos perdidos do mundo é importante missão a ser desempenhada pelos que tem no coração o amor de Deus. Não ore de forma mecânica. Ore, suplique e interceda. Há muitos por quem orar!”(Souza, Estevão Ângelo. Guia Básico de Oração).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.

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