sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

SE DEUS NOS AMA POR QUE SOFREMOS?















......”Senhor, está enfermo aquele a quem amas”(JOÃO 11:3)


Este é um dos assuntos mais intrigantes da vida: Se Jesus nos ama, por que sofremos? Não é simples refletir a respeito desta questão do sofrimento do justo.

Os profetas analisaram esta questão e ficaram muitas vezes angustiados com o sofrimento do justo. O profeta Habacuque, num dado momento da sua vida, ficou até desesperado ao perceber como o justo era esmagado, injustiçado e pisado pelo ímpio.

O salmista Asafe, por sua vez, no Salmo 73, entra numa crise espiritual, porque olha de sua janela e vê o ímpio prosperando, tendo saúde, amigos e ele, que é piedoso, é castigado cada manhã, passando por lutas e provações as mais amargas.

Talvez estejamos enfrentando esta crise. Temos andado continuamente com Deus e neste momento estamos passando por dificuldades e aflições indescritíveis. Quem sabe tenhamos perdido o emprego, ou estamos lidando com dramas de enfermidade em nossa casa. Pode ser que estejamos passando por lutas emocionais ou lutas espirituais. Talvez nossa vida esteja sendo encurralada por circunstâncias adversas que fogem ao nosso controle. Talvez estejamos enfrentando como que uma avalanche que desce sobre nós e nos envolve e engole e, então, não sabemos mais o que fazer da vida.

O evangelista João, capítulo 11 de seu evangelho, fala de uma família, mas não era uma família qualquer, mas uma família a qual Jesus amava. Compunha-se de três irmãos: Marta, Maria e Lázaro. Esta família estava enfrentando um drama. Lázaro estava doente. O fato daquela família ser amiga de Jesus não impediu que ela enfrentasse a enfermidade.

O fato de sermos cristãos não significa que temos uma carta de alforria ou um cartão de imunidade das lutas e das provações da vida. Cristianismo não é uma sala vip. O Cristianismo não é um parque de diversões, nem uma colônia de férias. Nós não temos imunidades especiais. Mas temos sim imanência sobrenatural, temos a presença de Jesus conosco.

O profeta Isaias diz: “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque, eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel”(Isaias 43:2-3a).

Deus está conosco no vale da dor. Deus está conosco no leito da enfermidade. Deus está conosco nas agruras, nas intempéries, nas vicissitudes, nas tempestades da vida. Mas quero lhe dizer que as crises, muitas vezes surpreendentes, que não conseguimos controlar, se agigantam, mesmo quando somos pessoas que andam com Deus, da mesma forma que aconteceu com Lázaro. Ele ficou doente e piorou, ao ponto de chegar a morrer.

E não é simples conciliar o amor de Jesus com o sofrimento. Aquela família de Betânia, tão logo Lázaro ficou doente, mandou em recado para Jesus, e mandou um recado na medida certa, com a base certa, dizendo: “Senhor, está enfermo aquele a quem amas”(João 11:3).

Interessante é que eles não disseram: “Aquele que te ama está enfermo, mas aquele a quem amas está enfermo”. Por quê? Porque quem ama tem pressa em socorrer a pessoa amada.

Tenho certeza que Marta dizia para as pessoas que estavam na sua casa: Jesus virá. Ele nunca nos deixou na mão. Ele nunca nos desamparou. Quem sabe as pessoas circunstantes ali diziam: Marta, será que Jesus não vem? Será que ele não vai socorrer vocês na hora de sua aflição? E Marta com firmeza respondia: Ele vem. Ele nunca nos deixou numa situação constrangedora e difícil. Ele vai chegar.

Mas de repente, a Bíblia registra que Lázaro morreu e Jesus não estava lá. Essa é uma crise, essa é uma dor. Essa é uma situação adversa para a qual muitas vezes não temos resposta. Mas vimos que Marta teve que enfrentar o problema da demora de Jesus.

Talvez este seja um dos maiores dramas da vida. Por que Jesus demora? Por que é que as providencias parecem carrancudas? Por que é que algumas situações parecem estar contra nós? Por que é que as coisas ruins acontecem com pessoas boas? Às vezes nos parece que as pessoas que andam na contramão da vontade de Deus colhem providências mais favoráveis.

O texto diz que Jesus Cristo manda um recado para Marta: “Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado”(João 11:4).

Um aspecto interessante é que a Bíblia diz que este mensageiro levou um dia para ir até onde Jesus estava. Quando Jesus recebeu a noticia, Ele permaneceu mais dois dias no lugar onde estava e só depois, no quarto dia, Jesus Cristo vai em direção a Betânia. Quando chega a Betânia, a Bíblia registra que Lázaro já estava morto e sepultado fazia quatro dias. Portanto, isso significa que logo que Marta enviou o emissário até Jesus, Lázaro morreu e foi sepultado naquele mesmo dia. Quando o emissário chega para Marta trazendo o recado de Jesus de que aquela enfermidade não era para morte, Lázaro já estava morto e sepultado fazia dois dias. Parecia uma mensagem absurda. Parecia algo contraditório.Parecia uma mensagem que conspirava contra toda a lógica.

Às vezes as coisas de Deus parecem não fazer sentido. Às vezes crer em Deus parece um absurdo que atenta contra a lógica mais comezinha. Parece que o sofrimento do justo é algo que atenta contra a razão, contra o bom senso, contra a fé.

Mas diz a Bíblia que Jesus vai até Betânia. E quando chega a Betânia, Marta vai ao seu encontro com amargura na alma; com tristeza no coração; talvez até com uma ponta de revolta, dizendo para Jesus: “Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão(João 11:21). Jesus olha para Marta e diz: “Teu irmão há de ressuscitar. Ela disse: “Eu sei que ele há de ressuscitar na ressurreição, no último dia. Jesus então diz para Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Crês isto?”(João 11:25,26).

Notamos então algo maravilhoso. Marta está vivendo um drama, num conflito entre a lógica e a fé. Ela disse: Jesus, eu acreditava que se tu estiveras aqui o milagre teria acontecido, ou tu terias evitado a morte do meu irmão. Ela conjuga o verbo no passado. Quando Jesus fala da ressurreição, ela conjuga o verbo no futuro. Ela diz, eu sei que ele há de ressuscitar no último dia. Mas Jesus corrige a teologia de Marta dizendo: Marta, eu não fui, não serei, eu sou a ressurreição e a vida. Eu sou o Deus que age agora. Eu sou aquele que intervém agora.

Nossas causas perdidas podem ser vitoriosas agora. Não existe causa perdida para Jesus. Não existe problema que Ele não possa resolver. Não existe situação irrecuperável para Jesus. Lázaro estava morto e sepultado há quatro dias. Era uma causa perdida para muitos, mas, para Jesus, era uma causa vitoriosa.

Talvez haja algumas causas na vida que consideramos perdidas. Talvez ficamos pensando que nosso casamento não tem mais jeito. Que nosso filho, ou nossa filha, não tem mais recuperação. Quem sabe com relação à nossa saúde, os médicos já lavaram a sentença, não tem cura. Mas há algo importantíssimo que quero dizer aqui: Se Jesus quiser, com toda certeza, tem jeito!

Para Ele não há causa perdida. Talvez pensemos: Eu já fui longe demais; estou afundado no pecado, no vício, para mim não tem mais jeito, não tem mais recuperação. Se Jesus quiser, tem jeito, porque Ele perdoa pecados, é Ele quem levanta o caído e restaura o abatido, Ele faz novas todas as coisas. Jesus pode restaurar nossa alma e salvar a nossa vida.

Mas, atentemos para o ato de que agora é Maria quem vai ao encontro de Jesus. Chegando perto dEle, ela se prostra e chora aos pés do Mestre. Ela repete as mesmas palavras de Marta, sua irmã, dizendo: “Senhor, se estiveres aqui, meu irmão não teria morrido”(João 11:32. E diz a Bíblia que Jesus se comove. Que Jesus chora. Que Jesus vai ao túmulo de Lázaro e ali Ele chora, nos ensinando uma verdade gloriosa, a verdade de que Jesus Cristo se identifica com a nossa dor.

Ele não está longe, Ele não está indiferente. Ele não está silencioso. A aparente demora de Jesus é pedagógica. Ele sabe o que estamos passando. Quando Ele parece demorar, na verdade está trabalhando para fazer algo maior e melhor em nossa vida, porque o plano dEle é melhor que o nosso plano.

A ressurreição de um morto é um milagre maior do que a cura de um doente. A ressurreição de um morto, há quatro dias sepultado, é maior do que a ressurreição de um morto que acabou de morrer. Na verdade, Jesus é aquele que se compadece de nós e aquele que tem todo o poder para restaurar a nossa sorte diante dos dramas de nossa vida.

Quero dizer o seguinte: Jesus Cristo sabe o que é a dor do sem-teto, porque Ele não tinha onde reclinar a sua cabeça. Jesus Cristo sabe o que é a dor da solidão, porque na hora mais angustiante de sua vida, nem os seus discípulos mais achegados estavam do seu lado, quando Ele estava com o rosto em terra suando gotas de sangue, clamando ao Pai: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!”(Mt 26:39).

Jesus Cristo sabe o que é a dor da perseguição, porque Ele foi perseguido desde a sua infância por Herodes, o Grande; foi perseguido pelos fariseus, pelos escribas, pelos sacerdotes, pela multidão.
Jesus Cristo sabe o que é a dor da traição, porque o seu discípulo em quem ele investiu, o traiu lhe dando um beijo traidor. Ele sabe o que é ser ultrajado, cuspido, zombado, escarnecido. Ele sabe a dor que passamos, que sentimos.

Ele sabe o que é a dor da enfermidade, porque a Bíblia diz que Ele foi enfermado, Ele tomou sobre si as nossas dores, as nossas enfermidades, os nossos pecados.

Jesus sabe o que é a dor da morte, porque lá na cruz do Calvário, quando Ele foi feito pecado por nós, quando foi feito maldição por nós, Ele deu um grito de desamparo: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”(Mt 27:46). E, naquele momento, Ele foi ferido. Naquele momento Ele foi traspassado. Naquele momento Ele sentiu o drama da angústia avassalando a sua alma.

Cristo sabe o que estamos passando. Porém, Ele é o Deus que restaura a nossa sorte. Jesus chega à porta da sepultura de Lázaro e diz: “Lázaro, vem para fora!”(João 11:43). E aquele que estava morto há quatro dias ressuscita. E Jesus disse a seguir: “Desatai-o e deixai-o ir”(João 11:44).

Jesus tinha um propósito em tudo isso.

O primeiro propósito de Jesus era a glória de Deus. “Esta enfermidade não é para morte, mas para a glória de Deus”. Se passamos por lutas e sofrimentos é para que Deus seja glorificado nesse sofrimento, porque a “leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação”(2Corintios 4:17).

A segunda motivação de Jesus era que os seus discípulos cressem nEle. Da multidão que estava ali, muitos creram nEle. Passamos por lutas para que creiamos, para que saibamos que Deus é amor, que Deus é bom, que Deus é fiel, que Deus é aquele que tem um plano maravilhoso para nossa vida.

E, em terceiro e último lugar, Jesus permitiu tudo isso porque Ele estava disposto a morrer em nosso lugar, em nosso favor. Naquele momento trama-se a prisão de Jesus, que culmina com a sua morte na cruz. Ele está pronto. E não somente está pronto, mas também disposto a morrer para que nós vivamos.

Quando sofremos, isso não está fora do controle de Jesus. Isso não está fora do conhecimento dEle. Isso está incluído na agenda de Deus. Faz parte do projeto de Deus. Um projeto bom, um projeto perfeito, um projeto glorioso, vitorioso e vencedor.

O sofrimento não é sinônimo do desprazer de Deus. Às vezes Deus permite que soframos, para que experimentemos da sua consolação, da sua intervenção milagrosa.

Se estamos sofrendo, se estamos angustiados, se estamos desesperados, vamos entregar a nossa causa para Jesus. Ele sabe o que está fazendo. Ele sabe quem somos, onde estamos, o que estamos passando, e Ele pode vir, trazer o socorro de que tanto precisamos.

Em qualquer lugar onde estivermos, podemos fechar nossos olhos e orar. Podemos colocar a nossa causa na presença de Deus. Talvez nossa oração pode ser esta: “Oh Deus, em nome de Jesus, quero colocar agora nas tuas mãos a nossa causa. Senhor, toca nosso coração com as consolações do Espírito Santo. Meu Deus, enxuga nossas lágrimas. Meu Deus, restaura aquele que está caído, cura aquele que está enfermo, perdoa aquele que está caído na sarjeta do pecado, agrilhoado neste cipoal do vício, de desespero emocional, de desespero espiritual. Restaura nossa vida Senhor, restaura nosso coração, levanta nossa família, faz novas todas as coisas, e glorifica o teu nome em nossa vida, em nossa família. Oh Deus, opera agora o milagre maravilhoso do consolo, do refrigério, para que nossa família possa receber a intervenção do céu, a manifestação da tua graça. Em nome do Senhor Jesus. Amém!”.
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Hernandes Dias Lopes
Extraído do Livro TRANSFORMANDO VIDAS
Socep Editora Ltda

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