Texto Básico: Neemias 6:1-9
“Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?”(Ne 6:3b)
INTRODUÇÃO
A reconstrução dos muros de Jerusalém provocou forte reação dos inimigos. Eles usaram todos os meios possíveis, inclusive a conspiração, a fim de paralisar a Obra de Deus. Eles fizeram acusação falsas, subornaram falsos profetas para impressionar (6:10), infiltraram espiões no meio dos trabalhadores (6:19), armaram ciladas para fazer mal a Neemias(6:2); em fim, fizeram de tudo para impedir a reforma da cidade. Porem, Neeemias não se deixou intimidar pela fúria dos inimigos, pois sabia que a Obra era de Deus. A liderança sempre tem um custo; o caminho da liderança não é uma estrada aplainada por comodidade nem forrada de tapetes vermelhos. O líder, muitas vezes, é alvo de contradições, orquestrações e sórdida perseguição; não importa quão íntegro seja um líder, ele será perseguido. Na esfera da Igreja isso acontece, também, e com muita mais frequência. O cristianismo não é um paraíso de férias; aqui não é o Céu; aqui há lutas constantes, por isso precisamos trabalhar de olhos bem abertos.
I. A FALSIDADE DOS ADVERSARIOS
“Sucedeu mais que, ouvindo Sambalate, Tobias, Gesém, o arábio, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro e que nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais. Sambalate e Gesém enviaram a dizer: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal.”(Ne 6:1,2).
1. Os muros foram levantados. Conquanto os muros estivessem levantados, as portas ainda não tinham sido restauradas. Desta feita, a cidade ainda estava vulnerável. As portas vazias e abertas eram a última esperança do inimigo em deixar a obra no meio do caminho. No afã de impedir a conclusão da Obra, os inimigos se aliam contra o povo de Deus com incansável persistência e diferente táticas e estratégias. Vejamos algumas estratégias do inimigo para paralisar a obra de Deus. Foram muitas, mas citaremos apenas três:
a) O inimigo tentou distrair os obreiros (6:2). O inimigo não desiste, ele ainda dá a sua última cartada. Ele faz um plano para distrair os obreiros e desviá-los da obra no meio do caminho. O diabo ataca de maneira especial aqueles que estão na metade do caminho. O meio do caminho é um lugar perigoso. O inimigo tem alcançado grandes vitórias, fazendo muitos obreiros parar no meio da obra. Quantos que depois de fazer grande parte da obra caem nas ciladas do diabo e fazem o jogo do inimigo! Por isso, continue avançando, trabalhando. [1]
b) O inimigo procurou dialogar com os obreiros (6:2). O inimigo nunca é tão perigoso como quando parece amigável e chama você para um diálogo. A sutileza da serpente é mais perigosa do que o rugido do leão. Os inimigos agora querem conversar com Neemias. O problema de Neemias é que esses inimigos tinham aliados dentro de Jerusalém, tanto na classe dos nobres quanto na classe dos sacerdotes. Uma das artimanhas mais sutis do adversário é infiltrar-se no meio do povo de Deus e conquistar aliados em seu meio. Neemias, porém, não dialogou com o inimigo. Jesus também não dialogou com o diabo. Jesus não nos mandou dialogar, mas pregar. Identificação é viver onde as outras pessoas vivem, não como elas vivem. Jesus se identificou, mas não transigiu. O diabo tentou dialogar com Jesus, mas Ele nunca sentou com o diabo numa mesa de conferência. [1]
c) O inimigo intentou fazer mal aos obreiros - “Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal”(6:2). Os inimigos queriam se encontrar com Neemias num lugar muito distante de Jerusalém: no vale do Ono, que ficava na fronteira de Samaria e Asdode. Visto que essa região era hostil a Neemias (4:7), o plano cheirava traição. Eles tramaram uma espécie de cambalacho para matarem Neemias. Porém, Neemias compreendeu que o propósito dos inimigos não era um tratado de paz. Eles queriam fazer mal a ele, queriam matá-lo. Um dos projetos do inimigo é paralisar a obra, fazendo mal aos obreiros, pois destruindo os obreiros, a obra fica estagnada.
O discernimento espiritual foi a arma de defesa usada por Neemias contra esse novo ataque dos inimigos. Ele discerniu que por trás de tamanha camaradagem, havia uma intenção maligna. Precisamos vigiar e estar apercebidos. Precisamos discernir tanto o rugido do inimigo, quanto sua voz mansa e sedutora.
2. A resposta sábia e firme de Neemias. Neemias manteve-se firme no seu objetivo de reconstruir os muros, não permitindo que nem amigos, nem inimigos desviassem a sua atenção da obra, até que a terminasse. Ele respondeu a Sambalate, com sabedoria e firmeza, da seguinte forma: “E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco? E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes respondi”(Ne 6:3,4). Uma grande visão, unida a uma fé inabalável, leva a efeito a realização do propósito de Deus para nossa vida e para nossa geração.
Esta resposta de Neemias nos remete a três importantes lições:
a) Ele não perdeu o foco de sua missão – “Estou fazendo uma grande obra”. Neemias sabia a importância do que estava fazendo. Quantas vezes os obreiros de Deus se deixam seduzir por coisas menores, por vantagens do mundo e abandonam o seu posto. Os líderes autênticos colocam as coisas mais importantes em primeiro lugar. Eles enxergam todas as coisas, mas se concentram nas coisas importantes. Eles investem seu tempo naquilo que traz o maior retorno. Charles Spurgeon dizia para os seus alunos: "Filhos, se a rainha da Inglaterra vos convidar para serdes embaixadores em qualquer lugar do mundo, não vos rebaixeis de posto, deixando de serdes embaixadores do Céu”. Hoje, vemos muitos pastores deixando o ministério para serem vereadores, deputados ou senadores da República. Trocam o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas. Isso é um equívoco e uma troca infeliz. Muito embora a vocação civil também seja uma sacrossanta vocação, aquele que Deus chamou para o ministério não deve desviar sua atenção com outros afazeres, ainda que dentre os mais nobres.
b) Ele foi previdente – “[...] de modo que não poderei descer”(Ne 6:3). Neemias sabia que a intenção do inimigo era fazer-lhe mal (6:2). O vale de Ono localizava-se a aproximadamente 32 quilômetros a nordeste de Jerusalém. Se Sambalate e Gesém conseguissem convencer Neemias a encontrá-los ali, poderiam fazê-lo cair em uma emboscada pelo caminho.
Ir ao vale de Ono significava descer, pois Jerusalém estava edificada sobre um monte. O inimigo quer que nós desçamos e que desistamos do plano de Deus em nossas vidas; pode acreditar nisso. Mas o desafio é continuar, nunca descer, nunca ceder, jamais retroceder. Quando o Senhor Jesus estava pregado na cruz, os escribas e sacerdotes zombavam dEle e diziam: “Desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos…”. Mas Jesus não desceu, porque estava fazendo a grande Obra que redundaria em nossa salvação. Pouco tempo depois Ele disse: “Está consumado”, isto é, a Obra que vim realizar está pronta, o plano da salvação do mundo está feito.
Neemias e Jesus não desceram, para que nós todos que amamos a Deus possamos prosseguir firmes na esperança de estarmos com Ele para sempre.
Mas, nem todos se comportam assim; tendem a descer, mesmo que alguém os alerte do perigo que lhe poderá incorrer. Foi o caso de Sansão, ele desceu; desceu para Gaza. Gaza simboliza lugar de conflito, de perigo, de decadência; é um lugar onde somos tentados a fazer aquilo que sabemos que não devemos.
Descer para Gaza foi uma decisão errada que Sansão tomou. Agindo assim, entrou em decadência espiritual, perdeu a comunhão com Deus. Agindo assim, perdeu a visão; um líder sem visão não conquista, por que não sabe onde anda, nem aonde quer chegar. Agindo assim, Sansão perdeu a liberdade; ele foi levado à fortaleza do inimigo, amarrado (Juízes 16:21); isso significa liderança completamente anulada; o líder autêntico não pode ter seu ministério anulado, amarrado. Sanção perdeu completamente a posição que Deus tinha dado a ele. O diabo está interessado em que você perca aquilo que Deus lhe concedeu. A pergunta de Dalila ecoa até hoje: em que consiste a sua grande força? Sansão não protegeu seu segredo, não preservou o poder que estava nele, agiu como se não precisasse mais de Deus.
Portanto, quando o inimigo da obra de Deus quiser fazer acordo tenhamos cuidado, sejamos previdentes, diga para ele que não pode descer; dê-lhe uma resposta firme e contundente como a de Neemias: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?”(Ne 6:3).
c) Ele não perdeu tempo com o inimigo – “por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” (6:3). Neemias não desperdiçou tempo com o inimigo; investiu todo o seu tempo fazendo a obra. O obreiro de Deus precisa saber três coisas importantes: Primeiro, saber que está fazendo uma grande obra. Você está envolvido numa obra de consequências eternas; você é cooperador de Deus; você está trabalhando na implantação do Reino de Deus. Os reinos deste mundo vão cair, mas o Reino vai durar para sempre. Segundo, saber que a obra requer atenção exclusiva. Neemias diz que não pode parar; o que está fazendo não só é grande, mas vital e sumamente importante. Terceiro, saber que a obra é prioritária; logo, não há tempo a perder. Neemias não vai deixar o que é mais importante e urgente para atender a algo de menor valor. Um soldado não pode se distrair com negócios deste mundo. Quem coloca a mão no arado, não pode olhar para trás. [1]
Infelizmente, hoje, muitas igrejas estão perdendo o foco, estão descendo da sua posição espiritual para o vale do movimento emergente liberal, que trata questões como aborto e homossexualismo como demandas culturais, ao invés de práticas pecaminosas(ler Lv 18:32; 20:13). Além disso, em muitas igrejas locais, “pecados como o adultério, roubo e subornos são vergonhosamente tolerados”. Isso mostra que essas igrejas estão de fato “descendo ao vale de Ono”, estão fazendo acordo com o inimigo (Satanás).
É imperioso que o líder cristão tenha um comportamento diferente do que não é cristão, pois somente o cristão genuíno está a se conduzir conforme a vontade de Deus, conforme a regra determinada por Deus. Não é possível que alguém seja considerado verdadeiro servo de Deus se não tiver este comportamento diferente, pois somos um povo separado e de boas obras (1Pe 2:9; Tt 2:11-14). É somente através deste comportamento que poderemos levar os homens a glorificar a Deus (Mt 5:13-16).
II. SUBORNO E A FALSA PROFECIA
“E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te. Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei. E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram"(Ne 6:10-12).
1. Profeta a serviço do inimigo. O pior inimigo é aquele que se esconde atrás da religião, aquele que se diz nosso irmão, que é profeta (falso profeta, claro), e vem disfarçado com palavras lisonjeiras e com propostas sedutoras, como estas do falso profeta Semaias. O inimigo de Neemias, agora, está trajado com vestes sacerdotais; ele não está mais do lado de fora, mas dentro dos muros. Os muros foram levantados, mas o inimigo ficou do lado de dentro dos muros. Ele não tem mais a cara de um demônio, mas de um santo. Ele não parece mais um ímpio blasfemo, mas um sacerdote piedoso. Quando o diabo fica piedoso e esconde seus dentes de leão, é melhor você se precaver. Cuidado com os lobos vestidos com pele de ovelha.
Agora, o inimigo usa o falso profeta para:
a) A sedução teológica. O inimigo não desiste, sua arma agora é a sedução teológica, a mais perigosa e sutil das tentações; porque advém de pessoas que estão infiltradas em nosso meio, que se dizem “profetas”, que demonstram conhecer a Bíblia. O diabo conhece a Bíblia, mas ele a torce e a usa para seduzir, para tentar; foi assim com Eva no Éden; foi assim que ele conseguiu interromper a jornada espiritual de muitas pessoas. Ele queria interromper a Obra de Jesus, só que se deu mal, muito mal. O primeiro livro dos reis de Israel registra um episódio em que um profeta foi capaz de rejeitar riquezas e glórias por fidelidade a Deus, mas não conseguiu escapar da sedução teológica. Ele morreu porque acreditou que o profeta velho que lhe falava em nome de Deus era verdadeiramente um enviado de Deus (1Rs 13:1-32).
Já que o inimigo não conseguiu levar Neemias à mesa do diálogo, quer agora trancá-lo dentro do Templo. Só que o conhecimento bíblico de Neemias o salva! Ele percebe que Semaías é um falso profeta porque a sua mensagem não era coerente com as Escrituras (Dt 13:1-5). Na verdade, Semaías queria que Neemias cometesse o pecado da profanação. Ele queria corromper Neemias, sugerindo a ele um pecado espiritual: esconder-se no Templo, mesmo não sendo um sacerdote (cf Nm 18:7). O rei Uzias ficou leproso por desrespeitar o Templo (2Cr 26:16). Se Neemias tivesse se trancado no Templo, possivelmente teria perdido sua vida, sua honra e sua causa. Se Neemias tivesse atendido a essa falsa profecia, teria incorrido no desagrado de Deus e caído na desaprovação do povo. Sua liderança estaria arruinada, e estariam todos vendidos ao inimigo.
Esse tipo de traição a Deus e ao seu reino, por falsos crentes, que se dizem profetas, é uma das piores aflições que os fiéis servos de Deus, às vezes, tem que suportar (ver At 20:28-31; 2Co 11:26). Muitos obreiros têm se desviado da sua fidelidade a Deus porque dão ouvidos àqueles que falam em nome de Deus, mas torcem as Escrituras. Falam em nome de Deus, mas estão a serviço do inimigo usando a Bíblia para tentar e não para edificar.[1]
b) A falsa profecia para impressionar – “...virão matar-te”. O falso profeta faz ameaças assustadoras. E ainda coloca um tom de urgência, de gravidade, de pressa: “sim, de noite virão matar-te”(Ne 6:10). A principal arma do diabo é a mentira. Ele amedronta as pessoas. Ele intimida os fracos. Ele faz ameaças assustadoras. Muitos, por não conhecerem a Deus, vivem amedrontados pelo diabo. Quem teme a Deus não tem medo do inimigo. Neemias temia a Deus, por isso nunca se acovardou diante das bravatas do inimigo (5:15).
c) A falsa profecia para obter lucro – “mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram”(6:12). Muitos profetas de Jerusalém falavam mentiras para se locupletarem; Semaias era um deles. Ele deixa de ser boca de Deus para ser arauto de Satanás. Em vez de pregar a Palavra, ele usa a Palavra para ganhar dinheiro e enganar. Ele prostituiu o seu ministério e vendeu sua consciência. Há muitas pessoas, hoje, profetizando em nome de Deus, guiando os indoutos com sonhos, visões e revelações em desacordo com as Escrituras. São falsos profetas que nunca foram enviados por Deus, que torcem a Palavra de Deus e fazem errar os imprudentes. Não são poucos os ministros que têm mercadejado a Palavra de Deus numa volta vergonhosa às indulgências da Idade Média. Há pastores que inescrupulosamente têm feito da igreja uma empresa familiar, do púlpito um balcão de comércio, do templo uma praça de barganha, do evangelho um produto e dos crentes consumidores.[1]
Aqueles que torcem a Palavra de Deus, negando sua inerrância e suficiência e usando-a para fins lucrativos, são falsos profetas. Precisamos nos acautelar, pois Deus está contra eles(ver Ez 13:17-23).
2. Nobres ao lado dos adversários. “Também, naqueles dias, alguns nobres de Judá escreveram muitas cartas, que iam para Tobias, e as cartas de Tobias vinham para eles”(Ne 6:17). Conforme este texto, os nobres foram desleais, pois estavam mantendo boas relações com os inimigos do povo, escrevendo e recebendo cartas de Tobias; eles queriam desestabilizar Neemias e amedrontar o povo. Todavia, Neemias sabia que o principal objetivo das cartas era amedrontá-lo(6:19). Além de desleais e traidores, os nobres eram, também, delatores (6:19), pois se tornaram espiões e informaram os inimigos acerca de Neemias. Tobias sabia de tudo o que estava acontecendo. O muro estava pronto, mas eles queriam agora destruir o líder do povo de Deus. “Neemias, porém, agindo sempre com muita prudência, não se perturbava, pois conhecia os ardis do inimigo da Obra de Deus”. Assim devemos proceder.
3. Os falsos profetas de hoje. Nestes tempos pós-modernos, muitas igrejas locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os falsos profetas e profetizas da época de Neemias(Ne 6:14); e o crente precisa estar informado sobre este fato. Jesus adverte que nem toda pessoa que professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser. Muitos desses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens”(Mt 23:28); aparecem “vestidos como ovelhas”(Mt 7:15); podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de Deus e expor altos padrões de retidão; poderão realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores(ver Mt 7:21-23); 24;11,24; 2Co 11:13-15). Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt 13:3; 1Rs 18:40; Ne 6:12; Jr 14:14; Os 4:15), e aos fariseus do Novo Testamento, cujas vidas eram “cheias de iniquidade e de hipocrisia”(Mt 23:28). Que o Senhor, por sua misericórdia, levante homens e mulheres aptos a defender a Igreja contra os falsos profetas desses últimos dias (Mt 24:11,24; 2Pe 2:1).
III. A CONCLUSÃO DA OBRA
1. Termina a construção do muro. Depois de muita oração, jejum, planejamento, trabalho, pressões de fora e ataques de dentro, ouve-se o hino da vitória triunfal: "Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco dias do mês de Elul, em cinqüenta e dois dias"(Ne 6:16). Elul é o sexto mês do calendário judaico, correspondente a última metade de agosto e a primeira metade de setembro.
Essa foi uma vitória da determinação e da singeleza de propósito. A construção dos muros terminou: porque Deus estava com o seu povo(Ne 2:20;4:15,20); porque o povo tinha um dirigente corajoso, dedicado e decidido, Neemias, que dependia exclusivamente de Deus como sua proteção e fonte de poder(Ne 5:14-19; 6:3,9); porque o povo se dispôs a trabalhar(Ne 4:6) e a seguir seu líder, dedicando-se com denodo à tarefa, até completá-la. Sem esforço não há grandes realizações para Deus.
2. Os inimigos temeram. A conclusão dos muros foi um golpe evidentemente duro na moral dos inimigos de Judá. O verso 16 do capítulo 6 traz uma descrição interessante de como Deus agiu em prol do construtor após os muros terem sido reconstruídos: "E sucedeu que, ouvindo-o todos os nossos inimigos, temeram todos os gentios que havia em roda de nós, e abateram-se muito em seus próprios olhos, porque reconheceram que o nosso Deus fizera esta obra". Deus não apenas abençoara a obra feita por ele, mas colocou um grande abatimento nos inimigos de Israel.
Neemias podia atrair para si os louros da vitória; podia aproveitar o momento para se promover aos olhos do povo. Mas ele reconhece aquilo que até os inimigos são obrigados a confessar: a conclusão da obra é resultado da intervenção de Deus(6:16). A força é de Deus, o livramento vem de Deus e a glória deve ser dada a Deus.[1]
3. Não desista. Neemias resistiu a todas as investidas do inimigo, porque sabia que a Obra era de Deus e que Ele não o abandonaria. Não espere tempos calmos para fazer a obra. Termine o que Deus lhe confiou apesar dos problemas e dos inimigos. Não desista! Entretanto, depois da vitória, não podemos baixar as armas. O muro está concluído, mas a luta continua. Paulo diz: "[...] e depois de vencerdes tudo, permanecei inabaláveis" (Ef 6:13).
CONCLUSAO
Neemias triunfou sobre os inimigos e tirou a sua nação do opróbrio por três marcas: Primeira, seu caráter. O que Neemias era diante de Deus o firmou como líder diante do povo. A vida do líder é a sua maior arma e o nome do líder é o seu maior patrimônio. Quando se perde o caráter, sacrificam-se ideais, transige-se com a verdade e busca-se as vantagens a qualquer preço. Segunda, sua coragem. Neemias não tinha medo de morrer, só tinha medo de pecar. Nada, nem ninguém o demovia de sua determinação porque sua coragem o ajudou a transformar problemas em oportunidades e provações abertas em triunfos pessoais. Terceira, sua confiança. Ele enfrentou toda a oposição porque tinha consciência do seu chamado e convicção de que Deus estava do seu lado naquela empreitada. Sua confiança em Deus livrou-o de ser uma estrela ou de viver debaixo das botas do inimigo.[1] Tem você confiado inteiramente em Deus? Este é o segredo da vitória: obedecer a Deus e nEle confiar inteiramente. “E em ti confiarão os que conhecem o teu nome; porque tu, SENHOR, nunca desamparaste os que te buscam”(Sl 9:10). “Uns confiam em carros, e outros, em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR, nosso Deus”(Sl 20:7).[1]
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal
Revista Ensinador Cristão – nº 48.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon - CPAD
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA
[1] Hernandes Dias Lopes – Neemias -o líder que restaurou uma nação.
“Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?”(Ne 6:3b)
INTRODUÇÃO
A reconstrução dos muros de Jerusalém provocou forte reação dos inimigos. Eles usaram todos os meios possíveis, inclusive a conspiração, a fim de paralisar a Obra de Deus. Eles fizeram acusação falsas, subornaram falsos profetas para impressionar (6:10), infiltraram espiões no meio dos trabalhadores (6:19), armaram ciladas para fazer mal a Neemias(6:2); em fim, fizeram de tudo para impedir a reforma da cidade. Porem, Neeemias não se deixou intimidar pela fúria dos inimigos, pois sabia que a Obra era de Deus. A liderança sempre tem um custo; o caminho da liderança não é uma estrada aplainada por comodidade nem forrada de tapetes vermelhos. O líder, muitas vezes, é alvo de contradições, orquestrações e sórdida perseguição; não importa quão íntegro seja um líder, ele será perseguido. Na esfera da Igreja isso acontece, também, e com muita mais frequência. O cristianismo não é um paraíso de férias; aqui não é o Céu; aqui há lutas constantes, por isso precisamos trabalhar de olhos bem abertos.
I. A FALSIDADE DOS ADVERSARIOS
“Sucedeu mais que, ouvindo Sambalate, Tobias, Gesém, o arábio, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro e que nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais. Sambalate e Gesém enviaram a dizer: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal.”(Ne 6:1,2).
1. Os muros foram levantados. Conquanto os muros estivessem levantados, as portas ainda não tinham sido restauradas. Desta feita, a cidade ainda estava vulnerável. As portas vazias e abertas eram a última esperança do inimigo em deixar a obra no meio do caminho. No afã de impedir a conclusão da Obra, os inimigos se aliam contra o povo de Deus com incansável persistência e diferente táticas e estratégias. Vejamos algumas estratégias do inimigo para paralisar a obra de Deus. Foram muitas, mas citaremos apenas três:
a) O inimigo tentou distrair os obreiros (6:2). O inimigo não desiste, ele ainda dá a sua última cartada. Ele faz um plano para distrair os obreiros e desviá-los da obra no meio do caminho. O diabo ataca de maneira especial aqueles que estão na metade do caminho. O meio do caminho é um lugar perigoso. O inimigo tem alcançado grandes vitórias, fazendo muitos obreiros parar no meio da obra. Quantos que depois de fazer grande parte da obra caem nas ciladas do diabo e fazem o jogo do inimigo! Por isso, continue avançando, trabalhando. [1]
b) O inimigo procurou dialogar com os obreiros (6:2). O inimigo nunca é tão perigoso como quando parece amigável e chama você para um diálogo. A sutileza da serpente é mais perigosa do que o rugido do leão. Os inimigos agora querem conversar com Neemias. O problema de Neemias é que esses inimigos tinham aliados dentro de Jerusalém, tanto na classe dos nobres quanto na classe dos sacerdotes. Uma das artimanhas mais sutis do adversário é infiltrar-se no meio do povo de Deus e conquistar aliados em seu meio. Neemias, porém, não dialogou com o inimigo. Jesus também não dialogou com o diabo. Jesus não nos mandou dialogar, mas pregar. Identificação é viver onde as outras pessoas vivem, não como elas vivem. Jesus se identificou, mas não transigiu. O diabo tentou dialogar com Jesus, mas Ele nunca sentou com o diabo numa mesa de conferência. [1]
c) O inimigo intentou fazer mal aos obreiros - “Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal”(6:2). Os inimigos queriam se encontrar com Neemias num lugar muito distante de Jerusalém: no vale do Ono, que ficava na fronteira de Samaria e Asdode. Visto que essa região era hostil a Neemias (4:7), o plano cheirava traição. Eles tramaram uma espécie de cambalacho para matarem Neemias. Porém, Neemias compreendeu que o propósito dos inimigos não era um tratado de paz. Eles queriam fazer mal a ele, queriam matá-lo. Um dos projetos do inimigo é paralisar a obra, fazendo mal aos obreiros, pois destruindo os obreiros, a obra fica estagnada.
O discernimento espiritual foi a arma de defesa usada por Neemias contra esse novo ataque dos inimigos. Ele discerniu que por trás de tamanha camaradagem, havia uma intenção maligna. Precisamos vigiar e estar apercebidos. Precisamos discernir tanto o rugido do inimigo, quanto sua voz mansa e sedutora.
2. A resposta sábia e firme de Neemias. Neemias manteve-se firme no seu objetivo de reconstruir os muros, não permitindo que nem amigos, nem inimigos desviassem a sua atenção da obra, até que a terminasse. Ele respondeu a Sambalate, com sabedoria e firmeza, da seguinte forma: “E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco? E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes respondi”(Ne 6:3,4). Uma grande visão, unida a uma fé inabalável, leva a efeito a realização do propósito de Deus para nossa vida e para nossa geração.
Esta resposta de Neemias nos remete a três importantes lições:
a) Ele não perdeu o foco de sua missão – “Estou fazendo uma grande obra”. Neemias sabia a importância do que estava fazendo. Quantas vezes os obreiros de Deus se deixam seduzir por coisas menores, por vantagens do mundo e abandonam o seu posto. Os líderes autênticos colocam as coisas mais importantes em primeiro lugar. Eles enxergam todas as coisas, mas se concentram nas coisas importantes. Eles investem seu tempo naquilo que traz o maior retorno. Charles Spurgeon dizia para os seus alunos: "Filhos, se a rainha da Inglaterra vos convidar para serdes embaixadores em qualquer lugar do mundo, não vos rebaixeis de posto, deixando de serdes embaixadores do Céu”. Hoje, vemos muitos pastores deixando o ministério para serem vereadores, deputados ou senadores da República. Trocam o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas. Isso é um equívoco e uma troca infeliz. Muito embora a vocação civil também seja uma sacrossanta vocação, aquele que Deus chamou para o ministério não deve desviar sua atenção com outros afazeres, ainda que dentre os mais nobres.
b) Ele foi previdente – “[...] de modo que não poderei descer”(Ne 6:3). Neemias sabia que a intenção do inimigo era fazer-lhe mal (6:2). O vale de Ono localizava-se a aproximadamente 32 quilômetros a nordeste de Jerusalém. Se Sambalate e Gesém conseguissem convencer Neemias a encontrá-los ali, poderiam fazê-lo cair em uma emboscada pelo caminho.
Ir ao vale de Ono significava descer, pois Jerusalém estava edificada sobre um monte. O inimigo quer que nós desçamos e que desistamos do plano de Deus em nossas vidas; pode acreditar nisso. Mas o desafio é continuar, nunca descer, nunca ceder, jamais retroceder. Quando o Senhor Jesus estava pregado na cruz, os escribas e sacerdotes zombavam dEle e diziam: “Desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos…”. Mas Jesus não desceu, porque estava fazendo a grande Obra que redundaria em nossa salvação. Pouco tempo depois Ele disse: “Está consumado”, isto é, a Obra que vim realizar está pronta, o plano da salvação do mundo está feito.
Neemias e Jesus não desceram, para que nós todos que amamos a Deus possamos prosseguir firmes na esperança de estarmos com Ele para sempre.
Mas, nem todos se comportam assim; tendem a descer, mesmo que alguém os alerte do perigo que lhe poderá incorrer. Foi o caso de Sansão, ele desceu; desceu para Gaza. Gaza simboliza lugar de conflito, de perigo, de decadência; é um lugar onde somos tentados a fazer aquilo que sabemos que não devemos.
Descer para Gaza foi uma decisão errada que Sansão tomou. Agindo assim, entrou em decadência espiritual, perdeu a comunhão com Deus. Agindo assim, perdeu a visão; um líder sem visão não conquista, por que não sabe onde anda, nem aonde quer chegar. Agindo assim, Sansão perdeu a liberdade; ele foi levado à fortaleza do inimigo, amarrado (Juízes 16:21); isso significa liderança completamente anulada; o líder autêntico não pode ter seu ministério anulado, amarrado. Sanção perdeu completamente a posição que Deus tinha dado a ele. O diabo está interessado em que você perca aquilo que Deus lhe concedeu. A pergunta de Dalila ecoa até hoje: em que consiste a sua grande força? Sansão não protegeu seu segredo, não preservou o poder que estava nele, agiu como se não precisasse mais de Deus.
Portanto, quando o inimigo da obra de Deus quiser fazer acordo tenhamos cuidado, sejamos previdentes, diga para ele que não pode descer; dê-lhe uma resposta firme e contundente como a de Neemias: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?”(Ne 6:3).
c) Ele não perdeu tempo com o inimigo – “por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” (6:3). Neemias não desperdiçou tempo com o inimigo; investiu todo o seu tempo fazendo a obra. O obreiro de Deus precisa saber três coisas importantes: Primeiro, saber que está fazendo uma grande obra. Você está envolvido numa obra de consequências eternas; você é cooperador de Deus; você está trabalhando na implantação do Reino de Deus. Os reinos deste mundo vão cair, mas o Reino vai durar para sempre. Segundo, saber que a obra requer atenção exclusiva. Neemias diz que não pode parar; o que está fazendo não só é grande, mas vital e sumamente importante. Terceiro, saber que a obra é prioritária; logo, não há tempo a perder. Neemias não vai deixar o que é mais importante e urgente para atender a algo de menor valor. Um soldado não pode se distrair com negócios deste mundo. Quem coloca a mão no arado, não pode olhar para trás. [1]
Infelizmente, hoje, muitas igrejas estão perdendo o foco, estão descendo da sua posição espiritual para o vale do movimento emergente liberal, que trata questões como aborto e homossexualismo como demandas culturais, ao invés de práticas pecaminosas(ler Lv 18:32; 20:13). Além disso, em muitas igrejas locais, “pecados como o adultério, roubo e subornos são vergonhosamente tolerados”. Isso mostra que essas igrejas estão de fato “descendo ao vale de Ono”, estão fazendo acordo com o inimigo (Satanás).
É imperioso que o líder cristão tenha um comportamento diferente do que não é cristão, pois somente o cristão genuíno está a se conduzir conforme a vontade de Deus, conforme a regra determinada por Deus. Não é possível que alguém seja considerado verdadeiro servo de Deus se não tiver este comportamento diferente, pois somos um povo separado e de boas obras (1Pe 2:9; Tt 2:11-14). É somente através deste comportamento que poderemos levar os homens a glorificar a Deus (Mt 5:13-16).
II. SUBORNO E A FALSA PROFECIA
“E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te. Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei. E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram"(Ne 6:10-12).
1. Profeta a serviço do inimigo. O pior inimigo é aquele que se esconde atrás da religião, aquele que se diz nosso irmão, que é profeta (falso profeta, claro), e vem disfarçado com palavras lisonjeiras e com propostas sedutoras, como estas do falso profeta Semaias. O inimigo de Neemias, agora, está trajado com vestes sacerdotais; ele não está mais do lado de fora, mas dentro dos muros. Os muros foram levantados, mas o inimigo ficou do lado de dentro dos muros. Ele não tem mais a cara de um demônio, mas de um santo. Ele não parece mais um ímpio blasfemo, mas um sacerdote piedoso. Quando o diabo fica piedoso e esconde seus dentes de leão, é melhor você se precaver. Cuidado com os lobos vestidos com pele de ovelha.
Agora, o inimigo usa o falso profeta para:
a) A sedução teológica. O inimigo não desiste, sua arma agora é a sedução teológica, a mais perigosa e sutil das tentações; porque advém de pessoas que estão infiltradas em nosso meio, que se dizem “profetas”, que demonstram conhecer a Bíblia. O diabo conhece a Bíblia, mas ele a torce e a usa para seduzir, para tentar; foi assim com Eva no Éden; foi assim que ele conseguiu interromper a jornada espiritual de muitas pessoas. Ele queria interromper a Obra de Jesus, só que se deu mal, muito mal. O primeiro livro dos reis de Israel registra um episódio em que um profeta foi capaz de rejeitar riquezas e glórias por fidelidade a Deus, mas não conseguiu escapar da sedução teológica. Ele morreu porque acreditou que o profeta velho que lhe falava em nome de Deus era verdadeiramente um enviado de Deus (1Rs 13:1-32).
Já que o inimigo não conseguiu levar Neemias à mesa do diálogo, quer agora trancá-lo dentro do Templo. Só que o conhecimento bíblico de Neemias o salva! Ele percebe que Semaías é um falso profeta porque a sua mensagem não era coerente com as Escrituras (Dt 13:1-5). Na verdade, Semaías queria que Neemias cometesse o pecado da profanação. Ele queria corromper Neemias, sugerindo a ele um pecado espiritual: esconder-se no Templo, mesmo não sendo um sacerdote (cf Nm 18:7). O rei Uzias ficou leproso por desrespeitar o Templo (2Cr 26:16). Se Neemias tivesse se trancado no Templo, possivelmente teria perdido sua vida, sua honra e sua causa. Se Neemias tivesse atendido a essa falsa profecia, teria incorrido no desagrado de Deus e caído na desaprovação do povo. Sua liderança estaria arruinada, e estariam todos vendidos ao inimigo.
Esse tipo de traição a Deus e ao seu reino, por falsos crentes, que se dizem profetas, é uma das piores aflições que os fiéis servos de Deus, às vezes, tem que suportar (ver At 20:28-31; 2Co 11:26). Muitos obreiros têm se desviado da sua fidelidade a Deus porque dão ouvidos àqueles que falam em nome de Deus, mas torcem as Escrituras. Falam em nome de Deus, mas estão a serviço do inimigo usando a Bíblia para tentar e não para edificar.[1]
b) A falsa profecia para impressionar – “...virão matar-te”. O falso profeta faz ameaças assustadoras. E ainda coloca um tom de urgência, de gravidade, de pressa: “sim, de noite virão matar-te”(Ne 6:10). A principal arma do diabo é a mentira. Ele amedronta as pessoas. Ele intimida os fracos. Ele faz ameaças assustadoras. Muitos, por não conhecerem a Deus, vivem amedrontados pelo diabo. Quem teme a Deus não tem medo do inimigo. Neemias temia a Deus, por isso nunca se acovardou diante das bravatas do inimigo (5:15).
c) A falsa profecia para obter lucro – “mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram”(6:12). Muitos profetas de Jerusalém falavam mentiras para se locupletarem; Semaias era um deles. Ele deixa de ser boca de Deus para ser arauto de Satanás. Em vez de pregar a Palavra, ele usa a Palavra para ganhar dinheiro e enganar. Ele prostituiu o seu ministério e vendeu sua consciência. Há muitas pessoas, hoje, profetizando em nome de Deus, guiando os indoutos com sonhos, visões e revelações em desacordo com as Escrituras. São falsos profetas que nunca foram enviados por Deus, que torcem a Palavra de Deus e fazem errar os imprudentes. Não são poucos os ministros que têm mercadejado a Palavra de Deus numa volta vergonhosa às indulgências da Idade Média. Há pastores que inescrupulosamente têm feito da igreja uma empresa familiar, do púlpito um balcão de comércio, do templo uma praça de barganha, do evangelho um produto e dos crentes consumidores.[1]
Aqueles que torcem a Palavra de Deus, negando sua inerrância e suficiência e usando-a para fins lucrativos, são falsos profetas. Precisamos nos acautelar, pois Deus está contra eles(ver Ez 13:17-23).
2. Nobres ao lado dos adversários. “Também, naqueles dias, alguns nobres de Judá escreveram muitas cartas, que iam para Tobias, e as cartas de Tobias vinham para eles”(Ne 6:17). Conforme este texto, os nobres foram desleais, pois estavam mantendo boas relações com os inimigos do povo, escrevendo e recebendo cartas de Tobias; eles queriam desestabilizar Neemias e amedrontar o povo. Todavia, Neemias sabia que o principal objetivo das cartas era amedrontá-lo(6:19). Além de desleais e traidores, os nobres eram, também, delatores (6:19), pois se tornaram espiões e informaram os inimigos acerca de Neemias. Tobias sabia de tudo o que estava acontecendo. O muro estava pronto, mas eles queriam agora destruir o líder do povo de Deus. “Neemias, porém, agindo sempre com muita prudência, não se perturbava, pois conhecia os ardis do inimigo da Obra de Deus”. Assim devemos proceder.
3. Os falsos profetas de hoje. Nestes tempos pós-modernos, muitas igrejas locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os falsos profetas e profetizas da época de Neemias(Ne 6:14); e o crente precisa estar informado sobre este fato. Jesus adverte que nem toda pessoa que professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser. Muitos desses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens”(Mt 23:28); aparecem “vestidos como ovelhas”(Mt 7:15); podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de Deus e expor altos padrões de retidão; poderão realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores(ver Mt 7:21-23); 24;11,24; 2Co 11:13-15). Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt 13:3; 1Rs 18:40; Ne 6:12; Jr 14:14; Os 4:15), e aos fariseus do Novo Testamento, cujas vidas eram “cheias de iniquidade e de hipocrisia”(Mt 23:28). Que o Senhor, por sua misericórdia, levante homens e mulheres aptos a defender a Igreja contra os falsos profetas desses últimos dias (Mt 24:11,24; 2Pe 2:1).
III. A CONCLUSÃO DA OBRA
1. Termina a construção do muro. Depois de muita oração, jejum, planejamento, trabalho, pressões de fora e ataques de dentro, ouve-se o hino da vitória triunfal: "Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco dias do mês de Elul, em cinqüenta e dois dias"(Ne 6:16). Elul é o sexto mês do calendário judaico, correspondente a última metade de agosto e a primeira metade de setembro.
Essa foi uma vitória da determinação e da singeleza de propósito. A construção dos muros terminou: porque Deus estava com o seu povo(Ne 2:20;4:15,20); porque o povo tinha um dirigente corajoso, dedicado e decidido, Neemias, que dependia exclusivamente de Deus como sua proteção e fonte de poder(Ne 5:14-19; 6:3,9); porque o povo se dispôs a trabalhar(Ne 4:6) e a seguir seu líder, dedicando-se com denodo à tarefa, até completá-la. Sem esforço não há grandes realizações para Deus.
2. Os inimigos temeram. A conclusão dos muros foi um golpe evidentemente duro na moral dos inimigos de Judá. O verso 16 do capítulo 6 traz uma descrição interessante de como Deus agiu em prol do construtor após os muros terem sido reconstruídos: "E sucedeu que, ouvindo-o todos os nossos inimigos, temeram todos os gentios que havia em roda de nós, e abateram-se muito em seus próprios olhos, porque reconheceram que o nosso Deus fizera esta obra". Deus não apenas abençoara a obra feita por ele, mas colocou um grande abatimento nos inimigos de Israel.
Neemias podia atrair para si os louros da vitória; podia aproveitar o momento para se promover aos olhos do povo. Mas ele reconhece aquilo que até os inimigos são obrigados a confessar: a conclusão da obra é resultado da intervenção de Deus(6:16). A força é de Deus, o livramento vem de Deus e a glória deve ser dada a Deus.[1]
3. Não desista. Neemias resistiu a todas as investidas do inimigo, porque sabia que a Obra era de Deus e que Ele não o abandonaria. Não espere tempos calmos para fazer a obra. Termine o que Deus lhe confiou apesar dos problemas e dos inimigos. Não desista! Entretanto, depois da vitória, não podemos baixar as armas. O muro está concluído, mas a luta continua. Paulo diz: "[...] e depois de vencerdes tudo, permanecei inabaláveis" (Ef 6:13).
CONCLUSAO
Neemias triunfou sobre os inimigos e tirou a sua nação do opróbrio por três marcas: Primeira, seu caráter. O que Neemias era diante de Deus o firmou como líder diante do povo. A vida do líder é a sua maior arma e o nome do líder é o seu maior patrimônio. Quando se perde o caráter, sacrificam-se ideais, transige-se com a verdade e busca-se as vantagens a qualquer preço. Segunda, sua coragem. Neemias não tinha medo de morrer, só tinha medo de pecar. Nada, nem ninguém o demovia de sua determinação porque sua coragem o ajudou a transformar problemas em oportunidades e provações abertas em triunfos pessoais. Terceira, sua confiança. Ele enfrentou toda a oposição porque tinha consciência do seu chamado e convicção de que Deus estava do seu lado naquela empreitada. Sua confiança em Deus livrou-o de ser uma estrela ou de viver debaixo das botas do inimigo.[1] Tem você confiado inteiramente em Deus? Este é o segredo da vitória: obedecer a Deus e nEle confiar inteiramente. “E em ti confiarão os que conhecem o teu nome; porque tu, SENHOR, nunca desamparaste os que te buscam”(Sl 9:10). “Uns confiam em carros, e outros, em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR, nosso Deus”(Sl 20:7).[1]
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal
Revista Ensinador Cristão – nº 48.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon - CPAD
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA
[1] Hernandes Dias Lopes – Neemias -o líder que restaurou uma nação.
paz do SENHOR,ABENÇOADO IRMÃO,TENHO APRENDIDO MUITO COM SEU BLOG,DEUS CONTINUE TE CAPACITANDO E TE ABENÇOANDO!!
ResponderExcluirABRAÇOS......................
A PAZ DO SENHOR IRMÃO, GOSTARIA DE PARABENIZA-LO, POIS A CADA SEMANA TENHO APRENDIDO MUITO COM O BLOG DO IRMÃO, SENDO ASSIM PODENDO PASSAR OQUE APRENDO A CLASSE, QUE DEUS CONTINUE ABENÇOANDO A VIDA DO IRMÃO A CADA DIA, CONCEDENDO CADA VEZ MAIS SABEDORIA AO IRMÃO.
ResponderExcluirQUE DEUS LHE ABENÇOE
A paz do Senhor irmão Luciano, a cada semana tenho aprendido muito com o comentário postado em seu blog, tenho me esforçado para transmitir a verdadeira para de Deus aos meus alunos nesse tempo de tantas contraversões, e que poucas pessoas tem se esforçado para buscar saber mais da palavra de Deus e essa ferramenta chamada blog do Luciano de Paula Lourenço tem sido um referencial para mim. Que deus continue abençoando a vida do irmão a cada dia, concedendo cada vez mais sabedoria.
ResponderExcluirSei que já fiz algumas vezes; copiei seu comentário e postei em meu blog, a minha intenção é: divulgar a palavra de Deus e o seu trabalho, se houver algum constrangimento, meu Email é: guitarrista.samuel@gmail.com; o blog é: http://blogdesamuelsilva.blogspot.com
Que Deus lhe abençoe
Em Cristo Samuel Silva
Queridos irmãos em Cristo, Valdo, Benê e Samuel da Silva, muito grato por seguir este blog. Sinto-me lisonjeado em saber que vocês estão usando estes subsídios na EBD das vossas congregações. Inúmeras pessoas como vocês, que amam e perseguem a sã doutrina cristã, e que insistem que outrem assim também o façam, é que me anima a dedicar várias horas por semana na elaboração destas aulas. Não é fácil, mas enquanto Deus preservar a minha visão e saúde física, eu me dedicarei a este mister. Que Deus, o Pastor e Bispo de nossas almas, vos fortifique cada vez na fé.
ResponderExcluirUm abraço!
pr. luciano muito trermendo sua colocação
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