Texto
Base: 1Timóteo 4:10-14.
Subsídio para a lição 06 – EBD – EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA
"Não te faças negligente para com o dom que há em ti..."
(1Tm 4.14)
INTRODUÇÃO
O tema desta Aula versa sobre compartilhar a liderança em
termos de ajudar as pessoas a crescerem e a se desenvolverem. Um líder servidor
e inspirador busca constantemente por oportunidades de cuidar e encorajar os
outros, assistindo seus liderados em sua jornada pessoal, profissional e
espiritual. Muitos líderes, incertos acerca de sua própria posição e temerosos
que alguém esteja trabalhando para tomar seu cargo de liderança, concentram o
foco sobre o que outras pessoas podem fazer para exaltar sua própria imagem.
Muitos de forma egoísta dizem: “seu trabalho é fazer com que eu apareça
bem”. Mas será que essa forma de pensar egoísta contribui para maximizar o
desempenho de todos? É possível tornar-se grande ajudando outros também a
crescer? Paulo, um dos principais líderes da igreja primitiva alertou os seus
seguidores sobre este modo de pensar egoísta: "Ninguém deve buscar os seus
próprios interesses e sim os interesses dos outros” (1Co 10:24). Sem dúvida,
este é mais do que um ideal nobre e deveria realmente ser um dos objetivos
principais de um líder. Escrevendo aos cristãos de Filipos, Paulo também assim
os advertiu: "Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de
receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês
mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os
dos outros" (Fp 2:3,4). O apóstolo Pedro também fez eco a essas convicções
de Paulo, quando ofereceu esta admoestação: "Portanto, sejam humildes
debaixo da poderosa mão de Deus para que Ele os honre no tempo certo" (1Pe
5:6). Em outras palavras, se você deseja se tornar um grande líder, procure
maneiras de servir e exaltar os que estão ao seu redor. Em outras palavras,
cresça ajudando a outros a crescerem. Esse é o perfil de um líder inspirador e
influenciador.
I.
CRESCIMENTO DO LÍDER
A melhor maneira de um líder desenvolver suas próprias
habilidades consiste em começar imediatamente a ajudar outras pessoas a
desenvolverem as suas capacidades para liderar. Assim procedeu o apóstolo
Paulo. Depois de estar maduro espiritualmente e plenamente capacitado para
exercer o oficio de liderança na obra de Deus, agora motiva outros obreiros a
se capacitarem para este mesmo ofício, e que estes também assim procedam. Ele
recomenda a Timoteo: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste,
confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os
outros”(2Tm 2:2). Aqui Paulo lembrou a Timóteo de que o seu papel essencial
como um guardião significava garantir que estas grandes verdades fossem
confiadas “a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”.
Como bem diz o pr. Benjamin Ângelo de Souza, “numa
liderança espiritual eficaz é vital reconhecer a importância do fundamento da
vocação e chamada de Deus em nossas próprias vidas e nas vidas de outros, de
modo a desenvolver as nossas próprias habilidades e ajudar os outros a
desenvolverem as suas”. Quando um líder deixa de reconhecer os contributos dos
irmãos, apenas se debilita a si mesmo.
1. Escolha. Na escolha de alguém para
investir no seu crescimento, o líder cristão não deve ater-se simplesmente em
suas habilidades e capacidade de trabalho, e decisão. Mas deve, sobretudo,
atentar para o seu caráter(Gl 5:22), considerando sua vocação e chamada de
Deus. Na liderança cristã deve sobressair a consciência de que é uma obra para
Deus, envolvendo o povo de Deus, e que deve ser feita na dependência de Deus.
Seria muito exitoso se todos os líderes tivessem uma
orientação direta e explicita de Jesus na escolha de futuros lideres, como
ocorreu com Saulo - “Disse-lhe, porém, o Senhor: “Vai, porque este é para mim
um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos
filhos de Israel” (Atos 9:15). Outro nome que não podemos deixar de fazer
menção é o de Josué(sucessor de Moisés). Foi o próprio Deus quem o escolhera
para ser o novo líder do povo de Israel: “E ordenou o Senhor a Josué, filho de Num, dizendo:
sê forte e corajoso, porque tu introduzirás os filhos de Israel na terra que,
com juramento, lhes prometi; e eu serei contigo”(Dt 31:23). Muitos
anos antes de substituir Moisés como líder de Israel, Josué demonstrou ser um
homem de fé, visão, coragem, lealdade, obediência inconteste, oração e
dedicação a Deus e à sua Palavra. Quando foi escolhido para substituir Moisés,
já era um homem “em que há o Espírito”(Nm 27:18; Dt 34:9). Esse é o
pré-requisito principal para escolher um líder: um homem “em que ha o Espírito
Santo”. Temos seguido esse princípio? Ou nos afeiçoamos à síndrome de Samuel –
olhar para aparência?
“Aquele que é líder, e exerce liderança espiritual, confia
em Deus, obedece aos Seus mandamentos, procura compreender qual é a vontade de
Deus e anda nela, tem uma dependência em Deus. A liderança espiritual é dada
por Deus, por meio do Espírito Santo àqueles que Ele acha por bem designar. O
homem não escolhe, mas atende ao chamado de Deus, por isso é uma tarefa
celeste”(Pr. Cleverson de Abreu Faria).
2.
Desenvolvimento. “A maior habilidade de um líder é desenvolver
qualidades extraordinárias em pessoas comuns” (Abraham Lincoln). Um líder
inspirador está constantemente a aprender e a crescer, e também a ajudar outras
pessoas a aprender e crescer. Ele prepara os liderados para que também se
tornem lideres e que acima de tudo saibam que quanto maior o poder mais a
humildade é necessária. A sua principal missão é desenvolver pessoas da sua
equipe e garantir que no futuro elas possam ser independentes e mais
confiantes. Sempre cônscio de que, além de professor, ele é também um aluno.
Aliás, um bom professor prepara os alunos para o dia a dia e não para a prova
final. Através das suas histórias é capaz de inspirar e motivar um aprendizado
para toda a vida.
Paulo envolveu-se diretamente no
desenvolvimento espiritual e no aprimoramento do caráter de Timóteo,
reconhecendo que um dia esse jovem também seria um líder. Paulo instruiu a
Timóteo acerca de alguns deveres pastorais: viver uma vida santa(1Tm 4:12),
permanecer receptivo à operação e dons do Espírito (1Tm 4:14), ensinar a sã
doutrina (1Tm 4:13,15,16), guardar a fé (1Tm 6:20; 2Tm 1:13,14) e vigiar sua
própria vida espiritual (1Tm 4:16).
Timóteo foi ensinado sobre
estas admiráveis verdades que asseguram que os bons líderes permanecem abertos
a serem instruídos, ao mesmo tempo que se preocupam com o desenvolvimento dos
seus liderados. Paulo pede que Timóteo transmita isso que apreendeu para que
outros aprendam e venham, também, ensinarem a outros - “E o que de mim,
entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos
para também ensinarem os outros”(2Tm 2:2). Aqui mostra que Timóteo deveria
manter o processo de ensino em andamento.
O apóstolo requer que os lideres
tenham um programa para o desenvolvimento de novos líderes que possam dar
continuidade ao ministério. A partir de Paulo, tem havido uma ligação de
discípulo a discípulo, de geração a geração. Precisamos manter esta ligação
intacta. Paulo estava dizendo a Timóteo que transmitisse o que já tinha sido
provado como verdadeiro e confirmado por “muitas testemunhas” confiáveis.
Se a igreja de hoje seguisse constantemente o conselho de
Paulo, nunca deixaria de existir lideres habilitados e compromissados com a
obra do Senhor, e, por conseguinte, haveria uma transmissão incrível do
Evangelho, quando os crentes bem instruídos ensinassem a outros e os
encarregassem, por sua vez, de ensinar outros. Os discípulos precisam estar capacitados
a transmitir a sua fé; os novos crentes também precisam ser ensinados a fazer
discípulos.
3.
Influência. É dito que qualquer pessoa que consegue influenciar
alguém a realizar alguma coisa, consegue liderar tal pessoa. Com isso, pode-se
dizer que quem lidera influencia pessoas à sua volta. Sabe que está no comando
e que este comando foi-lhe outorgado por Deus. A capacidade de envolver as
pessoas em projetos, trabalhos e fazer com que elas cheguem ao fim desejado é
uma forma adequada de influenciar. Agora, ele não deve de forma alguma incidir
uma influência forçada. Isso deve ser natural. Ele é alguém que vê as
necessidades das outras pessoas. Está sensível para com elas. Com isso,
procura, na maneira do possível, ajudá-las a superar os seus obstáculos. Deve
demonstrar um amor genuíno, como um amor de pai para filho. Afinal de contas,
eles são o rebanho que Deus lhe confiou nas mãos e que um dia prestará contas
disso.
O líder deve procurar influenciar
o povo de Deus a buscar cumprir os intentos de Deus. é claro
que o maior impacto, a maior influência que o líder de Deus pode exercer na
vida de uma outra pessoa é a da transformação. Transformar a vida de outros é
um grande prazer para o líder, sobretudo porque ele vê o seu suor sendo
frutificado. Verifica a Pessoa de Cristo sendo formada na vida de um liderado
seu. Com certeza, uma tarefa gratificante. As maiores mudanças que ocorrem na
vida de uma pessoa são exercidas mediante aquele a quem ela tem maior contato.
“Os grandes líderes influenciam-nos a ir a lugares que nunca iríamos por conta
própria e a fazermos coisas de que nunca tínhamos pensado que fôssemos capazes”
II.
AUXÍLIO NO CRESCIMENTO
Uma das formas de estar em contínuo crescimento é auxiliar
outras pessoas a crescerem, mesmo que essas pessoas venham a assumir
ministérios ou posições maiores do que a sua. André é pouco lembrado na Bíblia,
mas foi ele quem convidou Pedro a ir ter com Jesus (João 1:41,42). De forma
semelhante, foi Barnabé quem reconheceu que Paulo fora escolhido para uma
grande obra e o apresentou aos apóstolos, testemunhando que o mesmo pregava
ousadamente no nome de Jesus (At 9:27). Paulo aplica o mesmo ensino recebido,
na sua relação com o jovem Timóteo, influindo no crescimento e amadurecimento
de seu potencial (At 16:3). Igualmente, requereu de Timoteo que levasse avante
esse princípio (2Tm 2:2)(orientação pedagógica – revista do professor).
1.
Potencialidades. “Liderança é a capacidade de reconhecer as
habilidades especiais e as limitações dos outros, associada à capacidade de
introduzir cada um dentro do serviço que desempenhará melhor”(FINZEL, Hans.
Dez Erros que um Líder Não Pode Cometer. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999,
p.90).
Tomar consciência da vocação e
chamada de Deus na vida de outra pessoa é o primeiro passo para ajudá-la a
desenvolver suas habilidades. Paulo reconheceu habilidades especiais em
Timoteo. Por isso disse: “Por este motivo, te lembro que despertes o dom de
Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm 1:6). Na época de
sua consagração, Timóteo tinha recebido um dom especial do Espírito Santo para
capacitá-lo a servir à Igreja (1Tm 4:14). Esse dom era muito provavelmente o
dom do ministério, uma graça especial de Deus para realizar a obra cristã. 2Tm
2:7 apóia esta ideia.
Em lugar de pedir a Timóteo que
reacendesse um fogo apagado, Paulo o estava incentivando a atiçar um fogo que
já estava aceso, para mantê-lo ardendo. Timóteo não precisava de novas
revelações ou novos dons; ele precisava apenas “atiçar” o dom da liderança que
já tinha recebido. Quando Timóteo usasse este dom, o Espírito Santo estaria com
ele e lhe daria poder. Deus nunca nos dá uma tarefa sem nos capacitar para
realizá-la.
2.
Comportamentos. O líder deve ajudar as pessoas a compreenderem
exatamente o que se requer e se espera da parte delas, explicando as atitudes e
comportamentos adequados, não somente com palavras, mas principalmente com
atitudes e ações. Foi isso que Paulo aconselhou a Timóteo: “Tem cuidado de
ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te
salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”(1Tm 4:16). Paulo
aconselhou Timóteo a ter “cuidado” da sua vida privada e do seu
ministério publico na igreja – a sã doutrina. A sua conduta nas duas áreas
deveria estar acima de qualquer reprovação. Se ele permanecesse no que era
correto, isto seria benéfico para ele e para todos os demais. O seu exemplo
iria facilitar a salvação dos seus ouvintes. Esse princípio é atemporal,
portanto, plenamente aplicável hoje.
3. Credibilidade. Líderes
autoritários não desenvolvem credibilidade diante de outros crentes, nem
confiança da parte deles ou da parte do Senhor, apenas debilitam sua própria
posição. A humildade deve ser uma característica importante quando se estar na
posição de liderança. Pois aquele que é humilde está livre do temível orgulho,
bem como da arrogância. A humildade traz serenidade e equilíbrio ao líder. No
entanto, a pessoa humilde sabe quais são suas qualidades, seus dons, seus
talentos. Ser humilde faz com que nos coloquemos em lugar inferior ao que
mereço. Cristo demonstrou isso ao lavar os pés dos discípulos (João 13:1-11).
“A humildade é importante para
o líder porque as pessoas seguem mais entusiasticamente aquele cuja motivação
não é servir-se a si mesmo. Se todos os outros fatores forem iguais, o líder
humilde está mais perto de alcançar seus objetivos. Por quê? Porque seu
objetivo é beneficiar a todo o grupo, e não o seu engrandecimento pessoal. A
alegria do líder humilde provém de ver o grupo caminhar no sentido de atender
às reais necessidades do grupo. a liderança que não possui essa qualidade, essa
expressão de amor, inevitavelmente perde a credibilidade”( HAGGAI, John.
Seja um Líder de Verdade: Liderança que permanece para um mundo em
transformação. Venda Nova, MG.: Editora Betânia, 1990, p.98,99).
III. BARNABÉ, O EXEMPLO
Barnabé foi um dos personagens
destacados da comunidade cristã
primitiva. Era judeu, de uma família de
sacerdotes, da tribo de Levi e natural de Chipre, uma ilha do
mediterrâneo (At 9:36). Segundo o testemunho de Lucas, "era homem bom,
cheio do Espírito Santo e de fé" (At 11:24). Certamente em decorrência
disso foi enviado de Jerusalém a Antioquia para cuidar da igreja ali
recém-formada (At 11:22). De Antioquia foi designado, juntamente com Paulo,
para um empreendimento missionário entre os gentios - a primeira viagem
missionária de Paulo (At 13:1-3).
Seu nome judeu era José. Para
ressaltar uma característica peculiar, os apóstolos chamavam-no Barnabé (At
4:36), interpretado por Lucas como filho da exortação (ou consolação).
Barnabé foi um tipo de consolador, um exortador, um paracleto (chamado para o
lado de outro a fim de ajudá-lo). Vaie salientar que “parakletos” é um título
que Jesus dá ao Espírito Santo no Evangelho de João.
O líder que cresce e faz crescer
tem MARCAS. Barnabé, como filho da consolação, se coloca ao lado de
outros com o fim de ajudá-los, apresentando as seguintes marcas: generosidade,
discipulador e zelo pela sã doutrina.
1.
Barnabé – a marca da generosidade. A marca da generosidade é uma
das mais importantes dentre aquelas que foram responsáveis por tornar a
comunidade cristã primitiva rigorosamente singular em sua época (At 4:34,35;
2:44,45). A exemplo disso, a narrativa de Lucas apresenta Barnabé como aquele
individuo que se pôs ao lado do necessitado: “como tivesse um campo,
vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos” (At 4:37).
2.
Barnabé – a marca do discipulador. Discipular nada mais é que
ensinar a Palavra de Deus aos novos convertidos, àqueles que aceitaram a Cristo
como seu único e suficiente Senhor e Salvador de suas vidas e fazer com que
eles, que foram escolhidos por Deus, possam viver de tal maneira que deem o
fruto do Espírito, ou seja, tenham um novo caráter, uma nova maneira de viver
que leve as pessoas a glorificar ao nosso Pai que está nos céus, ou seja, vivam
de tal maneira que suas ações os transformem em testemunhas de Jesus, em prova
de que Jesus salva e, por isso, outras pessoas reconheçam o poder de Deus para
a salvação de todo aquele que crê, ou seja, o Evangelho (Rm 1:16).
Barnabé foi um discipulador de
estirpe admirável. Por isso e para isso foi enviado a Antioquia (At 11:19-24)
e, também lá, foi reconhecido como tal (At 13:1). Ele é o tipo de líder que
cresce e ajuda a crescer.
Apresentamos,
a seguir, três altruístas características do seu ministério discipulador:
a) O interesse
desmedido pelo discípulo. O interesse desmedido de Barnabé aparece
primeiramente quando Paulo sofre rejeição da igreja de Jerusalém por parecer
suspeito (At 9:26,27). O fato é que Paulo saiu de Jerusalém com a missão de
perseguir os cristãos e, após algum tempo, retornou alegando ser cristão.
Provavelmente essa alegação foi interpretada como uma nova estratégia de
perseguição. No entanto Barnabé, numa atitude corajosa e arriscada, colocou-se
ao lado de Paulo para, como advogado, justificá-lo perante os apóstolos - “E,
quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos
o temiam, não crendo que fosse discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, o
trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe
falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus. E andava com
eles em Jerusalém, entrando e saindo” (Atos 9:26-28).
Depois disso, Paulo viajou para
Tarso (At 9:30) e, ao surgir uma comunidade em Antioquia (At 11:19-21), Barnabé
foi enviado para assisti-la (At 11:22). De Antioquia, Barnabé dirigiu-se a
Tarso em busca de Paulo para juntos servirem ao Senhor na igreja gentílica de
Antioquia (At 11:25,26).
O interesse de Barnabé por Paulo
é claro, e mostra que enxergava valor onde todos negavam. É uma visão idêntica
à de Jesus, que viu num brutal perseguidor de Sua Igreja um vaso de honra a Seu
nome (At 9:15,16).
Quantas pessoas há em nosso meio
cujo potencial é grande e inexplorado! É necessário que haja visionários
cristãos do tipo de Barnabé, capazes de transformar quem está no anonimato em
grandes vultos.
b) Humildade
face à projeção do discípulo. O líder que cresce e ajuda a crescer não se inquieta ao ver o seu
discípulo crescer mais do que ele. Barnabé chamou Paulo para ajudar a igreja em
Antioquia da Síria, reconhecendo os dons do apóstolo. Ele estava tão dominado
por uma consciência de Reino que a humildade se tornou um dos pontos mais
salientes em seu ministério de discipulado. Naquela ocasião, Paulo já possuía
uma década de experiência crista e ministerial.
Mas a força e a sabedoria de
Paulo nunca o tornaram um rival de Barnabé. Pelo contrário. Por essas virtudes,
Barnabé viu nele um companheiro necessário para o sucesso de seu ministério.
Quando os dois foram enviados
pela igreja de Antioquia para uma viagem missionária (At 13:1), logo se notou a
projeção de Paulo. Ele realizou milagre (At 13:8-12) e fez discurso (At
13:16-41). Segundo Lucas, Paulo foi crescendo, e seu mestre diminuindo. Não se
vê vestígio de inquietude em Barnabé por causa da ascensão de Paulo. O conflito
que os separou teve outra razão.
A atitude de Barnabé em relação
ao discípulo é como a de João Batista em relação a Jesus: “convém que ele
cresça, e que eu diminua” (João 3:30). Essa visão de Reino o situa além dos
seus interesses pessoais e os do discípulo: “importa abençoar os homens e
glorificar a Deus”. Nas palavras de Paulo: “nada fazer por partidarismo ou
vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si
mesmo” (Fp 2:3).
Que tenhamos essa visão de
Barnabé par que a igreja de Jesus seja o palco da bênção dos homens e da glória
de Deus, e nunca palco de rivalidade e glória humanas!
c) Exerce
misericórdia e paciência no momento de fraqueza do discípulo (At 15:36-41). O líder
que cresce e ajuda a crescer estar sempre disposto a dar uma segunda chance a
alguém na igreja que falhou.
Barnabé e Paulo haviam concluído
a primeira viagem missionária. Quando planejavam a segunda viagem, surgiu um
conflito entre os dois que resultou em separação. O falo é que Barnabé insistiu
em levar João Marcos (At 15:37). Paulo resistiu fortemente a essa decisão, com
a alegação de que João Marcos era desertor (At 15:38). Paulo relembrou o
episódio ocorrido em Perge da Panfília quando João Marcos os abandonou durante
a primeira viagem (At 13:13). Ambos mantiveram-se irredutíveis em suas
opiniões, a ponto de se separarem. Barnabé e João Marcos foram para um lado,
enquanto Paulo e Silas foram para outro (At 15:40-41).
Ao rejeitar a companhia de
Marcos, Paulo lhe negou uma segunda chance. Assim, Paulo quebrou a parceria com
seu companheiro, visto que, por sua característica peculiar de consolador,
Barnabé não se negou a oferecer uma nova oportunidade a quem havia tropeçado.
Como Jesus Cristo, Barnabé não esmagou o caniço quebrado e não apagou a mecha
que fumegava (Mt 12:20).
Exercer misericórdia é um
princípio indiscutivelmente válido, tal como Barnabé fez com Marcos. Pela
misericórdia, Barnabé transformou um inútil (At 15:38) em alguém “muito útil
ao ministério” (2Tm 4.11). Estaríamos dispostos a dar uma segunda chance a
alguém na igreja que falhou?
3.
Barnabé – a marca do Zelo pela sã doutrina (At 15). O líder
que cresce e ajuda a crescer zela pelo bem-estar de suas ovelhas, por isso
preocupa-se com a sã doutrina.
A maioria dos primeiros crentes
na igreja primitiva era composta de judeus, mas depois muitos gentios foram
convertidos, especialmente de Antioquia. Alguns homens vieram de Jerusalém a
Antioquia ensinar que a circuncisão era essencial para a salvação (At 15:11),
um ensino que Paulo e Barnabé contestavam. A igreja em Antioquia decidiu que a
disputa tinha de ser resolvida em Jerusalém. Mandou uma delegação para lá,
chefiada por Barnabé e Paulo, para se encontrar com os líderes de Jerusalém.
Após muito debate, Pedro usou a palavra e explicou: “cremos que fomos salvos
pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram“ (At 15:11). No
Concílio em Jerusalém (c. 49 d.C.) Paulo e Barnabé defenderam a tese (At 15:12)
de que a circuncisão não era necessária para a salvação. Após ouvi-los, Tiago
deu o seu parecer (At 15:19,20). Paulo, Barnabé e os outros voltaram para
Antioquia onde foi lida a carta do Concílio para a alegria de toda a igreja. Em
Atos 15:15,26, vemos o alto conceito e estima que os lideres de Jerusalém
dispensaram a Barnabé e Paulo chamando-os “os nossos amados Barnabé e
Paulo”, homens que têm exposto a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Vemos nesse incidente o cuidado
pelo bem-estar de suas ovelhas e a preocupação de Barnabé com a sã doutrina.
Ele se mostrou um homem sábio e espiritual. Quantas vezes, hoje em dia, faltam
sabedoria e coragem para resolver os problemas que surgem no meio da igreja.
Por tudo que foi exposto, podemos
afirmar que Barnabé é da natureza de dispor a si para o crescimento do próximo
com indizível interesse, profunda humildade e incansável perseverança. Enfim,
ele usou sua vida para abençoar os homens e glorificar a Deus. Que Deus nos dê
a graça de imitar a Barnabé.
CONCLUSÃO
“Se o líder não treinar novos
líderes, inspirando-os e ajudando-os a desenvolver o seu potencial, não deixará
nenhum legado à próxima geração. Se aquilo que realizou acabar com a sua
saída, sua obra se perde. A liderança só vale a pena quando líderes crescem e
ajudam outras pessoas a crescerem”.
-----
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof.
EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal, CPAD.
Princípios para uma boa liderança - Pr. Cleverson de Abreu
Faria.
Gente que Fez! (personagens do
Novo Testamento) – Editora Cristã Evangélica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário