3º Trimestre/2013
Texto Básico: Fp
2:12-18
“porque Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp
2:13).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, à luz de Filipenses 2:12-18, aprenderemos
que a obediência a Deus é uma virtude que deve ser buscada por todos aqueles
que são salvos em Cristo Jesus. Depois que Paulo tratou do exemplo de Cristo,
falando acerca da Sua humilhação e exaltação, volta a exortar a igreja à
obediência e à unidade. A preposição "pois" no
versículo 12 é um elo de ligação entre o que Paulo estava falando e o que agora
vai falar. Paulo quer que a igreja de Filipos se espelhe em Cristo como o
exemplo modelo da obediência. Ele diz que o exemplo de Cristo, a Sua humilhação
e a recompensa de Sua exaltação são a principal razão para a igreja viver em
obediência à Palavra de Deus e a Cristo. Assim como Jesus obedeceu ao Pai, os
cristãos também devem obedecer. O que nós cremos precisa se refletir em nosso
modo de vida. Nossa teologia precisa produzir vida.
I. A DINÂMICA DA
SALVAÇÃO (Fp 2:12,13)
“Assim, pois, amados meus, como
sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha
ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus
é quem efetua em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”.
Inicialmente, é
válido salientar que o apóstolo Paulo, em todas as suas cartas, enfatiza
repetidas vezes que a salvação não é por obras, mas por fé no Senhor Jesus
Cristo. Ou melhor, a salvação é um dom da graça de Deus, mas somente podemos
recebê-la em resposta à fé no Senhor Jesus. Diz a Palavra de Deus: ”Pela Graça
sois salvos, mediante a fé...”(Ef 2:8). Para entender corretamente o processo
da salvação, precisamos entender essas duas palavras: Fé e Graça. A fé em Jesus
Cristo é a única condição prévia que Deus requer do homem para a salvação. A fé
não é somente uma confissão a respeito de Cristo, mas também uma ação dinâmica,
que brota do coração do crente que quer seguir a Cristo como Senhor e Salvador
(cf. Mt 4:19; 16:24; Lc 9:23-25; João 10:4, 27; 12:26; Ap 14:4). A fé, em si mesma, não salva -
Quem salva é Jesus. A fé, em
si mesma, não cura - Quem cura é Jesus. A fé é o meio, é o mover do homem, é como uma mão que se estende
para tomar posse da bênção. Se essa mão não se estender a bênção não é
entregue, automaticamente.
É válido ressaltar que a Salvação mencionada no versículo 12 não se refere à salvação
da alma, e, sim, à capacidade de se livrar dos laços que podem impedir o
cristão de cumprir a vontade de Deus. A palavra “salvação” tem muitos
sentidos no Novo Testamento, como, por exemplo, em Fp 1:19 significa a
libertação da prisão e em Fp 1:28 se refere à salvação de nosso corpo da
presença do pecado. O significado dessa palavra em cada caso deve ser
determinado, pelo menos em parte, pelo contexto imediato. Creio que nessa
passagem de Fp 2:12, “salvação” significa a solução do
problema que afligia os filipenses, a saber, as contendas.
1. O caráter
dinâmico da salvação. “... desenvolvei a vossa salvação...”. A
salvação é obra exclusiva de Deus. Contudo, o fato de Deus nos dar
graciosamente a salvação, não significa que ficamos passivos nesse processo. A
salvação é de Deus e nos é dada por Deus, mas precisamos desenvolvê-la. Alguém
disse que a graça de Deus não é uma desculpa para não fazermos nada. Antes, ela
é uma forte razão para fazermos tudo. Tanto na religião quanto na natureza,
somos cooperadores de Deus (1Co 3:6-9). Nós plantamos e regamos, mas Deus
dá-nos a semente, o solo, envia o sol e a chuva e faz a semente crescer e
frutificar.
O mesmo Deus que começou a Salvação em nós
vai completá-la. Deus jamais deixou uma obra inacabada. Ele jamais deixou um
projeto no meio do caminho. Nossa salvação ainda não está acabada, pois Deus
ainda está trabalhando em nós.
Há
três tempos distintos na salvação:
Quanto à justificação, já fomos salvos. Jesus Cristo realizou
e consumou de forma suficiente na cruz do calvário a nossa salvação. Somos
justificados pela fé. A justificação é um ato e não um processo. É feita fora
de nós e não em nós. Acontece no tribunal de Deus e não em nosso coração. Pela justificação, Deus nos declara justos em vez de nos
tornar justos.
Com respeito à santificação, estamos sendo salvos. Paulo diz que o
Senhor nos chama a zelar e a “desenvolver”
a nossa salvação em nosso cotidiano. Nossos pecados passados, presentes e
futuros já foram tratados na cruz de Cristo. Porém, quanto ao processo da
santificação, estamos sendo transformados de glória em glória na imagem de
Cristo. Agora, Deus está trabalhando em nós, formando em nós o caráter de seu
Filho. Se a justificação é um ato, a santificação é um processo que começa na
regeneração e só terminará na glorificação.
Com respeito à glorificação, seremos salvos.
É quando finalmente o nosso corpo receberá uma redenção gloriosa e não mais
teremos dor, angústia ou lágrimas, pois estaremos para sempre com o Senhor (1Ts
4:14-17) – é a plenitude da salvação. Neste mundo ainda gememos sob o peso do
pecado. Aqui ainda vivemos em um corpo de fraqueza. Aqui ainda somos um ser
ambíguo e contraditório. Aqui ainda tropeçamos em muitas coisas. Contudo,
quando Cristo voltar em glória, seremos transformados. A volta de Jesus e a
consumação da nossa salvação são uma agenda firmada pelo Pai, e Ele a levará a
bom termo. Então, teremos um corpo de glória, semelhante ao corpo de Cristo, e
não haverá mais dor, nem pranto, nem morte (ler Fp 3:21). Alegre-se com esta
gloriosa esperança, irmão!
2. Deus é a fonte da
vida.
O apóstolo Paulo esclarece: “porque Deus
é quem efetua em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. A salvação não é uma conquista do homem, mas
um presente de Deus. Ela é nossa, não por direito de conquista, mas por dádiva
imerecida. A salvação não é um prêmio pelas
nossas obras, mas um troféu da graça de Deus. Por si só a pessoa não
pode ser salva, pois é o Espirito Santo quem “efetua” no homem a
salvação (João 16:8-11).
O apóstolo Paulo lembra os crentes de
Filipos de que é possível desenvolver a salvação porque Deus é quem efetua
neles tanto o querer como o realizar, segundo a sua vontade. Isso quer dizer
que Deus põe em nós o querer, isto é, o desejo de fazer sua vontade. Ele também
“efetua” em nós o poder para cumprir esse desejo.
Também temos aqui a unificação do divino com
o humano. Em certo sentido, somos chamados a efetuar nossa salvação. Contudo,
somente Deus pode nos capacitar a fazer isso. Temos de fazer a nossa parte, e
Deus fará a dele. No entanto, isso não se aplica ao perdão dos pecados nem ao
novo nascimento. A redenção é obra exclusiva de Deus.
É válido ressaltar, contudo, que a salvação
não tem um caráter seletivo; isto não tem apoio nas Escrituras Sagradas. Como
bem disse o pr. Elienai Cabral, “todos tem o direito de receber a salvação. O
querer e o efetuar de Deus não anulam esse direito, pelo contrario, a operação
do Eterno habilita qualquer pessoa à salvação através da iluminação do
Evangelho”(João 1:9).
É bom ressaltar, também, que embora a
expiação de Cristo seja suficiente para salvar o pecador, isso não exclui a sua
responsabilidade. Isso está fundamentado nas Escrituras Sagradas. No Juízo
Final, cada ímpio será condenado “segundo as suas obras” (Ap 20:12). Por que
eles serão condenados? Por rejeitarem o Senhor Jesus e a sua obra vicária.
Como? Mediante a permanência em obras carnais (1Co 6:9,10; Gl 5:16-21), quer
antes, quer depois de terem conhecido o Senhor Jesus (Hb 6:4-6; 2Pe 2:20-22).
II. OPERANDO A SALVAÇÃO COM TEMOR E TREMOR
(Fp 2:12-16)
Quando Paulo fala em "temor e tremor", não está falando
de temor servil. Esse não é o temor de um escravo se arrastando aos pés do seu
senhor. Não é o temor ante a perspectiva do castigo. Deus não é um, policial ou
guarda cósmico diante de quem devemos ter medo; nem, também, é um pai bonachão
e complacente; ao contrário, Ele é majestoso, santo e misericordioso. Nosso
grande temor deve ser em ofendê-lo e desagrada-lo, depois de Ele ter nos amado
a ponto de nos dar seu Filho para morrer em nosso lugar.
1. “Fazei todas as
coisas sem murmurações nem contendas”. O apóstolo Paulo exorta os crentes de
Filipos a viverem uma vida exemplar, “sem
murmurações nem contendas”. Por que murmurações e contendas são atitudes
tão reprováveis? Primeiro, essas atitudes são completamente opostas à atitude
de Cristo (Fp 2:5). Segundo, essas atitudes obstaculizam a causa de Cristo
entre os descrentes. Se tudo que as pessoas conhecem sobre a igreja é que seus
membros vivem constantemente murmurando e contendendo, eles terão uma impressão
negativa de Cristo e do Evangelho. Os descrentes, então, sentem-se justificados
para criticar os cristãos. É provável que mais igrejas tenham se dividido por
causa de contenda e murmurações do que por heresias.
Em vez disso, a vida dos crentes deve ser
limpa, o que significa não ter qualquer reprovação, não incorrer em alguma
critica justificável. Isto não significa a perfeição sem pecado; antes, a
igreja deveria estar além da crítica do mundo incrédulo. A vida de cada cristão
também precisa ser inocente. Não deveria haver nada dentro da igreja que
enfraquecesse a sua força ou que contaminasse a verdade. Os membros da igreja,
então, poderiam ser filhos de Deus em um mundo de trevas cheio de pessoas
corrompidas e perversas. Sem dúvida alguma, a igreja de Filipos vivia em uma
geração cheia de desonestidade e perversão. E para cumprir a sua missão no
mundo só poderia fazê-lo se os seus membros fossem filhos de Deus, limpos e
inocentes, em meio a uma cultura depravada. O contraste com a sua cultura seria
tão violento, que os crentes “resplandeceriam como astros”. Eles trariam a luz
da verdade para as trevas da depravação, assim como as estrelas iluminam a
escuridão da noite.
2. “Sejais
irrepreensíveis e sinceros”(Fp 2:15a). O apóstolo Paulo apela aos crentes
de Filipos para que se achem “irrepreensíveis e sinceros”. Ele os ensina que a
salvação é demonstrada por meio de uma conduta irrepreensível. Ele detalha
sobre a conduta irrepreensível, abordando dois pontos:
a) Os crentes devem se tornar
irrepreensíveis.
A palavra grega usada por Paulo para "irrepreensíveis" é “amemptos”
e expressa o que o cristão é no mundo. Sua vida é de tal pureza que ninguém
encontra algo nele que se constitua uma falta. O cristão deve ser não apenas
puro, mas viver uma pureza que seja vista por todos. O cristão deve refletir o
caráter de seu Pai, a ponto de viver de tal maneira que ninguém possa lhe
apontar um dedo acusador (Mt 5:13,45,48).
b) Os crentes devem se tornar sinceros. A palavra grega
para "sinceros" é “akeraios”. Ela expressa o que o cristão é
em si mesmo. Essa palavra significa literalmente "sem mescla", "não
adulterado". Essa palavra era usada para referir-se ao vinho ou leite
puros ou sem mistura de água. Essa palavra era usada também para o barro
puro utilizado na confecção de vasos. Nos tempos antigos, alguns oleiros
cobriam com cera as trincas dos vasos e enganavam os compradores. Quando esses
vasos eram expostos à luz do sol, a cera derretia, e logo apareciam os
defeitos. Então, os compradores passaram a exigir vasos sem cera. Daí foram
cunhadas as palavras: sincero e sinceridade, ou seja, sem cera.
Jesus usou essa palavra quando disse que os
Seus discípulos deveriam ser inocentes como as pombas (Mt 10:16), e Paulo diz
que devemos viver assim no meio de uma geração pervertida e corrupta (Fp 2:15).
Devemos viver no mundo como Daniel viveu na Babilônia cheia de deuses pagãos e
numa cultura pagã, sem se misturar e sem se contaminar.
3. “Retendo a
palavra da vida”.
A Palavra de Deus é singular. Ela não se assemelha aos demais livros. Ela é
viva (Hb 4:12). Ela é a palavra da vida (Fp 2:16). Ela é espírito e vida (João
6:63). A igreja de Filipos deveria “reter a palavra da vida”, anunciando
a verdade do Evangelho ao mundo moribundo, pois somente o evangelho oferece
vida abundante e eterna. A palavra da vida não é para ser retida, mas
compartilhada. O ensino de Paulo não é para a igreja se refugiar entre quatro
paredes, isolando-se do mundo; ao contrário, o projeto de Deus é que a igreja
brilhe como estrelas numa noite trevosa e leve ao mundo a palavra da vida.
Quando Paulo visse a igreja permanecendo
limpa e inocente, e retendo a verdade enquanto tentava alcançar um mundo
depravado, ele ficaria orgulhoso de que o seu trabalho entre eles não teria
sido em vão. Paulo tinha sido o primeiro a levar o Evangelho a Filipos; a
igreja existia por causa de sua pregação. O orgulho de Paulo não era arrogante,
como se ele tivesse construído a igreja com as suas próprias mãos. Em vez
disso, o seu orgulho seria como o de um pai em relação aos filhos que tiveram
êxito.
III. A SALVAÇÃO OPERA O CONTENTAMENTO E A
ALEGRIA (Fp 2:17,18)
“E, ainda que seja oferecido por libação
sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós. E
vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo”.
1. O contentamento
da salvação operada. “E, ainda que seja oferecido por libação sobre o
sacrifício...”.
O apóstolo Paulo usa a figura da libação, um
rito comum na religião judaica, para expressar sua disposição de dar sua vida
pelo evangelho e pela igreja (2Tm 4:6). No judaísmo, a libação era o derramamento
de vinho ou azeite sobre a oferta do holocausto (veja Ex 29:40,41; Nm
15:5,7,10; 28:24).
O apóstolo Paulo via a prática cristã dos
crentes de Filipos como um sacrifício para Deus e via sua morte a favor do
evangelho de Cristo como uma oferta de libação sobre o sacrifício daqueles
irmãos. Ele demonstra uma alegria imensa mesmo estando na antessala da morte e
no corredor do martírio. Suas palavras não são de revolta nem de lamento. Ele
foi perseguido, apedrejado, preso e açoitado com varas. Ele enfrentou frio,
fome e passou privações. Ele enfrentou inimigos de fora e perseguidores de
dentro. Ele, agora, está em Roma, sendo acusado pelos judeus diante de César,
aguardando uma sentença que pode levá-lo à morte; mas, a despeito dessa
situação, sua alma está em festa, e seu coração está exultante de alegria por
contemplar, naquela comunidade, o fruto da sua vocação dada por Cristo Jesus: a
salvação operada em sua vida também operou na dos filipenses – “... folgo e
me regozijo com todos vós”.
2. A alegria do povo
de Deus.
“E vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo” (Fp 2:18). Em
Fp 2:17, Paulo usa a figura da libação para mostrar que a morte dele
completaria o sacrifício dos filipenses. O martírio coroaria sua vida e seu
apostolado. Contudo, apesar desta situação sombria, um raio de luz estava
brilhando. Se Paulo fosse mesmo morrer, ele iria se regozijar e desejava que os
cristãos de Filipos compartilhassem a sua alegria. Paulo estava contente,
sabendo que tinha ajudado aqueles cristãos a viverem para Cristo. Paulo podia
sentir alegria, embora pudesse vir a enfrentar uma execução.
Quando você está totalmente comprometido a
servir a Cristo, sacrificar-se para edificar a fé de outros traz como
recompensa a alegria. Paulo considerava um privilégio morrer por causa da fé, e
ele queria que os filipenses tivessem a mesma atitude em relação à sua morte.
Sendo assim, não haveria motivo para lágrimas. Essa perspectiva levou Paulo a
dizer; "... alegro-me e, com todos vós, me congratulo. Assim, vós também,
pela mesma razão, alegrai-vos e congratulai-vos comigo”.
CONCLUSÃO
Certamente, de nada aproveita a um homem
poder exibir um cartão de membro de uma igreja evangélica, se não puder possuir
e exercitar em seu próprio beneficio, em beneficio dos irmãos, ou da Igreja,
como também do pecador e do “mundo”, as virtudes cristãs, visto que estes
valores espirituais só podem ser adquiridos e exercitados pelo crente salvo,
aquele para quem “...as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez
novo”(2Co 4:17). Mudar apenas de religião, passar a pertencer e frequentar a
“religião” evangélica, não é o que Deus quer para o ser humano. O que Deus quer
é que o ser humano, através de Jesus Cristo, se torne um novo homem, ou uma
nova criatura, pelo milagre da transformação que é o Novo Nascimento, podendo,
assim, revestir-se das virtudes cristãs. Pense nisso!
-------
Elaboração: Luciano
de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista.
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento)
- William Macdonald.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 55 – CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal.
Filipenses – A alegria triunfante no meio
das provas – Rev. Hernandes Dias Lopes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário