2º Trimestre/2015
Texto Base: Lucas 9:38-42,46-50
“E roguei aos teus discípulos que o
expulsassem, e não puderam” (Lc 9:40).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos das limitações que os
discípulos de Jesus apresentavam. Conquanto privilegiados eram em ter o maior
Mestre da história da humanidade ao lado deles de forma tão intima e imediata,
eles não eram perfeitos. Percebemos isso quando lemos as quatro narrativas do
Evangelho de Jesus Cristo, o qual mostra que eles eram homens rodeados de
imperfeições e limitações. Aprenderam, sim, com o Mestre dos mestres e nunca
mais foram as mesmas pessoas, mas não deixaram de ser humanos com todas as suas
limitações.
Às vezes se imagina que a fé cristã para ser
genuinamente bíblica deve anular todas as fragilidades humanas, eliminar todos
as suas limitações. Mas não é assim que a coisa acontece, nem tampouco é isso o
que ensinam as Escrituras Sagradas. É verdade que Deus trabalha com homens, porém,
homens imperfeitos, limitados e que constantemente estão dependendo dEle. Em
nossa caminhada espiritual não dá para fingirmos superioridades espirituais ou
coisas semelhantes. Somos humanos, isto é, somos limitados em nossas ações. Por
isso, a partir da realidade da vida de alguns discípulos e da maneira como
Jesus tratou com eles, algumas lições podem ser aprendidas por nós.
I. LIDANDO COM A DÚVIDA
1. A oração e a fé. No
dia seguinte (Lc 9:37) à experiência gloriosa do cume do monte da
transfiguração, Jesus se deparou com uma situação característica daqueles que
querem fazer a obra de Deus de qualquer maneira: improficuidade. Lucas 9:37-43
mostra a incapacidade angustiante dos discípulos de tratar de um caso de
possessão demoníaca. O contraste é marcante. De um lado, temos aqueles que se
regozijavam na luz de Deus no cume da montanha, e, do outro lado, aqueles que
estavam sendo derrotados pelos poderes das trevas na planície. Aqueles
discípulos que há pouco tempo tinham recebido poder sobre os demônios (Lc 9:1),
agora estão derrotados diante deles (Lc 9:40). Será que houve algum fracasso na
vida espiritual deles?
O certo é que agora os discípulos de Jesus
estavam no vale cara a cara com o diabo, sem capacidade espiritual, colhendo um
grande fracasso. Diante da incapacidade espiritual dos discípulos, o pai do
menino possesso, clamou a Jesus em alta voz, explicando sua necessidade. Aquele
menino, filho único, de tempos em tempos era possesso por um demônio. E agora o
pai completa o seu sofrimento dizendo que rogara aos discípulos que lidassem
com o demônio, mas que, infelizmente, eles não puderam. Há algumas lições
importantes que podemos extrair desse episódio: (1)
a) no vale há gente sofrendo o cativeiro do
diabo sem encontrar na igreja solução para o seu problema (Lc 9:39).
Aqui está um pai desesperado (Mt 17:15,16).
O diabo invadiu a sua casa e está arrebentando com a sua família. Está
destruindo seu único filho. Aquele jovem estava possuído por uma casta de
demônios, que tornavam a sua vida um verdadeiro inferno. No auge do seu desespero
o pai do jovem correu para os discípulos de Jesus em busca de ajuda, mas eles
estavam sem poder.
A Igreja tem oferecido resposta para uma
sociedade desesperançada e aflita? Temos confrontado o poder do mal? A Igreja hoje está cheia de conhecimento, mas
conhecimento apenas não basta, é preciso revestimento de poder. O reino de Deus
não consiste de palavras, mas de poder.
b) no vale há gente desesperada
precisando de ajuda, mas os discípulos estão perdendo tempo, envolvidos numa
discussão infrutífera (Mc 9:14-18).
Os discípulos estavam envolvidos numa
interminável discussão com os escribas, enquanto o diabo estava agindo
livremente sem ser confrontado. Eles estavam perdendo tempo com os inimigos da
obra de Deus em vez de fazer a obra.
A discussão, muitas vezes é saudável e
necessária. Contudo, passar o tempo todo discutindo é uma estratégia do diabo
para nos manter fora da linha de combate. Há crentes que passam a vida inteira
participando de retiros e congressos, mas nunca entram em campo para agir. Sabem
muito e fazem pouco. Discutem muito e trabalham pouco.
Os discípulos estavam discutindo com os
opositores da obra de Deus (Mc 9:14). Discussão sem ação é paralisia
espiritual. O inferno vibra quando a igreja se fecha dentro de quatro paredes,
em torno dos seus empolgantes assuntos. O mundo perece enquanto a igreja está
discutindo. Há muita discussão, mas pouco poder. Há multidões sedentas, mas
pouca ação da igreja.
c) no vale os discípulos estão sem
poder para confrontar os poderes das trevas (Lc 9:40; Mc 9:18;
Mt 17:16). Por que os discípulos estão
sem poder?
-
Os discípulos não oraram (Mc 9:28,29). Não há poder espiritual
sem oração. O poder não vem de dentro, mas do alto. Pouca oração, pouco poder.
Nenhuma oração, nenhum poder.
-
Os discípulos não jejuaram (Mc 9:28,29). O jejum nos esvazia de
nós mesmos e nos reveste com o poder do alto. Quando jejuamos, estamos dizendo
que dependemos totalmente dos recursos de Deus.
-
Os discípulos tinham uma fé tímida (Mt 17:19,20). A fé não
olha para a adversidade, mas para as infinitas possibilidades de Deus. Jesus
disse para o pai do jovem: "Se tu
podes crer; Tudo é possível ao que crê" (Mc 9:23). O poder de Jesus
opera, muitas vezes, mediante a nossa fé.
2.
A Palavra de Deus e a fé. “Se a falta de oração traz
incredulidade, por outro lado, a falta de conhecimento da Palavra de Deus
produz efeito semelhante. É isso o que mostra a história dos discípulos de
Emaús” (Lc 24:13-35). Um desses discípulos chamava-se Cléopas, mas o outro
ninguém sabe o seu nome. O Senhor Jesus, no mesmo dia que ressuscitou apareceu
a esses dois discípulos quando se dirigiam para a aldeia de Emaús. Depois de
dialogar com eles, Jesus percebeu o quanto eram incrédulos. Jesus passa a
indicar que a raiz do problema é que eles não tinham absorvido aquilo que se
ensina nas profecias bíblicas. Os profetas tinham falado com clareza
suficiente, mas as mentes de Cléopas e do seu companheiro não tinham sido
suficientemente alertas para captar aquilo que queriam dizer. Jesus reprovou a
incredulidade dos dois discípulos e os chamou de néscios, isto é, desprovidos
de conhecimento ou discernimento (Lc 24:25).
Jesus, então, dá a aqueles dois discípulos
um estudo bíblico sistemático. Moisés e todos os profetas formaram o ponto de
partida, mas Ele também passou para as coisas que se referiam a Ele em todas as
Escrituras. Lucas não dá indicação alguma de quais passagens o Senhor escolheu,
mas torna claro que a totalidade do Antigo Testamento era envolvida. Aqueles
dois discípulos tinham ideias erradas daquilo que o Antigo Testamento ensinava,
e, portanto, tinham ideias erradas acerca da cruz.
As ideias erradas daquilo que o Antigo
Testamento ensinava, também, estavam impregnadas na mente dos onze apóstolos. A
dúvida é um mal terrível que impregna a mente das pessoas, causando-lhes
incredulidade, quando lhes falta o conhecimento da Palavra de Deus. Os
apóstolos fugiram quando Jesus foi preso no Getsêmani (Mc 14:50); estiveram
ausentes no Calvário (exceto João); não compareceram diante de Pilatos para
reivindicar o seu corpo para o sepultamento; estiveram ausentes no seu
sepultamento; não acreditaram na mensagem da sua ressurreição (Mc 16:11-14).
Marcos nos informa que eles não deram credito ao testemunho de Maria Madalena
(Mc 16:9-11) e não creram no testemunho dos dois discípulos que estavam de
caminho para o campo (Mc 16:12,13). Jesus, então, aparece a eles quando estavam
à mesa e censura-lhes a incredulidade e dureza de coração (Mc 16:14).
Muitos hoje estão como esses discípulos, não
acreditam na ressurreição; não acreditam que Jesus virá outra vez; muitos, não
acreditam mais em Deus, não acreditam que as Escrituras é a Palavra de Deus.
Infelizmente, muitos têm se apostatado da fé. Isso é lamentável!
II. LIDANDO COM A PRIMAZIA E O EXCLUSIVISMO
1. Evitando a Primazia. Certa
feita, enquanto Jesus se preparava para enfrentar o calvário, os discípulos
estavam preocupados em saber quem era o maior (Lc 9:46-48). Isso revelava a ideia
errada que eles tinham de Jesus. Para eles Jesus era um Messias-Rei dominador,
um libertador de Israel, e eles, de algum modo, iriam participar de um poder
dominante. E, na luta pelo poder, veio a competição pela supremacia. Quem manda
mais? Certamente os discípulos foram tentados pelo orgulho espiritual.
Certamente eles foram tentados a usufruir o poder que Jesus tinha lhes dado.
Diante disso, Jesus entendeu que eles precisavam de um tratamento de choque.
Jesus lhes apresentou uma parábola viva. E
usou para essa lição um elemento inesperado para eles. Jesus tomou uma criança
e, certamente, a colocou no colo e lhes ensinou: “Qualquer que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me
recebe; e qualquer que a mim me recebe não recebe a mim, mas ao que me enviou;
porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo é grande” (Lc 9:48).
A criança, além de ser o símbolo da despretensão, da fraqueza e da dependência,
era o símbolo da pureza de fé, da humildade e principalmente da falta de
hipocrisia, isto é, da sinceridade e da transparência. Naqueles dias, a criança
não tinha qualquer valor na sociedade, assim como os escravos. E a lição
ensinada acabava com qualquer pretensão: o menor é o maior. Quem acolhe os
pequenos, humildes e sinceros acolhe Jesus e a Deus Pai que o enviou!
A ambição humana não vê outro sinal de
grandeza senão coroas, status, riquezas e elevada posição na sociedade. Porém,
o Filho de Deus declara que o caminho para a grandeza e o reconhecimento divino
é devotar-se ao cuidado dos mais tenros e fracos da família de Deus.
2.
Evitando o exclusivismo. Novamente Jesus corrige os seus
discípulos, agora acerca da intolerância e do exclusivismo estreito (Lc
9:49,50; Mc 9:38-41). João proíbe um homem que expulsava demônios em nome de
Cristo, pelo simples fato de não fazer parte do grupo apostólico, de não estar
lutando alinhado com eles. Na teologia de João, somente o grupo deles estava
com a verdade; os outros eram excluídos e desprezados. João pensava que apenas
os discípulos tinham o monopólio do poder de Jesus. O homem estava fazendo uma
coisa boa, expulsando demônios; da maneira certa, em nome de Jesus; com
resultado positivo, socorrendo uma pessoa necessitada. Contudo, mesmo assim,
João o proíbe.
De igual modo, hoje, muitos segmentos
religiosos tem a pretensão de serem os únicos que servem a Deus. Pensam e
chegam ao disparate de pregarem com altivez como se fossem os únicos seguidores
fiéis de Jesus e batem no peito com arrogância, como se fossem os únicos
salvos. Muitos, tolamente, creem que Deus é um patrimônio exclusivo da sua
denominação. Agem com soberba e desprezam todos quantos não aderem à sua
corrente sectária. Muitos chegam até mesmo a perseguir uns aos outros, e se
engalfinham em vergonhosas brigas e contendas, como acontecia na igreja em
Corintos (1Co 6:7). Esse espírito intolerante e exclusivista está em desacordo
com o ensino de Jesus, o Senhor da Igreja. Na verdade, muitas pessoas que não
faziam parte dos doze demonstraram, algumas vezes, uma fé mais robusta em Jesus
do que eles (cf. Mc 7:28,29; 15:42-46; Mt 8:10).
Jesus, então, repreende os discípulos e
acentua que quem não é contra Ele, é por Ele (Lc 9:50). A lição que Jesus
ensina é clara: não podemos ter a pretensão de julgar os outros nem de
considerar-nos os únicos seguidores de Cristo, pelo fato de essas pessoas não
estarem em nossa companhia, em nossa denominação.
Obviamente, Jesus não está dizendo que os
hereges, os heterodoxos e aqueles que acrescentam ou retiram parte das
Escrituras devam ser considerados os seus legítimos seguidores. Jesus não está
ensinando aqui o inclusivismo religioso nem dando um voto de aprovação a todas
as religiões. Jesus não comunga com o erro doutrinário; antes, o reprovou
severamente. Jesus não aprova o universalismo nem o ecumenismo. Não há unidade
espiritual fora da verdade. Contudo, Jesus não aceita a intolerância religiosa.
Não podemos proibir nem rejeitar os outros pelo simples fato de eles não
pertencerem ao nosso grupo.
Certa vez, no Antigo Testamento, Josué pediu
a Moisés para proibir Eldade e Medade que estavam profetizando no campo. Ele
exclama: “Moisés, meu senhor, proíbe-lhos”.
Mas Moisés lhe responde: ”Tens tu ciúmes
por mim? Tomara todo o povo do Senhor
fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito” (Nm 11:26-29).
Moisés ensina aqui que devemos evitar o exclusivismo.
III. LIDANDO COM A AVAREZA (Lc
12:13-21).
Segundo o dicionário Aurélio, avareza é o “excessivo e sórdido apego ao dinheiro;
esganação”. A avareza é um pecado perigoso, pois facilmente conduz a outros
pecados, como a mentira e a desonestidade. Jesus disse: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não
consiste na abundância do que possui” (Lc 12:15). O valor de uma pessoa não
consiste no valor de seus bens. Esse ensinamento pode ser ridicularizado por
alguns que amam o dinheiro. E infelizmente essa foi a reação de alguns líderes
religiosos diante das Palavras de Jesus (Lc 16:14). Curiosamente, hoje, os
“pregadores da riqueza” fazem o mesmo. Igualmente zombam dos verdadeiros servos
de Deus, que combatem a exagerada “teologia da prosperidade” e pregam a verdade
revelada na Palavra de Deus.
Certa feita, Jesus ainda estava no meio da
multidão, ensinando o povo a ter cuidado com os religiosos, quando alguém
levantou uma questão: alguém pediu que Jesus fosse o juiz num caso de divisão
de herança - “Mestre, dize a meu irmão
que reparta comigo a herança” (Lc 12:13). Essa solicitação estava na
contramão dos ensinos de Cristo e por isso recebeu a censura dEle: “Homem, quem me pôs a mim por juiz ou
repartidor entre vós?” (Lc 12:14). Enquanto Jesus ensinava a se evitar uma
atitude legalista e materialista, esse homem age de forma diametralmente oposta
àquilo que fora ensinado. Ele estava preocupado com a herança. Segundo a Bíblia de Estudo Nova Versão
Internacional, esse pedido feito a Jesus não era algo estranho:
“A lei, em Dt 21:17 promulgou a regra
genérica de que um filho mais velho receberia o dobro da porção de um filho mais
jovem. As disputas sobre tais questões eram em geral dirimidas pelos rabinos.
Esse pedido que o homem fez a Jesus era egoísta e materialista…Jesus então lhe
responde com uma Parábola a respeito das consequências da ganância”.
Como bem sabemos, a divisão de uma herança é
sempre um problema, pois nesse momento aparecem a usura e a avareza. Com
certeza, muita gente pensa: “Ah! Tudo estaria resolvido se aparecesse agora
alguma herança”. Será que esse não é o desejo de alguns de nós nesse momento?
Mas aí é que está o engano. É um erro pensar assim, pois a partir desse momento
é que começam os conflitos e as dificuldades entre os herdeiros. Jesus foi
muito claro quando disse: “Acautelai-vos
e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância
do que possui” (Lc 12:15).
Jesus, então, contou a seguinte parábola: “a herdade de um homem rico tinha produzido
com abundância. E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde
recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e
edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus
bens; e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos
anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te
pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? ” (Lc 12:16-20).
Irmãos, a vida não nos pertence! Os bens não
nos pertencem! Nem a vida nem os bens são nossas propriedades; são apenas um
empréstimo! Desta feita, de que adiantam os bens acumulados? As riquezas não
podem atender as maiores necessidades da vida e nem mesmo nos libertar da
ansiedade. Elas não são garantia de vida, porque a vida é um presente de Deus,
do qual temos que prestar conta a qualquer momento.
Observe que Jesus chama o homem da parábola
de louco. Ele foi chamado de louco não porque estivesse cometendo algum crime,
escândalo, roubo ou adultério, mas porque era avarento, voltado somente para
sua riqueza. Ele pensava que a alma se alimenta de cereal. Ele foi considerado
um pecador tão perigoso quanto aquele que mata, rouba e adultera. Em outras
palavras, esse homem era materialista ou ateu, como tantos que existem hoje em
nossa sociedade, vivendo como se Deus não existisse.
Portanto, devemos entender que o dinheiro ou
os bens não oferecem qualquer segurança, porque de um momento para o outro seu
possuidor pode ser surpreendido com o chamado de Deus. Onde você tem depositado
sua confiança? Nas suas posses? Nos seus bens? Desejo que sua segurança esteja
totalmente depositada em Jesus Cristo!
Ao aceitarmos Jesus, podemos não nos tornar
milionários, mas aqueles que aceitam tomar a cruz e segui-lo, certamente
encontrarão a verdadeira riqueza, a riqueza espiritual, as quais Deus nos dará
na eternidade: “As coisas que o olho não
viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus
preparou para os que o amam” (1Co 2.9).
IV. LIDANDO COM O RESSENTIMETNO (Lc
17:3,4)
“Olhai
por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se
arrepender, perdoa-lhe; e, se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no
dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe”.
1.
A necessidade de perdão. Na vida cristã não há somente o
perigo de ofender outros. Há também o perigo de nutrir rancores, de se recusar
a perdoar quando alguém que nos ofendeu pede perdão. É isso que o Senhor trata
aqui em Lucas 17:3,4.
O
perdão é uma necessidade vital para nossa alma,
para nosso bem-estar. Mas o perdão não é fácil. É fácil pregar um sermão sobre
o perdão até se deparar com alguém para perdoar. Mas Jesus Cristo nos informa e
nos ensina que se eu não perdoar não posso orar; se eu não perdoar não posso
adorar; se eu não perdoar não posso ofertar; se eu não posso perdoar eu não
posso ser perdoado; se eu não perdoar, eu adoeço fisicamente, emocionalmente,
espiritualmente; se eu não perdoar a minha alma, a minha vida será entregue aos
verdugos da consciência e eu ficarei cativo e prisioneiro sem paz.
O
perdão é uma terapia para a alma, um tônico para o coração, uma
condição indispensável para a saúde emocional e física. Muitas enfermidades
deixariam de existir se aprendêssemos a terapia do perdão. Quem não perdoa
adoece física, emocional e espiritualmente. O perdão é o remédio necessário que
tonifica o coração para caminharmos pela vida sem amargura. Sem perdão a vida
torna-se um fardo insuportável e a alma fica prisioneira do ódio e da vingança.
Sem perdão somos destruídos pelos nossos sentimentos.
Aliás,
o perdão não é simplesmente uma questão de ação, mas de reação.
Jesus ilustra isso no sermão do monte (Mt 5:39-41). Ele diz que quando uma
pessoa nos ferir a face direita, devemos voltar-lhe a outra face. Quando a
pessoa nos forçar a andar uma milha, devemos ir com ela duas milhas. Quando uma
pessoa procurar nos tirar a capa, devemos dar-lhe também a túnica. O que, na
verdade, Jesus estava ensinando? Ele não estava falando de ação, mas de reação.
O que representa essas três figuras
alistadas por Jesus? Primeiro, quando uma pessoa nos fere no
rosto, ela agride a nossa honra. Segundo,
quando uma pessoa nos força a fazer o que não desejamos, ela agride a nossa
vontade. Terceiro, quando uma pessoa
nos toma as vestes pessoais, ela agride o nosso bem mais íntimo e sagrado.
Jesus, então, realça que mesmo que os pontos mais vitais da vida sejam
atingidos - como a honra, a vontade e os bens inalienáveis -, devemos reagir
transcendentalmente, ou seja, com perdão.
O perdão é a transcendência do amor, é vencer
o mal com o bem. Perdoar é tratar o outro não como ele merece, mas segundo a
misericórdia exige. O perdão não é a execução da justiça, mas o braço estendido
da misericórdia. Perdoar é abrir mão dos seus direitos. Perdoar é colocar o
outro na frente do eu. Perdoar é não se ressentir do mal, mas vencer o mal com
o bem, abençoando o próprio malfeitor.
2.
Perdão, uma vida de mão dupla. “... Perdoai e sereis perdoados” (Lc 6:37). Aqui, Jesus mostra que
o perdão é uma via de mão dupla.
Você já percebeu que na palavra perdoar tem
a palavra doar? Quem perdoa está doando alguma coisa. De certa forma
misteriosa, o perdão de Deus depende de nosso perdão. O que Jesus ensinou na
oração do Pai Nosso? Duas vezes ele fala sobre o perdão. Em Mateus 6:12 Ele diz
assim: “perdoa as nossas dividas, assim
como nós perdoamos”. Depois no versículo 15 ele diz: “se, porém, não perdoardes aos homens vosso pai celestial também não vos
perdoará”. Portanto, se eu não perdoar, eu também não recebo perdão de
Deus. É uma via de não dupla.
Quer consubstanciar este texto? Então leia
Mateus 18:23-35, que fala sobre “a
parábola do credor incompassivo”. Sabe qual é a conclusão desta parábola? Se vós não perdoardes as ofensas dos vossos
irmãos, vosso pai celestial também não vos perdoará - “Assim vos fará também meu pai celestial, se do coração não perdoardes,
cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mt 18:35). Então, de certa forma o
perdão de Deus depende do nosso perdão. Se você quer perdão de Deus, aprenda a
liberar perdão para aquele que tem apedrejado você.
Quanto eu perdoo eu me pareço com Deus. Em Mateus
capitulo 5, a partir do versículo 44, você vai entender. Jesus disse: “eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos,
bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos
maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do pai que está nos céus...”.
Aqui eu tenho a real compreensão que quando eu perdoo eu me pareço com Deus. Todo
filho recebe uma herança genética do pai. Você não se parece com Deus quando
você ora. Mas, quando você perdoa você se parece com Deus. Portanto, para que
você seja filho do vosso Pai que está no Céu, tem que saber perdoar.
CONCLUSÃO
“Ao estudarmos as limitações dos discípulos,
alguns fatos ficam em evidência. Observamos que a incapacidade para enfrentar
Satanás em Lucas 9:40 é justificada em Mateus 17:20 pela falta de fé; a
incredulidade dos discípulos no caminho de Emaús (Lc 24:13-35) é justificada
pela falta de conhecimento das Escrituras (Lc 24:25-27); o desejo por grandeza
e primazia (Lc 9:46-48) é uma consequência de terem se amoldado à cultura do
mundo, e; a falta de perdão existe por não se reconhecer a natureza perdoadora
do Pai celestial” (LBM. CPAD. p. 69).
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Luciano
de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador
Cristão – nº 62. CPAD.
Comentário Bíblico
popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Comentário Lucas – à
Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD
Guia do Leitor da
Bíblia – Lawrence O. Richards
John Vernon McGee.
Através da Bíblia – Lucas. RTM.
Leon L. Morris.
Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.
MARCOS – O Evangelho
dos Milagres. Hernandes Dias Lopes.
HORTON, Stanley M.
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
(1) Hernandes Dias Lopes. MARCOS - O Evangelho dos Milagres.
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