3º Trimestre/2015
Texto Base:1Timóteo 5:17-22;6:9-10
“Olhai, pois, por vós e por todo o
rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a
igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (Atos 20:28).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos acerca dos conselhos
gerais de Paulo a Timóteo em relação aos membros da família cristã com os quais
trabalhava. Paulo o orienta a lidar de forma sábia com as diferentes pessoas e
grupos dentro da igreja. O cristianismo não é apenas uma coletânea de dogmas,
mas sobretudo o cultivo de relacionamentos saudáveis. A maioria dos pastores
enfrenta tensões na igreja por falta de habilidade de relacionar-se com
pessoas. Timóteo é instruído a agir de forma criteriosa com os diferentes
membros da comunidade, a fim de que a igreja de Deus empregue todo o seu
potencial na obra, em vez de desperdiçar suas energias em conflitos internos.
I. O CUIDADO COM O REBANHO
Uma das tarefas de um pastor é corrigir as
faltas de alguns membros da igreja. Para um pastor lograr êxito na repreensão
aos membros da igreja, ele necessita de duas coisas: o conteúdo bíblico e a
forma amorosa. Não basta exortar de acordo com a verdade; é preciso também
exortar com amor. O pastor precisa ter tato e sensibilidade para lidar com pessoas
de diversas faixas etárias.
1.
Cuidado com os anciãos (1Tm 5:1). “Não repreendas asperamente os anciãos, mas admoesta-os como a pais; aos
jovens, como a irmãos”. Aqui, Paulo ensina a Timóteo a maneira correta de
lidar com as pessoas mais velhas. Sendo jovem e, talvez, mais dinâmico, Timóteo
poderia ser tentado a se tornar impaciente e ressentido com alguns homens
idosos. Por isso a admoestação para ele não repreender a um homem idoso
asperamente, mas exortá-lo como a um pai. Seria impróprio a ele, jovem,
criticar tal pessoa com ataques verbais. Se o respeito com as pessoas idosas
faz parte da cultura de muitos povos, entre o povo de Deus essa distinção deve
ser ainda mais observada.
“... aos jovens, como a irmãos”. Havia
ainda o perigo de Timóteo manifestar uma atitude de opressão em relação aos
mais moços. Paulo o alerta a tratar os moços como a irmãos. Ele
deveria ser exatamente como um deles, sem lhes mostrar atitudes autoritárias. A
igreja é a família de Deus, e devemos olhar para as pessoas da nossa idade como
irmãos e irmãs.
2.
O cuidado com as mulheres idosas e viúvas (1Tm 5:2,3). “Às mulheres idosas, como a mães... Honra
as viúvas que verdadeiramente são viúvas”. Aqui, Paulo orienta Timóteo que
as mulheres idosas devem ser consideradas como mães e tratadas com a dignidade,
o amor e o respeito devidos. E Paulo também dá a Timóteo algumas orientações
para que ele pudesse resolver as questões das viúvas na igreja (1Tm 5:3-8). A
igreja não pode negligenciar a assistência aos domésticos da fé, quando estes
são necessitados, e ao mesmo tempo não assumir o papel da família, quando esta
pode socorrê-los. O sustento financeiro pela igreja deve limitar-se às viúvas
que são realmente necessitadas (1Tm 5:3,5,16), ou seja, aquelas que não têm
dotes nem parentes para mantê-las. Havia um grande número de viúvas na igreja
de Éfeso.
Deus proíbe que seu povo aflija os órfãos e
as viúvas (Êx 22:22). Um magistrado que oprime as viúvas está sob o juízo
divino (Dt 27:19). Os agricultores eram instruídos a reservar um décimo da sua
produção para as viúvas e os órfãos, deixando a eles ainda uma parte da
colheita (Dt 14:28,29). Os profetas de Deus denunciaram a nação por defraudar
as viúvas (Is 1:17,23; Jr 7:5; Ez 22:7; Zc 7:10). Jesus demonstrou compaixão
com a viúva de Naim (Lc 7:11,12) e enalteceu a oferta da viúva pobre (Mc 12:41,42),
ao mesmo tempo que denunciou os escribas que devoravam as casas das viúvas e se
escondiam atrás de uma pecaminosa ostentação religiosa (Mc 12:40). A igreja de
Jerusalém nomeou sete homens cheios de sabedoria, cheios de fé e cheios do
Espírito Santo para supervisionar a distribuição diária às viúvas (At 6:1-6).
Mais tarde, Tiago afirma que uma das evidências da verdadeira religião é
visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações (Tg 1:27).
3. Tratar as pessoas do sexo oposto com
honra e pureza (5:2). “... às
moças, como a irmãs, em toda a pureza”. Aqui, Paulo orienta a Timóteo que
“pureza” deveria caracterizar toda a atitude dele em relação às jovens moças. Ele
deveria não apenas evitar o que é pecaminoso, mas também se desviar dos atos de
indiscrição e de todo comportamento com aparência de pecado. O pastor precisa
respeitar as jovens da igreja, tratando-as com honra e pureza. Um pastor que
olha para as jovens da igreja com lascívia é um desastre. Um líder cujos olhos
são cheios de adultério é como um lobo entre as ovelhas. Muitos pastores têm
caído na área moral, por se entregarem a desejos lascivos. O conselho de Paulo
nunca foi tão urgente, atual e oportuno!
4.
O cuidado com os ministros fiéis (1Tm 5:17).
“Devem ser
considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem
bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino”.
Os líderes que são fiéis ao Senhor e à igreja
devem ser estimados e apoiados por todos os liderados. Paulo estabelece a regra
de que os presbíteros que presidem bem devem ser merecedores de dobrados
honorários. “Honorários” pode
significar respeito, mas também inclui a ideia de reembolso financeiro (Mt
15:6). “Dobrados honorários” contêm
as duas ideias. Antes de tudo, são merecedores de respeito do povo de Deus
devido a seu trabalho, mas, se o seu tempo é integralmente dedicado a esse
trabalho, também são merecedores de ajuda financeira. Os que se afadigam na
palavra e no ensino são provavelmente aqueles que gastam tanto tempo na
pregação e no ensino que não podem ter um emprego regular. Aos cristãos de
Corinto ele fez observações idênticas, revelando seu zelo pela manutenção dos obreiros
(1Co 9:6-10).
Os presbíteros fiéis em seu trabalho não
deveriam ser apegados ao dinheiro - avarento (1Tm 3:3), mas eram dignos de
receber honra e honorários. Com isso, Paulo considera que o pastorado é um
ministério remunerado. Da mesma forma que nos dias do Antigo Testamento os
sacerdotes eram sustentados a fim de se dedicarem à lei do Senhor (2Cr 31:4),
também nos dias do Novo Testamento os pastores devem ser sustentados para que
possam devotar-se à obra do evangelho.
II. O TRATO COM O PRESBITÉRIO
1. Acusação contra os presbíteros
(1Tm 5:19). “Não aceites acusação contra
presbítero, senão com duas ou três testemunhas”. Por ocuparem uma posição
de responsabilidade na igreja, os presbíteros se tornam o alvo principal de
ataque de Satanás. Por essa razão, o Espírito Santo de Deus toma medidas para
protegê-los de falsa acusação. É estabelecido o princípio de que nenhuma ação
disciplinar ocorra contra um presbítero, a menos que a acusação seja confirmada
por duas ou três testemunhas. Na realidade, esse mesmo princípio se aplica a
uma ação disciplinar contra qualquer membro da igreja, mas é enfatizado aqui
porque havia o risco de os presbíteros serem acusado injustamente. Mas, se o
líder for realmente culpado precisa se arrepender, confessar, deixar os seus
pecados e ser disciplinado (Pv 28:13). Encobrir os erros daqueles que pecaram
não é solução, pois “Deus não tem o culpado por inocente” (Nm 14:18). Os
presbíteros, ou pastores, estão sujeitos a pecar, por isso, precisam vigiar e
orar ainda mais (Mt 26:41).
2.
A repreensão aos presbíteros (1Tm 5:20). “Aos que pecarem, repreende-os na presença de
todos, para que também os outros tenham temor”. Aqui, Paulo ensina a
respeito da forma como aqueles que pecaram e tiveram suas faltas comprovadas
por testemunhas, devem ser disciplinadas.
A lei já exigia que não se podia condenar
ninguém com o testemunho de uma única pessoa (Dt 19:15). Porém, quando uma
acusação contra um presbítero procedia de duas ou mais testemunhas e era
verdadeira, e além disso o denunciado persistia
no pecado, então o faltoso deveria ser corrigido na presença de todos.
Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, pecados
públicos devem ser corrigidos publicamente para que haja temor, pois a disciplina
visa não apenas a restaurar o faltoso, mas também a prevenir os demais membros
do corpo a não caírem no mesmo laço. A igreja nunca pode dar ao mundo a ideia
de que está tolerando o pecado. O pecado é maligníssimo. É como um fermento: um
pouco leveda a massa toda. Um mau exemplo é devastador na igreja. É como uma
laranja podre numa cesta de laranjas saudáveis. Contamina as demais!
Timóteo é exortado a não ter parcialidades
na aplicação da disciplina (1Tm 5:21). A igreja de Deus não pode ter dois pesos
e duas medidas. Não pode tratar alguns membros com rigor e outros com complacência.
Não pode aplicar a uns o rigor da lei e a outros, regalias e privilégios.
Segundo
Hernandes Dias Lopes, a vida do líder é a vida de sua liderança,
mas os pecados do líder são os mestres do pecado. Os pecados do líder são mais graves,
mais hipócritas e mais danosos que os pecados dos demais membros da igreja. São
mais graves, porque o líder peca mesmo tendo maior conhecimento. São mais
hipócritas, porque o líder convoca o povo a viver em santidade e, muitas vezes,
pratica o pecado em secreto. E são mais danosos, porque, quando um líder cai,
mais pessoas são atingidas. Daí, os líderes que têm práticas pecaminosas não
devem ser ignorados. Na realidade, a posição que ocupam não é um atenuante, mas
um agravante. Eles devem ser tratados com mais severidade, e na presença de
toda a igreja (Mt 18:15-17), para que os demais presbíteros, ou pastores,
também possam sentir-se cheios de temor piedoso de fazer o mal.
Todavia, ao tratar da disciplina na igreja
local, há dois perigos a serem evitados. O primeiro é a prevenção ou
preconceito, e o outro é a parcialidade ou o favoritismo. É fácil ter um
preconceito contra alguém e assim prejulgar o caso com injustiça. Também é
muito fácil mostrar parcialidade em relação a alguém por causa de sua riqueza,
posição na comunidade ou personalidade. Assim, Paulo solenemente conjura
Timóteo diante de Deus, e Cristo Jesus e também diante dos anjos eleitos, a
obedecer a essas instruções sem julgar uma questão antes de todos os fatos
serem conhecidos ou sem mostrar-se favorável a alguém simplesmente porque é
amigo ou conhecido - “Conjuro-te, diante
de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que, sem prevenção,
guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade” (1Tm 5:21). Portanto,
cada caso deve ser julgado diante de Deus, e Cristo Jesus e também diante dos
anjos. Os anjos são os observadores do mundo onde vivemos e eles devem ver
justiça perfeita em questões de disciplina na igreja.
3.
O cuidado com a saúde (1Tm 5:23). O apóstolo Paulo demonstra
seu zelo pastoral ao preocupar-se com a saúde de Timóteo. O apóstolo escreve: “Não continues a
beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas
frequentes enfermidades”. Não há dúvida de que este versículo se
refere ao vinho de verdade, e não apenas ao suco de uva. Se não fosse vinho de
verdade, não faria sentido o apóstolo enfatizar que se deve usar somente “um pouco”.
O conselho de Paulo - “não continues a beber somente água” - significa que Timóteo não
deveria beber água sem “um pouco de vinho”. Paulo aconselha o uso de “um pouco
de vinho por causa de seu “estômago” e de suas “frequentes enfermidades”. É
claro que, aqui, Paulo refere-se apenas ao uso medicinal do vinho e jamais deve
ser interpretado como desculpa a seu uso abusivo.
É muito comum o obreiro gastar todo o tempo
cuidando do rebanho e esquecer-se de si mesmo. Timóteo era bastante cuidadoso
com os outros, mas estava descuidando de si mesmo. Precisava dar atenção à sua
saúde para poder cuidar da igreja. As pressões do ministério são enormes, e
Timóteo estava no comando da maior igreja da época, a igreja de Éfeso. Éfeso
era a capital da Ásia Menor, uma cidade complexa e com muitos desafios. Os
falsos mestres perturbavam a igreja, e Timóteo precisava lidar com essas
pressões que vinham de fora e também com as tensões que vinham de dentro da
igreja. O desgaste emocional e os reflexos que esse desgaste tinham na saúde de
Timóteo levaram Paulo a orientar o jovem pastor a cuidar de sua saúde.
Note que, embora Paulo, como apóstolo, sem
dúvida tivesse o poder de curar todos os tipos de doenças, nem sempre o usava.
Aqui, ele justifica o uso de remédios para doenças estomacais. Há momentos que
a resposta de Deus, em relação à cura, é negativa, e, quando isso acontece,
devemos aprender a lidar com a soberania divina. Mesmo homens de fé, como
Moisés e Paulo, deixaram de ter suas orações atendidas (Dt 3:26; 2Co 12:8,9).
III. CONSELHOS GERAIS (1Tm 6:3-21)
No capítulo cinco, vimos como Paulo tratou a
questão da ação social na igreja, especialmente no cuidado das viúvas que não
tinham suporte financeiro da família. Também vimos como Paulo abordou a questão
do sustento e disciplina. Agora veremos como Paulo orienta Timóteo a lidar com
os falsos mestres e o cuidado que deve ter como pastor do rebanho. Também
veremos os conselhos dados pelo apóstolo aos ricos.
1.
Aos que não respeitam a sã doutrina (1Tm 6:3-5). “Se alguém ensina outra doutrina e não
concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino
segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e
contendas de palavras, de que nascem inveja,
provocação, difamações, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens
cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de
lucro”.
Aqui, Paulo volta a atenção para aqueles que
estariam dispostos a ensinar doutrinas novas e estranhas na igreja. São falsos
mestres, aqueles que se desviam da sã doutrina, abandonam a verdade e
desviam-se da fé, dividindo a igreja, motivados pela avareza. Eles trocam o
evangelho por outro evangelho. Trocam o genuíno pelo espúrio, o verdadeiro pelo
falso, o pão nutritivo da verdade pelo caldo mortífero da mentira (morte na panela: 2Rs 4:38-41). Por discordarem da
sã doutrina, ensinam suas perniciosas heresias.
Os falsos mestres, por serem arrogantes e
ignorantes, promovem divisões. Proclamam a si mesmos como os donos da verdade.
Gostam de discutir. São obcecados por contendas de palavras. No entanto, são
vazios, não entendem nada, são desprovidos da verdade e escravos da mentira.
Cinco resultados são apresentados: inveja
(ressentir-se por causa dos dons dos outros); provocação (cultivar
espírito de rivalidade e contenda); difamações (espalhar mentiras acerca
de outras pessoas); suspeitas malignas (esquecer-se de que a comunhão se constrói
com a confiança, e não com a suspeita); altercações sem fim (o fruto da
irritação).
Esses falsos mestres são homens depravados e
mentirosos. Além do mais, o vetor que governa sua vida é o lucro. Eles não
estão interessados na salvação das pessoas, mas no dinheiro que elas possuem.
Fazem da religião um negócio. Distorcem o evangelho e fazem dele um artigo
comercial. Transformam o templo numa praça de negócio. Usam o púlpito ou a mídia
como um balcão, e os crentes como consumidores. “Eles tornam a mais sagrada das
vocações em um ofício de ganhar dinheiro”.
Esses falsos mestres nos lembra os pastores
mercenários que posam como ministros cristãos, mas não tem amor real pela
verdade. Também nos faz pensar no comércio que se tornou tão comum no
cristianismo: a venda de indulgências, os bingos, os bazares beneficentes, as
quermesses, etc. Há uma ordem clara de nos desviarmos de tais mestres ímpios: “Aparta-te dos tais” (1Tm 6:5 – ARC).
2.
Aos que querem ser ricos (1Tm 6:9,10). “Mas os que querem ser ricos caem em
tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que
submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de
toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se
traspassaram a si mesmos com muitas dores”.
Ser
rico não é pecado, mas confiar nas riquezas, preferi-las à
vida eterna é fatal para a vida espiritual de alguém. Assim, lutar por uma vida
regalada nesta Terra, estar à busca de obtenção de riquezas, erigir isto como
uma prioridade na vida é praticamente assinar a sua sentença de perdição.
A
riqueza como fruto do trabalho e da providência divina é uma bênção. É
Deus quem nos dá força para adquirirmos riqueza. Há muitas pessoas ricas e
piedosas. Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, o problema não é possuir
dinheiro, mas ser possuído por ele. O problema não é ter dinheiro, mas o
dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas carregá-lo
no coração.
Paulo diz que o amor ao dinheiro é a fonte
de todos os males. Nem todo o mal do universo surge do amor ao dinheiro, mas
certamente é uma das grandes fontes de vários tipos de males. Por exemplo, o
amor ao dinheiro produz inveja, briga, roubo, desonestidade, intemperança,
esquecimento de Deus, egoísmo, desvios de conduta, etc.
É preciso destacar que o dinheiro não é raiz
de todos os males. O dinheiro em si é uma bênção. Com ele suprimos nossas
necessidades e servimos ao próximo. Com ele ajudamos os necessitados e
cooperamos com a expansão do reino de Deus. O problema não é ter dinheiro no
bolso, mas ter o dinheiro no coração. O problema não é possuirmos riquezas, mas
as riquezas nos possuírem. O problema não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro.
3.
Conselhos aos ricos (1Tm 6:17-19). “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a
esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá
todas as coisas para delas gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras,
repartam de boa mente e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um
bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna”.
Nos versículos anteriores Paulo escreveu de
forma detalhada sobre aqueles que desejam ser ricos. Aqui, ele se refere aos
ricos. Veja alguns conselhos que Timóteo deveria dar aos ricos:
a) Os ricos não deveriam ser
orgulhosos (1Tm 6:17a). Essa é a tentação dos ricos. A posse
do dinheiro pode levá-los a serem orgulhosos. O indivíduo pode pensar que ser rico
significa ser mais competente, mais inteligente, melhor que os outros ou até mesmo
mais amado por Deus. A pessoa pode ficar soberba porque tem muitas
propriedades, porque conseguiu construir um colossal patrimônio. A soberba,
porém, é a antessala da ruína. Um rico soberbo não compreendeu nem a
vulnerabilidade da vida nem a instabilidade das riquezas.
b)
Os ricos não deveriam
depositar a sua esperança, literalmente, na instabilidade da riqueza (1Tm
6:17b). Confiar na instabilidade da riqueza é a mesma coisa que edificar
sua casa na areia. Hoje há muitas pessoas desesperadas. Até ontem estavam
confiantes de terem feito os melhores investimentos; agora, seus investimentos
deram para trás. Aquela aplicação antes tão sólida de repente se torna
vulnerável. Muitas pessoas perderam seus bens do dia para a noite. A Bíblia diz:
“Porventura fitarás os teus olhos naquilo
que é nada? Pois certamente a riqueza fará para si asas, como a águia que voa
pelos céus” (Pv 23:5). Confiar no dinheiro é uma insanidade.
c)
Os ricos deveriam confiar
em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas usufruirmos (1Tm
17:c). Uma das grandes ciladas da riqueza é que é difícil tê-la sem confiar
nela. E isso é uma forma de idolatria. É negar a verdade de que Deus é quem
abundantemente nos dá todas as coisas para nossa satisfação. O dinheiro pode
lhe dar roupas bonitas, mas não beleza. Pode lhe dar prazeres, mas não paz.
Pode lhe dar aventuras, mas não felicidade. Pode lhe dar um carro blindado e
segurança, mas não proteção real. Pode lhe dar uma casa, mas não uma família. Pode
lhe dar remédios, mas não saúde. Pode lhe dar bajuladores, mas não amigos. Pode
lhe dar satisfação sexual, mas não amor. Pode lhe dar um rico funeral, mas não
vida eterna.
d)
Os ricos devem dar daquilo que recebem de Deus (1Tm 6:18) – “que façam o bem, enriqueçam em boas
obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis”. O rico é lembrado
de que o dinheiro que ele possui não é dele. Ele o recebeu para ser
administrado. Ele é responsável pelo uso do dinheiro para a glória de Deus e
para o bem-estar de seu próximo. Ele deve usá-lo para as boas obras e ser
generoso com os necessitados.
e) Os ricos devem fazer investimentos
para a eternidade – “que
entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam
alcançar a vida eterna”. Jesus disse que devemos ajuntar tesouros lá no
céu, onde os ladrões, a traça e a ferrugem não podem destruí-los. A bolsa de
valores do Céu jamais entra em colapso. As riquezas espirituais jamais podem
ser roubadas. A Bíblia diz que onde estiver o seu tesouro, aí estará o seu
coração. Devemos buscar as coisas lá do alto. Devemos buscar em primeiro lugar
o reino de Deus e a sua justiça. Devemos buscar tesouros que sejam um sólido
fundamento. Devemos nos apoderar da verdadeira vida.
O
homem que só pensava em seus banquetes e em suas vestes, e
deixou Lázaro faminto e chagado à sua porta, morreu sem ajuntar tesouros no Céu.
Morreu e foi para o inferno, onde acabou atormentado nas chamas e não recebeu
nem mesmo o alívio de uma gota de água (Lc 16:19-31).
O
homem que se preparou apenas para esta vida e não fez nenhuma
provisão para a sua alma foi chamado de louco (cf Lc 12:20,21).
Portanto, aquele que ajunta tesouros apenas para
esta vida descobrirá que, no dia em que sua casa cair, no dia em que estiver
atravessando a ponte que liga o tempo à eternidade, o dinheiro não poderá
ajudá-lo a se apoderar da verdadeira vida. O crente sábio não entesoura para
esta vida, mas para a futura (Mt 6:19-21).
CONCLUSÃO
Paulo conclui os seus conselhos gerais
admoestando a seu amigo e colaborador a guardar o objeto que lhe foi confiado: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi
confiado...” (1Tm 6:20a). O objeto entregue a Timóteo para ser protegido
por ele é o santo Evangelho. Isto inclui, naturalmente, o que o apóstolo está
escrevendo na carta de 1Timóteo: todas as ordens dadas a Timóteo e todo o
ensino que esta epístola contém. Timóteo terá de dar conta a Deus quanto ao que
fez com o “depósito”.
A fé cristã foi colocada nas mãos de
Timóteo. Ele recebeu esse depósito e precisa transmiti-lo com fidelidade.
Timóteo deve entregar o que recebeu, e não o que inventou. Deve transmitir o
que recebeu, e não o que criou. Segundo Hernandes Dias Lopes, “o pregador não
gera a mensagem, ele transmite a mensagem. Ele não é o dono da mensagem, é o
servo da mensagem. O pregador é um despenseiro de Deus (Tt 1:7), e o que se
requer do despenseiro é fidelidade. Ele não pode sonegar ao povo o evangelho
que Deus a ele confiou nem acrescentar coisa alguma ao evangelho por ele
recebido”.
Paulo
finaliza sua admoestação dizendo: ”...tendo
horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada
ciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja contigo.
Amém!” (1Tm 6:20b,21). Timóteo não deveria perder tempo com as futilidades
dos falsos mestres. Não deveria envolver-se com falatórios inúteis e profanos e
com as contradições do saber, pois os que assim procedem desviam-se da fé;
antes, ele deveria manter-se firme e fiel na pregação do evangelho que lhe foi
confiado. Da mesma forma que os hereges
se afastam da verdade, o pastor deve afastar-se das heresias.
Concluo com as mesmas palavras de Paulo a Timóteo: ”
A
graça seja convosco” (1Tm 6:21b). É unicamente no poder dessa graça que
Timóteo e a igreja são capazes de resistir os falsos mestres, afastar-se de sua
influência. A graça é suficiente. Ela nos basta! Amém!
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Luciano de Paula Lourenço -
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 63. CPAD.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Tito e
Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes.
Hagnos.
1 Timóteo
– o pastor, sua vida e sua obra. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.
2 Timóteo
– O testamento de Paulo à Igreja. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.
Comentário
do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. William Hendriksen.
As Ordenanças
de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
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