4º Trimestre/2015
Texto Base: Gênesis 45:1-8
“E disse Faraó a seus servos:
Acharíamos um varão como este, em quem haja o Espírito de Deus?” (Gn 41:38).
INTRODUÇÃO
Com esta Aula concluímos o estudo do livro
de Gênesis, concernente aos temas e tópicos propostos. Na Aula de hoje
estudaremos a respeito da vida de José. Veremos preciosas lições que este
valoroso jovem deixou como legado para todas as pessoas que sonham os sonhos de
Deus. De todos os filhos de Jacó, José é, de longe, o mais focalizado pelo
texto sagrado, pois, além de ter sido o instrumento de Deus para que Israel
viesse a se tornar uma nação, também é um vigoroso exemplo de como deve ser o
caráter de um servo do Senhor neste mundo distanciado de Deus. O seu testemunho
nos mostra a possibilidade de o homem manter-se, sob a graça divina, íntegro, independentemente
da idade e das circunstâncias que o envolvam.
Ele foi o mais próximo tipo de Cristo na
Bíblia: amado pelo pai e invejado pelos irmãos; vendido por vinte moedas de
prata; desceu ao Egito em tempos de prova; perseguido injustamente; abandonado pelo
amigo; exaltado depois da aflição; salvador de seu povo.
Milhões ao longo dos séculos foram salvos
com a história desse jovem valoroso. Seus atos pregam com muita contundência e
penetração como deve ser o comportamento de um verdadeiro homem de Deus, mesmo
que tenha que passar por dolorosas provações. José teve como principal meta não
perder a comunhão com seu Deus, pois sabia que no tempo certo Deus lhe daria a
recompensa pela sua fidelidade. Ele foi um homem fiel a seus pais, a seus
superiores e a Deus. Ele foi fiel na adversidade e na prosperidade. Sigamos,
pois, o seu exemplo!
1. A HISTÓRIA DE JOSÉ
José, filho de Jacó e de Raquel, ocupa a
posição central na narrativa do livro do Gênesis, a partir do capítulo 37,
parte conhecida pelos estudiosos das Escrituras como “o ciclo de José”.
José enfrentou terríveis provações: foi
desprezado e abandonado pelos seus irmãos, vendido como escravo, exposto à
tentação sexual e punido por fazer a coisa certa; suportou um longo período de
encarceramento e foi esquecido por aqueles a quem ajudou. Mas José não passava
muito tempo tentando saber os motivos de suas provas. Sua atitude era: “o que
devo fazer agora?”. Os que conheceram José logo perceberam que Deus estava com
ele em qualquer coisa que fizesse ou onde quer que fosse.
Quando você estiver enfrentado um
contratempo, o primeiro passo para uma atitude semelhante a de José é
reconhecer que Deus está no controle de tudo e que Ele está com você. Não há
nada como a presença dEle para derramar nova luz sobre a situação escura. Ao
ler a história de José, note o que ele fez e cada situação. Sua atitude
positiva transformou todo contratempo em progresso.
1.
Filho da afeição (Gn 37:3). José é mencionado, pela
vez primeira, nas Escrituras Sagradas, em Gn 30:24, quando se noticia o seu
nascimento miraculoso em Padã-Arã (Gn 28:2; 30:22-24). Raquel, sua mãe e a
mulher predileta de Jacó, por quem o velho patriarca havia trabalhado para
Labão durante quatorze anos, era estéril. Entretanto, Deus lhe abriu a madre e
José nasceu, revelando, desde logo, que se tratava de uma pessoa com uma missão
especial no plano divino para a salvação do homem. Seu nome, em hebraico,
significa “Deus acrescenta” ou “aquele que acrescenta”, nome dado por Raquel
para expressar ao Senhor seu desejo de ter mais um filho, desejo que foi
atendido, embora Raquel tenha morrido neste seu segundo parto (Gn 35:16-19).
A vida de José é narrada nos capítulos 37 a
50 de Gênesis. Jacó amava mais a José do que a todos os seus filhos (Gn 37:3),
porque era filho da sua velhice, razão pela qual fez-lhe uma túnica de várias
cores. Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles,
odiavam-no e não lhe podiam falar pacificamente(Gn 37:4).
2.
Filho dos sonhos (Gn 37:5-11). José, aos dezessete anos
de idade, teve um sonho e contou a seus irmãos. Ele lhes disse: "Estávamos nós atando molhos no campo e eis
que o meu molho, levantando-se, ficou em pé; e os vossos molhos o rodeavam e se
inclinavam ao meu molho". Responderam-lhe seus irmãos: "Tu, pois, reinarás sobre nós e deveras terás
domínio sobre nós?". Por causa dos seus sonhos e das suas palavras o
odiavam ainda mais.
Neste
primeiro sonho, temos que José se dirige apenas a seus
irmãos, até porque o sonho envolve tão somente ele e seus irmãos. Aqui, José
revela imaturidade, o que é próprio para quem tinha a sua idade. José deveria
ter guardado o sonho para si ou, quem sabe, pedir a seu pai, que, certamente,
já lhe dissera a respeito das experiências que tivera com o Senhor, inclusive a
visão em Betel, alguma orientação. Entretanto, José quis, com o sonho, alterar
a sua posição diante de seus irmãos; não tinha percebido que não é desta
maneira que alguém se impõe. Não é por força, nem por violência, mas pelo
Espírito Santo que uma liderança escolhida por Deus se impõe aos demais (cf. Zc
4:6). Esta experiência José ainda não possuía e deveria aprendê-la nas diversas
fases de sua vida.
Teve
José outro sonho e o contou diante de seus irmãos, dizendo:
"Tive ainda outro sonho; e eis que o
sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante mim”. Os irmãos o odiaram
por causa do sonho e seu pai repreendeu-o porque entendeu que, segundo o sonho,
todos eles viriam a inclinar-se com o rosto em terra diante dele. Jacó
repreendendo a José, não porque não cresse nos sonhos, mas pela própria
inexperiência do filho, tanto que o velho patriarca guardou estas coisas em seu
coração (Gn 37:11). Entretanto, os sonhos apenas aguçaram a beligerância entre
José e seus irmãos, cuja inveja já era, então, notória e explícita.
Apesar da imprudência de José no tocante às
revelações recebidas da parte de Deus, verdade é que era necessário, no plano
divino, que ele contasse os sonhos a seus irmãos, para que se tivesse a
situação que o levou ao Egito como escravo; mas isto nos serve de lição para
que tenhamos muita prudência e cuidado no que toca à divulgação de nosso
relacionamento com o Senhor. Há um espaço de intimidade entre o crente e o
Senhor (Mt 6:6; Ap 2:17), espaço este que não deve ser divulgado a ninguém, a
menos que haja uma determinação neste sentido da parte do Senhor. Não podemos
nos esquecer que vivemos num mundo mau e que nem todos são nossos amigos, bem
como que o nosso inimigo sempre está ao nosso derredor, buscando a quem possa
tragar (1Pedro 5:8).
Os sonhos de José eram os sonhos de Deus,
mas, inicialmente, seus sonhos não o levaram ao pódio, mas à cisterna; seus sonhos
não o fizeram um vencedor, mas um escravo; seus sonhos não o levaram de imediato
ao trono, mas à prisão. Porém, José soube esperar pacientemente o tempo de
Deus. Ele compreendia que Deus era o Senhor de seus sonhos, por isso aguardou com
paciência o cumprimento da promessa.
Depois do choro, vem a alegria; depois das lágrimas,
vem o consolo; depois do deserto, vem a Terra Prometida; depois da humilhação, vem
a exaltação; depois da cruz, vem a coroa; depois da prisão, vem o trono. José confiou
em Deus, e seus sonhos foram realizados.
3.
José sofreu a dor do desprezo e do abandono (Gn 37:24,25).
José era o décimo primeiro filho de Jacó e o primeiro de Raquel, sua amada (Gn
49:22). Benjamim era o mais jovem de todos (Gn 49:27). Rubens, o primogênito,
era instável, imoral e intempestivo (Gn 35:22; 49:4). Simeão e Levi eram
violentos, cruéis e vingativos (Gn 34:25-29; 49:5,7). Porém, uma coisa eles
tinham em comum: todos invejavam José e procuravam ocasião para matá-lo (Gn
37:11,18,20). Totalmente envolvidos pela inveja, decidiram matar José (Gn
37:18) e o teriam feito se Ruben, o primogênito, não lhes tivesse demovido o
intento (Gn 37:18-21). José é, então, lançado numa cova até que se resolvesse o
que se faria com ele. Ele foi desprezado e abandonado por aqueles que deveriam
protegê-lo.
José perdeu, de um momento para outro, toda
a sua posição privilegiada que tinha na casa de seu pai. Perdeu a “túnica de
várias cores” e é posto numa cova no deserto, uma cova vazia e sem água (Gn
37:24). Seus irmãos, insensíveis e cegos pelo ódio e pela inveja, comiam pão
enquanto seu irmão estava a sofrer terrivelmente naquela cova. José estava só,
abandonado pelos seus próprios irmãos.
A despeito de tudo isso, aprendemos uma
lição importante: um líder precisa aprender a ficar só e a depender única e
exclusivamente de Deus. Era esta a primeira lição que Deus dava a José e uma
lição que dá a cada um de Seus servos que tem chamado para fazer parte de Sua
Igreja. Nos dias em que vivemos, muitos pregam a respeito das promessas de Deus
e da sua fidelidade, mas omitem o preço que deve ser pago para se apropriar de
tais promessas.
II. UM ESCRAVO CHAMADO JOSÉ
José, de filho predileto, torna-se uma
mercadoria, um escravo. Mas, a Bíblia diz que Deus era com ele (At 7:9).
1.
O preço de um jovem (Gn 39:28) – “Passando, pois, os mercadores midianitas, tiraram, e alçaram a José da
cova, e venderam José por vinte moedas
de prata aos ismaelitas, os quais levaram José ao Egito”.
Judá livra José da morte, convencendo seus
irmãos a vendê-lo a mercadores do deserto, ismaelitas e/ou midianitas (Gn.37:27,28).
José foi vendido por vinte moedas de prata, abaixo da cotação do mercado para
aquisição de um escravo (cf. Êx 21:32). José foi tratado como uma mercadoria,
um objeto descartável, “mas Deus era com Ele” (At 7:9).
José foi levado para o Egito, a potência
política da época, onde foi vendido a Potifar, eunuco de Faraó, capitão da
guarda (Gn 37:36). No Egito, inicia-se a segunda fase da vida de José. Não era
mais agora o filho predileto na casa de seu pai, mas um escravo em terra
estrangeira. Deus já mostra a Sua presença ao fazer com que José seja comprado
por um alto funcionário da corte de Faraó. Potifar era o capitão da guarda, o
encarregado da segurança de Faraó e de seus palácios, de modo que José é
introduzido, ainda que na condição de escravo, num ambiente privilegiado.
Apesar de ter perdido a condição de filho
predileto na casa de seu pai e de, agora, ser um escravo em terra estrangeira,
José não havia perdido a companhia do Senhor. O texto sagrado é enfático ao
afirmar que “o Senhor estava com José” (Gn 39:2). E por que Deus estava com
ele? Porque José se manteve fiel ao Senhor. Como disse o salmista: “Perto está
o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em
verdade”(Sl.145:18). José servia verdadeiramente a Deus, adorava a Deus pelo
que Ele é, não pelo que Ele fazia ou deixava de fazer e, por isso, o Senhor
estava com ele.
José decidira servir a Deus, mesmo em uma
situação tão difícil, em terra estranha, longe de sua família, traído pelos
seus irmãos. Apesar disso, ele mantém a mesma posição diante de Deus: integridade
e lealdade. Continuou a servi-lo, a amá-lo, pois amar a Deus é fazer o que Ele
manda (João 14:5; 15:14).
Temos sido íntegros em nosso viver? Servimos
a Deus tanto na alegria como na tristeza, tanto quando estamos em uma situação
privilegiada, como José na casa de Jacó, quanto quando estamos como escravos em
terra estrangeira, completamente sós e desamparados? Temos o mesmo sentimento
que teve o patriarca Jó: “… receberemos o bem de Deus e não receberíamos o
mal?” (Jó 2:10). Isto é ser íntegro; isto é ter o coração inteiramente dedicado
a Deus, render-lhe exclusiva adoração, não importando com nada que esteja à
nossa volta, as chamadas “circunstâncias”. É esta a ordem divina para os Seus
servos: “… andai no temor do Senhor com fidelidade e com coração inteiro” (2Cr.19:9).
Israel teve um rei por nome Amazias, que não serviu ao Senhor de coração
inteiro (2Cr.25:2), motivo pelo qual teve grandes fracassos em sua vida.
2.
José prospera, a despeito das adversidades (Gn 39:2) – “E o SENHOR estava com José, e foi varão
próspero...”.
Em virtude de sua fidelidade a Deus em uma
situação tão adversa, José foi um varão próspero (Gn 39:2,3). Ele não abandonou
a Deus apesar de toda a adversidade e, por este motivo, Deus começou a trazer
bênçãos materiais para a casa de Potifar, a fim de que o próprio capitão da
guarda, pessoa ignorante das coisas de Deus, pudesse exaltar a pessoa de José
em sua casa - “Vendo, pois, o seu senhor
que o SENHOR estava com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em
sua mão, José achou graça a seus olhos e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa
e entregou na sua mão tudo o que tinha” (Gn 39:3,4).
José conquistou uma posição de liderança na
casa de Potifar graças ao seu trabalho, ao seu esforço. Quando aliamos esforço,
dedicação e excelência de serviço a uma vida de comunhão com o Senhor,
certamente seremos abençoados por Deus. Não se trata de um “toma-lá-dá-cá”, de
uma barganha, como se ouve na atualidade, mas, sim, do resultado do poder de
Deus em nossas vidas. As nossas boas obras fazem com que o nome do Senhor seja
glorificado (Mt.5:16) e um bom testemunho nos traz reconhecimento na sociedade,
no ambiente onde estamos.
3.
A pureza de um jovem (Gn 39:7-12). Mas, quando tudo parecia
estar bem na vida de José, surge a tentação. A mulher de Potifar quis deitar-se
com José, pois ele era formoso de parecer e formoso à vista (Gn 39:6). José
resistiu a esta oferta, não aceitando deitar-se com a mulher de seu senhor. Em primeiro lugar, porque era fiel a Deus
e sabia que uma relação sexual fora do casamento estava fora da vontade divina.
Em segundo lugar, José sabia o seu
lugar: “estava na casa do seu senhor” e, por isso, bem sabia que a mulher de
Potifar não se encontrava entre os bens que lhe haviam sido confiados (Gn 39:9).
Em terceiro lugar, porque o
adultério é um grande mal e um terrível pecado contra Deus (Gn 39:9). Vemos,
assim, mais um sinal de integridade na vida de José.
Humanamente pensando, José nada teria a
perder em aceitar esta oferta. Era rapaz jovem vigoroso e a mulher de seu
senhor não devia ser feia. A tentação era realmente forte e, além do mais,
Potifar lhe tinha absoluta confiança. No dia em que sofreu o ataque mais
decidido da mulher de Potifar, não havia sequer uma testemunha que o pudesse
incriminar. Entretanto, José não tinha a dimensão humana em vista, mas tão
somente a dimensão divina.
José podia usar outro argumento para
justificar a sua queda moral: ele era escravo. Ele podia pensar que não tinha
nada a perder e, ainda, um escravo só tem que obedecer. Entretanto, José
entendeu que Potifar lhe havia confiado tudo em sua casa, menos sua mulher.
José sabia que a traição conjugal é uma facada nas costas, uma deslealdade que
abre feridas incuráveis. Ele estava pronto a perder sua liberdade, mas não a
sua consciência pura. Estava pronto a morrer, mas não a pecar. José preferiu
estar na prisão, com a consciência limpa, a estar em liberdade na cama da
mulher com a consciência culpada. Ele perdeu a liberdade, mas não a dignidade.
José manteve-se firme: por entender a
presença de Deus em sua vida (Gn 39:2,3); por entender a bênção de Deus em sua
vida (Gn 39:5); por entender que o adultério é maldade contra o cônjuge traído
(Gn 39:9) e um grave pecado contra Deus (Gn 39:9).
Em relação às paixões carnais, o segredo da
vitória não é resistir, mas fugir. José fugiu (Gn 39:12). E, mesmo indo para a
prisão, escapou da maior de todas as prisões: a prisão da culpa e do pecado.
O exemplo de José é extremamente elucidativo
nos dias de imoralidade sexual que vivemos. Ensina-se abertamente, inclusive
entre “evangélicos”, que a castidade, a pureza sexual, a virgindade antes do
casamento são “princípios ultrapassados”, “costumes antigos”, “falso
moralismo”, pois “Deus só quer o coração”. A vida de José mostra, bem ao contrário,
que a verdadeira comunhão com Deus, a integridade, está na observância das
regras éticas estabelecidas pelo Senhor na Sua Palavra, em especial as
relativas à moral sexual, que impõem a atividade sexual no casamento e apenas
com o cônjuge.
4.
A intervenção de Deus por José (At 7:10) -“e livrou-o de todas as suas tribulações e
lhe deu graça e sabedoria ante faraó, rei do Egito, que o constituiu governador
sobre o Egito e toda a sua casa” (At 7:10). Deus não nos livra de sermos
humilhados, mas nos exalta em tempo oportuno. Deus exaltou José depois da
humilhação e do sofrimento. Podemos verificar essa ação de Deus na vida de José
de três formas:
a) Deus livrou José de todas suas
aflições (At 7:10a) – “e
livrou-o de todas as suas tribulações...”. Vida
cristã não é ausência de aflição, mas livramento nas aflições. Depois da
tempestade, vem a bonança. Depois do choro, vem a alegria. Depois do vale, vem o monte. Depois do
deserto, vem a terra prometida. Assim como Deus livrou José de todas as suas
aflições, Ele é poderoso: para enxugar nossas lágrimas; para aliviar nosso
fardo; para acalmar as tempestades de nosso coração; para trazer bonança para nossa
vida e nos dar um tempo de refrigério.
b) Deus deu a José graça e sabedoria
(At 7:10b) – “...e
lhe deu graça e sabedoria ante faraó, rei do Egito...”. Deus
deu graça e sabedoria a José: para entender o que ninguém entendia; para ver o
que ninguém via; para discernir o que ninguém compreendia; para trazer soluções
a problemas que ninguém previa. O futuro do Egito e do mundo foi revelado a José
por meio do sonho do Faraó. Em José, havia o Espírito de Deus. Por meio da
palavra de José, o mundo não entrou em colapso. Por expediente de José, a crise
que poderia desabar sobre o Egito e as nações vizinhas foi transformada em
oportunidade para Deus cumprir seus gloriosos propósitos na vida de seu povo.
c) Deus galardoou José e o fez
instrumento de bênção para os outros (At 7:10c) – “...que o constituiu governador sobre o
Egito e toda a sua casa”. Todas
as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, diz a palavra de Deus. Deus
usou José para salvar a vida de sua família. José foi o instrumento que Deus
levantou para salvar o mundo da fome e da morte.
III – LIÇÕES DA CONDUTA DE JOSÉ PARA AS
NOSSAS VIDAS
1. Prioridade na Comunhão com Deus. José,
em todos os momentos de sua vida, foi uma pessoa que se preocupou em agradar,
sobretudo, a Deus, em ter como prioridade o seu relacionamento com Deus. José
priorizou este relacionamento com o Senhor e não esmoreceu mesmo quando foi
repreendido por seu pai, por causa de um sonho que teve da parte do Senhor ou
quando foi para a prisão por ter se recusado a violar a lei do Senhor ante a
oferta de adultério por parte da mulher de seu senhor. Esta dedicação extrema
ao Senhor, devoção, piedade e integridade é, sem dúvida, uma das mais preciosas
lições que extraímos da vida de José. Pensamos nas coisas que são de cima (Cl
3:1,2)? Estamos realmente mortos para o mundo (Rm 6:2; Cl 3:3)? Não mais
vivemos, mas Cristo vive em nós (Gl 2:20)?
2.
Fidelidade a Deus ante as circunstâncias adversas.
José foi fiel a Deus, temeu ao Senhor, não importando o que lhe aconteceu ao
longo da vida. Foi fiel a Deus na casa de seu pai, como escravo em terra
estranha, na casa do cárcere como preso injustiçado e no palácio de Faraó, como
governador do Egito. Esta firmeza e constância é algo que devemos reproduzir no
nosso andar com Cristo até que o Senhor volte ou que nos chame para a sua
glória. O Senhor é bem claro em sua carta à igreja de Esmirna: “… Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida”(Ap 2:10).
3.
Disposição para o perdão. José jamais se vingou
daqueles que lhe prejudicaram: os seus irmãos e a mulher de Potifá. Deus não
nos poupa de sofrermos injustiças, mas nos dá poder para triunfarmos sobre elas
por meio do perdão. José decide perdoar seus irmãos, em vez de buscar a
vingança. José resolveu pagar o mal com o bem - “agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos meninos. Assim,
os consolou e falou segundo o coração deles” (Gn 50:21).
Perdoar: é
cancelar a dívida e não cobrar mais; é deixar o outro livre e ficar livre; é
oferecer ao ofensor o seu melhor. O perdão oferece cura para os ofensores e
ofendidos.
José
deu várias provas de seu perdão:
- Primeiro,
deu o nome de Manasses a seu primeiro filho (Gn 41:51) –
"Deus me fez esquecer de todo o meu
trabalho, e de toda a casa de meu pai". O nome Manasses significa
"perdão". José estava apagando de sua memória todo o registro de
mágoa e ressentimento. Ele queria celebrar o perdão.
-
Segundo, deu a melhor terra do Egito a seus irmãos (Gn 45:18,20). O
amor que perdoa é generoso. Ele paga o mal com o bem. Ele busca os meios e as
formas para abençoar aqueles que um dia lhe abriram feridas na alma.
-
Terceiro, sustentou seus irmãos e seu pai (Gn 47:11,12). Seu
perdão não foi apenas uma decisão emocional regada de palavras piedosas, mas um
ato deliberado e contínuo que desaguou em atitudes práticas. Ele não apenas
zerou a conta do passado, mas fez novos investimentos para o futuro.
-
Quarto, tendo poder para retaliar, usa esse poder para abençoar (Gn 50:19-21). Ele
olhou para a vida com os olhos de Deus e percebeu que o ato injusto dos irmãos,
embora tenha sido praticado com motivações erradas, foi usado por Deus para a
salvação de sua família.
4.
A prioridade das bênçãos espirituais. José era governador
do Egito, o segundo homem do mais poderoso país daquele tempo, homem que
desfrutava da plena confiança de Faraó. Seria natural, ainda mais diante da
traição sofrida na casa de seu pai, que se apegasse às riquezas do Egito, à sua
posição social, ao seu poder político. No entanto, José fez seus irmãos jurarem
que levariam seus ossos para Canaã assim que eles retornassem para a Terra
Prometida. José não se impressionou com as bênçãos terrenas que recebera, mas
mantinha sua esperança na Terra Prometida, ou seja, nas promessas dadas por
Deus a Abraão, Isaque e Jacó. O que temos buscado nesta vida? Uma posição
social, riqueza, poder? Se esperarmos em Cristo somente nesta vida somos os
mais miseráveis dos homens (1Co 15:19).
5.
A humildade de espírito. José, mesmo sendo
governador do Egito, diante de seus irmãos, afirmou que era apenas um
instrumento para a conservação do povo de Israel, uma peça no propósito divino.
José sempre soube manter o seu lugar, seja na casa de Potifar, seja na casa do
cárcere, seja no palácio de Faraó. Sempre vemos José se apresentando com
lealdade e submissão aos seus superiores, consequência direta da vida de
comunhão que tinha com Deus. Sabemos ocupar convenientemente o nosso lugar?
Temos impedido que a vaidade e o orgulho nos dominem? Que o Senhor nos dê um
caráter qual ao de José. Amém!
CONCLUSÃO
Em
nossa vida, estamos sujeitos a passar por tentações, provações e adversidades,
elas, de algum modo, servem para moldar o caráter cristão. Diante dos momentos
difíceis da vida, precisamos agir com sabedoria e serenidade, sempre dependendo
do auxílio divino. Se aprendermos a viver nessa dependência, poderemos confiar
em Deus, certos de que Ele está no controle de tudo, sendo capaz de transformar
as próprias adversidades em benção (Gn 50:20). Como bem expressa Paulo:
“sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam
a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”(Rm 8:28). Amém!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 64. CPAD.
Comentário
Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Teologia
do Antigo Testamento – ROY B. ZUCK.
George Herbert Livingston - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
O
Pentateuco. Paul Hoff.
Gênesis. Bruce K. Waltke. Editora Cultura Cristã.
Manuel
do Pentateuco. Victor P. Hamilton. CPAD.
O
Começo de todas as coisas – Estudos sobre o Livro de Gênesis. Claudionor de
Andrade. CPAD.
José
um líder piedoso e temente a Deus. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Portal
EBD.2007.
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