4º Trimestre/2016
Texto Base: Êxodo 16:1-15
“E o mundo passa, e a sua
concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para
sempre" (1João 2:17).
INTRODUÇÃO
Não importa o tamanho e a extensão da crise
que o povo de Deus venha enfrentar, Deus tem sempre a provisão para o seu povo.
O Senhor supriu as necessidades dos israelitas durante quarenta anos no
deserto. Supriu as necessidades do profeta Elias em Querite, enviando pão e
carne, bem como em Sidom, por meio de uma viúva ultra necessitada, desafiando a
lógica humana. Deus não mudou. Ele continua abençoando e suprindo as
necessidades dos seus filhos. Mesmo vivendo em um mundo decaído, podemos contar
com a proteção, provisão e cuidado do Pai Celeste. Em meio às crises nossa fé é
fortalecida diante do agir de Deus provendo bênçãos ao seu povo.
I. PROVISÃO DIVINA EM UM MUNDO CAÓTICO
1. A provisão de Deus no deserto. O deserto não é um
momento de dificuldades na vida do povo de Deus, não. O deserto é a trajetória
do povo de Deus rumo à Terra Prometida. Deus
guiou e sustentou seu povo durante a árdua jornada pelo deserto, a despeito da
infidelidade, do pecado da murmuração e do pecado da idolatria. Durante
quarenta anos o Senhor sustentou o seu povo no deserto. A provisão era diária. Todos
os dias, com exceção do sábado, os israelitas recebiam o maná e codornizes para
o seu sustento. Não faltou água, alimento, roupa e calçado até o dia em que
chegaram à Terra Prometida. A fidelidade de Deus e seu amor, foram
determinantes para que Ele cuidasse, dia a dia, dos descendentes de Abraão.
Deus tem um compromisso com a sua Palavra, Ele vela para cumpri-la. Apesar de
nossas fraquezas, Deus não nos deixa sozinhos em nossa jornada rumo à Pátria
Celestial.
Após a milagrosa travessia do Mar Vermelho,
Moisés conduziu o povo rumo ao Sinai. Mas, para chegar lá teve que parar em
quatro localidades: Mara, Elim, Sim e Refidim. Em cada uma dessas localidades
houve um expediente especial da parte de Deus ao povo hebreu.
Em
Mara, após três dias de viagem, Deus fez a primeira prova da
Fé do povo hebreu. Os hebreus estavam sedentos e exauridos pelo intenso calor
do deserto, e após esses três dias de peregrinação, encontraram apenas águas
amargas em Mara. As águas estavam impróprias e impotáveis para serem bebidas.
Certamente, Deus estava provando a fé do seu povo recém-liberto da escravidão.
Todavia, a Fé de Israel, mais uma vez, foi reprovada. O povo cometeu, pela
segunda vez, o perigoso pecado da murmuração – “E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?”
(Ex.15:24). Os hinos de louvores entoados pelo triunfo sobre o exército de
Faraó no milagre do Mar Vermelho foram depressa substituídos pelas palavras de
descontentamento. Em relação a Deus a murmuração é uma reclamação descabida.
Quando você murmura, você está dizendo que Deus não está sendo suficiente. Por
isso a murmuração em ralação a Deus é pecado.
Uma grande vitória como a travessia do Mar
Vermelho proporcionou uma visão maravilhosa da Onipotência de Deus, mas não
treinou a fé para os problemas mais corriqueiros, como a necessidade diária de
comida e bebida. Às vezes, grandes experiências com Deus não são suficientes
para curar o coração duro e queixoso.
Após
passar por Elim, um
verdadeiro oásis no deserto (Êx.15:27), Moisés conduziu o povo pelo “deserto de Sim” (Êx.16:1). Nessa localidade os hebreus vivenciaram pela
primeira vez o milagre do maná e
onde se maravilharam com o milagre das codornizes (Êx.16:1-21). Nesta
localidade os israelitas sentiram fome e começaram a expressar de novo seus
queixosos lamentos. Esquecendo-se da aflição no Egito, queriam voltar para onde
tinham alimento em abundância. As queixas eram dirigidas contra Moisés, porém
na realidade murmuravam contra o Senhor (Êx.16:8). Deus retribuiu-lhes o mal
com o bem (2Tm.2:13); proveu codornizes e maná. A partir de então, o maná era
fornecido diariamente, durante os quarenta anos de peregrinação no deserto (Êx.16:35);
foi um fato completamente milagroso – “Eis que vos farei chover pão dos céus”
(Êx.16:4). O maná caía todas as noites, juntamente com o orvalho. A ração
diária era de um gômer (3,7 litros)
por pessoa. Quanto às codornizes foram fornecidas somente uma vez mais na
marcha através do deserto (Êx.11:31,32).
Com essa experiência no deserto de Sim Deus deseja ensinar a seu povo a
confiar nele como provedor de seu sustento diário e a não se preocupar com o
dia de amanhã. Deus provia cada vez para apenas um dia, exceto na véspera do
sábado. Nunca falhou com seu povo nos quarenta anos de peregrinação.
O maná é um símbolo profético de Cristo, o
Pão verdadeiro (João 6:32-35). Assim como o maná, Cristo, que veio do céu, tem
de ser recolhido ou recebido cedo na vida (Êx.16:21; 2Co.6:2) e tem de ser
comido ou recebido pela fé para tornar-se parte da pessoa que o come. O maná
era branco e doce; da mesma maneira Cristo é doce e puro para a alma (Sl.34:8).
Por sua vez, Cristo não dá vida a uma nação durante quarenta anos somente, mas
a todos os que creem Ele dá a vida eterna.
2.
A provisão de Deus para Elias em Querite (1Rs.17:1-6). Certa
feita, Elias, impulsionado pelo Espírito de Deus, se apresenta diante do rei
Acabe e declara que não haveria nem chuva nem orvalho enquanto o próprio
profeta não o pedisse a Deus(1Rs.17:1). O contexto de 1Reis 17 e 18 nos mostra
claramente que Deus, na sua soberania, determinou a seca sobre Israel para
corrigir o rei e o povo da sua teimosa idolatria e para revelar que somente
Deus é o provedor de todas as coisas, que só Ele é quem tem o domínio sobre a natureza
que Ele mesmo criou. Agora Deus mostraria seu poder retendo a chuva e
permitindo que a fome fizesse os israelitas pensarem melhor na pessoa a quem
sua fé era direcionada.
Deus reteve a chuva durante três anos e meio
(Lc.4:25; Tg.5:17). Esse juízo humilhava Baal, pois seus adoradores criam que
ele controlava a chuva e que era responsável pela abundância nas colheitas. A
falta de chuva resultaria em crise econômica, que acabaria por tratar do
orgulho, da arrogância e da idolatria nacional, que chegava a creditar sua
prosperidade aos falsos deuses.
Deus sempre quis e quer dialogar com o
homem, mas a persistência no pecado tem levado o ser humano a sofrer diversas
consequências e pesados juízos divinos. Deus não se deixa escarnecer e tudo o
que o homem semear, isto também ceifará (Gl.6:7). Em Israel, os que adoravam a
Baal criam que ele era o deus que mandava chuvas e colheitas abundantes. Assim,
quando Elias se colocou na presença de Acabe e disse-lhe que não choveria por
vários anos, o rei ficou chocado. Baal tinha muitos sacerdotes os quais não
poderiam trazer chuvas. Elias confrontou corajosamente o homem que levara seu
povo ao mal, e falou-lhe de um poder muito maior do que o de qualquer deus
pagão: o Senhor Deus de Israel. Quando a rebelião e as heresias estavam em seu
nível mais alto no meio do povo, o Senhor não respondia somente com palavras,
mas com ações severas.
O anúncio da seca deu início ao conflito
entre Deus e Baal. Assim que a batalha foi consolidada, Elias recebeu ordens do
Senhor para que se isolasse junto ao ribeiro
de Querite - provavelmente situado na região de Gileade -, durante o
período da seca; ali, Deus milagrosamente proveria seu alimento através dos
meios mais improváveis (1Rs.17:3,5,6).
Elias obedeceu a ordem de Deus. A obediência
nos faz experimentar a provisão de Deus em tempos de crise. Quem está em
desobediência dificilmente desfrutará da provisão divina. A obediência de Elias
o preservou em segurança das mãos de Jezabel nos anos de seca, e o preparou
para os próximos desafios que iria enfrentar para que o povo retornasse aos
caminhos do Senhor.
Enquanto havia água no ribeiro, Elias passou
a ser alimentado por corvos, que lhe traziam pão e carne pela manhã e pela
noite (1Rs.17:6). Como diz o apóstolo Paulo, “…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias, e
Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes, e Deus
escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis, e as que não são, para
aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele” (1Co.1:27-29).
Como poderia Elias ser alimentado por
corvos, animais que são conhecidos por serem decompositores, ou seja, que se
alimentam daquilo que está apodrecendo, daquilo que está se desfazendo, e num
momento em que passou a haver escassez de alimentos? Como ser alimentado por um
animal tão asqueroso, tão repugnante? Entretanto, como disse o Senhor, havia
sido dada uma ordem aos corvos para alimentar o profeta e, ante a ordem divina,
não há como haver recusa. Elias, toda manhã e toda noite, era servido pelos
corvos, que, pontualmente, cumpriam a ordem do Senhor. Deus, assim, mostrava,
duas vezes ao dia, ao profeta que estava no controle de todas as coisas, que
toda a natureza estava sob as Suas ordens. Glórias a Deus!
Dia após dia, Elias era alimentado pelos
corvos, mas a seca que anunciara já era uma realidade. Por isso, dia após dia,
as águas do ribeiro de Querite iam minguando, até o momento em que o ribeiro
secou. Deus continuava a agir na vida de Elias, demonstrando que tinha o
controle da situação. Os corvos vinham lhe trazer comida, mas o ribeiro se
secava, em cumprimento à palavra do profeta, que falara em nome do Senhor. Deus
tem compromisso com a Sua Palavra (Jr.1:12) e não a invalidará, ainda que isto
representasse a proteção e o sustento dos Seus servos fiéis. Deus não precisa
invalidar a Sua Palavra para guardar os Seus. Elias experimentou a provisão de
Deus.
3.
A provisão de Deus para Elias em Sarepta (1Rs.17:8-16). Quando
o ribeiro secou, Deus, então, mandou que o profeta fosse para Sarepta, cidade
pertencente a Sidom, pois o Senhor havia ordenado a uma viúva que sustentasse o
profeta (1Rs.17:9). Vemos, aqui, que Deus, depois de mostrar que tinha controle
sobre a natureza, estava agora a mostrar ao profeta que também era o
controlador da humanidade e das estruturas sociais. Além do mais, tratava-se de
uma viúva e as viúvas, via de regra, eram pessoas necessitadas, que se
encontram entre os mais desprovidos de recursos econômico-financeiros, que
viviam da caridade pública. Entretanto, este Deus que escolhe as coisas loucas
para confundir as sábias, fez com que o profeta passasse a ser sustentado, na
terra de Sidom, por uma viúva miserável. Essa situação foi bastante pedagógica
ao profeta. A cada instante, Elias aprendia o significado do seu próprio nome:
“Javé é Deus”.
A lógica de Deus se contrapõe à lógica
humana. O texto bíblico diz que a situação daquela mulher viúva era tão
crítica, que ela estava prestes a preparar a sua última refeição e aguardar,
com o único filho, a morte. Então, por que Deus enviou o profeta à viúva de
Sarepta, que estava vivendo um momento de dificuldade e escassez muito maior
que a experimentada por ele? A lógica de Deus se contrapõe à lógica humana.
Deus não pensa como o homem, não considera as saídas e soluções que imaginamos,
nem se prende ao que vemos e supomos ser o melhor para nós nas situações pelas
quais passamos. Está escrito: “Porque os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor”(Is 55:8).
Quando, em meio a uma gigantesca necessidade, Deus nos coloca diante de alguém
com uma necessidade maior ainda e afirma que de tal pessoa virá a ajuda, é
porque o milagre está sendo preparado, o milagre da dependência total do
Senhor.
Ao chegar à casa da viúva, Elias lhe pede
água e pão. A mulher respondeu que não tinha pão. Em sua casa, havia apenas um
punhado de farinha e um pouco de azeite. Então, o profeta desafia aquela mulher
a assar primeiro um pão para ele. A mulher acreditou na palavra do
profeta. Para ver a provisão divina é preciso crer. A provisão de Deus veio
para Elias e para viúva que o acolheu. A farinha e o azeite da mulher não se
acabaram até o dia em que as chuvas voltaram a cair. Este é o nosso Deus. Ele
está no controle de todo o reino da Natureza.
Portanto, “Só o Senhor é Deus!”. Aleluia!!
II. UM MUNDO CAÓTICO
1. O mundo jaz no Maligno. João,
o apóstolo de Jesus Cristo, declarou qual é a situação deste mundo: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo
inteiro jaz no Maligno" (1João 5:19). Aqui, a palavra "mundo" (gr. kosmos) se refere ao
vasto sistema de vida fomentado por Satanás e existente à parte de Deus.
Consiste não somente nos prazeres obviamente malignos, imorais e pecaminosos do
mundo, mas também se refere ao espírito de rebelião que nele age contra Deus, e
de resistência ou indiferença a Ele e à sua revelação. Isso ocorre em todos os
empreendimentos humanos que não estão sob o senhorio de Cristo. Na presente Era
Pós-Moderna, Satanás emprega as ideias mundanas de moralidade, da filosofia,
psicologia, desejos, governos, cultura, educação, política, ciência, arte,
medicina, música, sistemas econômicos, diversões, comunicação de massa,
esporte, agricultura, etc., para opor-se a Deus, ao seu povo, à sua Palavra e
aos seus padrões de retidão. Mas, a Palavra de Deus nos instrui a que não
amemos o mundo (Mt.16:26; 1Co.2:12; 3:19; Tt.2:12; 1Jo.2:15,16; Tg.4:4; Jo.7:7;
15:18,19; 17:14;1João 2:15).
No filho de Deus o Maligno nem chega a pôr
as suas mãos (1João 5:18); o mundo, porém, jaz em seus braços. O Rev. Augustus
Nicodemus diz que a ideia transmitida pelo verbo "jaz", em 1João 5:19, é de passividade tranquila. A humanidade
está deitada placidamente nos braços de Satanás, adormecida e entorpecida,
enquanto ele a conduz para a destruição. O mundo está no Maligno, em suas mãos,
em seu domínio, mas os crentes estão guardados por Cristo.
- No
Mundo caótico em que vivemos, práticas antes condenáveis
como o aborto, a eutanásia, a pesquisa com embriões humanos, o homossexualismo,
o uso de substâncias entorpecentes, a invasão de propriedades alheias, o uso do
poder político para vantagens pessoais e de parentes, são práticas consideradas
“normais” e até mesmo “convenientes”. A utilização das estruturas eclesiásticas
para enriquecimento é tida como atitudes possíveis e que não merecem qualquer
censura ou reprovação, até porque, dentro deste contexto, é dito que “ninguém
pode julgar ninguém”. Segundo a Bíblia nos ensina, pela boca do salmista,
“desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos, não há quem faça o bem,
não há sequer um” (Sl.14:3).
- No
mundo caótico em que vivemos, o que prevalece é o
hedonismo, ou seja, o que se busca é o prazer. As atividades que geram
sensações e emoções são muito procuradas nos dias de hoje, a começar do prazer
sexual instintivo. Os seres humanos comportam-se, na atualidade, como
verdadeiros animais irracionais, buscando parceiros para sentir momentos
efêmeros de prazer na prática de relações sexuais. Mas não é apenas no sexo que
se tem a manifestação do hedonismo. Uma de suas principais manifestações nos
dias de hoje está no consumismo, no prazer de aquisição de bens materiais,
aquisição esta incontrolada. Hoje em dia, não se compram produtos pela
utilidade que darão ao comprador, mas única e exclusivamente pelo prazer de
comprar, ainda que se saiba que o produto pouco ou nada acrescentará à pessoa
ou, o que é mais grave, somente trará prejuízos para o adquirente. Mas nesta
ânsia pelo ter, pelo adquirir, o que vale é apenas a sensação de bem-estar e de
importância que a aquisição gera. Entretanto, Jesus ensina que a vida de alguém
não é medida pelas posses que tenha (Lc.12:15) e que uma ação desta natureza
avilta a dignidade da pessoa humana, que deve se livrar da ganância e da
avareza, que outra coisa não é senão idolatria (Cl.3:5).
- O
mundo caótico em que vivemos, tão orgulhoso de seu
progresso material, é um mundo aonde “homens maus e enganadores irão de mal a
pior, enganando e sendo enganados”(2Tm.3:13). Nós, porém, devemos seguir o
conselho do apóstolo e permanecer naquilo que aprendemos (2Tm.3:14), pois o
aprendemos de Cristo, que é manso e humilde de coração, a fim de podermos
encontrar descanso para as nossas almas (Mt.11:29).
2.
O mundo globalizado. Todos nós já ouvimos falar em
globalização. O que é globalização? Segundo a enciclopédia livre Wikipédia, “é
um dos processos de aprofundamento internacional da integração econômica,
social, cultural e política, que teria sido impulsionado pela redução de custos
dos meios de transporte e comunicação dos países no final do século XX e início
do século XXI. O termo "globalização" tem estado em uso crescente
desde meados da década de 1980 e especialmente a partir de meados da década de
1990. Em 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos
básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de
investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento.
Além disso, os desafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar e
excesso de pesca do oceano, estão ligados à globalização”.
Após a insurgência da
globalização, ficou muito difícil para o autêntico cristão assimilar os
diversos modelos culturais entre os povos. O comportamento pecaminoso e
antibíblico daqueles que não são guiados pelo Espírito Santo, como são os
adeptos da filosofia relativista, tem se espalhado de uma forma célere e
assustadora entre as múltiplas culturas do mundo. O multiculturalismo deixa
claro que não há nenhuma verdade absoluta, ou seja, as verdades são
particulares e relativas e cada povo tem a sua forma de acatá-las, e
expressá-las, tese esta ímpia, diabólica, pois vai de encontro aos preceitos
universais e imutáveis da Palavra de Deus.
Não são poucos os que
defendem que vivemos um período “pós-cristão”, um instante de “superação” e
“evolução” diante da doutrina cristã, uma “nova era”, que dizem ser de
perspectivas múltiplas de paz, harmonia e progresso, porém, à luz da Bíblia Sagrada,
isto é uma demonstração nítida e evidente de que o mundo “jaz no maligno”, um
mundo distanciando dos ensinamentos de Jesus, o Filho de Deus.
Entretanto, apesar de toda
esta atitude despropositada, que é fruto da cegueira espiritual do homem,
imerso no pecado e na maldade (2Co.4:4), ainda se encontra sobre a face da
Terra, ainda que não por muito tempo, a Igreja - a geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido para anunciar as virtudes de Jesus Cristo
(1Pd.2:9). Ela tem de enfrentar todas as circunstâncias do multiculturalismo
pós-moderno e continuar a dizer que a única solução, a única esperança para o
homem é crer em Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador. A própria
razão de ser da Igreja, a sua própria natureza faz com que toda e qualquer
atividade do povo de Deus aqui na Terra seja um “desafio”, uma deliberada
provocação ao mal e ao pecado.
Apesar da globalização, o
levantamento de nações contra nações e reinos contra reinos tem sido cada vez
mais intenso nos nossos dias. Com o fim da Guerra Fria, muitos achavam que
partíamos para uma “nova ordem mundial”, para alianças entre os países, de tal
maneira que as disputas nacionais, étnicas e locais perderiam terreno e quase
que desapareceriam. No entanto, não é o que vemos. Apesar do movimento de
globalização, que tem fortalecido as organizações internacionais e a formação
de blocos econômico-políticos, o fato é que as disputas nacionais, as
reivindicações de nações contra nações, os ódios raciais não só não estão ausentes,
como estão aumentando no cenário internacional. É o cumprimento exato das
palavras de Jesus. Certamente, Jesus está voltando!
3.
Tempo de mudanças. Nos dois últimos séculos, a humanidade
experimentou diferentes transformações na área tecnológica, na comunicação, na
área científica, econômica e social, mais do que em toda o período anterior da
humanidade. Essas mudanças acabaram trazendo crises de ordem social, econômica
e política. É claro que todo esse avanço tem proporcionado inegáveis progressos
e prosperidade material, mas também tem trazido crises econômicas, moral e
éticas sem precedentes. O apóstolo Paulo, profeticamente, falou a respeito
desses tempos, referindo-se a eles como trabalhosos e difíceis. Disse o
apóstolo: “Porque haverá homens amantes
de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais
e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados,
orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de
piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”(2Tm.3:1-5).
Os tempos trabalhosos
caracterizam-se pela introdução do pecado no meio do povo de Deus. É o fermento
introduzido pela mulher da parábola contada por Jesus e que leveda toda a massa
(Mt.13:33), e que se não fosse a misericórdia divina, certamente que todos nós
pereceríamos por causa da entrada deste fermento. Mas, graças a Deus, que o
Senhor não permitirá que todos se percam, sempre havendo, neste mundo caótico,
um remanescente que não se contaminará (Mt.24:22; Rm.9:27; Ap.2:15,24;3:4).
Nestes dias tão difíceis, precisamos seguir a recomendação divina: quem é
justo, faça justiça ainda; quem é santo, seja santificado ainda (Ap.22:11).
III. CARATERÍSTICAS DO MUNDO ATUAL
1. Uma sociedade centrada no homem. É
o que chamamos de antropocentrismo. Vivemos em uma sociedade em que o
antropocentrismo prevalece. A palavra “antropos”
significa "homem", e antropocentrismo traz a ideia do homem como o
centro de tudo. A sociedade pós-moderna tem como base a célebre declaração de
que “o homem é a medida de todas as coisas”. Isto pressupõe a predominância da
filosofia humanista que coloca o homem como o centro do Universo, em flagrante
contraste com o ensino bíblico de que todas as coisas foram criadas para a
glória de Deus (Sl.73:25; 1Co.10:31; 1Pd.4:11).
O mundo lá fora, ou a
sociedade dos homens, rejeitou o Teocentrismo, ou seja, Deus como o centro do
Universo, e que, em torno dEle, e sob o seu comando as coisas acontecem. Deus,
o Pai, tornou seu Filho Jesus a razão e o centro de toda a criação. Paulo,
escrevendo aos Colossenses afirmou: "Ele é antes de todas as coisas, e
todas as coisas subsistem por Ele" (Cl.1:17).
No mundo antropocentrista,
predomina a força do homem e tudo gira em torno daquilo que o homem é, que o
homem tem, e que o homem pode. É possível, mesmo na igreja local, encontrar
pessoas que pregam um “evangelho” que vise satisfazer a audiência, desejosa de
ter riquezas e uma vida sossegada. Títulos têm valido mais que o caráter dos
obreiros, valorizando o “ter” em detrimento do “ser”.
Sejamos vigilantes, pois
Satanás trabalha dia e noite para descaracterizar a Igreja, como Igreja, e
fazer dela uma sociedade de homens, tendo o homem no seu centro, e, assim,
fazer a integração entre a Igreja e o mundo, apagando as diferenças existentes
entre estes dois povos. Portanto, o maior desafio enfrentado pela Igreja,
nestes “últimos dias”, conhecidos como pós-modernos, é não permitir que Satanás
destrua sua Identidade, que a caracteriza como sendo uma “...Igreja gloriosa,
sem mácula, sem ruga, sem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”(Ef.5:17).
2.
Uma sociedade relativista. Outro aspecto do mundo
caótico em que vivemos é o relativismo. Sob essa ótica não há lugar para os
princípios e ensinos imutáveis da Palavra de Deus, válidos para “todas as
pessoas, em qualquer época e em todos os lugares”. O valor absoluto e imutável
da Palavra de Deus é qualificado como impróprio por aqueles que vivem ao bel-prazer
de suas concupiscências e são prisioneiros do contexto e das convenções sociais
do momento.
O relativismo é uma das vãs
filosofias que nestes tempos do pós-moderno, procura justificar o comportamento
pecaminoso e antibíblico daqueles que não são guiados pelo Espírito Santo. Segundo
essa vã filosofia, “nada pode ser definitivamente certo, pois, a verdade está
sujeita a fatores aleatórios, ou subjetivos”. Assim, os princípios éticos e
morais variam de lugar para lugar, pois, estão sujeitos às circunstâncias
culturais, políticas e históricas.
É claro que o relativismo
contrasta com as verdades proclamadas pela Bíblia Sagrada. A Bíblia fala de
valores absolutos e imutáveis, válidos e aplicáveis em qualquer parte da Terra,
pois, a doutrina Bíblica se apoia em dois princípios: imutabilidade e
universalidade. Por estes dois princípios a doutrina não sofre a ação do tempo
e nem do espaço. Pelo princípio de imutabilidade, o que nós estamos ensinando
hoje é a mesma doutrina Bíblica que os Apóstolos ensinaram. Ela não mudou e nem
mudará. Ela é verdadeira e absoluta. Pelo princípio da universalidade, onde
houver um homem, em qualquer lugar da terra, a doutrina bíblica é válida para
ele. O que a Bíblia definir como sendo pecado, será pecado em toda a Terra.
Assim, os princípios éticos e morais que o relativismo afirma mudar de lugar
para lugar, pela Bíblia eles são imutáveis.
A cada dia que passa, vemos
mais e mais pessoas crendo que não existe bem nem mal, certo ou errado. As
pessoas passam a considerar que as regras morais, os princípios éticos são
fruto de preconceitos, de “atrasos”, de “ideologias”, de “dominação do homem
sobre o homem”. Quando se dão as costas a Deus, quando não se dá a Deus a
devida honra, a Bíblia nos afirma que o próprio Deus abandona os homens às mais
perversas abominações (Rm.1:18-31) e o resultado é o que nós estamos vendo:
idolatria, violência, imoralidade, corrupção política e aviltamento da pessoa
humana.
3.
Uma sociedade secularizada. Nestes dias que precedem
a volta de Cristo, a Igreja tem enfrentado a pressão e o engodo do secularismo,
cujo termo procede do latim “saeculum”
e significa “pertencente a uma época”. Em sentido religioso, o vocábulo é
empregado para designar o comportamento e o pensamento do mundo de nosso tempo,
que são inversos ao sagrado ou espiritual. Portanto, “secular” representa o
modo de viver deste mundo, aquilo que se opõe ou que não comunga com os
interesses espirituais do Reino de Deus.
Na Igreja, o secularismo
transparece quando o sagrado começa a ceder ao profano. Nas Igrejas
secularizadas, o calvário não é mais pregado, o sangue de Cristo é descartado,
o sofrimento e a cruz de Cristo são rejeitados porque ofendem o gosto estético
dos secularizados, e confissão de pecados é substituída pela a proclamação das
bênçãos terrenas. Desde o surgimento da Igreja, é este o alvo de toda a fúria
do “mistério da injustiça” e, por isso, deve cada salvo, individualmente,
manter-se firme e constante nesta sua jornada, para que não venha a ter o
triste fim daqueles “muitos” que terão esfriado o seu amor e que se tornarão,
lamentavelmente, amigos do mundo e, por isso mesmo, inimigos de Deus,
constituindo a “igreja de Laodicéia”, que será vomitada pelo Senhor no dia da
nossa redenção.
O primeiro fator da
secularização da igreja é a falta de vigilância, a falta de cuidado. Deve a
igreja ser vigilante, ter muito cuidado com todas as artimanhas do adversário
de nossas almas, que anda ao derredor buscando a quem possa tragar (1Pd.5:8).
Quando não vigiamos, quando não estamos alerta, o inimigo facilmente se
introduz na nossa vida e, o que é mais grave, acaba tendo acesso ao nosso
coração, como ocorreu com Judas Iscariotes (João 13:2). A igreja deve estar
sempre atenta e alerta, a fim de não permitir que o adversário venha a nos
enganar. Este cuidado é, sobretudo, a cautela, a prudência, o equilíbrio no
cumprimento da Palavra do Senhor (Dt.6:25; 11:32). O primeiro cuidado que
devemos ter é o de cumprirmos a sã doutrina. “Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que
já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas. Porque, se a
palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e
desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não
atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo
Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram” (Hb.2:1-3).
CONCLUSÃO
Segundo a Bíblia, o quadro
pintado para os últimos dias da Igreja não é alentador. O mundo sem Deus vai de
mal a pior. Certamente, não podemos mudar a história do mundo, mas, no sentido
individual e pessoal, podemos mudar a história de muita gente, se estivermos
dispostos a cumprir o “Ide” de Jesus ”... tanto em Jerusalém como em toda a
Judéia e Samaria e até aos confins da Terra”(Atos 1:8). Só há uma esperança
para a humanidade: Jesus. Ele é a nossa provisão, mesmo vivendo num mundo em
crise.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista
Ensinador Cristão – nº 68. CPAD.
Lição
Bíblica do Mestre. A Provisão de Deus em Tempos de Crise. CPAD.
Dr.
Caramuru Afonso Francisco. Tempos trabalhosos para a Igreja. PortalEBD_2007.
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