2º Trimestre/2020
Texto Base: Efésios 2:1-10
“Mas Deus, que é riquíssimo em
misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em
nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo [...]”.
Efésios
2:
1.E vos vivificou, estando vós mortos em
ofensas e pecados,
2.em que, noutro tempo, andastes, segundo o
curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que,
agora, opera nos filhos da desobediência;
3.entre os quais todos nós também, antes,
andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.
4.Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia,
pelo seu muito amor com que nos amou,
5.estando nós ainda mortos em nossas ofensas,
nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
6.e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos
fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
7.para mostrar nos séculos vindouros as
abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo
Jesus.
8.Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
9.Não vem das obras, para que ninguém se
glorie.
10.Porque somos feitura sua, criados em Cristo
Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos da nossa redenção, da
nossa libertação do poder do pecado para viver uma nova vida em Cristo Jesus.
No capítulo primeiro de Efésios aprendemos que Deus planejou desde a eternidade
chamar um povo para ser exclusivamente Seu. O segundo capítulo de Efésios, que
passamos estudar a partir desta Aula, nos mostra como Deus está criando uma
sociedade redimida e restaurada.
No texto base em epígrafe (Ef.2:1-10), Paulo
faz, com muita clareza, o contraste entre a velha e a nova sociedade, entre o
velho e o novo homem. Nas palavras de John Stott, “o que Paulo faz nesta
passagem é pintar um contraste vívido entre o que o homem é por natureza e o
que pode vir a ser mediante a graça”.
O homem, ao se envolver com o pecado, entrou
em um verdadeiro “beco sem saída”. Ao pecar, tornou-se servo do pecado (João
8:34), dominado totalmente por ele (Gn.4:7), sem condição alguma de modificar esta
situação. Entretanto, a história não terminou com esta tragédia. Bem ao
contrário, a Bíblia Sagrada nos ensina que, mesmo antes da fundação do mundo, na
sua presciência, Deus já havia elaborado um plano para retirar o homem desta
situação tão delicada (Ef.1:4; Ap.13:8). Esse plano, já existente antes mesmo
da criação do mundo, foi revelado ao homem no mesmo dia de sua queda, quando o
Senhor anunciou que haveria de surgir alguém da semente da mulher que pisaria a
cabeça da serpente e tornaria a criar inimizade entre o homem e o mal e,
consequentemente, amizade, comunhão entre Deus e o homem (Gn.3:15). O Plano
divino para a salvação da humanidade foi plenamente cumprido no sacrifício
inocente, amoroso e vicário de nosso Senhor Jesus Cristo(João 1:29;Gl 4:4,5).
O sacrifício de Cristo no Calvário operou a
nossa redenção, ou seja, pagou o preço dos nossos pecados e, por isso, estamos
libertos do poder do pecado, tanto que cremos em Jesus. A libertação do pecado,
portanto, significa que passamos a ter paz com Deus, e esta paz representa a
nossa separação do pecado, a nossa separação do mundo (Tg.4:4; 1João 2:15). O
pecado não mais tem domínio sobre nós, pois fomos libertos por Jesus Cristo
(Rm.6:22).
“Mas, agora, libertados do pecado e
feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida
eterna”.
O texto base em epígrafe (Ef.2:1-10) vai nos
levar a entender a nossa própria experiência de como andávamos sem Cristo
(Ef.2:1-3), o que viemos a ser em Cristo Jesus (Ef.2:4-6) e qual o propósito de
Deus em realizar tão extraordinária transformação (Ef.2:7-10).
I.
A ANTIGA NATUREZA MORTA EM OFENSAS E PECADOS
Neste tópico vamos entender à luz de Efésios
2:1-3 a nossa própria experiência de como andávamos sem Cristo: mortos em
ofensas e pecados.
1.
Nossa condição anterior (Ef.2:1)
Em Efésios 2:1, Paulo não está apresentando a
imagem de um grupo de pessoas particularmente decadentes ou algum segmento
degradado da sociedade. Não. Esse é o diagnóstico bíblico de pessoas caídas, em
uma sociedade caída, em todos os lugares. É verdade que Paulo começa com um
enfático “vós”, indicando em
primeiro lugar os destinatários de sua epístola na Ásia Menor, mas ele
rapidamente passa a escrever que “todos
nós também vivíamos” da mesma forma (adicionando ele mesmo e seus
companheiros judeus) e conclui com uma referência ao restante da humanidade – “...éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Ef.2:3).
Anteriormente, estávamos mortos
espiritualmente. Morte é separação. Da mesma forma que a morte separa o corpo
da alma, a morte espiritual separa o homem de Deus, a fonte da vida. O salário
do pecado é a morte (Rm.6:23). O mundo é um grande cemitério cheio de pessoas
mortas espiritualmente, e cada pedra tumular tem a mesma inscrição: "morto
por causa do pecado". Embora essas pessoas estejam vivas fisicamente,
estão desprovidas de vida espiritual. Embora estejam em plena atividade mental,
estão completamente mortas espiritualmente. Concordo com o Rev. Hernandes Dias
Lopes quando afirma que o ímpio não está apenas doente, ele está morto; ele não
necessita apenas de restauração, mas de ressurreição; não basta uma reforma
nele, ele precisa nascer de novo.
A condição do homem sem Cristo é
desesperadora, ele está morto espiritualmente (Ef.2:1), e um cadáver não vê,
não houve, não sente, não tem fome nem sede. Além de morto, está separado da
vida de Deus (Ef.4:18), separado de Deus por causa do pecado (Is.59:2), sem
entendimento de Deus (Ef.4:18; Cl.1:21), filhos da ira (Ef.2:3) e sem percepção
da Sua presença (Atos 28:26). Também uma pessoa morta espiritualmente não tem
percepção para as coisas espirituais nem gosto por elas; não tem apetite pelas
coisas espirituais; não tem prazer nas coisas lá do alto. O indivíduo morto em
suas ofensas e pecados não se deleita em Deus.
“A diferença entre um cristão e um não cristão
é como a diferença entre uma pessoa viva e um cadáver”. William Barclay
escreveu que “o homem sem Cristo pode ser declarado existente, mas não pode ser
declarado vivo”. John Stott escreveu que muitas pessoas que aberta e
declaradamente rejeitam Jesus Cristo parecem estar bem vivas - uma delas tem o
corpo vigoroso de um atleta; outra, a mente lúcida de um intelectual; uma
terceira, a personalidade brilhante de uma atriz de cinema; entretanto, na esfera
da alma, elas não têm vida. É que pessoas que foram criadas por Deus e para
Deus agora vivem sem Deus.
Esta era a nossa condição anterior, antes de
aceitarmos a Cristo como nosso Salvador. Paulo afirma que estávamos mortos -
“...estando vós mortos...” (Ef.2:1).
E esta é a condição de qualquer ser humano que ainda não teve uma experiência
pessoal com Jesus Cristo, ainda que aos nossos olhos ela pareça bem viva.
2.
Nossas ofensas e pecados
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados” (Ef.2:1).
Paulo mostra que a causa da morte espiritual
são as ofensas (transgressões - ARA)
e os pecados. A palavra grega “paraptoma” (ofensas), quer dizer queda,
dar um passo em falso que envolve ultrapassar uma fronteira conhecida ou
desviar do caminho certo. Já a palavra grega hamartia (pecado), quer dizer errar o alvo, ou seja, ficar aquém de
um padrão. Russell Shedd ilustra esse
"errar o alvo" com a história de dois caçadores que estão à procura
de um coelho mas matam um ao outro em vez de ao coelho. A intenção é
completamente contrariada, frustrada; assim é o pecado.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, citando William
Barclay, diz que, no Novo Testamento, hamartia
não descreve um ato definido de pecado, mas um estado de pecado, do qual
decorrem as ações pecaminosas. Juntas, as duas palavras “paraptoma” e “hamartia”
abrangem os aspectos positivo e negativo, ou ativo e passivo, do mau
procedimento do homem, ou seja, nossos pecados de comissão e omissão. Diante de
Deus éramos tanto rebeldes como fracassados; como resultado disso, estávamos
mortos.
Paulo se refere a três influências que
controlavam e dirigiam nossa velha existência antes da conversão.
a) “Andastes, segundo o curso deste
mundo” (Ef.2:2b). O apóstolo Paulo afirma que os efésios haviam
sido depravados e também mortos. Andaram “segundo o curso deste mundo”. Segundo
William Macdonald, os efésios conformaram-se outrora ao espírito deste mundo.
Entregaram-se aos pecados do seu tempo. O mundo quer colocar todos os seus
seguidores dentro de um mesmo molde: o molde de engano, imoralidade,
profanação, egoísmo, violência e rebelião; numa palavra: o molde da depravação.
Era a isso que os efésios haviam se sujeitado.
b) “Andastes, [...] segundo o príncipe da
potestade do ar” (Ef.2:2c). Além do modo de viver
segundo o curso do mundo, o comportamento dos efésios, antes, era diabólico.
Antes, eles seguiam o exemplo do Diabo, “o príncipe da potestade do ar”. Antes,
eles eram conduzidos pelo supremo governante dos espíritos imundos que reina na
atmosfera. De boa vontade eles obedeceram ao deus deste século. Eis aqui o
motivo pelo qual os não convertidos praticam cousas piores que os animais.
c) “Andávamos fazendo a vontade da carne
e dos pensamentos” (Ef.2:3). Aqui, Paulo muda o pronome
pessoal de “vós” para “nós”. Segundo William Macdonald,
isto indica que Paulo agora fala especialmente aos crentes judaicos (embora o
que acabou de dizer descreva todas as pessoas antes da conversão). A condição
prévia deles é descrita em três palavras: carnais, corruptos e condenados.
ü Antes, eles eram carnais - “Entre os quais todos nós também, antes,
andávamos nos desejos da nossa carne...” (Ef.2:3). Foi entre os filhos da
desobediência que Paulo e os seus amigos cristãos também andaram antes do seu
novo nascimento. A vida deles era “carnal”, pois estavam interessados apenas na
gratificação dos desejos e apetites da carne. Paulo tinha levado uma vida
moralmente equilibrada, mas agora reconhecia que havia sido egocêntrico; reconhecia
também que o seu estado interior tinha sido muito pior do que as ações que
havia praticado.
ü Os judeus não convertidos também eram
corruptos - “...fazendo a vontade da carne e dos pensamentos...” (Ef.2:3).
Isso mostra que se entregavam a todos os desejos naturais. As “inclinações da
carne e dos pensamentos” abrangem todas as formas de apetite, bem como os
vários tipos de imoralidade e perversão. Aqui a ênfase deve ser posta
provavelmente sobre os pecados mais grosseiros. É de se notar que Paulo se
refere tanto aos pecados de pensamento como aos atos pecaminosos.
ü Os judeus não convertidos também eram
filhos da ira. A terceira descrição dos judeus não
convertidos que Paulo fornece é que eles eram “...por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef.2:3). Segundo William Macdonald, isso
quer dizer que eles tinham uma predisposição natural à ira, malícia, amargura e
mau gênio. Participavam disso como todo o resto da humanidade. Também é verdade
que estavam sob a ira de Deus. Foram marcados para a morte e o julgamento.
Note-se que os três inimigos do homem são mencionados em Efésios 2:2,3: o
“mundo” (v.2), o Diabo - “o príncipe das
potestades do ar” (v.2) - e a “carne” (v.3).
Nas Palavras do Rev. Hernandes Dias Lopes, à
parte de Cristo, o homem está morto por causa do pecado, escravizado pelo
mundo, pela carne e pelo diabo, além de condenado sob a ira de Deus. A ira de
Deus é sua reação pessoal frente a qualquer pecado, qualquer rebelião contra
ele. É sua santa repulsa a tudo aquilo que conspira contra sua santidade. A ira
de Deus não é apenas para esta vida, mas também para a era vindoura. Aqueles
que vivem debaixo da ira de Deus são entregues a si mesmos pela escolha
deliberada que fizeram de rejeitar o conhecimento de Deus e de se entregar a
toda sorte de idolatria e devassidão; além disso, terão de suportar por toda a
eternidade a manifestação plena do furor do Deus Todo-Poderoso.
II.
VIVIFICADOS PELA GRAÇA
Estávamos mortos em nossos delitos (Ef.2:5).
Éramos inimigos de Deus. Éramos miseráveis e degradados, mas Ele nos amou
apesar disso tudo, e nos vivificou. Como resultado do amor de Deus para conosco
e da obra redentora de Cristo, desfrutamos das seguintes bênçãos: Deus nos deu
vida juntamente com Cristo; justamente com Ele nos ressuscitou; e nos fez
assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.
1.
Alcançados pela misericórdia e pelo amor divino (Ef.2:4)
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com
que nos amou”.
O apóstolo disse em Ef.2:3 que “éramos por
natureza filhos da ira”, isto é, éramos filhos da ira não pelo que fazíamos,
mas também pelo que constituía a nossa natureza. Por natureza, somos filhos da
ira, mas pela misericórdia de Deus (Ef.2:4) somos hoje achados pela graça dEle.
Segundo William Macdonald, Misericórdia significa
não recebermos o castigo que merecíamos. Graça,
por sua vez, significa que recebemos a salvação que não mereceríamos e a
recebemos como uma dádiva, e não como pagamento por algum trabalho feito.
Assim, nós a recebemos daquele que não tinha obrigação de dar nada.
Escravidão, condenação e morte, era a nossa
condição. Felizmente o parágrafo não termia aqui. Começando com uma conjunção
adversativa, o apóstolo Paulo declara exultante: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que
nos amou”. Paulo, agora, contrasta o que somos por natureza com o que somos
pela graça, a condição humana com a compaixão divina, a ira de Deus com o amor
de Deus. Observe como a conjunção “mas”
contrapõe a nova condição a que tínhamos:
·
Estávamos mortos nos nossos delitos e pecados,
mas
Deus nos vivificou.
·
Éramos escravos, mas Deus nos colocou na
posição delivres.
·
Éramos filhos da ira, mas Deus usou de
misericórdia para conosco.
Por natureza, Deus é amor (1João 4:8); mas o
amor de Deus na relação com os pecadores transforma-se em graça e misericórdia.
Deus é rico em misericórdia (Ef.2:4) e em graça (Ef.2:7), e essas riquezas
tornam possível a salvação do pecador. Somos salvos pela misericórdia e pela
graça de Deus. Tanto a misericórdia como a graça vêm a nós por meio do
sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Foi no Calvário que Deus demonstrou seu
repúdio ao pecado e seu amor pelos pecadores.
2.
Vivificados por sua graça (Ef.2:5)
“estando nós ainda mortos em nossas
ofensas, nos vivificou juntamente
com Cristo (pela graça sois salvos),
Em Adão, no Éden, todos morreram e começaram a
praticar o ato do pecado (só para lembrar: pecado é a prática má sob qualquer
forma, intencional ou não; pecado são todos os pensamentos, palavras ou atos
que não atingem o padrão perfeito de Deus).
Espiritualmente, todos estavam mortos por
causa dos seus delitos e pecados. Isso quer dizer que, em relação a Deus, todos
estavam sem vida. Não tínhamos nenhum contato vital com Ele; mas fomos
vivificados em Cristo Jesus, quando o mesmo morreu na Cruz por nós. Cristo nos
deu uma nova vida, nos vivificou; é o que o apóstolo Paulo afirma em Efésios
2:5 -“estando nós ainda mortos em nossas
ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”.
Deus nos vivificou juntamente com Cristo. O
fato de que nos vivificou significa que estamos “salvos” (esta frase é repetida
e elaborada em Ef.2:8). Quando Cristo ressuscitou dos mortos, assim também
fizeram todos os membros do seu corpo, em virtude de Deus tê-los unido a
Cristo.
A única maneira pela qual aqueles que estão
espiritualmente mortos podem se relacionar com Deus é sendo vivificados; e Deus
é a única Pessoa que pode realizar isso, e isto Ele fez através de Seu Filho,
Jesus Cristo. Cristo derrotou o pecado e a morte através da Sua morte e
ressurreição, oferecendo assim vida espiritual aos que estavam mortos no
pecado.
Na cruz, todas as nossas ofensas foram
perdoadas e que nada ficou para ser pago ou resolvido entre nós e Deus
(cf.Cl.2:14), de modo que o sacrifício de Cristo é suficiente, sendo mentira
satânica qualquer ensinamento contrário. Não é preciso, portanto, quebrar
qualquer maldição hereditária depois que aceitamos a Cristo, pois, como diz o
apóstolo Paulo, fomos vivificados juntamente com Ele e fomos perdoados de todas
as ofensas, não restando coisa alguma; tudo foi cravado na cruz (Cl.2:14).
Havendo o perdão dos pecados, somos vivificados e o nosso espírito passa a ter,
novamente, ligação com o Espírito Santo e este derrama em nós o amor divino.
Este amor produz, na vida do justificado, boas obras, o fruto do Espírito Santo
(Gl.5:22).
3. Exaltados
por sua graça (Ef.2:6)
“e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais,
em Cristo Jesus”.
Não só saímos da sepultura e fomos
vivificados, mas, porque estamos unidos a Cristo, também fomos exaltados com
Ele. Agora, assentamo-nos com Ele nas regiões celestiais, acima de todo
principado e potestade.
As três fases da exaltação de Cristo -
ressurreição, ascensão e assentar-se no trono - agora são repetidas na vida dos
salvos. Em Cristo, Deus deu-nos vida (Ef.2:5), ressuscitou-nos (Ef.2:6a) e
fez-nos assentar nas regiões celestiais (Ef.2:6b). Estes três eventos
históricos - "deu-nos vida", "ressuscitou-nos" e
"fez-nos assentar" - são os degraus da exaltação.
Cristo tomou seu lugar à direita do Pai,
indicando a consumação da Sua obra, e a Sua vitória sobre o pecado e a morte.
Cristo foi exaltado pelo grande poder de Deus (Ef.1:20). Os cristãos tendem a
ver este assentar com Cristo como um evento futuro, baseados nas palavras de
Jesus em Mateus 19:28 e Lucas 27:30, bem como em outros versículos que apontam
para o nosso futuro reinado com Cristo (tais como 2Tm.2:12; Ap.20:4; 22:5). No
entanto, esta passagem em Efésios nos ensina que estamos assentados com Cristo
agora. Nós compartilhamos a vitória de Cristo agora.
Esta visão de nossa situação atual deve nos
ajudar a enfrentar a nossa tarefa e provações com maior esperança. Os crentes,
como herdeiros do reino juntamente com Cristo, são espiritualmente exaltados a
partir do momento da salvação. Nós temos uma nova cidadania – nos céus, não
mais apenas na terra. O poder que ressuscitou e exaltou a Cristo também
ressuscitou e exaltou o seu povo, porque nós somos um com Ele. Este mesmo poder
atua diariamente em nós, os crentes, ajudando-nos a viver e trabalhar para Deus
durante o nosso tempo no mundo.
III.
A SALVAÇÃO NÃO VEM DAS OBRAS
Efésios 2:8-10 pode ser
visto como o resumo mais completo no Novo Testamento do processo da nossa
salvação:
“Porque pela graça sois
salvos mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para
que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para
boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”
(Ef.2:8-10).
A salvação é um presente
da Graça de Deus, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado
humano. É válido ressaltar que somos salvos não pela fé, mas pela graça
mediante a fé. A fé não é a causa meritória, mas a causa instrumental da
justificação. A Fé é a mão estendida que recebe o presente da vida eterna.
Portanto, a Fé e a Graça atuam juntamente na obra da salvação.
A salvação é um presente, não uma recompensa.
Certa feita, perguntaram a uma mulher romana: "Onde estão as suas
joias?". Ela chamou seus filhos e, apontando para eles, disse: "Eis
aqui as minhas joias". Da mesma forma, somos as joias preciosas de Deus; somos
os troféus da sua graça.
Para reforçar a declaração positiva de que
fomos salvos somente pela graça de Deus por meio da confiança em Cristo, Paulo
acrescentou duas negações que se equilibram. A primeira é: "E isto não vem
de vós, é dom de Deus" (Ef.2:8b); a segunda é: "Não vem das obras,
para que ninguém se orgulhe" (Ef.2:9).
1.
Graça como meio de Salvação (Ef.2:8)
A Salvação do homem não se dá por nenhum
mérito humano, mas que ela é resultado do favor divino, um favor que o homem,
por ter pecado, não merece receber. Este favor imerecido é a Graça de Deus.
Como diz o apóstolo Paulo aos efésios: “...pela
graça sois alvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus”(Ef.2:8).
Portanto, a nossa Salvação é resultado desta Graça, ou seja, do favor imerecido
de Deus à humanidade pecadora.
A graça de Deus traduz a bondade do Senhor e o
seu desejo de favorecer o homem, de ser misericordioso com o ser humano, ainda
que o homem não mereça esta benevolência divina, vez que pecou e se rebelou
contra o seu Criador. Mas, apesar do pecado, Deus mostra seu amor em relação ao
ser humano, por intermédio da sua graça. A todos quantos crerem na Obra do
Filho, Deus permite que venha novamente a ter comunhão com Ele, ainda que
imerecidamente. É este favor imerecido que consiste na maravilhosa graça de
Deus.
A salvação é pela graça, mas também "por
meio da fé". É a graça que nos salva pela instrumentalidade da fé. É muito
importante ressaltar que Paulo não está falando de qualquer tipo de fé. A
questão não é a fé, mas o objeto da fé; não é fé na fé; não é fé nos ídolos; não
é fé nos ancestrais; não é fé na confissão positiva; não é fé nos méritos; é fé
em Cristo, o Salvador.
Portanto, a Graça é a causa meritória da nossa
salvação. Sem que o homem mereça coisa alguma, Deus providenciou um meio pelo
qual o homem pudesse retornar a conviver com Ele. Ele enviou seu Filho para que
morresse em nosso lugar e satisfizesse a justiça divina. A todos quantos creem
na Obra do Filho, Deus permite que venha novamente a ter comunhão com Ele,
ainda que imerecidamente. É este favor imerecido que consiste na maravilhosa
Graça de Deus.
2.
Obras como evidência de salvação
-“Não vem de
vós.... Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef.2:8,9). Obras são evidências e não meio de Salvação.
Qualquer ideia de merecimento ou de que o homem pode adquirir a salvação pelas
obras é completamente destruída pelas palavras: “não vem de vós”. Não é um tipo de negócio com Jesus, visto que
estávamos mortos (Ef.2:1), e um morto não tem nada a oferecer. Pecadores nada
merecem a não ser juízo.
A salvação não pode ser pelas obras, porque a
obra da salvação já foi plenamente realizada por Cristo na cruz (João 19:30).
Não podemos acrescentar mais nada à obra completa de Cristo. Agora não existe
mais necessidade de sacrifícios e rituais. Fomos reconciliados com Deus. O véu
do templo foi rasgado. Pela graça, somos salvos.
-“É dom de Deus”. O
“dom de Deus” é a salvação “pela graça”, “mediante a fé”. Esse dom é oferecido
a todas as pessoas em todos os lugares. Observe que não é a fé que opera a
salvação, mas a graça de Deus que atua mediante a fé do crente no Filho de Deus
(Rm.3:28; 5:2; Fp.3:9).
Se é verdade que o pecado se estendeu a todos
os homens, sejam judeus, sejam gentios, e que, por causa dele, todos os homens
estão destituídos da glória de Deus (Rm.3:23), também é verdade que os homens
podem, agora, ser justificados gratuitamente por Deus pela Sua graça e pela
redenção que há em Cristo Jesus (Rm.3:24).
CONCLUSÃO
Éramos escravos, rendidos ao pecado, mas
Cristo nos libertou para uma nova vida com Ele. Fomos libertos da escravidão do
pecado e salvos da morte eterna, e agora caminhando avante na certeza de que o
Céu onde Cristo habita é o nosso destino final, onde estaremos para sempre com
o Senhor. Estávamos mortos em nossas transgressões, mas Deus, que é riquíssimo
em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, nos vivificou juntamente
com Cristo, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus, para
mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua
benignidade para conosco em Cristo Jesus.
-----------
Luciano de
Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico
popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Douglas Baptista. A
IGREJA ELEITA. Redimida pelo Sangue de Cristo e Selada com o Espírito Santo. CPAD.
Rev. Hernandes Dias
Lopes. Efésios. Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.
SHEDD, Russel. Epístolas
da Prisão: uma análise. São Paulo: Edições Vida Nova,
2005, p. 15.
STOTT, John. A Mensagem
de Efésios. São Paulo: ABU Editora, 2007.
STOTT, John. Lendo
Efésios.
Ev. Caramuru Afonso
Francisco. A doutrina da Graça de Deus. PortalEBD.2006.