2º Trimestre/2021
Texto Base: 1Coríntios 12:7,10-12;
14:26-32
"Se alguém
falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre
segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus
Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!"
(1Pd.4:11).
1Corintios 12:
7.Mas a manifestação do Espírito é dada
a cada um para o que for útil.
10.e a outro, a operação de maravilhas;
e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a
variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
11.Mas um só e o mesmo Espírito opera
todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
12.Porque, assim como o corpo é um e
tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é
Cristo também.
1Corintios 14:
26.Que fareis, pois, irmãos? Quando vos
ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua,
tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27.E, se alguém falar língua estranha,
faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.
28.Mas, se não houver intérprete,
esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
29.E falem dois ou três profetas, e os
outros julguem.
30.Mas, se a outro, que estiver
assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31.Porque todos podereis profetizar,
uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.
32.E os espíritos dos profetas estão sujeitos
aos profetas.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos a respeito dos Dons de Elocução, ou manifestação
verbal: profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas. Estes
Dons são os mais destacados na Igreja. Eles se manifestam sobrenaturalmente através
de mensagens orais, segundo a orientação do Espírito Santo. Os propósitos
destes Dons são os de edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo
(1Co.14:3). Por ser os mais utilizados na Igreja, temos visto muito abuso e
falta de sabedoria no uso destes Dons, em especial o de profecia. Desta feita,
devemos estudar estes Dons com diligência, reverência e temor de Deus, para não
sermos enganados pelas falsas manifestações.
I. DOM DE PROFECIA (1Co.12:10)
Paulo exortou os crentes de Corinto para que eles procurassem com zelo
os dons espirituais e em especial o Dom de Profecia, pois aquele que profetiza
edifica toda a Igreja.
1. O que é o Dom de
Profecia?
De acordo com Stanley Horton, O Dom de Profecia refere-se a mensagens
espontâneas, inspiradas pelo Espírito, em uma língua conhecida para quem fala e
também para quem ouve, objetivando edificar, exortar ou consolar a pessoa
destinatária da mensagem (1Co.14:3).
O maior valor da profecia é que ela, uma vez proferida, sendo de Deus,
ao contrário das línguas estranhas (que edifica a própria pessoa), edifica a
coletividade e não unicamente o que profetiza. A profecia é necessária para
impedir a corrupção espiritual e moral do povo de Deus. Apresenta-se, assim,
como uma verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado
pela profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao Céu.
O Dom de Profecia é muito importante, mas não tem a mesma autoridade
canônica das Escrituras (2Pd.1:20), que são infalíveis e não passíveis de
correção. A profecia atual deve ser julgada e que o profeta deve obedecer ao
ensino bíblico (1Co.14:29-33). Pode acontecer que a pessoa que é detentora do Dom
de Profecia receba a revelação do Espírito Santo e, por fraqueza, imaturidade e
falta de temor de Deus, venha a falar além do que deve. Portanto, quem
profetiza deve ter o cuidado de falar apenas o que o Espírito Santo mandar, não
alegando estar "fora de si" ou "descontrolado", pois
"o espírito do profeta está sujeito ao profeta" (1Co.14:32).
2. A relevância do Dom
de profecia
Foi o apóstolo Paulo quem afirmou que o Dom de Profecia é de grande
relevância para a Igreja. Ele disse: “Segui o amor e procurai com zelo os dons
espirituais, mas principalmente o de profetizar” (1Co.14:1).
O Dom de Profecia na Igreja é originado pelo Espírito Santo, não para
predizer o futuro, mas para fortalecer e promover a vida espiritual, a
maturidade e o caráter santo dos crentes. A profecia é necessária para impedir
a corrupção espiritual e moral do povo de Deus. Apresenta-se, assim, como uma
verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado pela
profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao Céu.
Obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou Paulo não teria escrito
1Co.14:29 dizendo: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os
outros julguem”. O apóstolo João alerta: “Amados, não creiais em todo espírito,
mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm
levantado no mundo” (1João 4:1). Aos crentes de Corinto o apóstolo Paulo
exortou que eles deveriam julgar as profecias quanto ao seu conteúdo e a origem
de onde elas procedem (1Co.14:29), pois elas possuem três fontes distintas:
Deus, o homem ou o Diabo.
Devemos nos cuidar, pois a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento, mostra ações dos falsos profetas. O Senhor Jesus nos alertou:
"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como
ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores" (Mt.7:15). Vigiemos,
pois falsos profetas e falsas profecias estão no mundo atualmente. A falsa
profecia leva ao engano e faz com que a pessoa seja manipulada ou dominada por
falsos profetas que têm objetivos malignos e planos escusos. Mormente nos dias
atuais, onde há interesses escusos, a profecia deve ser julgada e que o profeta
deve obedecer ao ensino bíblico (1Co.14:29-33).
3. Propósitos da Profecia
A Profecia neotestamentária tem um tríplice propósito: edificar, exortar
e consolar a Igreja.
a) Quanto a Edificação.
Na edificação os crentes são espiritualmente transformados mais e mais
para que não se conformem com este mundo (Rm.12:2-8). Neste processo, os
crentes são edificados na santificação, no amor a Deus, no bem-estar do
próximo, na pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera. Por isso, todas as profecias devem ser
devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à
Igreja nem abalar a fé daqueles que ainda não possuem uma firme edificação.
A profecia contribui para a edificação do crente, porém, ainda existe muita
confusão a respeito do uso deste Dom e sua função. Há líderes que permitem que
as igrejas que lideram sejam guiadas por supostos profetas. A Profecia jamais
deve substituir os ditames das Escrituras Sagradas na orientação da Igreja de
Jesus Cristo, pois ela é a Profecia por excelência, o Manual do líder cristão.
Outros erros grosseiros que muitos líderes cometem é não tomarem decisões sem
antes consultar um "profeta" ou uma "profetisa". Aí
pode incorrer num grande erro e falsa profecia, pois no afã de agradar o líder,
a pessoa que se diz profeta poderá falar o que o líder quer ouvir e não o que o
Senhor realmente quer falar. Todavia, a Palavra de Deus alerta-nos a que não
ouçamos a tais falsários (Jr.23:9-22).
b) Quanto a Exortação. A exortação tem por
sinônimo o encorajamento divino para os servos de Deus. Significa ajudar,
assistir, incentivar, estimular, animar, consolar, unir pessoas separadas,
admoestar. Todos esses significados revelam a missão da profecia, pois o
Espírito Santo inspira o profeta a animar, despertar, alertar e falar palavras
de encorajamento tanto à Igreja como a alguém em particular.
c) Quanto a Consolação. A consolação é o
terceiro propósito da profecia do Novo Testamento. Tendo em vista o fato de que
estamos em um mundo decaído, que insiste em nos tirar a esperança e a alegria,
esta função é indispensável para o fortalecimento da fé do povo de Deus.
Na vida terrena, temos, sempre, aflições, como nos disse o Senhor Jesus,
mas é necessário que tenhamos sempre bom ânimo. Este ânimo é dado pelo Senhor
e, portanto, é fundamental que as pessoas a quem o Senhor tem concedido este
Dom o exercitem, de modo a impedir que os crentes sejam tomados pelo desânimo,
em especial nos instantes de aumento da iniquidade como os vividos pela Igreja
neste período imediatamente anterior à vinda do Senhor.
O bom ânimo é fundamental para que se faça algo na obra do Senhor. Quem
nos mostra é o próprio Deus, que deu palavras de ânimo a Josué antes que se
iniciasse, efetivamente, a sua gestão diante do povo de Israel (Js.1:6); como o
conselho que Davi, homem segundo o coração de Deus, ministrou a seu filho
Salomão, pouco antes de morrer e após ter mandado aclamá-lo como novo rei sobre
Israel (1Cr.22:13; 28:20); como as palavras de Jesus em algumas ocasiões (Mt.9:2,22;
Mc.6:50; Lc.8:48); Paulo, também, usou deste Dom no retorno às Igrejas Locais que
fundara ao término da sua primeira viagem missionária (At.14:22) –“ confirmando
o ânimo dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas
tribulações nos importa entrar no Reino de Deus”.
II. VARIEDADE DE LÍNGUAS (1Co.12:10)
“...e a outro, a
variedade de línguas...”
1. O que é o Dom de
Variedades de Línguas?
É o Dom dado pelo Espírito Santo para que os crentes sejam instrumentos da
voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu
povo. Este Dom é evidência da Onipresença divina no meio do Seu povo, uma
presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.
Este Dom é diferente das línguas estranhas como evidência do Batismo no
Espírito Santo. Segundo a Bíblia, as línguas estranhas são um sinal para os não
crentes (1Co.14:22). Quem possui este Dom deve orar pedindo que o Senhor também
conceda o Dom de Interpretação. O que profetiza edifica o outro, mas o que fala
línguas estranhas edifica a si mesmo.
Na Igreja de Corinto, parece que havia uma desordem no culto quanto aos
Dons de Línguas. Paulo exortou aqueles crentes dizendo que eles estavam “como
que falando ao ar” (1Co.14:9), ou seja, não havia proveito algum, já que
ninguém era edificado. Portanto, segundo Paulo, aquele que fala em outras
línguas fala a Deus e não aos homens. Ele não é um Dom público, mas íntimo,
particular e pessoal. Portanto, o Dom de Variedades de Línguas é um Dom para
sua intimidade com Deus. Embora seja um Dom para intimidade com Deus, ele é tão
importante para a Igreja quanto os demais apresentados em 1Corintios 12.
2. Qual é a
finalidade do Dom de Variedade de Línguas?
Todos os outros dons alistados na Bíblia são Dons para a edificação da
Igreja. Este é o único Dom que é dado para auto-edificação (1Co.14:4) – “O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo...”. É por esta razão
somente que esse Dom é inferior aos demais. À medida que o possuidor deste Dom
fala em línguas vai sendo edificado, pois o Espírito Santo toca-o e o renova
diretamente (1Co.14:2) – “Porque o que
fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o
entende, e em espírito fala de mistérios”.
O que o apóstolo quer dizer é que a Língua estranha é algo que acontece no
âmbito espiritual e não no racional. A própria pessoa que fala em outra língua
não entende o que está falando. A mente dela não é edificada, pois não sabe o
significado das suas palavras. Se essa pessoa não entende o que fala, muito
menos as outras pessoas entenderão; ela está falando em mistério. Por isto, o
apóstolo esclarece: “Pelo que, o que fala
em outra língua deve orar para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em
outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera” (1Co.14:13).
3. Atualidade do Dom
de Variedade de Línguas
Como os demais Dons, o de Línguas é muito importante para a Igreja.
Sendo assim, ele não é uma manifestação exclusiva somente para o período
apostólico; ele é plenamente manifesto atualmente, e deve ser buscado como
recomenda o apóstolo Paulo (1Co.14:1), pois ele é, tão útil à vida pessoal do
crente quanto o foi no princípio da Igreja.
Paulo era grato a Deus por falar em Línguas, e mais do que todos os
irmãos de Coríntio. Porém, ele disse que, na Igreja, preferiria falar cinco
palavras com seu entendimento, a fim de que pudesse pela sua voz ensinar aos
outros, do que dez mil palavras em línguas (1Co.14:18,19). Apesar dessa
afirmação, Paulo não desejou com isso excluir as Línguas, pois é parte legítima
da adoração dos cristãos (1Co.14:26) – “Que
fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem
doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação”
III. INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1Co.12:10)
“... e a
outro, a interpretação das línguas”.
1. Definição
do Dom de Interpretação de Línguas
É uma habilidade sobrenatural, concedida pelo Espírito Santo, que torna
o crente capaz de interpretar, na sua própria língua, aquilo que é falado pelo
crente em linguagem celestial. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de
“interpretação de línguas”. Este Dom opera juntamente com o Dom de línguas,
formando ambos uma profecia (1Co.14:5,13,27,28).
Há pregadores que emocionam seus auditórios ordenando que falem todos em
línguas, ao mesmo tempo, como sinal da presença de Deus na reunião. Paulo,
porém, recomenda que, em cultos públicos, quem fala em línguas: (a) ore para
que possa interpretá-las (1Co.14:13); (b) que ore também com o entendimento quando
orar em línguas (1Co.14:15); (c) fale, no culto, dois, no máximo três, e que
haja intérprete (1Co.14:27), e (d) na ausência de interpretação, que se cale o
falante (1Co.14:28). Portanto, é preciso reavaliar as atitudes de certos
pregadores e líderes que contradizem o que a Bíblia diz no tocante ao falar em
línguas no culto.
Na igreja de Corinto, se não houvesse intérprete, o irmão devia
permanecer calado na Igreja. Podia ficar em seu lugar e falar silenciosamente
em outra língua consigo mesmo e com Deus, mas não tinha permissão de se
expressar em público – “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na
igreja e fale consigo mesmo e com Deus” (1Co.14:28). Essa exortação cabe
muito bem no quadro exortativo das igrejas hodiernas.
2. Há diferença
entre Dom de Interpretação e o de Profecia?
Sim, claro! Segundo o pr. Elinaldo Renovato, “o Dom de Interpretação de
Línguas necessita de outra pessoa, também capacitada pelo Espírito Santo, para
que interprete a mensagem e a Igreja seja edificada; do contrário, os crentes
ficarão sem entender nada. Já a Profecia é autossuficiente em sua ação para
quem a ouve, não necessitando de um intérprete”. Sobre isso esclareceu Estêvam
Ângelo de Souza, objetivamente: “não haverá interpretação se não houver quem fale
em línguas estranhas, ao passo que a profecia não depende de outro dom”.
CONCLUSÃO
Como vimos, os Dons de Elocução, como os demais Dons, são muito
importantes, e até mesmo imprescindíveis, na Igreja. Sem eles, talvez, a Igreja
não tivesse chegado até aqui. Todavia, os Dons não têm autoridade canônica, não
servem para alterar ou contradizer o que está escrito na Bíblia Sagrada (2Pd.1:21;
1Tm.4:9; João 17:17; Sl.119:142,160; Ap.22:18,19; Pv.30:5,6).
O Espírito Santo orienta a Igreja por meio dos dons espirituais (At.13:1-3;
16:6-10), mas o ministério eclesiástico não deve ficar refém de pessoas
detentoras de dons espirituais, principalmente às pessoas que são agraciadas
com o Dom de Profecia (Ap.2:20-22; At.11:28-30; 15:14-30). No meio
Pentecostal é uma prática errada consultar “profetas”, pedindo respostas quanto
a casamentos, viagens, negócios, etc. Os Dons espirituais não são para esta
finalidade, são para edificação, exortação e consolação (1Co.14:3). Por isto,
os Dons em apreço devem ser usados na Igreja Local (1Co.14:3,13,26,28).
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Novo e Antigo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Os Dons do
Espírito Santo. PortalEBD.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. DONS
ESPIRITUAIS & DONS MINISTERIAIS: servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário. CPAD.2014.