4º Trimestre/2021
Texto Base: 1Tessalonicenses 1:1-10
“Porque o amor de Cristo nos constrange...” (2Co.5:14).
1Tessalonicenses 1:
1.Paulo,
e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus, o Pai, e no Senhor
Jesus Cristo: graça e paz tenhais de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
2.Sempre
damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações,
3.lembrando-nos,
sem cessar, da obra da vossa fé, do trabalho da caridade e da paciência da
esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai,
4.sabendo,
amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus;
5.porque
o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no
Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por
amor de vós.
6.E
vós fostes feitos nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra em muita
tribulação, com gozo do Espírito Santo,
7.de
maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia.
8.Porque
por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também
em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já
dela não temos necessidade de falar coisa alguma;
9.porque
eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como
dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro
10.e
esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus,
que nos livra da ira futura.
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula trataremos de “Paulo e seu amor pela Igreja”. O pr. Elieanai Cabral deu
maior ênfase ao amor de Paulo pela Igreja tessalonicense, mas o amor do
apóstolo era por todos os cristãos que faziam a Igreja de Cristo em todos os
lugares. O seu amor pela Igreja era desinteressado, não esperava nenhum
benefício deste mundo. Noite e dia, fisicamente fraco ou forte ele se dedicava
em cuidar da Igreja como um pai cuida do seu filho. Ele a defendeu, protegeu e
buscou viver na integridade do amor, da fé e da esperança, nas diversas igrejas
por onde passou. A vida e o ministério desse embaixador de Cristo são um
antídoto contra a banalização da Igreja, o Corpo de Cristo.
Somos
todos convidados a amar a Igreja e a demonstrar de forma prática o mesmo
sentimento de Paulo. Há momentos em que a maior necessidade de uma pessoa na Igreja
não é de ouvir o grupo de louvores, mas de receber um abraço de um irmão. Nós
precisamos demonstrar nosso afeto pelas pessoas que amamos (Atos 20:37). Há
muitos líderes que não conseguem expressar seus sentimentos nem verbalizar seu
amor pelos seus liderados. Precisamos aprender a declarar o nosso amor pelas
pessoas. Precisamos aprender a valorizar as pessoas enquanto elas estão conosco;
precisamos demonstrar nosso apreço por elas enquanto podem ouvir nossa voz. Nós
precisamos entender a força terapêutica da afetividade (Atos 20:36-38). O amor
é o elo de perfeição que une as pessoas, é o cinturão que mantém unidas as
demais virtudes do Fruto do Espírito. Onde há união entre os irmãos, ali Deus
ordena sua bênção e a vida para sempre (Sl.133:3).
I. O AMOR
DE PAULO PELA IGREJA
1. O amor como o de um pai para um filho
As
epístolas de Paulo denotam como ele cuidava dos seus filhos na fé. Veja como
ele se expressa à Igreja de Filipos (FP.1:3-11):
3.Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós,
4.fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em
todas as minhas orações,
5.pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia
até agora.
6.Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra
em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.
7.Aliás, é justo que eu assim pense de todos vós, porque
vos trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do
evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo.
8.Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de
todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus.
9.E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais
e mais em pleno conhecimento e toda a percepção,
10.para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros
e inculpáveis para o Dia de Cristo,
11.cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus
Cristo, para a glória e louvor de Deus.
Apesar
de preso em Roma, Paulo se preocupava com a vida espiritual dos seus filhos na
fé. Ele estava impedido de visitar as igrejas, mas podia orar por elas e
instrui-las por meios de Epístolas/Cartas. Ele estava preso, mas a Palavra de
Deus não estava algemada. Ele era prisioneiro de Cristo, e não do imperador
romano. As circunstâncias podem estar fora do seu controle, mas jamais fora do
controle de Deus. Com base neste texto enumeramos as principais características
de um pai espiritual:
a)
O pai espiritual intercede pelos seus filhos (Fp.1:4,5). Note que Paulo fazia sempre
súplicas pelos Filipenses. Paulo estava impedido de ter comunhão com os irmãos,
mas não de orar por eles. A oração desconhece limites geográficos, barreiras
étnicas ou culturais. Um crente de joelhos pode influenciar o mundo inteiro. Na
sua soberania, Deus estabeleceu agir na História em resposta às orações do seu
povo. Portanto, uma grande característica de um pai espiritual é que ele deve
suplicar pela vida de seus filhos na fé.
b)
O pai espiritual incentiva o crescimento espiritual de seus filhos (Fp.1:6). O pai espiritual
revela a seus filhos o processo da transformação deles - “Aquele que começou
boa obra em vós há de completá-la”. Ele compartilha com seus filhos quais são
suas convicções de fé. Paulo vê os crentes da Igreja de Filipos como uma obra
de Deus. A expressão “boa obra” pode ser referência à salvação deles ou
à sua ativa participação financeira no progresso do evangelho. A expressão “ao
dia de Jesus Cristo” refere-se à sua segunda vinda para buscar seu povo e levá-lo
para o Céu e provavelmente também ao tribunal de Cristo, quando todo o serviço
feito para o Senhor receberá sua justa recompensa.
c)
O pai espiritual não negligencia a responsabilidade de seus filhos (Fp.1:7-11). O pai espiritual não
descuida em hipótese alguma de seus filhos. Ele expressa os seus pensamentos e
atos em um amor genuíno pelos seus filhos. Ele clama pelo crescimento
espiritual de seus filhos. Ele clama para que seus filhos sejam fiéis a Jesus
Cristo. Paulo pede que o amor dos filipenses aumente cada vez mais, em pleno
conhecimento e em toda a percepção. O primeiro alvo da vida do cristão é amar a
Deus e amar o semelhante. O amor, porém, não se restringe ao campo das emoções.
Para realizar um trabalho eficaz na obra do Senhor, precisamos usar nossa
inteligência e exercitar nosso conhecimento. De outra forma, nossos esforços
serão inúteis. Por isso, Paulo ora não somente para que os filipenses continuem
a manifestar o amor cristão, mas também para que esse amor seja exercitado em
pleno conhecimento e toda a percepção. Que nossos olhos espirituais estejam
abertos para que não possamos cair em nenhuma armadilha de falsos pais
espirituais.
2. O amor motivado pelo modo de viver o
Evangelho
Paulo
ficou muito contente ao saber do modo de viver dos crentes de Tessalônica.
Apesar do pouco tempo que passara com eles, ficaram firmes na fé; e essa
disposição de seguir a Cristo tocou o coração de Paulo. Como afirma o pr. Elienai
Cabral, “essa Igreja era formada por pessoas que abandonaram a crença em ídolos
pagãos e, pela fé, abraçaram o Evangelho. Logo, o Evangelho não é só discurso,
mas implica práticas convictas”.
A
igreja de Tessalônica recebeu a mensagem do Evangelho mesmo sob um forte clima
de hostilidade e perseguição. A Igreja nasceu saudável porque sua fé foi
estribada numa base certa, a semente cresceu e frutificou porque nasceu de um
solo fértil. Concordo com o pr. Hernandes Dias Lopes quando diz que “hoje,
muitas igrejas nascem doentes porque recebem palavras de homens, e não a
Palavra de Deus; são alimentadas com o farelo das doutrinas humanas e não com o
trigo da verdade divina. Os púlpitos estão pobres e almas estão famintas.
Existe pouco de Deus nos púlpitos e muito do homem. O evangelho da graça, como
pão nutritivo de Deus, está sendo negado ao povo e, em lugar dele, os
pregadores estão dando uma sopa rala à Igreja. Muitos púlpitos já abandonaram a
pregação fiel e os pregadores já se renderam ao pragmatismo, buscando mais os
aplausos dos homens que a glória de Deus, mais o lucro do que a salvação, mais
a prosperidade do que a piedade”.
A
Igreja, no seu todo, e cada crente, em particular, só poderá ser um referencial
para o mundo e para os homens se viver de uma maneira diferente do que vive o
mundo e dos que vivem os homens ímpios. Se convidarmos as pessoas descrentes, e
elas vierem, e descobrirem que em nosso meio existe a mesma luta pelo poder,
como existe lá fora, o mesmo apego às coisas materiais, as mesmas mentiras e
trapaças, as mesmas traições, calúnias e injúrias, os mesmos sentimentos de
vaidade, de orgulho e de egoísmo, a mesma falta de união e de amor, as mesmas
desconfianças, ciúmes e traições, então, elas não terão motivos para desejarem
ficar conosco.
O
crente não deve seguir o que o mundo dita, mas aquilo que a Bíblia diz. Nossas
vidas devem estar de acordo com o padrão da Palavra de Deus (Gl.6:16). Se amamos
de fato a Cristo jamais deveríamos nos associar ao mundo e seus valores. O
apóstolo João nos exorta: “Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele” (1João
2:15). A Igreja está no mudo, mas o mundo não deve estar na Igreja. Jesus
condenou o dualismo na vida do cristão: “Ninguém pode servir a dois
senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e
desprezará o outro” (Mt.6:24). Neste contexto repito as palavras de Josué:
“se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem
sirvais” (Js.24:15).
3. O amor deve nortear a nossa vida na Igreja
Local
O
crente cheio do amor divino é como um farol que brilha a noite; o seu viver, o
seu andar e as suas atitudes norteiam a vida dos demais na Igreja Local. Crente
com este perfil não faz críticas destrutivas a quem quer que seja na Igreja,
mas demonstra amor e comunhão a todos os irmãos que se congregam com ele. Na
Bíblia, a Igreja é chamada de o Corpo de Cristo, do qual Cristo é a cabeça,
para explicar nossa união com Cristo e uns com os outros. Assim como todas as
partes do corpo estão ligados e trabalham juntas, os cristãos devem viver e
trabalhar unidos para a obra de Deus, tendo como principal elemento o amor. Na
Carta aos Efésios, o apóstolo diz: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos
em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem-ajustado e
consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada
parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” (Ef.4:15,16).
Portanto, uma igreja só é vista como verdadeiramente cristã quando o amor nela
brilhe como um farol a noite.
O
amor que o apóstolo Paulo nutria pela Igreja não tinha dimensão; ele estava
pronto a sofrer toda sorte de perseguição e provação para pastorear a Igreja do
Senhor; estava pronto a ser preso, a sofrer ataques externos e temores internos
para pastorear a Igreja de Deus; estava pronto a dar a própria vida para
cumprir cabalmente seu ministério. Portanto, esse amor que Paulo tinha pela Igreja
“deve tocar o nosso coração e, assim, sermos encorajados a manifestá-lo na
Igreja Local em que congregamos”.
II. O AMOR
E FÉ NA IGREJA
1. Amor, uma palavra proeminente nas Cartas de
Paulo
O
amor tem a proeminência nas Epístolas de Paulo porque é o pilar principal da
Igreja; é o caminho da maturidade cristã e espiritual; é o cumprimento da lei
(Rm.13:10). O amor é o maior de todos os mandamentos (Mc.12:31). O amor é a
apologética final, é o grande remédio para os males da Igreja. “Aquele que não
ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1João 4:8).
Paulo
afirma em 1Corintios 13:8 que “o amor jamais acaba; mas, havendo profecias,
desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará”. Paulo
argumenta em 1Corintios 13:13 que dentre as virtudes - a fé, a esperança e o
amor -, este é o maior de todos. Sem amor não há cristianismo. Você pode ser
ortodoxo, mas se não tiver amor, você não é um cristão. O apóstolo Joao afirma
que aquele que não ama ainda permanece nas trevas (1João 2:11). Quem permanece
nas trevas é aquele que ainda não nasceu de novo. O apóstolo João disse: “Se
alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que
não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1João
4:20). Jesus disse: “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos se
tiverdes amor uns aos outros” (João 13:35).
O
amor é sacrificial, genuíno, puro, santo, e que não busca interesses; o amor é
mais do que emoção, é atitude, é ação; é amar o indigno; é amar até as últimas
consequências; é amar como Cristo amou; Cristo amou a Igreja e a Si mesmo se
entregou por ela.
Também,
nas Epístolas de Paulo é mencionado com constância o amor de Deus por nós. Paulo
afirmou que, na cruz, Deus revelou seu abundante amor (Rm.5:8) - “Mas Deus
prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós,
sendo nós ainda pecadores”. A morte de Cristo evidencia não apenas o amor de
Deus por nós, mas também a natureza desse amor. Sua origem de modo algum está
no objeto amado, mas inteiramente em Deus. Portanto, o amor de Deus não é
apenas um sentimento, é uma ação; não consiste apenas em palavras, é uma dádiva;
não é uma dádiva qualquer, mas uma dádiva do próprio Deus - Deus deu o seu
Filho Unigênito (João 3:16). Portanto, Ele deu tudo, deu a Si mesmo. Deus não
amou aqueles que nutriam amor por Ele, mas aqueles que lhe viraram as costas.
Deus amou aqueles que eram inimigos.
2. A Fé e o Amor no ensino de Paulo
Paulo
amava profundamente as igrejas que ele tinha fundado. Ele estava continuamente
agradecendo a Deus pela vida da Igreja (cf.1Ts.1:2; 2:13; 3:9; 1:3; 2:13). Com
relação à Igreja tessalonicense, Paulo sentiu-se no dever de agradecer
continuamente a Deus pela vida deles. Ele glorificou a Deus pela vida abundante
da Igreja. Em vez de perder sua alegria pela atitude rebelde de alguns, ele
encheu sua alma de alegria pela vida superlativa dos demais que expressavam
entusiasmos na fé cristã e no amor, a despeito das tremendas provas. Disse ele:
“Sempre devemos, irmãos, dar graças a Deus por vós, como é de razão, porque
a vossa fé cresce muitíssimo, e o amor de cada um de vós aumenta de uns para
com os outros, de maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de
Deus, por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e
aflições que suportais” (2Tes.1:3).
O
elogio de Paulo aos crentes de Tessalônica foi focado em três áreas
fundamentais: fé, amor e paciência. Na primeira Epístola aos Tessalonicenses,
ele já havia destacado a trilogia: fé, amor e esperança como sólido fundamento
da maturidade cristã (1Ts.1:3). Na segunda Epístola, ele volta a destacar novamente
os dois primeiros elementos, demonstrando assim que a fé e o amor têm uma
correlação inigualável.
a) A Fé. Uma fé que “cresce muitíssimo”
(2Ts.1:3). Na primeira Epístola aos Tessalonicenses, Paulo ora para que a fé deles
seja aperfeiçoada (1Ts.3:10). Agora, ele agradece por isso (2Ts.1:3). A fé dos
tessalonicenses estava crescendo além daquilo que Paulo poderia esperar. Eles
estavam transcendendo. As perseguições e tribulações em vez de destruir a fé
dos tessalonicenses, a fortaleceram. Uma fé que não é testada não pode ser
forte. O pr. Hernandes Dias Lopes afirma que “a fé é como os músculos, ela
precisa ser exercitada para se fortalecer. Uma vida fácil pode tornar-se uma
vida superficial, assim como uma vida sem provas produz uma fé rasa. A galeria
da fé em Hebreus 11 é formada de pessoas que enfrentaram duríssimas provas.
Assim como é impossível uma pessoa aprender a nadar sem entrar na água, também
é impossível ter uma fé vigorosa sem passar pelos rios caudalosos das provas”.
b) O Amor – “o amor de cada
um de vós aumenta de uns para com os outros” (2Ts.1:3). O amor mútuo entre
os crentes da Igreja de Tessalônica estava em pleno crescimento, e isto era uma
resposta à oração de Paulo (1Ts.3:12; 4:9,10). O sofrimento em vez de tornar os
crentes de Tessalônica amargos e indiferentes, fê-los ainda mais abundantes no
amor recíproco. O amor é a marca do discípulo verdadeiro (João 13:34,35). O
amor é o maior dos mandamentos; ele é a síntese da Lei; ele é a apologética
final. Sem amor não há cristianismo autêntico. O mundo vai nos conhecer como
discípulos de Cristo pelo amor. É pelo amor que a Igreja vai impactar o mundo.
É pelo amor que o mundo verá Jesus em nós e por meio de nós.
3. A dimensão prática do amor na Igreja
No
ministério de Paulo, o amor tinha um caráter prático. O problema de muitos
cristãos de nossos dias não é a ortodoxia – saber fazer o que é certo à luz da
Bíblia -, e sim a ortopraxia – viver aquilo que sabemos ser o certo à luz da
Bíblia. Precisamos conjugar o que falamos com o que fazemos, ou nossas palavras
cairão no vazio. Não basta falar bonito ou saber o que falar, se não houver
ação. Agir de forma conjugada faz a diferença na vida do servo de Deus. Sem
dúvida, esse tem sido um dos maiores problemas da Igreja Local em nossos dias.
Não raro, muito do que é falado nos púlpitos raramente é praticado, e isso tem
colocado o testemunho de muitos em desvantagem.
Ser
sensível às necessidades do nosso próximo – daquele que é absolutamente
necessitado - e procurar maneiras para podermos nos envolver pessoalmente é uma
maneira de colocar o amor em prática - “Se cumprirdes, conforme a Escritura, a
lei real: Amarás a teu próximo com a ti mesmo, bem farás” (Tg.2:8). A
verdadeira fé salvífica é tão vital que não poderá deixar de se expressar por
ações, e pela devoção a Jesus Cristo; Tiago chama isso de “religião pura e
imaculada para com Deus” (Tg.1:27).
Certa
feita Jesus mostrou a um doutor da Lei o que significa o amor na prática. Jesus
contou a ele a Parábola do Bom Samaritano (Lc.10:30-37). Este doutor da Lei
havia perguntado a Jesus: “quem é o meu próximo?”. Jesus então conta a parábola
e no final pergunta ao doutor: “quem foi o próximo?”. Assim, Jesus estava
instigando aquele doutor a dar uma resposta bem diferente da que ele gostaria,
fazendo-o elogiar alguém de uma raça profundamente odiada, que exerceu na
prática o amor; amor este que os religiosos de Israel não praticaram. Jesus
quis ensinar aquele doutor, e a todos nós, que o amor se manifesta na atitude concreta
em relação ao outro, mesmo a um inimigo, suprindo a necessidade dele dentro da
medida do possível.
O
apostolo Paulo, em sua Epístola aos Romanos, afirma que “O amor não pratica o
mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm.13:10). O
pr. Hernandes Dias Lopes afirma que “o amor é benigno, e não maligno. O amor é
altruísta, e não egoísta. O amor coloca sempre o outro na frente do eu. O amor
respeita a vida do outro, por isso quem ama não mata. O amor respeita a honra e
a família do outro, por isso quem ama não adultera. O amor respeita os bens e a
prosperidade do outro, por isso quem ama não furta. O amor respeita o bom nome
do outro, por isso quem ama não se presta ao falso testemunho. O amor não
deseja o que é do outro; antes, está contente com o que Deus lhe deu, por isso
quem ama não cobiça”. É conhecida a expressão usada por Agostinho de Hipoma:
“Ama a Deus e faze o que quiseres”. Quando amamos a Deus e ao próximo, cumprimos
a Lei e nos postamos na dimensão prática do amor na Igreja.
III. AS
TRES VIRTUDES NA IGREJA DE TESSALÔNICA: FÉ, AMOR E ESPERANÇA
1. As três virtudes teológicas (1Ts.1:3)
Sempre
que o apóstolo Paulo orava a Deus, ele mencionava os irmãos tessalonicenses.
Veja o que ele disse: “recordando-nos,
diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso
amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo”
(1Ts.1:3 - ARA). Será que nós também somos assim tão fiéis em mencionar o nome
de nossos irmãos na fé em nossas orações? Ele também dava graças a Deus por
eles, lembrando-se “da
operosidade da fé, da abnegação do amor e da firmeza da esperança” deles “em
nosso Senhor Jesus Cristo”.
O
lugar onde Paulo costumava lembrar-se das virtudes dos cristãos tessalonicenses
é indicado pela frase “diante de nosso Deus e Pai”. Quando Paulo entrava na
presença de Deus, em oração, ele recordava o nascimento espiritual e o
crescimento dos santos e dava graças a Deus pela Fé, pelo Amor e pela Esperança
deles. Estas três virtudes formavam uma tríade especial nos ensinos de Paulo. Veja
que também para a Igreja de Corinto Paulo faz menção dessas três virtudes:
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estas três; mas a maior
destas é o amor” (1Co.13:13). Estas três virtudes são princípios morais
centrais característicos da Igreja; elas são superiores aos dons espirituais, e
também são mais duradouras. A maior dessas virtudes é o amor, pois é mais
proveitosa que as outras; ela não é centrada em si mesma, mas nos outros.
2. A virtude da Fé
Paulo
disse: “operosidade da vossa fé”. Segundo o pr. Hernandes Dias Lopes, a palavra
traduzida por “operosidade” é “ergon”,
trabalho ativo ou todo o trabalho cristão governado e energizado pela fé. A expressão
“operosidade da fé” implica também a vida de fé que se segue à conversão.
Quando uma pessoa crê verdadeiramente em Jesus, ela se torna operosa no Reino
de Deus. Matthew Henry diz que onde quer que exista uma fé verdadeira,
encontramos obra, pois a fé sem obras é morta (Tg.2:14). Salvação conduz ao
serviço. Quanto mais robusta é a fé que um povo tem em Cristo, tanto mais
dedicado é o seu trabalho para Ele.
3. A virtude do Amor
Além
da operosidade da fé, Paulo também se lembra “da abnegação do amor” dos
cristãos tessalonicenses, isto é, do serviço para Deus motivado pelo amor ao
Senhor Jesus. Segundo Willian Macdonald, a cristandade não é uma vida que se
tenha de aturar por dever: é servir a uma Pessoa por amor; esta Pessoa é Cristo.
Na Igreja tessalonicense havia consenso de que os seguidores de Jesus Cristo
deveriam trabalhar motivados pelo amor ao nosso Senhor.
Segundo
Hernandes Dias Lopes, a palavra “abnegação” é “kópos”, trabalho exaustivo, labor. A palavra denota trabalho árduo
e cansativo, que envolve suor e fadiga. Enfatiza o cansaço que decorre da
utilização de todas as energias da pessoa. Nós evidenciamos o nosso amor por
Cristo por aquilo que fazemos para Ele. Também demonstramos amor ao próximo não
apenas com palavras, mas com atitudes concretas de serviço.
4. A virtude da Esperança
Paulo
também dá graças pela “firmeza da esperança” dos tessalonicenses, uma alusão à
paciência com que aguardavam a vinda do Senhor Jesus. A Igreja de Tessalônica
estava com os pés na terra, mas com os olhos no Céu. Ela servia no mundo, mas
aguardava a glória do Céu. Sua esperança não era vaga, mas firme. A palavra que
Paulo usou para “firmeza” é uma das mais ricas da língua grega – “hupomonê”.
Esta é uma das palavras mais nobres de todo o Novo Testamento. Literalmente, “hupo”
(“sob”) e “monê” (“permanecer”), ou seja, “permanecer sob” pressão, sem
desistir. Os crentes de Tessalônica haviam padecido perseguição por causa de
sua valorosa defesa da causa de Cristo, mas nunca houve sequer indício de
alguma falha da parte deles; havia neles uma completa resistência persistente.
Sem
dúvida nenhuma, a esperança da vinda do Senhor é a mais sublime esperança do
cristão; nada neste mundo – riquezas, perseguições, lutas, oposições,
enfermidades – pode nos separar do amor que temos em Cristo Jesus e da
esperança de estamos com Ele para sempre. Façamos nossa as palavras de Paulo: “Quem
nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição,
ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti,
somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o
matadouro. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os
anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os
poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”
(Rm.8:35-39). Que assim seja!
CONCLUSÃO
Aprendemos
nesta Aula que, assim como Paulo, devemos amar a Igreja Local em que congregamos.
Não existe cristianismo prático sem compromisso e fidelidade para com a igreja
de Cristo. É verdade que a Igreja não salva, pois quem leva para o céu é Jesus
somente, mas essa verdade não pode diminuir a importância que a Igreja em que
somos membros representa em nossa vida. Devemos demonstrar o nosso amor à Igreja
Local a qual pertencemos com atitudes que comprovam a veracidade desse amor.
Por exemplo: quem ama sua igreja intercede por ela em oração; participa
regularmente de suas reuniões com alegria e reverência; se preocupa em
conservar um bom testemunho perante os não-cristãos; oferece apoio material com
suas contribuições financeiras e serviços. E, por fim, quem ama a sua Igreja a
defende de toda zombaria, fofoca, crítica, perseguição e calúnia, sejam essas
ofensas provenientes tanto dos de dentro como dos de fora. Que todos nós
venhamos amar dessa maneira a Igreja que Deus tem nos colocado para ali o
adorarmos.
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Luciano de Paula
Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo
Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos - A ação do Espírito Santo na vida da
Igreja.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Paulo, o maior líder do Cristianismo.
Pr. Ciro Sanches Zibordi. Evangelhos que Paulo jamais pregaria. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 1Corintios – como resolver conflitos na
Igreja.
John Stott. A Mensagem de Atos, até os confins da Terra.