domingo, 25 de setembro de 2022

Aula 01 - EZEQUIEL, O ATALAIA DE DEUS

 

4º Trimestre/2022


Texto Base: Ezequiel 3:16-21, 27


 “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (1Co.9:16).

Ezequiel 3:

16.E sucedeu que, ao fim de sete dias, veio a palavra do SENHOR a mim, dizendo:

17.Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da minha parte.

18.Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; não o avisando tu, não falando para avisar o ímpio acerca do seu caminho ímpio, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei.

19.Mas, se avisares o ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu caminho ímpio, ele morrerá na sua maldade, mas tu livraste a tua alma.

20.Semelhantemente, quando o justo se desviar da sua justiça e fizer maldade, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá; porque, não o avisando tu, no seu pecado morrerá, e suas justiças que praticara não virão em memória, mas o seu sangue da tua mão o requererei.

21.Mas, avisando tu o justo, para que o justo não peque, e ele não pecar, certamente viverá, porque foi avisado; e tu livraste a tua alma.

27.Mas, quando eu falar contigo, abrirei a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o SENHOR: Quem ouvir ouça, e quem deixar de ouvir deixe; porque casa rebelde são ele.

INTRODUÇÃO

Com esta Aula damos início ao quarto trimestre letivo de 2022. Nele, estudaremos lições preciosas selecionadas do livro profético de Ezequiel. Este livro apresenta muitos pontos valorosos para a edificação da Igreja de Cristo; dentre eles, a soberania de Deus na vida de pessoas e nações se destacam, bem como a responsabilidade humana. Este ponto alto do livro de Ezequiel nos convida a fazer uma avaliação contínua a respeito do nosso relacionamento com Deus. Nesta Aula trataremos da responsabilidade dos atalaias constituídos por Deus, no Antigo e novo Testamentos. Esta primeira Aula nos convida a refletir a respeito da nossa responsabilidade diante de Deus e dos homens. Como Ezequiel foi chamado para ser atalaia de Israel, em Cristo fomos chamados para sermos atalaias nestes últimos dias, anunciando a mensagem de arrependimento e salvação.

I. SOBRE O LIVRO DE EZEQUIEL

O livro de Ezequiel é um exemplo fascinante da riqueza da literatura bíblica. Ele salienta a responsabilidade pessoal do indivíduo e sua responsabilidade diante de Deus. Suas mensagens são endereçadas a toda a casa de Judá e apontam para glória de Deus. Escrito num período de crise moral e espiritual do Reino de Judá, este livro ofereceu esperança a um povo que enfrentava o desespero do aparente abandono por Deus. Ao mesmo tempo, o profeta usado por Deus para transmitir esta mensagem encarava suas próprias crises. Usando linguagem rica e ilustrativa, Ezequiel desafia o povo de Israel a aprender as lições da sua história, enfatizando a necessidade da fidelidade a Deus para conseguir a restauração da comunhão com o Senhor. O Livro está dividido em três partes principais:

1. Primeira parte (Ez.1:1-24:27)

Esta primeira parte trata do chamado e a responsabilidade de Ezequiel, das visões sobre o pecado e o julgamento, e da certeza do castigo de Judá. Portanto, nesta primeira parte, as profecias proferidas ocorreram antes da destruição do Templo e da cidade de Jerusalém, e ocupa os primeiros 24 capítulos do livro. Nesta primeira parte está a visão inaugural do ministério profético de Ezequiel (Ez.1:1-3), quando recebeu a visão da glória de Deus (Ez.1:26-28). Ezequiel teve uma visão que revelou a absoluta perfeição moral de Deus. Os discursos dessa primeira parte do livro são predominantemente de ameaças e juízos (Ez.7:2-4) contra a prostituição e idolatria do povo (Ez.8:15).

A mensagem traz também uma série de advertências aos falsos profetas, aos reis de Judá e aos sacerdotes (Ez.7:26,27; Ez.13:2-4; 22:26,27,31). Enquanto Jeremias profetizava em Jerusalém que a cidade logo seria subjugada pelos caldeus, Ezequiel anunciava a mesma mensagem aos que estavam cativos na Babilônia. Ezequiel proferiu esses discursos para que seu povo soubesse que, a despeito de seus erros, Deus estava presente na Babilônia, não somente em Jerusalém. Assim como os habitantes de Jerusalém, os exilados acreditavam obstinadamente que aquela cidade não seria invadida e que logo retornariam a sua terra. Ezequiel os advertiu de que o castigo de Deus era certo, por causa dos pecados, e que era uma maneira de Deus purificar o seu povo. O Senhor sempre trará a justa punição pelo pecado, quer creiamos, quer não.

2. Segunda parte (Ez.25:1-32:32)

Esta segunda parte trata das mensagens contra as nações estrangeiras. Ezequiel proferiu mensagens condenando os atos pecaminosos de sete nações: Amon, Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito (Ez.25-32). Os habitantes dessas nações diziam que Deus era muito fraco para defender seu povo e a cidade de Jerusalém. Deus permitiu que seu povo fosse derrotado, a fim de puni-lo por seus pecados; porém, as nações pagãs enfrentariam um destino semelhante, e saberiam que Deus é o Todo-Poderoso. Aqueles que, hoje, também ousam zombar de Deus enfrentarão terrível destino (Joel 3:12; Mt.25:32).

3. Terceira parte (Ez.33:1-48:35)

Esta terceira parte trata da restauração moral, política e espiritual do povo de Israel, e a restauração da adoração a Deus. Os oráculos dos capítulos 33 a 37 falam do retorno dos judeus de todas as partes do mundo à terra de seus antepassados; um feito que desafiava qualquer lógica humana. Mas Deus não depende da lógica humana para realizar o seu querer. A visão do vale de ossos secos (Ez.37) mostra isso. Essas profecias que tratam da restauração nacional de Israel, se cumpriu de forma espantosa na atualidade. Quanto à regeneração espiritual de toda a casa de Israel (Ez.36:25-27; 37:14; Zc.12:10), brevemente ocorrerá, quando Jesus vier para reinar sobre toda a humanidade. Ezequiel consolou o povo, dizendo que chegaria o dia em que Deus restauraria os que se afastassem do pecado; seria Rei e Pastor de seu povo; lhes daria um novo coração para adorá-lo; e estabeleceria um novo governo e um novo Templo.

As profecias dos capítulos 38 e 39 falam da invasão e derrota de Gogue, e de seu bando, quando invadir a Terra Santa.

O livro de Ezequiel termina com a visão do novo Templo e da redenção para Israel e toda humanidade como resposta à primeira visão (Ez.40 a 48). A certeza da restauração futura encoraja os crentes nos tempos mais difíceis. Mas devemos ser fiéis a Deus porque o amamos pelo que Ele é, não só pelo que Ele pode fazer por nós. Precisamos que a nossa fé esteja nEle e não somente nos benefícios futuros.

4. Características do Livro de Ezequiel

“Sete características principais assinalam o livro de Ezequiel:

a) Contém um grande número de visões surpreendentes, de parábolas arrojadas e de ações simbólicas e excêntricas, como um meio de expressão da revelação profética de Deus.

b) Seu conteúdo é organizado e datado com cuidado: registra mais datas do que qualquer outro livro profético do Antigo Testamento.

c)  Duas frases características ocorrem do começo ao fim do livro:

a.  ‘então saberão que eu sou o SENHOR’ (sessenta e cinco ocorrências com suas variantes).

d) Ezequiel recebe de Deus, de modo peculiar, os nomes de ‘filho do homem’ e ‘atalaia’.

e) Este livro registra duas grandiosas visões do templo: uma delas mostra-o profanado e à beira da destruição (Ez.8-11), e outra, purificado e perfeitamente restaurado (Ez.40-48).

f)  Mais do que qualquer outro profeta, Ezequiel recebeu ordens de Deus para identificar-se pessoalmente com a palavra profética, expressando-a através do simbolismo profético.

g) Ezequiel salienta a responsabilidade pessoal do indivíduo e sua responsabilidade diante de Deus” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1171).

II. SOBRE O PROFETA

1. Identidade

Ezequiel foi um profeta e sacerdote que, durante o cativeiro na Babilônia, viveu entre os exilados judeus (Ez.8:1; 20:1). Seu nome significa “Deus fortalecerá ou prevalecerá”. Embora as visões e profecias de Ezequiel fossem claras e vívidas, muito pouco se sabe sobre sua vida pessoal. Ele estava entre os milhares de jovens deportados de Judá para a Babilônia, após a rendição do rei Joaquim. Nos tempos em que Nabucodonosor, rei da Babilônia, sitiou e destruiu Jerusalém (capital de Judá) levando cativo seu povo, Ezequiel filho do sacerdote Buzi (Ez.1:3), foi levado cativo para Babilônia, em 597 a.C., junto com o rei Joaquim, na segunda leva (2Rs.24:10-14). Antes daqueles dias trágicos, Ezequiel estava sendo treinado para o sacerdócio, mas durante o exilio na Babilônia Deus o chamou para pregar em uma das épocas mais difíceis da história der Israel. Dirigiu mensagens tanto aos judeus do exílio quanto aos que ficaram em Jerusalém e Judá. Iniciou o seu ministério no cativeiro quando tinha 30 anos de idade - “no trigésimo ano” (Ez.1:1).

A tarefa de Ezequiel era conscientizar os exilados de que a calamidade que lhes sobreviera foi por causa de sua persistente pecaminosidade - “A alma que pecar essa morrerá...” (Ez.18:20). Ezequiel experimentou o mesmo tipo de encontro com Deus que teve Isaias 150 anos antes. Como Isaias, Ezequiel nunca mais foi o mesmo depois de seu encontro com Deus. Embora as mensagens do Eterno por meio de ambos os profetas tivessem muitos pontos em comum, as condições sob as quais viveram foram muito diferentes. Isaias advertiu sobre a iminente “tempestade”; já Ezequiel falou no meio dessa “tempestade”, que devastou o seu povo. Ele anunciou que nem mesmo Jerusalém escaparia da destruição. Além dessa situação, Ezequiel teve que suportar a dor da perda de sua querida esposa (Ez.24:18).

Não se sabe a data exata do fim do seu ministério, mas, com base nos dados cronológicos apresentados no livro, sabemos que o seu ofício durou cerca de 22 anos. Era casado. Acredita-se que a sinagoga tenha iniciado em sua casa.

2. Procedência

Como já disse, Ezequiel era procedente de Jerusalém e pertencia a uma família sacerdotal. A Bíblia diz que ele era filho de um sacerdote por nome Buzi (Ez.1:3). Nascido e criado em Judá, preparava-se para se tornar um sacerdote no Templo de Deus, quando os caldeus atacaram em 597 a.C. e o levaram para Babilônia, com um grupo que totalizava dez mil cativos (2Rs.24:10-14). Judá estava à beira de uma completa destruição. Cinco anos depois, quando Ezequiel tinha 30 anos (a idade normal para se tornar um sacerdote), Deus o chamou para ser um profeta.

Por que os exilados judeus na Babilônia precisavam de um profeta? Primeiro, Deus queria que Ezequiel ajudasse os exilados a compreenderem por que haviam sido levados cativos; segundo, Deus queria que fosse eliminada a falsa esperança de que o exilio seria breve; terceiro, Deus queria transmitir uma nova mensagem de esperança e; quarto, Deus queria alertar o povo, levando-o a uma nova conscientização de sua dependência de Deus.

Daniel e Jeremias foram dois famosos contemporâneos de Ezequiel. Daniel foi levado nove anos antes que Ezequiel. Durante os primeiros anos, enquanto Ezequiel ministrava na Babilônia (Ez.3:11), Jeremias exercia o seu ministério profético na terá de Judá, advertindo o povo sobre a destruição de Jerusalém (Jr.25:1; 26:1; 27:1), e Daniel servia na corte de Nabucodonosor (Dn.1:19-21), servindo como estadista e profeta (ele residia no palácio).

III. SOBRE O ATALAIA

1. Atalaia

Deus deu a Ezequiel uma incumbência sobremodo importante: atalaia (Ez.3:12-21). Atalaia é um termo de origem árabe e significa torre de observação. Designa qualquer lugar mais elevado ou ponto alto de onde se vigia. O termo também designa a pessoa que está encarregada de vigiar determinada área. Neste caso, é sinônimo de sentinela ou vigia. Estar de atalaia é uma expressão que indica o ato de estar de guarda, à espreita, vigilante e com sentido a algo que possa estar para acontecer ou alguém que possa estar se aproximando. A função do atalaia é descrita em 2Samuel 18:24-27 e 2Reis 9:17-20, e melhor ilustrada pela parábola de um militar posto como sentinela (Ez.33:2-6).

A descrição que Deus fez de Ezequiel, como um atalaia sobre os muros da cidade, mostra a natureza de seu ministério profético. O trabalho do atalaia era perigoso; se falhasse em seu posto, tanto ele como a cidade inteira poderiam ser destruídos. Sua segurança dependia da qualidade de seu trabalho. A responsabilidade de cada pessoa perante Deus é a parte importantíssima da menagem de Ezequiel. Ele ensinou aos exilados que Deus esperava obediência e adoração de cada um deles.

Como naquela época, hoje é fácil nos esquecermos que Deus tem um interesse pessoal em cada um de nós. Quando olhamos para os acontecimentos mundiais podemos sentir-nos insignificantes ou pensar que existe um grande descontrole. Mas saber que Deus tem o controle total, que Ele se importa e que está disposto a ser conhecido por nós, pode dar um novo senso de propósito à nossa vida. Como medimos o nosso valor? Nós nos avaliamos por conta de nossas realizações e de nosso potencial ou pelo fato de o Deus que nos projetou e criou declarar que nós somos valiosos, que somos seus atalaias defensores e guardadores dos Seus valores morais absolutos? Pense nisso!

2. “O fim dos sete dias” (Ez.3:16)

Antes da destruição de Jerusalém, Ezequiel descreveu a sua visão da glória de Deus e seu chamado (Ez.1:26-28). Nessa visão, Ezequiel viu Deus retirando do Templo de Jerusalém a sua glória.

O capítulo 1 traz a visão da glória de Deus entre os cativos. Primeiro, Ezequiel vê um vento tempestuoso vindo do Norte. Em seguida, surgem quatro seres vindo do Norte. Em seguida, surgem quatro seres viventes, cada um com quatro rostos (homem, leão, boi e águia), quatro asas, pernas retas e mãos sob as asas. As criaturas simbolizam os atributos divinos visíveis na criação: majestade, poder, rapidez e sabedoria. Muitas nações se esquecem do Deus entronizado muito além do firmamento. Adoram os atributos criativos em vez de prestar culto ao Criador. Segundo alguns estudiosos, os quatro rostos mencionados na visão são associados tradicionalmente aos quatro retratos de Cristo nos quatro evangelhos: Mateus – leão (Cristo como Rei); Marcos - boi (Cristo como Servo); Lucas – homem (Cristo como Homem perfeito); João – águia (Cristo como Filho de Deus).

O texto diz que “muito acima do firmamento [...] havia algo semelhante a um trono” no qual o Senhor estava assentado. “Ao lado” de cada ser vivente, “havia uma roda”, ou melhor, “uma roda” dentro de “uma roda” (talvez uma roda em ângulo reto e outra como o giroscópio). A visão parece representar, portanto, uma carruagem-trono com rodas na terra, uma plataforma apoiada sobre os quatro seres viventes e, sobre a plataforma, o trono de Deus. Esta visão retrata Deus em sua glória vindo do Norte para julgar Jerusalém, fazendo dos babilônios seus agentes de juízo (cf. Ez.43:3). Ao ver esta visão, Ezequiel ficou sem forças durante sete dias. Mas, “ao fim de sete dias, veio a palavra do SENHOR” a Ezequiel (Ez.3:16). O fim dos sete dias deve ter sido o tempo que ele esperou para recuperar suas forças depois do impacto da visão da glória de Deus (Ez.1:28; 3:14).

O chamado de Ezequiel para deixar o conforto de seu lar e pregar ao seu povo exilado foi uma interrupção inoportuna. Ezequiel percebeu que a mão e Deus estava sobre ele, e sentiu uma compulsão divina irresistível, mas seu espírito se amargurou com a tarefa inglória à sua frente. Felizmente para ele próprio e para o povo, Ezequiel não começou a pregar de imediato, mas se assentou por uma semana inteira no meio do povo aflito. Essa experiência lhe permitiu compreender com mais clareza as provações intensas e as necessidades prementes dos exilados. O pregador capaz de ver a vida com os olhos de seu povo pode ajudar as pessoas a quem ministra e prover a liderança de que tanto precisam.

3. A expressão “filho do homem” (Ez.3:17a)

Deus não se dirige ao profeta pelo seu nome, mas como “filho do homem”. Esta expressão importante ocorre 93 vezes no livro de Ezequiel. Com estas palavras Deus coloca o profeta em seu devido lugar diante da majestade que contemplou na visão. Segundo estudiosos mais experientes, a expressão “filho do homem” é um hebraísmo que enfatiza a insignificância de Ezequiel ou sua mera humanidade. “Filho de” quer dizer “participante da natureza de“, que, combinado com “adãm”, “homem”, indica um simples “ser humano”. No plural, é uma expressão comum para “humanidade”. Isso faz lembrar a natureza humana fragilizada e pecadora ao passo que Deus é o Senhor da glória. Somente o Senhor Jesus usava esse título se referindo a si mesmo nos quatro Evangelhos a partir de Mateus 8:20. O termo é usado no Novo Testamento cerca de 88 vezes, sendo 33 apenas em Mateus.

Mas, em referência a Jesus, o que significa a referida expressão? A Bíblia não diz que Jesus era o Filho de Deus? Então como Jesus também poderia ser Filho do Homem? O primeiro significado para o termo "Filho do Homem" é usado em referência à profecia de Daniel 7:13-14 - "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído". O termo "Filho do Homem" era um título Messiânico. Jesus é o único a quem foi dado domínio, glória e o reino. Quando Jesus usou esse termo em referência a Si mesmo, Ele estava atribuindo a profecia do “Filho do Homem” a Si mesmo. Ele estava proclamando ser o Messias. Os judeus daquela época com certeza estariam bem familiarizados com o termo e a quem se referia.

O segundo significado para o termo "Filho do Homem" é que Jesus realmente era um ser humano. Deus chamou o profeta Ezequiel de "filho do homem" 93 vezes. Deus estava simplesmente chamando Ezequiel de um ser humano. Um filho do homem é um homem. Jesus era 100% Deus (João 1:1; 1João 5:20), mas Ele também era um ser humano (João 1:14). 1João 4:2 nos diz: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus". Sim, Jesus era o Filho de Deus – Ele era Deus em Sua essência. Sim, Jesus também era o Filho do Homem – Ele era um ser humano em Sua essência. Em resumo, a frase "Filho do Homem" indica que Jesus é o Messias e que Ele é um ser humano.

4. O “atalaia sobre a casa de Israel” (Ez.3:17b)

“Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da minha parte”. Como ocorreu com o Filho do Homem, o grande antítipo de Ezequiel, o profeta foi comissionado a ir à “casa de Israel” (Ez.3:4). De maneira geral, ele precisava profetizar a todo o povo de Israel, mais especificamente “aos do cativeiro” (Ez.3:11).

Ezequiel foi nomeado “atalaia”, responsável por proclamar a Palavra de Deus e advertir o povo solenemente. Deus sabia, de antemão, que os filhos de Israel, no exílio, continuariam na sua rebelião (Ez.3:7). Ezequiel enfrentaria um povo obstinado, mas Deus o tornaria ainda mais obstinado em relação à menagem divina que ele iria transmitir do que o povo era contra ela. Eles eram duros como a pederneira, mas Ezequiel seria “como diamante [...] mais forte do que a pederneira” (Ez.3:9; cf. Jr.17:1). Ele não devia temê-los por causa dos seus olhares de pederneira, não importava a sua rebeldia. Maior era Aquele que estava com Ezequiel do que aqueles que seriam contra ele.

Assim, Ezequiel foi constituído, por Deus, “atalaia” para profetizar aos “filhos de Israel” (Ez.2:3-7). Apesar da grande responsabilidade de Ezequiel, o Senhor o calou e o fez esperar pelas oportunidades que ele próprio havia preparado. Também precisamos ser sensíveis à orientação divina ao testemunhar a mensagem de Deus. Por vezes, devemos nos manter calados; porém, a maioria de nós se cala quando deveria falar de Cristo.

IV. SOBRE A RESPONSABILIDADE

A responsabilidade do profeta como atalaia sobre Israel se assemelha a do cristão, na qualidade de mensageiro das Boas-Novas de Cristo; sua mensagem alcança todas as pessoas indistintamente.

1. A responsabilidade do cristão (Ez.3:18)

A responsabilidade de Ezequiel era muito grande. Quando o Senhor revelou a ele o importante ofício que tinha de cumprir, não podia hesitar e nem temer. Ele devia ser uma sentinela, um atalaia sobre os interesses de muitos, advertindo-os (Ez.3:17). Habacuque também foi um atalaia (Hb.2:1), bem como Isaias (Is.56:10) e Jeremias (Jr.6:17), mas eles foram principalmente vigias sobre o destino de Israel, como um todo. Ezequiel, de forma semelhante, foi um vigia sobre a nação, mas a incumbência dada a ele era particularmente advertir indivíduos, do povo de Israel do exílio. Se Ezequiel não cumprisse esta missão, e o indivíduo morresse, sendo ele ímpio, esse homem sofreia as consequências da sua maldade, e Ezequiel seria culpado do seu sangue (Ez.3:18) – “Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; não o avisando tu, não falando para avisar o ímpio acerca do seu caminho ímpio, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei”. Mas, se Ezequiel advertisse o indivíduo, o profeta não seria responsável, mesmo se esse indivíduo continuasse obstinadamente no seu pecado (Ez.3:19).

Semelhantemente é a responsabilidade do crente em Cristo; ele deve anunciar o Evangelho para todos os ímpios e fazer discípulos para Cristo; é a Grande Comissão de Cristo (Mt.28:19,20). Se o atalaia não avisar o ímpio sobre o seu mau caminho e o perigo em que ele se encontra, certamente, o ímpio vai perecer sem Deus (João 3:16), e o mensageiro será cobrado diante de Deus (Ez.3:18; 33:8). O apóstolo Paulo era tão cônscio dessa responsabilidade que temeu não a cumprir. Por isso, escreveu: “ai de mim se não anunciar o evangelho” (1Co.9:16). E o crente não precisa ser um profeta nem mesmo um evangelista, só precisa se levantar e entregar um folheto ao pobre pecador, e o principal trabalho o Espírito Santo fará, que é convencer o pecador do seu estado pecaminoso, da justiça e do juízo (João 16:8). Também o crente em Cristo deve ter a grande responsabilidade de permanecer fiel, orando e vigiando para, quando for tentado ou provado, não se desviar da verdade, dos caminhos do Senhor. Ezequiel deixa claro que se um crente se desviar e morrer em seu pecado, as “suas justiças que praticara não virão em memória” (Ez.3:20).

2. A responsabilidade do ímpio (Ez.3:19,27)

O crente tem a responsabilidade de pregar o evangelho, mas se o pecador rejeitar Cristo como único Senhor e suficiente Salvador, tal rejeição testificará contra ele no Dia do Juízo final (Ap.20:15). Está escrito: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc.16:16). Uma pessoa pode ser salva sem o batismo, como foi o ladrão que se arrependeu na cruz, mas jamais alguém pode ser salvo sem crer em Jesus. É a descrença e não a ausência do batismo a razão da condenação. É a rejeição de Cristo que traz a condenação eterna. Jesus foi claro, quando disse: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus (João 3:36). Por isso, Deus queria tanto que Ezequiel fosse insistente em sua mensagem de advertência ao povo desviado de Judá, que estava no exílio.

3. A extensão da nossa responsabilidade (Ez.3:20)

Como relatamos nos itens anteriores, os crentes em Cristo têm responsabilidades importantes para desempenhar, principalmente no que tange à Grande Comissão de Cristo – pregar e fazer discípulos -, mas esta responsabilidade se estende para outras plataformas como, por exemplo, procurar trazer de volta a “ovelha” perdida. Muitos dos que creem em Cristo, em sua jornada cristã enfrentam tempestades, desertos impiedosos, tentações, provações, e por causa disso se desviam do caminho e desgarram do “rebanho”. Quando isto ocorre, o crente, que é detentor de uma maturidade firme, tem a responsabilidade de alertar ao desviado sobre a importância de retornar novamente ao caminho, antes que a sua cerviz se cauterize, o que poderá acarretar numa irreversível apostasia (Hb.6:6). A nossa responsabilidade, portanto, não é somente com o pecador incrédulo, mas também com as ovelhas que se desgarraram do rebanho (Lc.15:4-6), e também com aqueles que estão na Igreja, mas estão fracos na fé. Deus se alegra quando o crente desviado volta à Casa do Pai (Lc.15:11-32). Jesus mesmo afirmou que “haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc.15:7). Portanto, é dever de todos nós cuidar um dos outros na igreja local (1Co.12:25).

CONCLUSÃO

Vimos nesta Aula a grande responsabilidade que Deus incumbiu ao profeta Ezequiel: ser um atalaia para o povo do exilio babilônico. Deus se preocupou com isso porque Ele queria que o povo fosse instruído e conscientizado do pecado cometido, e porque Deus queria reparar o povo do seu caminho mau. Deus amava o seu povo rebelde, mostrando seu desejo de salvá-lo. Ezequiel foi escolhido como atalaia ou vigia para alertar o povo sobre os perigos do pecado. Sem a presença do profeta, o povo ficaria desprotegido e propenso a não mais existir como nação de Deus. O Senhor mandou o profeta pregar a Palavra, quer eles ouvissem ou deixassem de ouvir (Ez.2:5,7). Certamente, Deus fez isso porque tinha feito uma promessa a Abraão que faria dele uma grande nação, e nessa nação nasceria o Redentor da humanidade. Ezequiel estava ali como atalaia para proteger o povo de Deus de total desvio e do paganismo fatal.

Em toda a história do mundo, as pessoas tiveram que se proteger de tribos e nações vizinhas. Como parte de seu plano de proteção, eles construíam torres nas muralhas das cidades e colocavam atalaias nas torres para vigiar inimigos que se aproximassem. Se o povo ignorasse os atalaias, colocavam-se em grande risco. Ao mesmo tempo, se os atalaias não cumprissem seu dever, toda a cidade poderia ser destruída. Assim fez Deus com o seu povo, no que tange o aspecto espiritual e moral. Ezequiel 33 compara os líderes de Israel a atalaias. Da mesma forma os líderes de todos os níveis de governo da Igreja se preocupam tanto em ensinar às pessoas e instá-las ao arrependimento. E é assim que a Igreja deve fazer guiada pelo Espírito Santo. Amém?

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Ezequias Soares. A justiça divina: preparação do povo de Deus para os últimos dias no Livro de Ezequiel. CPAD.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

EBD - LIÇÕES BÍBLICAS – 4º TRIMESTRE/2022

 

No 4º Trimestre letivo de 2022, estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o seguinte tema: “A justiça divina: preparação do povo de Deus para os últimos dias no Livro de Ezequiel”. O comentarista das Lições é o pastor Esequias Soares. As lições estão distribuídas sob os seguintes assuntos:

Lição 1. Ezequiel, o Atalaia de Deus.

Lição 2. Vem o Fim.

Lição 3. As Abominações do Templo.

Lição 4. Quando se vai a Glória de Deus.

Lição 5. Contra os falsos profetas.

Lição 6. A Justiça de Deus.

Lição 7.  A responsabilidade é individual.

Lição 8. O Bom Pastor e os pastores infiéis.

Lição 9. Gogue e Magogue: um Dia de Juízo.

Lição 10. A Restauração nacional e espiritual de Israel.

Lição 11. A Visão do Templo e o Milênio.

Lição 12. Imersos no Espírito nos Últimos Dias.

Lição 13. O Senhor está ali.

Como se observa, as lições deste trimestre têm como base o Livro de Ezequiel. Este livro reúne elementos biográficos com cenas dramáticas e mensagens apocalípticas. Segundo Charles Lee Feinberg, “do primeiro ao último capítulo, encontramos em Ezequiel a ideia central da soberania e da glória do Senhor Deus. Ele é soberano em Israel e nos assuntos das nações do mundo, ainda que a jactância ruidosa dos homens pareça ter abalado essa verdade. Em sua vontade soberana, Deus nos criou com o propósito de glorificá-lo em vida e dar testemunho dele até os confins da terra”.

Na leitura de Ezequiel, encontramos temas e profecias importantes:

-Capítulos 1 a 7 descrevem o início da missão de Ezequiel, e frisam sua posição, dada por Deus, como atalaia de Israel.

-Capítulos 8 a 15 apresentam, de maneira inesquecível, a mensagem triste de que Deus não habitaria mais no templo em Jerusalém devido à rebeldia constante do povo.

-Capítulos 16 a 20 frisam o amor de Deus para com seu povo rebelde, mostrando seu desejo de salvar todos.

-Capítulos 20 a 24 contêm figuras dramáticas da corrupção espiritual que traria sobre o povo a ira de Deus.

-Capítulos 25 a 32 e 35 comunicam profecias sobre outras nações ao redor de Judá.

-Capítulos 33 e 34 revelam vários dos motivos pelo castigo do povo, especialmente culpando os líderes religiosos corruptos.

-Capítulos 36 a 39 asseguram Israel da intenção do Senhor de restaurar seu povo e protegê-lo contra inimigos.

-Capítulos 40 a 48 utilizam figuras do sistema do Antigo Testamento para descrever o reino de Cristo e a bênção da comunhão com ele.

O mais extraordinário acerca do livro de Ezequiel (diferente de Jeremias e, em menor grau, de Isaias e grande parte dos profetas menores) é sua ênfase não sobre o juízo, mas sobre o consolo do povo de Deus. Junto do rio Quebar (afluente do rio Eufrates), talvez um equivalente antigo de um campo de concentração, próximo à Babilônia, o profeta Ezequiel escreveu suas profecias para dar ânimo aos exilados judeus.

O autor do Livro foi o profeta Ezequiel, Filho de Buzi (Ez.1:3). O pr. Esequias Soares argumenta em seu livro que ”Ezequiel inaugurou o estilo literário apocalíptico no Antigo Testamento; o profeta começa e termina o seu livro com oráculos divinos apocalípticos (capítulos 1; capítulos 8-11 e 40-48). Esse gênero caracteriza-se pela presença de símbolos, sonhos e visões, e o livro de Apocalipse é um exemplo clássico desse modelo literário. Para uma linha de interpretação escatológica da teologia cristã, não é possível compreender o livro de Apocalipse sem Ezequiel. A restauração de Israel é um dos sinais que indicam a volta de Cristo para buscar sua Igreja. Além disso, a descrição do milênio depende basicamente da visão descrita pelo profeta Ezequiel”.

Ezequiel, que significa “Deus fortalece” ou “fortalecido por Deus”, foi um dos habitantes de Judá levados à Babilônia na segunda deportação de cativos, onze anos antes da destruição de Jerusalém. Tinha sido sacerdote em Jerusalém (Ez.1:3). Talvez ele tenha ministrado no Templo, visto que seus escritos demonstram ter ele amplo conhecimento daquele santuário. Durante o quinto ano (Ez.1:2) do seu cativeiro em 592 a.C., foi chamado pelo Senhor para ser profeta, e exerceu esse ofício durante ao menos 22 anos (Ez.29:17).

O Livro inicia-se com a chamada de Ezequiel para ser profeta e um atalaia para Israel (Ez.1-3). Ao ser chamado, ele começou imediatamente pregar e a demonstrar a verdade de Deus, ao profetizar o cerco e a destruição de Jerusalém (Ez.4-24). Esta devastação seria um castigo divino pela idolatria do povo. Durante o seu ministério ele pregou nas ruas da Babilônia por 22 anos, falando a todos sobre o julgamento e a salvação de Deus, conclamando-os ao arrependimento e à obediência. Também, dirigiu-se às nações vizinhas a Judá, anunciando que Deus também as julgaria por seus pecados (Ez.25-32). O livro é concluído com uma mensagem de esperança; Ezequiel proclama a fidelidade de Deus e prediz as bençãos futuras que estão reservadas para o seu povo (Ez.33-48).

William Macdonald divide a profecia de Ezequiel em três partes:

-Na primeira parte, o profeta começa com uma relação dos pecados de Judá e adverte acerca do juízo iminente de Deus acompanhado da deportação do povo e da destruição de Jerusalém. Os fatos são anunciados de modo vívido por meios de visões e atos simbólicos incomuns. Uma nuvem resplandecente que representava a presença de Deus paira sobre o Templo e depois se afasta com relutância. Esse acontecimento indicou que Deus não poderia mais habitar no meio de seu povo por causa dos pecados, e sua espada de juízo desceria em breve sobre o Templo profanado.

-A segunda parte condena os vizinhos de Judá por sua idolatria e pelo modo cruel com que trataram o povo de Deus. Fala dos amonitas, moabitas, edomitas, filisteus, tírios, sidônios e egípcios.

-Na terceira parte, Ezequiel trata da restauração e reunião de Israel e Judá. Quando o povo se arrepender de seus pecados, Deus colocará neles o seu Espírito. O Messias virá para seu povo e destruirá os últimos adversários. O Templo será reconstruído, e a glória do Senhor voltará a enchê-lo. As profecias que ainda não se cumpriram anteveem o milênio, o período de mil anos no qual Cristo reinará na Terra.

Ezequiel, filho de Buzi, havia sido sacerdote em Jerusalém (Ez.1:3). Agora, como cativo de Nabucodonosor na terra dos Caldeus, o Senhor o chamou para ser profeta aos 30 anos de idade (Ez.1:1). Como sacerdote, ele tinha levado os homens a Deus; como profeta, ele continuou realizando esse ministério, mas precisou estar mais próximo de Deus do que antes. Como sacerdote, esteve próximo dos homens em seus sofrimentos, para poder levá-los a Deus; como profeta, precisou estar próximo o suficiente de Deus para receber suas mensagens para ser entregue aos homens.

Por que Deus vocacionou Ezequiel para tão nobre missão, na Babilônia? Falsos profetas haviam surgido entre os exilados que lhes diziam o que os israelitas queriam ouvir - que haveria um retorno rápido para sua terra natal. Naquela época, Jeremias profetizava em Jerusalém, e tinha enviado uma carta para comunidade dos exilados, anunciando-os que seu cativeiro duraria 70 anos e que, enquanto isso, eles deveriam submeter-se à vontade e aos caminhos de Deus (Jr.29). Nem todos gostaram de ouvir o que Jeremias tinha dito, e havia uma inquietação junto ao rio Quebar. Essa mensagem havia sido enviada no quarto ano do reinado de Zedequias (Jr.51:59), que também era o quarto ano do cativeiro. No quinto ano do cativeiro, Deus levantou Ezequiel de entre os exilados; ele, semelhantemente a Jeremias, declararia, de maneira autêntica e ousada, a verdade de Deus ao povo. A verdade era que Deus traria juízo sobre o povo de Judá por causa de seus pecados abomináveis.

Ezequiel foi escolhido como atalaia ou vigia para alertar o povo sobre os perigos da idolatria. Ele enfrentaria um povo obstinado, mas Deus o tornaria ainda mais obstinado em relação à mensagem divina que ele iria transmitir do que o povo era contra ela. Eles eram duros como a pederneira, mas Ezequiel seria como diamante, mais forte do que a pederneira (Ez.3:9). Ele não deveria temê-los por causa dos seus olhares de pederneira, não importava a sua rebeldia. Maior era aquele que estava com Ezequiel do que aqueles que eram contra ele. Quer as pessoas ouvissem quer deixassem de ouvir (Ez.3:11), Ezequiel foi comissionado e fortalecido a anunciar a ruína delas (caps.3-34), a ruína dos seus vizinhos pagãos (caps.25-32), mas, também, o amanhecer de um novo dia (caps.33-48).

Ezequiel foi um homem que escolheu obedecer a Deus. Ele viveu o que pregou. Durante o seu ministério, Deus lhe pediu que ilustrasse suas mensagens com dramáticas lições: (a) deitar-se do lado esquerdo por 390 dias e comer alimentos cozidos sobre esterco de animais (Ez.4:15); (b) raspar sua cabeça e barba, e (c) não demonstrar qualquer sofrimento ou tristeza por ocasião da morte de sua esposa (Ez.24:16). Ezequiel obedeceu e proclamou fielmente a Palavra de Deus.

Ezequiel foi levado cativo para Babilônia por Nabucodonosor em 597 a.C. (1Rs.24:14). Quando Nabucodonosor invadiu Judá pela primeira vez em 606 a.C., ele capturou Jerusalém e levou diversos homens proeminentes, incluindo Daniel; isso deu início aos 70 anos de cativeiro. Oito anos mais tarde, em 597 a.C., depois que Jerusalém havia se revoltado, Nabucodonosor invadiu a capital de Judá pela segunda vez, levando, dessa vez, 10.000 homens importantes para o exílio, incluindo Ezequiel. Zedequias, filho do rei Josias, foi estabelecido rei em Jerusalém, mas depois de onze anos esperando pela ajuda do Egito, ele revoltou-se contra Nabucodonosor. Por causa da rebelião de Zedequias, o rei da Babilônia voltou sua fúria pela terceira vez contra Jerusalém. Depois de um cerco que demorou três anos, ele destruiu a cidade, o Templo e o reino de Judá, matando ou deportando o povo em grande número.

Ezequiel viveu nesse período turbulento; não obstante, ele anunciou suas advertências e proclamou mensagens de conforto e exortação como profeta do Senhor. Ele era uma sentinela para advertir os infiéis, e um homem com bálsamo para os fiéis. Diferentemente dos falsos profetas, que não haviam recebido mensagem alguma, mesmo assim pregavam (Jr.29:31), Ezequiel recebeu seus oráculos do próprio Senhor. Talvez mais do que qualquer outro profeta, o que ele tinha a dizer sentia-se compelido a transmitir a mensagem como o Senhor lhe tinha ordenado. Os judeus alimentavam a falsa esperança de voltar em breve a Jerusalém, daí Ezequiel lhes mostrar a necessidade de se voltarem, primeiramente, para o Senhor.

Ezequiel datou suas profecias com precisão. A primeira profecia (Ez.1:2) é do quinto ano de Joaquim no exilio (593 a.C.); a última profecia é datada de 571 a.C. (Ez.29:17). Seu ministério durou, portanto, 22 anos. Se, como iniciante de sacerdote, Ezequiel começou seu ministério sacerdotal aos vinte e cinco anos (início para o serviço no ministério da tenda da congregação - Nm.4:3), então ele estava com mais de cinquenta anos quando terminou de profetizar, haja vista que ele foi chamado ao ministério profético aos 30 anos de idade (Ez.1:1). Enquanto Daniel participou dos 70 anos de cativeiro, Ezequiel deve ter morrido antes do seu fim.

Portanto, o estudo do livro de Ezequiel nos oferece o privilégio de ver a vontade de Deus desdobrar por meio de imagens dramáticas apresentadas pelo profeta Ezequiel, que destemidamente pregou a Palavra de Deus nas ruas da Babilônia. Os registros de Ezequiel removem o véu para revelar a justiça de um Deus que se preocupa com seus servos e que continua reinando sobre os assuntos humanos.

Que neste trimestre, todos os que vão participar das lições propostas possam entender a mensagem de Deus através do livro de Ezequiel; que as revelações ali contidas possam trazer edificação espiritual para todos, e que possamos refletir sobre como a justiça de Deus se relaciona com a santidade e a Sua glória. Que venhamos a pensar na responsabilidade que cada um tem de confiar em Deus e sobre o inevitável juízo contra a idolatria, a rebelião e a indiferença a Deus. Que venhamos a nos comprometer a obedecer a Deus em todo o tempo, em todos os lugares e em todos os aspectos e circunstâncias de nossa vida. Enfim, esperamos que todos sejam edificados e tenham a sua fé fortalecida na esperança da vinda de Cristo que se aproxima.

Luciano de Paula Lourenço

IEADTC/Fortaleza-CE

domingo, 18 de setembro de 2022

Aula 13 - RESISTINDO AS SUTILEZAS DE SATANÁS

 

3° Trimestre/2022


Texto Base: Tg.4:4-10


 “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg.4:7).

Tiago 4:

4.Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.

5.Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: o Espírito que em nós habita tem ciúmes?

6.Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.

7.Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.

8.Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.

9.Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza.

10.Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.

INTRODUÇÃO

Chegamos ao final de mais um trimestre letivo da EBD. Ao longo dele, estudamos a respeito de várias sutilezas de Satanás contra a Igreja de Cristo. São sutilezas que tentam atacar a Igreja tanto por dentro quanto por fora. Nesta última Aula trataremos do seguinte tema: “Resistindo as sutilezas de Satanás”. Este arqui-inimigo de Deus sempre usou duas táticas para combater o povo de Deus e cada crente individualmente - ataque externo, pelo emprego da força e; ataque interno, através de suas sutilezas. Pela força, quase sempre é seu método preferido - através das perseguições, lutas, dificuldades; ele gosta de ver um crente sofrer, porém, ele sabe que esse processo não leva a muitos bons resultados; então, ele procura usar as sutilezas, e ele é mestre nisso. Sendo a sutiliza a arte de agir sem ser notado, ou de conseguir um objetivo sem ter que revelar a verdadeira intenção, basta apenas uma insinuação ou despertamento da curiosidade da possível vítima, principalmente dos incautos, que não oram nem estudam a Palavra de Deus, para que satanás atue de forma cabal.

É no momento da distração, como aconteceu com Josué e os príncipes de Israel no episódio com os gibeonitas (cf.Js.9:1-15), ou mesmo quando os fiéis da Igreja estão imaturos no conhecimento da Palavra de Deus, como aconteceu com a Igreja de Colossos, que satanás mais opera para introduzir seus ardis. O povo que quer, realmente, servir a Deus, as igrejas “evangélicas” que querem ser evangélicas por dentro, não apenas ter uma placa por fora com o nome de evangélica, e estarem preparadas para as sutilezas de Satanás, precisam, hoje, como nunca, da direção de Deus e da real maturidade cristã e espiritual; é imprescindível que o crente tenha as Escrituras como fundamento de sua fé e conduta, e busque uma vida cheia do Espírito. A Igreja precisa dar mais prioridade a oração e ao estudo da Palavra de Deus, buscar mais a direção do Espírito Santo nos momentos de tomar decisões difíceis. As Igrejas Locais precisam cantar menos, orar mais, estudar as Escrituras muito mais, buscar a Deus de forma intensa e contínua. A Igreja só terá condição de resistir as sutilezas do Inimigo se os seus membros tiverem suas vidas centralizadas em Jesus Cristo e tiverem as Escrituras Sagradas como sua principal regra de fé e conduta.

I. COMPROMETIMENTO COM UMA VIDA CENTRADA EM CRISTO

1. Cristo, o Salvador

Paulo, escrevendo à Igreja de Corinto, disse: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo …” (1Co.2:2). Jesus Cristo, o Crucificado, era o centro da mensagem de Paulo, e deve ser de todos os seguidores fiéis de Cristo. Infelizmente, hoje, assim como era na Igreja de Corinto, o evangelho está voltado ao pragmatismo. Está em voga um cristianismo de mercado. O evangelho está se transformando num produto de lucro. As igrejas estão agindo como empresas que fazem de tudo para agradar a freguesia. A igreja oferece o que as pessoas querem, e não o que realmente precisam. A Verdade não é mais a referência, mas aquilo que funciona. Os púlpitos estão oferecendo um evangelho ao gosto da freguesia, como se o evangelho fosse um produto que se coloca na prateleira e se oferece ao freguês quando ele deseja. A maioria dos programas evangélicos que circulam nas mídias está perdendo a centralidade da cruz e centralizando-se no homem. Para Paulo, a centralidade da sua pregação é o Cristo crucificado, o Salvador; para ele o evangelho é absolutamente cristocêntrico, centraliza-se na morte de Cristo. A morte de Cristo não é uma doutrina periférica do cristianismo, mas sua própria essência. A cruz de Cristo não é um apêndice, ela é o núcleo, o centro, o eixo, e o âmago do cristianismo. Concordo com pr. José Gonçalves quando afirma que “quando um cristão ou igreja local esfria ou se afasta da fé, Cristo é logo tirado do centro. Outras formas de culto, filosofias e ideologias passam a ganhar espaço quando Cristo deixa de ser o centro da vida”. As Escrituras são claras: não há outro Salvador além de Cristo (Atos 4:12).

2. Cristo, o Senhor

As Escrituras Sagradas afirmam que Jesus Cristo, além de ser o único Salvador é o único Senhor” – “Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc.2:11). Disse o apóstolo Paulo aos crentes de Filipos: “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp.3:20). Jesus é o Senhor do universo, da história da Igreja. Diante dele todo joelho deve dobrar-se nos céus, na terra e debaixo da terra. Ele reina e todas as coisas estão debaixo dos seus pés. Escreveu o apóstolo Paulo aos coríntios: “Porque "ele sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés [...]” (1Co.15:27).

Uma Igreja verdadeira manifesta um firme compromisso com o senhorio de Cristo. Ser cristão verdadeiro é receber a Cristo como Senhor. A vida cristã começa com a submissão ao senhorio de Cristo. A conversão se evidencia pela submissão a Cristo. Jesus não é Salvador daqueles que ainda não se submeteram a Ele como Senhor. Jesus é apresentado no Novo Testamento 22 vezes como Salvador e 650 vezes como Senhor. Portanto, a grande ênfase do Novo Testamento está no senhorio de Cristo.

Todo crente que se diz seguidor de Cristo tem-no como Senhor e anda como Ele andou. Aconselhou Paulo aos crentes de Colossos: “Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” (Cl.2:6). Aquele que diz ser crente, que recebeu Jesus Cristo como Salvador, mas não anda de acordo com Seu ensino, esse crente nega o senhorio de Jesus.  Ser cristão é andar nos passos de Jesus; é andar como Ele andou (1João 3:1-6). Um falso cristão pode enganar por algum tempo. Demas, por exemplo, amou o mundo e abandonou a fé; Judas traiu o Mestre; Ananias e Safira mentiram para o Espírito Santo. O cristão verdadeiro é aquele que anda em novidade de vida, vive no Espírito, segue os passos de Jesus e anda como Cristo andou (Cl.1:10). Receber Cristo como Salvador, mas não andar nEle, isto é, não andar de acordo com seu ensino, é negar seu senhorio. A falta de reconhecer o senhorio de Cristo é a causa do fracasso na fé de muitos cristãos. Satanás tem utilizado suas sutilezas para enganar muitos que se dizem cristãos, dizendo que eles podem ser salvos independentemente da forma ou maneira com que vivem.

II. COMPROMETIMENTO COM AS ESCRITURAS

1. Bíblia, a revelação de Deus

O cristão verdadeiro tem um compromisso sério e firme com as Escrituras Sagradas, tendo-as como regra indeclinável da fé e prática cristã. As Escrituras Sagradas são dotadas de autoridade absoluta, isto é, deve ser aceita pela Igreja como única regra de fé e de prática; ou seja, o crente se quiser ser fiel e obediente ao seu Criador, deve crer no que a Bíblia diz e fazer exatamente o que ela determina. Alguns falsos mestres, que se dizem cristãos e teólogos, têm questionado a autoridade e atualidade deste Livro Sagrada. Segundo o entendimento deles, a Bíblia contém a Palavra de Deus, mas encontra-se ultrapassada, deixando de falar a linguagem da cultura contemporânea; este entendimento visa a adequação ao modelo cultural pervertido que impera na sociedade hodierna. Assim, há uma tentativa consciente e sistematizada de descaracterizar a inerrância, a inspiração e a atemporalidade das Escrituras Sagradas. Procurar se rebelar contra a autoridade da Bíblia é demonstrar claramente ser inimigo de Deus e atentar contra Ele.

A Bíblia não é fruto da lucubração humana, mas da revelação divina. Ela não provém da descoberta humana, mas do sopro divino. Ela surgiu na mente de Deus e foi comunicada pela Sua boca, pelo Seu sopro ou pelo Seu Espírito. No verdadeiro sentido do termo, a Bíblia é a Palavra de Deus, porque Deus a disse. É como os profetas costumavam anunciar: “a boca do SENHOR o disse” (Is.1:20; 40:5; 58:14; Mq.4:4). Portanto, por ter sua origem em Deus, a Bíblia é portadora de autoridade, e, por isso, constitui-se em única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter do cristão. Portanto, não é a Bíblia que tem que se ajustar ao ser humano, mas o ser humano é que precisa se moldar pelas Escrituras (Sl.119:105).

2. Bíblia, regra de fé e conduta

A Bíblia Sagrada é a nossa regra de fé e conduta, é a espada e o mapa do cristão. O crente para ser sábio precisa lê-la, crer nela para estar seguro e pra­ticar o que nela está escrito, para ser santo. Ela contém luz para dirigi-lo, alimento para sustê-lo e consolo para animá-lo. Ela é a fonte dos valores ético-morais e espirituais que devem nortear a vida do cristão (Hb.4:12), e ele precisa estar consciente dessa verdade. Como afirma o pr. José Gonçalves, “se não fosse a mediação das Escrituras, o cristão se encontraria desnorteado na sua caminhada. Como saberíamos, por exemplo, dos malefícios da idolatria se as Sagradas Escrituras não nos orientassem sobre eles (1Co.10:19-21)? Da mesma forma, como saberíamos que o adultério, o divórcio, a ideologia de gênero, etc., são práticas danosas que corroem e destroem o modelo de família idealizado por Deus (Pv.6:20-35)? Somente por intermédio da Bíblia temos orientações seguras e precisas sobre isso”.

III. COMPROMETIDOS COM UMA VIDA CHEIA DO ESPÍRITO

1. O Espírito Santo no plano da Redenção

O Espírito Santo está presente desde quando tudo começou (Gn.1:2; Gn.2:7). Ele atua de maneira contínua e dinâmica para salvação. O ministério precípuo do Espírito Santo é levar o pecador ao Salvador e torná-lo parecido com Ele. Sua obra tem início em nós ao convencer-nos do pecado – “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo: do pecado, porque não creem em mim” (João 16:8,9). Convencer quer dizer “expor os fatos, convencer alguém da verdade”. Além de Ele atuar para convencer o pecador, Ele capacita o pregador da mensagem, dando-lhe poder e manifestando sinais sobrenaturais para confirmá-la.

O Espírito Santo é quem conduz o ser humano a Cristo, porém, para que ele permaneça firme, andando conforme os princípios bíblicos, é indispensável a ajuda do Espírito Santo, pois a pessoa, mesmo após ser convertida, permanece nele a natureza carnal, que poderá a qualquer momento subjugar o espírito do crente, caso este descuide de orar e vigiar. As Escrituras exortam o cristão a andar no Espírito como única garantia de não satisfazer os desejos carnais (G1.5:16,17). Sem o Espírito Santo é impossível vencer as sutilezas de Satanás. O apóstolo Paulo, quando escreveu os capítulos 6,7 e 8 da sua Epístola aos Romanos alertou que é possível ter consciência do pecado, lutar contra ele e, assim mesmo, continuar subjugado. De acordo com o apóstolo, é por meio da lei do Espírito de Vida que o cristão pode vencer a lei do pecado e da morte (Rm.8:2).

2. A vida cheia do Espírito Santo

Fomos purificados do pecado pelo sangue de Cristo (1João 1:7), e temos o Espírito Santo presente em nós que nos permite viver uma vida santa em um mundo de impurezas (Rm.8:13). Sem a ajuda do Espirito Santo o crente não tem a capacidade de viver uma vida de santidade diante desse mundo hostil, onde a presença do pecado é pululante. Essa capacitação para a santidade permite ao cristão viver uma vida cheia do Espírito (Ef.5:18-21).

Quando devemos ser cheios do Espírito Santo? Agora, pois ser cheio do Espírito Santo descreve uma ação contínua. Não devemos ser cheios apenas uma vez, mas continuar a ser cheios, pois a plenitude do Espírito não é uma experiência única que nunca podemos perder, mas o privilégio de sermos constantemente renovados, mediante a fé e a obediência contínuas. Fomos selados com o Espírito de uma vez por todas, mas precisamos ser cheios do Espírito e continuar a ser cheios todos os dias, em todos os momentos do dia. Davi preocupava-se com isso, tanto que fez o seguinte pedido ao Senhor: “Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo” (Salmos 51:11). O crente só consegue ser uma testemunha eficaz de Cristo, se ele for cheio do Espírito Santo (Atos 1:8).

IV. COMPROMETIMENTO COM A IGREJA LOCAL

1. A Igreja como o Corpo de Cristo

A Igreja é comparada a uma família, a um exército, a um templo, a uma noiva. Porém, a figura predileta de Paulo para descrever a Igreja é o corpo. Por que Paulo tem predileções por essa figura? Porque ela é uma das mais completas para descrever a Igreja. Uma pessoa só começa a fazer parte desse Corpo quando é convertida e batizada pelo Espírito nesse corpo (1Co.12:13). Nenhuma igreja local ou denominação pode arrogar-se a pretensão de ser a única igreja verdadeira. A Igreja de Cristo é supra denominacional. A principal característica desse Corpo é a unidade (1Co.12:12). Todos os que creem em Cristo são um, fazem parte do mesmo corpo, da mesma família, do mesmo rebanho. Essa unidade não é organizacional nem denominacional, mas espiritual. Nós confessamos o mesmo Senhor (1Co.12:1-3), dependemos do mesmo Deus (1Co.12:4-6), ministramos no mesmo Corpo (1Co.12:7-11), e experimentamos o mesmo batismo (1Co.12:13).

2. O lugar e a importância de cada membro na Igreja

Quando a Bíblia fala em Igreja, não está se referindo ao templo, a uma estrutura arquitetônico construída para congregar um grupo de pessoas religiosas e piedosas. Não. A Bíblia está se referindo a um povo unido, que crê em Cristo e O tem como único Senhor, Salvador e único Deus verdadeiro (1João 5:20). Este povo é uno, é como um corpo (1Co.12:12-31). Embora haja uma diversidade de membros nesse Corpo (1Co.12:14), eles são distribuídos harmoniosamente e trabalham juntos para o bem comum; é isto o que torna o corpo bonito e funcional. Fisicamente falando, se eu cortasse o meu braço e o colocasse numa cadeira ao lado, ele seria meu braço ainda; só que que não valeria nada para o corpo. Esse braço só tem valor se tiver ligado ao corpo; fora do corpo ele não tem valor, é inútil. Se eu cortasse minha mão e a colocasse numa cadeira, no outro lado da sala, ela ainda seria minha mão, mas não teria mais utilidade porque estaria separada dos outros membros do corpo. Da mesma maneira, o apóstolo Paulo está dizendo, que somos uma unidade. O membro só tem valor na medida em que está inserido no Corpo e na proporção em que ele trabalha para o bem comum do corpo. É por isso que não existe cristão legítimo fora da Igreja, o Corpo de Cristo. Portanto, como bem diz o pr. José Gonçalves, “a própria palavra “desigrejados” torna-se um termo impróprio, uma forma de descrever uma anomalia espiritual”.

Todos neste Corpo, a Igreja, sabem a sua função. O corpo físico, biologicamente falando, precisa das diversas funções dos membros para sobreviver (1Co.12:15-19). Um membro serve ao outro e todos trabalham em harmonia para o benefício e edificação do corpo. Imagine que você esteja com fome caminhando pela estrada e vê um pé de manga cheio de frutos maduros - magas vermelhas, mangas bonitas, mangas cheirosas. O olho vê a manga, no entanto, não basta o olho ver; você tem de usar a mão para pegar; você tem de usar a boca e os dentes para morder e mastigar; você tem de usar a língua para movimentar; você tem de usar o esôfago para engolir; você tem de usar o estômago para triturar; você tem de usar o fígado par jogar a bílis ali; você precisa de toda uma máquina funcionando para que aquela manga possa nutrir você e atender à sua necessidade. Assim, também, é a Igreja; ela é um Corpo, e cada membro da Igreja, assim como o corpo humano, possui seu lugar e função para exercer (1Co.12:27).

CONCLUSÃO

Concluímos, então, o 3º trimestre letivo da EBD, onde tratamos dos inúmeros ataques de satanás contra a Igreja, utilizando as suas engenhosas sutilezas. Aprendemos como devemos nos defender utilizando-se das armas espirituais que Deus dispõe a nós para permanecermos firmes na resistência contra o ardiloso Inimigo. Aprendemos nesta Aula como devemos resistir as sutilezas de Satanás. Ele não é para ser temido, mas resistido. Disse o apóstolo Tiago: “...resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (T.4:7). Somente quem se submete ao Espírito Santo pode resistir ao diabo. Os dias são difíceis, mas o Espírito Santo é o guia e o auxiliador da Igreja.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. José Gonçalves. Os ataques contra a Igreja de Cristo. CPAD.

Ev. Caramuru Afonso Francisco. Igreja, o corpo espiritual de cristo. PortalEBD_2006.

Rev. Hernandes Dias Lopes. 1Corintios – Como resolver conflitos na Igreja. Hagnos.