4º Trimestre/2023
Subsídio para a Lição 02
Texto Base: Gênesis 12.1-3; 17.1-8
“Quanto a mim, eis o meu concerto contigo é, e serás o pai de uma
multidão de nações" (Gn.17:4).
Gênesis 12:
1.Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e
da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
2.E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu
nome, e tu serás uma bênção.
3.E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
Gênesis 17:
1.Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor
a Abrão e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença e sê
perfeito.
2.E porei o meu concerto entre mim e ti e te multiplicarei
grandissimamente.
3.Então, caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:
4.Quanto a mim, eis o meu concerto contigo é, e serás o pai de uma
multidão de nações.
5.E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome;
porque por pai da multidão de nações te tenho posto.
6.E te farei frutificar grandissimamente e de ti farei nações, e reis
sairão de ti.
7.E estabelecerei o meu concerto entre mim e ti e a tua semente depois
de ti em suas gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti por Deus e à
tua semente depois de ti.
8.E te darei a ti e à tua semente depois de ti a terra de tuas
peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão, e ser-lhes-ei o seu
Deus.
INTRODUÇÃO
Nesta Lição, vamos estudar o desafio missionário de pregar o Evangelho a
outras culturas; chama-se isso de Missão Transcultural. O Evangelho do Reino
não é monopólio de um só povo ou cultura; abrange o mundo inteiro, a todas as
culturas e etnias diferentes da nossa. O mundo precisa conhecer o Cristo que
veio a Terra para salvar a humanidade.
A missão evangelizadora nasceu primeiramente no coração de Deus, e Ele é
o grande gerenciador dessa obra ousada e desafiadora. Em sua Palavra
encontramos a resposta sobre o plano de Deus para o mundo. Inicialmente, Deus
se revela nas Escrituras a partir da escolha de uma família para alcançar todas
as famílias da Terra; esse processo se deu por Abraão, sua família, a nação de
Israel, a Pessoa de Jesus e, finalmente, a Igreja. Jesus disse: “Portanto ide,
fazei discípulos de todas as nações” (Mt.28:19). O Espírito Santo foi dado a
Igreja para fazer dos cristãos testemunhas eficientes no mundo todo. O que
motiva um missionário a atravessar culturas para apresentar o Evangelho de
Cristo é o amor de Deus por meio da entrega de seu único Filho, Jesus Cristo.
I. A NATUREZA MISSIONÁRIA DE DEUS
1. A natureza missionária de Deus no chamado
de Abrão (Gn.12:1-3)
“Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da
casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande
nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão
benditas todas as famílias da terra”.
A expressão “Sai-te da tua terra” revela uma ordem e um chamado de Deus
para Abrão ir a um lugar que, a princípio, ele não conhecia (Hb.11:8). Junto
com essa ordem, veio uma promessa: “em ti serão benditas todas as famílias da
terra” (Gn.12:3). Deus chamou Abrão por sua livre e graciosa misericórdia, não
havendo nada nele mesmo que pudesse recomendá-lo a Deus. A mesma palavra que
chamou o cosmos à existência agora chama Abrão a trazer uma nação à existência.
Deus falou a Abrão, e isso bastava para ele mudar o rumo de sua história
e o rumo da história da humanidade. Deus deu uma ordem (Gn.12:1), e essa ordem
implica vários estágios.
-A primeira ordem é sair: “da terra, da parentela, da casa do pai”. O
chamamento é ouvido pela primeira vez em Ur (Atos 7:2-4).
-A segunda ordem é: “vai para a terra que te mostrarei”. Antes de Abrão
ir, ele precisa romper com sua terra pagã, com sua parentela que adora outros
deuses e com a casa de seu pai.
Só depois do rompimento com o passado é que existe uma caminhada rumo ao
futuro. Os ancestrais de Abrão viviam em Ur dos caldeus e adoravam a falsos
deuses (Js.24:2). O Senhor o tirou não só de sua terra, mas também do
politeísmo idolátrico, para ser o grande representante do monoteísmo na
história. Abrão deixou para trás sua terra, seu povo, sua cultura, sua
religião. Abrão tinha 75 anos quando Deus o chamou, o que mostra que a idade
não é um obstáculo para aceitar novos e grandes desafios na vida.
Junto com a ordem, Deus fez uma promessa a Abrão (Gn.12:2,3); essa
promessa diz respeito a uma bênção espiritual para o mundo por meio da
descendência de Abraão, e esta bênção possui várias etapas de bênçãos:
a) “...de ti farei uma grande nação” (Gn.12:2). A magnitude da promessa a um esposo com
uma mulher estéril testa a fé de Abrão ao limite máximo. Ao não se entregar à incredulidade,
Abrão serve como um modelo para o povo pactual: “Olhai para Abrão, vosso pai, e
para Sara, que nos deu à luz; porque era ele único, quando eu o chamei, e
abençoei e o multipliquei” (Is.51:2).
b) “...te abençoarei” (Gn.12:2b). A palavra abençoar ocorreu apenas cinco vezes em Gênesis
12:1-3. A benção traz poder para a vida, bem como o fortalecimento e o
crescimento desta.
c) “...te engrandecerei o nome” (Gn.12:2c). No antigo Oriente Médio, um nome não era meramente um
rótulo, mas a revelação do caráter e este equivale à pessoa ou personalidade.
Assim, um grande nome acarreta não só fama, mas alta estima social, como um
homem de caráter superior. Deus quis fazer de Abrão uma personalidade
inigualável. Abrão teve seu nome engrandecido por Deus e entrou para a história
com seus títulos de honra: pai de numerosas nações (Gn.17:5); confidente de
Deus (Gn.18:17-19); profeta (Gn.20:7); príncipe de Deus (Gn.23:6); servo de
Deus 9Sl.105:6); e amigo de Deus (2Cr.20:7).
d) “...em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn.12:3c). A bênção pessoal de Abrão
é ao mesmo tempo uma bênção para outros. Abrão se torna uma fonte de bênção,
que jorra a benção da qual ele mesmo está repleto. O apóstolo Paulo chama o
Messias de descendente de Abrão (Gl.3:16). A promessa feita a Abrão cumpriu-se
em Cristo, e aqueles que creem em Jesus são filhos de Abraão (Gl.3:7). Os da fé
é que são abençoados com o crente Abrão (Gl.3:9).
Deus preanunciou o evangelho a Abrão e
nele abençoou todos os povos, de tal modo que os da fé são abençoados com o
crente Abraão. Os verdadeiros filhos de Abrão não são aqueles que têm o sangue
dele correndo em suas veias, mas os que têm a fé de Abrão habitando em seu
coração. Segundo o pr. Wagner Gaby, “o apóstolo Paulo escreve que essa bênção se refere ao Evangelho
revelado em nosso Senhor Jesus Cristo, o descendente legítimo de Abraão (Gl.3:8,16).
Assim, a partir de uma família, Deus providenciou a salvação para o mundo
inteiro (Gl.3:16; 4:4). Por isso, podemos afirmar que a origem das Missões
Transculturais está intrinsicamente relacionada com a natureza missionária de
Deus”.
2. A missão como atividade de Deus no mundo
Para conhecermos a missão como atividade de Deus no mundo é preciso
voltar à revelação especial que o próprio Deus fez na sua Palavra. O capítulo
17 de Gênesis nos mostra o Deus soberano e excelso que se relaciona com um ser
humano limitado.
“Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a
Abrão e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença e sê
perfeito” (Gn.17:1).
Este é um texto significativo que fornece uma base teológica para
entender a missão de Deus no mundo. Aqui, revela que Deus aparece a Abrão (mais
tarde chamado de Abraão) e diz: "Eu sou o Deus Todo-Poderoso [El Shaddai]; anda na minha presença e sê
perfeito". Essa revelação fala da soberania de Deus, sua onipotência e
autoridade sobre toda a criação. Isso enfatiza seu poder supremo para cumprir
seus propósitos e missão no mundo, missão essa que envolve entrar em uma
aliança com seu povo, prometendo bênçãos, orientação e presença em troca de
fidelidade e obediência.
O mandamento de Deus a Abrão para "andar na minha presença e ser
perfeito" representa o chamado de Deus à humanidade para viver em
obediência e retidão. Essa diretriz se estende além de Abrão a toda a
humanidade, destacando o aspecto universal da missão de Deus
-Missão de abençoar e transformar. Ao longo da Bíblia, a missão de Deus
é revelada como uma missão de abençoar e transformar o mundo. A aliança de Deus
com Abrão foi o início de um plano para abençoar todas as nações por meio dos
descendentes dele (Gn.12:3). A missão de Deus abrange salvação, redenção,
reconciliação e restauração da criação.
-Chamado à santidade e fidelidade. O chamado para "ser
perfeito" (Gn.17:1) destaca a importância da santidade e fidelidade no
cumprimento da missão de Deus. Deus chama seu povo a viver vidas justas e
santas, refletindo seu caráter e propósitos para o mundo.
Em resumo, Gênesis 17:1 fornece uma compreensão fundamental da missão de
Deus como um chamado divino para a humanidade andar na fé, viver em obediência
e fazer parte do plano de Deus para abençoar e transformar o mundo de acordo
com Sua vontade soberana. Essa missão está enraizada em um relacionamento de
aliança com Deus, onde a humanidade é chamada à santidade e participação fiel
nos propósitos redentores de Deus.
3. O nosso modelo missionário
Sem dúvida, existem inúmeras figuras ilustres (homens e mulheres de Deus)
a quem podemos nos espelhar para ampliar nossa visão missionária,
principalmente, na aplicação das missões transculturais. Contudo, o nosso
principal modelo de Missões revela-se no próprio Deus, cuja natureza
missionária nos é demonstrada no Antigo Testamento. Vejamos, suscintamente, a
natureza missionaria de Deus e suas implicações teológicas, tendo como base os textos
de Gênesis 3; 6-9 e Isaias 55:4.
a) O Plano da
Redenção (Gn.3; 6-9)
- Missão após a Queda (Gênesis 3). No início, encontramos a Queda da humanidade
(Gênesis 3). Apesar da desobediência e do pecado, Deus já começa a revelar
Sua missão redentora. Ao pronunciar julgamento sobre a serpente, Deus
anuncia a futura derrota do mal pela semente da mulher (Gn.3:15). Essa é
uma promessa de redenção e restauração.
- A Missão de Salvação na Arca de Noé (Gênesis
6-9). Na história de Noé e a Arca
(Gn.6-9), Deus demonstra Sua missão de preservar um remanescente da
criação e oferecer salvação em meio ao juízo. Isso reflete a natureza
compassiva e redentora de Deus.
b) O Servo Sofredor -
Missão de Redenção (Isaias 55:4)
Isaías 55:4 é parte do chamado para a salvação, oferecido por meio do
"Servo Sofredor", uma figura messiânica encontrada nos capítulos
52-53 de Isaías. Este Servo é identificado como Jesus Cristo no Novo
Testamento. Isaías 55:4 diz: "Eis que eu o dei como testemunha aos povos,
como guia e comandante das nações". Este versículo ressalta a missão universal
do Servo, que é enviado não apenas para o povo de Israel, mas para todas as
nações. Ele é o guia e comandante que traz salvação e iluminação a todos. Isso
reflete a natureza inclusiva e global da missão redentora de Deus.
A análise destes textos revela que a missão de Deus é uma missão
universal de redenção e salvação, centrada em Cristo, que reflete Sua natureza
amorosa, compassiva e soberana.
Implicações
Teológicas:
- A Missão de Deus - A natureza missionária de Deus revela Sua
iniciativa de redimir e reconciliar a humanidade consigo mesma. A missão
de Deus é intrínseca à Sua natureza amorosa e redentora, que busca
restaurar a relação perdida com a humanidade.
- Redenção Universal - A missão de Deus é universal, abrangendo
todas as nações e povos. Desde o início, Deus tinha um plano de redenção
para toda a humanidade, não limitado a um grupo específico.
- Soberania e Misericórdia - Deus, sendo soberano sobre todas as coisas,
demonstra misericórdia mesmo após a queda da humanidade. Ele age de
maneira justa e graciosa para oferecer salvação e preservação, mostrando
Sua natureza amorosa e compassiva.
- Cumprimento em Cristo – Tudo isso se cumprem plenamente em Jesus
Cristo, o Servo Sofredor, que é a encarnação da missão redentora de Deus.
Ele é o cumprimento das promessas de redenção feitas desde o Antigo
Testamento.
II. AMOR DE DEUS: O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA
HISTÓRIA DA REDENÇÃO
1. O Amor de Deus
O amor de Deus é a base de todo o plano de redenção revelado na Palavra
de Deus. O apóstolo João afirma que Deus é amor (1João 4:8,16). João está
dizendo que a essência da natureza de Deus é amor. Esse amor é inerente a quem
Deus é, não é apenas uma característica de seu comportamento, mas sua própria
essência. Assim, tudo o que Deus faz é motivado por esse amor.
Implicações
Teológicas do Amor de Deus:
- Amor Ágape. O amor de Deus, como retratado por João, é "ágape", um
amor sacrificial e incondicional. Ele não é baseado em merecimento humano,
mas na própria natureza amorosa de Deus.
- Chamado ao Amor. Como Deus é amor e somos chamados a sermos
como Ele, os cristãos são desafiados a viverem vidas de amor sacrificial,
amando uns aos outros e demonstrando esse amor para o mundo.
- Unidade e Comunhão. O amor de Deus cria uma comunidade de crentes
unidos pelo amor mútuo, refletindo a comunhão amorosa entre o Pai, o Filho
e o Espírito Santo.
- Esperança e Confiança. A compreensão do amor de Deus traz esperança
e confiança aos crentes, sabendo que são amados incondicionalmente e que o
amor de Deus os guiará em sua jornada de fé e redenção.
O Plano de Redenção e
o Amor de Deus:
Ø Criação e Queda. O plano de redenção começa com a
criação, onde Deus cria a humanidade por amor e a declara "muito
boa". No entanto, a Queda da humanidade no pecado distorceu essa
perfeição, resultando em uma separação entre Deus e a humanidade.
Ø Sacrifício de Cristo. Deus demonstrou seu amor ao enviar
Jesus Cristo, seu Filho unigênito, para oferecer a salvação e reconciliação com
Deus por meio de sua vida, morte e ressurreição. A crucificação de Cristo é o
ápice desse amor, mostrando que Deus estava disposto a sacrificar seu próprio
Filho para resgatar a humanidade do pecado e da morte.
Ø A Justiça e a Misericórdia. O plano de redenção também revela a
harmonia entre a justiça e a misericórdia de Deus. A justiça exige que o pecado
seja punido, mas o amor de Deus proporciona uma saída através da fé em Cristo,
reconciliando a justiça divina com a salvação graciosa.
Em suma, o amor de Deus é a essência do plano de redenção, demonstrado
de maneira suprema através de Jesus Cristo. Esse amor não apenas salva a
humanidade, mas transforma os crentes para viverem vidas de amor e refletir a
imagem de Deus, que é amor.
2. A Redenção no Antigo Testamento
A Redenção, em termos gerais, refere-se à ação de resgatar ou libertar
alguém ou algo através de um preço ou sacrifício. No contexto bíblico, isso
frequentemente se refere à libertação da escravidão do pecado e das
consequências dele.
A temática da Redenção, embora seja mais explicitamente desenvolvida no
Novo Testamento com a vinda de Jesus Cristo e seu sacrifício na cruz, também é
prenunciada e prefigurada no Antigo Testamento de várias maneiras.
Vamos explorar, de forma resumida, algumas dessas prefigurações e
conceitos relacionados à redenção encontrados nas escrituras do Antigo
Testamento.
a) Tipos e Símbolos
de Redenção
Ø O Cordeiro Pascal (Êxodo 12). A instituição da Páscoa no Êxodo
apresenta o cordeiro como um símbolo da redenção. O sangue do cordeiro nos
umbrais das portas protegeu os primogênitos dos israelitas da morte, prefigurando
o sacrifício de Cristo, o Cordeiro de Deus.
Ø O Livro de Rute. A história de Rute e Boaz oferece uma
imagem de redenção. Boaz, como parente redentor, resgata Rute e Noemi,
ilustrando a função do redentor na proteção e resgate da família.
Ø O Ano do Jubileu (Levítico 25). O Ano do Jubileu era um ano de
redenção e restituição, onde propriedades perdidas eram devolvidas e dívidas
eram perdoadas, simbolizando a redenção e a liberdade em Deus.
b) Profecias
Messiânicas de Redenção
Ø Profecias do Servo Sofredor (Isaías 53).
Isaías descreve um Servo de Deus que sofre e é ferido por nossas transgressões,
levando-nos à paz e à cura. Esta passagem é frequentemente interpretada como
uma profecia messiânica sobre Jesus Cristo, o Redentor.
Ø Messias Prometido (Miquéias 5:2).
Miquéias profetiza sobre o nascimento do Messias em Belém, que traria a
redenção e a paz, governando com a força do Senhor.
c) A Aliança de Deus
com Israel
Ø Aliança com Abraão (Gênesis 15). A
aliança entre Deus e Abraão, simbolizada por um sacrifício, indica a promessa
de Deus de redimir e abençoar o povo de Abraão.
Ø Aliança no Sinai (Êxodo 24). A aliança
estabelecida no Sinai foi uma promessa de Deus para redimir Israel e ser seu
Deus, proporcionando orientação e proteção.
d) O Papel dos
Sacerdotes e Sacrifícios
Ø Sacrifícios Levíticos (Levítico 16). O
Dia da Expiação, onde o sumo sacerdote fazia expiação pelos pecados do povo, é
uma prefiguração do papel redentor de Jesus Cristo como Sumo Sacerdote perfeito
e sacrifício definitivo pelos pecados da humanidade.
Ø O Livro de Hebreus. Este livro do Novo
Testamento oferece uma interpretação cristã do papel dos sacerdotes e
sacrifícios do Antigo Testamento, mostrando como eles apontam para a redenção
perfeita realizada por Jesus Cristo.
Embora a redenção seja completamente
realizada no sacrifício de Jesus Cristo no Novo Testamento, o Antigo Testamento
está repleto de simbolismo, profecias e tipos que apontam para esse evento
central na história da redenção.
Enfim, a Redenção é um tema unificador
nas Escrituras, demonstrando o plano redentor e amoroso de Deus para a
humanidade desde os tempos antigos até a consumação em Jesus Cristo.
3. A Redenção no Novo Testamento
A Redenção é um tema central e
fundamental no Novo Testamento, pois se concentra na obra salvífica de Jesus
Cristo e sua significância para a humanidade. A palavra "redenção"
deriva do grego "apolutrōsis", que denota libertação ou resgate. Veja
uma análise sucinta sobre a Redenção no Novo Testamento sob diferentes
perspectivas teológicas.
a) Jesus Cristo como o Redentor
·
Sacrifício na Cruz (Ef.1:7). A redenção é alcançada através do sangue de Jesus Cristo derramado na
cruz. Seu sacrifício é visto como o resgate que liberta a humanidade do poder
do pecado e da condenação.
·
Libertação da escravidão (Gl.3:13). Jesus Cristo redimiu-nos da maldição da lei ao
tornar-se maldição por nós. Ele nos libertou da escravidão do pecado e da lei,
proporcionando a liberdade em Cristo.
·
Compra com preço (1Co.6:20). Os crentes são chamados a glorificar a Deus com seus corpos, pois foram
comprados por um preço, que é o sangue de Jesus. Essa compra é vista como uma
redenção, um resgate do pecado e da morte.
b) A Reconciliação e a Redenção
·
Reconciliação (2Co.5:18,19). A obra de redenção de Cristo é vista como
uma reconciliação entre Deus e a humanidade. Deus estava em Cristo
reconciliando o mundo consigo mesmo, não levando em conta as transgressões dos
seres humanos.
·
Acesso a Deus (Ef.2:13). Pelo sangue de Cristo, os crentes têm acesso ao
Pai. A redenção, nesse sentido, é vista como a abertura do caminho para um
relacionamento restaurado e íntimo com Deus.
c) O Espírito Santo e a Redenção
·
Selo da Redenção (Ef.1:13-14). O Espírito Santo é visto como o selo da
redenção para os crentes, garantindo a sua herança até a redenção final. Isso
destaca a segurança e a certeza da redenção.
·
Renovação e transformação (Tito 3:5-7). O Espírito Santo é derramado
abundantemente sobre os crentes, resultando em regeneração e renovação. Essa
transformação é vista como parte do processo redentor em suas vidas.
d) A Redenção e o plano Divino
·
Plano eterno de Redenção (Ef.3:11). A redenção é vista como parte do
plano eterno de Deus, revelado através de Jesus Cristo. A obra redentora de
Cristo estava de acordo com o propósito eterno que Deus estabeleceu em Cristo.
e) Esperança na Redenção futura
·
A Redenção completa (Rm.8:23). A redenção também é vista como um evento
futuro, quando nossos corpos serão redimidos da mortalidade. Isso oferece
esperança aos crentes para um futuro de plenitude e transformação.
A Redenção no Novo Testamento,
portanto, é uma obra central realizada por Jesus Cristo através de sua morte e
ressurreição. Vai além de uma simples liberação de pecados, abrangendo a
reconciliação com Deus, a transformação através do Espírito Santo e a promessa de
uma redenção completa no futuro. Ela é a expressão máxima do amor e da graça
divina, revelando o plano eterno de Deus para a salvação da humanidade.
III. VISÃO BÍBLICA DO CARÁTER TRANSCULTURAL DA
MISSÃO
1. Um Deus Missionário
Sem dúvida, a Bíblia Sagrada revela um
Deus missionário que interage não apenas com uma nação específica, mas com toda
a humanidade desde o início. Veja uma análise sucinta de três situações em
Gênesis:
a) A Queda do homem (Gênesis 3:15)
Após a queda de Adão e Eva no Jardim do
Éden, Deus profere uma promessa que tem implicações redentoras para toda a
humanidade. Ele se dirige à serpente (representando Satanás) e declara:
"Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a
descendência dela; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar"
(Gn.3:15). Esta é uma alusão à futura vinda de Jesus Cristo, que esmagaria a
obra de Satanás. Essa promessa inicial de redenção é universal em seu alcance,
apontando para a salvação que seria oferecida a toda a humanidade através da
descendência da mulher, Jesus Cristo.
b) O Dilúvio (Gênesis 6:13)
Antes do dilúvio, a corrupção e a
violência eram generalizadas na humanidade. No entanto, Deus escolheu Noé e sua
família para preservar a vida e recomeçar a humanidade. Embora a destruição
fosse iminente, Deus demonstrou misericórdia ao permitir a preservação de um
remanescente justo. Essa escolha de Noé e sua família para a preservação é um
exemplo de Deus se importando ainda com toda a humanidade, mostrando que mesmo
em meio ao juízo, Ele tem um plano para a salvação e a continuidade da
humanidade.
c) Eleição de um povo após a Torre de
Babel (Gênesis 12:3)
Após a confusão das línguas na Torre de
Babel e a dispersão da humanidade, Deus escolhe Abraão para ser o pai de uma
nação abençoada. Deus declara a Abraão: "Em ti serão benditas todas as
famílias da terra" (Gn.12:3). Essa promessa revela o plano divino de
abençoar toda a humanidade por meio de uma nação escolhida.
A eleição de Abraão e sua posteridade não era apenas para o benefício exclusivo
deles, mas para que, através deles, toda a humanidade pudesse ser abençoada.
Esse é um elemento missionário, pois a bênção destinada a Abraão era um meio
para alcançar e abençoar toda a humanidade.
Enfim, a Bíblia Sagrada revela um Deus
que se preocupa com toda a humanidade e tem um plano missionário para redimir e
abençoar todas as nações. Suas interações e promessas são um reflexo desse
propósito amplo e inclusivo de trazer salvação e redenção a toda a criação.
Isso estabelece uma base crucial para a compreensão da missão e do amor de Deus
ao longo da Bíblia.
2. A escolha de Israel e sua missão
De acordo com a narrativa bíblica, Abraão é considerado o pai da fé,
sendo escolhido por Deus para estabelecer uma aliança especial. Ele foi
instruído por Deus a deixar sua terra natal e ir para uma terra que Deus lhe
mostraria. Abraão obedeceu e foi prometido que ele seria pai de uma grande
nação e que todas as famílias da Terra seriam abençoadas por meio dele. Os
eventos e ensinamentos registrados nas Escrituras Sagradas são vistos como uma
expressão desse Plano de Redenção.
a) Chamada de Abraão (Gn.12:1-3 - ARA):
"Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da
casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Far-te-ei uma grande nação,
e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. Abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão
benditas todas as famílias da terra".
b) Promessa da descendência (Gn.15:5 –
ARA): "Então, o levou para fora e disse: Olha para os céus e conta as
estrelas, se as podes contar. E acrescentou-lhe: Assim será a tua
descendência".
c) Aliança e circuncisão (Gn.17:1-8) –ARA):
"Quando Abrão tinha noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e lhe
disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito. Farei
uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinariamente. ...
Instituirei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das
suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua
descendência". Essa aliança com Abraão é uma parte crucial do plano de
Deus para a redenção da humanidade.
Esses são alguns dos principais textos bíblicos que narram a chamada e a
aliança de Deus com Abraão, estabelecendo o caminho para a formação do povo de
Israel e seu papel especial na história da redenção.
Por meio da descendência de Abraão, especialmente com a formação do povo
de Israel, Deus revelou Sua vontade, leis e propósitos ao mundo. Era desejo do
Altíssimo que Israel se distinguisse dos outros povos como sua joia preciosa.
Ele queria que a santidade de Israel, como exemplo vivo do poder e de sua
graça, atraísse o restante das nações. Entretanto, Israel fracassou nesse
propósito. A promessa estabelecida em Gênesis 17:8 foi invalidada pela
apostasia e infidelidade da nação (Is.24:5; Jr.31:32). Por isso, Israel foi
levado para o exílio na Assíria (2Rs.17), enquanto Judá, posteriormente, foi
levada para o cativeiro em Babilônia (2Rs.25; 2Cr.36).
3. A escolha da Igreja
Na Antiga Aliança, Deus escolheu Israel como um povo especial para
revelar Sua vontade e caráter ao mundo. Eles foram chamados para ser uma
"luz para as nações" (Is.42:6) e um povo sacerdotal (Êx.19:6),
revelando Deus aos povos circunvizinhos. No entanto, Israel muitas vezes falhou
em cumprir essa missão, desviando-se da fé e desobedecendo aos mandamentos de
Deus.
Com a vinda de Jesus Cristo e a instituição da Nova Aliança, a missão
intercultural e universal foi transferida para a Igreja. Jesus comissionou seus
discípulos a irem e fazer discípulos de todas as nações (Mt.28:19), indicando
uma mudança na abordagem missionária. A igreja é chamada a proclamar o
evangelho a todos os povos, transcender barreiras culturais e étnicas, e ser
testemunha da graça redentora de Deus em Jesus Cristo.
A transição da missão de Israel para a Igreja é vista à luz da
continuidade e cumprimento. A Igreja entende que a promessa feita a Israel
encontra seu cumprimento em Jesus Cristo e, por meio dele, é estendida a todas
as nações. A Igreja, composta por judeus e gentios, é vista como o povo de Deus
na Nova Aliança, cumprindo o propósito original de ser uma bênção para todos os
povos.
O Papel da Igreja na Missão Intercultural é compartilhar o evangelho de
salvação, amor e redenção com todas as culturas e povos do mundo. Isso implica
respeitar e compreender as diferentes culturas, adaptando a mensagem do
evangelho de maneira relevante para cada contexto, sem comprometer a verdade
essencial do evangelho. A Igreja é chamada a demonstrar o amor de Cristo por
meio de suas ações, promovendo a justiça, a reconciliação e a paz em um mundo
diversificado.
Em suma, a transição do ministério intercultural de Israel para a missão
universal da Igreja é vista como parte do plano redentor de Deus para toda a
humanidade, culminando em Jesus Cristo e sendo proclamada e vivida pela Igreja
na Nova Aliança. A missão da Igreja é compartilhar o amor e a salvação de Deus
com todos, independentemente de sua origem cultural, refletindo a natureza
inclusiva e global do reino de Deus.
CONCLUSÃO
Nesta lição, tratamos a respeito da natureza missionária de Deus por
meio de seu amor, e que Seu desejo missionário está exarado em toda a Bíblia.
Por esse amor, todos fomos alcançados, e é por esse amor que, também, somos
exortados a alcançar pessoas que ainda não tiveram um encontro com Deus. Deus
não desistiu do pecador; por isso, Ele conta conosco, pois é a sua vontade “que
todos os homens se salvem” (1Tm.2:4).
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Luciano
de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Caramuru Afonso Francisco – Evangelização, a Missão
máxima da Igreja.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Gênesis, o Livro das
origens.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a Carta da
liberdade cristã.
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