4° Trimestre de 2023
Subsídio para a Lição 11
Texto Base: Atos
6.8,9,13,14; 8.1-4
“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus
padecerão perseguições” (2Tm.3:12).
Atos 6:
8.E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes
sinais entre o povo.
9.E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos
Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da
Ásia, e disputavam com Estêvão.
13.Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não
cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei;
14.porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de
destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu.
Atos 8:
1.E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele dia,
uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram
dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos.
2.E uns varões piedosos foram enterrar Estêvão e fizeram sobre ele
grande pranto.
3.E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando
homens e mulheres, os encerrava na prisão.
4.Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a
palavra.
INTRODUÇÃO
A perseguição contra os cristãos é, de fato, uma realidade preocupante
em muitas partes do mundo, afetando, segundo fonte especializada, cerca de 350
milhões de cristãos. Muitas vezes, a obra missionária é realizada num contexto
de perseguição religiosa, política e cultural.
No princípio da igreja, os apóstolos enfrentaram perseguição por
parte das autoridades judaicas e romanas devido à pregação do Evangelho de
Jesus Cristo. O livro de Atos dos Apóstolos apresenta diversos relatos de
perseguição enfrentados pelos primeiros seguidores de Jesus Cristo. Por exemplo,
Pedro e João foram presos e interrogados por curar um homem coxo no Templo
(Atos capítulos 3 e 4).
A mensagem de Cristo desafia regimes autoritários e movimentos
ativistas contrários aos ditames da Palavra de Deus, o que pode levar a
hostilidades contra os seguidores de Cristo. Hoje, muitos missionários e
cristãos enfrentam detenções arbitrárias, interrogatórios e prisões em vários
países por espalharem a mensagem do Evangelho. É importante que os cristãos
estejam cientes dessa realidade e continuem a orar, apoiar e defender aqueles
que enfrentam perseguição por causa de sua fé e da mensagem do Evangelho de
Cristo.
Nesta Aula vamos explorar alguns relatos de perseguições no início
da Igreja, registrados no Atos dos Apóstolos, e como eles se relacionam com a
perseguição contemporânea.
I. A IGREJA NASCEU EM
UM CONTEXTO DE PERSEGUIÇÃO
1. A perseguição
contra Estêvão, o primeiro mártir
Estêvão era um dos primeiros diáconos da igreja primitiva,
conhecido por sua fé fervorosa e pela graça que Deus derramava sobre ele,
permitindo que realizasse milagres e prodígios entre o povo (Atos 6:8). No
entanto, suas atividades atraíram a atenção e a oposição da sinagoga dos
Libertos, dos cirenenses, dos alexandrinos e dos da Cilícia e da Ásia, que
disputaram com ele. Eles não conseguiram resistir à sabedoria e ao Espírito com
que ele falava (Atos 6:9,10). Esses opositores subornaram homens para que
falsamente alegassem que Estêvão estava blasfemando contra Moisés e contra
Deus. Essas acusações resultaram em Estêvão sendo levado ao Sinédrio, o
conselho judaico (Atos 6:11-14).
Estêvão, em sua defesa diante do Sinédrio, fez um discurso
abrangente que revisou a história do povo de Israel desde Abraão até Jesus
Cristo. Ele os repreendeu pela resistência ao Espírito Santo e acusou-os de
terem traído e assassinado os profetas, culminando com a traição e assassinato
de Jesus Cristo (Atos 7:1-53). Essas palavras enfureceram o Sinédrio, e eles o
apedrejaram até a morte, com Saulo (que posteriormente se tornou o apóstolo
Paulo) consentindo e guardando as roupas daqueles que o apedrejavam (Atos
7:54-60). Este evento marcou o início de uma grande perseguição contra a igreja
em Jerusalém, levando os crentes a se espalharem e a proclamar o evangelho em
outras regiões (Atos 8:1-4).
A morte de Estêvão como mártir é um exemplo poderoso da intensa
perseguição que os primeiros cristãos enfrentaram por causa de sua fé em Jesus
Cristo e sua disposição de defender essa fé, mesmo sob ameaça de morte. Este
evento também teve um impacto profundo na disseminação do cristianismo, com a
perseguição resultando na expansão da mensagem do Evangelho para além de
Jerusalém e da Judeia.
2. A igreja foi
dispersada
A perseguição desencadeada pela morte de Estêvão levou os cristãos
a fugirem de Jerusalém para escapar da perseguição iminente. Isso resultou na
dispersão dos crentes para outras regiões, como a Judéia e Samaria (Atos 8:1).
Essa dispersão foi um elemento-chave para a propagação do Evangelho além das
fronteiras de Jerusalém.
Mesmo em meio à perseguição e ao deslocamento, os cristãos não
cessaram de proclamar a Palavra de Deus. Eles levaram o Evangelho consigo para
as áreas para onde foram dispersos, cumprindo a comissão de Jesus de serem suas
testemunhas "até os confins da terra" (Atos 1:8). A perseguição, de
certa forma, serviu para fortalecer a determinação dos crentes em compartilhar
a mensagem de salvação.
A dispersão dos cristãos resultante da perseguição contribuiu para
a disseminação do cristianismo para diferentes culturas, povos e regiões
geográficas. Essa expansão foi fundamental para o crescimento da Igreja de
Cristo em suas primeiras décadas e séculos.
A perseguição, portanto, embora tenha trazido sofrimento e perda
para os primeiros cristãos, também serviu como um catalisador para a expansão
do cristianismo e a consolidação da identidade e missão da Igreja. Essa
dinâmica é um tema recorrente ao longo da história da Igreja, onde a
perseguição muitas vezes desencadeia um crescimento fervoroso e uma resiliência
na fé. Os primeiros cristãos viveram uma realidade que não é distante de muitos
outros em pleno século XXI.
3. A perseguição
cristã é uma realidade
A perseguição é o ato de assediar, oprimir, dificultar ou negar os
direitos fundamentais, incluindo a tortura e execução, com base em diferenças
étnicas, políticas e religiosas. Infelizmente, isto é uma triste realidade que
afeta os cristãos em diferentes partes do mundo. De acordo com os dados
do portal “Missão Portas Abertas”, são aproximadamente mais de 360 milhões
de cristãos no mundo que enfrentam oposição, discriminação, prisões e
violências graves, simplesmente por exercer sua fé em Jesus Cristo. Muitos
cristãos em vários países do mundo, principalmente na região da janela 10/40, são
discriminados, presos e até mesmo torturados, e mortos.
Essa situação destaca a importância de promover e defender a
liberdade religiosa e os direitos humanos fundamentais em todas as partes do
mundo. A conscientização sobre essa questão é crucial para mobilizar a
comunidade internacional a agir contra a perseguição aos seguidores de Cristo e
buscar soluções para proteger aqueles que estão em situações de risco devido à
sua fé.
II. A PERSEGUIÇÃO
CRISTÃ NA ATUALIDADE
1. Em muitos lugares
ser cristão é perigoso
Isto é uma realidade atual. Em muitas regiões do mundo, principalmente
na região da janela 10/40, ser cristão pode ser extremamente perigoso. Ao
abraçar a fé em Jesus e proclamá-la, muitas pessoas enfrentam uma resistência
contundente, levando-as a ter que abandonar suas famílias, perder empregos,
bens e até mesmo seus direitos fundamentais. Lamentavelmente, em diversos
lugares, viver como cristão ou missionário está intrinsecamente ligado a
expatriação, ao ostracismo, prisão, tortura, mutilação e até a ameaça de morte.
Diante desse cenário, é imperativo expressar gratidão a Deus pela
liberdade religiosa que ainda desfrutamos em nosso país. Simultaneamente,
devemos permanecer alertas em relação a ideologias e movimentos políticos que,
de maneira dissimulada, buscam minar a influência da igreja sob o pretexto de
uma suposta neutralidade religiosa. É fundamental reconhecer que a Constituição
Brasileira garante a inviolabilidade da liberdade de consciência e crença,
assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais de
adoração e suas práticas (artigo 5º, inciso VI da Constituição Federal de
1988).
Se for necessário, tal como o apóstolo Paulo, não devemos hesitar
em utilizar os meios legais, conforme necessário (conforme registrado em Atos
22:25-29), para defender e preservar nossos direitos e liberdades religiosas,
respeitando sempre o princípio da lei e da justiça. Mas é valido ressaltar que
a liberdade religiosa que desfrutamos, amparada por esta cláusula pétrea da
constituição, não deve ser usada como desculpa para promover o ódio, a
discriminação ou a violência contra outros grupos religiosos ou pessoas com
diferentes crenças. A diversidade de crenças é uma parte fundamental da
sociedade e deve ser celebrada e respeitada.
É fundamental que apoiemos e ajudemos aqueles que enfrentam
perseguição religiosa em todo o mundo. Isso pode ser feito por meio de
organizações que trabalham para proteger os direitos humanos, promover a
liberdade religiosa e fornecer ajuda e refúgio aos perseguidos.
2. Coreia do Norte: a
nação mais fechada ao Evangelho
A Coreia do Norte é o pais que segue um sistema governamental
rígido e fechado considerado uma autocracia. Historicamente, esse país tem
relativo apoio de países como China e Rússia. Mesmo assim, é considerado
um dos países mais fechados e isolados do mundo.
A perseguição religiosa na Coreia do Norte é uma das mais extremas
do mundo. É um país onde o regime autoritário exerce um controle rigoroso sobre
a vida dos cidadãos, reprimindo qualquer forma de dissidência e impondo um
culto de personalidade em torno dos líderes do país. O governo promove uma
ideologia oficial que coloca os líderes do país como figuras quase divinas,
tornando qualquer outra crença uma ameaça ao regime.
Os cristãos são particularmente visados, pois sua lealdade a Deus
é vista como uma competição direta com a lealdade exigida por este país Os que
são descobertos praticando sua fé podem enfrentar prisão, tortura, execução e,
em alguns casos, até mesmo seus familiares podem ser punidos. Imagine o que é
fazer a obra missionária num país como a Coreia do Norte! Apesar disso, há
muitos missionários ousados e destemidos que se arriscam em levar o Evangelho
para os norte-coreanos. Quando vão não sabem se voltam para os seus países de
origem.
A combinação de repressão política, controle estatal e desastres
econômicos, como a fome que assolou o país, torna a situação humanitária na
Coreia do Norte terrível. Milhões de pessoas estão em extrema necessidade,
sofrendo de desnutrição, falta de acesso a cuidados médicos adequados e
condições precárias de vida. A situação na Coreia do Norte é profundamente
preocupante, tanto em termos de perseguição religiosa quanto das condições
humanitárias enfrentadas pela população. Portanto, orar pela situação na Coreia
do Norte e apoiar organizações que trabalham para mitigar o sofrimento e
promover a liberdade religiosa é crucial para trazer conscientização e alívio a
uma população que enfrenta enormes desafios.
III. COMO AJUDAR A
IGREJA PERSEGUIDA
1. Conhecer a
gravidade da situação
A preocupação com a perseguição cristã é muito válida e é
importante buscar formas de ajudar a igreja perseguida ao redor do mundo. Infelizmente,
como argumenta o pr. Wagner Gaby, não é tão fácil ter acesso a informações de
qualidade em relação ao contexto de perseguição cristã no mundo. Lamentavelmente,
parece que há má vontade das mídias internacionais em divulgar esse quadro de
violação aos direitos fundamentais do ser humano. Por isso, precisamos tomar
consciência do terror religioso que a perseguição cristã nos revela. Nesse
sentido, devemos ter acesso a dados e informações sérias e objetivas. Aqui
estão algumas maneiras de fazer isso:
a)
Informar-se e Educar. A educação é o primeiro passo para entender
a extensão do problema e criar consciência sobre a necessidade de ajuda. Sites
como SENAMI, Missão Portas Abertas e Voz dos Mártires fornecem informações
detalhadas sobre a perseguição cristã em diferentes partes do mundo. Estas
plataformas prestam um excelente serviço de informação e apoio aos cristãos
perseguidos.
b)
Compartilhar a Conscientização. Deve-se utilizar das redes e
mídias sociais, blogs ou outras plataformas para compartilhar informações sobre
a perseguição religiosa. Quanto mais pessoas estiverem cientes do problema,
maior será a chance de mobilizar apoio e ação.
É crucial que as pessoas estejam cientes da perseguição que os
cristãos enfrentam e se envolvam ativamente para apoiar e defender a liberdade
religiosa em todo o mundo.
2. Orar pela igreja
perseguida
A oração é uma ferramenta poderosa. Portanto, devemos orar pelos
cristãos perseguidos e pelos missionários, por suas famílias, pela proteção e
pela liberdade de pregar o evangelho de Cristo, e praticar a fé cristã.
Oremos também por aqueles que estão perpetuando a perseguição,
para que possam encontrar a paz e a compreensão; estes, mais do que nunca,
precisam urgentemente da salvação em Cristo Jesus. A Bíblia nos ensina que a
oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg.5:16).
3. Se envolva com a
causa da igreja perseguida
Engajar-se com a causa da igreja perseguida começa com a
disposição de orar pelos cristãos que enfrentam perseguição. Ao fazer isso,
abrimos nosso coração para a voz do Espírito Santo, tornando-nos mais sensíveis
às Suas direções. O Espírito Santo pode nos chamar para uma ação mais direta e
efetiva em prol da causa dos crentes perseguidos. Orar em forma de clamor, de
intercessão fervorosa, com efusiva sinceridade.
O simples ato de orar pelos cristãos perseguidos nos conecta
emocionalmente à causa deles. Ao ouvirmos os testemunhos de cristãos que
permanecem firmes em sua fé diante de um governo opressor, somos profundamente
impactados. Essas histórias desafiam nossa complacência e nos incentivam a
viver o Evangelho de forma mais comprometida e apaixonada.
Os relatos dos cristãos perseguidos ilustram uma dimensão da fé
que muitos cristãos no Ocidente, por vezes, não compreendem totalmente. Eles
enfrentam desafios extraordinários, expondo-se a situações difíceis e perigosas
para praticar sua fé. Isso nos faz refletir sobre a natureza verdadeira e
radical do seguimento de Cristo, encorajando-nos a viver nossa fé com maior
intensidade e coragem.
Os órgãos e instituições governamentais precisam pressionar os
governos e as organizações internacionais para que tomem medidas contra a
perseguição religiosa e exerçam pressão política e diplomática em países onde a
perseguição é prevalente.
CONCLUSÃO
É verdadeiramente angustiante que, mesmo nos tempos atuais, haja
lugares onde pessoas são mortas por professar sua fé em Jesus Cristo. A
perseguição religiosa persiste, alimentada por ideologias que se opõem aos
princípios da fé cristã. Neste século XXI, é essencial que estejamos
conscientes dessas atrocidades e unamos nossas vozes em oração pelos nossos
irmãos e irmãs perseguidos ao redor do mundo.
Oremos fervorosamente para que Deus conceda força e coragem aos
nossos irmãos e irmãs que enfrentam tal perseguição. Que Ele os envolva com Sua
proteção e amor, fortalecendo-os em meio às dificuldades e dando-lhes
perseverança para continuar firmes em sua fé. Que a presença de Deus seja uma
fonte de consolo e esperança para eles, mesmo nos momentos mais sombrios.
Que possamos ser uma igreja que se regozija em estar na presença
de Deus e que, movidos pelo amor e compaixão, intercede fervorosamente pela
obra missionária, especialmente pela igreja perseguida. Que possamos fazer a
diferença através da nossa união em oração, apoio prático e defesa em prol da
liberdade religiosa e dos direitos humanos.
Que Deus nos guie e nos capacite a ser uma luz no mundo, levando
amor, paz e esperança a todos, especialmente àqueles que enfrentam a
perseguição por causa do nome de Jesus. Oremos para que a justiça prevaleça e
para que a perseguição seja erradicada, permitindo que todos possam praticar
sua fé livremente e viver em paz. Amém.
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Luciano
de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo
e Novo Testamento).
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Caramuru Afonso Francisco – Evangelização, a Missão
máxima da Igreja.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Atos, A ação do Espirito
Santo na vida da igreja.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Tiago, transformando
provas em triunfo.
Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Evangelização: a
missão máxima da Igreja. PortalEBD_2007.
Ruben Tito Paredes. A Dimensão Transcultural do
Evangelho.
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