3º Trimestre de 2024
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 01
Texto Base: Rute
4:13-22; Ester 7:1-7
“Então, as mulheres
disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que não deixou,
hoje, de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel” (Rute 4:14).
Rute 4:
13.Assim,
tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher; e ele entrou a ela, e
o Senhor lhe deu conceição, e ela teve um filho.
14.Então,
as mulheres disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que
não deixou, hoje, de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel.
15.Ele
te será recriador da alma e conservará a tua velhice, pois tua nora, que te
ama, o teve, e ela te é melhor do que sete filhos.
16.E
Noemi tomou o filho, e o pôs no seu regaço, e foi sua ama.
17.E
as vizinhas lhe deram um nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho.
E chamaram o seu nome Obede. Este é o pai de Jessé, pai de
Davi.
18.stas são, pois,
as gerações de Perez: Perez gerou a Esrom,
19.Esrom
gerou a Arão, e Arão gerou a Aminadabe,
20.e
Aminadabe gerou a Naassom, e Naassom gerou a Salmom,
21.e
Salmom gerou a Boaz, e Boaz gerou a Obede,
22.e
Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi.
Ester 7:
1.Vindo,
pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester,
2.disse
também o rei a Ester, no segundo dia, no banquete do vinho: Qual é a
tua petição, rainha Ester? E se te dará. E qual é o teu requerimento?
Até metade do reino se fará.
3.Então,
respondeu a rainha Ester e disse: Se, ó rei, achei graça aos teus olhos, e se
bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha petição e o meu povo como
meu requerimento.
4.Porque
estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e
lançarem a perder; se ainda por servos e por servas nos vendessem, calar-me-ia,
ainda que o opressor não recompensaria a perda do rei.
5.Então,
falou o rei Assuero e disse à rainha Ester: Quem é esse? E
onde está esse cujo coração o instigou a fazer assim?
6.E
disse Ester: O homem, o opressor e o inimigo é este mau Hamã. Então, Hamã se
perturbou perante o rei e a rainha.
7.E
o rei, no seu furor, se levantou do banquete do vinho para o jardim do palácio;
e Hamã se pôs em pé, para rogar à rainha Ester pela sua vida; porque viu que já
o mal lhe era determinado pelo rei.
INTRODUÇÃO
No
terceiro trimestre de 2024, mergulharemos nas histórias extraordinárias e
dramáticas de Rute e Ester, duas mulheres que Deus usou de maneira
significativa na história do povo de Israel.
-O
Livro de Rute.
Esta narrativa, situada em Moabe e Belém durante o período dos juízes
(1375-1050 a.C.), é uma história repleta de emoções profundas, destacando o
poder do amor e a providência divina. Em contraste com o livro de Juízes, que
aborda guerras e contendas, Rute trata de amizade e amor. Enquanto Juízes
mostra o julgamento de Deus sobre o pecado de Israel, Rute revela a recompensa
do amor e da virtude. Deus é a personagem central desta história,
oferecendo-nos valiosas lições morais e espirituais e homenageando as mulheres
como verdadeiras heroínas em tempos de crise.
-O
Livro de Ester.
Esta história se desenrola na Pérsia, após o cativeiro babilônico. Ester, uma
judia que se torna rainha ao casar-se com o rei Assuero, salva seu povo de uma
grande tragédia. Assim como Rute, Ester demonstrou virtudes espirituais e
morais como fé, coragem, obediência e disposição para servir, sendo uma fonte
de profunda inspiração.
Ambas
as mulheres foram fundamentais para preparar o cenário do advento de Jesus
Cristo. Rute, uma gentia, casou-se com um judeu e tornou-se ancestral do rei
Davi e do próprio Messias (Mateus 1:5). Ester, uma judia, casou-se com um
gentio para salvar seu povo. Embora tenham vivido em épocas e contextos
distintos, compartilharam virtudes espirituais e morais, como fé, humildade,
coragem e temor a Deus (Salmos 147:11; 1Coríntios 10:31; Hebreus 11:6).
Nesta
primeira lição, exploraremos a importância de Rute e Ester na história de
Israel, refletindo sobre como suas vidas continuam a inspirar aqueles que
desejam agradar a Deus e viver para a Sua glória.
I. RUTE: UMA MULHER IMPORTANTE PARA A LINHAGEM DE DAVI
1. Uma moabita
Rute
era uma moabita, descendente de Moabe, filho de Ló com sua filha mais velha
(Gênesis 19:30-37). Os moabitas eram um povo pagão e hostil a Israel desde os
dias do rei Balaque (Números 22:1-6; Deuteronômio 23:3,4; Juízes 11:17).
Habitavam a leste do mar Morto, na atual Jordânia, e eram conhecidos por sua
idolatria e imoralidade sexual (Números 25:1,2; Apocalipse 2:14).
A
inclusão de Rute na linhagem de Davi, e consequentemente na do Messias, é um
exemplo notável da soberania e dos caminhos elevados de Deus (Isaías 55:8,9;
Romanos 11:33). Apesar das circunstâncias aparentemente improváveis, Deus
demonstra que Sua santidade e justiça não são limitadas pelas expectativas
humanas.
A
história de Rute ilustra como Deus pode transformar vidas e situações para
cumprir Seus propósitos sagrados. A santidade de Deus é manifesta em Sua
capacidade de trazer pureza e propósito de situações e origens consideradas
impuras ou indignas.
A
inclusão de Rute, uma moabita, na linhagem de Davi, mostra a justiça de Deus em
ação, recompensando a fé, a obediência e a devoção a Ele, independentemente da
origem ou do passado de uma pessoa. Rute demonstrou fé ao seguir Noemi e ao
abraçar o Deus de Israel (Rute 1:16,17), e Deus honrou essa fé ao colocá-la na
linhagem do Messias. Deus, em Sua soberania, torna o improvável provável e o
impossível possível (Jó 42:2; Gênesis 18:14; Hebreus 11:8-11).
A
história de Rute é um testemunho poderoso de como a fé e a obediência a Deus
podem superar barreiras culturais e históricas. A providência divina se revela
na vida de Rute, demonstrando que Deus pode usar qualquer pessoa,
independentemente de sua origem, para cumprir Seus planos redentores.
Rute,
uma moabita, se torna uma figura central na linhagem de Davi e do próprio
Messias, mostrando que a santidade e a justiça de Deus transcendem as
limitações humanas. Deus é soberano, e Sua graça é suficiente para transformar
vidas e realizar Seus propósitos gloriosos. Esta história nos lembra que,
quando cremos e obedecemos a Deus, Ele pode fazer o improvável e o impossível
em nossas vidas.
2. A família belemita
O
livro de Rute fala da saga de uma família que vivia na cidade de Belém, a Casa
do Pão, onde um dia faltou pão. A cidade deixou de ser um celeiro para ser um
lugar de desespero e fome. A Casa do Pão estava com as prateleiras vazias, com
os fornos frios e sem nenhuma provisão.
Quando
a crise chega, ela atinge a todos - pobres e ricos, homens e mulheres. Elimeleque,
esposo de Noemi, era um homem abastado, tinha terras e bens. Contudo, a crise o
atingiu, a fome também chegou a sua casa. A fome não era apenas uma
casualidade, nem mesmo resultado de uma tragédia natural. A seca que devastou
os campos, que fez mirrar a semente no ventre da terra, que cortou das
despensas a provisão e levou para as mesas o espectro da fome, era um juízo de
Deus à desobediência (Lv.26:19,20; Dt.28:23,24; 2Sm.24:13.14; Ez.5:16; Am.4:6,7).
O
tempo dos juízes experimentou o juízo de Deus. Os inimigos que vinham e
devastavam os campos e saqueavam seus bens e riquezas eram instrumentos do
juízo de Deus ao Seu povo rebelde. A obediência produz vida, mas a rebeldia
gera a morte. A fome era a vara da disciplina de Deus.
A
fome foi também a causa que levou Elimeleque a descer a Moabe, assim como foi a
causa que levou Abraão e Jacó ao Egito, e foi a causa que levou Isaque a Gerar
e o próprio Jesus a ser tentado no deserto. A fome é causa de crises
desesperadoras.
A
crise é uma encruzilhada, onde precisamos inevitavelmente tomar uma decisão.
Uns colocam os pés na estrada da vitória, outros avançam pelos atalhos da fuga
e do fracasso. Elimeleque e sua família - Noemi, Malom e Quiliom -, escolheram fugir,
em vez de enfrentar a crise. Eles apostaram que a crise era irremediável e que
o caminho da fuga era a única rota de escape. Contudo, fugir nem sempre é a
alternativa mais segura e sensata. Na hora da crise, devemos olhar para Deus, em
vez de mirarmos apenas as circunstâncias. Quando somos encurralados pelas
circunstâncias adversas, precisamos acreditar que Deus está acima e no controle
delas.
A
fuga de Belém para Moabe foi marcada por muitos desastres na família de Elimeleque.
Buscar refúgio fora da vontade de Deus é um consumado engano. Eles foram para
Moabe em busca de sobrevivência e encontraram a morte. Eles foram buscar pão e encontraram
a doença. Eles foram buscar vida e encontraram uma sepultura. A terra
estrangeira não lhes deu segurança, mas um enterro. Elimeleque tombou em terra
estrangeira. Ele morreu e deixou sua família órfã em terra estranha. A dor do
luto é mais aguda do que a dor da pobreza. A escassez é menos dolorosa do que a
morte.
Dez
anos se passaram. Malom e Quiliom casam-se em Moabe, e novamente uma luz de
esperança volta a brilhar no caminho daquela família imigrante. Porém, a morte volta
a rondar aquela família já marcada pelo sofrimento. De súbito, sem qualquer
explicação, a vida jovem de Malom e Quiliom é ceifada em terra estrangeira.
Noemi
perdeu tudo - sua terra, seu marido, seus filhos, seus sonhos. Ela está velha,
viúva, pobre, sem filhos, em terra estrangeira. Ela não tem filhos nem
descendentes. Sua semente vai ser cortada da terra. Sua memória vai se apagar,
e ela, então, passa a alimentar-se de absinto. Ela introjeta uma amargura
existencial assoladora na alma. Chega mesmo a mudar de nome. Não quer mais ser
chamada de Noemi, mas de Mara, que significa amargura (Rute 1:20). Para ela, o
futuro havia fechado as cortinas. A esperança fora enterrada na cova dos seus
próprios mortos.
Noemi
enfrentou o drama da solidão em Moabe. Ela ficou sozinha em terra estranha. Ela
não tinha mais idade para casar-se novamente. Não tinha mais ninguém a quem
recorrer. Não tinha sequer um parente em quem buscar ajuda. Não tinha
marido nem filhos. Não tinha parentes nem dinheiro. Estava absolutamente só,
sem lar, sem marido, sem filhos, sem amigos, sem esperança, sem herança.
O
sofrimento de Noemi parecia insuportável, as circunstâncias pareciam injustas e
as perguntas sem resposta. Nessas horas, precisamos aprender a descansar
na providência amorosa do Eterno, deixar as dificuldades nas mãos de
Deus, mesmo sem receber uma resposta, sabendo que "por trás de toda
providência carrancuda, esconde-se uma face sorridente”.
Noemi
ouviu que Deus visitara o Seu povo, e creu. O fato de Deus visitar
o Seu povo é a maior razão para que aqueles que estão longe voltem-se para Ele.
Os grandes avivamentos espirituais aconteceram quando Deus visitou o Seu
povo, e, então, os dispersos voltaram para a Casa do Pão.
Noemi
propôs em seu coração voltar a Belém, sua terra natal. Ela, então, se despediu
de suas noras chamando-as de filhas e orando por elas. Em meio a todos os
dramas vividos em Moabe, Noemi tinha uma profunda amizade com suas noras. Elas
se ligaram a Noemi não por interesses subalternos, mas por amor. Elas queriam
acompanhá-la, a despeito de Noemi não poder lhes dar nada em troca. Nessa
despedida, houve beijos e lágrimas (Rute 1:9,14). Por duas vezes, elas choraram
em voz alta (Rute 1:9,14). Elas não esconderam suas emoções e seus
sentimentos, nem Noemi, a sua desventura.
Diante
da insistência de Noemi, Orfa voltou ao seu povo e aos seus deuses (Rute 1:15),
porém, Rute se dispôs seguir sua sogra à terra de Belém. Rute faz uma
bela afirmação de fidelidade, determinação e compromisso de amor. Rute quer
compartilhar o futuro de Noemi: sua viagem, seu lar, sua fé. É a promessa de
uma fidelidade sincera na vida e para toda a vida. É a expressão de amor e
compromisso na viagem, no lar, na família, na vida e na morte. Ela se converte
ao Deus de Noemi e O invoca para firmar seu juramento.
A
Bíblia diz que Rute se apegou a Noemi. Sua amizade com a sogra
não era interesseira. A relação havia sido edificada sobre o fundamento sólido
do amor, e não sobre a areia movediça dos interesses. O amor é mais forte do
que a morte. Nem os rios podem afogá-lo. O amor é guerreiro, é
combativo, ele tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
-Rute
disse
a Noemi: "Não me instes para que te deixe e me obrigue a não
seguir-te..." (Rute 1:16). O amor é paciente. Ele não retrocede diante das
dificuldades. Ele é firme no seu propósito. Ele não se curva diante dos
arrazoados da lógica. Nenhum argumento usado por Noemi demoveria Rute de
segui-la. O amor vai às últimas consequências para estar ao lado da pessoa
amada.
-Rute
disse:
"|...| porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares,
ali pousarei eu..." (Rute 1:16). O amor não faz exigências. Ele tem
disposição para enfrentar novos desafios. Ele se sacrifica a favor da pessoa
amada. Rute está pronta a deixar sua terra, sua parentela, sua religião, para caminhar
na companhia de sua sogra, sem garantias do amanhã.
-Rute
disse:
"[...] o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus" (Rute 1:16b).
Rute está pronta a começar novos relacionamentos com as pessoas e com Deus. Ela
está disposta a fazer rompimentos com o passado e novas alianças com o futuro.
Ela está disposta a deixar sua terra e seus deuses para abraçar o povo de Deus
e o Deus desse povo. Rute não apenas amou a sua sogra, mas se converteu ao Deus
de sua sogra e adotou o povo de sua sogra como o seu povo.
-Rute
ousadamente disse
a Noemi: "Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei
sepultada..." (Rute 1:17). O compromisso do amor não se extingue com a
morte. Rute não retrocederá em sua aliança depois da morte de sua sogra. Ela
jamais voltará à sua terra e aos seus primitivos deuses, ainda
que sua sogra venha a morrer. Sua aliança com sua sogra é definitiva. Ela
dispôs-se a seguir Noemi e cortou todas as pontes do passado.
-Rute
termina sua fala com Noemi, assim: "[...] faça-me o Senhor o que bem
lhe aprouver, se outra cousa que não seja a morte me separar de ti" (Rute
1:17b). Rute não só faz promessas, mas faz promessas sob juramento. Ela não
somente faz juramento com promessas, mas o faz na presença de Deus. Ela empenha
sua palavra e coloca nela o sinete do seu juramento. Ela firma uma aliança e dá
garantias da perenidade dessa aliança.
Observação: O conteúdo deste
item foi extraído do Livro: “Rute – uma perfeita história de amor”, do Pr. Hernandes Dias Lopes.
3. Matrimônio e maternidade
A
despeito das circunstâncias adversas e dos sentimentos turbulentos de Noemi,
ela chegou com sua nora Rute a Belém exatamente no princípio da sega da cevada
(Rute 1:22). Um novo capítulo se abre na vida dessas duas viúvas. A providência
carrancuda da crise vai mostrar a face sorridente da graça. A extrema pobreza
dessas duas mulheres vai abrir as cortinas para um tempo novo de riqueza e
felicidade para ambas.
A
própria mão da providência as trouxera de Moabe para protagonizarem uma das
mais lindas histórias de toda a Bíblia. A nora estrangeira seria sua provedora.
A nora moabita seria para ela melhor do que sete filhos. A nora moabita seria
sua filha, mãe de seu neto, avó do grande rei Davi, e ancestral do Messias. O
Todo-Poderoso levou esta jovem viúva moabita a um homem chamado Boaz, parente
de Elimeleque, com quem posteriormente se casou. O casamento com Boaz, parente
de Elimeleque, e o nascimento de seu filho Obede fazem de Rute uma ascendente
direta de Davi (de quem foi bisavó) e integrante da genealogia de Jesus
(Rute 4:1-22; Mt.1:5-17; Lc.3:32). Que profundo impacto teve a vida de Noemi!
Quão maravilhoso é estar debaixo da providência de Deus!
II. ESTER: A MULHER QUE AGIU PARA
A SOBREVIVÊNCIA DOS JUDEUS
1. De Belém para Susã
Cerca de cinco séculos
após a história de Rute, encontramos Ester, uma mulher judia providencialmente
usada por Deus para preservar o povo de Israel. Ester, filha de Abiail e criada
pelo primo Mardoqueu após a morte de seus pais, tem uma história marcada por fé
e coragem (Ester 2:5-7,15).
O cativeiro babilônico
foi uma punição divina devido à desobediência de Israel, conforme profetizado
por Isaías e Jeremias (Isaías 44:26,28; 45:1,4,5,13; Jeremias 29:10-14). Em 538
a.C., Ciro, rei da Pérsia, decretou o fim do cativeiro, permitindo que os judeus
retornassem a Jerusalém. No entanto, muitos judeus, incluindo Ester e
Mardoqueu, permaneceram na Babilônia, agora sob domínio persa.
Ester viveu no período
do Império Persa, após o cativeiro babilônico. Seu nome hebraico, Hadassa,
significa "murta", uma planta conhecida por suas folhas perfumadas e
flores usadas para ornamentação e perfumes. Seu nome persa, Ester, significa
"estrela", refletindo sua beleza e importância.
2. De órfã a rainha
Susã
era a capital do império (Ester 1:1,2). Lá viviam Ester e Mardoqueu, dentre
milhares de outros judeus. E por providência divina, Ester foi escolhida como
rainha pelo rei Assuero (Xerxes I), substituindo Vasti, que foi deposta pelo
rei Assuero por sua desobediência, como escreveu o historiador judeu Flávio
Josefo. Vasti se recusou a comparecer a um banquete oferecido pelo rei nos
jardins de seu palácio (Ester 1:5-8,10-12,21,22). Em um inequívoco ato da
providência divina, Ester se tornou rainha em seu lugar (Ester 2:16,17). Sua
beleza e graça conquistaram o favor do rei (Ester 2:17).
Cinco
anos depois, essa jovem judia, agindo com sabedoria e muita coragem, obteve de
Assuero um decreto que livrou da morte o povo judeu de todo o império (Ester 8
e 9).
Hamã,
o principal ministro do rei, tramou a destruição dos judeus, ressentido por
Mardoqueu não se prostrar diante dele (Ester 3:5,6). Hamã conseguiu que o rei
Assuero emitisse um decreto para exterminar os judeus em um único dia (Ester
3:13).
Incentivada
por Mardoqueu, Ester arriscou sua vida para interceder pelo seu povo. Ela pediu
que todos os judeus de Susã (capital do império – Et.1:1,2), jejuassem por três
dias antes dela se aproximar do rei sem ser chamada, um ato que poderia levar à
sua morte (Ester 4:16). No momento apropriado, Ester revelou sua identidade
judaica e expôs a trama de Hamã, o que resultou na sua execução e na reversão
do decreto genocida (Ester 7:3-6; 9:1,2).
A
história de Ester é uma poderosa narrativa de fé e coragem. Apesar de suas
origens humildes e dos riscos envolventes, Ester confiou em Deus e agiu em
favor de seu povo. Sua história nos ensina que Deus pode usar qualquer pessoa,
independentemente de suas circunstâncias, para cumprir Seus propósitos.
Ester
demonstra como a providência divina opera nos eventos cotidianos. Mesmo em uma
terra estrangeira e em meio a um império pagão, Deus estava no controle, usando
Ester e Mardoqueu para proteger e preservar Seu povo.
Como
Rute, Ester é um exemplo de como Deus pode usar indivíduos improváveis para
realizar Seus propósitos redentores. Sua história é um lembrete de que Deus
está sempre presente, trabalhando através das situações mais desafiadoras para
realizar Seus planos.
A
vida de Ester é um testemunho de fé, coragem e a soberania de Deus em agir para
a sobrevivência de Seu povo, mostrando que, mesmo em tempos de grandes
adversidades, a fidelidade e a coragem podem trazer grandes vitórias.
3. No campo ou no palácio
A história de Rute e
Ester, duas mulheres de contextos drasticamente diferentes, ilustra a
importância da fidelidade e confiança em Deus, independentemente das
circunstâncias. Seja nos campos de Moabe ou nos palácios da Pérsia, os
princípios divinos permanecem absolutos e imutáveis, orientando a conduta dos
fiéis em qualquer tempo e lugar. Os princípios divinos, conforme expressos nas
Escrituras, são eternos e aplicáveis a todas as situações. O salmista declara a
perfeição e a justiça dos decretos do Senhor (Salmos 19:7-9) e a eternidade de
Sua Palavra (Salmos 119:89-91). Esses princípios oferecem orientação e
estabilidade, independentemente do contexto cultural ou histórico.
-Rute: fidelidade nos campos
de Moabe. Rute, uma moabita que
viveu em uma sociedade pagã, demonstrou fidelidade e confiança em Deus ao
seguir sua sogra Noemi para Belém. Sua decisão de deixar sua terra e seu povo
para adotar o Deus de Israel (Rute 1:16,17) revela um compromisso profundo com
os princípios divinos. Rute não permitiu que suas origens ou o ambiente hostil
influenciassem sua fé e conduta.
A fidelidade de Rute
foi recompensada não apenas com provisão material, mas também com uma posição
na linhagem de Davi e, eventualmente, do Messias. Sua história ensina que a
obediência a Deus pode transformar vidas e destinos, mesmo em situações
aparentemente adversas.
-Ester: coragem no palácio
da Pérsia. Ester, uma jovem judia
no luxuoso e perigoso palácio persa, também exemplificou a fidelidade e
confiança em Deus. Sua ascensão a rainha foi marcada por graça e sabedoria, mas
sua verdadeira prova veio com a ameaça de genocídio contra seu povo. Ester,
incentivada por Mardoqueu, arriscou sua vida ao se aproximar do rei sem ser
chamada, mostrando uma coragem baseada na confiança em Deus (Ester 4:16).
Ester utilizou sua
posição e influência para interceder pelos judeus, resultando na salvação de
seu povo. Sua história destaca como a confiança em Deus pode capacitar
indivíduos a agir com coragem e sabedoria em momentos críticos,
independentemente de seu ambiente.
Tanto Rute quanto
Ester demonstram que os princípios divinos são aplicáveis em qualquer contexto.
No campo ou no palácio, a fidelidade a Deus e a confiança em Seus decretos
resultam em vidas transformadas e em propósitos divinos cumpridos. A
integridade, a fé e a obediência a Deus transcendem as circunstâncias externas
e mostram que:
ü
Deus é Soberano.
Ele controla todos os eventos e usa pessoas de diferentes origens e contextos
para cumprir Seus planos (Provérbios 16:9).
ü
A obediência é essencial. A fidelidade aos princípios divinos traz bênçãos e
direção divina (Deuteronômio 28:1,2).
ü
A confiança em Deus é transformadora. Independentemente do ambiente, aqueles que confiam em
Deus podem fazer a diferença e influenciar positivamente suas comunidades e
nações (Jeremias 17:7,8).
III. MULHERES DE DEUS COMO PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA
1. O protagonismo feminino
A
liderança masculina, conforme instituída por Deus (Gênesis 1:26; Efésios 5:22,23),
não elimina o papel significativo das mulheres no cumprimento dos propósitos
divinos.
Desde
a criação, Deus estabeleceu uma ordem de liderança e complementaridade entre
homem e mulher (Gênesis 2:18-24). A liderança masculina é reafirmada no Novo
Testamento, especialmente no contexto familiar e eclesiástico (Efésios 5:22,23;
1Timóteo 2:12,13). Contudo, essa liderança não diminui a importância e o valor
da mulher, que tem seu próprio papel essencial e digno na narrativa bíblica e
na história da salvação.
O
protagonismo feminino é evidente nas histórias de Rute e Ester, que destacam a
importância da humildade, submissão e obediência, sem confundir ou inverter os
papéis entre homem e mulher. Estes exemplos demonstram que, em muitas
circunstâncias, as mulheres podem ser protagonistas de grandes feitos na
história do povo de Deus.
As
histórias de Rute e Ester demonstram que:
ü Deus usa quem Ele escolhe.
Deus pode escolher qualquer pessoa, independentemente de seu gênero, para
cumprir Seus propósitos (Juízes 4:4; Lucas 1:38).
ü A fidelidade é recompensada.
A fidelidade e obediência a Deus trazem bênçãos e desempenham um papel crucial
no avanço do plano divino (Hebreus 11:6).
ü O poder da influência.
As mulheres, através de suas ações e decisões, podem influenciar de maneira
significativa a história e a comunidade, servindo como instrumentos de salvação
e mudança (Provérbios 31:26,27).
2. Cumprindo os papéis
O
cumprimento adequado dos papéis familiares é essencial para a harmonia e
estabilidade dentro do lar. Na história de Rute e Noemi, observamos como a
compreensão e o cumprimento dos papéis individuais contribuíram para uma
convivência familiar harmoniosa e significativa. A sabedoria e o respeito mútuo
entre elas oferecem valiosas lições para a vida familiar. A sabedoria é
fundamental para a boa convivência. As mulheres sábias edificam suas casas
(Provérbios 14:1). Tanto Rute quanto Noemi demonstraram sabedoria em suas ações
e decisões.
Rute:
- Esposa dedicada. Noemi
testemunhou que Rute cumpriu bem seu papel de esposa (Rute 1:8). Mesmo
após a morte de seu marido, Rute demonstrou lealdade e compromisso, não
apenas com ele, mas também com a família dele. Sua decisão de permanecer
com Noemi, em vez de retornar à casa de seus pais, é um testemunho de seu
caráter e dedicação.
- Nora amorosa e sábia. Rute manteve um
relacionamento exemplar com sua sogra, Noemi. Ela foi atenciosa,
respeitosa e pronta para aprender e seguir os conselhos de Noemi (Rute
2:22,23; 3:1-5). Esse relacionamento harmonioso destaca a importância da
sabedoria e do respeito mútuo na convivência familiar (Provérbios 14:1).
Noemi:
- Sogra sábia e aconselhadora. Noemi
desempenhou seu papel com sabedoria, oferecendo orientação e suporte a
Rute. Ela compreendia os costumes e leis de Israel e utilizou esse
conhecimento para guiar Rute de maneira prática e estratégica,
especialmente na busca de um novo casamento com Boaz (Rute 3:1-4).
O
cumprimento dos papéis familiares, como demonstrado por Rute e Noemi, é vital
para a harmonia e estabilidade do lar. A sabedoria, respeito mútuo, humildade e
compromisso são fundamentais para uma convivência saudável.
A
história dessas mulheres nos ensina que, ao seguir os princípios bíblicos,
podemos criar relacionamentos familiares fortes e cheios de amor,
independentemente das circunstâncias.
3. Educação familiar
A
educação no lar desempenha um papel crucial na formação do caráter e das
habilidades que ajudam a enfrentar os grandes desafios da vida. A história de
Ester é um exemplo poderoso de como a educação familiar pode moldar indivíduos
para desempenhar papéis significativos na história. Sua ascensão a rainha da
Pérsia não se deu apenas por sua beleza, mas principalmente por sua humildade,
bom comportamento e sabedoria, características forjadas através da educação
recebida de seu primo Mardoqueu.
O papel da educação familiar na formação do
caráter
a)
Fundamentos Bíblicos:
Ø Disciplinar e Instruir. A Bíblia enfatiza a
importância da disciplina e da instrução na educação dos filhos. Provérbios
29:15 afirma que "a vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança
entregue a si mesma envergonha a sua mãe". A disciplina é uma ferramenta
vital para ensinar a responsabilidade e a autodisciplina.
Ø Instruir no Caminho. Provérbios 22:6 diz:
"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho
não se desviará dele". A instrução contínua e amorosa no lar prepara as
crianças para enfrentar a vida com sabedoria e moralidade.
b)
Impacto da educação familiar:
Ø Respeito pela autoridade. A história de Ester
mostra que o respeito pela autoridade, uma lição aprendida no lar, é crucial.
Ester respeitou Mardoqueu e seguiu seus conselhos, o que foi essencial para sua
segurança e sucesso.
Ø Desenvolvimento de virtudes. Virtudes como humildade,
coragem, e sabedoria são melhor desenvolvidas em um ambiente familiar que
valoriza e ensina esses princípios. Ester demonstrou essas virtudes em momentos
críticos, o que lhe permitiu tomar decisões que salvaram seu povo.
Portanto,
a educação familiar é fundamental para moldar indivíduos capazes de enfrentar
os desafios da vida com sabedoria, humildade e coragem. A história de Ester
exemplifica o impacto duradouro de uma educação baseada em princípios sólidos,
disciplina amorosa e exemplo vivo. Os valores e virtudes ensinados no lar
preparam as crianças para se tornarem adultos responsáveis e capazes de
influenciar positivamente a sociedade.
Assim,
a educação no lar deve ser valorizada e intencional, com foco em desenvolver
caráter, habilidades sociais e resiliência, sempre fundamentados nos princípios
bíblicos.
CONCLUSÃO
As
histórias de Rute e Ester não são apenas relatos históricos, mas também
poderosas lições espirituais e morais. Elas nos mostram que, independentemente
do contexto ou das circunstâncias, as mulheres podem desempenhar papéis
essenciais na obra de Deus. Rute e Ester, embora vivendo em épocas e culturas
diferentes, expressaram virtudes semelhantes que as tornaram instrumentos
poderosos nas mãos de Deus.
Deus
continua a usar mulheres para realizar Seus propósitos hoje, assim como fez com
Rute e Ester. Algumas mulheres recebem reconhecimento público e se destacam na
história, enquanto outras, como a esposa de Noé, permanecem no anonimato. No
entanto, a visibilidade não determina o valor ou a importância de suas
contribuições. No Reino de Deus, o que realmente importa é a disposição do
coração para servir e obedecer ao Senhor (1Samuel 16:7; 1Coríntios 3:12-15).
Que
possamos aprender com Rute e Ester, inspirando-nos em sua fé e coragem, e estar
prontos para servir a Deus de todo o coração, confiando que Ele nos guiará e
nos usará para Sua glória.
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Luciano
de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de
Estudo Pentecostal.
Bíblia de
estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de
Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William
Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
Pr.
Hernandes Dias Lopes. Rute – uma perfeita história de amor.
Pr.
Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do cristão. CPAD.
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