SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 10
Texto Base: Ester 4:5-17; 5:1-3,7,8
“Porque
desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos
se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera” (Is.64:4).
Ester 4:
5.Então, Ester chamou a
Hataque (um dos eunucos do rei, que este tinha posto na presença
dela) e deu-lhe mandado para Mardoqueu, para saber que era aquilo e
para quê.
6.E, saindo Hataque a
Mardoqueu, à praça da cidade que estava diante da porta do rei,
7.Mardoqueu lhe fez saber
tudo quanto lhe tinha sucedido, como também a oferta da prata que Hamã dissera
que daria para os tesouros do rei pelos judeus, para os lançar a perder.
8.Também lhe deu a cópia
da lei escrita que se publicara em Susã para os destruir,
para a mostrar a Ester, e lha fazer saber, e para lhe ordenar que
fosse ter com o rei, e lhe pedisse, e suplicasse na sua presença pelo
seu povo.
9.Veio, pois, Hataque e
fez saber a Ester as palavras de Mardoqueu.
10.Então, disse Ester a
Hataque e mandou-lhe dizer a Mardoqueu:
11.Todos os servos do rei
e o povo das províncias do rei bem sabem que para todo homem ou mulher que
entrar ao rei, no pátio interior, sem ser chamado, não há senão uma
sentença, a de morte, salvo se o rei estender para ele o cetro de ouro, para
que viva; e eu, nestes trinta dias, não sou chamada para entrar ao rei.
12.E fizeram saber a
Mardoqueu as palavras de Ester.
13.Então, disse Mardoqueu
que tornassem a dizer a Ester: Não imagines, em teu ânimo, que escaparás na
casa do rei, mais do que todos os outros judeus.
14.Porque, se de todo te
calares neste tempo, socorro e livramento doutra parte virá para os judeus, mas
tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este
chegaste a este reino?
15.Então, disse Ester que
tornassem a dizer a Mardoqueu:
16.Vai, e ajunta todos os
judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por
três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas moças também
assim jejuaremos; e assim irei ter com o rei, ainda que não é segundo
a lei; e, perecendo, pereço.
17.Então, Mardoqueu foi e
fez conforme tudo quanto Ester lhe ordenou.
Ester 5:
1.Sucedeu,
pois, que, ao terceiro dia, Ester se vestiu de suas vestes reais e se
pôs no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei; e o rei
estava assentado sobre o seu trono real, na casa real, defronte da porta do
aposento. 2.E sucedeu que, vendo o rei a rainha Ester, que estava no pátio, ela
alcançou graça aos seus olhos; e o rei apontou para Ester com o cetro de ouro,
que tinha na sua mão, e Ester chegou e tocou a ponta do cetro.
3.Então,
o rei lhe disse: Que é o que tens, rainha Ester, ou qual é a tua petição? Até
metade do reino se te dará.
7.Então,
respondeu Ester e disse: Minha petição e requerimento é:
8.se
achei graça aos olhos do rei, e se bem parecer ao rei conceder-me a minha
petição e outorgar-me o meu requerimento, venha o rei com Hamã ao banquete que
lhes hei de preparar, e amanhã farei conforme o mandado do rei.
INTRODUÇÃO
Nesta
Lição, estudaremos o tema "O Plano de Livramento e o Papel de Ester",
que aborda a intervenção divina e a coragem humana frente às adversidades.
Diante das artimanhas de Hamã, que tramou o extermínio dos judeus, Deus
providenciou um grande livramento através de seus servos fiéis, Mardoqueu e
Ester. A lição examina o meticuloso plano de Mardoqueu para salvar seu povo, o
processo de convencimento de Ester para que assumisse seu papel crucial, e a
preparação dela para se apresentar diante do rei Assuero, arriscando sua vida
para rogar pelo livramento dos judeus.
Esta
narrativa nos mostra como Deus trabalha através de pessoas comuns, dotando-as
de coragem e sabedoria para enfrentar desafios aparentemente insuperáveis.
Ester, uma jovem judia no meio de um império hostil, se torna uma figura
central na providência divina, destacando a importância da obediência, do
sacrifício pessoal e da fé inabalável.
Ao
estudarmos esse episódio, somos lembrados de que, mesmo nos momentos mais
sombrios, a intervenção divina pode transformar situações desesperadoras em
vitórias notáveis. Este relato não apenas reforça a fé no cuidado e na justiça
de Deus, mas também inspira a agir com coragem e determinação em defesa do que
é justo e bom.
I. O PERIGOSO PLANO E
O TEMOR DE ESTER
1. Lamento, choro e
compadecimento
Mardoqueu
não escondeu seu abatimento diante da terrível notícia da conspiração de Hamã.
O trágico decreto de extermínio dos judeus fez com que ele rasgasse suas
vestes, se cobrisse de pano de saco e cinza, e clamasse em alta voz pela cidade
(Ester 4:1). Ester, dentro do palácio, ficou sabendo da condição de seu primo e
se compadeceu dele, mas inicialmente desconhecia os motivos por trás de seu
sofrimento. Em uma tentativa de ajudar, enviou roupas para que ele vestisse,
mas Mardoqueu recusou, pois queria que ela soubesse da gravidade da situação.
A
preocupação de Ester era genuína, e ela imediatamente enviou Hataque, um dos
eunucos do rei, para perguntar a Mardoqueu o que estava acontecendo (Ester
4:5). Mardoqueu, em seu desespero, não estava apenas buscando chamar a atenção
de Ester; ele expressava um sentimento sincero de desolação compartilhado por
todos os judeus das províncias diante da ordem real de matança. Era crucial que
Ester soubesse dos eventos para que pudesse tomar uma atitude.
Compartilhar
nossos sentimentos com as pessoas certas é essencial e nos proporciona alívio e
compreensão (Rm.12:15). Em momentos de profunda agonia, até Jesus abriu seu
coração aos discípulos e pediu que eles permanecessem com Ele (Mateus
26:36-38). Da mesma forma, a sinceridade de Mardoqueu e seu desejo de informar
Ester sobre a situação mostram a importância de comunicar nossas angústias e
buscar apoio nos momentos de crise.
2. Um obstáculo real
Por
intermédio de Hataque, Mardoqueu informou Ester detalhadamente sobre o ardiloso
plano de Hamã, incluindo uma cópia do decreto de Assuero que ordenava o
extermínio dos judeus. Ele implorou que ela fosse ao rei e suplicasse pela vida
de seu povo. No entanto, havia um grande obstáculo: A lei que proibia qualquer
pessoa, homem ou mulher, de entrar no palácio sem ser chamada pelo rei. A
violação dessa norma resultava em sentença de morte, a menos que o rei
estendesse o cetro de ouro, sinalizando sua clemência.
Essa
rigorosa norma provavelmente existia devido ao temor dos reis de serem vítimas
de conspirações, um risco que muitos monarcas enfrentaram ao longo da história,
resultando em suas mortes no trono. Ester estava consciente do perigo que
enfrentava e da necessidade de sabedoria e coragem para abordar o rei,
especialmente porque ela não havia sido chamada à presença dele nos últimos
trinta dias (Ester 4:11).
3. Autoritarismo e
morte
A
rígida norma que impedia qualquer pessoa de se aproximar do rei sem ser
chamada, sob pena de morte, mostra o clima de desconfiança e medo no palácio.
Tal medida extrema visava proteger o rei de possíveis conspirações, mas também
isolava o monarca, contribuindo para um governo mais despótico e distante de
seus súditos.
Infelizmente,
o que Assuero temia acabou acontecendo: ele foi assassinado por um dos oficiais
do palácio em 465 a.C., oito anos após os eventos narrados no livro de Ester.
Anteriormente, dois de seus guardas já haviam tramado sua morte (Ester 2:21). A
morte de Assuero reflete a instabilidade e o perigo constante em regimes
autoritários. Ditadores e líderes autoritários frequentemente enfrentam
tragédias similares, pois o poder absoluto tende a criar muitos inimigos. A
história recente oferece exemplos claros, como a execução do ditador líbio
Muammar Gaddafi (1942-2011) por seus próprios cidadãos.
Em
contraste com a abordagem autoritária, a mansidão e a humildade, exemplificadas
por Moisés, que era descrito como o homem mais manso da terra (Números 12:3),
são atributos que trazem paz e proteção. A Bíblia nos ensina que a mansidão e a
justiça podem prevenir muitos conflitos e perigos (Provérbios 15:1).
Quando
enfrentamos ameaças ou injustiças, podemos confiar que Deus será nossa defesa
(Êxodo 23:22; Salmos 5:11). A história de Assuero é um lembrete de que o poder
absoluto e o autoritarismo frequentemente levam à desconfiança e ao perigo,
enquanto a justiça e a mansidão oferecem um caminho mais seguro e harmonioso.
II. MARDOQUEU CONVENCE
ESTER
1. Confiando na
providência divina
Ester
mandou dizer a Mardoqueu que não podia se apresentar ao rei sem ser convidada,
pois seria morta, conforme a lei vigente, e nos últimos 30 dias não havia sido
chamada pelo rei. A resposta de Ester não convenceu Mardoqueu, e mandou um recado
a ela: que não confiasse em sua posição de rainha, pois a ordem do rei era o
extermínio de todos os judeus, sem exceção (Ester 4:13).
Porém,
se Ester não se dispusesse a interceder junto ao rei, Mardoqueu confiava que a
providência divina se manifestaria de outra forma. A expressão “socorro e
livramento de outra parte virá” (Ester 4:14) revela que Mardoqueu confiava em
Deus, acima de tudo. Quando supervalorizamos pessoas, por mais importantes que
sejam, nos esquecendo que nosso socorro vem de Deus, fazemos delas nossos
ídolos (Sl.121:1,2). Deus abomina todo o tipo de idolatria (Jr.17:5).
A
insistência de Mardoqueu reflete uma profunda compreensão da soberania divina e
da responsabilidade humana. Ele sabia que, embora Deus fosse plenamente capaz
de salvar o Seu povo por outros meios, Ester estava em uma posição única para
agir. Esta dualidade entre confiar na providência divina e a responsabilidade
humana é um tema recorrente nas Escrituras. Por exemplo, vemos isso na história
de José, que reconheceu a mão de Deus nas circunstâncias adversas que enfrentou
(Gênesis 50:20).
Além
disso, Mardoqueu não permitiu que o medo ou a aparente impossibilidade
paralisassem sua ação. Em vez disso, ele desafiou Ester a perceber que seu
papel como rainha podia ter um propósito maior: a salvação de seu povo (Ester
4:14). Essa ideia de ser colocado em uma posição específica para cumprir os
propósitos de Deus é ecoada em outras partes da Bíblia, como na história de
Moisés e no chamado de Isaías (Êxodo 3:10; Isaías 6:8).
A
confiança de Mardoqueu na providência divina é um exemplo para os crentes de
que, independentemente das circunstâncias, Deus é soberano e está no controle.
Ele nos chama a agir com coragem e fé, confiando que Ele usará nossos esforços
para cumprir Seus propósitos. Isso não significa que devemos ser passivos ou
esperar que Deus resolva tudo sem a nossa participação. Pelo contrário, somos
chamados a ser instrumentos ativos em Suas mãos, dispostos a assumir riscos e a
enfrentar desafios pelo bem maior.
A
mensagem de Mardoqueu a Ester também nos alerta contra a complacência e o
egoísmo. Ester estava em uma posição confortável no palácio, mas Mardoqueu a
lembrou de que sua segurança não era garantida e que sua verdadeira lealdade
deveria ser para com seu povo e com Deus. Isso nos ensina que nossas bênçãos e
posições não são apenas para nosso benefício, mas para que possamos servir a
outros e glorificar a Deus.
Ao
refletir sobre essa parte da história de Ester, somos desafiados a examinar
nossa própria confiança em Deus e nossa disposição de agir em fé. Somos
lembrados de que, independentemente das circunstâncias, nosso socorro vem do
Senhor, o Criador dos céus e da terra (Salmos 121:2). Confiar na providência
divina nos dá a coragem de enfrentar desafios aparentemente insuperáveis,
sabendo que Deus pode operar milagres através de nossas ações de fé.
2. Primeiro Deus,
depois o homem
Ester
convenceu-se de que precisaria agir. Antes de tudo, porém, era preciso clamar a
Deus, para que a dirigisse e lhe desse graça diante do rei. Em sua resposta a
Mardoqueu, pediu que ajuntasse todos os judeus de Susã e jejuassem por ela
durante três dias. Ela faria o mesmo junto com as moças que assistiam no
palácio (Ester 4:16).
Ester demonstrou uma compreensão profunda da
necessidade de buscar a orientação divina antes de tomar qualquer ação
significativa. O jejum e a oração representavam um reconhecimento da soberania
de Deus e a dependência total d'Ele para o sucesso de sua missão. Este ato de
humildade e entrega reflete a atitude correta que todos os crentes devem ter
diante dos desafios e decisões importantes da vida.
A
importância do equilíbrio e prudência espiritual
Equilíbrio
e prudência espiritual nos fazem entender o tempo e o lugar de Deus e o nosso
no cotidiano da vida. Antes de Ester procurar o rei, os judeus deveriam buscar
a Deus. Esse princípio é essencial para uma vida cristã bem-sucedida.
Reconhecer a necessidade de colocar Deus em primeiro lugar é crucial,
especialmente em situações de crise.
A resposta de Ester também sublinha a
importância da comunidade de fé. Ao pedir que todos os judeus de Susã jejuassem
e orassem com ela, Ester estava mobilizando uma rede de apoio espiritual. Este
exemplo nos ensina sobre o poder da oração corporativa e a importância de
intercedermos uns pelos outros em tempos de necessidade.
O
contraste com o secularismo e o materialismo modernos
Uma
triste característica de nossos dias são o secularismo e o materialismo
(Lc.18:8). Inspirados no ateísmo, rejeitam e negam as realidades espirituais e
veem o homem como o senhor de sua existência e de seu destino. Autoconfiança e
soberba humana são de origem maligna (Tg.4:13-16).
O
secularismo e o materialismo promovem uma visão de mundo onde a dependência de
Deus é substituída pela confiança na capacidade humana e na ciência. Essa perspectiva
ignora a realidade espiritual e a necessidade de buscar a orientação divina. A
história de Ester é um poderoso lembrete de que, embora o homem tenha um papel
importante a desempenhar, é Deus quem dirige os passos e concede o sucesso.
A
humildade diante de Deus
Ester
exemplificou a humildade e a dependência de Deus que todos devemos ter. Antes
de qualquer ação, ela buscou a aprovação e a ajuda divina, reconhecendo que sem
Deus, seus esforços seriam em vão. Esta atitude contrasta fortemente com a autossuficiência
promovida pelo secularismo e materialismo modernos.
A
verdadeira sabedoria e sucesso vêm de reconhecer nossa limitação humana e nossa
total dependência de Deus. Quando colocamos Deus em primeiro lugar e buscamos
Sua orientação, Ele nos concede a graça e a sabedoria necessárias para
enfrentar qualquer desafio.
Em
resumo, a preparação de Ester antes de abordar o rei nos ensina a importância
de buscar a Deus antes de agir. Este princípio de colocar Deus em primeiro
lugar é essencial para uma vida cristã equilibrada e bem-sucedida, e é um
poderoso antídoto contra as influências corrosivas do secularismo e
materialismo modernos.
3. Confiar em Deus não
é tentá-lo
Ester
confiava em Deus, mas não agiu de forma a tentá-lo (Mt.4:5-7). Através do
jejum, os judeus pediam a intervenção divina para que o rei aceitasse a
presença de Ester e ela alcançasse o que pretendia. Todavia, isso poderia não
acontecer. Por isso, mesmo confiando, Ester estava disposta a morrer. Disse ela:
“se eu tiver de morrer, morrerei” (Ester 4:16).
A
confiança de Ester em Deus foi demonstrada através de uma preparação espiritual
sincera e um compromisso firme, sem a presunção de exigir um resultado
específico de Deus. Ela reconhecia a soberania de Deus sobre a situação e se
submetia completamente à Sua vontade, mostrando uma fé madura e profunda.
Exemplos
de fé e disposição no passado
Décadas
antes, na Babilônia, três outros judeus haviam demonstrado a mesma fé e
disposição (Dn.3:16-18): Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Estes homens de Deus
ao serem confrontados com a ordem de adorar a estátua de ouro, afirmaram sua
confiança em Deus para livrá-los, mas também estavam preparados para enfrentar
a morte se Deus assim permitisse. Este exemplo de fé inabalável nos ensina a
confiar em Deus sem tentar manipulá-Lo ou exigir um resultado específico.
Crenças
errôneas modernas
Em
nossos dias são difundidas crenças errôneas que acreditam ser possível mandar
em Deus e pô-lo “na parede”. A soberania divina não pode ser desafiada por
ninguém (Jó 2:9,10). Essas doutrinas, que muitas vezes se manifestam em
práticas de prosperidade e declarações de fé autoritativas, distorcem a
natureza da relação entre Deus e o homem.
A
tentativa de forçar Deus a agir conforme nossa vontade é uma forma de tentar a
Deus, o que é claramente condenado nas Escrituras. Jó, em sua dor, foi
aconselhado por sua esposa a desafiar Deus, mas ele rejeitou tal atitude,
reconhecendo a soberania e a bondade de Deus em todas as circunstâncias (Jó 2:9,10).
A
soberania divina
A
história de Ester, assim como a dos três jovens na Babilônia, nos ensina que a
verdadeira fé em Deus reconhece Sua soberania absoluta. Mesmo quando
enfrentamos situações de extremo perigo ou incerteza, devemos confiar em Deus,
sabendo que Ele é capaz de nos salvar, mas também aceitando que Seus caminhos e
Seus planos são perfeitos, mesmo que não os compreendamos completamente.
Ester não tentou forçar a mão de Deus, mas
colocou sua confiança Nele e se dispôs a aceitar o resultado, qualquer que
fosse. Esse tipo de fé, que confia sem exigir e se submete sem reservas, é o
que devemos buscar cultivar em nossa vida cristã. Deus nos chama a uma
confiança plena e reverente, reconhecendo que Ele é o Senhor soberano sobre
todas as coisas.
III. O PLANO: ESTER
ENTRA À PRESENÇA DO REI E PROPÕE UM BANQUETE
1. Prudência,
preparação e ação
Ao
decidir entrar à presença de Assuero, Ester estava sujeita a qualquer reação
dele quando a visse: vida ou morte. Era um grande desafio. Por isso, Ester se
preparou espiritual, emocional e fisicamente. Depois de três dias de jejum, pôs
sua veste real e foi ao pátio interior da casa do rei, diante do salão onde
ficava o trono (Ester 5:1). Este ato de coragem e preparação de Ester não foi
impulsivo; foi resultado de uma cuidadosa reflexão e uma busca sincera por
direção divina.
A
conduta de Ester nos ensina como devemos ser precavidos para tomar atitudes
importantes que podem impactar nosso futuro (Pv.19:2). Ester não apenas confiou
na providência divina, mas também tomou medidas práticas para se preparar da
melhor maneira possível. Sua abordagem combina fé com ação, um equilíbrio
essencial na vida cristã.
Como
afirma o Pr. Silas Queiroz, mulheres
sábias, como Ester e Abigail, conseguem resolver grandes problemas e evitar
grandes tragédias (1Sm.25:18-35). Abigail, por exemplo, mostrou uma sabedoria e
prudência semelhantes ao interceder para evitar um desastre iminente,
demonstrando como a intervenção sensata e a preparação adequada podem mudar o
curso dos eventos.
Por
outro lado, imprudências e precipitações, podem levar a prejuízos irreparáveis
(Pv.14:1). Tomar decisões sem a devida preparação ou sem buscar orientação
divina pode resultar em consequências desastrosas. A história está repleta de
exemplos de decisões precipitadas que levaram a grandes perdas, tanto em
contextos pessoais quanto coletivos.
A
prudência envolve uma avaliação cuidadosa das circunstâncias, um entendimento
claro das possíveis consequências e uma disposição para buscar a sabedoria e a
orientação de Deus antes de agir. Ester exemplificou esta prudência ao se
preparar adequadamente para o encontro com o rei, mostrando que a fé e a ação
prudente devem andar juntas.
Aplicações
práticas para a vida cristã
Para
os cristãos de hoje, a história de Ester oferece lições valiosas sobre como
abordar situações difíceis e potencialmente perigosas. A preparação espiritual,
através da oração e do jejum, é fundamental. Além disso, a preparação emocional
e física não deve ser negligenciada. A confiança em Deus não elimina a
necessidade de prudência e preparação; pelo contrário, ela deve nos motivar a
agir com ainda mais cuidado e sabedoria.
Portanto,
ao enfrentar desafios, devemos seguir o exemplo de Ester: buscar a direção de
Deus, preparar-nos adequadamente e agir com coragem e prudência. Esta abordagem
não só nos protege contra os perigos da imprudência, mas também nos posiciona
para ver a mão de Deus trabalhando poderosamente em nossas vidas e nas vidas
daqueles ao nosso redor.
2. Estendendo o cetro
Assentado
em seu trono, Assuero viu Ester e estendeu para ela seu cetro de ouro (Ester
5:2). Esse gesto era crucial, pois significava que o rei aceitava sua presença
e, portanto, sua vida estava a salvo. Para Ester, isso deve ter sido um grande
alívio. Ela se aproximou e tocou a ponta do cetro, cumprindo o protocolo legal.
Esse ato de tocar o cetro era mais que um simples gesto de respeito, era um
símbolo de aceitação e favor real.
A
prontidão do rei para ouvir
Como
era incomum alguém se apresentar diante do rei sem ter sido chamado, Assuero
logo perguntou o que estava acontecendo: “Que é o que tens, rainha Ester, ou
qual é a tua petição? Até a metade do reino se te dará" (Ester 5:3). Esta
expressão, embora impressionante, era uma fórmula comum de demonstração de
generosidade e prontidão para ouvir. Assuero estava comunicando sua disposição
de atender ao pedido de Ester, indicando sua estima e confiança nela.
Paralelos
históricos e bíblicos
A
disposição de vontade do rei foi manifestada com o uso de uma frase que era
comum nessas ocasiões, mas que, segundo estudiosos, não se interpretava de
forma literal. Herodes usou essa mesma expressão em relação a Herodias, quando
prometeu até metade do seu reino em um banquete (Marcos 6:21-23). Essas
palavras simbolizavam uma abertura para negociações e uma demonstração de favor
real, embora sem a intenção de cumprir literalmente.
Significado
espiritual e lições práticas
O
ato de Assuero estender o cetro a Ester pode ser visto como uma metáfora da
graça e misericórdia divina. Assim como Ester se aproximou do trono do rei com
temor, mas também com confiança após jejuar e orar, os crentes são incentivados
a se aproximar do trono de Deus com confiança, sabendo que Ele é misericordioso
e disposto a ouvir nossas petições (Hebreus 4:16).
Ester
mostrou coragem e sabedoria ao se preparar espiritualmente antes de agir. Sua
abordagem nos ensina a importância de nos prepararmos adequadamente, tanto
espiritual quanto emocionalmente, quando enfrentamos desafios. Assim,
aprendemos que devemos buscar a direção de Deus antes de tomar decisões
importantes, confiando que Ele estenderá Seu "cetro" de graça e favor
em resposta às nossas orações sinceras.
A
resposta de Ester e a estratégia
A
resposta de Ester à pergunta do rei também revela sua sabedoria e estratégia.
Em vez de revelar imediatamente seu pedido, ela convidou o rei e Hamã para um
banquete que preparou (Ester 5:4). Este movimento estratégico permitiu que ela
ganhasse tempo, criasse um ambiente favorável e demonstrasse respeito e
paciência. Esta abordagem nos ensina que, muitas vezes, é necessário criar as
condições adequadas antes de apresentar nossos pedidos ou tomar ações
decisivas.
Assim,
o episódio do cetro estendido não é apenas um momento de alívio para Ester, mas
também um testemunho de como a prudência, a preparação espiritual e a sabedoria
podem abrir portas e assegurar o favor necessário para enfrentar grandes
desafios.
3. Em sintonia com
Deus
As
circunstâncias narradas no livro de Ester indicam que ela, em seu coração,
estava em plena sintonia com Deus. Mesmo diante da disposição imediata do rei
em atendê-la, Ester agiu com extrema cautela e sabedoria. Ao invés de revelar
de imediato o seu pedido, ela convidou o rei Assuero e Hamã para um banquete
(Ester 5:4). Essa decisão não foi impulsiva, mas sim uma demonstração de discernimento
espiritual e estratégico.
Estratégia
e paciência
Na
ocasião do primeiro banquete, o rei renovou sua disposição em atender a
qualquer pedido de Ester (Ester 5:6). Porém, mesmo com essa segunda
oportunidade, Ester discerniu que ainda não era o momento adequado para fazer
seu pedido. Demonstrando paciência e estratégia, ela convidou Assuero e Hamã
para um segundo banquete no dia seguinte (Ester 5:8). Este intervalo permitiu
que os eventos se desenrolassem conforme os desígnios divinos.
A
importância do timing (melhor momento, oportunidade)
A
decisão de Ester de adiar seu pedido reflete uma profunda compreensão da
importância do timing na execução dos planos de Deus. Ela sabia que precisava
esperar o momento certo, que foi providencialmente preparado por Deus. Essa
espera resultou em uma noite decisiva que mudaria o curso da história (Ester
6). Durante essa noite, o rei foi levado a lembrar-se de Mardoqueu e seus
serviços não recompensados, o que preparou o terreno para a petição de Ester e
a queda de Hamã.
Providência
divina em ação
Os
desígnios de Deus são perfeitos e estavam claramente guiando Ester em todos os
detalhes de sua abordagem. A providência divina não só orientou Ester em suas
ações, mas também nos eventos que ocorreram em torno dela. O episódio do rei
lembrando-se de Mardoqueu durante a noite entre os banquetes é uma clara
evidência da mão de Deus em ação, preparando o caminho para a salvação dos
judeus (Ester 6:1-3).
Lições
espirituais
A
história de Ester nos ensina várias lições espirituais. Primeiramente, a
importância de estar em sintonia com a vontade de Deus, buscando Sua orientação
em momentos de crise. Ester também exemplifica a sabedoria de agir com cautela
e paciência, esperando o momento certo para agir. Sua história reforça a confiança
na providência divina, que trabalha de formas misteriosas, mas sempre perfeitas
para cumprir Seus propósitos.
Aplicação
prática
Em
nossa vida cotidiana, é essencial buscar a orientação de Deus em oração e agir
com discernimento e paciência. Como Ester, devemos confiar que Deus está no
controle, mesmo quando os desafios parecem insuperáveis. A história de Ester é
um lembrete poderoso de que, quando estamos em sintonia com Deus e buscamos Sua
vontade, Ele nos guiará através de todas as adversidades, usando até mesmo os
obstáculos para o cumprimento de Seu propósito maior.
Ester,
ao agir com prudência e confiar na providência divina, nos mostra como a fé e a
sabedoria podem transformar situações desesperadoras em grandes vitórias.
CONCLUSÃO
Esta
Lição que acabamos de estudar revela como Deus, em Sua providência, usou a
coragem e a sabedoria de Ester para salvar os judeus da conspiração de Hamã. A
preparação espiritual, emocional e física de Ester, sua prudência e confiança
em Deus, demonstram a importância de buscar a direção divina em momentos
críticos. Este relato nos ensina sobre a soberania de Deus e a necessidade de
fé e ação coordenada em harmonia com Seus desígnios. Em todas as
circunstâncias, a glória é devida ao Senhor, que controla a história e guia Seu
povo para a vitória.
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento).
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Rute – uma perfeita história de amor.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do cristão. CPAD.
Comentário Bíblico Beacon. Volume 2.
História dos Hebreus. Flavio Josefo. CPAD.
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