3° Trimestre/2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 01
Texto
Base: Atos 2:1-14
“E todos
foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme
o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2:4).
Atos 2:
1.Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no
mesmo lugar;
2.e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
3.E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as
quais pousaram sobre cada um deles.
4.E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em
outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
5.E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de
todas as nações que estão debaixo do céu.
6.E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava
confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7.E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois
quê!
8.Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que
somos nascidos?
9.Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e
Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia,
10.e Frigia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene,
e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos),
11.e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias
línguas falar das grandezas de Deus.
12.E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para
os outros: Que quer isto dizer?
13.E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.
14.Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e
disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto
notório, e escutai as minhas palavras.
Nesta
primeira lição, voltamos nossa percepção ao ponto inaugural da Igreja de
Cristo: o evento do Pentecostes, registrado em Atos 2. Esse episódio histórico
não apenas marcou o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo,
conforme Joel profetizara (Jl.2:28-32), mas inaugurou a era da Igreja como um
novo povo de Deus, agora selado e capacitado pelo Espírito Santo para cumprir
sua missão no mundo.
O
Pentecostes, uma das três principais festas judaicas, reunia peregrinos de
várias nações em Jerusalém. Deus, em sua soberania, escolheu esse momento
estratégico para manifestar publicamente o cumprimento da promessa de Cristo
sobre o batismo com o Espírito Santo (Lc.24:49; Atos 1:8; Atos 2:1-14). Assim,
a Igreja nasceu como uma comunidade marcada pela ação sobrenatural do Espírito
Santo, pelo compromisso com a Palavra, pela comunhão fraterna e por um
testemunho ousado e transformador.
Mais do
que um evento isolado, o Pentecostes representou o início de uma nova realidade
escatológica: a comunidade messiânica dos últimos dias, composta por homens e
mulheres cheios do Espírito, vocacionados a proclamar o Evangelho “até aos
confins da terra” (Atos 1:8).
Nesta
lição, veremos como a Igreja de Jerusalém emergiu como um modelo de vivência
espiritual, missão, adoração e comunhão — elementos fundamentais para a
identidade e o crescimento saudável da Igreja em todos os tempos.
I-A
NATUREZA DO PENTECOSTES BÍBLICO
1. De
natureza divina
O evento do Pentecostes, conforme descrito por Lucas em Atos
2:2,3, não foi apenas um fenômeno extraordinário, mas uma manifestação
teofânica, ou seja, uma autocomunicação visível e audível da presença de Deus.
O som “como de um vento veemente e impetuoso” e as “línguas repartidas, como
que de fogo” não são meramente efeitos naturais ou psicológicos, mas sinais que
acompanham uma intervenção sobrenatural. Esses elementos reforçam que o
Pentecostes tem uma origem e natureza divina: não foi produzido por iniciativa
humana, mas foi um ato soberano de Deus.
O paralelo com a teofania do Sinai é intencional e significativo.
Assim como no Êxodo a Lei foi dada em meio a trovões, fogo e uma voz poderosa
(Êx.19:16-19; Dt.4:36), agora, no Pentecostes, o Espírito é derramado com
sinais igualmente impactantes. No Sinai, Deus estabeleceu Israel como sua nação
santa; em Atos 2, Ele inaugura a Igreja como o novo povo da aliança, selado e
guiado pelo Espírito Santo. A presença do fogo e do som celeste, portanto,
indica a continuidade do agir divino, agora em um novo contexto: a era do
Espírito Santo.
Além disso, essa manifestação revela que a presença de Deus não
está mais confinada ao templo ou ao tabernáculo. O Espírito desce sobre pessoas
comuns — homens e mulheres, judeus e, mais tarde, gentios — fazendo delas
morada de Deus. O Pentecostes bíblico, portanto, é a confirmação visível de que
o Deus que desceu no Sinai agora habita no meio e dentro do seu povo, por meio
do Espírito Santo.
2. Um evento paralelo ao Sinai
Como já
disse no item anterior, o Pentecostes, conforme descrito em Atos 2, pode ser
compreendido como um evento paralelo e, ao mesmo tempo, superior ao que ocorreu
no Monte Sinai. No Sinai, Deus se revelou ao povo de Israel após tirá-lo do
Egito, estabelecendo uma aliança por meio da entrega da Lei. Esse foi um
momento de profunda manifestação divina: trovões, relâmpagos, som de trombeta, fogo
e uma nuvem espessa cobriam o monte (Êx.19:16-19). No Pentecostes, o mesmo Deus
se manifestou novamente, agora não para entregar tábuas de pedra, mas para
inscrever Sua vontade nos corações, por meio do Espírito Santo.
Essa
relação entre os dois eventos não é meramente simbólica, mas teológica e
escatológica. No Sinai, Deus formou Israel como uma nação teocrática; no
Pentecostes, Ele dá início à Igreja, o novo povo da aliança, composto por todos
os que creem em Cristo. Enquanto no Sinai a Lei foi escrita em pedra
(Dt.9:10,11), agora, no Pentecostes, cumpre-se a promessa de Jeremias:
"porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração"
(Jr.31:33), algo que Paulo também reafirma em 2Coríntios 3:3.
Portanto,
o Pentecostes não apenas ecoa o Sinai, mas o supera em glória (cf. 2Co.3:7-11).
A Lei que antes condenava, agora é vivificada pelo Espírito; o fogo que antes
causava temor, agora purifica e capacita; o Deus que falava do alto do monte,
agora habita em cada crente. O Sinai foi o nascimento de uma nação; o
Pentecostes, o nascimento da Igreja universal — um povo espiritual, regenerado,
capacitado e comissionado para proclamar o Evangelho até os confins da terra.
3. Centrada
em Cristo e nos tempos finais
O evento do Pentecostes, embora caracterizado pelo derramamento do
Espírito Santo, não pode ser corretamente compreendido fora da centralidade da
obra redentora de Cristo. Na pregação de Pedro, logo após a descida do
Espírito, é evidente que o foco não está nos fenômenos em si, mas na pessoa e
na obra de Jesus de Nazaré. Pedro conecta diretamente o Pentecostes à morte,
ressurreição e exaltação de Cristo (Atos 2:23-24,32-33), afirmando que foi o
próprio Jesus exaltado que “derramou isto que agora vedes e ouvis” (v.33). Isso
significa que o Pentecostes é tanto pneumatológico quanto cristológico: é o
Espírito de Cristo sendo enviado por Cristo, como cumprimento de Suas promessas
(João 14:16,17; 16:7).
Assim, o Pentecostes não é um fenômeno autônomo, desvinculado da
cruz e da ressurreição, mas o fruto direto da obra consumada de Cristo. Sem a
cruz, não haveria perdão; sem a ressurreição, não haveria exaltação; sem a
exaltação, não haveria envio do Espírito. O Espírito Santo vem como selo da
nova aliança, agora ratificada pelo sangue do Cordeiro.
Além disso, Pedro interpreta o Pentecostes como o cumprimento
imediato da profecia de Joel (Jl.2:28-32), identificando-o como o início dos
“últimos dias” (Atos 2:17). Essa expressão tem implicações escatológicas
profundas: significa que, com a vinda do Espírito, os tempos finais foram
inaugurados. A Igreja, portanto, vive entre dois tempos — o “já” do Pentecostes
e o “ainda não” da plenitude futura. O Espírito Santo é a garantia da herança
futura (Ef.1:13,14), e sua presença contínua na Igreja é o sinal de que o Reino
de Deus já começou, embora ainda não tenha se consumado plenamente.
Desse modo, o Pentecostes aponta para o Cristo glorificado e nos
posiciona no horizonte escatológico do agir de Deus na história. Ele nos lembra
que a missão da Igreja se dá no poder do Espírito, mas sob a autoridade de
Cristo, e com os olhos voltados para a esperança do Seu retorno.
Sinopse I: A NATUREZA DO PENTECOSTES BÍBLICO O Pentecostes, conforme descrito em Atos 2, é um evento de
profunda significância teológica, revelando-se em três dimensões principais:
|
II-O PROPÓSITO DO PENTECOSTES BÍBLICO
1. Promover a verdadeira adoração
Um dos
frutos imediatos e evidentes do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes
foi a expressão espontânea de louvor e exaltação ao nome de Deus. Conforme
registrado por Lucas, os que estavam presentes no cenáculo “começaram a falar
noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem” (Atos 2:4), e
os que ouviam diziam maravilhados: “os ouvimos falar das grandezas de Deus”
(Atos 2:11). Isso mostra que a primeira resposta da Igreja cheia do Espírito
foi uma adoração autêntica, glorificadora e inspirada — uma adoração centrada
em Deus, e não em manifestações humanas.
O Pentecostes,
portanto, tem como um de seus propósitos centrais a restauração da verdadeira
adoração. Enquanto muitos associam a plenitude do Espírito apenas com poder
para evangelizar (o que é bíblico e importante), não se pode negligenciar que
esse poder é, primeiramente, voltado para glorificar a Deus em espírito e em
verdade (João 4:23,24). O culto pentecostal, conforme Atos 2 e Atos 10:46, é
marcado pela exaltação fervorosa das “grandezas de Deus”, e não por exibições
emocionais vazias ou desordem.
Além disso,
o apóstolo Paulo, ao orientar os crentes sobre o uso dos dons espirituais na
adoração, declara que aquele que fala em línguas “dá bem as graças”
(1Co.14:17). Ou seja, o falar em línguas, quando inspirado pelo Espírito,
também é uma forma elevada de adoração, ainda que incompreensível ao público
sem interpretação. Isso reforça que o Pentecostes não apenas inaugura um novo
tempo para a missão da Igreja, mas também para a sua espiritualidade e culto: o
Espírito forma adoradores cuja boca está cheia do louvor a Deus e cujo coração
está inflamado pelo fogo do céu.
Portanto,
um Pentecostes que não resulta em adoração genuína e centrada em Deus não é o
Pentecostes bíblico. A verdadeira espiritualidade pentecostal é marcada, antes
de tudo, por reverência, gratidão e exaltação ao Senhor — seja por meio de
línguas, salmos, hinos ou cânticos espirituais (Ef.5:18,19). Onde o Espírito é
derramado, o nome de Deus é engrandecido.
2. Poder
para testemunhar
O
derramamento do Espírito Santo no Pentecostes não foi um fim em si mesmo, mas
parte essencial do plano redentivo de Deus para a história. A experiência do
Pentecostes tem um claro vínculo escatológico, como observa Pedro ao citar
Joel: “antes de chegar o grande e glorioso Dia do Senhor” (Atos 2:20). Ou seja,
trata-se de um evento que inaugura os “últimos dias” e posiciona a Igreja
dentro de uma realidade escatológica que aguarda a manifestação final do Reino
de Deus. Porém, essa expectativa não deve gerar uma espiritualidade alienada ou
escapista.
Ao
contrário, o Pentecostes comissiona a Igreja para um engajamento ativo e
poderoso na missão de Deus no mundo. Conforme a promessa de Jesus, o Espírito
Santo é concedido para que os crentes recebam “poder” (gr. dýnamis) para
serem Suas testemunhas (Atos 1:8). Esse poder não é meramente entusiasmo
emocional ou êxtase espiritual, mas capacitação sobrenatural para anunciar,
viver e sofrer pelo Evangelho de Cristo, com ousadia, sabedoria e perseverança
(cf. Atos 4:31,33; 5:29-32).
Nesse
contexto, o Pentecostes revela o caráter missionário e público da fé cristã. O
Espírito Santo foi derramado na cidade, durante uma festa com
peregrinos de todas as nações, e sua primeira consequência foi uma
proclamação clara e corajosa do Evangelho. Não há espaço para uma
espiritualidade individualista ou enclausurada. A plenitude do Espírito leva os
discípulos das casas às ruas, do segredo à pregação, da espera à ação.
Sinopse II: O PROPÓSITO
DO PENTECOSTES BÍBLICO O
Pentecostes, conforme registrado em Atos 2, não foi apenas um marco
histórico, mas um evento com propósitos espirituais profundos e
transformadores para a Igreja. Dois desses propósitos se destacam:
|
III-CARACTERÍSTICAS DO PENTECOSTES BÍBLICO
1. Uma experiência específica
O
Pentecostes, conforme relatado em Atos 2, apresenta-se como uma experiência
espiritual distinta e subsequente à salvação. Os discípulos que receberam o
batismo no Espírito Santo naquele dia já haviam crido em Cristo, recebido o
perdão dos pecados e tinham os nomes escritos nos céus (Lc.10:20). Jesus mesmo
atestou que eles já estavam limpos pela Palavra (João 15:3), o que indica sua
regeneração espiritual. Portanto, os cerca de 120 reunidos no cenáculo não
estavam buscando salvação, mas sim a promessa do Pai (Lc.24:49), a qual Jesus
identificou como sendo o batismo no Espírito Santo (Atos 1:5,8).
Esta
experiência não deve ser confundida com o novo nascimento, pois o próprio
Cristo faz distinção entre nascer do Espírito (João 3:5,6) e ser revestido de
poder do alto (Lc.24:49). O nascimento espiritual insere o crente no Corpo de
Cristo, ao passo que o batismo no Espírito capacita o crente para o serviço
cristão e o testemunho poderoso. Em Atos, esta capacitação é sempre acompanhada
de evidências visíveis, sendo a glossolalia (falar em outras línguas) o sinal
físico inicial dessa experiência (Atos 2:4; 10:44-46; 19:6).
O apóstolo
Pedro, em sua pregação no dia de Pentecostes, ligou diretamente essa
manifestação ao Cristo exaltado: “Exaltado, pois, à destra de Deus, e tendo
recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes
e ouvis” (Atos 2:33). Ou seja, o Pentecostes é fruto direto da glorificação de
Cristo, que, tendo completado a obra da redenção, envia o Espírito à Igreja
como um novo e poderoso agir de Deus nos crentes.
Assim, o
Pentecostes bíblico não é apenas um símbolo, nem uma metáfora da vida cristã em
geral. Ele é uma experiência real, específica, sobrenatural e atual, oferecida
por Cristo ressurreto aos seus discípulos como um revestimento de poder para
que sejam Suas testemunhas até os confins da terra (Atos 1:8). Negar ou
minimizar essa dimensão específica do Pentecostes é reduzir o impacto e o
propósito da promessa feita por Jesus.
2. Uma experiência definida e contínua
O relato
de Atos 2:4 deixa claro que o batismo no Espírito Santo é uma experiência
espiritual definida, marcada por um sinal sobrenatural identificável: o falar
em outras línguas “conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. A natureza
objetiva dessa experiência impede qualquer interpretação puramente subjetiva ou
emocional. O texto bíblico não diz que os discípulos apenas sentiram algo, mas
que algo visível e audível ocorreu — a glossolalia (do grego glossa =
língua e lalein = falar). Esse padrão se repete em outras ocorrências no
livro de Atos (Atos 10:44-46; 19:6), deixando evidente que falar em línguas foi
a evidência física inicial do batismo no Espírito Santo.
No
episódio com Cornélio e sua casa (Atos 10), Pedro e os demais judeus que o
acompanhavam reconheceram que o Espírito Santo havia sido derramado sobre os
gentios porque os ouviram falar em línguas (Atos 10:46). Isso prova que, mesmo
para os apóstolos, o sinal das línguas era indispensável para atestar que
alguém havia sido batizado no Espírito. O critério não foi um sentimento
subjetivo, nem mesmo a manifestação de virtudes como amor, fé ou alegria, mas
um sinal claro, sobrenatural e observável.
Essa
experiência, embora definida, não é isolada. Trata-se de uma vivência contínua
na vida espiritual do crente. O mesmo grupo que foi cheio do Espírito em Atos 2
volta a ser renovado em Atos 4:31. O enchimento do Espírito é, portanto, uma
realidade que pode e deve se repetir, levando o crente a uma vida de constante
dependência, renovação e capacitação espiritual.
O falar em
línguas, como evidência inicial, não substitui a maturidade cristã nem é a
finalidade do batismo, mas é o sinal de que o crente foi revestido de poder do
alto (Lc.24:49). A partir dessa experiência, ele é chamado a viver sob a
plenitude do Espírito (Ef.5:18), permitindo que o Espírito produza frutos em
sua vida (Gl.5:22,23) e o capacite com dons espirituais (1Co.12:7-11).
Dessa
forma, o Pentecostes bíblico não é uma experiência vaga, emocional ou apenas
simbólica, mas uma intervenção real, definida e transformadora do Espírito de
Deus, que inaugura uma nova dimensão de vida e ministério para o cristão.
Como já
foi explicado anteriormente, no contexto do batismo no Espírito Santo, conforme
narrado em Atos dos Apóstolos, o falar em outras línguas aparece como a
evidência física inicial e inconfundível desse revestimento de poder (Atos 2:4;
10:44-46; 19:6). Essa manifestação sobrenatural é o sinal que distingue essa
experiência espiritual de outras operações do Espírito na vida do crente, como
a regeneração ou a santificação. Importante destacar que, segundo o padrão
neotestamentário, essa evidência não é substituída por sentimentos ou virtudes
cristãs.
Embora o
amor seja um elemento essencial da vida cristã, ele não é apresentado nas
Escrituras como o sinal inicial do batismo no Espírito Santo. Em Romanos 5:5,
Paulo afirma que “o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado”, mas aqui o apóstolo está falando da obra do
Espírito na regeneração e no processo de santificação, não do batismo com o
Espírito Santo como experiência distinta. O amor, nesse contexto, é fruto da
presença do Espírito no crente desde a conversão, e não uma evidência do
revestimento pentecostal.
É
importante distinguir entre o sinal inicial do batismo com o Espírito (as
línguas) e as virtudes do Fruto do Espírito (como o amor), que são resultado de
um relacionamento contínuo com Deus e de crescimento na graça (Gl.5:22,23). O
amor não é sinal inicial do batismo, mas é o marco da maturidade espiritual e
da plena submissão ao Espírito Santo.
Por isso,
o falar em línguas no batismo com o Espírito Santo não é um fim em si mesmo,
mas o ponto de partida para uma vida cheia do Espírito, marcada por uma
crescente expressão do amor de Deus, da comunhão fraterna e do serviço cristão.
A Igreja de Corinto, apesar de ter recebido dons espirituais em abundância (1Co.1:7),
foi exortada por Paulo a buscar um caminho mais excelente: o amor (1Co.13:1-13).
Isso mostra que dons espirituais e maturidade cristã não são sinônimos, embora
devam caminhar juntos.
Assim, um
Pentecostes autêntico começa com línguas como sinal inicial, mas se aprofunda
no amor como expressão do caráter de Cristo na vida do crente. O crente cheio
do Espírito fala em línguas, mas também aprende a andar em amor — sinal de que
está amadurecendo espiritualmente à medida que caminha com Deus.
Sinopse III: CARACTERÍSTICAS
DO PENTECOSTES BÍBLICO O
Pentecostes, conforme descrito em Atos 2, é uma experiência espiritual
marcante e transformadora, com três características fundamentais que definem
sua natureza e propósito na vida da Igreja:
|
CONCLUSÃO
A Igreja de Cristo nasceu no Pentecostes como uma comunidade
marcada pela presença poderosa do Espírito Santo, inaugurando um novo tempo no
plano redentor de Deus. Aquilo que foi vivenciado pelos cerca de 120 discípulos
no cenáculo, em Jerusalém, não foi um fenômeno isolado, mas o cumprimento de promessas
proféticas e o ponto de partida de uma obra que alcançaria “até aos confins da
terra” (Atos 1:8).
O Pentecostes bíblico é, portanto, um evento cristocêntrico,
escatológico e eclesiológico. Está fundamentado na obra redentora de Cristo e
se manifesta como uma capacitação sobrenatural para a adoração, o testemunho e
a missão. O Espírito que foi derramado no início da Igreja é o mesmo que ainda
hoje reveste o povo de Deus com poder, conduzindo-o a uma vida de comunhão,
santidade, serviço e proclamação.
Mais do que uma recordação histórica, o Pentecostes continua sendo
uma realidade espiritual atual e indispensável para a Igreja contemporânea. Ele
nos desafia a buscar não apenas a experiência inicial do batismo no Espírito,
com a evidência de falar em línguas, mas também a viver continuamente cheios do
Espírito (Ef.5:18), manifestando o amor de Deus e cumprindo nossa missão neste
mundo até a volta gloriosa de Jesus Cristo.
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave –
Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. CPAD.
Dicionário VINE.CPAD.
O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos.
Hagnos.
Ralph Earle. Livro dos Atos do
Apóstolos.
Myer Pearlman. Atos: Estudo
do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário