“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem
de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo
3:16,17).
Introdução
Celebrar o Dia da Bíblia é reafirmar
nossa confiança na revelação divina e nossa submissão à autoridade das
Escrituras. Não é apenas para lembrar a existência de um Livro Sagrado, mas
para reafirmar nossa fé de que a Bíblia é a Palavra viva de Deus, inspirada,
poderosa e suficiente para formar o caráter do cristão e nos conduzir à
salvação e nos sustentar até a eternidade.
Em um mundo onde muitas vozes
disputam nossa atenção e muitas “verdades” são apresentadas, levantamos hoje a
Bíblia e declaramos: ela continua sendo a nossa única regra de fé e prática.
1. A origem do Dia da Bíblia
O Dia da Bíblia surgiu em 1549, na
Grã-Bretanha, quando o bispo Crammer incluiu no livro de orações do rei Eduardo
VI uma data especial para incentivar a leitura das Escrituras. A data escolhida
foi o segundo domingo do advento, antes do Natal, e desde então esse dia passou
a ser celebrado em diversos países. Atualmente, cerca de 60 nações comemoram o
Dia da Bíblia, embora em alguns lugares a celebração ocorra em setembro, em
referência ao trabalho de Jerônimo na tradução da Vulgata.
No Brasil, a comemoração começou por
volta de 1850 com missionários vindos da Europa e dos Estados Unidos, mas a
liberdade religiosa era restrita, dificultando manifestações públicas. A partir
de 1880, essa liberdade cresceu e o movimento evangélico popularizou o Dia da
Bíblia. Em 1948, a fundação da Sociedade Bíblica do Brasil fortaleceu a
celebração, que foi oficializada pela Lei nº 10.335, de 19 de dezembro de 2001,
estabelecendo o segundo domingo de dezembro como data oficial.
2. A origem da Bíblia
A Bíblia tem sua origem em Deus.
Paulo afirma que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm.3:16). Ela não é
fruto da imaginação humana, mas da revelação divina. Os escritores foram usados
por Deus sem perder sua personalidade, pois “homens santos falaram movidos pelo
Espírito Santo” (2Pd.1:21). As Escrituras nasceram na mente de Deus e foram
comunicadas pelo Seu Espírito, tornando-se a Palavra de Deus. Por isso, a
Bíblia possui autoridade suprema e é a única regra infalível de fé e prática
para o cristão.
3. A Autoridade da Bíblia
A autoridade da Bíblia fundamenta-se
em seu autor: Deus. O selo dessa autoridade aparece em expressões como
"assim diz o SENHOR" (Êx.5:1; Is.7:7); "veio a palavra do
SENHOR" (Jr.1:2); "está escrito" (Mc.1:2). Ante tais
considerações, não temos como deixar de reconhecer que a Bíblia Sagrada é
dotada de autoridade absoluta, isto é, deve ser aceita pela Igreja como única
regra de fé e de prática; ou seja, o crente se quiser ser fiel e obediente ao
seu Criador, deve crer no que a Bíblia diz e fazer exatamente o que ela
determina.
No entanto, apesar disto, não têm
sido poucas as tentativas, ao longo da história, e no meio do povo que se diz cristão,
para descaracterizar esta autoridade absoluta e prioritária que deve ter a
Bíblia Sagrada na vida de um crente.
Ao longo da história de Israel, todos
quantos procuraram se rebelar contra a autoridade da Bíblia Sagrada foram
apresentados como pessoas que se fizeram inimigas de Deus, demonstrando,
claramente, que a desconsideração da autoridade das Escrituras Sagradas é
atentado contra o próprio Deus.
4. A supremacia da Bíblia
A Bíblia é o Livro dos livros:
inspirada por Deus, concebida no céu, nascida na terra, pregada pela Igreja,
perseguida pelo mundo e crida pelos fiéis. É infalível, inerrante e suficiente.
Apesar das críticas e perseguições, permanece firme e vitoriosa. É semente
divina que gera nova vida, água que sacia, pão que alimenta e luz que guia. É
arma de combate e escudo de proteção, mais preciosa que o ouro e mais doce que
o mel. Nenhum outro escrito pode ser colocado ao lado ou acima dela, pois
somente a Palavra de Deus permanece para sempre (Mt.24:35).
5. O poder da Bíblia, a Palavra de Deus
A Palavra é fogo que purifica e
martelo que despedaça (Jr.23:29). É viva e eficaz, mais penetrante que espada
de dois gumes, capaz de discernir pensamentos e intenções do coração (Hb.4:12).
Derruba fortalezas espirituais (2Co.10:4,5), torna sábio para a salvação (2Tm.3:15)
e foi usada por Jesus para vencer Satanás no deserto (Mt.4:4,7,10). Por meio
dela conhecemos a vontade de Deus e a Palavra encarnada: Jesus Cristo (João 1).
6. O propósito da Bíblia
O apóstolo Paulo ensina que desde a
infância Timóteo conhecia as Escrituras, que podem torná-lo sábio para a
salvação pela fé em Cristo - “E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas
letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo
Jesus. Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para
redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus
seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm.3:15-17).
Assim, a Bíblia tem três propósitos principais (Adaptado do Livro 1Timóteo,
escrito pelo Pr. Hernandes Dias Lopes):
a) A Bíblia conduz as pessoas à
salvação – “E que, desde a tua meninice, sabes as
sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação...” (2Tm.3:15).
A Bíblia é essencialmente um manual
de salvação. Seu propósito mais alto não é ensinar fatos da ciência que o homem
pode descobrir por sua investigação experimental, mas ensinar fatos da salvação
que nenhuma exploração humana pode descobrir e somente Deus pode revelar. A
Bíblia Sagrada fala sobre a criação e a queda do homem. Ensinam sobre o juízo
de Deus e também de seu amor redentor.
b) A Bíblia anuncia a salvação por
intermédio de Cristo – “pela fé em Cristo Jesus” (2Tm.3:15b).
A salvação é por meio de Cristo.
No Antigo Testamento, as pessoas eram
salvas pelo Cristo da promessa; no Novo Testamento, elas são salvas pelo Cristo
da história.
No Antigo Testamento, as pessoas
olhavam para frente, para o Cristo que haveria de vir; no Novo Testamento, elas
olham para trás, para o Cristo que já veio.
No Antigo Testamento, as pessoas
creram no Cristo da promessa; no Novo Testamento, as pessoas creram no Cristo
da história.
O Antigo Testamento anuncia a
promessa e a preparação para a chegada de Cristo; os Evangelhos expõem o
nascimento, a vida, o ensino, os milagres, a morte, a ressurreição e a ascensão
de Cristo.
O livro de Atos relata a propagação
do evangelho de Cristo desde Jerusalém até Roma. As epístolas apresentam a
ilimitada glória da Pessoa e da obra de Cristo, aplicando-a à vida do cristão e
da Igreja. O Apocalipse traz a consumada vitória de Cristo e da sua Igreja.
Cristo é o centro da eternidade, da
história e das Escrituras Sagradas; Ele é o Salvador do mundo, o único nome
dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos (Atos 4:12).
c) A Bíblia trata tanto da doutrina
quanto da conduta – “...e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”
(2Tm.3:16b,17).
Pressupõe-se o ensino ou doutrina (o
que é certo); repreensão (o que não é certo); correção (como se tornar certo);
educação na justiça (como permanecer certo).
John N.D. Kelly explica essa passagem
da seguinte forma:
“A Escritura é pastoralmente útil para o ensino, isto é, como fonte
positiva de doutrina cristã; para repreensão, isto é, para refutar o erro e
para reprender o pecado; para a correção, isto é, para convencer os
mal-orientados dos seus erros e colocá-los no caminho certo outra vez; e para a
educação na justiça, isto é, para a educação construtiva na vida cristã”.
Conclusão
Em tempos de confusão espiritual e
relativização da verdade, a Igreja deve reafirmar que a Bíblia Sagrada é a
única regra de fé e prática. Toda experiência espiritual deve ser julgada à luz
das Escrituras (1Co.14:29; João 7:24). Somente aqueles que se apegarem
firmemente à Palavra de Deus permanecerão fiéis até a volta de Cristo ou até a
consumação eterna com o Senhor.
Que o Dia da Bíblia não seja apenas
comemorado, mas vivido diariamente!
Luciano
de Paula Lourenço

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