DESCOBRINDO O NOVO TESTAMENTO
JUDAS E
APOCALIPSE
Texto
Básico: Ap 1:1-4
“Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele
que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso”(Ap 1:8)
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo
panorâmico do Novo Testamento vamos estudar nesta Aula a Epístola de Judas e o
livro de Apocalipse.
Epístola
de Judas
É uma Epístola de poucas linhas,
mas repleta de palavras poderosas de graça celestial. É a última das chamadas
epístolas gerais, ou seja, cartas apostólicas dirigidas à Igreja como um todo.
Judas se dirige para os “chamados”, ou seja, para a Igreja em geral. Devemos
sempre nos lembrar que a salvação é resultado de um interesse e dedicação do
Senhor em relação a nós, um "favor imerecido", isto é, graça de Deus.
O homem jamais pode se vangloriar por ser salvo, pois tudo é resultado de um
chamado de Deus (Tt 2:11; Rm 5:15;João 15:16).
O
Livro de Apocalipse
Este livro é um dos mais belos e
fascinantes da Bíblia. Através dos seus símbolos e figuras, Jesus nos mostra
como serão os últimos dias da humanidade. Mas, Apocalipse não apenas olha
adiante para a consumação futura de todas as coisas e o triunfo de Deus e do
Cordeiro, também fornece um desfecho para os sessenta e cinco livros anteriores
da Bíblia. Quase todas as suas personagens, símbolos, acontecimentos, números,
cores e imagens aparecem anteriormente nas Escrituras. Alguém chamou Apocalipse
apropriadamente de “Estação Central” da Bíblia, já que nele todas as “linhas”
convergem. Que linhas sãos essas? São linhas de pensamento iniciada em Gênesis
e nos livros seguintes. Elas desenvolvem os conceitos do fio escarlate da
redenção, Israel como nação, as nações gentias, a Igreja, Satanás como
adversário do povo de Deus, o anticristo e vários outros.
Chamado equivocadamente desde o
século IV de “Apocalipse de São João”(na verdade, porém, é a “Revelação de
Jesus Cristo”[1:1]), este livro é o ponto culminante necessário da Bíblia, pois
nos mostra qual será o desfecho de todas as coisas. Até mesmo uma leitura
rudimentar funciona como advertência severa aos incrédulos para se arrependerem
e como encorajamento ao povo de Deus para perseverarem!
Ao lermos as palavras de
Apocalipse e nos lembrarmos da graça que nos salvou de tudo o que está por vir
brevemente, nosso coração deve se encher de louvor. É maravilhoso ter a certeza
de vitória e glória finais.
I. JUDAS, LIDANDO COM A APOSTASIA.
O tema central de Judas é a
apostasia. Mesmo em seu tempo, a Igreja do Senhor já enfrentava a infiltração
de falsos religiosos, homens que se faziam passar por servos de Deus. Na
realidade, porém, eram inimigos da cruz de Cristo. O objetivo de Judas é
desmascarar esses traidores e descrever seu destino final.
O apóstata é uma pessoa que
professa ser um cristão verdadeiro, mas que, na realidade, nunca foi
regenerado. Pode ser batizado e participar plenamente de todos os privilégios
de uma congregação, mas depois de algum tempo toma a decisão afrontosa de
abandonar a fé e negar o Salvador. Nega a divindade de Cristo, sua obra
redentora no Calvário, sua ressurreição física ou outras doutrinas
fundamentais.
Não se trata de abandonar a fé,
pois o apóstata nunca foi convertido. Não vê nenhum problema em rejeitar
deliberadamente e conscientemente o único caminho oferecido por Deus para a
salvação. É endurecido na incredulidade e obstinado na oposição ao Cristo de
Deus.
A apostasia não consiste apenas
em negar o Salvador. Pedro, um verdadeiro cristão, cedeu sob a pressão de uma
crise e negou Jesus. Ainda assim, amava ao Senhor verdadeiramente e demonstrou
que sua fé era real por meio do arrependimento e da restauração subsequente.
Judas Iscariotes era apóstata.
Professava ser discípulo, por conviver cerca de três anos com Jesus. Chegou até
servir como tesoureiro do grupo, mas, por fim, revelou sua verdadeira natureza
ao trair o Senhor por trinta moedas de prata.
A apostasia é um pecado que
conduz à morte e está além das responsabilidades de oração do cristão(1João
5:16b). É impossível restaurar um apóstata por meio do arrependimento, uma vez
que ele crucifica para si mesmo o Filho de Deus e o expõe à ignomínia(Hb 6:6,
ARA). Para aqueles que pecam deliberadamente depois de terem recebido o
conhecimento da verdade, “já não resta sacrifício pelos pecados; pelo
contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a
consumir os adversários”(Hb 10:26,27). A apostasia produz efeitos nocivos para
outros e não apenas para o apóstata (cf Hb 12:15).
1.
Autoria e contexto histórico. O autor da Epístola se intitula
como sendo "o irmão de Tiago" (Jd.1), entendendo-se que o Tiago a que
se refere é o líder da igreja em Jerusalém, ou seja, o irmão do Senhor(Gl 1:19,
At 15:13). Deste modo, Judas é, também, irmão de Jesus (cf.Mc 6:3).
A humildade de Judas deve ser
ressaltada, pois, provavelmente por não ter crido em seu meio-irmão como o
Salvador do mundo (cf.João 7:5) até a ressurreição, entendia não ser
digno de se identificar como irmão de Jesus, limitando-se a dizer que era irmão
de Tiago, líder da igreja em Jerusalém (Jd.1). Este exemplo deve ser seguido
pelos crentes, pois o principal título que devemos ostentar é o de "servo
de Jesus Cristo", devendo sempre ter a mesma atitude daquele que o próprio
Jesus testificou ser o maior de todos os homens, João Batista, cuja grandeza se
encontra, precisamente, na sua humildade :" convém que Ele cresça e que eu
diminua"(João 3:30).
Judas se converteu apenas após a
ressurreição de Jesus, provavelmente como consequência da aparição do Senhor a
Tiago(1Co 15:7), tendo sido batizado com o Espírito Santo no dia de
Pentecostes(At 1:14).
Judas tencionava escrever algo sobre a salvação dos
cristãos, provavelmente um ensino a respeito da vida cristã, mas acabou
impulsionado pelo Espírito Santo a escrever uma apologia, ou seja, um discurso
de defesa da fé cristã, contra os falsos mestres que ameaçavam a Igreja já no
seu tempo(Jd.3).
A igreja tem uma dívida eterna para com Judas pela bênção magnífica com a qual ele encerra a sua Epístola(Jd 20-25). Ainda que breve, a Epístola de Judas é essencial em nosso tempo de apostasia crescente.
A igreja tem uma dívida eterna para com Judas pela bênção magnífica com a qual ele encerra a sua Epístola(Jd 20-25). Ainda que breve, a Epístola de Judas é essencial em nosso tempo de apostasia crescente.
2.
Conteúdo. Assim como Lucas iniciou a história cristã com “Atos dos
Apóstolos”, Judas foi escolhido para escrever o penúltimo livro do Novo
Testamento, que poderia ser chamado, apropriadamente, de “Atos dos Apóstatas”.
Judas teria preferido escrever sobre a fé cristã compartilhada por ele e seus
leitores, mas os falsos ensinamentos se difundiram de tal modo que ele se viu
compelido a redigir uma exortação para batalharem “diligentemente, pela fé que
uma vez por todas foi entregue aos santos”.
O alvo da Epístola de Judas é
alertar sobre o perigo das heresias gnósticas que nuveavam a igreja de então.
Judas apresenta um texto muito semelhante à Segunda Epístola de Pedro,
preocupando-se em dissipar os ensinamentos do gnosticismo libertino, doutrina
que ensinava que a matéria é má em si mesma e que só deve prevalecer o
espírito, algo muito próximo ao ensinamento contemporâneo de que "Deus só
quer o coração".
Judas fala com total franqueza e não mede esforços para
desmascarar esses famigerados hereges. Emprega ilustrações da natureza, do
Antigo Testamento e da tradição judaica(Enoque) para encorajar os fiéis.
“Os gnósticos, contra os quais
foi escrito este livro, criam no deísmo, o qual pode ser contrastado com o
teísmo. O deísmo ensina que, apesar de existir um poder divino ou cósmico, que
a tudo criou, esse poder ou pessoa não mantém interesse pessoal por sua
criação, não galardoando nem castigando, nem fazendo intervenções na vida da
humanidade. Deus, de acordo com essa definição, está divorciado de Sua criação.
O teísmo, em contraposição a isso, ensina que Deus criou e até agora continua
presente em Seu universo. Deus recompensa ao bem e pune ao mal, fazendo
intervenções na história humana. Para que alguém seja 'amado por Deus', como é
óbvio, torna-se necessário que exista um Deus concebido aos moldes teístas..."
(R. N. CHAMPLIN, NTI, v.6, p.329). É interessante notar que, neste particular,
os conceitos gnósticos se assemelham aos da Maçonaria.
Judas, nesta sua apologia, após
apresentar o aparecimento dos falsos mestres na Igreja(Jd.4), traz sete
ilustrações das Escrituras a respeito deles, demonstrando qual é o fim deste
tipo de gente, a saber: a rebelião da geração israelita do êxodo, a rebelião
dos anjos, o juízo sobre Sodoma e Gomorra, a postura do arcanjo Miguel, Caim,
Balaão e Coré(Jd.5-11).
Em seguida, Judas apresenta doze características dos falsos
mestres: manchas nas festas dos cristãos; nuvens sem água; árvores murchas,
infrutíferas e mortas; ondas impetuosas do mar; estrelas errantes;
murmuradores; arrogantes; interesseiros; escarnecedores; divisionistas;
sensuais; pessoas sem o Espírito(Jd.12-19).
Judas, então, faz uma exortação
aos crentes diante destes falsos mestres, com sete recomendações: edificação
sobre a fé, oração no Espírito, autoconservação no amor de Deus, esperança na
misericórdia de Jesus Cristo para a vida eterna, piedade para com o irmão
duvidoso, misericórdia para salvação de alguns do fogo, aborrecimento até da
roupa manchada da carne(Jd.20-23).
A atualidade da epístola de Judas
se encontra, precisamente, neste ponto, pois, atualmente, muitos são os que têm
acrescentado, diminuído e distorcido os ensinamentos das Escrituras, gerando um
sem-número de falsos ensinamentos que têm contaminado sobremaneira a vida espiritual
de muitos crentes.
Judas encerra sua carta lembrando
os irmãos da necessidade de uma vida livre de tropeços e com apresentação
irrepreensível, com alegria, em virtude do poder de Deus, que é o único Senhor
e dominador de todas as coisas(Jd.24,25).
II. APOCALIPSE, O CRISTO VITORIOSO
1. Autoria e Contexto histórico. O autor se identifica como João(Ap
1:1,4,9;22:8). Era bem conhecido entre as igrejas da Ásia Menor(Ap 1:9). Já no
século II d.C., Justino Mártir, Irineu e outros identificaram o autor como
sendo o apóstolo João. O livro possui plena autoridade divina (Ap 22:18,19).
Apocalipse foi escrito durante
uma época de perseguição, durante o reinado do imperador Domiciano(81-96 d.C).
A maior parte dos estudiosos concorda com uma data em torno de 95 d.C.
O imperador Domiciano, que
arrogou para si o título de Senhor e Deus, baniu João para a Ilha de Patmos.
Mas ao mesmo tempo em que se achava fisicamente em Patmos, achou-se também em
espírito e Deus abriu-lhe o céu e revelou-lhe as coisas que em breve devem
acontecer.
Num tempo em que a igreja estava
sendo massacrada e pisada, perseguida e torturada, João recebe a revelação de
que o Noivo da Igreja, o Senhor absoluto dos céus e da terra, está no total
controle da igreja e da história (Ap 1:13; 5:5). Roma pôde banir João para uma
ilha solitária, mas não pôde impedir que ele veja o céu aberto. Roma pôde
impedir que João se relacione com as pessoas, mas não pôde impedir que ele
entre na sala do trono do universo para estar na presença do Deus Todo-Poderoso.
Deus usa seus instrumentos de forma incomum. Ele transforma tragédias em
triunfo.
O Livro é dirigido a sete igrejas
da Ásia Menor(1:4,11), uma área que, atualmente, é parte da Turquia ocidental.
Cada igreja recebe repreensões e encorajamentos de acordo com a sua condição
(Ap 2:1-3:22). Houve muita perseguição sobre alguns cristãos (Ap 1:9; 2:9,13) e
haveria mais pela frente (Ap 2:10;13:7-10). Oficiais romanos tentariam forçar
os cristãos a adorar ao imperador. Ensinamentos heréticos e fervor decrescente
tentariam os cristãos para que se envolvessem com a sociedade pagã (Ap
2:2,4,14,15,20-24; 3:1,2,15,17). O Livro assegura aos cristãos que Cristo
conhece as suas condições e que Ele os chama para permanecerem firmes contra
todas as tentações. A vitória dos cristãos já foi assegurada pelo sangue do
Cordeiro(Ap 5:9,10; 12:11). Cristo virá em breve para derrotar Satanás e todos
os seus agentes (Ap 19:11-20:10), e o povo de Cristo desfrutará da paz eterna
em sua presença (Ap 7:15-17; 21:3,4).
2. Tema
do Apocalipse. O tema do livro de Apocalipse é a vitória de Cristo
e de sua Igreja sobre Satanás e seus seguidores (Ap 17:14). A intenção do livro
é mostrar que as coisas não são como parecem ser. O diabo, o mundo, o
anticristo, o falso profeta e todos os ímpios perecerão, mas a Igreja, a Noiva
do Cordeiro, triunfará. Cristo é sempre apresentado como vencedor e
conquistador (Ap 1:18; 5:9-14; 6:2; 11:15; 19:9-11; 14:1,14; 15:2-4; 19:16;
20:4; 22:3). Jesus triunfa sobre a morte, o inferno, o dragão, a besta, o falso
profeta, a Babilônia e os ímpios.
A igreja perseguida ao longo dos
séculos, mesmo suportando martírio, é vencedora (Ap 7:14; 22:14; 15:2). Os
juízos de Deus mandados para a terra são uma resposta dEle às orações dos
santos (Ap 8:3-5).
3.
Divisões do Apocalipse. O livro de Apocalipse é dirigido às sete igrejas da
Ásia (Ap 1:4) e está dividido em três partes principais, contemplando passado,
presente e futuro (Ap 1:19):
a) As
coisas que João viu - “escreve as coisas que tens visto”: A visão
na qual Cristo aparece como Juiz das Igrejas (Ap 1:9-20).
b) As
coisas que são – “e as que são”: as cartas enviadas por Jesus,
por intermédio de João, às sete igrejas da Ásia Menor (caps. 2 e 3).
c) As
coisas que hão de acontecer depois destas – “e as que
depois destas hão de acontecer”: Um esboço dos acontecimentos
que ocorrerão antes e depois da vinda de Cristo à Terra - a ascensão do
Anticristo, a Grande Tribulação, o Milênio, o Julgamento Final e a inauguração
da Jerusalém Eterna e Celeste(caps 4-22).
A seguir,
uma forma simples de memorizar o conteúdo da terceira parte do livro:
c.1) Os
capítulos 4 a 19 descrevem a grande tribulação, um período de sete anos durante
o qual Deus julgará a nação incrédula de Israel, bem como os gentios
incrédulos. Esses julgamentos são representados pelas imagens de:
Ø
sete selos;
Ø
sete trombetas;
Ø
sete taças.
c.2) Os
capítulos 20 a 22 tratam da segunda fase da segunda vinda de Cristo, de seu
reino na Terra, do julgamento diante do Grande Trono Branco e do Estado Eterno.
No
período da Grande Tribulação, o sétimo selo contém as sete trombetas. A sétima
trombeta contém as sete taças de julgamento. À medida que a narrativa se
desdobra, porém, ocorrem interrupções frequentes que nos apresentam várias
personalidades e acontecimentos relevantes do período da Grande Tribulação.
Alguns autores chamam essas interrupções de parênteses ou inserções. Os
parênteses mais importantes são:
·
Os cento e quarenta e quatro mil santos judeus selados (Ao
7:1-8).
·
Os cristãos desse período (At 7:9-17).
·
O anjo forte com o livrinho (Ap 10).
·
As duas testemunhas (Ap 11:312).
·
Israel e o dragão (Ap 12).
·
As duas bestas (Ap 13).
·
Os cento e quarenta e quatro mil com Cristo no monte
Sião(Ap 14:1-5).
·
O anjo com o evangelho eterno (Ap 14:6,7).
·
Anúncio preliminar da queda da Babilônia (Ap 14:8).
·
Advertência aos adoradores da besta (Ap 14:9-12).
·
A ceifa e a vindima (Ap 14:14-20).
·
A destruição da Babilônia (Ap 17:1-19:3).
Grande
parte da linguagem de Apocalipse é simbólica. Números, cores, bestas, estrelas,
candeeiros, pedras preciosas e outros minerais são usados para representar
pessoas, coisas ou verdades. Felizmente, alguns desses símbolos são explicados
de forma clara no próprio livro. As sete estrelas, por exemplo, são os anjos
(pastores dirigentes) das sete igrejas (Ap 1:20); o grande dragão branco é o
diabo (Ap 12:9). Indicações do significado de outros símbolos podem ser
encontradas em passagens anteriores da Bíblia. Os quatro seres viventes (Ap
4:6) são quase idênticos aos quatro seres viventes de Ezequiel 1:5-14. Em
Ezequiel 10:20, são identificados como querubins. O leopardo, o urso e o leão
(Ap 13:2) trazem à memória Daniel 7, onde esses animais selvagens se referem
aos impérios da Grécia, Pérsia e Babilônia, respectivamente. Outros símbolos
não são explicados claramente nas Escrituras, e devemos usar de grande cautela
ao procurar interpretá-los.
Ao
estudarmos Apocalipse, precisamos ter sempre em mente a distinção entre a
Igreja e Israel. A Igreja é um povo celestial, abençoado com bênçãos
espirituais e chamado a participar da glória de Cristo como sua noiva. Israel é
o povo antigo e terreno de Deus, ao qual ele prometeu a terra de Israel e um
reino terreno literal sob o governo do Messias. A Igreja verdadeira é
mencionada nos três primeiros capítulos, mas só volta a aparecer nas Bodas do
Cordeiro em Ap 19:6-10. O período da Grande Tribulação (Ap 4:1-19:5) é,
primordialmente, de caráter judaico.
4. Generalidades. De todos
os livros da Bíblia, Apocalipse tem a maior visão panorâmica da história e do
controle máximo que Deus tem sobre ela. As coisas podem ficar difíceis, mas
Deus sabe o que está fazendo e está nos guiando a uma Nova Jerusalém onde
enxugará nossas lágrimas e onde habitaremos com Ele para sempre.
Apocalipse é um livro aberto em que Deus revela seus planos
e propósitos para a sua Igreja. Ele não é a revelação apenas das últimas
coisas, mas sobretudo da saga do Cristo vencedor. Este livro majestoso fala não
tanto de fatos escatológicos, mas da Pessoa gloriosa de Cristo. Apocalipse é
fundamentalmente a revelação de Jesus Cristo(Ap 1:1), e não apenas de eventos
futuros. Você não pode divorciar a profecia da Pessoa de Jesus.
Apocalipse é também um livro
prático e não apenas para transmitir informações sobre o futuro. Ele foi dado
para ajudar o povo de Deus no presente. Ele contém muitas exortações à fé,
paciência, obediência, oração e vigilância.
Cristo veio ao mundo para revelar
o Pai(João 17:6). No Apocalipse é o Pai quem revela a Jesus(Ap1:1). E como O
revela? Como o servo lavando os pés dos discípulos? Como uma ovelha muda que
vai para o matadouro? Como aquele de quem os homens escondem o rosto? Como
aquele que está pregado na cruz, com o rosto cheio de sangue? Como aquele que
tem as mãos atadas e os pés pregados na cruz? Absolutamente não!
A revelação de Jesus Cristo pelo Pai
é de um Ser glorioso: Seus cabelos não estão cheios de sangue, mas são alvos
como a neve. Seus olhos não estão inchados, mas são como chama de fogo. Seus
pés não estão pregados na cruz, mas soa semelhantes ao bronze polido. Sua voz
não está rouca por causa da língua que está colada ao céu da boca, por
atordoante sede, mas é voz como voz de muitas águas. Suas mãos não estão cheias
de pregos, mas Ele segura a Igreja e a história em Suas onipotentes mãos. Seu
rosto não está desfigurado, mas brilha como o sol.
O objetivo do livro do Apocalipse
não é nos dar uma tabela do tempo do fim, mas nos revelar o Noivo glorioso da
Igreja, o supremo conquistador. A Igreja precisa olhar para a supremacia do seu
Senhor. Durante a sua primeira vinda, a glória de Cristo estava encoberta. Ele
viveu se esvaziando da Sua glória. Mas na sua segunda vinda, sua glória será
auto-evidente (cf Mc 14:61,62; Ap 1:7).
O
Apocalipse é um livro de esperança. O apóstolo João, testemunha ocular de
Jesus, proclamou que o Senhor vitorioso iria, com toda certeza, retornar para
defender os justos e julgar os pecadores. Mas o Apocalipse também é um livro de
advertências e consolações. O seu estudo incentiva-nos à santidade, encoraja-nos
no sofrimento e nos leva a adorar Àquele que está no trono (2Pe 3:12). Encha-se
de Esperança sabendo que Deus está no controle de tudo e que a vitória de
Cristo está assegurada. Todos os que confiam nEle serão salvos.
5.
Escolas de Interpretação. Há três escolas principais de
interpretação do Livro de Apocalipse: a interpretação preterista, histórica e a
interpretação futurista.
a) Preterista. Segundo
essa escola, tudo o que é profetizado no livro de Apocalipse já aconteceu. Eles
pensam que o cumprimento ocorreu na queda de Jerusalém(isto se Apocalipse foi
escrito em 67 a 68 d.C.), na queda do império Romano, ou em ambos. Portanto,
segundo essa escola de interpretação, o Livro de Apocalipse não tem nenhuma
significação profética para o futuro. Simplesmente trata-se de um vívido quadro
dp conflito que a Igreja teve contra o poder ímpio de Roma.
Esta linha de interpretação é deficiente porque não explica
muitos eventos vistos por João, que ainda não ocorreram, tais como a “Grande
Tribulação” e o Reino de Cristo em companhia dos mártires (Ap 20:4-6).
b) Histórica. Esta interpretação
toma como base que os fatos que João descrevia tinham lugar durante a história
da igreja e insinua que todos os fatos já teriam acontecido quando olhamos para
trás na história da humanidade. Obviamente, seria muito difícil encaixar todas
as profecias do livro de Apocalipse em fatos históricos que já aconteceram.
Esse método é extremamente amplo,
podendo levar a diversas interpretações acerca dos símbolos e dos cumprimentos
proféticos. O livro poderia fazer alusão a muitos acontecimentos, como as
invasões bárbaras, o surgimento e a expansão do Islã, as pestes que ocorreram
na Europa medieval, a Reforma Protestante, a Revolução Francesa e até as
Grandes Guerras do século XX.
Uma linha de interpretação historicista que se tornou muito
comum é a que identifica, na besta, o papado e, no falso profeta, a Igreja
Romana. Por muito tempo o método historicista foi o predominante no meio
protestante. Simplesmente, isto faz com que esta interpretação não tenha
fundamento.
c) Futurista. Esta interpretação coloca
as profecias do livro de Apocalipse como fatos que ainda não se cumpriram. Tais
profecias começam no capítulo 4 em diante. Esta interpretação foi a mesma que a
igreja primitiva usou durante sua história evangelística, desde o momento dos
apóstolos que estavam com Jesus Cristo até o século IV. Esta interpretação toma
como regra o sentido literal das profecias. Esta é a única interpretação
considerada aceitável para o livro do Apocalipse.
Esta
escola de interpretação, aceita pela maioria dos crentes, permite que as
profecias do Apocalipse se harmonizem com outras profecias da Bíblia. Aqueles
que a defendem podem mostrar que as previsões do Apocalipse cumprem ou
enriquecem o significado de profecias anteriores. Por exemplo, em Daniel 7:13 e
Atos 1:11, lemos que Jesus voltará a Terra. Além disso, esta escola de
interpretação mostra-nos que a visão de João sobre a vinda de Cristo, a
ressurreição dos mortos e a separação final entre salvos e perdidos não
representam apenas ideias, mas retratam eventos verdadeiros.
É válido ressaltar que as cartas
às sete igrejas da Ásia(Ap 2-3) não aludem a períodos da História da Igreja,
pois nelas se mencionam lugares e pessoas que realmente existiram. Contudo,
apesar de não sermos os destinatários originais dessas cartas, boa parte do que
foi dito por Jesus àquelas igrejas é extensivo a nós: “Quem tem ouvidos ouça
o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2:7,11,17,29; 3:6,13,22; 13:9). A
igreja nascente começou com os doze discípulos do Senhor Jesus, que ouviram
ensinamentos que, em sua maioria, são válidos para hoje (Mt 5:7,24,25; João
13:17). Nós somos a continuação da igreja primitiva.
CONCLUSÃO
Com esta Aula concluímos o estudo panorâmico do Novo
Testamento. Através destes estudos fomos conscientizados de que este compêndio
doutrinário é a mensagem divina para a Igreja. É o Novo Concerto que Deus
estabeleceu com o homem por meio de Jesus Cristo. O Novo Testamento revela-nos
como Deus nos salvou da perdição eterna; diz-nos como podermos ser conduzidos
ao seu reino através de Cristo, experimentando o seu poder em nossa vida
diária. Nele é descrito o retorno glorioso de nosso Salvador e o maravilhoso
destino que Ele estabeleceu para nós.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof.
EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Panorama do Novo Testamento – ICI, São
Paulo, 2008).
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo
Testamento).
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
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