2º Trimestre/2015
Texto Base: Lucas 22:7-20
“Alimpai-vos, pois, do fermento velho,
para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo,
nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co 5:7).
INTRODUÇÃO
Na última Ceia de Páscoa foi instituída a
Ceia do Senhor Jesus. Esta é a lembrança contínua da Sua entrega por nós. A
morte de Jesus significa a completa demonstração do interesse divino em ter
novamente comunhão conosco. A Ceia do Senhor aponta para o passado (1Co 11:23-25)
e ali vemos a cruz de Cristo e seu sacrifício vicário em nosso favor, mas ela
também aponta para o futuro (1Co11:26) e ali vemos o Céu, a festa das Bodas do
Cordeiro (Ap 19:9), quando Ele vai nos receber como Anfitrião para o grande
banquete celestial. Jesus Cristo será o centro do banquete que Deus Pai vai
oferecer (Ap 2:7).
I. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA ÚLTIMA
CEIA
A Páscoa era uma festa fundamental para o
povo de Deus. Por isso, Lucas 22:7 destaca: ”Chegou o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava comemorar a
Páscoa”. Essa festa era obrigatória e marcava a memória com a lembrança da
libertação da escravidão no Egito para uma vida nova e livre (Ex 12).
1.
A instituição da páscoa judaica. A Páscoa judaica foi
instituída na noite da libertação do povo hebreu do Egito. A primeira Páscoa foi celebrada no final do dia 14 do mês de
Abibe, aproximadamente no ano de 1445 a.C. Dali em diante deveria ser celebrada
anualmente (Êx 12:17-24). A Páscoa instituída por Yahweh no Egito foi acompanhada
por leis que regiam a sua observância.
A palavra Páscoa é derivada do verbo
hebraico Pesah, que significa “passar
por cima”. Esse nome surgiu em face
do registro bíblico de que o anjo da morte, ou anjo destruidor, passou por
sobre as casas marcadas com o sangue do cordeiro pascal, quando ele matou os
primogênitos do Egito - “E aquele sangue
vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por
cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a
terra do Egito” (Êx 12:23). O cordeiro foi imolado e seu sangue aspergido
no batente das portas. De igual modo, Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi
imolado. Isto tem a ver com nossa redenção.
O nome hebraico do mês que aconteceu a
primeira Páscoa é Abibe, que significa
“espigas verdes”, que corresponde a março-abril em nosso calendário. Durante o
Exílio babilônico foi substituído pelo nome Nisã
que significa “começo, abertura” (Ne 2:1).
2.
Contexto histórico da Páscoa. Deus disse a Abraão que
sua descendência seria peregrina, sob servidão e aflição, durante 430 anos (Gn
15:13-16; Ex 12:40,41). A peregrinação no Egito começou com a ida de Jacó e
seus filhos. Um dos filhos de Jacó, José, tornou-se governador do Egito, e,
durante o seu governo os hebreus não sofreram nenhum tipo de agravo ou
sofrimento. Mas, “depois do falecimento
de José e de seus irmãos e de toda aquela geração, levantou-se um novo rei
sobre o Egito, que não conhecera a José” (Êx 1:6-8). A partir de então os
egípcios começaram a afligir os israelitas, e a tratá-los com dureza (Êx
1:11-14). Quando os sofrimentos dos filhos de Israel estavam sendo
insuportáveis, então clamaram ao Seu Deus, e os seus clamores subiram aos céus
por causa de sua servidão (Êx 2:23). Deus interveio em favor de Seu povo, chamando
Moisés, que após 40 anos de preparo no deserto apascentando ovelhas, foi
enviado diante de Faraó para que começasse a libertação do Seu povo do Egito.
Em obediência ao chamado de Deus, Moisés compareceu perante Faraó e lhe
transmitiu a ordem divina: “Deixa ir o
meu povo, para que me celebre uma festa no deserto” (Êx 5:1). Para
conscientizar Faraó da seriedade dessa mensagem da parte de Deus, Moisés,
mediante o poder de Deus, invocou pragas como julgamento contra o Egito. No
decorrer de várias dessas pragas, Faraó concordava em deixar o povo ir, mas a
seguir, voltava atrás, uma vez a praga suspendida. Soou a hora da décima e
derradeira praga, aquela que não deixava aos egípcios nenhuma alternativa senão
a de libertar os israelitas. Deus disse a Moisés: “À meia-noite eu sairei pelo meio do Egito; e todo o primogênito na
terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta com ele
sobre o seu trono, até ao primogênito da serva que está detrás da mó, e todo
primogênito dos animais. E haverá grande clamor em toda a terra do Egito, qual
nunca houve semelhante e nunca haverá” (Êx 11:4-6).
Visto que os israelitas também habitavam no
Egito, como podiam escapar do anjo destruidor? O Senhor Deus emitiu uma ordem
específica ao Seu povo; a obediência a esta ordem traria a proteção divina a
cada família dos hebreus, com seus respectivos primogênitos. Cada família tinha
que tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito e sacrificá-lo ao
entardecer do dia 14 de Abibe; famílias menores podiam repartir um único
cordeiro entre si (Êx 12:3-6). O sangue do cordeiro sacrificado devia ser
aspergido nas duas ombreiras e na verga da porta de suas casas. Quando o Anjo
passasse, passaria por cima daquelas casas que tivessem o sangue aspergido
conforme ordenado (daí o termo Páscoa, do hebraico pesah, que significa “pular
além da marca”, “passar por cima”, dando a ideia de poupar, de proteger (Êx 12:13)).
Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da
condenação à morte executada contra os primogênitos egípcios.
3.
O ritual da páscoa judaica. O registro bíblico nos mostra que a Páscoa era uma cerimônia familiar -“Falai a toda a congregação de Israel,
dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas
dos pais, um cordeiro para cada família” (Êx 12:3). Não podia ser um
animal de qualquer idade. Cada família devia escolher um cordeiro ou cabrito sem defeito, sem mácula, com a idade de
“um ano” (Êx 12:5).
O cordeiro era levado para dentro de casa no
dia 10 de Abibe, e mantido ali até o dia 14 do mesmo mês. Período durante o
qual era observado pela família que iria sacrificá-lo. Caso não possuísse algum
defeito, o animal era então sacrificado (Êx 12:3,6).
O cordeiro (ou cabrito) após ser imolado, o
seu sangue era aspergido com um molho de hissopo nas ombreiras (partes
verticais da porta) e na verga da porta (parte horizontal sobre as ombreiras)
da casa em que comeriam o cordeiro (Êx 12:7,22). O sangue nas ombreiras e na
verga da porta era o sinal que identificava a casa dos hebreus dos egípcios. O Senhor
Deus havia falado a Moisés, seu servo em Êxodo 12:12,13: “E eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito
na terra do Egito, desde os homens até os animais; e sobre todos os deuses do
Egito farei juízos. Eu sou Deus. E aquele sangue vos será por sinal nas casas
em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá
entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito”.
Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele
não tivesse outra forma de distinguir os israelitas dos egípcios, mas porque
queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção pelo
sangue, preparando-o para o advento do “Cordeiro de Deus”, que séculos mais
tarde tiraria o pecado do mundo (João 1:29).
A morte dos primogênitos era um desafio
consumado em juízo sobre os falsos deuses egípcios. Porque quase todos os
deuses do Egito eram semelhantes a algum animal, com feições humanas. Logo, a
morte do primogênito de cada tipo de animal mostraria a falibilidade e a
impotência das divindades pagãs que haveriam de protegê-los.
O cordeiro (ou cabrito) era abatido,
esfolado (isto é, tirava-se a pele), suas partes internas eram tiradas e assim
eram limpas e depois recolocadas no lugar, daí então o cordeiro era assado
inteiro, com a cabeça, as pernas e a fressura (Êx 12:9). O animal tinha que
estar bem assado, nada cru, e sem que lhe quebrasse nenhum osso (Êx 12:46; Nm 9:12).
Após a carne ser assada no fogo, era comida pela família com pães asmos e ervas
amargas (alfaces bravas, etc. - Êx 12:8). Cada um dos componentes desta
celebração tinha um sentido literal e espiritual, que Deus tinha em mente
transmitir não somente aos filhos de Israel, como a seus descendentes (Êx
12:24-27).
A
Ceia Pascal devia ser comida pelos membros de cada família.
Se a família fosse pequena demais para comer o cordeiro, chamavam-se os seus
vizinhos mais próximos até que houvesse número suficiente para comer o cordeiro
todo naquela noite (Êx 12:4,8). Quaisquer sobras de carne deviam ser queimadas
antes do amanhecer (Êx 12:10). De
acordo com a tradição judaica, família pequena significava aquela com menos de
dez pessoas. Eles deviam calcular quanto cada um poderia comer e assim
determinar se deviam se reunir com alguma outra família (Êx 12:4). Depois
da construção do Templo, Deus ordenou que a celebração da Páscoa e o sacrifício
do cordeiro fossem realizados em Jerusalém (Dt 16:1-6).
Na
Páscoa realizada no Egito, a cabeça da família foi o responsável
para abater o cordeiro (ou cabrito) em cada casa, e todos deviam permanecer
dentro da casa até o amanhecer para que não fossem mortos pelo anjo da punição
e da destruição (Êx 12:22,23). Os participantes comeram em pé, e com os lombos
cingidos (vestidos), com o cajado na mão, com as sandálias nos pés, e que
comessem apressadamente para que estivessem prontos para uma longa jornada. À
meia-noite (como Deus havia dito a Moisés), todos os primogênitos dos egípcios
foram mortos, mas o anjo passou por alto as casas em que o sangue havia sido
aspergido (Êx 12:11,23). Toda família egípcia em que havia um varão primogênito
foi atingida, desde a casa do próprio Faraó até os primogênitos dos
prisioneiros, e assim, o Senhor Deus executou o seu juízo sobre os egípcios.
O âmago do evento da Páscoa é a graça
salvadora de Deus. Deus tirou os israelitas do Egito, não
porque eles eram um povo merecedor, mas porque Ele os amou e porque Ele era
fiel ao seu concerto (Dt 7:7-10). Semelhantemente, a salvação que recebemos de
Cristo nos vem através da maravilhosa graça de Deus (Ef 2:8-10; Tt 3:4,5).
II. A CELEBRAÇÃO DA ÚLTIMA CEIA
1. A preparação (Lc 22:7-13). Os
preparativos para a refeição da última páscoa de Jesus com os seus discípulos
foram muito mais solenes do que as comemorações anteriores, porque tinham por
objetivo marcar profundamente o dia em que foi celebrada a grande Páscoa para
toda a humanidade, por toda a história. É a chamada Páscoa eficaz. Desse dia em
diante todo regime de escravidão do pecado estaria derrotado. Trata-se,
portanto, de caminhar para uma nova vida presenteada por Deus.
Segundo
Leon L. Morris, a
páscoa não era apenas mais uma refeição, mas, sim, uma festa muitíssimo
importante. Devia ser comida em posição reclinada, e havia exigências tais como
a inclusão de ervas amargas na refeição. Destarte, uma quantidade considerável
de preparação era necessária. A refeição não era solitária, mas, sim, era
comida em grupos que usualmente consistiam de dez a vinte pessoas.
Jesus encarregou Pedro e João de fazer os
preparativos necessários para o pequeno grupo (somente Lucas dá os nomes deles
aqui). Não é contrário à razão terem perguntado onde seria - “E eles lhe perguntaram: Onde queres que a
preparemos?”(Lc 22:9). Eram galileus, e precisariam de orientação quanto ao
lugar aonde seria preparada a Páscoa. E nessa agitação efervescente por causa
da festa havia poucos lugares livres, a despeito da tradicional disposição dos
jerusalemitas de tornar disponíveis acomodações sem nada cobrarem.
E Jesus disse a Pedro e João que eles
deveriam procurar um homem com um cântaro de água – “Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem levando um
cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar” (Lc 22:10). Encontrar
um homem levando um cântaro seria um fato distintivo, pois somente as mulheres
usualmente carregavam cântaros de água (os homens carregavam odres de água). Os
discípulos haveriam de dizer certas palavras ao dono da casa: “O mestre te diz: Onde está o aposento em que
hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? Então, ele vos mostrará um grande
cenáculo mobilado; aí fazei os preparativos”
(Lc 22:11,12). “Grande cenáculo”
significava um espaçoso ambiente mobiliado, provavelmente havia sofás prontos
com cobertas estendidas sobre eles. “Os hospedeiros costumavam oferecer suas
casas durante a festa, em troca das peles de animais e utensílios usados para a
refeição. O preparo da Páscoa incluiria a busca de fermento na casa e o preparo
dos vários elementos da refeição”. Eles seguiram as instruções e prepararam a
refeição de Páscoa.
2.
A celebração e a substituição. Lucas 22:19-23 quis
mostrar que a Ceia cristã substituiu a Páscoa judaica, assumindo o significado
que a Páscoa possuía e levando esse significado ao máximo. Dessa forma, a Ceia
do Senhor assumiu um significado universal, e a libertação que ela proporciona
não é só a de Israel das mãos opressoras do Egito, mas a libertação total e
para todos os povos. É importante conhecermos os detalhes de como Jesus modificou
a Páscoa judaica transformando-a num memorial:
a) A Páscoa
judaica celebrava o fato de Deus ter libertado o seu povo do cativeiro egípcio;
a Ceia do Senhor celebra o fato de Deus nos ter libertado da escravidão do
pecado.
b) O cordeiro sacrifical da Páscoa judaica
aplacou o anjo da morte; o Pão da Ceia significa o corpo de Cristo, partido na
condenação do nosso pecado.
c) O vinho da Páscoa judaica simbolizava o
sangue do cordeiro nas portas; o vinho da Ceia do Senhor simboliza o sangue de
Cristo dado por nós. A sua morte é que nos compra a vida eterna.
d) A Páscoa judaica representava a antiga
aliança de Deus com o seu povo; a Ceia do Senhor nos lembra da sua Nova Aliança.
Através de todos esses detalhes,
reconhecemos o valor que devemos dar à Ceia do Senhor. O cordeiro pascal foi
substituído na Ceia cristã pelo pão, e o sangue do cordeiro pelo vinho, símbolo
do sangue de Jesus. Então, podemos definir qual é o significado da Ceia do
Senhor: ela simboliza o supremo dom do amor de Deus em Jesus, que entregou seu
próprio corpo e derramou seu sangue em nosso lugar para nos perdoar os pecados.
Mas é válido lembrar que o traidor também
estava participando dessa celebração: ”todavia,
a mão do traidor está comigo à mesa” (Lc 22:21). Quem era ele? Jesus sabia,
mas não contou. Lucas 22:23 diz que a ansiedade tomou conta de todos os que
participavam daquele momento. “Serei eu? Será você? Quem vai trair Jesus e o
evangelho?”, indagaram os discípulos entre si. Que nós não traiamos Jesus de
maneira nenhuma, mas nos disponhamos, se preciso for, até a morrer anunciando a
nova vida que Ele dá.
III. OS ELEMENTOS DA ÚLTIMA CEIA
São elementos da Santa Ceia: o pão e o vinho,
por representarem, respectivamente, o corpo e o sangue de Cristo, oferecidos em
resgate da humanidade (1Co 11:24,25). É a explicita, profunda e confortadora
simbologia das Sagradas Escrituras.
1.
O Pão. Jesus na noite em que fora traído tomou o pão e tendo
dado graças, o partiu e disse: “... Tomai,
comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim”(Lc
22:19). Jesus manda os discípulos pegar o pão e comer, pois o pão estava
representando o seu corpo que fora entregue por todos nós. Jesus aponta o
objetivo pela qual deveriam pegar e comer do pão: manter viva a memória do seu
nome.
O
pão da Ceia não é o corpo literal de Cristo, nem está ele presente invisivelmente.
Quando Jesus disse que aquele pão era o seu corpo oferecido por nós, não estava
falando literalmente, porque ainda estava vivo e o seu corpo não tinha sido
partido por nós na cruz. Estando vivo, não podia pegar com suas mãos parte do
seu corpo em forma de pão para oferecer aos seus apóstolos dizendo: “isto é o
meu corpo que é oferecido por vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22:19).
Jesus, então, usou uma linguagem simbólica, como fez em outras ocasiões: “Eu sou a porta”, “Eu sou o caminho”, “Eu sou
a videira” (João 10:7-9;14:6; 15:1) e assim por diante. Representa, então,
a sua encarnação, que ele tomou um corpo humano e deixou sua glória (João 1:14);
nasceu de uma virgem e viveu entre os pecadores em perfeição de conduta.
Era Ele o Homem Perfeito, idôneo para servir de sacrifício pelos nossos pecados
(Hb 7:26; 2Co 5:21). Ele partiu o pão da Ceia significando que ia se sacrificar
em resgate da humanidade caída e escravizada pelo Diabo.
2.
O Vinho. Identificado na Bíblia como "fruto da
vide" e "cálice do Senhor" (Lc 22:18;1Co 11:27), o vinho na Ceia
simboliza o sangue de Cristo vertido na cruz para redimir a todos as pessoas
que o aceitarem com Senhor e Salvador, e ratificar a “Nova Aliança” ou “Novo
Testamento”(Lc 22:20). O apóstolo Pedro assim escreveu: "Sabendo que não foi com coisas corruptíveis,
como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por
tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como
de um cordeiro imaculado e incontaminado" (1Pe 1:18,19).
Os escritores dos três primeiros Evangelhos
empregam a expressão “fruto da vide” (Mt 26:29; Mc 14:25; Lc 22:18). O vinho
não fermentado é o único “fruto da vide” verdadeiramente natural, contendo
aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool. A fermentação destrói boa parte
do açúcar e altera aquilo que a videira produz. O vinho fermentado não é
produzido pela videira.
Jesus
instituiu a Ceia do Senhor quando Ele e seus discípulos estavam celebrando a
Páscoa. A lei da Páscoa em Êx 12:14-20 proibia, durante a
semana daquele evento, a presença de fermento ou qualquer agente fermentador.
Deus dera essa lei porque a fermentação simbolizava a corrupção e o pecado (cf.
Mt 16:6,12; 1Co 5:7,8). Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas
exigências (Mt 5:17). Logo, teria cumprido a lei de Deus para a Páscoa, e não
teria usado vinho fermentado.
A Ceia
do Senhor foi instituída logo depois da refeição pascal.
Por isso, lemos que Jesus tomou o cálice depois de haver ceado. Ao fazê-lo,
declarou que o cálice era a Nova Aliança no seu sangue. Trata-se de uma
referência à aliança que Deus prometeu à nação de Israel em Jeremias 31:31-34.
É uma promessa incondicional segundo a qual Deus concordou em usar de
misericórdia para com eles e não se lembrar de seus pecados e iniquidades. Os
termos da Nova Aliança também são descritos em Hebreus 8:10-12. Todos os que
creem no Senhor Jesus recebem os benefícios prometidos. Quando o povo de Israel
se voltar para o Senhor, também desfrutará as bênçãos da Nova Aliança, um acontecimento
que ocorrerá no reino milenar de Cristo na terra.
Do mesmo modo que o pão, quando fez
referência ao cálice da Nova Aliança (Lc 22:20) no seu sangue, que foi
derramado por nós, também falou de maneira simbólica. Portanto, não ocorreu e,
ainda hoje quando participamos da Ceia do Senhor, não ocorre a
transubstanciação, isto é, a transformação das substâncias que compõem o pão e
o vinho em verdadeira carne e sangue de Jesus. Não! Quem acredita que essa
transformação ocorre entende o texto de forma equivocada. Devemos crer, com
toda a reverência e ação de graças, mas, simbolicamente, em memória de Jesus
Cristo (1Co 11:24,25)
CONCLUSÃO
A Ceia do Senhor foi instituída por ocasião
da última Páscoa que Jesus participou com os apóstolos, na noite em que foi
traído e preso (Lc 22:14,15,18). Trata-se não apenas de uma recordação, mas, sobretudo,
de um testemunho, pois anunciamos a sua morte (“... anunciais a morte do Senhor...”) e a sua volta (“... até que venha”). Sua morte nos
reconciliou com Deus, e a sua volta nos coroará de glória, por meio da nossa redenção
(1Co 11:26;Rm 5:10;Ef 4:30).
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Luciano
de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Comentário
Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
John
Vernon McGee. Através da Bíblia – Lucas. RTM.
Leon
L. Morris. Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.
MARCOS
– O Evangelho dos Milagres. Hernandes Dias Lopes.
HORTON,
Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
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