Texto Base: Lucas 23:44-50
INTRODUÇÃO
A morte de Jesus Cristo na cruz não foi um
acidente, foi uma agenda estabelecida por Deus. Você e eu não podemos
desconsiderar a grandeza e a profundidade desta verdade, porque na mente de
Deus, nos decretos de Deus, o Cordeiro de Deus foi morto desde a fundação do
mundo. Ele nasceu para morrer. Ele nasceu para ser o nosso substituto, nosso
representante, nosso fiador. Na verdade, a cruz sempre esteve incrustada na
mente de Deus, em Seu coração amoroso. Jesus Cristo jamais recuou diante dessa
cruz. Ele caminhou resoluto para ela como um rei caminha para sua coroação.
Portanto, a cruz de Cristo além de ser um fato já planejado na eternidade,
expressa para você e para mim o gesto do maior amor de Deus por nós.
Se você ainda tem dúvida do amor de Deus,
entenda que não há possibilidade de nós expressarmos de forma mais eloquente e
mais profunda o amor de Deus por nós do que a manifestação da cruz. Ali
aconteceu o maior de todos os sacrifícios. O Filho de Deus deixou o Céu, deixou
a companhia dos anjos, deixou a glória do Pai, e veio e se humilhou, se fez
servo; foi perseguido, foi preso, foi insultado, foi cuspido, foi zombado, foi
escarnecido, foi pregado na cruz.
Com a morte de Jesus, ativou-se o contato da
criatura com o Criador que fora quebrado no Éden e se tornou visível a ação de
Deus na vida dos homens, de maneira que o céu, que parecia ser inatingível,
tornou-se acessível aos homens por meio de Cristo Jesus. A morte de Jesus na
cruz, que seria uma vitória do diabo, na verdade representou a própria derrota
de Satanás.
I. AS ÚLTIMAS ADVERTÊNCIAS E
RECOMENDAÇÕES
1. Aflição interior. Na
plena certeza de que era chegado o momento que seria entregue nas mãos de seus
inimigos, Jesus trata de dar as últimas advertências e recomendações aos seus
discípulos. Citando o profeta Zacarias, Ele fala que todos os apóstolos, sem
exceção, iam se escandalizar com Ele, quando Ele fosse ferido (Mc 14:27). Todos
disseram que isso nunca aconteceria (Mc 14:31). Um pouco mais tarde, todos o
abandonaram e fugiram (Mc 14:50). Mas Jesus se apressa em acrescentar que nem
sua morte nem a fuga dos discípulos seriam definitivas. Ele ressuscitaria e
iria antes deles para a Galileia. O lugar do começo deles (Mc 3:14) haveria de
ser também o lugar do novo começo deles (Mc 16:7). Ser cristão é seguir a
Cristo. Ele vai adiante de nós. Ele nos encontra e nos restaura nos lugares
comuns da nossa vida.
Mas Pedro não concordou que isso aconteceria
com Ele, isto é, que se escandalizaria em Jesus. Ele disse: “Ainda que todos se escandalizem, nunca,
porém, eu” (Mc 14:29). Foi uma pretensão vaidosa. Pedro julgou-se melhor
que os seus colegas. Ele pensou ser mais crente, mais forte, mais confiável que
seus pares. Ele queria ser uma exceção na totalidade apontada por Jesus. Pensou
que jamais se escandalizaria com Cristo. Achou que estava pronto para ir para a
prisão e até para a morte (Lc 22:33). Jesus, entretanto, revela a Pedro que
naquela mesma noite, sua fraqueza seria demonstrada e suas promessas seriam
quebradas – “Digo-te, Pedro, que não
cantará hoje o galo antes que três vezes negues que me conheces” (Lc 22:34).
Isso ocorreu como Jesus falou (cf Lc 22:54-62). Os outros falharam, mas a falha
de Pedro foi maior. A Palavra de Deus alerta: “O que confia no seu próprio coração é insensato” (Pv 28:26). O
apóstolo Paulo adverte: “Aquele, pois,
que pensa estar em pé, veja que não caia” (1Co 10:12).
Foram momentos de muita aflição na vida dos
discípulos, mas para Pedro deve ter sido um verdadeiro terror, com os verdugos
da sua consciência lhe acusando de traição. Ainda bem que horas antes Jesus
tinha rogado por ele para que a sua fé não desfalecesse (Lc 22:32). Jesus,
porém, jamais desistiu de Pedro. No primeiro dia da semana, Jesus ressuscita
dentre os mortos e dá um recado: “ide e
dizei aos meus discípulos e a Pedro que
eu quero encontrar com eles na Galileia” (Mc 16:7). Jesus faz menção
especial a Pedro. Jesus nunca desiste de nós!
2.
Aflição exterior. O texto de Lc 22:35-38 mostra a grande
tensão que passou Jesus e os discípulos nos momentos que antecederam a prisão
de Jesus. Os discípulos ainda não percebiam que Jesus seria contado com os transgressores,
isto é, entre os criminosos sociais. O caminho de Jesus exigia resistência e
luta. E Jesus já tinha treinado os seus discípulos. Eles tinham constatado que,
tanto na primeira como na segunda missão, nada lhes tinha faltado (Lc
9:6;10:17). Aquelas primeiras experiências foram alegres e compensadoras. Mas
as consequências sempre seriam duras: perseguição, traição, prisão, tortura e
morte.
Chegara a hora de lutar, mas não com a espada
que fere e mata (Lc 22:36). A espada a que Jesus se referiu neste versículo era
simbólica, lembrando a resistência e a ousadia de não voltar atrás. Por isso é
possível entender porque Jesus tinha dito que o reino seria conquistado pelo
esforço (Lc 16:16). Não se trata de esforço que produz mérito diante de Deus. Não!
Nenhum mérito pode nos levar à salvação. O esforço refere-se à atitude daqueles
que estão convencidos de que vale a pena lutar para que outros também
conquistem a liberdade e a vida.
Lucas 22:37 é uma prova de que Jesus estava
bem consciente do seu sacrifício, pois citou Isaías 53:12 como uma profecia a
seu respeito que estava para se cumprir – “pois
vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: Ele foi contado
com os malfeitores. Porque o que a mim se refere está sendo cumprido”.
Os discípulos pareciam não entender nada do
que estava acontecendo. Arranjaram duas espadas normais, as mesmas armas que os
poderosos usavam. Mas Jesus, entendendo a falta de visão espiritual deles,
certamente com amor e talvez com sorriso levemente irônico no rosto, disse: “Basta!” (Lc 22:38). Os discípulos só
entenderiam mais tarde que Jesus, sabendo que as perseguições a eles iriam
começar, estava apenas alertando-os para os sofrimentos que teriam que enfrentar.
Os discípulos só entenderiam, mais tarde, através do Espírito Santo que viria e
os conduziria a toda a verdade (João 14:16,26).
II. JESUS É ATRAÍDO E PRESO
1. A ambição. A
traição de Jesus é um dos relatos mais dramáticos que o Novo Testamento registra.
O evangelista Mateus aponta a motivação de Judas em procurar os principais
sacerdotes: “que me quereis dar, e eu
vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata” (Mt 26:15). A
motivação de Judas em entregar Jesus era o amor ao dinheiro. Seu deus era o
dinheiro. Ele vendeu sua alma, seu ministério, suas convicções, sua lealdade.
Tornou-se um traidor. O dinheiro recebido por Judas era o preço de um escravo
ferido por um boi (Êx 21:32). Por essa insignificante soma de dinheiro, Judas
traiu o seu Mestre!
Antes
disso, Judas participou
da Páscoa com Jesus e os demais apóstolos. No Cenáculo,
Jesus demonstrou seu amor por Judas, lavando-lhe os pés (João 13:5), mesmo
sabendo que o diabo já tinha posto no coração de Judas o propósito de traí-lo
(João 13:2). Nesse momento, na hora da Páscoa, Jesus acentua a ingratidão de
Judas, de estar traindo a seu Mestre (Mc 14:20,21). Jesus declara que ele
sofrerá severa penalidade por atitude tão hostil ao seu amor: “[...] ai daquele por intermédio de quem o
Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!” (Mc
14:21). Judas não se quebranta nem se arrepende, ao contrário, finge ter plena
comunhão com Cristo, ao comer com Ele (Mc 14:18). Nesse momento, o próprio
Satanás entra em Judas (João 13:27) e ele sai da mesa para unir-se aos inimigos
de Cristo e entregá-lo a eles. Judas trai a Jesus na surdina, na calada da
noite.
Segundo alguns estudiosos, Judas traiu Jesus por livre vontade, não como um robô. A soberania
divina não diminui a responsabilidade humana. Somos responsáveis pelos nossos
próprios pecados. Judas foi seduzido pelo amor ao dinheiro. A sua indisposição
de arrepender-se e de orar pela renovação da sua vida casou-lhe a sua ruína. “Quando
o responsabiliza por seu ato, as Escrituras mostram que Judas não estava
predestinado a ser o traidor de Jesus (Mc 14:21). Ele o fez porque não vigiou
(Lc 6:13; 22:40). Quem não vigia termina vendendo ou negociando a sua fé”.
No Getsêmani, o Senhor Jesus ainda falava com
os discípulos sobre o valor da oração quando os inimigos chegaram, tendo Judas
Iscariotes à frente como guia. O beijo era um gesto de cumprimento entre
pessoas íntimas. Mas o gesto de afeto se transformara em instrumento de
traição. Judas estava sendo instrumento do diabo.
2. A
negociação. Os principais sacerdotes e os escribas
conspiravam incessantemente sobre como poderiam matar o Senhor Jesus, mas
reconheceram que deveriam fazê-lo sem causar tumulto, porque temiam o povo e
sabiam que muitos ainda tinham Jesus em alta estima (Lc 22:2). Sabendo que Judas
estava dominado pela ambição, Satanás incita-o a procurar os líderes religiosos
para vender Jesus. Judas entendeu-se com os principais sacerdotes e os capitães
(Lc 222:4), isto é, os comandantes da guarda do templo judaico. Cuidadosamente
ele formou um plano pelo qual ele poderia entregar Jesus nas suas mãos sem
causar tumulto. O plano era inteiramente aceitável, e eles combinaram em lhe
dar dinheiro: trinta moedas de prata (Mt 26:15). Portanto, Judas saiu para
formular os detalhes de seu esquema traiçoeiro e maligno. Como era bastante natural,
os inimigos se alegraram com esta apostasia de Judas. Isto simplificava a
tarefa deles. Visto que Jesus desfrutava de tanto apoio popular, era importante
que fosse preso quando não havia multidões presentes para começar um tumulto.
Judas negociou a sua fé com os inimigos para trair o seu Mestre que só lhe fez
bem. Porventura muitos hoje não estão fazendo a mesma coisa com Jesus?
III. JULGAMENTO E CONDENAÇÃO DE JESUS
Lucas nos mostra que Jesus se tornou um grande
problema para as autoridades religiosas judaicas. Eles perseguiam Jesus
querendo julgá-lo e condená-lo à morte, mas havia um problema para atingir esse
objetivo: eles não tinham autorização para executar um condenado à morte. João
18:31 mostra que o Sinédrio podia julgar qualquer pessoa do povo, e até
condená-la à morte, porém, não podia executar a sentença. Isso era reservado ao
poder romano. Obviamente Roma não permitiria que um povo súdito usasse seus
próprios processos legais para matar os apoiadores dele, de modo que o poder de
aplicar a pena de morte permaneceu nas mãos do governador. Do ponto de vista
dos judeus, o crime de Jesus era blasfêmia, a alegação de que era o Filho de
Deus. Aos olhos dos romanos, esta não era uma transgressão que merecia a pena
de morte. Desta feita, os judeus tinham
uma grande questão a dirimir: como despertar interesse do poder romano pela
causa contra Jesus? A desculpa de um motivo “religioso” não era suficiente.
Diante do poder político romano a causa devia ser política e contra Roma.
Então, logo no inicio do capítulo 23 de Lucas, vemos a mobilização dos judeus
para confirmar a condenação de Jesus.
O Sinédrio não podia ter uma reunião
juridicamente válida à noite. Por isso, logo pela manhã, fizeram uma sessão
para legalizar a decisão que já tinham tomado durante a noite, mesmo que
baseada em falsas testemunhas. Logo depois, ainda nas primeiras horas da manhã,
tiveram que levar Jesus perante Pilatos. Porque o Senédrio havia sido
destituído da possibilidade de executar um condenado à morte, seus membros
tiveram que ir até o palácio de Pilatos.
Os membros do Sinédrio levaram Jesus a
Pilatos, juntamente com a acusação. Claro, uma acusação falsa. O motivo
fundamental apresentado foi que Jesus era um subversivo e havia provocado distúrbios nas três áreas fundamentais
da sociedade: (a) Ideológica -
"Ele alvoroça o povo com seu
ensinamento" (Lc 23:30). Aqui, eles alegaram que Jesus provocara uma
sedição contra a "ordem romana"; (b) Econômica - "Ele
proíbe pagar tributo ao imperador". Isto era uma distorção das
palavras de Lucas 20:20-25, quando Jesus disse para dar a César o que era de César e a Deus o que era de Deus; (c) Política -
"Ele afirma ser Messias, o Rei". Isto era um crime capital de
usurpação de poder contra o imperador romano. Mas, de acordo com Lucas 22:67,
Jesus não confirmou essa acusação.
Estas acusações davam real motivo para
classificar Jesus de indivíduo sedicioso. Desviar os judeus de sua fé não era
crime para Roma, mas a sedição, fazer o povo se levantar contra o império, era.
Os romanos não toleravam nenhuma forma de levante contra o Estado e estipulavam
para esse tipo de crime a pena capital.
Jesus, com seu ensino e suas ações servindo
aos excluídos da sociedade, tinha abalado os privilégios dos poderosos e a nação
inteira (Galileia, Judéia e Jerusalém), pois valorizava os que a sociedade
rejeitava. O fato de Ele comer com os
publícanos e pecadores, valorizar as mulheres e crianças, perdoar prostitutas,
curar e aceitar os samaritanos, e ainda exigir arrependimento e fé para entrar
no reino de Deus, causava grande incômodo às autoridades religiosas dos
judeus. Tudo isso era acobertado pela máscara da religião, atitude que Jesus
também denunciou diretamente. Por não terem o poder de determinar a morte, os
religiosos foram buscar o braço do governo romano que podia promover a
execução. Usando a falsidade os judeus julgaram e condenaram, injustamente,
Jesus à pena capital.
IV. A CRUCIFICAÇÃO E A MORTE DE JESUS
1. A crucificação de Jesus (Lc 23:33-38). O momento culminante do plano de Deus para salvar o
ser humano tinha chegado. Não houve nenhuma reação de sua parte, a despeito do
injusto julgamento e condenação. Ele era cônscio de que para esse momento havia
sido enviado pelo Pai, numa demonstração do seu grande amor por todos nós (João
3:16). Jesus já tinha realizado seu ministério, preparado os discípulos para
continuar a obra de evangelização e lutado até o fim contra as tentativas do
diabo de afastá-lo da cruz. Agora, Ele sabia que a hora da sua morte havia
chegado.
a) Os soldados levaram Jesus para ser
crucificado. Jesus foi forçado a carregar a cruz, porém, estava sem
condições físicas para isso, pois tinha ficado a noite inteira acordado,
provavelmente em pé, e havia sofrido maltratos e muitas torturas. Estava
esgotado fisicamente. No caminho, Simão,
cireneu, provavelmente uma pessoa de pele escura, vindo de fora dos termos
de Israel para a celebração da Páscoa, foi obrigado a levar a cruz de Jesus (Lc
23:26). Nesse Simão foi revelado o que deve ser o discípulo, pois, conforme
Jesus disse em Lc 14:27, “qualquer
que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo”. A
cruz que o discípulo deve carregar é a da humilhação, como a de Jesus, pois
naquela cultura só os condenados a carregavam. Há muitos cristãos que se
envergonham de levar a cruz de Cristo. Mas os verdadeiros seguidores de Cristo
consideram uma bênção serem identificados com Ele, levando a cruz alegre e
espontaneamente. Você está disposto a isso? Ou de vez em quando se envergonha
de dizer que é cristão, que é discípulo de um crucificado?
b) Jesus segue para
o Calvário (Lc 23:27-32). No trajeto
para a cruz, Jesus atraiu numerosa multidão. A mesma multidão que alguns dias
antes o tinha aclamado, chamando-o de Filho de Davi, agora o seguia por causa
do espetáculo da crucificação. E seguiam, também, para serem crucificados dois
criminosos que, provavelmente, não eram revolucionários como Barrabás, mas
malfeitores, bandidos comuns (Lc 23:32). Mas isto ocorreu para se cumprir a profecia
de Isaías 53:12 que diz: “Foi
contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e
pelos transgressores intercedeu”. Você tem carregado a sua
cruz? Mas qual é a sua cruz? A da condenação por suas más ações, por suas
práticas iníquas, ou a do discipulado de Jesus? Não se envergonhe nunca da cruz
do evangelho!
Finalmente chegaram
ao lugar chamado Gólgota, talvez um pouco antes do meio-dia. Lá, Jesus foi
crucificado entre dois malfeitores (Lc 23:33). Seus inimigos estavam presentes
e o insultavam, mas Ele orou ao Pai pedindo que Ele lhes perdoasse o pecado,
pois não sabiam o que estavam fazendo (Lc 23:34). Presente também estava o
povo, as autoridades religiosas e os soldados romanos que, zombando dele,
mandavam que descesse da cruz para provar que era o Cristo, o escolhido de Deus
(Lc 23:35-37). Era horrível estar pendurado numa cruz, cercado de inimigos que
persistiam em zombar e insultar. Mas, se Jesus tivesse descido da cruz,
certamente, todos nós desceríamos ao inferno.
Jesus, portanto,
sofreu os horrores da cruz. De acordo com os evangelistas, Ele foi açoitado,
escarnecido, ridicularizado, blasfemado, torturado, forçado a levar a cruz e
por fim crucificado (João 19:1-28). Cícero, historiador romano, ao se referir à
crucificação, afirmou que não havia palavra para descrever ato tão horrendo.
2. A morte de
Jesus. Segundo Lucas 23:44, Jesus
morreu ao meio dia. Foi um dia de escuridão. Foram
horas em que o Sol parou de brilhar. Foi um dia em que a própria natureza
expressou a sua dor pela morte do Criador.
Segundo Lucas 23:45, o véu do santuário se rasgou. Isto significava que Deus não estaria mais
encerrado num templo nacional. Deus estaria presente em ação, através dos
cristãos verdadeiros e guiados pelo Espírito Santo, nos lugares em que fosse
dado o testemunho de Jesus.
Jesus morreu pronunciando as palavras do Salmo
31:5: “Pai, nas tuas mãos entrego
o meu espírito! E, dito isto, expirou” (Lc 23:46). Nessa frase está o ponto
culminante do Evangelho de Lucas.
A morte de Jesus teve
sete aspectos que devem ser compreendidos por todos nós para que a valorizemos
corretamente. A morte de Jesus foi:
a) Amorosa,
pois revela o supremo amor de Deus por todos nós –
“Mas Deus prova o seu amor para
conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8).
b) Expiatória,
pois ela foi a oferta e sacrifício a Deus, em
cheiro suave – “e andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a
si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Ef 5:2).
c) Vicária,
pois Ele morreu por nós – “E ele morreu por todos, para que os que vivem
não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”(2Co
5:15).
d) Substitutiva,
pois Ele que não conheceu pecado, o fez pecado por
nós - “Àquele que não conheceu pecado, o
fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”
(2Co 5:21).
e) Propiciatória,
pois Ele satisfez a Deus que tinha sido ofendido
pelo pecado do homem – “sendo justificados gratuitamente pela sua graça,
pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a
sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus”
(Rm 3:24-25).
f) Redentora, pois Ele nos resgatou, nos remiu, nos comprou com Seu próprio sangue -
“o qual se deu a si mesmo em preço de redenção
por todos, para servir de testemunho a seu Tempo” (1Tm 2:6); “o
qual se deu a si mesmo por nós, para nos
remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de
boas obras” (Tt 2:14).
g) Triunfante,
pois Ele foi vitorioso sobre todos os poderes cósmicos,
bons ou maus, triunfando sobre eles na cruz – “E, despojando os principados
e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2:15).
3. Reações diversas. Várias foram as reações diante da morte de Jesus:
a) A reação do centurião. Lucas 23:47 diz: “Vendo o centurião o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo:
verdadeiramente este homem era justo”. Um destaque importante
em relação a esse centurião foi o louvor que prestou a Deus. Mas só declarar
que Jesus é justo não é suficiente. Temos que louvar a Deus e declarar que
Jesus é Deus, o nosso Salvador, o nosso Senhor pessoal! Aquele centurião estava
subordinado ao poder que matou Jesus através de suas mãos. Mas ele reconheceu
a perversidade do sistema que estava servindo e declarou quem, de fato, era
Jesus: “Verdadeiramente este era
Filho de Deus” (Mt 27:54).
b) A reação das multidões. Lucas 23:48 relata que “todas as multidões reunidas para este espetáculo, vendo o que havia
acontecido, retiraram-se a lamentar, batendo nos peitos”. As
pessoas, batendo no peito, lastimaram aquele desfecho. Perceberam o grande
engano que haviam cometido ao rejeitar Aquele que lhes propunha a liberdade e a
vida. Caindo em si, perceberam que tinham sido enganadas pelas autoridades. Mas
só o choro não era suficiente. Era necessário que tivessem se arrependido e
crido em Jesus, recebendo-o como Salvador e Senhor! Era necessária uma mudança
de rumo! Era necessário trilhar o novo e único caminho!
c) A reação dos
seguidores de Cristo. Todos os conhecidos de Jesus, as mulheres e os discípulos que o
tinham seguido desde a Galileia, permaneceram a contemplar de longe estas
coisas (Lc 23:49). Eles ficaram à
distância, num ponto em que podiam testemunhar tudo. Mas naquele momento não
fizeram nada. Estavam perplexos. O Mestre deles estava morto. Observaram todos
os detalhes para tentar compreender. Na verdade, seriam as futuras testemunhas
que continuariam o que Jesus começou e, principalmente, contariam a todos que
houve morte para o perdão dos pecados, para que todos pudessem novamente se
relacionar com Deus. O chamado de se colocar à disposição para ser uma testemunha
fiel dessa morte singular é para todos nós. Temos que anunciar essa morte que
nos dá vida. Esse é um grande privilégio que temos.
CONCLUSÃO
Jesus morreu, mas é
o Rei da nossa vida! Jesus morreu, mas ressuscitou.
Ele disse: “fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E
tenho as chaves da morte e do inferno” Ap 1:18). Valorizemos a morte do Justo
pelos injustos! Alegremo-nos por essa tão grande salvação! “Como escaparemos
nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação” (Hb 2:3).
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Luciano
de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Comentário
Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
John
Vernon McGee. Através da Bíblia – Lucas. RTM.
Leon
L. Morris. Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.
MARCOS
– O Evangelho dos Milagres. Hernandes Dias Lopes.
HORTON,
Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
Riquíssimos os seus comentários. Que o Mestre Jesus continue usando poderosamente a sua vida nessa missão. Tenho certeza que não somente eu, mas muitos, que não tivemos a oportunidade de estudar a bíblia com tanta profundidade têm sido ricamente abençoados, com os estudos aqui postados.
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