segunda-feira, 15 de junho de 2015

Aula 12 – A MORTE DE JESUS


Texto Base: Lucas 23:44-50

 “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou (Lc 23:46).

 

INTRODUÇÃO

A morte de Jesus Cristo na cruz não foi um acidente, foi uma agenda estabelecida por Deus. Você e eu não podemos desconsiderar a grandeza e a profundidade desta verdade, porque na mente de Deus, nos decretos de Deus, o Cordeiro de Deus foi morto desde a fundação do mundo. Ele nasceu para morrer. Ele nasceu para ser o nosso substituto, nosso representante, nosso fiador. Na verdade, a cruz sempre esteve incrustada na mente de Deus, em Seu coração amoroso. Jesus Cristo jamais recuou diante dessa cruz. Ele caminhou resoluto para ela como um rei caminha para sua coroação. Portanto, a cruz de Cristo além de ser um fato já planejado na eternidade, expressa para você e para mim o gesto do maior amor de Deus por nós.

Se você ainda tem dúvida do amor de Deus, entenda que não há possibilidade de nós expressarmos de forma mais eloquente e mais profunda o amor de Deus por nós do que a manifestação da cruz. Ali aconteceu o maior de todos os sacrifícios. O Filho de Deus deixou o Céu, deixou a companhia dos anjos, deixou a glória do Pai, e veio e se humilhou, se fez servo; foi perseguido, foi preso, foi insultado, foi cuspido, foi zombado, foi escarnecido, foi pregado na cruz.

Com a morte de Jesus, ativou-se o contato da criatura com o Criador que fora quebrado no Éden e se tornou visível a ação de Deus na vida dos homens, de maneira que o céu, que parecia ser inatingível, tornou-se acessível aos homens por meio de Cristo Jesus. A morte de Jesus na cruz, que seria uma vitória do diabo, na verdade representou a própria derrota de Satanás.

I. AS ÚLTIMAS ADVERTÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES

1. Aflição interior. Na plena certeza de que era chegado o momento que seria entregue nas mãos de seus inimigos, Jesus trata de dar as últimas advertências e recomendações aos seus discípulos. Citando o profeta Zacarias, Ele fala que todos os apóstolos, sem exceção, iam se escandalizar com Ele, quando Ele fosse ferido (Mc 14:27). Todos disseram que isso nunca aconteceria (Mc 14:31). Um pouco mais tarde, todos o abandonaram e fugiram (Mc 14:50). Mas Jesus se apressa em acrescentar que nem sua morte nem a fuga dos discípulos seriam definitivas. Ele ressuscitaria e iria antes deles para a Galileia. O lugar do começo deles (Mc 3:14) haveria de ser também o lugar do novo começo deles (Mc 16:7). Ser cristão é seguir a Cristo. Ele vai adiante de nós. Ele nos encontra e nos restaura nos lugares comuns da nossa vida.

Mas Pedro não concordou que isso aconteceria com Ele, isto é, que se escandalizaria em Jesus. Ele disse: “Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu” (Mc 14:29). Foi uma pretensão vaidosa. Pedro julgou-se melhor que os seus colegas. Ele pensou ser mais crente, mais forte, mais confiável que seus pares. Ele queria ser uma exceção na totalidade apontada por Jesus. Pensou que jamais se escandalizaria com Cristo. Achou que estava pronto para ir para a prisão e até para a morte (Lc 22:33). Jesus, entretanto, revela a Pedro que naquela mesma noite, sua fraqueza seria demonstrada e suas promessas seriam quebradas – “Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes negues que me conheces” (Lc 22:34). Isso ocorreu como Jesus falou (cf Lc 22:54-62). Os outros falharam, mas a falha de Pedro foi maior. A Palavra de Deus alerta: “O que confia no seu próprio coração é insensato” (Pv 28:26). O apóstolo Paulo adverte: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia” (1Co 10:12).

Foram momentos de muita aflição na vida dos discípulos, mas para Pedro deve ter sido um verdadeiro terror, com os verdugos da sua consciência lhe acusando de traição. Ainda bem que horas antes Jesus tinha rogado por ele para que a sua fé não desfalecesse (Lc 22:32). Jesus, porém, jamais desistiu de Pedro. No primeiro dia da semana, Jesus ressuscita dentre os mortos e dá um recado: “ide e dizei aos meus discípulos e a Pedro que eu quero encontrar com eles na Galileia” (Mc 16:7). Jesus faz menção especial a Pedro. Jesus nunca desiste de nós!

2. Aflição exterior. O texto de Lc 22:35-38 mostra a grande tensão que passou Jesus e os discípulos nos momentos que antecederam a prisão de Jesus. Os discípulos ainda não percebiam que Jesus seria contado com os transgressores, isto é, entre os criminosos sociais. O caminho de Jesus exigia resistência e luta. E Jesus já tinha treinado os seus discípulos. Eles tinham constatado que, tanto na primeira como na segunda missão, nada lhes tinha faltado (Lc 9:6;10:17). Aquelas primeiras experiências foram alegres e compensadoras. Mas as consequências sempre seriam duras: perseguição, traição, prisão, tortura e morte.

Chegara a hora de lutar, mas não com a espada que fere e mata (Lc 22:36). A espada a que Jesus se referiu neste versículo era simbólica, lembrando a resistência e a ousadia de não voltar atrás. Por isso é possível entender porque Jesus tinha dito que o reino seria conquistado pelo esforço (Lc 16:16). Não se trata de esforço que produz mérito diante de Deus. Não! Nenhum mérito pode nos levar à salvação. O esforço refere-se à atitude daqueles que estão convencidos de que vale a pena lutar para que outros também conquistem a liberdade e a vida.

Lucas 22:37 é uma prova de que Jesus estava bem consciente do seu sacrifício, pois citou Isaías 53:12 como uma profecia a seu respeito que estava para se cumprir – “pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: Ele foi contado com os malfeitores. Porque o que a mim se refere está sendo cumprido”.

Os discípulos pareciam não entender nada do que estava acontecendo. Arranjaram duas espadas normais, as mesmas armas que os poderosos usavam. Mas Jesus, entendendo a falta de visão espiritual deles, certamente com amor e talvez com sorriso levemente irônico no rosto, disse: “Basta!” (Lc 22:38). Os discípulos só entenderiam mais tarde que Jesus, sabendo que as perseguições a eles iriam começar, estava apenas alertando-os para os sofrimentos que teriam que enfrentar. Os discípulos só entenderiam, mais tarde, através do Espírito Santo que viria e os conduziria a toda a verdade (João 14:16,26).

II. JESUS É ATRAÍDO E PRESO

1. A ambição. A traição de Jesus é um dos relatos mais dramáticos que o Novo Testamento registra. O evangelista Mateus aponta a motivação de Judas em procurar os principais sacerdotes: “que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata” (Mt 26:15). A motivação de Judas em entregar Jesus era o amor ao dinheiro. Seu deus era o dinheiro. Ele vendeu sua alma, seu ministério, suas convicções, sua lealdade. Tornou-se um traidor. O dinheiro recebido por Judas era o preço de um escravo ferido por um boi (Êx 21:32). Por essa insignificante soma de dinheiro, Judas traiu o seu Mestre!

Antes disso, Judas participou da Páscoa com Jesus e os demais apóstolos. No Cenáculo, Jesus demonstrou seu amor por Judas, lavando-lhe os pés (João 13:5), mesmo sabendo que o diabo já tinha posto no coração de Judas o propósito de traí-lo (João 13:2). Nesse momento, na hora da Páscoa, Jesus acentua a ingratidão de Judas, de estar traindo a seu Mestre (Mc 14:20,21). Jesus declara que ele sofrerá severa penalidade por atitude tão hostil ao seu amor: “[...] ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!” (Mc 14:21). Judas não se quebranta nem se arrepende, ao contrário, finge ter plena comunhão com Cristo, ao comer com Ele (Mc 14:18). Nesse momento, o próprio Satanás entra em Judas (João 13:27) e ele sai da mesa para unir-se aos inimigos de Cristo e entregá-lo a eles. Judas trai a Jesus na surdina, na calada da noite.

Segundo alguns estudiosos, Judas traiu Jesus por livre vontade, não como um robô. A soberania divina não diminui a responsabilidade humana. Somos responsáveis pelos nossos próprios pecados. Judas foi seduzido pelo amor ao dinheiro. A sua indisposição de arrepender-se e de orar pela renovação da sua vida casou-lhe a sua ruína. “Quando o responsabiliza por seu ato, as Escrituras mostram que Judas não estava predestinado a ser o traidor de Jesus (Mc 14:21). Ele o fez porque não vigiou (Lc 6:13; 22:40). Quem não vigia termina vendendo ou negociando a sua fé”.

No Getsêmani, o Senhor Jesus ainda falava com os discípulos sobre o valor da oração quando os inimigos chegaram, tendo Judas Iscariotes à frente como guia. O beijo era um gesto de cumprimento entre pessoas íntimas. Mas o gesto de afeto se transformara em instrumento de traição. Judas estava sendo instrumento do diabo.

2. A negociação. Os principais sacerdotes e os escribas conspiravam incessantemente sobre como poderiam matar o Senhor Jesus, mas reconheceram que deveriam fazê-lo sem causar tumulto, porque temiam o povo e sabiam que muitos ainda tinham Jesus em alta estima (Lc 22:2). Sabendo que Judas estava dominado pela ambição, Satanás incita-o a procurar os líderes religiosos para vender Jesus. Judas entendeu-se com os principais sacerdotes e os capitães (Lc 222:4), isto é, os comandantes da guarda do templo judaico. Cuidadosamente ele formou um plano pelo qual ele poderia entregar Jesus nas suas mãos sem causar tumulto. O plano era inteiramente aceitável, e eles combinaram em lhe dar dinheiro: trinta moedas de prata (Mt 26:15). Portanto, Judas saiu para formular os detalhes de seu esquema traiçoeiro e maligno. Como era bastante natural, os inimigos se alegraram com esta apostasia de Judas. Isto simplificava a tarefa deles. Visto que Jesus desfrutava de tanto apoio popular, era importante que fosse preso quando não havia multidões presentes para começar um tumulto. Judas negociou a sua fé com os inimigos para trair o seu Mestre que só lhe fez bem. Porventura muitos hoje não estão fazendo a mesma coisa com Jesus?

III. JULGAMENTO E CONDENAÇÃO DE JESUS

Lucas nos mostra que Jesus se tornou um grande problema para as autoridades religiosas judaicas. Eles perseguiam Jesus querendo julgá-lo e condená-lo à morte, mas havia um problema para atingir esse objetivo: eles não tinham autorização para executar um condenado à morte. João 18:31 mostra que o Sinédrio podia julgar qualquer pessoa do povo, e até condená-la à morte, porém, não podia executar a sentença. Isso era reservado ao poder romano. Obviamente Roma não permitiria que um povo súdito usasse seus próprios processos legais para matar os apoiadores dele, de modo que o poder de aplicar a pena de morte permaneceu nas mãos do governador. Do ponto de vis­ta dos judeus, o crime de Jesus era blasfêmia, a alegação de que era o Filho de Deus. Aos olhos dos romanos, esta não era uma transgressão que merecia a pena de morte. Desta feita, os judeus tinham uma grande questão a dirimir: como despertar interesse do poder romano pela causa contra Jesus? A desculpa de um motivo “religioso” não era suficiente. Diante do poder político romano a causa devia ser política e contra Roma. Então, logo no inicio do capítulo 23 de Lucas, vemos a mobilização dos judeus para confirmar a condenação de Jesus.

O Sinédrio não po­dia ter uma reunião juridicamente válida à noite. Por isso, logo pela manhã, fizeram uma sessão para legalizar a decisão que já tinham tomado durante a noite, mesmo que baseada em falsas testemunhas. Logo depois, ainda nas primeiras horas da manhã, tiveram que levar Jesus perante Pilatos. Porque o Senédrio havia sido destituído da possibilidade de executar um condenado à morte, seus membros tiveram que ir até o palácio de Pilatos.

Os membros do Sinédrio levaram Jesus a Pilatos, junta­mente com a acusação. Claro, uma acusação falsa. O motivo fundamental apresentado foi que Jesus era um subversivo e havia provocado distúrbios nas três áreas fundamentais da sociedade: (a) Ideológica - "Ele alvoroça o povo com seu ensinamento" (Lc 23:30). Aqui, eles alegaram que Jesus provocara uma sedição con­tra a "ordem romana"; (b) Econômica - "Ele proíbe pagar tributo ao imperador". Isto era uma distorção das palavras de Lucas 20:20-25, quando Jesus disse para dar a César o que era de César e a Deus o que era de Deus; (c) Política - "Ele afirma ser Messias, o Rei". Isto era um crime capital de usurpação de poder contra o imperador roma­no. Mas, de acordo com Lucas 22:67, Jesus não confirmou essa acusação.

Estas acusações davam real motivo para classificar Jesus de indivíduo sedicioso. Desviar os judeus de sua fé não era crime para Roma, mas a sedição, fazer o povo se levantar contra o império, era. Os romanos não toleravam nenhuma forma de levante contra o Estado e estipulavam para esse tipo de crime a pena capital.

Jesus, com seu ensino e suas ações servindo aos excluídos da sociedade, tinha abalado os privilégios dos poderosos e a na­ção inteira (Galileia, Judéia e Jerusalém), pois valorizava os que a sociedade rejeitava. O fato de Ele comer com os publícanos e pecadores, valorizar as mulheres e crianças, perdoar prostitutas, curar e aceitar os samaritanos, e ainda exigir arrependimento e fé para entrar no reino de Deus, causava grande incômodo às autori­dades religiosas dos judeus. Tudo isso era acobertado pela más­cara da religião, atitude que Jesus também denunciou direta­mente. Por não terem o poder de determinar a morte, os religiosos foram buscar o braço do governo romano que podia promover a execução. Usando a falsidade os judeus julgaram e condenaram, injustamente, Jesus à pena capital.

IV. A CRUCIFICAÇÃO E A MORTE DE JESUS

1. A crucificação de Jesus (Lc 23:33-38). O momento culminante do plano de Deus para salvar o ser humano tinha chegado. Não houve nenhuma reação de sua parte, a despeito do injusto julgamento e condenação. Ele era cônscio de que para esse momento havia sido enviado pelo Pai, numa demonstração do seu grande amor por todos nós (João 3:16). Jesus já tinha realizado seu ministério, preparado os discípulos para continuar a obra de evangelização e lutado até o fim contra as tentativas do diabo de afastá-lo da cruz. Agora, Ele sabia que a hora da sua morte havia chegado.

a) Os soldados levaram Jesus para ser crucificado. Jesus foi forçado a carregar a cruz, porém, estava sem condições físicas para isso, pois tinha ficado a noite inteira acordado, provavelmente em pé, e ha­via sofrido maltratos e muitas torturas. Estava esgotado fisicamente. No caminho, Simão, cireneu, provavelmente uma pessoa de pele escura, vindo de fora dos termos de Israel para a celebração da Páscoa, foi obrigado a levar a cruz de Jesus (Lc 23:26). Nesse Simão foi revelado o que deve ser o discípulo, pois, conforme Jesus disse em Lc 14:27, “qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo”. A cruz que o discípulo deve carregar é a da humilhação, como a de Jesus, pois naquela cultura só os condenados a carre­gavam. Há muitos cristãos que se envergonham de levar a cruz de Cristo. Mas os verdadeiros seguidores de Cristo consideram uma bênção serem identificados com Ele, levando a cruz alegre e esponta­neamente. Você está disposto a isso? Ou de vez em quando se envergonha de dizer que é cristão, que é discípulo de um crucifi­cado?

b) Jesus segue para o Calvário (Lc 23:27-32). No trajeto para a cruz, Jesus atraiu numerosa multidão. A mesma multidão que alguns dias antes o tinha aclamado, cha­mando-o de Filho de Davi, agora o seguia por causa do espetáculo da crucificação. E seguiam, também, para serem crucificados dois criminosos que, provavelmente, não eram revolucionários como Barrabás, mas malfeitores, bandidos comuns (Lc 23:32). Mas isto ocorreu para se cumprir a profecia de Isaías 53:12 que diz: “Foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”. Você tem carregado a sua cruz? Mas qual é a sua cruz? A da condenação por suas más ações, por suas práticas iníquas, ou a do discipulado de Jesus? Não se envergonhe nunca da cruz do evangelho!

Finalmente chegaram ao lugar chamado Gólgota, talvez um pouco antes do meio-dia. Lá, Jesus foi crucificado entre dois malfeitores (Lc 23:33). Seus inimigos estavam presen­tes e o insultavam, mas Ele orou ao Pai pedindo que Ele lhes perdoasse o pecado, pois não sabi­am o que estavam fazendo (Lc 23:34). Presente também estava o povo, as autoridades religiosas e os soldados romanos que, zombando dele, mandavam que descesse da cruz para provar que era o Cristo, o escolhido de Deus (Lc 23:35-37). Era horrível estar pendurado numa cruz, cercado de inimigos que persistiam em zombar e insultar. Mas, se Jesus tivesse descido da cruz, certamente, todos nós desceríamos ao inferno.

Jesus, portanto, sofreu os horrores da cruz. De acordo com os evangelistas, Ele foi açoitado, escarnecido, ridicularizado, blasfemado, torturado, forçado a levar a cruz e por fim crucificado (João 19:1-28). Cícero, historiador romano, ao se referir à crucificação, afirmou que não havia palavra para descrever ato tão horrendo.

2. A morte de Jesus. Segundo Lucas 23:44, Jesus morreu ao meio dia. Foi um dia de escuridão. Foram horas em que o Sol parou de brilhar. Foi um dia em que a própria natureza expressou a sua dor pela morte do Criador.

Segundo Lucas 23:45, o véu do santuário se rasgou. Isto significava que Deus não estaria mais encerrado num templo nacional. Deus es­taria presente em ação, através dos cristãos verdadeiros e guiados pelo Espírito Santo, nos lugares em que fosse dado o testemunho de Jesus.

Jesus morreu pronunciando as palavras do Salmo 31:5:Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou” (Lc 23:46). Nessa frase está o ponto culminante do Evange­lho de Lucas.

A morte de Jesus teve sete aspectos que devem ser compreendidos por todos nós para que a valorizemos corretamente. A morte de Jesus foi:

a) Amorosa, pois revela o supremo amor de Deus por todos nós – “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8).

b) Expiatória, pois ela foi a oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave – “e andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave (Ef 5:2).

c) Vicária, pois Ele morreu por nós – “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”(2Co 5:15).

d) Substitutiva, pois Ele que não co­nheceu pecado, o fez pecado por nós - “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21).

e) Propiciatória, pois Ele satisfez a Deus que tinha sido ofendido pelo pecado do ho­mem – “sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus” (Rm 3:24-25).

f) Redentora, pois Ele nos resgatou, nos re­miu, nos comprou com Seu próprio sangue - “o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu Tempo” (1Tm 2:6);o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2:14).

g) Triunfante, pois Ele foi vitorioso sobre todos os poderes cósmi­cos, bons ou maus, triunfando sobre eles na cruz – “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2:15).

3. Reações diversas. Várias foram as reações diante da morte de Jesus:

a) A reação do centurião. Lucas 23:47 diz: “Vendo o centurião o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: verdadeiramente este homem era justo”. Um destaque importante em relação a esse centurião foi o louvor que prestou a Deus. Mas só declarar que Jesus é justo não é suficiente. Temos que louvar a Deus e declarar que Jesus é Deus, o nosso Salvador, o nosso Senhor pessoal! Aquele centurião estava su­bordinado ao poder que matou Jesus através de suas mãos. Mas ele reconheceu a perversidade do sistema que estava servindo e declarou quem, de fato, era Jesus: “Verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mt 27:54).

b) A reação das multidões. Lucas 23:48 relata que “todas as multidões reu­nidas para este espetáculo, vendo o que havia acontecido, retiraram-se a lamentar, batendo nos peitos”. As pessoas, batendo no peito, lastimaram aquele desfecho. Perceberam o grande engano que haviam cometido ao rejeitar Aquele que lhes propunha a liberdade e a vida. Caindo em si, perceberam que tinham sido enganadas pelas autoridades. Mas só o choro não era suficiente. Era necessário que tivessem se arrependido e crido em Jesus, recebendo-o como Salvador e Senhor! Era ne­cessária uma mudança de rumo! Era necessário trilhar o novo e único caminho!

c) A reação dos seguidores de Cristo. Todos os conhecidos de Jesus, as mulhe­res e os discípulos que o tinham seguido desde a Galileia, permaneceram a contemplar de longe estas coisas (Lc 23:49). Eles ficaram à distância, num ponto em que podiam testemunhar tudo. Mas naquele momento não fizeram nada. Estavam perplexos. O Mestre deles estava morto. Obser­varam todos os detalhes para tentar compreender. Na verdade, seriam as futuras testemunhas que continuariam o que Jesus co­meçou e, principalmente, contariam a todos que houve morte para o perdão dos pecados, para que todos pudessem novamente se relacionar com Deus. O chamado de se colocar à disposição para ser uma teste­munha fiel dessa morte singular é para todos nós. Temos que anunciar essa morte que nos dá vida. Esse é um grande privilégio que temos.

CONCLUSÃO

Jesus morreu, mas é o Rei da nossa vida!  Jesus morreu, mas ressuscitou. Ele disse: “fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno” Ap 1:18). Valorizemos a morte do Justo pelos injustos! Alegremo-nos por essa tão grande salvação! “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação” (Hb 2:3).

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Comentário Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

John Vernon McGee. Através da Bíblia – Lucas. RTM.

Leon L. Morris. Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.

MARCOS – O Evangelho dos Milagres. Hernandes Dias Lopes.

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.

Um comentário:

  1. Riquíssimos os seus comentários. Que o Mestre Jesus continue usando poderosamente a sua vida nessa missão. Tenho certeza que não somente eu, mas muitos, que não tivemos a oportunidade de estudar a bíblia com tanta profundidade têm sido ricamente abençoados, com os estudos aqui postados.

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