2º Trimestre/2016
Texto Base: Romanos 6:1-12
“Porque o pecado não terá domínio sobre
vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6:14).
Objetivo desta Aula: “Mostrar que
Cristo Jesus é a graça divina manifestada em forma humana” (LBP).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, trataremos da Maravilhosa Graça de
Deus. Graça é o favor imerecido concedido por Deus à humanidade. Imerecido
porque o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu
Criador, por causa do pecado. Portanto, a Graça é a causa meritória da nossa
salvação. Sem que o homem mereça coisa alguma, Deus providenciou um meio pelo
qual o homem pudesse retornar a conviver com Ele. Ele enviou seu Filho para que
morresse em nosso lugar e satisfizesse a justiça divina. A todos quantos creem
na Obra do Filho, Deus permite que venha novamente a ter comunhão com Ele,
ainda que imerecidamente. É este favor imerecido que consiste na Maravilhosa Graça
de Deus.
I. OS INIMIGOS DA GRAÇA
Os inimigos da graça apresentava um
argumento supostamente irrefutável: “Se a graça é superabundante onde o pecado
é abundante, se a multiplicação das transgressões serve para demonstrar o
esplendor da graça, então não deveríamos pecar mais para que Deus seja ainda
mais glorificado na magnificência da sua graça?”. Esta pergunta retratava tanto
a distorção antinomiana como a objeção dos legalistas à doutrina da
justificação pela graça, por meio da fé, independentemente das obras. A
inferência licenciosa é imediata e energicamente rejeitada por Paulo: “De modo nenhum! Nós que estamos mortos para
o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6:2).
De acordo com esta resposta de Paulo, não
podemos continuar a pecar porque morremos para o pecado. Trata-se de um fato
acerca de nossa condição. Quando Jesus morreu para o pecado, Ele o fez como
nosso representante. Morreu não apenas como nosso substituto, ou seja, por nós ou em nosso lugar, mas também como
nosso representante, ou seja, como se nós estivéssemos lá. Assim, quando Ele
morreu, nós também morremos. Ele morreu para o problema do pecado e resolveu-o
de uma vez por todas. Para Deus, todos que estão em Cristo também morreram para
o pecado. Isto não quer dizer que o cristão é impecável; antes, ele é identificado
com Cristo em sua morte e tudo o que ela significa.
Vejamos, a seguir, mais detalhes acerca dos
inimigos da graça.
1.
Antinomismo. Antinomismo, ou antinomianismo, é a ideia
de que a fé e a graça excluem as obras, atitude, comportamento e o andar diante
de Deus. Para os adeptos desta errônea compreensão, se você é justificado pela
fé em Cristo Jesus, o que você faz ou como você vive isso não vai ter muito
impacto em seu relacionamento com Deus. Isto é uma compreensão desviada da
genuína doutrina bíblica! A fé salvadora sempre vem acompanhada da evidência. Neste
sentido, fé e obras são dois lados de uma mesma moeda: a fé sendo a causa
instrumental da salvação e as obras sendo fruto dela. Onde tem uma vai ter a
outra. Onde falta uma a outra também falta.
A Graça de Deus nos justificou, abolindo o
domínio do pecado e fazendo-nos livres em Cristo. Mas, não devemos confundir
liberdade com libertinagem (antinomismo). A liberdade em Cristo deve ser
tratada com responsabilidade. Foi o que o apóstolo Paulo disse aos em Gálatas:
“Porque vós, irmãos, fostes chamados à
liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne...” (Gl
5:13).
2.
Paulo não aceita e não confirma o antinomismo. A
doutrina do reinado da graça levou os libertinos a distorcer o ensino de Paulo.
Eles ensinavam que a prática do pecado abre largas avenidas para uma ação mais
robusta da graça (Rm 6:1). Assim, esses mestres do engano ensinavam que devemos
pecar a valer para que a graça seja mais abundante. Paulo reage com firmeza a
essa perversão da verdade, dizendo que o reinado da graça nos leva a morrer
para o pecado, em vez de nos incentivar a viver nele e para ele: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado,
para que a graça seja mais abundante? De modo nenhum! Nós que estamos mortos
para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6:1-3). Se morremos para o
pecado, como podemos continuar vivendo nele? A morte e a vida não podem
coexistir; não podemos estar mortos e vivos ao mesmo tempo, com relação a coisa
alguma. A Graça nos salvou do pecado, e não no pecado.
Os antinomianos argumentam que o crente pode
persistir no pecado, mas Paulo afirma que o crente morreu para o pecado. Não
podemos viver no pecado se estamos mortos para ele. Assim como nós morremos
pelo pecado em Adão, morremos para o pecado em Cristo. Portanto, a
disponibilidade da misericórdia de Deus não deve se tornar uma desculpa para
uma vida descuidada e para a frouxidão moral. A ideia de que alguém afirme crê
no Evangelho, enquanto planeja continuar no pecado, é absurda para Paulo. O objetivo
do Evangelho não é encontrar uma desculpa para o pecado, mas libertar do
pecado.
Refuta ainda mais o apóstolo: “Ou não sabeis que todos quantos fomos
batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” (Rm 6:3). Aqui,
Paulo mostra que é moralmente inapropriado o cristão continuar a pecar. Ao ser
batizado, o cristão comparece ao funeral do seu velho eu. Ao passar pelas águas
do batismo, o convertido diz: “tudo o que eu era como filho pecaminoso de Adão
morreu na cruz”. Ao sair das águas, declara: “Já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim” (Gl 2:20). Portanto,
o batismo é símbolo da morte, do enterro do antigo estilo de vida, mas também
simboliza o novo nascimento. Ao levantar-se da água, a pessoa ressuscita para
uma nova vida com e em Cristo. Se considerarmos que nossa antiga vida
pecaminosa está morta e enterrada, teremos um poderoso argumento para resistir
ao pecado. Podemos conscientemente tratar os desejos e as tentações de nossa
antiga natureza como coisas enterradas. Então, poderemos continuar a desfrutar
a nossa nova e maravilhosa vida com Jesus.
“Infelizmente, o antinomismo tem ganhado
força em nossa sociedade, passando a ser socialmente aceito até mesmo dentro
das igrejas evangélicas. Essa é uma doutrina venenosa, que erroneamente faz com
que a graça de Deus pareça validar todo tipo de comportamento contrário à
Palavra de Deus” (LB).
3. Legalismo. Em
Romanos 6:14,15, o apóstolo Paulo assim se expressa: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da
lei, mas debaixo da graça” (Rm 6:14); “Pois quê? Pecaremos porque não estamos
debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum!” (Rm 6:15).
Em Romanos 6:14, o apóstolo nos adverte que
o pecado não pode, e nunca mais poderá ter, domínio sobre nós porque não
estamos mais debaixo da lei. O que significa não estarmos mais debaixo da lei?
Significa que: (a) não estamos mais
sob as exigências da lei, como estavam as pessoas do Antigo Testamento; (b) não estamos sob a maldição
decorrente do inatingível padrão da lei (Gl 3:10-14). Os legalistas criaram
como desdobramento da lei 613 preceitos, que nenhum judeu, por mais santo que tenha
sido, os cumpriu em sua totalidade; (c)
não estamos sob o seu sistema de exigências: as leis cerimoniais que tinham que
ser meticulosamente guardadas; (d) não
estamos mais sob o medo de ser reprovados pelo justo padrão da lei.
Se os crentes ainda estivessem debaixo da
lei, então o pecado seria o seu senhor, e os dominaria. Mas agora estamos
vivendo sob a Graça. Assim sendo, o nosso Senhor é Deus, e é Ele quem nos
domina. Porém, há muitos que confundem a Graça com a permissão para pecar.
As palavras de Paulo em Romanos 6:14 – que
parecem colocar a lei contra a graça – provavelmente surpreenderam os
legalistas. Parecia que Paulo estava substituindo a lei pela graça, desta
maneira retirando a lei das pessoas e, portanto, dando-lhes liberdade para
pecar. Paulo não faz rodeios ao tratar desse engano. Levanta a questão e
responde a ela com uma negação categórica. Isto quase repete a pergunta de Rm
6:1. A pergunta em 6:1 é: “Permaneceremos no pecado?”. A pergunta de Rm 6:15 é:
“Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?”. A
resposta nos dois casos é enérgica: “De modo nenhum!”. Deus não pode ser
conivente com nenhum pecado. Estamos livres da lei, mas não vivemos de forma
desregrada. A graça representa liberdade para servir ao Senhor, e não para
pecar contra Ele.
II. A VITÓRIA DA GRAÇA
Onde abundou o pecado, superabundou a Graça
(Rm 5:20). Portanto, a Graça é maior que o pecado. Assim como o segundo Adão é
maior do que o primeiro, assim como a obra de Cristo é maior do que o pecado de
Adão, também a Graça é maior do que o pecado. A redenção levou o homem não
apenas ao seu estado original, mas a horizontes mais sublimes. Não somente
restituiu o que ele havia perdido, mas o colocou numa posição superior aos
anjos, tornando-o membro da família de Deus.
1.
A graça destrói o domínio do pecado. Consideremos, por exemplo,
um homem que foi condenado a morrer na cadeira elétrica por ter matado um policial.
Assim que ele morre é “liberto” desse pecado. A pena foi paga, e o caso foi
encerrado. Nós também estávamos condenados à morte eterna, mas fomos libertos
quando morrermos; morremos com Cristo na cruz do Calvário. Além de nossa pena
ter sido paga, o domínio opressor do pecado sobre nossa vida foi rompido. Não
somos mais escravos impotentes do pecado. Diz o apóstolo Paulo: “Porque aquele
que está morto está justificado do pecado” (Rm 6:7).
O outro lado da morte com Cristo é que
também com ele viveremos, como diz o texto sagrado: “Ora, se já morremos com
Cristo, cremos que também com ele viveremos” (Rm 6:8). Morremos para o pecado;
vivemos para a justiça. O pecado não exerce mais domínio sobre nós;
participamos da vida ressurreta de Cristo aqui e agora. Também teremos parte
nessa vida por toda a eternidade. Nossa certeza baseia-se no fato de que o
Cristo ressurreto jamais voltará a morrer. A morte já não tem domínio sobre
ele. A morte dominou-o por três dias e noites, mas esse domínio cessou de uma
vez por todas. Cristo nunca mais morrerá.
Quanto à nossa condição aos olhos de Deus,
morremos e ressuscitamos com Cristo. Essa realidade é retratada no batismo. A
morte com Cristo encerra nossa história como homens e mulheres em Adão. A sentença
de Deus que recaía sobre nosso velho homem não era a correção, mas a morte.
Essa sentença foi executada quando morremos com Cristo. Agora, estamos ressuscitados
com Cristo e andamos em novidade de vida. A tirania do pecado sobre nós foi
rompida, pois o pecado não pode exercer domínio sobre um morto. Estamos livres
para viver para Deus. “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o
pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus” (Rm 6:10).
2.
A graça destrói o reinado da morte. É comum chamar a grande
luta que ocorre no universo de “conflito entre o bem e o mal”. Em Rm 5:21, Paulo
retrata o resultado da guerra entre o Reino da graça e o reino do pecado. Até
Cristo, a guerra parecia estar decidida, pois o pecado controlava todas as
pessoas. Mas a morte e a ressurreição de Cristo trouxeram a vitória decisiva
através da qual a maravilhosa graça de Deus reina. Sob o reinado da graça é
declarada a justiça que trará a vida eterna. Diz o texto sagrado: “para que, assim como o pecado reinou na
morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus
Cristo, nosso Senhor” (Rm 5:21).
Agora que o domínio do pecado, o qual
castigava todos os homens com a morte, foi debelado, a graça reina pela justiça
e concede vida eterna, mediante Jesus Cristo nosso Senhor. Observe que a graça
reina pela justiça, ou seja, a graça não libertou, nem podia libertar, cativos
realmente culpados sem pagar o resgate. Ela não passou por cima da justiça, nem
ignorou as suas exigências. Ela reina por provisão de um Salvador que sofreu no
lugar dos culpados.
Pelo reinado da graça somos salvos da culpa
do pecado na justificação, do poder do pecado na santificação e da presença do
pecado na glorificação. Pela morte de Jesus Cristo, plena compensação foi
apresentada à justiça de Deus.
A graça não apenas anulou a sentença de
morte, mas dá ao homem a vida eterna (Rm 5:21b). O reinado do pecado produz
morte, mas o reinado da graça oferece vida eterna mediante Jesus Cristo nosso
Senhor. O Senhor Jesus recebe no palácio da Graça os que estavam condenados e
mortos e concede a eles o dom da vida eterna. Todas as exigências da santidade
de Deus foram cumpridas e o castigo pelo pecado foi pago, de modo que Deus
pode, agora, conceder vida eterna a todos os que lançam mão dos méritos de
Cristo.
3.
A graça e os efeitos do pecado. Muitos são os efeitos do
pecado. Um deles foi a maldição da Terra
(Gn 3:17) – “E a Adão disse[...] maldita é a terra por causa de ti...”. São assaz
notórios as catástrofes naturais, os conflitos em seus variados aspectos,
injustiças, homicídios, infanticídios, feticídios, genocídios, etc. Outro efeito do pecado: a morte. O
primeiro casal pecou e, como consequência, houve a inserção da morte na
existência humana. Por isso, é dito que o salário do pecado é a morte (Rm
6:23). A morte deve ser vista sob quatro aspectos: a) Morte espiritual (Gn 3:8);
b) Morte Moral (Gn 3:12,13); c) Morte Física (Gn 3:19); d) Morte eterna (Ap
20:14). Todavia, a graça de Deus, presente na ressurreição do Senhor Jesus,
destruiu o poder do pecado sobre a morte física; e essa mesma graça, quando nos
reconcilia com Deus, destrói o poder da morte espiritual.
III. OS FRUTOS DA GRAÇA
1. A graça liberta.
Certamente, o mais precioso fruto da graça é a libertação do domínio do pecado.
Onde a Graça reina, os homens se tornam livres. Diz o texto sagrado: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós,
pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6:14).
Em Adão toda a raça humana caiu em pecado e
miséria. Porém, em Cristo, o segundo Adão, fomos libertados do pecado e da
morte. Os que estão em Cristo, sob o reinado da graça, foram libertados da
tirania do pecado, pois onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5:20). Agora
somos livres em Cristo. Podemos desfraldar as bandeiras da nossa liberdade.
Infelizmente, muitos crentes são ignorantes, não conhecem o que Cristo fez por
eles; outros são acomodados, acostumaram a viver como escravos; outros ainda
são fracos, vivem com medo do feitor de escravos e deixam de desfrutar sua
liberdade.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, narra que “a
abolição da escravatura nos Estados Unidos da América custou alto à nação. Foi
necessária uma guerra civil. Abraão Lincoln, 16° presidente, foi assassinado. A
13ª emenda da Constituição que validava a escravidão foi legalmente abolida era
18 de dezembro de 1865. No entanto, a vasta maioria dos escravos do Sul que
haviam sido legalmente libertados continuou vivendo como escravos. Um escravo
do Estado do Alabama disse: "Nada sei sobre Abraão Lincoln e sobre nossa
libertação". Isso é trágico: uma guerra foi travada, um presidente foi
assassinado, uma emenda à Constituição passa a ser lei, homens, mulheres e
crianças antes escravos foram legalmente alforriados, todavia muitos
continuaram vivendo como escravos por causa da ignorância. Há hoje muitos
crentes vivendo como escravos. Embora Cristo, o emancipador de escravos, tenha
morrido e ressuscitado para a nossa libertação, muitos crentes ainda vivem como
cativos, sem desfrutar plena liberdade”.
2.
Exigências da Graça (Rm 6:12,13). “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe
obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros
ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos
dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça”.
O domínio do pecado foi encerrado no
Calvário pela morte de nosso Senhor. O nosso velho homem foi com ele
crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não
sirvamos mais ao pecado (Rm 6:6). Consideramo-nos como mortos para o pecado,
mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor (cf. Rm 6:11).
O
que isso significa estarmos mortos para o pecado?
Não significa que estamos mortos no sentido de insensíveis ao pecado. Paulo não
está aqui defendendo a impecabilidade do cristão nem pleiteando a tese da
santidade total nesta vida. Uma das evidências da vida é a capacidade de
corresponder aos estímulos. Não estamos mortos para o pecado como um gato morto
está insensível ao toque. Nossa natureza caída está tão viva e ativa que somos
seriamente exortados a não obedecer a seus desejos, e o Espírito Santo nos é
concedido para que possamos subjugá-los e controlá-los. Não morremos para o
pecado no sentido de estarmos insensíveis a ele, como um morto está insensível
aos cinco sentidos. Nossas tentações vêm do interior, da carne, e não apenas de
fora, do mundo e do diabo.
Em
que sentido, então, devemos considerar-nos mortos?
Devemos considerar-nos mortos no sentido de que judicialmente estamos mortos em
Cristo. Assim como pelo pecado de Adão morremos no pecado, pela morte de Cristo
morremos para o pecado. Podemos agora, andar com a certidão de óbito no bolso,
dizendo que o pecado não tem mais domínio sobre nós, no sentido de nos
condenar, uma vez que já fomos justificados pela morte de Cristo. A penalidade
que deveria cair sobre nossa cabeça caiu sobre Cristo. A condenação que nós
deveríamos receber, Cristo recebeu em nosso lugar. O golpe da morte que nós
deveríamos ter sofrido, Cristo sofreu por nós. A morte que nós deveríamos
suportar, Cristo suportou por nós. A sua morte foi a nossa morte (2Co 5:14).
Assim como Cristo morreu para o pecado, nós também morremos para ele. Porque
estamos em Cristo, já sofremos nele a penalidade do pecado, que é a morte.
Morremos nele e por intermédio dele. Ao nos unirmos com ele, sua morte
tornou-se a nossa morte.
Agora, devemos agir em função dessa
realidade. Precisamos cooperar. Não devemos deixar o pecado reinar em nosso
corpo mortal ao atender aos seus desejos perversos. Somente Deus pode nos
santificar, mas Ele não o fará sem o nosso envolvimento ativo. O corpo do
cristão não é apenas santuário do Espírito Santo (1Co 6:19), mas também um
instrumento nas mãos de Deus. Para que isto seja uma realidade, há algumas
exigências a serem cumpridas:
a)
não permita que o pecado domine seu corpo (Rm 6:12).
Onde Cristo é Senhor, o poder do pecado tornou-se ilegal (Rm 6:7). O pecado é
intruso e embusteiro. Ele pode usar o nosso corpo como uma ponte por meio da
qual nos consegue governar. Assim Paulo convoca a rebelar-nos contra o pecado.
b)
não ofereçam os membros do seu corpo ao pecado (Rm 6:13a). Os
órgãos do nosso corpo (olhos, ouvidos, mãos, pés) devem estar a serviço de
Deus, e não do pecado. A vida cristã é mais que um credo, é mais que um
sentimento; é ação. Alguém disse que “o cristianismo não pode ser somente uma
experiência de um lugar secreto; deve ser uma vida numa praça pública”.
c) Apresentai-vos
a Deus, e os vossos membros como instrumentos de justiça (Rm 6:13b). Chamamos
isto de consagração a Deus, que deve ser um compromisso decisivo e deliberado.
Nosso corpo foi comprado por Deus e deve estar a serviço da glória de Deus. Os
membros do nosso corpo não devem ser janelas abertas para o pecado, mas
instrumentos da realização da vontade de Deus. Não podemos dar uma parte da
nossa vida a Deus e outra parte ao mundo. “Para Deus é tudo ou nada”.
3.
A graça santifica (Rm 6:22). “Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o
vosso fruto para Santificação, e por fim a vida eterna”. A graça de Deus só
pode ser eficaz, na vida do cristão, se este se dispuser a negar-se a si mesmo,
para ter uma vida de santidade. Diz a Bíblia: "Segui a paz com todos e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14).
O pecado não exerce domínio sobre a pessoa
que se encontra debaixo da graça. O cristão morreu para o pecado e recebeu
dentro de si o Espirito Santo (1Co 12:13) como poder para viver em santidade.
A fé nos torna justos aos olhos de Deus e
nos desafia a sermos justos na prática – fazendo aquelas coisas que levam à
santificação e à vida eterna. A vida eterna começa na conversão e, apesar da
morte física que inevitavelmente sofreremos, ela continua além do túmulo,
quando a usufruiremos em sua plenitude, incluindo o corpo ressurreto glorificado.
A santidade é obtida através de um processo,
que tem início na conversão, e deve prosseguir por toda a vida do crente, até a
morte, ou o seu encontro com Cristo, em sua vinda. A vida cristã somente pode
progredir e se desenvolver se houver separação do pecado, o que deve ser
perseguido até o dia do Arrebatamento da Igreja. A falta de santificação anula
os efeitos da regeneração e da justificação. Pela justificação fomos libertados
da culpa do pecado, mas na santificação devemos ser salvos do poder do pecado.
CONCLUSÃO
A Graça
é a fonte da vida e melhor do que a vida. Por ela somos salvos, por ela vivemos
e por ela entraremos nos páramos celestiais. “A graça seja com vós todos.
Amém!” (Tt 3:15).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Revista
Ensinador Cristão – nº 66. CPAD.
Romanos – O Evangelho segundo Paulo. Rev. Hernandes Dias Lopes.
Hagnos.
A Mensagem de Romanos. John Stott. ABU.
Maravilhosa
Graça. José Gonçalves. CPAD.