domingo, 30 de julho de 2017

Aula 06 – A PECAMINOSIDADE HUMANA E A SUA RESTAURAÇÃO A DEUS


3º Trimestre/2017

Texto Base: Romanos 12:5-21

"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm.3:23).

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, estudaremos nesta Aula a doutrina do pecado: origem, natureza, consequências e solução para o pecado. Cremos que o homem foi criado bom por Deus, mas foi separado de Deus através do pecado original; ou como diz a Declaração de Fé na linguagem de hoje: “CREMOS, professamos e ensinamos que o pecado é a transgressão da Lei de Deus (1João 3:4), ou seja, a quebra do relacionamento do ser humano com Deus”.  O pecado é uma realidade que muitos homens não querem aceitar. Vivemos em uma sociedade relativista, onde muitos não acreditam mais que haja certo e errado. O erro, o pecado, segundo os relativistas, vai depender do ponto de vista de cada um. Aliás, a história da raça humana que se apresenta nas Escrituras Sagradas é primordialmente a história do homem num estado de pecado e rebelião contra Deus e do plano redentor de Deus para levar o homem de volta a Ele.

Nenhum homem pode dizer que não tenha pecado. Quem assim afirma está no autoengano e é mentiroso. Diz o apóstolo João: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1João 1:8). Diz o apóstolo Paulo: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm.3:23). Portanto, o pecado é uma realidade, tem consequências extremamente danosas e o homem não tem como enfrentá-las. Estaria, pois, irremediavelmente perdido se Deus não o amasse e não providenciasse um escape. Disse Jesus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

I. DEFININDO OS TERMOS

1. Pecado. A palavra “pecado” surge, pela primeira vez, nas Escrituras - na Versão Almeida Revista e Corrigida -, em Gn.4:7, onde o Senhor adverte Caim de que ele deveria dominar sobre o pecado, sob pena de ser dominado por ele. Tem-se, pois, a dura realidade advinda da queda do primeiro casal, que fez com que os homens passassem a viver o estigma do pecado, a ter uma constante luta contra ele.

Quando vemos a narrativa bíblica da Criação, vemos que Deus não havia criado o pecado. Nos capítulos 1 e 2 de Gênesis, vemos que Deus criou todas as coisas, nos céus e na terra, mas que tudo quanto havia criado era bom, muito bom (Gn.1:31). Como, então, explicar que tenha vindo a existir o pecado e o mal? É esta, sem dúvida, uma das principais questões que devem ser enfrentadas pelo estudioso das Escrituras. Se Deus fez tudo bom, como é que existe o mal? O pecado é algo mal, é algo que nos separa de Deus (Is.59:2). Como, então, entender o seu aparecimento, se tudo o que Dez fez foi bom?

O profeta Isaías, em texto que intriga a muitos, diz: ”Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas”(Is.45:7). Então, Deus criou o mal? Mas como Deus, que é bom, pode ter vindo a criar o mal? Deus fez os anjos e o ser humano com o livre-arbítrio, com a liberdade de escolher entre servi-lo, ou não. Assim, estes seres, ao serem criados, tinham a possibilidade de desobedecer a Deus e, portanto, o pecado já existia como uma possibilidade. Enquanto possibilidade, o mal, portanto, tem sua base no livre-arbítrio, que é obra divina, mas, na realidade o pecado não é algo que possa ser atribuído a Deus, e sim a vontade do pecador. Diríamos que pecado é o desvio, o fracasso de nossa parte dos propósitos de Deus em relação a nós. Contudo, o pecado é muito mais sério. É uma violação, uma transgressão aos padrões divinos. É uma ofensa a Deus. Ele colocou em nós o livre-arbítrio, a consciência, para que tomemos decisões conforme sua vontade. Diríamos, portanto, que pecado:

Ø É não cumprir com os deveres cristãos (Tg.4:17). Pecado não é somente o praticar o mal; deixar de fazer o bem também é pecado. Aqui está incluída a indiferença.

Ø É “impiedade”(Rm.1:18). O pecado dos homens é visto por Deus como “impiedade”. O pecado é um estado em que o homem se distancia de Deus e, por causa deste distanciamento, deixa de ter santidade, deixa de ter os sentimentos próprios de Deus, passando a ser cruel, maldoso, impuro e infiel. Sem se relacionar com Deus, o homem se embrutece, querendo mostrar-se independente e superior a Deus, curva-se a outras criaturas e até mesmo a objetos produzidos por ele mesmo. Em vez de se mostrar um ser moral, dotado de equilíbrio e racionalidade, o homem passa a ter um comportamento mais bestial que o dos próprios animais, gerando um estado caótico que Paulo bem descreveu no capítulo da carta aos romanos. Por causa disto, o mundo está cheio de impiedade, a começar pelo lugar do juízo e pelo lugar da justiça (Ec.3:16), daí porque ter o profeta dito que a justiça humana é como trapo de imundícia (Is.64:6).

Ø É “desobediência”, ou seja, “falta de obediência”, “recusa de obedecer”(Rm.5:19). Tanto o querubim ungido quanto o primeiro casal não quiseram obedecer às regras, às normas estabelecidas por Deus a eles. O querubim fora estabelecido para ficar no monte santo de Deus, mas quis subir acima do Altíssimo. O primeiro casal foi proibido de tomar do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, mas, igualmente, não obedeceu. A obediência é o que Deus requer do ser humano, é a sua única exigência (Dt.10:12,13). Obedecer é melhor do que sacrificar e o atender é melhor do que a gordura de carneiros (1Sm.15:22). A desobediência à Palavra de Deus foi sempre a razão do fracasso de muitos (Dt.8:20; Dn.9:11; At.7:39). Aos desobedientes é negado o repouso divino (Hb.3:18), bem como reservado um triste fim (1Pd.4:17).

Ø É “incredulidade”, a “qualidade de quem não crê, de quem não tem fé”. O pecado é a falta de crença em Deus e em sua Palavra. O pecador, em vez de crer em Deus e em sua Palavra, prefere crer em fábulas, mentiras e ilusões, quase sempre bem arquitetadas pelo adversário, que é o pai da mentira (João 8:44). A incredulidade foi o motivo pelo qual a geração do êxodo, ou seja, os israelitas de vinte anos para cima que saíram do Egito, não entraram na Terra Prometida (Hb.3:19) e será a razão pela qual muitos não entrarão no reino de Deus, na Canaã celestial, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6). Quem age com incredulidade e nesta incredulidade permanece, ficará fora da comunhão com o Senhor (Rm.11:20,23). Os incrédulos estão sob o domínio do pecado, são enganados diuturnamente pelo inimigo (2Co.4:4). O destino dos incrédulos é a morte eterna (Hb.11:31; Ap.21:8).

3. O que é pecado? Terrível condenação está reservada ao pecador perdido, e, portanto, é necessário que saibamos o que é pecado, para que possamos livrar-nos de seu poder. João diz: “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (1João 3:4). Temos aqui a verdadeira definição do pecado: ele “é a transgressão da lei”. Que lei? A Lei moral de Deus incutido na consciência de cada ser humano. Veja, a seguir, algumas definições clássicas do pecado.

a) Definição etimológica. A definição etimológica de pecado, tanto em hebraico como no grego, é errar o alvo. É errar o alvo verdadeiro (Rm.3:23). O alvo certo é Deus e Sua glória, mas, quando pecamos, erramos o alvo certo e ficamos separados de Deus. Só o perdão pelo sangue de Jesus pode estabelecer a comunhão com Deus.

Quase sempre, pecado, em hebraico, é tradução de “hattat”, que, em grego, é “hamartía”, ou seja, “tortuosidade”, “desvio”. Portanto, o pecado é um “desvio”, é uma “tortuosidade”, uma “distorção”, uma “saída de rota”, ou seja, é uma atitude que sai dos objetivos, das regras, dos fins propostos por Deus aos seres criados por ele com o livre-arbítrio. Deus havia estabelecido o querubim ungido para glorificá-lo, “chefiar” esta glorificação, seja no Éden, seja no monte santo de Deus. Mas o querubim ungido quis situar-se acima do trono do Altíssimo, quis ser glorificado e não glorificar, o que representava um desvio, uma distorção do fim instituído pelo Senhor e, por isso, pecou. De igual maneira, o primeiro casal, feito para lavrar e guardar o jardim do Éden, bem como para dominar sobre a criação terrena, adorando a Deus e lhe obedecendo, também resolveu “saber” o bem e o mal, para ser igual a Deus (Gn.3:5) e, por causa disto, também se desviaram da rota traçada pelo Senhor, pecando.

O pecado, portanto, é um desvio de finalidade, de objetivo, de rumo, quando se deixa o que foi estabelecido por Deus e, mediante um mau uso da liberdade de escolha, opta-se por algo diverso do alvo predeterminado por Deus. Daí porque o salvo deve sempre repetir as palavras do apóstolo Paulo: “…uma coisa faço e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp.3:13b,14). Deus, também, ordena ao homem: “Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Is.30:21)

b) Definição teológica. O pecado pode ser definido, teologicamente, como a transgressão deliberada e voluntária das leis estabelecidas por Deus. “Transgressão” é o ato de “transgredir” e “transgredir”, por sua vez, é “passar de uma parte a outra”, “violar”, “infringir”. O pecado apresenta-se como uma ação que vai além da vontade de Deus, uma atitude desprendida da vontade divina. O pecado é um ato em que o ser moral não leva em conta a vontade do seu Senhor e passa para o outro lado, ou seja, age de acordo com a sua vontade, fora dos objetivos, das prescrições e dos desejos de Deus. Transgredir é sair de debaixo da proteção de Deus, de debaixo da mão de Deus para se manter independente, sem proteção, à mercê do mal e do adversário, como fez Balaão (2Pd.2:16). É a quebra de um dever e de uma ordem (Rm.2:23). Eis o motivo por que a Bíblia diz que, ao pecar, Eva caiu em transgressão (1Tm.2:14), o mesmo se dando com relação a Adão (Rm.5:14). A Bíblia diz que a transgressão receberá de Deus a justa retribuição (Hb.2:2). Com efeito, sendo a transgressão um afastamento da vontade de Deus, uma quebra de uma ordem divina, o ser moral que a comete assume a responsabilidade pelos seus atos e deverá, pois, prestar contas ao Criador e Senhor de todas as coisas – “os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos” (1Pd.4:5).

c) Definição bíblica. Em 1João 3:4 e 5:17 temos uma definição, embora pequena, essencial e completa: “O pecado é iniquidade”. Isto significa “demasia”, “excesso”, “desigualdade”, “injustiça”. O pecado é um ato que gera injustiça, ou seja, em que toma indevidamente algo que não é seu, em que acrescenta demasiadamente para um e faz faltar para outrem. Assim, se, ao pecar, afastamo-nos de Deus, o resultado disto é a “injustiça”, a “iniquidade”, a “desigualdade”. Vive-se num mundo injusto e desigual em todos os sentidos (econômico-financeiro, social, político, etc.), por causa do pecado, que é o gerador de todos os distúrbios que padecemos. Um Dia, o iníquo prestará conta de toda a iniquidade carregada consigo e ouvirão a dura sentença: “nunca vos conheci” (Mt.7:21-23), precisamente porque têm o mal no seu coração (Sl.28:3).

II. ORIGEM DO PECADO

De onde veio o pecado? Como ele penetrou no universo? Primeiro, precisamos afirmar claramente que Deus não deve ser culpado pelo pecado. Foi o homem quem pecou, os anjos quem pecaram, e nos dois casos o fizeram por escolha intencional e voluntária. Culpar a Deus pelo pecado seria blasfemar contra o caráter de Deus. “Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (Dt.32:4). Abraão pergunta com força nas palavras: “Não fará justiça o Juízo de toda a terra?” (Gn.18:25). E Eliú diz com justiça: “Longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-Poderoso o cometer injustiça” (Jó 34:10). De fato, para Deus é impossível sequer desejar a injustiça: “Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg.1:13).

1. O pecado no Céu. Antes de acontecer na Terra, o pecado se originou no mundo angélico pelo mau uso do livre-arbítrio. Foi lá que tudo começou. Jesus disse que o Diabo peca desde o princípio (João 8:44). O Querubim ungido foi criado perfeito em sabedoria e formosura, tinha o selo da perfeição (Ez.28:12-15), mas se rebelou contra Deus (Is.14:12-14). Foi o orgulho e a soberba que fizeram esse querubim se transformar em Satanás (1Tm.3:6). Ele foi expulso do Céu com os anjos que o acompanharam em sua rebelião (2Pd.2:4; Jd.6; Ap.12:7-9).

2. O pecado no Éden. Com respeito à raça humana, o primeiro pecado foi o de Adão e Eva no Jardim do Éden (cf. Gn.3:1-19). Adão tinha a permissão de Deus para comer de todas as árvores do jardim, exceto da árvore da ciência do bem e do mal - "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn.2:16b,17). A advertência foi clara. Quando o casal comeu do fruto proibido, eles perceberam que estavam nus e procuraram se esconder da presença de Deus (cf. Gn.3:7,8). Era a ruptura imediata da comunhão com Deus, a morte espiritual. Esse desastre é conhecido como a "Queda da humanidade". A árvore da ciência do bem e do mal tinha a finalidade de testar a fé de Adão e sua obediência à sua Palavra. Deus criou o ser humano como ente moral capaz de optar livremente por amar e obedecer ao seu Criador, ou desobedecer-lhe e rebelar-se contra a sua vontade.

Segundo Wayne Grudem, o ato de Eva e Adão de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal é, em muitos aspectos, típico do pecado em geral. Primeiro, seu pecado atingiu a base do conhecimento, pois deu uma resposta diferente à pergunta: “o que é verdadeiro?”. Deus dissera que Adão e Eva morreriam se comessem da árvore (Gn.2:17), mas a serpente afirmou: “É certo que não morrerá” (Gn.3:4). Eva decidiu duvidar da veracidade da Palavra de Deus e então fez uma experiência para ver se Deus falava a verdade. Segundo, seu pecado atingiu a base dos parâmetros morais, pois deu uma resposta diferente à pergunta: “o que é certo?”. Deus dissera que era moralmente certo que Adão e Eva não comessem o fruto daquela única árvore (Gn.2:17). Mas a serpente sugeriu que seria certo comer do fruto e que ao comê-lo Adão e Eva se tornariam “como Deus” (Gn.3:5). Eva confiou na sua própria avaliação do que era certo e do que seria melhor para ela, negando às palavras de Deus a prerrogativa de definir o certo e o errado. Ela viu “que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento” e, portanto, “tomou-lhe do fruto e comeu” (Gn.3:6). Terceiro, seu pecado deu uma resposta diferente à pergunta: “quem sou eu?”. A resposta correta era que Adão e Eva eram criaturas de Deus, dependente dele e sempre subordinadas a Ele, seu Criador e Senhor. Mas Eva, e depois Adão, sucumbiram à tentação de ser “como Deus” (Gn.3:5), tentando assim colocar-se no lugar de Deus.

O apóstolo Paulo remonta a esse acontecimento e afirma que “por um só homem entrou o pecado no mundo” (Rm.5:12), e insiste que “o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação” (Rm.5:16) e em que “a serpente enganou a Eva com a sua astúcia” (2Co.11:3; cf. 1Tm.2:14).

Satanás, hoje, continua tentando os seres humanos a crer que podem ser semelhantes a Deus, inclusive decidindo por conta própria o que é bom e o que é mau. Os seres humanos, na sua tentativa de serem “como Deus”, abandonam o Deus Onipotente e daí surge os falsos deuses. O ser humano procura obter conhecimento moral e discernimento ético partindo de sua própria mente e desejos, e não da Palavra de Deus. Porém, só Deus tem o direito de determinar aquilo que é bom ou mau.

Importa observar que todo pecado é em última análise irracional. Na verdade, não faz sentido que Satanás se tenha rebelado contra Deus na esperança de poder exaltar-se acima de Deus; nem que Adão e Eva tenham pensado que poderia advir algum benefício da desobediência às palavras do seu Criador. Foram decisões insensatas. A persistência de Satanás na rebelião contra Deus, mesmo hoje, é ainda decisão insensata, como a decisão de qualquer ser humano de continuar num estado de rebelião contra Deus. Não é o homem sábio, mas o “insensato”, que “diz [...] no seu coração: não há Deus” (Sl.14:1). Embora as pessoas às vezes se convençam de que têm bons motivos para pecar, quando examinadas à fria luz da verdade no último dia, se verá em cada caso que o pecado em última análise simplesmente não faz sentido.

Como bem diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, “o pecado é um engano; promete prazer e paga com o desgosto; faz propaganda de liberdade, mas escraviza; levanta a bandeira da vida, mas seu salário é a morte; tem um aroma sedutor, mas ao fim cheira a enxofre. Só os loucos zombam do pecado. O pecado é maligníssimo. Ele é pior do que a pobreza, do que a solidão, do que a doença. Enfim, o pecado é pior do que a própria morte. Esses males todos não podem destruir sua alma nem afastar você de Deus, mas o pecado arruína seu corpo, sua alma e afasta você eternamente de Deus”. Ninguém pode se livrar dele, mas o Senhor Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores da condenação eterna.

3. A universalidade do pecado – “por um só homem entrou o pecado no mundo” (Rm.5:12). O pecado tornou-se tão generalizado na humanidade que assim registrou o profeta: “Pereceu da terra o homem piedoso; e entre os homens não há um que seja reto; todos armam ciladas para sangue; caça cada um a seu irmão com uma rede. As suas mãos estão sobre o mal para o fazerem diligentemente; o príncipe e o juiz exigem a peita, e o grande manifesta o desejo mau da sua alma; e assim todos eles tecem o mal” (Mq.7:2,3).

Ninguém é excluído do pecado. A Bíblia é clara ao ensinar que herdamos a natureza pecaminosa de Adão – “E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial”(1Co.15:49). Isso passou a ser conhecido como "pecado original". A Bíblia não mostra como essa transmissão do pecado de Adão passou a todos os humanos, mas afirma que se trata de um fato incontestável (Rm.5:12,19). Assim, as Escrituras mostram como todos nós, homens e mulheres, estamos diante de Deus: "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm.3:23). Por conseguinte, não há nação, por mais adiantada ou por mais atrasada, que não possua uma clara noção de pecado. Inúmeras pessoas não podem se salvar porque não querem reconhecer que são pecadoras e muito menos perdidas. Se o homem não reconhece que é pecador, Jesus não poderá salvá-lo, pois ele veio salvar pecadores. Paulo Indaga: ”Pois quê? Somos melhores do que eles? De maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado”(Rm.3:9). O homem não é pecador porque peca; ele peca porque é pecador. Portanto, a Queda no Éden corrompeu toda a humanidade em todo o seu ser: corpo, alma e espírito, intelecto, emoção e vontade (Is.1:5,6; 2Co.7:1).

III. A SOLUÇÃO PARA O PECADO

O homem pecou de modo deliberado contra Deus, mas o Criador não o deixou entregue à sua própria sorte. O Senhor providenciou a sua redenção. As Escrituras Sagradas afirmam que desde a fundação do mundo a morte redentora de Jesus, pela salvação da humanidade, já havia sido determinada (Ap.13:8). A salvação é o ato de salvar e salvar é livrar, escapar, retirar de uma situação de risco de morte, tal qual acontece numa situação em que os bombeiros têm que agir, ou seja, retirar as pessoas de perigo de morte, de situações em que estão arriscadas a perder a sua vida.

Como o salário do pecado é a morte (Rm.6:23), assim que o homem desobedeceu a Deus, morreu espiritualmente, ou seja, ficou sem comunhão com o Senhor, exatamente como Deus lhe havia falado (Gn.2:16,17). Estava, pois, arriscado a ficar eternamente separado de Deus, mas o Senhor, na sua infinita misericórdia, não o permitiu: em primeiro lugar, prometendo restaurar a comunhão perdida; em segundo lugar, impedindo que esta situação de morte adentrasse, de imediato, para o âmbito da eternidade (como ocorrera com os anjos rebeldes), impedindo o acesso do homem à árvore da vida e o expulsando do jardim do Éden.

Dentro desta situação de risco de vida, deste perigo de ficar eternamente separado do seu Criador, Deus inicia a execução do plano da “salvação”, isto é, do “livramento”, do “escape”, a fim de levar-nos do poder das trevas para o reino do Filho do seu amor (Cl.1:13; At.26:18).

Há uma tendência atual de afirmar que, no final das contas, Deus, em sua graça, salvará a todos os perdidos, mesmo aqueles que jamais responderam (e mesmo rejeitaram) o sacrifício de Cristo. Essa perspectiva teológica, bastante cultivada atualmente, denomina-se de “universalismo”. Esse ensinamento é totalmente falso. O arrependimento sempre foi e continuará sendo uma prerrogativa àqueles que querem ser salvos. Veja os seguintes trechos bíblicos que comprovam tal fato:

“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”(Mc.16:16); “Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”(At.16:31); “Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados”(At.2:38); “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor”(At.3:19).

Uma outra abordagem teológica, muito citada nos arraiais teológicos, em relação à salvação, é a de que Deus teria elegido apenas alguns poucos para a salvação. Muitos homens de Deus têm se deixado levar por este ensino, que consideramos, à luz da Bíblia Sagrada, como errado. Baseados em versículos bíblicos isolados, alguns seguidores da predestinação transformam a decisão humana, diante do chamado divino à salvação, em mera ilusão. A revelação bíblica, no seu contexto geral, conclama o ser humano, constantemente, a responder ao chamado divino, deixando claro que o Senhor deseja que todos se arrependam. Veja alguns trechos bíblicos sobre isso:

“Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”(João 1:12,13). “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se”(2Pd.3:9).

Entretanto, a salvação, ao contrário do que muitos pensam, não é um ato único, um instante isolado, mas envolve todo um processo, ou seja, uma sequência de atos, com origem em Deus. Tanto a salvação é um processo que o próprio Jesus nos ensina que é preciso “perseverar até o fim” para que seja salvo (Mt.24:13), isto é, é preciso uma continuidade, uma constância até o instante final da nossa permanência nesta dimensão terrena, onde fomos postos pelo Senhor, por sua misericórdia, para termos a chance e oportunidade de sermos salvos.

Quem crer no Filho de Deus tem a vida eterna. Observe o texto de João 20:31: "Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome". João apresenta Jesus como o Cristo, o Messias, o Filho de Deus – é a sua identidade; também, mostra que a vida eterna é uma oferta dada a todos aqueles que creem em seu nome. É válido salientar que a vida eterna não é apenas um “tempo sem fim”, mas é a própria vida de Deus vivida a partir de agora. O cristão não precisa morrer para começar a ter vida eterna; ele já a tem em Cristo hoje.

CONCLUSÃO

A recompensa para o pecado é a morte, que significa separação de Deus por toda a eternidade. A única esperança é o Senhor Jesus, o único que pode nos restaurar a Deus. Está escrito: "E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome [Jesus Cristo] há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos" (Atos 4:12). Como conseguir esta Esperança? Aceitando Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Está escrito: "Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo; pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação" (Rm.10:9,10). Você pode ter esta Esperança agora. A Bíblia diz: "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Rm.10:13); "No tempo aceitável te escutei e no dia da salvação te socorri; eis aqui agora o dia da salvação" (2Co.6:2).

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 71. CPAD.
Pr. Esequias Soares. A Razão de nossa Fé. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A promessa da salvação. PortalEBD_2007.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. O pecado, a transgressão da Lei Divina. PortalEBD_2006.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.

domingo, 23 de julho de 2017

Aula 05 – A IDENTIFICAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO


3º Trimestre/2017

Texto Base: João 14:15-18,26

"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1Co.3:16).

INTRODUÇÃO

Na continuidade do estudo da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, estudaremos nesta Aula a nossa crença no Espírito Santo, uma das Pessoas da Trindade, ou seja, uma das Pessoas que formam o Único e Soberano Deus. Ao estudarmos sobre este sublime assunto devemos ter plena reverência, santo temor e oração, tendo em mente que se trata de um assunto bastante difícil, haja vista que o Espírito Santo nada fala de si mesmo (João 16:3). O eterno Deus, o Pai, revela muito de si mesmo nas páginas Sagradas; de igual modo, o Filho; mas, o divino Espírito Santo, não. Daí tratar-se este assunto de um insondável mistério, do qual devemos nos acercar primeiramente pela fé em Cristo (Rm.3:27).

I. O ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Triunidade Divina. Ele aparece, literalmente, em toda a Bíblia desde o Gênesis, na criação (Gn.1:2), até o Apocalipse (22:17). Ele é Eterno, e se Eterno Ele é Deus. Sendo Deus, Ele sempre esteve presente em todas as ações divinas em relação ao ser humano, a começar da sua criação. Como vemos na declaração divina de Gn.1:27, ou seja, na criação do homem, toda a Trindade esteve envolvida - “Façamos o homem conforme à Nossa imagem, conforme à Nossa semelhança". Aqui, há o emprego do verbo no plural ao mostrar que o Deus que decidiu a criação do homem era um único Deus, mas dotado de uma pluralidade de Pessoas. O Espírito Santo é uma Pessoa; veja essa verdade como mais detalhe a seguir, no tópico IV desta Aula.

O Espírito Santo da atual dispensação é o mesmo que atuou no Antigo Testamento. Qual a diferença, então? No Antigo Testamento, se usufruía apenas individualmente (1Sm.10:6; 16:13); agora, temos o Espírito Santo (1Co.12:13; 1Co.7:40; Gl.3:5; 1João 4:13; 1Ts.4:8). No Antigo Testamento, o Espírito habitava no meio do povo (Ag.2:5), ou estava sobre alguém (Nm.11:17; Is.59:21); agora, está dentro de ou em nós (Ez.36:27; João 14:17). No Antigo Testamento, Ele usava indivíduos, como Saul, Davi, etc.; agora, ele usa um povo (1Co.6:19; Ef.2:22; Ap.3:6). No Antigo Testamento, era temporário (Nm.11:25); agora, em caráter permanente (João 16:7).

Há vários exemplos específicos da atividade do Espírito Santo concedendo poder aos primeiros cristãos para operar milagres à medida que eles proclamavam o evangelho. Veja o exemplo de Estevão em At 6:5,8; e de Paulo em Romanos 15:19 e 1Corintios 2:4. O Espírito Santo deu grande poder à pregação da igreja primitiva de modo que, quando os discípulos eram cheios do Espírito Santo, proclamavam a Palavra com grande coragem e poder (cf. At.4:8,31; 6:10; 1Ts.1:5; 1Pd.1:12). Em geral, podemos dizer que o Espírito Santo fala por meio da mensagem do evangelho à medida que ela é proclamada de maneira eficaz ao coração das pessoas. Assim como aconteceu no início da Igreja, o Espírito Santo continua a capacitar os seus servos na atualidade. Isso ocorrerá até o dia do arrebatamento da Igreja.

O Novo Testamento termina com um convite do Espírito Santo e da igreja, que juntos chamam as pessoas à salvação – “E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida” (Ap.22:17).

II. A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO À LUZ DA BÍBLIA

1. A divindade declarada. O Espírito Santo é uma das Pessoas da Trindade, ou seja, é uma das Pessoas que formam o Único e Soberano Deus. Portanto, o Espírito Santo é Deus e, como tal, é uma Pessoa, jamais uma força ou influência. O texto mais explícito a respeito da divindade do Espírito Santo está em At.5:3,4, quando o texto sagrado nos conta a respeito do episódio que envolveu Ananias e Safira na igreja de Jerusalém. Indagado por Pedro a respeito do valor da venda da propriedade, Ananias mentiu, dizendo que o valor depositado ao pé dos apóstolos era o efetivo valor da venda. Diz o texto sagrado: "Por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? [...] Não mentiste aos homens, mas a Deus". Diante desta mentira, Pedro diz que Ananias havia mentido ao Espírito Santo e, por isso, havia mentido não aos homens, mas a Deus. Temos, portanto, explicitamente reconhecida a divindade do Espírito Santo, uma prova que os apóstolos reconheciam o Espírito Santo como Deus, ou seja, que a doutrina da divindade do Espírito Santo é a genuína e autêntica doutrina da Igreja Primitiva. A propósito, se Ananias mentiu ao Espírito Santo, temos uma prova, dentre de tantas outras que veremos a seguir, de que o Espírito Santo não é uma força, pois não se pode mentir senão a uma Pessoa. Na verdade, neste episódio é declarada a divindade do Espírito Santo, ou seja, Deus e o Espírito Santo são uma mesma divindade. O apóstolo Paulo também emprega esse tipo de linguagem: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1Co.3:16).

A Bíblia diz que quem desobedece ao Espírito Santo, peca (Mt.12:31,32; Mc.3:29; Lc.12:10; Hb.10:29) – “Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo” (Mc.3:29). Ora, se toda desobediência ou resistência ao Espírito Santo é chamada de pecado, temos que somente se pode pecar contra Deus. As Escrituras, ao considerarem que é pecador quem se levanta contra o Espírito Santo, chamando mesmo de “blasfêmia”, que é “enunciado ou palavra que insulta a divindade”, tem-se, claramente, que o texto sagrado considera o Espírito Santo como Deus.

Mas, além disto, temos o próprio testemunho de Jesus. Quando Jesus revelou que subiria para o Pai, disse aos discípulos que não os deixaria órfãos, pois pediria ao Pai um “outro” Consolador (João 14:16). Este texto, no original, significa “outro da mesma natureza”. Assim, quando o texto sagrado nos fala do “outro” Consolador, está a dizer que seria enviado alguém que tivesse a mesma natureza de Cristo, ou seja, a natureza divina. Tanto assim é que o Senhor disse que este “outro” Consolador ficaria com os discípulos “para sempre”, ou seja, tem-se aqui mais um indicativo da natureza divina deste Consolador, a saber, a “eternidade”. Como, então, diante de tantas evidências, não reconhecer que o Espírito Santo é Deus?

2. A divindade revelada. A Bíblia não se limita a mostrar que o Espírito Santo é uma Pessoa, mas também nos revela que é uma Pessoa Divina, ou seja, é uma das Pessoas que compõem este mistério que é a Santíssima Trindade, este Deus que é Triúno, ou seja, um Único Deus que está em três Pessoas. O relacionamento do Espirito Santo como o Pai e o Filho está claro nas instruções tripartidas do Novo Testamento (Mt.28:19;1Co.12:4-6;2Co.13:13; Ef.4:4-6; 1Pd.1:2). Nestas passagens há a expressa revelação da Trindade Divina e nos quais sempre o Espírito Santo está presente.

a) na fórmula do batismo (Mt.28:19) – “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Esta expressão demonstra que há uma igualdade entre estas três Pessoas, de forma que é, assim, expressamente reconhecida a Deidade do Espírito Santo, bem assim a própria unidade divina, já que se fala no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e não “nos nomes”, o que permitiria dizer que os cristãos seriam “triteístas”(isto é, que acreditariam em “três deuses”), como acusam, falsamente, tanto judeus quanto muçulmanos e que, como vemos, não é, em absoluto, o ensino do Senhor Jesus à Sua Igreja.

b) na bênção apostólica - “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém” (2Co.13:13). Aqui, também, o apóstolo indica a igualdade que existe entre as três Pessoas divinas, a ponto de invocar-lhes por igual no instante da súplica da bênção. Embora distintas, porém, como vemos no texto da bênção, trata-se de uma única bênção, contribuindo cada Pessoa com uma determinada função, a demonstrar, uma vez mais, a triunidade divina. O Espírito Santo contribui com a comunhão, que é precisamente o Seu trabalho na presente dispensação: o de nos fazer um com o Pai e o Filho.

c) no texto de Ef.4:4-6 - “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só SENHOR, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”. Paulo, ao dissertar sobre o mistério da Igreja, que é o tema central da sua carta aos efésios, deixa bem claro que há um só Espírito, um só Senhor e um só Deus e Pai de todos, mostrando, assim, claramente que Deus é único, mas três são as Pessoas - o Pai, o Filho (o Senhor) e o Espírito Santo. A estes (“um só”), o apóstolo contrasta com os “todos”, que somos nós, a Igreja, que, apesar de sermos todos, formamos uma “unidade” em virtude da fé, da esperança da vocação e do batismo.

E mais: Em relação ao Pai, o Espírito Santo é chamado de "Espírito de Deus" (Gn.1:2) e de "o Espírito que provém de Deus" (1Co.2:12); concernente ao Filho, Ele é chamado por Jesus de "outro Consolador" (João 14:16). Aqui, o termo grego para "Consolador" é parácleto, que significa "ajudador, advogado", termo que é aplicado ao Senhor Jesus, conforme João 2:1. Também, Ele é chamado de "Espírito de Jesus" (At.16:7), "Espírito de Cristo" (Rm.8:9) e ainda "Espírito de seu Filho" (Gl.4:6) – “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai”.

3. Obras divinas. A divindade do Espírito Santo é vista não apenas na declaração direta das Escrituras, nem somente pelo relacionamento dEle com o Pai e o Filho, mas também nas obras de Deus. Ao Espírito são atribuídas obras que somente Deus pode realizar: a) Criou o Universo e os seres humanos (Gn.1:2; Jó 26:13; 33:4; Sl.104:30); b) Inspiração (2Pd.1:21); c) Gerou Jesus Cristo em Sua encarnação (Lc.1:35); d) Convence o homem do pecado, e da justiça, e do juízo (João 16:8); e) Regenera o homem (João 3:5,6; Tt.3:5); f) Intercede (Rm.8:26,27); g) Santifica (2Ts.2:13).

III. OS ATRIBUTOS DA DIVINDADE

As Escrituras Sagradas indicam a deidade do Espírito Santo mediante um conjunto de textos implícitos, ou seja, textos que ao conferirem certos atributos e qualidades ao Espírito Santo, dizem que Ele é Deus, vez que somente Deus pode ter as características indicadas nestes textos e atribuídas ao Espírito. Vejamos alguns atributos da Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo.

1. Alguns atributos incomunicáveis. Os atributos incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus. Apenas Ele tem essas qualidades e elas não foram transmitidas (comunicadas) a nenhum ser criado.

a) O Espírito Santo é Onisciente, ou seja, sabe todas as coisas. Ser onisciente significa ter pleno e total conhecimento de tudo que existe e acontece em toda a parte. Em 1Co.2:10,11 Paulo afirmou: “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”. Aqui, o apóstolo Paulo ensina-nos que só quem sabe as coisas que Deus sabe é o Espírito Santo. Ora, Deus sabe todas as coisas e, portanto, o Espírito Santo, se sabe o que Deus sabe, também sabe todas as coisas. Se o Espírito sabe todas as coisas é Onisciente, e só Deus é Onisciente. O que o texto está a nos dizer é que o Espírito Santo é Deus.

b) O Espírito Santo é Onipresente. Assim como Deus Pai, o Espírito Santo possui o atributo da onipresença, que é a condição de encontrar-se simultaneamente em cada lugar e em todo o tempo, sem jamais deixar de estar presente em algum desses locais. O rei Davi, o escritor do Salmo 139, recebeu do Senhor uma grande inspiração e produziu esse belíssimo texto, do qual reproduzimos um trecho abaixo:

“Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá” (Sl.139:7-10).

O salmista diz-nos que não há como fugir da presença do Espírito do Senhor, pois Ele está em todos os lugares, ou seja, Ele é Onipresente. Ora, só Deus pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, pois isto é um atributo que lhe é exclusivo. Se o Espírito Santo está presente em todos os lugares, como diz o salmista, esta é uma outra maneira de as Escrituras nos revelarem que o Espírito Santo é Deus.

c) O Espírito Santo é Onipotente. O Espírito Santo é, conforme Deus Pai, também detentor de todo o poder. A onipotência constitui a capacidade que alguém tem de realizar tudo e não apresentar nenhuma espécie de impedimento, pois é Todo-Poderoso. No Evangelho de Lucas 1:35,37, o anjo do Senhor aparece falando para Maria:

“E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus. Porque para Deus nada é impossível”.

Aqui é dito que o Espírito Santo faz coisas impossíveis ao homem, pois nada lhe é impossível, como também que Ele opera todas as coisas, conforme a Sua vontade (1Co.12:11). Portanto, não há limite para a operação do Espírito Santo, que pode fazer tudo o que quiser. Ora, isto nada mais é que onipotência, que é outro atributo exclusivo da divindade. Assim sendo, temos que o Espírito Santo é Deus.

d) O Espírito Santo é Eterno (Hb.9:14) - “quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”. Eterno é o Ser que não tem princípio nem fim. Todas as criaturas têm, pelo menos, um início (Gn.1:1). Só Deus é eterno, pois só Deus não tem princípio nem fim e, por isso, é o princípio e o fim (Ap.1:8; 22:13). Se é dito que o Espírito é eterno, temos que Ele é Deus. A propósito, a Bíblia assim O indica já no livro do Gênesis, quando é dito que Deus criou os céus e a terra no princípio, a revelar que as criaturas todas têm, pelo menos, um início, também afirma que o Espírito de Deus Se movia sobre a face das águas(Gn.1:2), ou seja, o Espírito não era algo que tenha tido um início, embora ali já estivesse, o que se constitui em mais uma demonstração da Sua eternidade e, por isso mesmo, da Sua deidade.

e) O Espírito Santo é Fonte de vida (Rm.8:2) – “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”. O Espírito Santo é Fonte de vida, tanto que fez gerar o Filho no ventre de Maria (Lc.1:35), a demonstrar, portanto, que o Espírito Santo é Criador. A propósito, fez Jesus tornar à vida, ressuscitando-O dentre os mortos (Rm.8:11). Ele não só produz vida física, como também vida espiritual (2Co.3:6). Só Deus pode realizar estas coisas, pois só Ele é o Criador da vida. Assim, se o texto sagrado diz que o Espírito faz tais coisas, é porque está a dizer que Ele é Deus.

2. Alguns atributos comunicáveis. É nos atributos comunicáveis que o Espírito Santo se posiciona como Ser moral, consciente, inteligente e livre, como Ser pessoal no mais elevado sentido da palavra. Quem é salvo pela graça de Deus é participante da natureza divina quanto aos atributos comunicáveis da deidade (2Pd.1:4-9), e essa natureza clama por santidade (cf. Gl.5:22; Cl.3:1-17).

a) O Espírito Santo é Santo (Ef.1:13). O termo "santo" é aplicado ao Espírito como consequência direta de sua natureza e não como resultado de uma fonte externa. Ele é santo em si mesmo; assim, não precisa ser santificado, pois é Ele quem santifica (Rm.15:16; 1Co.6:11).

b) O Espírito Santo é Amor (Rm.5:5; 15:30). Ele derrama este amor nos nossos corações. Ora, se o Espírito tem amor e o amor que derrama em nós é o amor de Deus, tem-se, evidentemente, que o Espírito Santo é Deus, até porque Deus é amor (1João 4:8,16).

c) O Espírito Santo é a Verdade (1João 5:6) – “...E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade”. Este texto é explícito ao dizer que o Espírito Santo é a Verdade. O próprio Jesus disse que o Espírito Santo é o Espírito de verdade (João 16:13). Ora, só quem pode ser a verdade é o próprio Deus (Dt.32:4; Jr.10:10), e uma das demonstrações de deidade de Jesus é precisamente o fato de Ele ter Se identificado com a Verdade (João 14:6). Portanto, quando as Escrituras dizem, expressamente, que o Espírito Santo é a Verdade, estão a afirmar, mais uma vez, a divindade do Espírito Santo.

3. O Espírito Santo e a Trindade. O Espírito Santo é uma Pessoa distinta do Pai e do Filho. Devemos observar que o Novo Testamento ensina a unicidade da divindade (1Co.8:4; Tg.2:19) e, no entanto, revela a distinção de pessoas na divindade: o Pai é Deus (Mt.11:25; João 17:3; Rm.15:6; Ef.4:6); o Filho é Deus (João 1:1,18; 20:28; Rm.9:5; Hb.1:8; Cl.2:9; Fp.2:6; 2Pd.2:11); o Espírito Santo é Deus (At.5:3,4; 1Co.2:10,11; Ef.2:22). O Pai, o Filho e o Espírito Santo são claramente distinguidos um dos outros na Bíblia (João 15:26; 16:13-15; Mt.3:16,17; 1Co.13:13), de tal forma que as três Pessoas não se confundem umas com as outras. São três benditas e santíssimas Pessoas que compõem apenas uma divindade. Portanto, na unidade da divindade há uma Trindade de Pessoas, da qual o Espírito Santo é o Executivo.

Conquanto estas evidências bíblicas sejam irrefutáveis, ainda insurge no meio dos crentes sutis ensinamentos que buscam confundir os incautos de que, embora o Espírito Santo seja uma Pessoa Divina, Ele se confunde ou com o Pai, ou com o Filho. Assim, o Espírito Santo seria ou o Pai ou o Filho, mas não uma “terceira” Pessoa. Tal ensinamento, tanto quanto os que negam a personalidade e/ou a divindade do Espírito Santo, não pode ser aceito pelos servos de Deus. O Espírito Santo, embora seja um com o Pai e com o Filho, é uma Pessoa distinta, que não Se confunde com nenhuma das outras duas.

O texto da Bíblia que é mais utilizado pelos falsos mestres para demonstrar suas teorias falsas é o de João 14:18, que diz: ”Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”. Dizem eles que, segundo este texto o Espírito Santo nada mais seria do que o próprio Jesus que teria retornado para conviver com a Igreja, ainda que de forma invisível e incorpórea. Afinal de contas, dizem estes falsos mestres, o Senhor disse que não nos deixaria órfãos, mas “voltaria para nós”. Entretanto, esta expressão nada tem a ver com uma volta da Pessoa de Cristo para o convívio da Igreja, como durante o ministério terreno, mas, sim, com o Seu retorno por intermédio do Espírito Santo. O Espírito tornaria Jesus presente, fazendo-nos lembrar dos Seus ensinos, do Seu exemplo, levando-nos à comunhão com o Pai e o Filho, por meio de uma vida de santificação, de oração e de meditação na Palavra do Senhor. Assim, por meio do Espírito, sentimos a presença de Jesus, enquanto não chega o dia do arrebatamento, quando aí, sim, passaremos a ter a presença pessoal do Filho, semelhante e até mais profunda que a que havia entre Jesus e Seus discípulos durante o Seu ministério terreno.

Os falsos mestres procuram forçar o texto supracitado para confundir Jesus com o Espírito Santo e dizer que o Espírito Santo, quando “desceu” no dia de Pentecostes, seria o próprio Jesus, só que em forma incorpórea. Mas, isto é facilmente refutado pelo Bíblia Sagrada: Primeiro, no batismo de Jesus (Mt.3:16,17). Neste acontecimento, temos as três Pessoas Divinas, a mostrar que são distintas e não Se confundem umas com as outras: O Filho, que feito carne (João 1:14), era batizado por João Batista; enquanto que o Pai, do céu, dava testemunho do Filho e; o Espírito Santo, em forma de pomba, descia sobre Cristo. Como dizer, então, que as Pessoas Se confundem?

Segundo, o Espírito Santo não foi recebido pelos discípulos no dia de Pentecostes, como argumentam estes falsos mestres, o que explicaria a “volta de Cristo” como Espírito Santo. Os discípulos receberam o Espírito Santo antes da ascensão de Cristo, quando ainda estavam no cenáculo, como nos dá conta o texto de João 20:22: ” E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. Quando Jesus assoprou sobre os discípulos, disse que haviam recebido o Espírito Santo. No dia de Pentecostes, eles foram revestidos de poder (Lc.24:49), o que é outra coisa bem diferente, mostrando-nos a coexistência entre Jesus e o Espírito Santo. Aliás, esta coexistência foi uma característica durante todo o ministério terreno de Jesus. A partir do batismo, vemos Jesus sendo ungido pelo Espírito Santo, para cumprir a obra do Pai (At.10:38). Jesus orou ao Pai, alegrando-se no Espírito Santo (Lc.10:21), a provar que as Pessoas são distintas e não Se confundem.

Como dizer, ainda, que Jesus é o Espírito Santo, se o próprio Jesus disse que o Espírito não falaria de Si mesmo, mas, sim, de Jesus; que não glorificaria a Si mesmo, mas, sim, a Jesus (Jo.16:13,14)?  Por fim, como dizer que Jesus é o Espírito Santo se o Espírito e a Igreja estão a pedir a volta de Jesus (Ap.22:17)?

Mas, ainda, alguém poderá argumentar: se o Espírito Santo não se confunde com o Filho, não poderia ser ele o Pai? A resposta também é negativa. Jesus disse que o Espírito Santo seria enviado pelo Pai (João 14:16); desta feita, se o Pai enviaria o Espírito Santo, então o Pai não se confunde com o Espírito. Além do mais, o Espírito clama ao Pai (Gl.4:6), de sorte que também não pode haver confusão entre estas duas Pessoas.

Temos, portanto, que o ensino bíblico, a revelação divina através das Escrituras Sagradas, mostra-nos, com clareza, que o Espírito Santo é uma Pessoa divina, Pessoa que não se confunde nem com o Pai nem com o Filho.

IV. PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO

A personalidade do Espírito Santo está presente em toda a Bíblia de maneira abundante e inconfundível e tem sido crença da Igreja desde o princípio. A crença na personalidade do Espírito Santo é uma das características da fé cristã. Esta crença deriva do exame preciso e cuidadoso de passagens bíblicas, e contrasta com a noção explicada por muitas seitas. Algumas seitas apresentam o Espírito Santo como sendo uma influência impessoal, uma força ou uma energia. Entretanto, a Palavra de Deus nos revela que o Espírito Santo é uma Pessoa, pois menciona atitudes e ações do Espírito que somente uma pessoa pode ter. Ele possui uma mente, vontade e emoções, que são características de uma pessoa e não de uma influência ou força.  Vejamos algumas provas bíblicas:

1. O Espírito Santo se entristece (Ef.4:30) - "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção". Somos admoestados a não entristecer o Espírito Santo, mostrando, portanto, que Ele possui as emoções de uma pessoa. Ele sofre quando pecamos e se entristece com as manifestações do nosso pecado.

2. O Espírito Santo tem ciúmes (Tg.4:4,5) - "Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: é com ciúme que por nós anseia o Espírito, que Ele fez habitar em nós?". Quando traímos a Deus através dos nossos pecados - contradições, negações da fé, amasiamentos com o mundo -, o Espírito de Deus sente ciúmes, como o marido, quando a mulher adultera e vice-versa. Ele sente ciúmes do adultério moral (impureza), espiritual (idolatria), econômico (amor ao dinheiro) e político (paixão e esperanças políticas mais acentuadas em relação ao programa humano que ao Reino de Deus). O Espírito Santo não é simplesmente alguém que entra em nós e depois sai, Ele vem e fica. Além disso, Ele não está presente para energizar-nos a vida. Não. Ele é uma Pessoa com a qual mantemos relações pessoais.

3. O Espírito Santo pensa (Rm.8:27) - “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”. Neste texto, as Escrituras dizem que o Espírito Santo examina os corações. Examinar é raciocinar, é calcular, é emitir juízos. Uma força jamais pode calcular, jamais pode examinar, só uma pessoa pode fazê-lo. Em 1Co.2:13 está escrito que o Espírito Santo compara, ou seja, faz juízos, julgamentos, o que é exclusivo de uma pessoa. Diz o texto: “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais”.

4. O Espírito Santo tem sentimentos (Rm.15:30) - "Rogo-vos irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito...". Neste texto, as Escrituras dizem que o Espírito Santo tem amor, ou seja, ama, tem sentimentos. Uma força não pode amar, somente uma pessoa. Mas, em outro trecho, a Bíblia recomenda que o Espírito pode se entristecer (Is.63:10; Ef.4:30). Uma força, um "fluir" nunca pode ficar triste, somente uma pessoa. Mas o Espírito Santo não só Se entristece, também, a Palavra de Deus diz que Ele tem alegria, que Ele se alegra, tanto que faz com que as pessoas sintam a Sua alegria, a começar pelo próprio Senhor Jesus (Lc.10:21) e, depois, dos discípulos (1Ts.1:6). Mas as Escrituras também nos revelam que o Espírito Santo tem ciúmes, ou seja, tem zelo pelos servos do Senhor, outro sentimento impossível para uma mera força – “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” (Tg.4:5).

5. O Espírito Santo determina (1Co.12:11) - ”Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”. Neste texto, é dito que o Espírito Santo reparte, como quer, os dons espirituais entre os crentes, ou seja, tem vontade, tem autodeterminação, algo que jamais uma força pode ter, mas tão somente uma pessoa. Em At.2:4, também é dito que os discípulos falavam línguas estranhas conforme a concessão que lhes dava o Espírito Santo, ou seja, quem determinava qual língua e quando deveria ser ela falada era o Espírito, algo que uma força jamais poderia realizar. Diferente não foi no chamado Concílio de Jerusalém, onde o Espírito Santo deu o Seu parecer a respeito da discussão a respeito da observância da lei de Moisés – “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias” (At.15:28).

6. O Espírito Santo convence (João 16:8) - ”E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo”. Jesus disse que o Espírito convenceria o mundo do pecado, da morte e do juízo. Uma força não pode convencer, quando muito pode deter ou obrigar uma determinada atitude. Só uma pessoa pode convencer alguém, pode argumentar e obter a anuência, a adesão da vontade de outrem. O convencimento é fruto de uma argumentação, ou seja, de uma operação intelectual, de uma série de raciocínios, de ponderações, de julgamentos. Somente uma pessoa é capaz de fazê-lo e, quando Jesus nos indica que o Espírito Santo o faz, está a dizer-nos que se trata de uma Pessoa.

7. O Espírito Santo glorifica (João16:14) - ”Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar”. Jesus disse que o Espírito Santo O glorificaria. Ora, uma força não pode dar glória a ninguém, porque glorificar, dar glória, envolve consciência, capacidade de perceber que alguém é divino e que, por isso, merece honra e glória. Somente seres dotados de consciência podem fazer isso. Deste modo, não há como deixar de reconhecer que o Espírito Santo é uma Pessoa.

8. O Espírito Santo fala (Atos 8:29) - "Então disse o Espírito a Filipe: aproxima-te desse carro e acompanha-o...". Aqui, percebemos que o Espírito Santo é um Ser que fala. Ora, uma força não pode falar, mas uma Pessoa, sim. Tanto é certo que o Espírito Santo fala que, em At.13:2, isto é explicitamente mencionado, como também em 1Tm.4:1 e Hb.3:7, bem assim em todas as cartas que Jesus enviou às igrejas da Ásia Menor (Ap.2:7,11,17,29; 3:6,13,22), como num instante em que se fazia a revelação a João das coisas que brevemente hão de acontecer (Ap.14:13).

9. O Espírito Santo ouve (João 16:13) – “Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir”. Aqui mostra que o Espírito Santo é um ser, é uma Pessoa, pois tem capacidade de ouvir e não é um simples ouvir, mas um ouvir que retém e que discerne o que se ouve para depois o anunciar.

10. O Espírito Santo ensina (João 14:26) – “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. Só uma Pessoa pode nos ensinar, somente uma Pessoa pode ser Mestre e o Espírito Santo tem como uma de suas principais funções a de ensinar os discípulos do Senhor Jesus enquanto aqui estiverem aguardando o seu Salvador.

11. O Espírito Santo lembra (João 14:26) - “...e vos fará lembrar...”. Quando Jesus diz que o Espírito Santo nos faria lembrar de tudo quanto o Senhor Jesus nos tem dito, está a nos revelar uma face maravilhosa deste Professor e Mestre que é o Espírito Santo. O Espírito Santo não só é um Mestre (algo que uma força não pode ser), como também é um Mestre dedicado, um Professor comprometido com os Seus alunos. Um bom professor é aquele que está preocupado em verificar se os seus alunos aprenderam e, por isso, sempre os faz lembrar daquilo que os ensinou. É exatamente este o papel do Espírito Santo. Quando Ele nos faz lembrar, não é porque seja uma força cega, um “remédio para a memória”, mas, bem ao contrário, é um Professor dedicado, que mostra ser uma Pessoa não só porque ensina, mas também porque ama e quer o melhor para os Seus alunos, quer que Seus alunos efetivamente aprendam o que lhes foi ensinado.

12. O Espírito Santo intercede (Rm.8:26) - ”E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”. Ao dizer que o Espírito Santo intercede, ajudando os crentes nas suas fraquezas, o texto sagrado mostra-nos que o Espírito Santo é uma Pessoa, pois só uma Pessoa pode orar.

Ante tantas evidências da Palavra de Deus, como não reconhecer que o Espírito Santo é uma Pessoa?

CONCLUSÃO

Diante do exposto, podemos dizer que o Espírito Santo não é simplesmente uma influência benéfica ou um poder impessoal; é uma Pessoa, assim como o Pai e o Filho o são. Ele é chamado Deus (At.5:3,4) e Senhor (2Co.3:18). Embora seja um com o Pai e com o Filho, o Espírito Santo é uma Pessoa distinta, que não se confunde com nenhuma das outras duas. Ressalte-se que não há hierarquia entre estas três Pessoas Divinas, porque o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus que subsiste em três Pessoas distintas.

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 71. CPAD.
Pr. Esequias Soares. A Razão de nossa Fé. CPAD.
Antônio Gilberto – A doutrina do Espírito Santo – Teologia Sistemática
Caramuru Afonso Francisco -  A Divindade do ESPÍRITO Santo. PortalEBD_2006.
Caramuru Afonso Francisco. O Espírito Santo, o nosso Divino Consolador. PortalEBD_2006.