2º Trimestre/2017
Texto Base: Efésios 4:17-24
"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o
qual me amou e se entregou a si mesmo por mim" (Gl.15:20).
INTRODUÇÃO
Pela graça de Deus
iniciamos mais um trimestre letivo. Estudaremos a respeito do Caráter. Será
mais um estudo temático, quase que uma aplicação prática daquilo que estudamos
no trimestre passado, quando falamos a respeito das obras da carne e do fruto
do Espírito. Estudaremos 12 personagens bíblicos, para com os seus exemplos
obtermos uma melhoria de nossa vida cristã. São eles: Abel; Melquisedeque;
Isaque; Jacó; Jônatas; Rute; Abigail; Hulda; Maria, irmão de Lázaro; Maria, mãe
de Jesus; José, pai social de Jesus e, por fim, o maior exemplo, nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. O propósito é analisarmos o caráter desses personagens
para que compreendamos como devem agir e viver aqueles que servem ao Senhor
Jesus, que querem ser arrebatados e viver eternamente com o Senhor na Sua
glória. Que ao estudarmos estas vidas possamos todos continuar a crescer
espiritualmente e nos conformarmos à imagem do Senhor Jesus.
Chamo a atenção para a mensagem
da capa da revista. Ela apresenta uma vasilha, que derrama o ouro em altíssima
temperatura para uma fornalha, a nos lembrar o que Pedro registra em 1Pd.1:7,
quando fala da “prova da vossa fé”, muito mais preciosa do que o ouro que
perece e é provado pelo fogo”. Nossa fé é provada para que, devidamente
purificada, possa se tornar em “louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus
Cristo”. A exemplo do ouro, que se torna mais puro quando submetido a altas
temperaturas, quando colocado no fogo, os salvos em Jesus Cristo são submetidos
a provações para que se tornem cada vez mais santos, cada vez mais puros. Somente
aqueles que são provados e aprovados estarão naquela multidão descrita em
Apocalipse 5, aquele belíssimo culto do qual participarão tão somente aqueles
que perseverarem até o fim, aqueles que atingirão a glorificação no dia do
arrebatamento da Igreja.
Antes de estudarmos os
referidos personagens bíblicos, analisaremos, nesta primeira lição, a formação
do caráter cristão, ou seja, precisamos, antes, saber o que é o caráter e como
ele é transformado quando da nossa salvação. Que mediante o estudo de cada
lição, possamos evidenciar os valores do Reino de Jesus Cristo em meio a uma
geração que tem rejeitado os princípios da Palavra de Deus.
I. O CARÁTER NA REALIDADE DO HOMEM
Segundo o Pr. Elinaldo
Renovato, comentarista das Lições deste trimestre, “todo ser humano tem seu
caráter, seja ele bom ou mau, exemplar, ilibado ou indigno, pervertido, ímpio
ou santo”. O homem salvo por Jesus é uma nova criatura e, por isso, seu caráter
é completamente transformado pelo Espírito Santo, restaurando a imagem e
semelhança de Deus distorcida com o pecado.
1. O que é Caráter? Segundo o Dicionário
Aurélio “é o conjunto das qualidades, boas ou más, de um indivíduo, e que lhe
determinam a conduta e a concepção moral”. Esta definição está em perfeita
consonância com a definição que a Bíblia dá, em Filipenses 4:8 – “Quanto ao
mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é
justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há
alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”. Observe a lista
apresentada por Paulo: “verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa
fama”. Basta que alguém viole uma destas características, para que seja chamado
de mau-caráter. Como pode uma pessoa apresentar-se como filha de Deus se ela é
mentirosa ou de má fama? Portanto, Caráter é a maneira de cada pessoa agir e
expressar-se; tem a ver com os princípios, valores e ética de cada um. O
caráter do cristão é quem ele é, de fato, não apenas quando está diante do
pastor, ou do seu líder, ou mesmo com um grupo de amigos, mas quando está
sozinho, e ninguém está observando-o; é a expressão mais exata da sua pessoa,
sem máscaras, sem fingimentos ou aparências - o seu verdadeiro ser interior.
2. Personalidade e caráter. Personalidade é o
conjunto dos caracteres exclusivos de uma pessoa. Sabemos que cada ser humano é
diferente do outro, que não existe um indivíduo idêntico a outro, porque Deus
não produz homens em série, como costumamos ver nas indústrias, mas, sim,
dentro de Seu supremo poder, cria cada homem individualmente, como vemos,
aliás, no relato da criação do primeiro casal humano, cada um feito
separadamente e com cuidado especial de Deus (Gn.2:7; 2:21,22). Por isso, cada
homem deve responder individualmente perante o Senhor (Ez.18:30; Rm.14:12;
Ap.20:13). Porém, como ensinam os psicólogos, esta individualidade do homem,
conhecida como personalidade, deve ser dividida, basicamente, em dois elementos
básicos: o temperamento e o caráter.
- Temperamento. É o conjunto de características negativas e positivas com as quais
nascemos e que influenciam o nosso procedimento. É totalmente involuntário e
imprevisível. Nenhum pai pode saber ou determinar com qual temperamento seu
filho nascerá. O temperamento precisa ser lapidado, aperfeiçoado, por meio da
disciplina e educação na infância, por meio da prática e doutrinação religiosa,
visando gerar no indivíduo um bom caráter.
O temperamento é inato,
ou seja, não se altera nem mesmo com a conversão. A salvação, portanto, não
altera a individualidade do salvo, e não muda o seu temperamento, que é a parte
da personalidade que está ligada à criação; porém, como se trata de uma mudança
radical, pois, como ensina o Senhor Jesus, quem é salvo passa da morte para a
vida (João 5:24), temos uma transformação completa não no temperamento, mas no
caráter.
- Caráter. O caráter é distinto do temperamento, mas relacionado ao desenvolvimento
da personalidade. O caráter é a marca
pessoal de uma pessoa, é o sinal que a distingue dos outros e pelo qual o indivíduo define o
seu estilo, a sua maneira de ser, de sentir e de reagir. Para os psicólogos, o
caráter é aquilo que é adquirido ao longo da vida, aquilo que é apreendido pelo
homem no seu convívio com o ambiente onde vive, ou seja, aquilo que incorpora,
conscientemente ou não, ao longo da sua história.
Segundo
alguns estudiosos, “conquanto intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da
personalidade, o caráter forma-se em paralelo a ela. Assim, com o
desenvolvimento físico de uma criança nos primeiros anos é paralelo ao
desenvolvimento mental, o caráter é formado à medida que a personalidade vai
sendo construída. Portanto, o caráter é a forma mais externa e visível da personalidade”.
O caráter depende muito
das condições em que a pessoa é criada, conduzida ou educada. Diz respeito à
conduta do indivíduo, resultante da formação familiar, cívica ou espiritual.
Por isso, a Palavra de Deus adverte: "instrui
o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se
esquecerá dele" (Pv.22:6).
Há pessoas que cursam
todos os níveis de ensino formal, porém seu caráter é pervertido. Há,
também, pessoas sem instrução nenhuma, cujo caráter é elevado, digno de ser
imitado. Desse modo, o caráter não depende do grau de instrução, mas, sim, dos
princípios e valores que são incutidos na mente de cada pessoa. Enquanto os
referenciais do mundo são movediços, instáveis e mutantes, ao sabor do tempo e
do lugar, o guia infalível do crente em Jesus é a Palavra de Deus, que é
lâmpada para os pés e luz para o caminho (Sl.119:105).
As pessoas quando aceitam
a Cristo não deixam de ser indivíduos, não perdem a sua individualidade. Cada pessoa
continua a ser diferente uma da outra, porque a individualidade não pode ser
destruída nem aniquilada, de tal sorte que o apóstolo Paulo, após enfatizar a
unidade de caráter entre os crentes, faz questão de dizer que “…a graça de Deus
é dada a cada um de nós, segundo a medida do dom de Cristo…” (Ef.4:7) e, em outra
passagem, “…o corpo é um e tem muitos membros e todos os membros, sendo muitos,
são um só corpo […]o corpo não é um só membro, mas muitos…” (Rm.12:12,14). O
caráter muda, mas não o temperamento, que passa a ser controlado pelo Espírito
Santo.
II. A DEFORMAÇÃO
DO CARÁTER HUMANO
A queda trouxe consequências terríveis ao ser
humano, e uma dessas consequências foi a deformação do seu caráter. Por isso,
todo ser humano necessita de uma transformação espiritual e moral. Somente o
Deus de toda a perfeição, mediante o Seu Filho Jesus Cristo, pode transformar o
caráter do ser humano, que se dá quando a pessoa nasce de novo (João 3:5).
1. A Queda e o caráter humano. A queda de Adão é
apresentada, literalmente, na Bíblia, de modo explícito; não é um relato
teórico ou figurativo, mas um relato histórico. O seu pecado foi uma
transgressão deliberada ao limite que Deus lhe havia colocado. O homem
deliberadamente pecou contra o seu Criador, e ao pecar, tornou-se escravo do
pecado (João 8:34), dominado totalmente por ele (Gn.4:7), sem condição alguma
de modificar esta situação. Ora, a Bíblia mostra-nos, claramente, que o homem,
ao fazer opção entre servir a Deus ou não, acabou optando por conhecer o mal, o
que lhe foi altamente desfavorável, pois, em assim fazendo, morreu
espiritualmente, pois pecou e isto fez divisão entre ele e Deus. Em virtude
deste pecado, o homem se sujeitou ao domínio do pecado (Gn.4:7; João 8:34), de
tal maneira que, adquirindo a consciência, o homem, que se encontra dominado
pelo pecado, cuja natureza é pecaminosa (que é a “carne” mencionada em varas
passagens bíblicas, notadamente em Romanos), acaba pecando e construindo um
caráter contrário à vontade de Deus.
2. Imagem e semelhança de Deus – “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança...” (G.1:26); “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de
Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn.1:27).
Quando observamos o
relato bíblico da criação, de imediato se percebe que o homem foi criado de
forma distinta dos demais seres criados na Terra. Enquanto que os demais seres
foram criados tão somente pela palavra do Senhor, o homem foi objeto de cuidado
especial, tendo Deus deixado bem claro que o ser humano seria um ser diferente,
pois seria feito à imagem e semelhança de Deus e que, além disso, seria
constituído como superior em relação aos demais. Adão e Eva possuíam atributos
morais tais como amor, justiça, santidade, retidão...; tudo à semelhança de
Deus. A expressão divina de Gn.1:27 encerra, portanto, todos estes elementos,
seja o de uma estrutura diversa e distinta dos demais seres, seja a condição de
superior aos demais.
É por este motivo que não
se pode considerar que a estrutura do homem seja idêntica a dos demais seres
criados na Terra, como querem pretender as teorias evolucionistas que dominaram
as ciências biológicas a partir do século XIX, pois há uma distinção
fundamental entre o ser humano e os demais seres. Todos os seres criados na
Terra, com exceção do ser humano são guiados pelo instinto e, se são dotados de
alguma inteligência, esta se dá e se revela apenas por força do adestramento,
da repetição, sem qualquer consciência, como ocorre com os primatas ou com
outros seres, ao passo que o ser humano é totalmente diferente, tendo a
capacidade de inferir, de criação, de novos conhecimentos além dos que foram
aprendidos e absorvidos pela repetição e observação. Desta feita é um erro evidente
querer-se confundir a alma dos animais com a alma humana, quando se aplica um
texto bíblico como o de Gn.9:4 ao ser humano.
A imagem de
Deus no homem revela os aspectos que o determinam como ser humano:
- Personalidade. A humanidade é o símbolo vivo de Deus na
terra e foi criada para representar o Seu reino e domínio (Gn.1:26-28).
Nenhuma criatura, além do homem, assemelha-se aos padrões de comportamento e
sentimento humanos, os quais derivam do Criador. Assim como Deus é um ser
pessoal (Êx.3:14; João 8:58), o homem é dotado de personalidade; por isso o
homem pensa, sente e toma decisões.
- Espiritualidade. Deus é espírito e concedeu
ao homem espiritualidade (João 4:24). Por tal razão, o espírito humano tem
anseios por seu Criador (Sl.130:6), sem o qual se sente incompleto e angustiado
(Sl.9:9).
- Moralidade. O homem é um ser moral, com plena capacidade
de distinguir entre o certo e o errado (Gn.3:22a; Am.5:14). Tal capacidade
abrange o livre-arbítrio e as responsabilidades decorrentes das suas escolhas
(Js.24:15; Sl.18:20). As escolhas morais possibilitam o aperfeiçoamento
constante e a aproximação de Deus (Mt.5:48).
- Racionalidade. Deus, ser supremo em conhecimento e
sabedoria, transmitiu ao homem Sua própria inteligência (Ec.1:16; Jó 38:36).
Somente o homem foi criado como um ser racional, que elabora teorias,
desenvolve técnicas e usa o seu raciocínio para planejar, criar, inventar,
fazer história e promover mudanças.
3. A deformação do caráter humano. Ao criar o homem à sua
“imagem” e conforme a sua “semelhança”, Deus imprimiu nele marcas de sua
personalidade e do seu caráter divinos. Foi criado como ser pessoal, tendo
espírito, mente, emoções, autoconsciência e livre-arbítrio (Gn.2:19,20; 3:6,7).
Vivia em comunhão pessoal com Deus, que abrangia obediência moral (Gn.2:16,17)
e plena comunhão. Porém, quando o homem deu lugar ao Diabo, e desobedeceu a
Deus, caiu da graça divina e o seu caráter foi deformado. A Queda levou-nos a
perder a semelhança moral com o Criador.
Observe
algumas consequências do pecado:
a) O pecado afetou o relacionamento com Deus. O pecado despojou a
alma da pureza e do gozo da comunhão com Deus. Afirma o apóstolo Paulo:
"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus"
(Rm.3:23); "O salário do pecado é a morte" (Rm.6:23). Deus mantinha um
relacionamento de franca comunhão, amor, confiança e segurança com o homem
(Gn.3:8). Assim, o homem podia cumprir seu mais elevado fim. Possivelmente,
Deus tomava a forma de um anjo para andar no jardim com o primeiro casal. A
essência da vida eterna consiste em conhecer pessoalmente a Deus (João 17:3), e
o privilégio mais glorioso desse conhecimento é desfrutar da comunhão com Ele.
Todavia, o pecado afetou drasticamente este perfeito relacionamento; ele foi
trocado por isolamento, autodefesa, culpa e banimento.
b) O Pecado afetou a vida física e psíquica do
homem.
Paulo escreveu aos Romanos: "Por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte" (Rm.5:12). A morte física se tornou, então, a consequência
natural da desobediência de Adão, e a espiritual se constituiu na eterna
separação de Deus. O Criador foi enfático, no Jardim: "Porque no dia em
que dela comeres, certamente morrerás" (Gn.2:17).
c) Somos herdeiros da corrupção moral de Adão (Rm.5:12). Vários textos bíblicos
indicam este fato, mas destacaremos apenas o que Paulo escreveu: "Por um
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, por isso que todos pecaram" (Rm.5.12). Outro
texto diz: "Pela ofensa de um só, a morte reinou" (Rm.5:17).
d) O pecado afetou o relacionamento humano. Adão e Eva, bem como o
relacionamento entre eles, entram em degeneração. A intimidade e a inocência
cederam lugar à acusação. Quando Deus perguntou a Adão se ele havia comido do
fruto da árvore proibida, este não assumiu a culpa, mas procurou justificar seu
erro, acusando a esposa. Quando Deus questionou Eva a respeito dos seus atos,
ela transferiu a culpa para a serpente (Gn.3:9-13). O relacionamento de Adão e
Eva foi afetado pelo pecado. A partir daí nunca mais deixou de haver conflito
entre os seres humanos; logo após a saída do Éden, a família entrou em crise, houve
um confronto entre o caráter mau de Caim e o caráter justo de Abel: Caim matou
seu irmão, Abel (Gn.4:8). A morte e a corrupção se espalharam com o passar dos
séculos. O juízo de Deus foi enviado no seu tempo, através do Dilúvio (Gn.6-8).
III. A
REDENÇÃO DO CARÁTER HUMANO
A história da queda do
homem não terminou com esta tragédia. Bem ao contrário, a Bíblia Sagrada nos
ensina que, antes da fundação do mundo, dentro de sua presciência, Deus já
havia elaborado um plano para retirar o homem desta situação tão delicada (Ef.1:4;
Ap.13:8). Este plano foi revelado ao homem no dia mesmo de sua queda, quando o
Senhor anunciou que haveria de surgir alguém da semente da mulher que feriria a
cabeça da serpente e tornaria a criar inimizade entre o homem e o mal e,
consequentemente, comunhão entre Deus e o homem (Gn.3:15) – “E porei inimizade entre ti e a mulher e
entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás
o calcanhar”. Este versículo é conhecido como protoevangelho, isto é, “o
primeiro evangelho”. É a mais gloriosa promessa de redenção, de soerguimento do
homem da condenação. Ao invés de lançar apenas juízos inclementes e
condenatórios sobre o casal, Deus, o justo Juiz, abriu um espaço para a
redenção. Ele anuncia a inimizade perpétua entre Satanás e a mulher (que
representa toda a humanidade), e entre a descendência de Satanás (seus
representantes) e o seu descendente (o descendente da mulher, o Messias). O
descendente da mulher feriria a cabeça de Satanás. Essa ferida foi infligida no
Calvário, quando o Salvador triunfou sobre Satanás. Este, por sua vez, feriria
o calcanhar do Messias. Essa ferida se refere ao sofrimento (incluindo morte
física), mas não à derrota final. Cristo sofreu na cruz e morreu, mas
ressuscitou dentre os mortos, vitorioso sobre o pecado, o inferno e Satanás.
O Plano divino para a
salvação da humanidade foi plenamente cumprido no sacrifício inocente, amoroso
e vicário de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. João 1:29; Cl.1:19-22; Gl.4:4,5).
Só Jesus é quem pode dar a Salvação, pois “em nenhum outro há salvação, porque
também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual
devamos ser salvos”(Atos 4:12). Portanto, a redenção é um dom divino. Ela é
fruto da graça divina. Pela fé em Jesus o homem recebe a salvação e se torna
uma nova criatura, completamente transformada: "Assim que, se alguém está
em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez
novo" (2Co.5:17). O caráter daqueles que, pela fé, nasceram de novo, é
poderosamente transformado pelo poder do Espírito Santo.
1. Na Cruz do Calvário, Deus fez cair sobre Jesus a
iniquidade de nós todos. A Justiça de Deus exigia o castigo do pecado com a morte do pecador.
Porém, Deus havia preparado um substituto, o qual levaria sobre si “a iniquidade
de nós todos”, sofrendo o castigo em nosso lugar, conforme o profeta Isaias
havia antecipado, dizendo: “Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas
enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito,
ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e
moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos trás a paz estava sobre ele,
e, pelas suas pisaduras, fomos sarados”(Is.53:4,5). Na Cruz do Calvário, quando
ele declarou “está consumado”(João 19:30), o preço da redenção estava pago, a
Justiça de Deus estava satisfeita. A punição exigida pela Justiça de Deus
estava concretizada sobre Jesus. Agora, nEle, o homem podia ser justificado.
2. Na Cruz do Calvário, Jesus pagou a dívida do
homem
- “Havendo riscado a cédula que era
contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a
tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”(Cl.2:14). Porém, não basta saber
que Ele pagou nossa divida para com o Justiça de Deus, mas, é necessário tomar
posse do “recibo de quitação” da dívida. É a posse desse “recibo” que nos
confere o direito de sermos justificados diante de Deus.
A quem foi pago esse
resgate? Certamente não foi a Satanás, como pensam alguns teólogos. Não devemos
nada a Satanás. O resgate (o preço ou a dívida) foi apresentado única e
exclusivamente ao Deus justo, pois é a Ele que havemos ofendido com nossos
pecados e delitos. Mas como não podíamos pagar semelhante resgate, Jesus
apresentou-se para quitá-lo em nosso lugar. Ele pagou o preço que o caráter de
Deus requeria. Podemos afirmar com segurança que Ele cancelou a nossa dívida.
Glória a Deus, a nossa dívida foi paga com expressivo preço! A dívida foi paga
à Pessoa certa. Que adiantaria a dívida ser paga a quem não devemos nada? Quando
da criação do homem, Satanás já era um inimigo vencido, colocado debaixo dos
pés do Senhor nosso Deus. O vencido nada pode exigir do vencedor. Apenas
obedecer. Satanás não pode exigir nada de Deus.
3. Para o homem justificado não há mais culpa, não há
mais condenação. A Redenção foi consumada - “...
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus...” (Rm.8:1).
Antes da Justificação, o homem era culpado; agora,
não há mais nenhuma culpa - “Quem
intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm.8:33).
Antes, o homem estava condenado; agora, “quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu
ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e
também intercede por nós”(Rm.8:34).
Antes, o homem estava morto espiritualmente, o
homem estava separado de Deus; agora, “quem
nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angustia, ou a perseguição,
ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? (Rm.8:35).
Portanto, para o homem
Justificado não há mais culpa, não há mais condenação, não há e nem haverá mais
separação. Isento da culpa do pecado, o homem readquiriu a vida eterna,
conforme afirmou Jesus: “E dou-lhes a Vida Eterna, e nunca hão de
perecer...”(João 10:28). Glórias a Deus!!
CONCLUSÃO
Devemos analisar as
pessoas pelos frutos que produzem, ou seja, devemos verificar quais são as suas
atitudes, qual é o seu caráter, não simplesmente o que está aparecendo em torno
delas. Não nos preocupemos com os sinais, prodígios e maravilhas que alguém venha
a fazer, mas, sim, com a presença do caráter cristão na sua vida. O caráter
cristão permite-nos vislumbrar quem tem, ou não, comunhão com o Senhor, e isto
é que é importante, pois a comunhão com Deus representa a libertação do pecado
e a consequente aceitação por Deus. O caráter do cristão é preservado mediante
a comunhão com o Espírito Santo, pelo conhecimento da Palavra de Deus e através
de uma vida cristã disciplinada.
--------
Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William
Macdonald.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista Ensinador Cristão – nº 70. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A natureza do Caráter
Cristão.PortalEBD_2007.