1º
Trimestre/2018
Texto Base:
Hebreus 4.14-16; 5.1-14
"Visto que
temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus,
retenhamos firmemente a nossa confissão" (Hb.4:14).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos a
respeito da superioridade do sacerdócio de Jesus Cristo em relação ao
sacerdócio arônico. Este sacerdócio estava sujeito ao pecado (Lv.10:1,2; 9:7,8;
Hb.8:3; 9:6,7); oferecia sacrifícios contínuos (Ex.29:38,41,42; 30:10; Nm.28:1-3)
e; o efeito da expiação era temporário (Hb.10:1-4; 9:9,10). Já o sacerdócio de
Cristo é muito superior, pois nele está a plenitude sacerdotal (Hb.4:14,15;
7:26,27; At.5:30,31); Ele fez uma única oblação (Hb.7:27; 9:24,25,28; 10:14;
1Pd.3:18) e Seu sacrifício foi eficaz (1Pd.1:18,19; Hb.5:9; 9:14,15,24).
Portanto, Jesus, como Sumo Sacerdote, era de uma ordem superior e perfeita e,
por conta disso, capaz de condoer-se e socorrer os que a Ele recorrem. Não há
ninguém melhor que Ele para compreender nossas fraquezas e debilidades. Por
isso, precisamos de um mediador perfeito, “porquanto há um só Deus e um só
mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm.2:5,6). Com base
nesse fato, o autor aos Hebreus encoraja os cristãos da seguinte forma:
"Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos
alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo
oportuno" (Hb.4:16).
I. UM
SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO A QUALIFICAÇÃO
“O sumo sacerdócio de
Cristo é mais qualificado do que o de Arão e o da ordem levítica porque
representa melhor o ser humano diante de Deus, pois compreende a condição
humana, e também por pertencer ao ‘sacerdócio do céu’”.
1. Por representar melhor os homens diante de
Deus. Jesus Cristo é maior do que qualquer sacerdócio levítico, na Antiga
Aliança, pois é quem nos representa melhor diante de Deus. O nosso Sumo Sacerdote
misericordioso e fiel, Jesus Cristo, tornou-se como nós a fim de morrer por
nós, oferecendo o sacrifício definitivo pelo pecado. Ao contrário do sacerdócio
arônico que oferecia ofertas e sacrifícios, Jesus ofereceu sua própria vida
como oferta a Deus em nosso favor.
Na Antiga Aliança, somente
os sumos sacerdotes podiam interceder junto a Deus pelos pecados da nação (cf.
Lv.16). Para os judeus, o sumo sacerdote era a sua mais elevada autoridade
religiosa. Mas Jesus é o grande Sumo Sacerdote, melhor que os sumos sacerdotes levíticos,
pelas seguintes razões:
a) Os sumos sacerdotes eram
homens que podiam oferecer sacrifícios, mas que não podiam fazer nada para
tirar o pecado. Jesus deu a sua vida e morreu como o sacrifício supremo e final
pelo pecado.
b) O sumo sacerdote podia
entrar no Santo dos Santos somente uma vez por ano para fazer a expiação pelos
pecados da nação. Jesus penetrou nos céus e tem acesso irrestrito a Deus Pai.
c) Os sumos sacerdotes eram
humanos e pecadores. Jesus intercede a Deus pelas pessoas como o Filho de Deus,
que não tem pecado, o qual é, ao mesmo tempo, humano e divino.
d) Os sumos sacerdotes eram
as autoridades religiosas mais elevadas para os judeus. Jesus tem mais
autoridade do que os sumos sacerdotes levíticos, porque Ele é tanto Deus como
homem.
e) As pessoas não podiam se
aproximar de Deus, exceto através de um sumo sacerdote. Quando Jesus morreu, o
véu que separava o Santo dos Santos no Templo foi rasgado em dois, indicando
que a morte de Jesus Cristo tinha aberto o caminho para que as pessoas
pecadoras pudessem se chegar à presença do Deus santo.
Por causa de tudo isso, e
por causa de tudo o que Jesus Cristo fez e está fazendo por nós, retenhamos
firmemente a nossa confissão. Permita que Jesus seja o seu Sumo Sacerdote;
somente Ele pode lhe proteger do juízo inevitável. Cristo é o Sumo Sacerdote
fiel que representa todos aqueles que confiam nele. Creia nisso!
2. Por compreender melhor a condição humana. Pelo fato de Jesus, o
nosso Sumo Sacerdote, ter-se tornado como nós, Ele experimentou a vida humana
de uma forma completa. Ele cansou-se, teve fome, e enfrentou as limitações
humanas normais. Dessa forma, Jesus entende as nossas fraquezas. Não apenas
isso, mas Ele também em tudo foi tentado, mas sem pecado. Jesus, em sua
humanidade, sentiu a luta e a realidade da tentação. O texto em Mateus 4:1-11
descreve uma série especifica de tentações do Diabo, mas Jesus enfrentou tentações
ao longo de toda a sua vida terrena, assim como nós as enfrentamos. O autor aos
Hebreus descreve com bastante convicção esta realidade: ”Porque não temos um
sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que,
como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb.4:15).
Por entender melhor as
nossas necessidades, podemos “alcançar misericórdia e achar graça, a fim de
sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb.4:16). O nosso Sumo Sacerdote, Jesus
Cristo, está atento às nossas necessidades. Nenhum pedido é insignificante, e
nenhum problema é pequeno demais. Ele promete ajudar-nos no momento certo – no
tempo dEle. Isto não significa que Ele promete resolver todas as nossas
necessidades no exato momento em que O buscamos. Tampouco significa que Deus
apagará as consequências naturais de qualquer pecado que foi cometido. Significa,
porém, que Deus ouve, cuida, e responderá do seu modo perfeito, em seu tempo
perfeito.
3. Pela posição que exerceu. Diz o texto sagrado: “E
ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.
Assim, também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo
sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei”
(Hb.5:4,5).
Nota-se que ser um
ministro do altar era algo extremamente honroso, de grande importância e de
muita responsabilidade. A posição de sumo sacerdote tinha em si uma honra
especial, e ninguém podia se tornar um sumo sacerdote só porque o quisesse. O
sumo sacerdote tinha que ser chamado por Deus. Tanto Arão como seus filhos
foram escolhidos diretamente por Deus para esse ministério (Êx.28:1-3;
Sl.105:26). A “santidade” deles vinha somente de Deus, e não de seu papel sacerdotal.
Como os sumos sacerdotes
do Antigo Testamento não tomaram por si mesmos a honra, mas foram honrados pela
seleção de Deus, assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se
fazer Sumo Sacerdote. Cristo também foi escolhido por Deus, como demostrado
pela citação do Salmo 2:7: “Tu és meu Filho, hoje te gerei”. Cristo tornou-se
Sumo Sacerdote e preencheu perfeitamente os requisitos desta função
imprescindível. Além do mais, por pertencer a uma ordem sacerdotal superior e
haver sido enviado do Céu para essa missão, Ele foi em tudo superior e mais
honrado do que o sumo sacerdote Arão.
II. UM
SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO AO SERVIÇO
“A realeza, o
propósito pelo qual viveu, a vida santa que possuía e a submissão demonstrada
no seu ministério apontam para superioridade do serviço de Cristo”.
1. Pela realeza e o propósito pelo qual viveu. Veja a expressão de
Hb.5:6: “...Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque”.
Aqui, o autor mostra que o sacerdócio de Cristo é de uma ordem melhor, pois em
Salmos 110:4 Deus o declarou “sacerdote para sempre”. Observe a expressão
“eternamente” (Hb.5:6); este termo é outra característica da superioridade de
Cristo. Arão e todos os seus sucessores sacerdotais tiveram seu tempo e então
saíram de cena. Cristo, como Sacerdote, permanece para sempre e não tem
necessidade de um sucessor. Assim como Melquisedeque, que foi rei e sacerdote (cf.
Gn.14:18), e não há registro de que tenha tido um sucessor, Jesus é um Sacerdote
à sua semelhança. Ele é o Filho de Deus, Rei e Sumo Sacerdote. Conquanto sendo
Filho de Deus, não glorificou a si mesmo nem tampouco buscou honra para si, mas
exerceu o sacerdócio por meio da vontade do Pai (Fp.2:5-11).
“De sorte que haja em vós
o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de
Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo,
tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma
de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.
Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo
o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus,
e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o
Senhor, para glória de Deus Pai.
2. Pela vida santa que possuía. Veja a expressão de
Hebreus 5:7: “O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e
lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto
ao que temia”. Este texto sagrado refere-se à vida piedosa de Jesus; interseção,
compaixão, oração e súplicas são qualidades presentes em um autêntico
sacerdote. Aqui, o autor ensina que Cristo não é apenas o Filho de Deus sem
pecado, é também um verdadeiro homem. Para provar isso, o autor se refere à
variedade de experiências humanas pelas quais ele passou nos dias da sua carne.
Perceba as palavras usadas para descrever a vida de Jesus e, especialmente, sua
experiência no Getsêmani (Mc.14:32-39): orações e súplicas, em alta voz e com
lágrimas (NVI). Todas essas palavras retratam sua vida como homem dependente, submetido
à obediência a Deus Pai, tomando parte de todas as emoções humanas não vinculadas
ao pecado.
Cristo não pediu em sua
oração que fosse poupado da morte, afinal, morrer pelos pecadores foi
precisamente o seu proposito ao vir ao mundo (João 12:27). A oração pedia que
sua alma não fosse deixada no Hades. Essa oração foi respondida quando Deus Pai
o ressuscitou da morte(1Co.15:4). Ele foi ouvido por causa de sua piedade. Sem
a ressurreição de Cristo seria vã a nossa fé (1Co.15:14), e todos os que morreram
em Cristo estariam perdidos para sempre (1Co.15:18); mas, por causa da sua
ressurreição temos viva esperança de morarmos com Ele na glória.
3. Pela submissão que demonstrou. Veja a seguinte
expressão no final de Hb.5:7: “[...]foi ouvido quanto ao que temia”. Na Revista
Almeida e Atualizada esta expressão é traduzida da seguinte forma: “tendo sido
ouvido por causa da sua piedade". O substantivo grego “eulabeia” pode
significar “temor”, “piedade”, ou “temor reverente”. Nas intensas orações de
Jesus, havia tanto devoção pessoal quanto submissão reverente à vontade
redentora do Pai.
Os sumos sacerdotes tinham
que ser humanos (e, dessa forma, capazes de se compadecer daqueles que eles
representavam), e tinham que ser chamados por Deus. Cristo preencheu estes dois
requisitos (cf.Hb.4:15; 5:5,6). A humanidade de Jesus permitia que Ele se compadecesse
de nós. Para mostrar isto, o autor da Epístola lembrou aos destinatários de
como Jesus, nos dias da sua carne, agonizou enquanto se preparava para
enfrentar a morte (Lc.22:41-44). Embora Jesus tenha clamado a Deus, pedindo para
ser livrado, Ele estava preparado para sofrer humilhações, a separação de seu
Pai e a morte, a fim de fazer a vontade de Deus Pai. Ele ofereceu, com grande clamor
e lágrimas, orações e súplicas. Ele sabia que tinha sido enviado para morrer,
mas, em sua humanidade, enfrentou grande temor e tristeza sobre o que sabia que
iria acontecer. Em sua humanidade, Ele não queria morrer, mas sujeitou-se à
vontade de Deus Pai, e este ouviu as suas orações. O viver temente de Jesus o
conduziu a suportar o sofrimento em favor da humanidade e, dessa forma, a
completar a obra expiatória em favor de todos. Jesus sofreu a extrema agonia e
a morte em sua submissão a Deus. Mas as suas orações foram respondias, pois Ele
foi salvo do poder da morte. Ele venceu a morte através da sua ressurreição.
III. UM
SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA
“A doutrina da
superioridade sacerdotal de Cristo é transcendental aos princípios formadores
da fé cristã e essencial à nossa fé”.
1. Uma doutrina transcendente. A doutrina da
superioridade sacerdotal de Cristo era e é de sua importância para o viver
cristão, porém, os cristãos destinatários da Epístola aos Hebreus não estavam
compreendendo esta importante doutrina. Em vez de trabalharem arduamente por
sua fé, eles estavam escolhendo a estrada mais fácil. O autor ilustra este fato
ao dizer que é “de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes
para ouvir” (Hb.5:11). Aparentemente, o escritor conhecia pessoalmente muitos
crentes judeus que se encaixavam nesta descrição, ou tinha ouvido falar da
indisposição que eles demonstravam para aplicar alguns destes conceitos importantes
sobre a sua fé, dentre eles, a doutrina a respeito do papel de Cristo como Sumo
Sacerdote. A falta de maturidade e interesse de crescimento no conhecimento da
Palavra por parte desses cristãos tornava difícil para o autor tornar esta
doutrina compreendida, pois essa doutrina transcendia em muito aqueles
princípios formadores da fé cristã. Requeria maturidade, o que só teria sido
possível se eles exercitassem suas mentes na meditação das Escrituras Sagradas.
Aparentemente, eles
tinham sido cristãos por muito tempo; tanto tempo, que deviam estar ensinando a
outros. No entanto, eles tinham sido preguiçosos em sua fé e precisavam de
alguém para lhes ensinar novamente os “primeiros rudimentos” das Escrituras
Sagradas (cf. Hb.5:12). Não é de admirar que eles estivessem em perigo de se
desviar (Hb.2:1). Em vez de explorarem e aprofundarem o conhecimento que tinham
a respeito de Cristo, em vez de agradarem a Deus através de suas ações, eles
pensavam em abandonar a Cristo quando enfrentavam alguma oposição. A expressão
“primeiros rudimentos” (Hb.5:12) refere-se à mensagem simples do evangelho e às
crenças básicas da fé. Em vez de ensinarem a outros, esses crentes precisavam
aprender tudo outra vez. Eles eram como meninos, ainda bebendo leite, em vez de
crescerem, comendo sólido alimento – os ensinos mais difíceis da Palavra de
Deus, tais como o significado da posição de Sumo Sacerdote de Cristo.
2. Uma doutrina essencial. Se por um lado a
doutrina da superioridade sacerdotal de Cristo era por natureza transcendente,
por outro lado, formava a essência da fé cristã. No entanto, os cristãos
destinatários ainda estavam se alimentando com “leite”, isto é, eles não haviam
crescido em sua fé, não possuíam uma fé substancial a ponto de compreender a
essencialidade dessa doutrina (Hb.5:13,14). Eles permaneciam inexperientes e
incapazes de aplicar o seu conhecimento à sua vida e de fazer o que é certo.
Tinham recebido instruções suficientes, mais ainda estavam agindo como
crianças. Quando não se tem maturidade suficiente na vida cristã, fica difícil
e, às vezes, impossível de se fazer escolhas acertadas. Entretanto, os crentes
que possuem maturidade cristã têm os sentidos exercitados para discernir tanto
o bem como o mal (Hb.5:14). Apenas exercitando a mente na meditação da Palavra
de Deus, podemos chegar à maturidade cristã e espiritual. Os cristãos espiritualmente
maduros examinam-se constantemente, desviam-se do pecado, e aprendem quais
ações, pensamentos e atitudes agradarão a Deus.
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta Aula a
respeito da Supremacia do Sumo Sacerdócio de Cristo. O Senhor Jesus, por
intermédio de seu sacerdócio supremo, torna aberto o caminho para todas as
pessoas aproximarem-se ao trono da Graça de Deus com confiança. Nosso Senhor, o
Filho de Deus, viveu toda a nossa condição humana e, como Sacerdote perfeito,
está habilitado para interceder por nós; ninguém melhor que Ele para
compreender nossas fraquezas e debilidades. Por isso, precisamos de um mediador
perfeito, "porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos"
(1Tm.2:5,6).
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O Sacerdócio eterno
de Cristo. PortalEBD_2008.