domingo, 28 de abril de 2024

OS INIMIGOS DO CRISTÃO

          2º Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 5

Texto Base: Romanos 6:11-14; 1João 2:15-17

“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros” (Gálatas 5:25,26).

Romanos 6:

11.Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor.

12.Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências;

13.nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.

14.Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. 

1João 2:

15.Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.

16.Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.

17.E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

INTRODUÇÃO

Na jornada da vida cristã, encontramos adversários que buscam nos desviar do caminho da fé e do propósito estabelecido por Deus. Esses inimigos, embora invisíveis aos olhos humanos, são reais e representam uma ameaça constante para nossa comunhão com Deus e nosso crescimento espiritual. Entre esses adversários, destacam-se três principais: o Diabo, a Carne e o Mundo. Cada um deles exerce sua influência de maneira sutil e muitas vezes sedutora, tentando nos afastar da vontade de Deus. Para resistir a esses inimigos e permanecer firmes na fé, é crucial estar revestido com a armadura espiritual fornecida por Deus (Ef.6:13-17). Nesta lição, exploraremos esses inimigos do cristão e aprenderemos como enfrentá-los com as armas divinas, permanecendo firmes no propósito de seguir a Cristo.

I. O PRIMEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O DIABO

1. O Diabo é real

Na jornada espiritual do cristão, é crucial reconhecer a realidade do primeiro e principal inimigo: o Diabo. Desde os tempos mais antigos até os dias de hoje, as Escrituras nos revelam a existência e a atuação maligna desse ser espiritual. Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, encontramos relatos que evidenciam a presença do Diabo e suas estratégias para desviar os filhos de Deus de Seu propósito.

No Antigo Testamento, encontramos algumas referências que falam da existência de Satanás ou de sua influência maligna. Aqui estão algumas delas:

Ø  Gênesis 3:1-6. No relato da queda do homem, uma serpente é apresentada como sendo sutil, e mais tarde, na Bíblia, é revelado que esta serpente é identificada como Satanás (Apocalipse 12:9).

Ø  Jó 1:6-12. Este texto descreve Satanás apresentando-se diante de Deus junto com os "filhos de Deus". Ele desafia a integridade de Jó e recebe permissão de Deus para afligi-lo, mostrando sua atividade maligna.

Ø  1Crônicas 21:1. Aqui, Satanás instiga o rei Davi a fazer um censo de Israel, resultando em um grande pecado contra Deus.

Ø  Zacarias 3:1,2. O profeta Zacarias vê uma visão na qual Satanás está diante do sumo sacerdote Josué, acusando-o. Este episódio ilustra a batalha espiritual que ocorre nos bastidores da história humana.

Essas são algumas das passagens do Antigo Testamento que fazem referência à existência ou à atividade de Satanás.

No Novo Testamento, há várias passagens que fazem referência à existência ou à atividade de Satanás. Aqui estão algumas delas:

Ø  Mateus 4:1-11. Descreve a tentação de Jesus no deserto por Satanás, mostrando sua tentativa de desviá-lo do caminho de Deus.

Ø  Mateus 12:22-29. Jesus fala sobre Satanás e seus demônios, descrevendo sua influência e sua derrota por meio do poder de Deus.

Ø  Mateus 16:23. Jesus repreende Pedro dizendo: "Para trás de mim, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens".

Ø  Lucas 22:31,32. Jesus prediz a tentação de Pedro por Satanás, mas também promete orar por ele para que sua fé não desfaleça.

Ø  Atos 5:3. Pedro confronta Ananias sobre suas mentiras, dizendo que ele havia sido tentado por Satanás a mentir para o Espírito Santo.

Ø  2Coríntios 11:14. Paulo adverte sobre a habilidade de Satanás de se disfarçar como um anjo de luz, enganando as pessoas.

Ø  1Pedro 5:8. Pedro exorta os cristãos a estarem vigilantes, pois o diabo anda ao derredor como um leão rugindo, procurando alguém para devorar.

Essas são apenas algumas das passagens no Novo Testamento que mencionam Satanás e sua atividade maligna. Jesus Cristo, durante Seu ministério terreno, confirmou a existência do Diabo e alertou sobre seus intentos maléficos (Mt.13:39; Lc.11:18).

Devemos nos conscientizar da realidade da figura satânica e como resistir às suas investidas malignas, permanecendo firmes na fé.

2. A descrição de Satanás

A descrição de Satanás nas Escrituras Sagradas é multifacetada e complexa, fornecendo uma imagem detalhada de sua natureza, posição e caráter.

Primeiramente, Satanás é retratado como um ser espiritual que pertencia a uma ordem angelical elevada, sendo descrito como um querubim exaltado. Essa posição privilegiada sugere que ele tinha uma proximidade especial com Deus antes de sua queda (Ezequiel 28:12,14). A menção de sua contenda com o Arcanjo Miguel em Judas 9 confirma sua posição de destaque entre os seres celestiais.

Além disso, Satanás é reconhecido como o líder dos anjos caídos, exercendo autoridade sobre eles. Ele é descrito como o deus deste século e o príncipe da potestade do ar, o que indica sua influência dominante sobre o mundo e seus habitantes (2Coríntios 4:4; Efésios 2:2). Apesar de seu poder, é importante observar que suas ações estão limitadas pelo controle soberano de Deus.

A descrição de Satanás também inclui atributos de personalidade, como inteligência, raiva, desejos e vontade própria. Ele é retratado como um ser astuto e enganador, capaz de distorcer a verdade e incitar a rebelião contra Deus (2Coríntios 11:3; Apocalipse 12:17). Sua ira contra os seguidores de Jesus Cristo é evidente em várias passagens das Escrituras.

É interessante notar que Jesus e outros escritores do Novo Testamento consideravam Satanás como uma pessoa real, usando pronomes pessoais para se referir a ele e reconhecendo sua existência como um adversário espiritual (Mateus 4:1-12; cf. Jó 1:6-12; 2:1-4).

Portanto, a descrição de Satanás nas Escrituras destaca sua posição anterior de honra, sua queda espiritual, sua autoridade limitada, seus atributos de personalidade e sua contínua oposição ao plano de Deus para a humanidade. Essa compreensão detalhada nos alerta sobre a realidade de sua existência e nos exorta a estar vigilantes contra suas artimanhas e tentativas de desviar-nos do caminho da verdade e da retidão.

Parte superior do formulário

3. A identidade do Inimigo

A identidade do inimigo, como revelada nas Escrituras, é multifacetada e apresenta uma gama de nomes que descrevem sua natureza e caráter. Cada nome usado para se referir a Satanás oferece uma perspectiva única sobre sua personalidade e suas táticas malignas.

a)    Serpente. Este nome destaca a sagacidade e astúcia de Satanás, especialmente evidente em sua interação com Eva no jardim do Éden (Gênesis 3:1). A serpente é um símbolo de engano e manipulação.

b)   Satanás. Derivado do hebraico "ha-Satan", que significa "o adversário" ou "o opositor", este nome enfatiza o papel de Satanás como um inimigo declarado de Deus e da humanidade. Ele é retratado como um adversário que se opõe ao plano divino e busca causar dano aos crentes (Zacarias 3:1; Mateus 4:10).

c)    Diabo. Do grego "diabolos", que significa "acusador" ou "caluniador", este nome destaca o papel de Satanás como aquele que lança acusações contra os filhos de Deus (Apocalipse 12:10). Ele é retratado como um inimigo que tenta desacreditar e destruir a fé dos crentes (Mateus 4:1).

d)   Maligno. Este nome enfatiza o caráter maligno e malicioso de Satanás. Ele é retratado como o autor do mal, aquele que busca semear a discordância, a corrupção e a destruição no mundo (1João 5:18,19).

e)    Dragão Vermelho. Esta imagem destaca a ferocidade e o poder destrutivo de Satanás. O dragão é uma figura associada à violência e à opressão, representando a natureza feroz e implacável do inimigo (Apocalipse 12:3,7,9,10).

f)     Tentador. Este nome destaca a atividade de Satanás como aquele que tenta os crentes a pecar, usando engano e sedução para desviá-los do caminho da retidão (Atos 5:3; 1Coríntios 7:5).

g)   Encanador. Este nome destaca o papel de Satanás como o enganador das nações, aquele que seduz as pessoas a seguirem seus caminhos de destruição e morte (Apocalipse 12:9; 20:2,3).

h)   Belzebu. Este nome, que significa "senhor das moscas", destaca Satanás como o chefe dos demônios, aquele que exerce autoridade sobre as forças malignas (Lucas 11:15).

i)     Belial. Este nome destaca a natureza má e sem valor de Satanás. Ele é retratado como uma figura de perversidade e corrupção, oposta a tudo o que é bom e justo (Juízes 19:22; 1Samuel 30:22; 2Coríntios 6:15).

Esses diversos nomes revelam as diferentes facetas da natureza e do caráter de Satanás, destacando sua astúcia, malícia, destrutividade e hostilidade em relação a Deus e aos crentes. Ao compreendermos a identidade do inimigo, podemos estar melhor preparados para resistir às suas artimanhas e permanecer firmes na fé.

Parte superior do formulário

II. O SEGUNDO INIMIGO DO CRISTÃO: A CARNE

1. Conceito bíblico de Carne

O conceito bíblico de "carne" abrange várias dimensões que são cruciais para entendermos seu papel como um inimigo do cristão. Primeiramente, a carne é entendida como o tecido muscular do corpo humano e dos animais, conforme mencionado em passagens como Gênesis 2:21. Nesse sentido literal, a carne é uma parte essencial da constituição física do ser humano.

Além disso, a carne também pode se referir ao corpo humano inteiro, como evidenciado em passagens como Êxodo 4:7, onde Moisés é instruído a colocar sua mão em seu peito, representando seu corpo. Essa definição ampliada destaca a integralidade da natureza física do ser humano.

No entanto, a carne também é usada para descrever a condição humana em sua fragilidade e mortalidade. Por exemplo, em Salmos 78:39, a carne é associada à fraqueza e à transitoriedade da vida humana, contrastando com a eternidade de Deus.

Contudo, a definição mais significativa de carne na Bíblia é aquela que se refere à natureza humana pecaminosa. Em passagens como Gálatas 5:19 e 6:8, a carne é identificada com os desejos e impulsos pecaminosos que habitam dentro do ser humano, resultando em obras da carne que estão em oposição ao Espírito de Deus.

Particularmente relevante é a expressão "concupiscência da carne", conforme mencionada em 1João 2:16. Essa expressão denota a inclinação pecaminosa da natureza humana em buscar satisfação egoísta e indulgência em prazeres mundanos, sem consideração pelas normas morais ou pelas necessidades dos outros.

Portanto, o conceito bíblico de carne abrange não apenas a dimensão física do corpo humano, mas também sua condição pecaminosa e inclinação para satisfazer os desejos egoístas. Reconhecer e entender essa natureza da carne é essencial para combater seu impacto como inimigo espiritual do cristão.

2. A Carne no Novo Testamento

No Novo Testamento, o termo "carne", traduzido do grego "sárx", descreve a totalidade da natureza humana pecaminosa, que está em oposição a Deus e aos seus propósitos. Essa natureza humana decaída e corrupta é caracterizada pela ausência da presença do Espírito Santo e pela dominação dos desejos e impulsos carnais.

O apóstolo Paulo, em suas cartas, oferece uma visão abrangente sobre a carne e suas obras. Em Gálatas 5:19-21, ele lista as obras da carne, que incluem imoralidade sexual, impureza, idolatria, inveja, entre outros, destacando a natureza depravada e pecaminosa da carne. Da mesma forma, em Colossenses 3:5,9, Paulo exorta os crentes a mortificar as inclinações carnais, como a fornicação, a impureza, a concupiscência, a inveja, a cólera, entre outras.

A carne, segundo o ensino de Paulo, está em constante oposição a Deus e aos seus propósitos, pois busca agir de forma independente e autônoma, alheia aos planos divinos. Ela representa a parte corrompida e caída do ser humano, que se coloca como adversária do Senhor, ignorando sua vontade e desobedecendo aos seus mandamentos.

Essa natureza carnal é apresentada como uma força que leva o ser humano a se exaltar sobre Deus, agindo como se fosse o próprio Deus. Ela promove a autossuficiência, a busca por prazeres imediatos e a satisfação dos desejos egoístas, distanciando o indivíduo da comunhão com o Criador e levando-o à ruína espiritual.

Portanto, no Novo Testamento, a "carne" é retratada como uma força espiritualmente prejudicial, que deve ser combatida e mortificada pelo poder do Espírito Santo, para que o crente possa viver em conformidade com os propósitos de Deus e experimentar a verdadeira liberdade e plenitude espiritual.

3. A perspectiva doutrinária da palavra Carne

Do ponto de vista doutrinário, a palavra "carne" na Bíblia refere-se à condição humana após a queda de Adão no Jardim do Éden. Essa queda resultou na corrupção e na depravação da natureza humana, tornando-a propensa ao pecado e à rebelião contra Deus. Assim, a "carne" não se limita apenas ao corpo físico, mas abrange toda a natureza humana caída e corrompida pelo pecado.

A expressão "carne" pode ser usada de diversas maneiras nas Escrituras. Em alguns contextos, ela se refere ao corpo humano, como em 1Coríntios 15:39, onde Paulo fala sobre os diferentes tipos de corpos. No entanto, em outros contextos, especialmente nas cartas de Paulo, "carne" é empregada para descrever a natureza pecaminosa e corrupta do ser humano.

Por exemplo, em Romanos 8:6, Paulo contrasta a mente governada pelo Espírito Santo com a mente governada pela carne, indicando que a carne representa uma mentalidade voltada para os desejos pecaminosos e as inclinações egoístas. Da mesma forma, em Gálatas 5:19-21, Paulo lista as obras da carne, que incluem ações pecaminosas como fornicação, impureza, idolatria e inveja, evidenciando a corrupção moral da natureza humana.

Logo, é importante distinguir entre a "carne" como corpo físico e a "carne" como natureza pecaminosa. Embora ambas as acepções possam ser encontradas na Bíblia, é fundamental compreender que, quando se fala sobre as obras da carne ou a natureza pecaminosa, está se referindo à inclinação do ser humano para o pecado e à sua incapacidade de agradar a Deus por seus próprios esforços.

Dessa forma, a perspectiva doutrinária da palavra "carne" enfatiza a realidade da condição caída e pecaminosa da humanidade, destacando a necessidade da redenção e da transformação interior proporcionadas pela graça de Deus através de Jesus Cristo.

III. O TERCEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O MUNDO

1. Perspectivas bíblicas da palavra “Mundo”

A palavra "mundo" na Bíblia possui diversas conotações que nos ajudam a compreender suas diferentes perspectivas e significados. Ao analisarmos essas perspectivas bíblicas, podemos perceber que o termo "mundo" abrange tanto aspectos físicos quanto espirituais, além de representar a realidade da condição humana diante de Deus.

a)    O planeta Terra. Em algumas passagens, a palavra "mundo" se refere simplesmente ao mundo físico em que vivemos, o planeta Terra (Salmo 24:1). Essa perspectiva enfatiza a criação divina e a responsabilidade do ser humano como seu administrador.

b)   As nações conhecidas. Outra conotação de "mundo" é o conjunto das nações ou povos conhecidos (1Reis 10:23). Essa perspectiva destaca a diversidade da humanidade e suas diferentes culturas, línguas e costumes.

c)    A raça humana. Em certos contextos, "mundo" se refere à totalidade da raça humana (Salmo 9:8; João 3:16). Nesse sentido, Deus ama o mundo e enviou seu Filho para a sua salvação, demonstrando seu amor incondicional por toda a humanidade.

d)   O universo. Em algumas passagens, "mundo" é utilizado para descrever o universo criado por Deus (Romanos 1:20). Essa perspectiva ressalta a grandeza e a complexidade da criação divina, revelando a glória de Deus através de sua obra criadora.

e)    Os que se opõem a Deus. Por fim, "mundo" também pode se referir àqueles que vivem em oposição a Deus e aos seus princípios (João 12:31; 15:18). Nessa perspectiva, o mundo representa uma sociedade que está afastada de Deus, dominada pelo pecado e pelas paixões carnais.

A passagem em 1João 2:15 adverte os cristãos a não amarem o mundo, referindo-se especificamente à última conotação mencionada. Aqui, "mundo" denota uma sociedade que se opõe a Deus e seus valores, caracterizada pela busca desenfreada por prazeres carnais e pela soberba da vida (1João 2:16). Essa perspectiva destaca a necessidade dos cristãos de se separarem do espírito do mundo e viverem de acordo com os princípios do Reino de Deus, cultivando uma relação íntima com Ele e buscando sua vontade em todas as coisas.

2. Três níveis de vícios infames

Os três níveis de vícios infames mencionados em 1João 2:16 - concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida - oferecem uma visão abrangente dos desafios e tentações que os cristãos enfrentam em sua jornada espiritual.

a)    Concupiscência da carne. Esta se refere aos desejos e impulsos carnais que estão em conflito com a vontade de Deus. Envolve todo tipo de desejo pecaminoso relacionado ao corpo, como a luxúria, a sensualidade, a busca por prazeres físicos e a indulgência nos apetites carnais. Essa concupiscência leva o indivíduo a satisfazer seus desejos egoístas e imorais, ignorando os princípios divinos de santidade e pureza.

A "concupiscência da carne" é mencionada em diversas passagens bíblicas. Aqui estão algumas delas:

ü  Gálatas 5:16-17: "Digo, porém: Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer".

ü  Romanos 13:14: "Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências".

ü  Tiago 1:14,15: "Cada um, porém, é tentado pelo próprio desejo, quando este o atrai e seduz. Então, o desejo, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte".

ü  1Pedro 2:11: "Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma".

Essas passagens destacam a luta espiritual entre a carne e o Espírito e advertem sobre os perigos de ceder à concupiscência da carne, que pode levar ao pecado e à morte espiritual.

b)   Concupiscência dos olhos. Este nível de vício está relacionado ao desejo por aquilo que é visualmente atraente, mas que pode ser contrário à vontade de Deus. Envolve a cobiça por bens materiais, riquezas, status social, poder e tudo o que é visto como desejável aos olhos humanos. A concupiscência dos olhos leva a pessoa a buscar a satisfação em coisas passageiras e terrenas, ao invés de buscar a verdadeira felicidade e realização espiritual em Deus.

A "concupiscência dos olhos" é mencionada em uma passagem bíblica específica:

ü  1João 2:16 (NVI): "Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo".

Nesta passagem, a "cobiça dos olhos" é identificada como uma das tentações que vêm do mundo e não do Pai celestial. Este versículo adverte sobre os perigos de se deixar levar pela busca desenfreada por prazeres visuais e desejos materialistas, em oposição aos valores espirituais.

c)    Soberba da vida. Esse último nível de vício diz respeito à arrogância, à autoexaltação e à confiança excessiva nas próprias habilidades e conquistas. Envolve uma atitude de orgulho e presunção, onde o indivíduo se coloca acima de Deus e das necessidades dos outros. A soberba da vida leva à independência de Deus e à confiança nas próprias capacidades, levando à idolatria do eu e à rejeição da autoridade divina.

A expressão "soberba da vida" é encontrada em uma passagem específica:

ü  1João 2:16 (NVI): "Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo".

Neste versículo, a "ostentação dos bens" ou "a soberba da vida" refere-se à tendência humana de exaltar a si mesmo, confiar em sua própria habilidade e sucesso mundano, em vez de depender de Deus e viver em humildade diante dele.

Esses três níveis de vícios infames representam as diferentes formas pelas quais o pecado se manifesta na vida do ser humano, afastando-o da comunhão com Deus e do propósito para o qual foi criado. Eles são uma advertência para os cristãos permanecerem vigilantes e buscar a santidade em todas as áreas de suas vidas, resistindo às tentações e vivendo de acordo com os princípios do Reino de Deus.

3. Vencendo o mundo

Vencer o mundo requer uma postura espiritual firme e determinada por parte dos cristãos, uma vez que estão constantemente sujeitos às influências e tentações desse sistema contrário aos valores do Reino de Deus. Aqui estão algumas estratégias para vencer o mundo:

a)    Encher-se do Espírito Santo (Ef.5:18). A plenitude do Espírito Santo capacita os crentes a resistirem às investidas do mundo e a viverem de acordo com os padrões divinos. O Espírito Santo fortalece, guia e capacita os cristãos a discernirem entre o bem e o mal, e a tomarem decisões que honrem a Deus.

b)   Viver em Cristo Jesus (Mt.7:21). A vida cristã autêntica e transformada em Cristo é a chave para vencer o mundo. Isso implica em submissão total a Ele, buscando obedecer à Sua vontade em todas as áreas da vida. Aqueles que vivem em comunhão íntima com Cristo são fortalecidos em sua fé e capacitados a resistir às tentações do mundo.

c)    Resistir ao diabo (Tg.5:7). O diabo é o instigador e promotor das influências mundanas que buscam desviar os cristãos do caminho da santidade. Resistir a ele significa estar alerta contra seus ataques e não ceder às suas artimanhas. Isso envolve uma postura de firmeza na fé, baseada na autoridade de Cristo e no poder do Espírito Santo.

d)   Buscar a vontade de Deus (Rm.12:2). Priorizar a vontade de Deus em todas as áreas da vida é essencial para vencer o mundo. Isso significa alinhar nossos pensamentos, desejos e ações com os princípios e valores do Reino de Deus, rejeitando as influências mundanas que se opõem a Ele.

Ao seguir essas estratégias e permanecer firmes na fé, os cristãos podem vencer as investidas do mundo e viver uma vida que glorifica a Deus. É importante lembrar que essa vitória não é obtida por esforços próprios, mas pela graça e poder de Deus que opera na vida daqueles que confiam Nele e buscam Sua vontade.

CONCLUSÃO

Ao longo deste estudo, exploramos os principais inimigos que o cristão enfrenta em sua jornada espiritual: o diabo, a carne e o mundo. Esses adversários são reais e representam ameaças constantes à fé e à comunhão com Deus. No entanto, como discípulos de Cristo, não estamos desamparados. A Escritura nos instrui a nos revestirmos da armadura de Deus para resistir aos ataques do inimigo e permanecer firmes na fé.

É crucial compreendermos a natureza e as táticas desses inimigos para podermos combatê-los eficazmente. O diabo busca nos enganar, a carne nos tenta com seus desejos pecaminosos, e o mundo nos oferece valores e prazeres contrários aos princípios divinos. No entanto, através do poder do Espírito Santo e do conhecimento da Palavra de Deus, podemos vencer essas batalhas espirituais.

Devemos estar vigilantes, buscando constantemente a vontade de Deus em todas as áreas de nossas vidas. Isso envolve renunciar às obras das trevas, viver em santidade e buscar a transformação de nossa mente para que possamos discernir e seguir o caminho de Deus. Ao nos rendermos à direção do Senhor e nos submetermos à Sua vontade, podemos encontrar força e vitória sobre os inimigos espirituais, sabendo que Ele está conosco em todas as circunstâncias.

Que possamos permanecer firmes na fé, confiando no poder de Deus para nos capacitar a superar esses inimigos e continuar avançando em nossa jornada espiritual, rumo à plenitude da vida em Cristo.

-----------------------

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Efésios – Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.

Pr. Hernandes Dias Lopes. 1João – Como ter garantia da Salvação.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Romanos – O Evangelho segundo Paulo.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Gálatas – A Carta da liberdade cristã.

domingo, 21 de abril de 2024

COMO SE CONDUZIR NA CAMINHADA

         2º Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 4

Texto Base: Efésios 5:15-17

“Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo” (Colossenses 4:5).

Efésios 5:

15.Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,

16.remindo o tempo, porquanto os dias são maus.

17.Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. 

INTRODUÇÃO

Na quarta lição deste trimestre, somos ousados a explorar as veredas da jornada cristã sob o título revelador: "Como se conduzir na caminhada". Este tema crucial direciona nosso olhar para as orientações divinas que moldam nossa trajetória espiritual. Na jornada da vida cristã, a Palavra de Deus emerge como a bússola infalível, iluminando os passos dos fiéis peregrinos em direção ao reino celestial. O Salmista proclama em Salmo 119:105: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho". Esta afirmação ressoa como o alicerce inabalável que nos guia na caminhada cristã.

Nessa caminhada, o Pai celestial, em seu amor incomparável, estabelece um padrão divino para a conduta que conduz o crente à vida eterna. Cada página das Sagradas Escrituras torna-se uma revelação, um sinal luminoso delineando como devemos agir ao longo desse caminho rumo à Pátria Celestial. Seu cuidado paternal se manifesta na orientação, na repreensão e na correção que recebemos ao longo dessa jornada.

Alicerçar nossa conduta na caminhada cristã na imersão na Palavra de Deus é o cerne do estudo desta Lição. 2Timóteo 3:16,17 enfatiza que toda Escritura é inspirada por Deus, sendo não apenas útil, mas essencial para o ensino, a repreensão, a correção e a educação na justiça. Este versículo destaca a importância vital de alinharmos nossa conduta com os princípios eternos delineados nas Escrituras, buscando nelas a sabedoria que nos capacita a enfrentar os desafios diários da jornada cristã.

Ao imergirmos nesse estudo, que possamos compreender que a condução cristã não é apenas uma questão de destino, mas uma jornada diária de transformação, moldada pela luz da Palavra de Deus. Que este aprendizado inspire uma conduta piedosa, uma obediência diligente e uma confiança inabalável na orientação celestial enquanto caminhamos rumo ao Céu, guiados pela luminosidade inextinguível da Palavra de Deus.

I. O PADRÃO DE CONDUTA NA CAMINHADA CRISTÃ

1. Jesus como nosso padrão de conduta

Antes de analisarmos o texto base desta Lição (Efésios 5), cabe-nos refletir a respeito de um padrão geral de conduta para fazer a vontade do Pai celestial na Caminhada Cristã.

Na senda da vida cristã, o padrão de conduta estabelecido por Jesus emerge como a bússola moral que orienta os passos dos discípulos em sua jornada terrena. A palavra "padrão" evoca a ideia de uma norma consagrada, determinada por consenso ou autoridade, que se torna a base de comparação, um modelo digno de ser seguido. Neste contexto, o Senhor Jesus, ao proferir as palavras registradas em João 13:15, transcende o papel de Mestre para se tornar o exemplar supremo de vida – “Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu fiz, façais vós também".

Esta assertiva de Jesus, estabelece uma verdade fundamental: Ele é o padrão de conduta para seus discípulos. O termo "exemplo" denota mais do que simples instrução verbal; representa uma encarnação prática dos princípios divinos em ação. Jesus, ao viver na plenitude da vontade de Deus, torna-se o arquétipo, o modelo a ser imitado por todos aqueles que desejam seguir o caminho da verdade.

A importância desse padrão de conduta não pode ser subestimada. Em Hebreus 12:2, Jesus é apresentado como o "autor e consumador da nossa fé", evidenciando que Ele não apenas inicia, mas também completa a obra de fé em nossas vidas. A caminhada cristã, portanto, é moldada pela incessante contemplação de Jesus, não apenas como um mestre distante, mas como um padrão vivo que ilumina o caminho para a realização da vontade divina.

Portanto, a imitação de Jesus não é uma simples aspiração, mas uma necessidade vital para aqueles que almejam fazer a vontade de Deus neste mundo. Ele é o modelo perfeito de amor, humildade, serviço e obediência, proporcionando um roteiro claro para a conduta cristã. Assim, a caminhada cristã encontra seu significado mais profundo na incessante busca por refletir o padrão de conduta exemplificado por Jesus, o Mestre divino e perfeito.

2. Fazendo a vontade de Deus

Ao examinarmos a jornada de Jesus nesta vida, percebemos que, como Filho de Deus, Ele buscou incessantemente agradar ao Pai, fazendo sempre a Sua vontade (João 4:34; 6:38; 17:4). Essa atitude exemplar de submissão e obediência reflete não apenas a relação singular entre o Pai e o Filho, mas também estabelece um modelo sublime para todos os discípulos que anseiam seguir os passos do Mestre.

A instrução de Jesus aos seus discípulos sobre a busca da vontade do Pai, expressa na oração do "Pai Nosso", ressoa como um eco divino que ecoa através dos séculos (Mateus 6:10; cf. Mateus 26:39,42). Nessa oração, encontramos não apenas uma súplica por alimento espiritual, mas um anseio genuíno de alinhar a vontade pessoal com a divina, revelando o coração do cristão que busca viver em harmonia com os desígnios celestiais.

A aparente dificuldade de andar no padrão divino de Cristo não é uma barreira intransponível. Jesus mesmo, ao ensinar sobre a oração no Sermão da Montanha, enfatizou a necessidade de buscar auxílio do alto, reconhecendo nossa dependência de Deus (Mateus 6:9-13). Essa abordagem de humildade e confiança torna possível para o cristão, com a ajuda divina, seguir os passos de Cristo e, assim, cumprir a vontade do Deus Pai.

O cristão que almeja o Céu é desafiado a abandonar o egoísmo, o orgulho e a vaidade, trilhando o caminho da submissão a Deus. A prática da "Lei de Ouro", como ensinada por nosso Senhor - "tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também a vós" (Mateus 7:12; cf. Romanos 13:8,10) -, torna-se a bússola moral que guia as interações diárias, promovendo relações fundamentadas no amor e no respeito mútuo.

Assim, fazer a vontade de Deus transcende o mero cumprimento de regras; é uma jornada de transformação contínua, uma busca constante por alinhar nossos desejos e ações com os princípios divinos. Ao seguirmos esse caminho de submissão e amor, não apenas refletimos a imagem de Cristo, mas também construímos um alicerce sólido para a jornada que nos conduz ao Céu.

Parte superior do formulário

3. Uma vida cristã bem-sucedida

A vida cristã é muitas vezes comparada a uma competição espiritual, uma corrida em que cada passo é vital na busca pela aprovação divina. O apóstolo Paulo, em sua eloquente metáfora atlética em 1Coríntios 9:24-27, destaca a necessidade de procurar o caminho certo para alcançar a qualificação. Nessa busca pela qualificação celestial, o cristão encontra um padrão inspirador e transformador: Cristo Jesus.

O êxito espiritual, conforme delineado por Paulo, não é uma conquista casual, mas o resultado de uma busca consciente e diligente pelo caminho que leva à semelhança com Cristo. Assim como indivíduos bem-sucedidos na vida secular buscam espelhar-se em figuras ilustres, equilibradas e resilientes, o cristão é chamado a mirar-se em Cristo, o padrão supremo de êxito espiritual.

A analogia de Paulo sobre a competição espiritual sugere que o cristão deve abraçar a resiliência e o equilíbrio, características que Jesus personificou durante Sua jornada terrena. Em Filipenses 2:5, o apóstolo exorta os crentes a cultivarem em si mesmos o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Esse "sentimento" não é apenas uma emoção passageira, mas uma disposição constante de submissão, humildade e obediência à vontade divina.

Uma vida espiritual bem-sucedida não se baseia em conquistas externas, mas na conformidade interna ao caráter de Cristo. O equilíbrio entre fé e obras, e a resiliência diante das adversidades tornam-se os pilares dessa jornada espiritual vitoriosa. Ao seguir o modelo de Cristo, o cristão não apenas se qualifica na competição espiritual, mas também se torna um agente de transformação no mundo ao seu redor.

Portanto, a busca por uma vida espiritual bem-sucedida não é apenas um anseio individual, mas um chamado coletivo para refletir a luz de Cristo e proclamar Sua mensagem de redenção e esperança.

II. FAZENDO A CAMINHADA COM PRUDÊNCIA E SABEDORIA

1. O que é prudência?

Do latim “prudentĭa”, a prudência é a temperança, a moderação, a sensatez ou a cautela. Trata-se da virtude de agir de forma justa e ponderada. Ser prudente é ser precavido.

Agir com prudência compreende tanto ações relacionadas a falas quanto a movimentos, a fim de não causar danos a outras pessoas e também a própria pessoa. Ou seja, é uma sensatez que faz com que a pessoa busque evitar situações que gerem perigo, inconveniências, etc. Está escrito que “O insensato despreza a instrução de seu pai, mas o que aceita a repreensão consegue a prudência” (Provérbios 15:5).

Instrui o apóstolo Paulo: “Portanto, vede prudentemente como andais...” (Ef.5:15). Esta instrução ressoa como um guia sábio para a jornada do cristão neste mundo, e no cerne dessa orientação encontra-se a palavra "prudência". Aqui, Paulo faz um apelo contundente aos crentes para que avaliem com prudência a maneira como conduzem suas vidas - “vede prudentemente como andais”. Em outras palavras: seja prudente. Esta expressão "vede prudentemente como andais" (Ef.5:15) alerta para a importância de refletir cuidadosamente sobre as ações, garantindo que estejam em sintonia com a orientação divina.

No contexto do Antigo Testamento, especificamente em Provérbios 9:9, a prudência é vinculada à compreensão e discernimento, sugerindo uma capacidade de ensinar e instruir – “Dê instrução ao sábio, e ele se tornará mais sábio ainda; ensine o justo, e ele crescerá na prudência” (Provérbios 9:9).

A prudência, portanto, é uma virtude que capacita o indivíduo a agir com cautela e moderação diante de desafios, sendo uma razão prática que permite discernir as escolhas mais adequadas para realizar o bem (Provérbios 16:16).

Com mais ênfase podemos dizer que a prudência transcende a simples tomada de decisões; ela é uma qualidade que permeia a vida do cristão, moldando seu caráter e influenciando suas ações. Ao possuir prudência, o crente adquire a habilidade não apenas de fazer escolhas sábias, mas também de ensinar e orientar outros no caminho da sabedoria. Essa virtude é uma bússola moral que direciona o cristão em sua caminhada, permitindo-lhe navegar pelos desafios da vida com discernimento divinamente concedido.

A prudência, portanto, não é apenas uma habilidade humana, mas uma dádiva celestial que capacita o crente a viver de acordo com a vontade de Deus, fazendo escolhas que refletem a luz da verdade e promovem o bem em sua caminhada cristã.

José, filho de Jacó, é um exemplo notável de pessoa prudente. A história desse prudente jovem é relatada no livro de Gênesis, capítulos 37 a 50. A trajetória de José é marcada por uma série de eventos desafiadores, começando com a venda pelos seus irmãos como escravo e culminando com sua posição de destaque no Egito.

José demonstra prudência em várias situações ao longo de sua vida. Quando trabalhava na casa de Potifar, o oficial egípcio, ele se mostra um servo fiel e íntegro, recusando-se a ceder à tentação da esposa de Potifar. Esse ato de prudência resulta em sua prisão injusta, mas também na preservação de sua integridade moral.

Além disso, durante sua estada na prisão, José exibe sabedoria ao interpretar os sonhos de outros prisioneiros, antecipando eventos futuros. Essa habilidade se revela crucial mais tarde, quando ele interpreta os sonhos do faraó, sendo elevado a uma posição de autoridade para lidar com a iminente crise de fome.

A prudência de José é evidente também em sua abordagem ao lidar com seus irmãos, que o venderam como escravo. Em vez de buscar vingança, José os perdoa, reconhecendo que Deus tinha um propósito maior em sua jornada.

Portanto, a história de José na Bíblia destaca sua prudência ao enfrentar adversidades, sua fidelidade a Deus e sua capacidade de discernimento em diversas circunstâncias.

“Que o Senhor lhe conceda prudência e entendimento, para que, quando for rei sobre Israel, você guarde a Lei do Senhor, seu Deus” (1Crônicas 22:12).

2. Não andeis como néscios!

Ser néscio, segundo a perspectiva bíblica, é viver imerso na ignorância espiritual e afastado da luz divina, resultando em uma jornada marcada pelo pecado (Ef.2:2,3).

O apóstolo Paulo, em sua Carta aos Efésios (Efésios 5:15), adverte os crentes contra a conduta néscia – “...não como néscios, mas como sábios”. Utilizando o termo grego "asophos", ele destaca a importância de agir com sabedoria e discernimento, estando cheios do Espírito Santo para alinhar-se à vontade divina.

Paulo esclarece que aqueles que persistem na carnalidade não conseguem agradar a Deus, conforme mencionado em Romanos 8:8. Portanto, o apelo de Paulo para “não andar como néscios, mas como sábios” é também uma chamada à santidade e submissão à orientação do Espírito Santo. Ao evitarem a conduta néscia, os crentes buscam uma vida que glorifica a Deus, refletindo a sabedoria que provém d'Ele.

Em resumo, não andar como néscios revela a importância de os crentes rejeitarem a ignorância espiritual, abraçando a sabedoria divina e guiando sua jornada com prudência, sob a luz do Espírito Santo. Isso não apenas os afasta do caminho do pecado, mas também os conduz a uma vida que reflete a glória de Deus em cada passo dado.

3. Andeis como sábios!

A instrução do apóstolo Paulo em Efésios 5:15 ressoa como um chamado claro aos crentes: "Vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios". O termo "sábios", derivado do grego "sophós", descreve aqueles que são hábeis e peritos, e é esse o adjetivo que Paulo escolhe para caracterizar a jornada daqueles que se dirigem ao Céu.

A sabedoria mencionada aqui não é simplesmente a destreza intelectual adquirida por meio de estudos acadêmicos; é uma sabedoria espiritual que emana da vida dirigida pelo Espírito Santo. Aqueles que trilham no caminho do Espírito vivem na luz, na santidade e são dotados de discernimento divino (Efésios 1:8; Colossenses 4:5). Essa sabedoria, oriunda da luz divina que habita o crente, capacita-o a distinguir entre o que é correto e o que não é.

Paulo, ao dizer "vede prudentemente como andais" (Ef.5:15), está incentivando os crentes a avaliarem com sabedoria cada passo em sua jornada. Portanto, andar como sábios, implica um compromisso inabalável de não retroceder para as práticas do mundo.

A sabedoria divina, que não está sujeita a cursos acadêmicos, é espiritual e desempenha um papel crucial na condução do crente em direção à santidade (Hebreus 12:14). O resultado desse caminhar com sabedoria é a transformação gradual, tornando-se parecido com Jesus (1João 3:2; Gálatas 3:26).

Andar como sábios, à luz dessa perspectiva, implica não apenas em adquirir conhecimento, mas em aplicar a sabedoria divina à vida diária. Isso se traduz em decisões fundamentadas na luz da Palavra de Deus, na busca contínua pela santidade e na progressiva conformidade à imagem de Cristo.

Portanto, a exortação de Paulo é não apenas para uma sabedoria humana, mas para uma sabedoria que transcende o intelecto, moldando a própria essência do crente no processo.

III. VENCENDO OS DIAS MAUS

1. Remindo o tempo

A exortação de Paulo em Efésios 5:15,16 ressalta a importância de os crentes caminharem com sabedoria, aproveitando ao máximo o tempo que lhes é dado. A expressão "remindo o tempo" aponta para a necessidade de resgatar momentos, reconhecendo a transitoriedade da vida e a urgência de agir com propósito. O termo "remir" significa resgatar, recuperar, e nesse contexto, sugere a ideia de resgatar oportunidades, investindo o tempo de maneira inteligente, significativa e intencional.

Remir o tempo não sugere uma simples ocupação do tempo, mas uma redenção ativa, onde cada momento é investido com discernimento divino. A compreensão de que "os dias são maus" destaca a urgência de viver de maneira significativa, resistindo às influências negativas ao redor.

Remir o tempo, portanto, implica em evitar distrações desnecessárias e priorizar o que é realmente valioso. Isso inclui o crescimento espiritual, a busca pela santidade, o compartilhamento do Evangelho e a demonstração prática do amor cristão.

Ao adotar essa postura de remir o tempo, os crentes não apenas resistem às pressões do mundo, mas também se tornam agentes transformadores em seu ambiente. É uma jornada que transcende a mera gestão do tempo, envolvendo uma profunda consciência da vontade de Deus e um compromisso ativo em viver de maneira que glorifique ao Senhor em todos os momentos.

Com certeza, as pessoas sábias têm consciência de que o tempo é um bem precioso. Todos nós temos a mesma quantidade de tempo ao nosso dispor: 60 minutos por hora, 24 horas por dia. As pessoas sábias empregam seu tempo de forma proveitosa.

2. Remindo o tempo e a Volta do Senhor Jesus

O conceito de "remir o tempo" entre os cristãos no princípio da Igreja estava intrinsecamente ligado à iminência da segunda vinda do Senhor Jesus. A compreensão de que esse evento glorioso poderia ocorrer a qualquer momento impregnava a mentalidade da comunidade cristã, moldando sua abordagem em relação ao tempo e às oportunidades que se apresentavam.

O apóstolo Paulo, ao escrever sobre a nossa transformação e a imortalidade em 1Coríntios 15:51, instigava os crentes a adotarem uma postura vigilante, sempre prontos para a volta do Senhor. Essa expectativa não era uma mera teoria, mas um motivador prático para viver de maneira significativa e centrada em Cristo.

Remir o tempo, nesse contexto, era mais do que uma gestão eficiente do tempo; era um chamado urgente para viver uma vida piedosa, santa e sábia. A ênfase não era apenas na qualidade do tempo, mas na prontidão espiritual para o encontro com o Senhor. A passagem em 1Tessalonicenses 4:15 reforça essa ideia, destacando a importância de estarmos preparados espiritualmente, pois a volta de Jesus é iminente.

A perspectiva da iminência da volta de Cristo impede que os cristãos percam tempo com trivialidades e os impulsiona a priorizar o que é eterno. A vida sábia e piedosa, encorajada por essa expectativa, não é apenas uma preparação para o futuro, mas uma expressão de adoração e serviço ao Senhor no presente.

Ao remir o tempo, os crentes primitivos não apenas gerenciavam seus dias com sabedoria, mas também testemunhavam ao mundo sobre a esperança que possuíam. Essa jornada transcendia o temporal, apontando para a realidade eterna que aguardava os que estavam preparados para a volta do Senhor Jesus.

3. Os dias são maus

“Remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef.5:16). Aqui, a expressão "os dias são maus" ressoa como um alerta vívido para os cristãos, indicando que vivemos em uma sociedade permeada pelo pecado e por influências negativas. Nesse contexto desafiador, a exortação de "remir o tempo" ganha uma urgência ainda maior, pois os dias maus representam uma constante ameaça à busca por uma vida centrada em Deus.

A caracterização dos dias como maus não sugere apenas a presença de adversidades externas, mas também a possibilidade de sucumbir às tentações e práticas prejudiciais à Igreja de Cristo. É um reconhecimento da influência corrosiva do pecado que permeia a cultura e pode desviar os crentes do propósito eterno.

Diante dessa realidade, a resposta não é o conformismo, mas o discernimento espiritual. Paulo enfatiza que, em vez de nos conformarmos com os padrões mundanos, devemos compreender "qual seja a vontade de Deus" (Efésios 5:17). Isso implica não apenas conhecer intelectualmente a vontade divina, mas aplicá-la de maneira prática em nossas vidas diárias.

A vontade de Deus, nesse contexto, inclui ações específicas que fortalecem a vida espiritual e promovem o bem para com os outros. Isso envolve a prática do amor, a leitura das Escrituras, a oração, a consagração pessoal e a participação ativa nas diversas atividades/ministérios da Igreja Local. Em Gálatas 6:10 e Hebreus 10:25, encontramos direcionamentos claros sobre como usar o tempo de maneira construtiva, promovendo a edificação mútua e a preservação da fé em meio aos dias maus.

Portanto, remir o tempo em meio aos dias maus é mais do que uma gestão eficiente do tempo; é uma resposta sábia à urgência espiritual da época. É uma jornada de discernimento, resistência às influências negativas e busca constante pela vontade de Deus, vivendo uma vida que honra o Senhor mesmo em um contexto desafiador.

CONCLUSÃO

Concluímos esta Lição afirmando que a caminhada cristã não é apenas uma jornada física, mas uma jornada de transformação interior, orientada pelos princípios eternos da Palavra de Deus. Ao vivermos sábia e prudentemente, redimindo o tempo em meio aos desafios do presente, preparamo-nos não apenas para a eternidade, mas para vivermos uma vida que glorifica a Deus em cada passo.

Que esse estudo sobre como nos conduzir na caminhada cristã inspire-nos a abraçar a sabedoria divina, a agir com prudência em cada decisão e a viver na expectativa santa da volta gloriosa de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Que, ao final desta jornada terrena, possamos ouvir as palavras do Mestre: "Bem está, servo bom e fiel... entra no gozo do teu Senhor" (Mateus 25:21).

-------------

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Efésios – Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.

Pr. Hernandes Dias Lopes. 1 e 2 Tessalonicenses – Como se preparar para a Segunda Vinda de Cristo.