2º Trimestre/2015
Texto Base: Lucas 18:18-24
INTRODUÇÃO
O Dinheiro é o maior senhor de escravos do
mundo. Há indivíduos que fazem do dinheiro a razão da sua vida. Pessoas se
casam, divorciam, matam e morrem pelo dinheiro. Muitas pessoas, sem uma
dimensão da eternidade, tem sua vista obscurecida pelas coisas temporais e
passageiras e, portanto, acaba se deixando dominar pela avareza, pelo desejo de
acumulação de riquezas, que é uma insensatez total, como deixou bem claro Jesus
na parábola do rico insensato (Lc 12:13-21) - “porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”(Lc
12:15). Lamentavelmente, não são poucos os que acabam se perdendo na caminhada
para o céu por causa do dinheiro.
Riquezas e glórias vêm de Deus, contudo, o
dinheiro não é um tesouro para ser usado de forma egoísta, apenas para o nosso
deleite. Deus nos dá o dinheiro para O glorificarmos com ele, e fazemos isso,
quando cuidamos da nossa família, dos domésticos da fé e de outras pessoas
necessitadas, inclusive nossos inimigos (Mt 5:44). A Bíblia revela que a
avareza tem sido um obstáculo para muitos alcançarem a salvação, como nos casos
do mancebo de qualidade (Mt 19:22; Lc 18:23), de Judas Iscariotes (Lc 22:3-6;
João 12:4-6), de Ananias e Safira (At 5:1-5,8-10), de Simão, o mago (At 8:18-23)
e de muitos outros, como afirmou Paulo em sua carta a Timóteo (1Tm 6:9,10). Deus
assim nos exorta: “se as vossas riquezas
aumentam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62:10).
I. DINHEIRO, O DEUS MAMOM
O Dinheiro é mais
que uma moeda, é um deus, é Mamom. É o ídolo que tem o maior
número de adoradores neste mundo. Milhões de pessoas se prostram em seu altar todos os dias e
dedicam
tempo, talentos, vida e devoção a esse deus. Muitas
pessoas
pisam arrogantemente no próximo e sacrificam até a
família
para satisfazerem os caprichos insaciáveis dessa
divindade. No sermão do monte, Jesus disse que não podemos servir a
Deus e às riquezas ao mesmo tempo. Ninguém pode servir a dois senhores ao mesmo
tempo. Ninguém pode servir a Deus e às riquezas. A confiança em Deus implica no
abandono de todos os ídolos. Quem coloca a sua confiança no dinheiro, não pode
confiar em Deus para a sua própria salvação. Nossos corações somente têm espaço
para uma única devoção e nós só podemos nos entregar para o único Senhor.
Que
lugar o dinheiro ocupa na sua vida? O relato de Lucas 18:18-24
revela a situação espiritual de muita gente. O texto fala de um homem que
sentia sede de salvação, porém, tinha o grande obstáculo da riqueza, dos bens
materiais, um dos maiores inimigos da vida espiritual. De todas as pessoas que
vieram a Cristo, esse homem é o único que saiu pior do que chegou. Ele foi
amado por Jesus, mas, mesmo assim, desperdiçou a maior oportunidade da sua
vida. A despeito do fato de ter vindo à pessoa certa, de ter abordado o tema
certo, de ter recebido a resposta certa, ele tomou a decisão errada. Ele amou
mais o dinheiro do que a Deus, mais a terra do que o céu, mais os prazeres
transitórios desta vida do que a salvação da sua alma.
1. Esse
homem possuía excelentes qualidades, porém vivia insatisfeito. Destacamos
várias qualidades excelentes desse jovem. Entretanto, todas essas qualidades
que alistamos não puderam preencher o vazio da sua alma.
a)
Ele era riquíssimo (Lc 18.23). Esse jovem possuía tudo que
este mundo podia lhe oferecer: casa, bens, conforto, luxo, banquetes, festas,
jóias, propriedades, dinheiro. Ele era dono de muitas propriedades. Embora
jovem, já era muito rico. Certamente, ele era um jovem brilhante, inteligente e
capaz.
b)
Ele era proeminente (Lc 18:18). Lucas diz que ele era um
homem de posição. Ele possuía um elevado status na sociedade. Ele tinha fama e
glória. Era também líder famoso e influente na sociedade. Talvez ele fosse um
oficial na sinagoga. Tinha reputação e grande prestígio.
c)
Ele era virtuoso (Lc 18:21;Mt 19.20) - "Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?".
Aquele jovem julgava ser portador de excelentes predicados morais. Ele se
olhava no espelho da lei e dava nota máxima para si mesmo. Considerava-se um
jovem íntegro. Não vivia em orgias nem saqueava os bens alheios. Vivia de forma
honrada dentro dos mais rígidos padrões morais. Possuía uma excelente conduta
exterior. Era um modelo para o seu tempo.
d)
Ele era insatisfeito com sua vida espiritual (Mt 19:20).
"Que me falta ainda?". Ele
tinha tudo para ser feliz, mas seu coração ainda estava vazio. Seu dinheiro e
reputação não preencheram o vazio da sua alma. Estava cansado da vida que
levava. Nada satisfazia aos seus anseios. Ser rico não basta; ser honesto não
basta; ser religioso não basta. Nossa alma tem sede de Deus.
e)
Ele era uma pessoa sedenta de salvação (Lc 18:18).
Sua pergunta foi enfática: "Bom
Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”. Ele estava ansioso por algo
mais que não havia encontrado no dinheiro. Ele sabia que não possuía a vida
eterna, a despeito de viver uma vida correta aos olhos dos homens. Ele não
queria enganar a si mesmo. Ele queria ser salvo.
f)
Ele foi a Jesus com pressa (Mc 10:17). "E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem
ao seu encontro". Naquela época, pessoas tidas como importantes não
corriam em lugares públicos, mas esse jovem correu. Ele tinha pressa. Muitos
querem ser salvos, mas deixam para amanhã e perecem eternamente. Esse jovem não
pode mais esperar, ele não pode mais protelar. Ele não aguentava mais. Ele não
se importou com a opinião das pessoas. Ele tinha urgência para salvar a sua
alma.
g)
Ele foi a Jesus de forma reverente (Mc 10:17). "[...] e ajoelhando-se...” (Mc
10:17). Esse jovem se humilhou caindo de joelhos aos pés de Jesus. Ele
demonstrou ter um coração quebrantado e uma alma sedenta. Não havia dureza de
coração nem qualquer resistência. Ele se rendeu aos pés do Senhor.
h)
Ele foi amado por Jesus (Mc 10:21). "E Jesus, fitando-o, o amou". Jesus viu o seu conflito, o seu
vazio, a sua necessidade; viu o seu desespero existencial e se importou com ele
e o amou.
2. Esse
homem possuía excelentes qualidades, porém vivia enganado (Lc 18:18-23). As
virtudes do jovem rico eram apenas aparentes. Ele superestimava suas
qualidades. Ele deu a si mesmo nota máxima, mas Jesus tirou sua máscara e
revelou-lhe que a avaliação que fazia de si, da salvação, do pecado, da lei e
do próprio Jesus era muito superficial.
a)
Ele estava enganado a respeito da salvação (Lc 18:18).
Ele viu a salvação como uma questão de mérito e não como um presente da graça
de Deus. Ele perguntou: "Bom Mestre,
que farei para herdar a vida eterna?". Seu desejo de ter a vida eterna
era sincero, mas estava enganado quanto à maneira de alcançá-la. Ele queria
obter a salvação por obras e não pela graça. Todas as religiões do mundo
ensinam que o homem é salvo pelas suas obras. Na índia, multidões que desejam a
salvação deitam sobre camas de prego ao sol escaldante; balançam-se sobre um
fogo baixo; sustentam uma das mãos erguida até se tornar imóvel; fazem longas
caminhadas de joelhos. No Brasil, vemos as romarias, onde pessoas sobem
conventos de joelhos e fazem penitência pensando alcançar com isso o favor de
Deus. Muitas pessoas pensam que no dia do juízo Deus vai colocar na balança as
obras más e as boas obras e a salvação será o resultado da prevalência das boas
obras sobre as obras más. Mas a salvação não consiste daquilo que fazemos para
Deus, mas do que Deus fez por nós em Cristo Jesus.
b)
Ele estava enganado a respeito de si mesmo (Lc 18:18-21). O
jovem rico não tinha consciência de quão pecador ele era. O pecado é uma
rebelião contra o Deus santo. Ele não é simplesmente uma ação, mas uma atitude
interior que exalta o homem e desonra a Deus. O jovem rico pensou que suas
virtudes externas poderiam agradar a Deus. Porém, a Escritura diz que todas as
nossas justiças são como trapo da imundícia aos olhos do Deus santo (Is 64:6).
O jovem rico pensou que guardava a lei, mas
havia quebrado os dois principais mandamentos da lei de Deus: amar a Deus e ao próximo. Ele era
idólatra. Seu deus era o dinheiro. Seu dinheiro era apenas para o seu deleite.
Sua teologia era baseada em não fazer coisas erradas, em vez de fazer coisas
certas.
Jesus disse para o jovem rico: "Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto
tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me."
(Lc 18:22). O que faltava a ele? O novo nascimento, a conversão, o buscar a
Deus em primeiro lugar. Ele queria a vida eterna, mas não renunciou os seus
ídolos.
c)
Ele estava enganado a respeito da lei de Deus (Lc 18:20,21).
Ele mediu sua obediência apenas por ações externas e não por atitudes internas.
Aos olhos de um observador desatento ele passaria no teste, mas Jesus
identificou a cobiça em seu coração. Esse é o mandamento subjetivo da lei. Ele
não pode ser apanhado por nenhum tribunal humano. Só Deus consegue
diagnosticá-lo. Jesus viu no coração desse homem o amor ao dinheiro como a raiz
de todos os seus males (1Tm 6:10). O dinheiro era o seu deus; ele confiava nele
e o adorava.
d)
Ele estava enganado a respeito de Jesus (Lc 18:18; Mc 10:17).
Ele chamou Jesus de Bom Mestre, mas não está pronto a lhe obedecer. Ele pensou
que Jesus era apenas um rabi e não o Deus verdadeiro, feito carne. Jesus queria
que o jovem se visse a si mesmo como um pecador antes de ajoelhar-se diante do
Deus santo. Não podemos ser salvos pela observância da lei, pois somos rendidos
ao pecado. A lei é como um espelho; ela mostra a nossa sujeira, mas não remove
as manchas. O propósito da lei é trazer o pecador a Cristo (Gl 3:24). A lei
pode trazer o pecador a Cristo, mas não pode fazer o pecador semelhante a
Cristo. Somente a graça pode fazer isso.
e)
Ele estava enganado acerca da verdadeira riqueza (Lc 18:22).
Depois de perturbar a complacência do homem com a constatação de que uma coisa
lhe faltava, Jesus o desafia com uma série de cinco imperativos: "Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres
e vem, e segue-me". Esses cinco imperativos são apenas uma ordem que
exige uma só reação. Ele deve renunciar aquilo que se constitui no objeto de
sua afeição antes de poder viver debaixo do senhorio de Deus.
O jovem rico perdeu a riqueza eterna, por
causa da riqueza temporal. Ele preferiu ir para o inferno a abrir mão do seu
dinheiro. Mas que insensatez, ele não pode levar um centavo para o inferno. Ele
rejeitou a Cristo e a vida eterna. Agarrou-se ao seu dinheiro e com ele
pereceu. Saiu triste e pior, por ter rejeitado a verdadeira riqueza, aquela que
não perece. O homem rico se tornou o mais pobre entre os pobres.
II. O DINHEIRO, BENS E POSSES NAS
PERSPECTIVAS SECULAR E CRISTÃ
1. Perspectiva secular. Na
perspectiva secular, o dinheiro tem sido apresentado como a principal fonte de
felicidade. Nós vivemos num mundo materialista e consumista. As pessoas valem
quanto têm. Presenciamos uma brutal inversão de valores. As coisas externas
estão se tornando mais importantes que os valores internos. Neste mundo,
embriagado pela avareza, a riqueza material vale mais que a honra. O dinheiro
passou a ser mais importante que o caráter. O brilho do ouro tem entenebrecido
a mente de muitas pessoas e corrompido suas almas. O dinheiro é a mola que gira
o mundo.
Por que as pessoas amam tanto o dinheiro? Há
duas razões: Primeiro, elas pensam que se tiverem dinheiro poderão comprar
muitas coisas e exercer influência sobre outras pessoas. Mas será que a posse
de bens materiais e a influência sobre outras pessoas nos garantirão
felicidade? Segundo, elas pensam que se tiverem dinheiro, posses, se sentirão
seguras. Muitas pessoas pensam: Ah! Se eu
morasse naquele bairro, em um apartamento duplex; se eu trabalhasse na empresa
que gosto, e tivesse o carro dos sonhos, eu seria feliz! Pensam que a felicidade
está nas coisas. Pensam que a felicidade está no ter. Assim, só se preocupam
com o que é terreno e correm atrás de ilusões. Se essa teoria fosse verdadeira,
os ricos seriam felizes e os pobres infelizes. No entanto, a experiência prova
o contrário. A riqueza tem sido fonte de angústias. Os ricos vivem tensionados pelo
desejo insaciável de ganhar sempre mais e com o pavor de perder o que
acumularam. Muitas pessoas que ceifam a própria vida são abastadas
financeiramente.
O que a Palavra de Deus tem a dizer? O
apóstolo Paulo diz que a piedade com o contentamento e não o dinheiro é grande
"[...] fonte de lucro" (1Tm 6:5). O dinheiro não produz
contentamento. O contentamento significa uma suficiência interior que nos
mantém em paz apesar das circunstâncias exteriores. Disse Paulo: "[...] porque aprendi a viver contente
em toda e qualquer situação" (Fp 4:11).
Nós não nascemos apenas para esta vida.
Somos destinados à eternidade. A morte não é o fim da linha. O dinheiro, porém,
tem vida curta. Ele não dura para sempre. Está fadado a se extinguir. O
dinheiro não pode cruzar conosco a fronteira do túmulo. Ele não irá conosco
para a eternidade - "Porque nada
temos trazido para o mundo, nem cousa alguma podemos levar dele" (1Tm
6:7).
Nenhuma das coisas que as pessoas cobiçam
tem qualquer permanência. Quando uma pessoa morre, ela deixa tudo. O seu
dinheiro não pode ser levado para o outro mundo. Não tem carro de
mudança-transportando valores num enterro, nem gavetas em caixões, nem bolsos
em mortalhas. Entre o nascimento e o falecimento, podemos juntar muito ou
pouco, mas na hora final teremos de deixar tudo. Quando o primeiro bilionário
do mundo, John Rockfeller, morreu,
alguém perguntou ao seu contador: "Quanto o dr. John Rockeffeler deixou?"
Ele respondeu: "Ele deixou tudo, não levou um centavo".
Portanto, quando falamos de perspectiva
secular, nos referimos a maneira individualista, egoísta e mesquinha de lidar
com o dinheiro. A iniciativa de acumular bens para si é diametralmente oposta a
do Evangelho, que ordena compartilharmos o que se tem. Uma parábola de Jesus
que sugere isso é a do "Rico Insensato", uma pessoa obstinada a
somente acumular bens nesse mundo e não atentar seriamente para o que importa. Qual
é a importância dos tesouros que você busca acumular aqui em relação à vida
porvir?
2.
Perspectiva cristã. A perspectiva cristã não incentiva a
busca pela riqueza material, pelo contrário, desestimula (cf. Lc 12:33; Lc
16:25; Lc 18:22-24; 1Tm 6:8,17; Tg 5:1-3). As coisas espirituais, por serem de
natureza eterna, ganham primazia sobre as materiais, que são apenas temporais.
Na
perspectiva cristã, o dinheiro, como valor material, não é
visto como senhor, mas apenas como um servo. Desta feita, não deixe o dinheiro
dominá-lo, domine-o. Não deixe o dinheiro ser seu patrão, faça dele um servo. O
problema não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele. O problema não é ter
dinheiro, mas o dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso,
mas carregá-lo no coração.
Na
perspectiva cristã coloca-se os bens a serviço dos outros,
como fez Barnabé (At 4:36,37). Qual foi a última vez que você fez algo que
trouxe glória ao nome de Deus e alegria para as pessoas? Qual foi a última vez
que fez uma oferta generosa para ajudar uma pessoa necessitada? Qual foi a
última vez que enviou uma oferta para um missionário? Qual foi a última vez que
entregou uma oferta de gratidão a Deus? Qual foi a última vez que repartiu um
pouco do muito que Deus lhe tem dado? O apóstolo Paulo dá o belo exemplo da
pobre igreja da Macedônia que se doou e ofertou generosamente aos pobres da
Judéia, pessoas que a Igreja não conhecia pessoalmente (2Co 8:1-4).
III. DINHEIRO, BENS E POSSES NOS
ENSINOS DE JESUS
1. Jesus alertou sobre os perigos da riqueza
(Lc 18:24-25; Mc 10.23-25). Jesus
não condena a riqueza, mas a confiança nela. Os que confiam na riqueza não podem
confiar em Deus. A raiz de todos os males não é o dinheiro, mas o amor a ele (1Tm
6.10). Há pessoas ricas e piedosas. O dinheiro é um bom servo, mas um péssimo
patrão. A questão não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele.
Jesus ilustrou a impossibilidade da salvação
daquele que confia no dinheiro: "É
mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino
de Deus'' (Lc 18:25). O camelo era o maior animal da Palestina e o fundo de
uma agulha o menor orifício conhecido na época. Alguns intérpretes tentam
explicar que esse fundo da agulha era uma porta da muralha de Jerusalém onde um
camelo só podia passar ajoelhado e sem carga. Contudo, isso altera o centro do
ensino de Jesus: a impossibilidade definitiva de salvação para aquele que
confia no dinheiro.
2.
Jesus ensinou a confiança em Deus. A confiança em Deus é a disposição espiritual pelo qual o crente
entrega-se, sem reservas, aos cuidados de Deus. Confiar
em Deus é estar convicto de que Ele está no comando de todas as coisas. “Vós, os que
temeis ao Senhor, confiai no Senhor; ele é seu auxílio e seu escudo” (Sl
115:11). “Aqueles que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não se
abala, mas permanece para sempre”(Sl 125:1).
Se você quer entender melhor o
que é confiar, imagine-se fazendo o seguinte: escolha uma pessoa que você
conhece bem e em que você confia; imagine que esta pessoa está parada atrás de
você; você fecha os olhos, relaxa o corpo e se deixa cair livremente para trás;
se você acreditar que esta pessoa não vai deixá-lo cair de jeito nenhum, então
você confia nesta pessoa. Basicamente, confiar significa entregar-se
completamente nas mãos de outra pessoa, acreditando que ela vai fazer o que
prometeu. Confiar em Deus é viver
convictos de que tudo está em suas mãos.
Podemos confiar em Deus até nas coisas mais
sofridas. Como no caso de Abraão, que nem sempre, ou quase nunca, sabia porque
Deus fazia as coisas, mas confiava que Deus sabia o que fazia e iria fazer tudo
bem feito. Assim também nós podemos acreditar que os planos de Deus a nosso
respeito são sempre os melhores. Muito melhores do que nós poderíamos querer ou
imaginar. Mesmo que muitas vezes não sabemos porque Deus nos deixa doentes, ou
sem dinheiro, ou com outro problema qualquer, devemos saber que Deus faz tudo
para o nosso bem. Ele assim prometeu: "Sabemos
que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm
8:28).
A confiança no Senhor não serve como desculpa para a preguiça. A fé conduz à ação e não
à inércia. Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance e depois
descansar em Deus, confiando que ele cuidará daquilo que nós não podemos fazer.
A confiança em Deus não elimina
a oração. Pelo contrário, é por confiarmos no Senhor
que levamos a Ele os nossos pedidos – “Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos
pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças”(Fp
4:6). A criança confia no pai e por isso descansa, não se
preocupando com o alimento do dia seguinte. Quando entramos em um ônibus e
dormimos, estamos confiando nossas vidas aos cuidados do motorista. Confiemos
em Deus, entregando-lhe a direção da nossa existência.
IV. DINHEIRO, BENS E POSSES NA MORDOMIA
CRISTÃ
Desde que o homem pecou, houve uma
desorganização de valores na sua vida. Em consequência disto, a posse de bens
passou a ser um alvo na existência do homem sem Deus e sem esperança. Isto só
tem se aguçado na história da humanidade e, como nunca, vivemos num mundo onde
o ter sobrepuja o ser.
Pela Bíblia sabemos que não é pecado ser
rico e não é uma virtude ser pobre. Ninguém irá para o céu por ser pobre;
ninguém irá para o inferno por ser rico. O Senhor Jesus morreu tanto pelo pobre
como pelo rico. Não é a riqueza nem a pobreza que irá definir onde o homem irá
estar na eternidade, mas o aceitar ou o rejeitar o Senhor Jesus como Salvador.
O Mordomo Fiel, rico ou pobre, no exercício
da Mordomia Cristã, faz do dinheiro que possui uma bênção para a obra de Deus,
para si mesmo, para sua família, bem como para a comunidade que o cerca.
Assim, ao mesmo tempo em que a Palavra de
Deus garante a cada ser humano a possibilidade de sujeitar bens de acordo com a
sua vontade e de deles usufruir para a satisfação de suas necessidades, também
estabelece que o objetivo do homem e da mulher não deve ser o acúmulo de
riquezas para si ou a sua exaltação por causa dos bens que tenha a seu dispor,
mas que tudo isto seja um instrumento para que a glória de Deus se manifeste na
administração destes bens que lhe forem confiados por Deus, o único e
verdadeiro dono de todas as coisas.
1.
Avaliando a intenção do coração. A maneira que lidamos com
o dinheiro reflete quem somos internamente. Nós pertencemos a Deus? Nós
confiamos em Deus? O nosso tesouro está em Deus ou no dinheiro? Você tem
sentido alegria ao doar? Tem pedido a Deus para multiplicar sua sementeira para
poder ajudar ainda mais pessoas?
Mas é bom enfatizar que não basta apenas dar
sua oferta ao necessitado, ou sua oferta ou dízimo na igreja, mas a atitude com
que se faz essas coisas. A questão não é apenas doar, mas doar-se. Como bem
disse o pr. José Gonçalves, “o ensino de Jesus sobre o uso das riquezas vai
muito além da simples doação de bens e ações filantrópica. Ele não se limitava a
avaliar apenas as ações exteriores, mas, sobretudo, voltava-se para as atitudes
interiores. Dessa forma, Jesus valorizou as atitudes da mulher pecadora na casa
de Simão, o leproso, e de Maria de Betânia, irmã de Marta e de Lázaro (Lc
7:36-50). Não era, portanto, apenas se desfazer dos bens, mas a atitude e
intenção com que isso era feito (Lc 11:41; 21:1-4)”.
2.
Entesourando no céu. A falsa prosperidade leva o homem a
correr desenfreadamente para acumular riquezas, alcançar elevadas posições na
sociedade e obter notoriedade e fama. Muitos, quando não estão entregues aos
prazeres, quase sempre estão mergulhados no trabalho, empenhando-se para
alcançar o sucesso. Salomão, também, agiu dessa maneira. Ele dedicou-se a
construir mansões, palácios, pomares, açudes... e até mesmo um luxuoso Templo
dedicado ao Senhor, mas seu coração continuou vazio. Ele achou que o acúmulo de
riquezas lhe traria felicidade, entesourando prata, ouro, objetos de arte,
imóveis e tudo mais que o dinheiro e o poder podem comprar, mas sua alma
continuou insatisfeita. Depois de muito trabalhar, chegou à conclusão de que
todo aquele empreendedorismo e acúmulo de riquezas eram destituídos de sentido
e de valor permanente. Disse ele: “E
olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o
trabalho que eu, trabalhando, tinha feito; e eis que tudo era vaidade e correr
atrás do vento, e que proveito nenhum havia debaixo do sol” (Ec 2:11).
Portanto, entesoure riquezas para a vida
eterna. O que você semeia é o que colhe. Exorta assim o apóstolo Paulo: “Manda
aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na
incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas
para delas gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa
mente e sejam comunicáveis; que entesourem
para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a
vida eterna” (1Tm 6:17-19).
CONCLUSÃO
O dinheiro não é um mal em si. A
riqueza é uma bênção de Deus, tanto que Deus a concedeu a Salomão (1Rs 3:13),
mas, e aqui está um caso típico, não podemos pôr nas riquezas o nosso coração
(Mt 6:19-21). Devemos, sempre, buscar servir a Deus e lhe agradar. Esta deve
ser a intenção do cristão. Se Deus nos conceder a riqueza, que nós a usemos
para agradar a Deus. Se nos der a pobreza, que nós a usemos para agradar a
Deus. O importante é que não façamos dos bens materiais, do dinheiro, o
objetivo e a intenção de nossas vidas. Quem passa a pôr o seu coração nos
tesouros desta vida, passa a ser um avarento, um ganancioso e, como tal, será
um idólatra (Cl 3:5) e, assim, estará fora do reino dos céus (Ap 22:15).
Aprendamos, pois, com Jesus o uso correto do dinheiro e como ser bons mordomos
dos bens que nos foram confiados.
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Luciano
de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador
Cristão – nº 62. CPAD.
Comentário Bíblico
popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Comentário Lucas – à
Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD
Guia do Leitor da
Bíblia – Lawrence O. Richards
John Vernon McGee.
Através da Bíblia – Lucas. RTM.
Leon L. Morris.
Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.
MARCOS – O Evangelho
dos Milagres. Hernandes Dias Lopes.
HORTON, Stanley M.
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
Dinheiro, a
prosperidade que vem de Deus. Rev. Hernandes Dias Lopes.