2° Trimestre de 2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 12
Texto
Base: João 19:17,18, 28-30; 20:6-10
“E, quando
Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou
o espírito” (João 19:30).
João 19:
17.E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado
Calvário, que em hebraico se chama Gólgota,
18.onde o crucificaram, e, com ele, outros dois, um de cada lado,
e Jesus no meio.
28.Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam
terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.
29.Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de
vinagre uma esponja e, pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca.
30.E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está
consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
João 20:
6.Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e
viu no chão os lençóis
7.e que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava com
os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte.
8.Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao
sepulcro, e viu, e creu.
9.Porque ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário
que ressuscitasse dos mortos.
10.Tornaram, pois, os discípulos para casa.
INTRODUÇÃO
O Evangelho de João apresenta com profundidade o ápice do plano
redentor de Deus, narrando os eventos que levaram Jesus do julgamento até a Sua
gloriosa ressurreição. Nesta lição, exploraremos três momentos cruciais: (1) a
prisão e julgamento de Jesus; (2) Sua crucificação, morte e sepultamento; e (3)
a vitória suprema sobre a morte na ressurreição.
O julgamento de Jesus ocorreu em duas esferas: religiosa e civil.
No julgamento judaico, iniciado por Anás e conduzido pelo Sinédrio, o Filho de
Deus foi injustamente acusado e condenado. Já no julgamento romano, sob a
autoridade de Pôncio Pilatos e Herodes Antipas, a pressão política e a rejeição
do povo levaram à sentença de crucificação. Em ambos os processos, vemos a
corrupção humana confrontando a justiça divina, cumprindo, paradoxalmente, o
propósito eterno de Deus.
A crucificação, um ato de extrema crueldade e humilhação, foi o
meio pelo qual Cristo pagou o preço pelo pecado da humanidade. Sua morte não
foi um fim trágico, mas a consumação da redenção, evidenciada ao terceiro dia
por Sua ressurreição gloriosa. A vitória de Cristo sobre a morte é o fundamento
da fé cristã, garantindo a salvação, a justificação e a esperança da vida
eterna para todos os que n'Ele creem.
Ao estudar esta lição, somos convidados a refletir sobre a
grandiosidade do sacrifício de Cristo, o significado teológico da cruz e a
glória da ressurreição. Mais do que um relato histórico, esses eventos são a
base inabalável da nossa fé e motivo de celebração, pois, por meio da vitória
de Jesus, fomos libertos do pecado e da morte para uma nova vida n’Ele.
I – A
PRISÃO E A CONDENAÇÃO DE JESUS
1. A
prisão
Após concluir Seu último discurso e preparar os discípulos para os
eventos iminentes, Jesus atravessou o ribeiro de Cedrom e dirigiu-se ao Jardim
do Getsêmani, no Monte das Oliveiras. Ali, em um cenário marcado por tristeza e
angústia, a hora da Sua entrega havia chegado.
Jesus tinha plena consciência do que aconteceria: a traição de
Judas, o abandono dos discípulos, os insultos, espancamentos e, por fim, a
condenação como um blasfemo. Contudo, Ele deixou claro que nada estava
acontecendo por acaso, mas para o cumprimento das Escrituras (Mc.14:49). Os
profetas já haviam predito cada etapa da Sua jornada até o Calvário (Sl.22;
Is.53), incluindo a rejeição do Seu próprio povo e o tratamento indigno que
sofreria.
A prisão de Jesus não foi uma surpresa para Ele, nem um ato
forçado. Com absoluta soberania, Ele Se entregou voluntariamente (João 18:4-6).
No meio da hostilidade, Sua serenidade contrastava com o tumulto ao redor,
pois, ao vencer a luta no Getsêmani, Ele agora caminhava em paz, certo de que
cumpria a vontade do Pai.
Guiados por Judas Iscariotes, os soldados romanos e a guarda do
sumo sacerdote chegaram ao jardim. O traidor, por meras 30 moedas de prata,
selou seu ato com um beijo, sinalizando a identidade de Jesus. Após ser preso,
o Senhor foi conduzido a Anás para interrogatório e, em seguida, levado a
Pilatos, onde enfrentaria a injustiça dos homens, mas cumpriria o propósito
eterno de Deus (João 18:28 – 19:6).
Após ser preso, Jesus foi conduzido, algemado, até Anás, sogro de
Caifás e figura dominante na hierarquia religiosa judaica. Anás, astuto e
extremamente rico, acumulava fortuna através do comércio sacrificial no Templo,
transformando a casa de oração em um “covil de ladrões” (Mt.21:13). Seu
interrogatório visava influenciar a decisão do sumo sacerdote e ganhar tempo
para a convocação do Sinédrio. Entretanto, como apenas Caifás, o sumo sacerdote
em exercício, poderia apresentar uma acusação formal a Roma, Jesus foi enviado
a ele.
O Sinédrio, composto por 71 membros – saduceus, escribas e anciãos
–, reunia-se sob a presidência do sumo sacerdote. Seu poder era limitado pelo
domínio romano, mas mantinha autoridade em questões religiosas e
administrativas. Embora não pudesse aplicar a pena de morte, o Sinédrio
arquitetou um julgamento ilegal, realizado durante a madrugada. Movidos por
inveja (Mc.15:10) e falsidade (Mc.14:55-56), seus membros buscaram um pretexto
para condenar Jesus, mantendo as aparências legais, mas com um veredito
previamente decidido (Mt.26:57-68).
Após ser condenado no tribunal religioso, Jesus foi levado ao
governador romano, Pôncio Pilatos, para ratificação da sentença. Pilatos tentou
remeter a decisão aos judeus (João 18:28,31), mas eles insistiram em entregá-lo
à jurisdição romana. Questionado sobre as acusações, os principais sacerdotes
lançaram inúmeras acusações contra Jesus (Mc.15:3), enquanto Ele permanecia em
silêncio – uma eloquente demonstração de Sua inocência e cumprimento profético
(Is.53:7).
Há momentos em que o silêncio é mais eloquente do que as palavras,
porque pode dizer coisas que as palavras não conseguem transmitir. Durante as
últimas horas de sua vida, em quatro ocasiões diferentes, Jesus “não abriu a
sua boca”: na presença de Caifás (Mc.14:60,61), de Pilatos (Mc.15:4,5), de
Herodes (Lc.23:9) e, novamente, de Pilatos (João 19:9). Essa atitude falou mais
alto do que qualquer palavra que ele pudesse ter dito. Esse silencio se
transformou em condenação dos seus acusadores, e era prova de sua identidade
como o Messias.
Em uma tentativa de escapar da pressão política, Pilatos propôs libertar
Jesus ou Barrabás, um criminoso notório. Contudo, a multidão, instigada pelos
líderes religiosos, escolheu Barrabás e exigiu a crucificação de Cristo (João
18:38-40). O ódio religioso cegou o povo a ponto de preferirem um assassino
àquele que era inocente. Assim, tanto no tribunal religioso quanto no civil, a
culpa dos juízes foi exposta, e a inocência de Jesus permaneceu incontestável.
3. A
condenação
Pilatos estava plenamente ciente da inocência de Jesus e da inveja
que motivava os líderes judeus (Mc.15:10). No entanto, por covardia e
conveniência política, ele ignorou sua consciência e cedeu à pressão popular,
condenando Jesus à morte. Antes disso, tentou adotar medidas evasivas para se
isentar da responsabilidade:
(a) Transferir a decisão aos judeus. Por duas
vezes, Pilatos tentou delegar o julgamento a eles (João 18:31; 19:6), mas os
líderes religiosos insistiram que Jesus deveria ser condenado pelo governo
romano.
(b) Enviar Jesus a Herodes. Ao descobrir que Jesus era
galileu, Pilatos o remeteu a Herodes Antipas (Lc.23:5-12), esperando que ele
tomasse uma decisão. No entanto, Jesus permaneceu em silêncio, e Herodes,
frustrado, o devolveu a Pilatos.
(c) Propor um castigo moderado. Pilatos tentou agradar a
multidão oferecendo açoitar Jesus e depois libertá-lo (Lc.23:16,22). Demonstrou
assim sua fraqueza moral: por um lado, reconheceu a inocência de Jesus; por
outro, não teve coragem de sustentá-la.
Pilatos, repetidamente, declarou que não via culpa alguma em Jesus
(João 18:38; 19:6,9). Entretanto, por medo de um motim e da possível
repercussão em Roma, cedeu à vontade da multidão. Sua decisão foi pautada pelo
oportunismo e não pela justiça.
O açoite romano era brutal. O condenado era amarrado e chicoteado
com tiras de couro entrelaçadas com pedaços de ferro e ossos. Essa tortura
dilacerava a pele e a carne, chegando a arrancar olhos e levar vítimas à morte
ou à loucura. Pilatos ordenou essa flagelação não como prelúdio da
crucificação, mas como uma tentativa de apelar à piedade do povo para evitar a sentença
final (João 19:5,12).
Na busca por uma saída, Pilatos lembrou-se da tradição de libertar
um prisioneiro na Páscoa e propôs a soltura de Jesus ou de Barrabás, um
criminoso notório (João 18:38-40). Sua estratégia fracassou: instigada pelos
líderes religiosos, a multidão escolheu Barrabás, um assassino e rebelde (Mc.15:7;
Mt.27:16).
Pilatos, então, apresentou Jesus ao povo, exclamando: “Eis o homem!”
(João 19:5), numa tentativa irônica de mostrar que aquele a quem consideravam
perigoso era apenas um prisioneiro fragilizado e ferido. No entanto, sua
estratégia não surtiu efeito. A multidão, endurecida, clamou por sua
crucificação.
A escolha por Barrabás ilustra a depravação humana sem Deus:
escolheram o crime em vez da justiça, a guerra em vez da paz, o ódio em vez do
amor. Assim, Pilatos lavou as mãos, mas não pôde lavar sua culpa, pois, ao agir
contra sua própria consciência, tornou-se cúmplice na condenação do Justo.
A prisão, o interrogatório e a condenação de Jesus revelam a
injustiça dos homens e o cumprimento do plano divino para a nossa
redenção.
Sinopse I – A PRISÃO E A CONDENAÇÃO DE JESUS A prisão e condenação de Jesus foram marcadas por traição,
injustiça e covardia. -No Getsêmani, após seu último discurso aos discípulos,
Jesus foi traído por Judas Iscariotes, preso pelos soldados romanos e levado
ao sumo sacerdote Anás, iniciando assim seu julgamento. -No interrogatório, Anás e Caifás reuniram o Sinédrio
para julgar Jesus ilegalmente durante a noite. Movidos por inveja, mentira e
violência, os líderes religiosos já tinham um veredicto pré-determinado. Como
não tinham autoridade para executar a pena de morte, encaminharam Jesus a
Pilatos, que tentou se isentar da responsabilidade, mas foi pressionado a
prosseguir com o julgamento. -Na condenação, Pilatos reconheceu a inocência de Jesus,
mas, por medo da reação popular, cedeu à pressão. Tentou transferir o caso
para Herodes e oferecer um castigo menor, mas nada impediu a decisão da
multidão manipulada. A escolha entre Jesus e Barrabás revelou a dureza do
coração humano. Assim, Pilatos lavou as mãos, mas condenou Jesus à flagelação
e crucificação, selando o destino do Justo. |
II – CRUCIFICAÇÃO, MORTE E SEPULTAMENTO DE JESUS
1. O caminho do Calvário
Apesar das
tentativas de Pilatos para libertar Jesus, ele finalmente cedeu à pressão dos
líderes religiosos e da multidão. Em João 19:16, lemos: “Então, entregou-lho,
para que fosse crucificado”. Pilatos reconhecia a inocência de Jesus, mas
preferiu a conveniência política à voz da consciência, temendo perder o
prestígio e o título de “amigo de César”. A ameaça dos judeus – de que soltar
Jesus seria um ato contra o imperador – fez com que Pilatos optasse pela
injustiça para preservar sua posição.
Hernandes
Dias Lopes, citando Werner de Boor, disse que provocar a suspeição de César
representava risco de vida. Pilatos tinha o título honorifico oficial de “amigo
de Cesar” e, por consequência, contava com a benevolência do imperador. No
entanto, os sacerdotes de Jerusalém também tinham seus contatos em Roma. Um
relato bem preparado sobre Pilatos, que simplesmente tivesse deixado escapar de
suas mãos um flagrante rebelde e inimigo do imperador, poderia provocar toda a
suspeita de Tibério Cesar e fazer daquele que até então era “amigo de César”
alguém que perderia a posição e a vida. O que os sumos sacerdotes disseram a
Pilatos podia ser tudo, menos uma ameaça vazia.
Para
executar Jesus, as autoridades judaicas se fingiram de súditos de César mais
leais que o odiado oficial romano Pilatos. Demonstraram, assim, sua escravidão
não somente ao pecado (João 8:34), mas também à servidão política que antes
negavam (João 8:33). Pilatos leva as autoridades judaicas à blasfêmia delas, ao
declararem: “não temos rei, a não ser Cesar”. Ao afirmarem isto, os líderes
judeus demonstraram sua hipocrisia e completa submissão não apenas ao domínio
romano, mas também ao pecado. Essa declaração representou a rejeição explícita
de Jesus como o Messias e a negação da esperança messiânica de Israel.
Pilatos,
por sua vez, entregou Jesus por pura covardia, como destaca John Stott, movido
pelo clamor, pelo pedido, pela vontade e pela pressão da multidão (Lc.23:23-25;
João 19:12). O governador escolheu a ambição em detrimento da verdade, a
conveniência política acima da justiça, condenando o Justo para não perder os
favores de Roma.
A
crucificação de Jesus aconteceu exatamente na hora em que se iniciava o
sacrifício dos cordeiros pascais, apontando para a realidade espiritual do
verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). Jesus,
então, carregando a cruz sob o peso da dor e do sofrimento, caminhou até o
Gólgota, o “Lugar da Caveira”, onde era costume executar criminosos diante do
povo como forma de humilhação pública.
Ao ser
crucificado entre dois malfeitores, cumpriu-se a profecia de Isaías 53:12, que
dizia: “foi contado com os transgressores”. Enquanto um deles zombava, o outro
se arrependeu e, pela fé, recebeu a promessa de estar com Cristo no Paraíso (Lc.23:40-43).
O Calvário tornou-se, assim, o palco do maior ato de amor da história: o Filho
de Deus entregando-se voluntariamente para salvar a humanidade.
2. A
missão foi encerrada
O Calvário representa o maior drama da história da humanidade.
Ali, justiça e amor se encontram de forma plena: a justiça de Deus se manifesta
em seu repúdio absoluto ao pecado, enquanto o seu amor infinito é revelado ao
entregar seu próprio Filho para a salvação da humanidade. A cruz de Cristo é o
nosso êxodo, o ponto de libertação do cativeiro do pecado.
A morte de Jesus na cruz não foi um acidente trágico, mas o
cumprimento de um plano eterno. Cristo veio ao mundo com a missão específica de
morrer em nosso lugar. Ele não foi vítima das circunstâncias nem morreu como um
mártir comum — sua morte foi voluntária e intencional. Ele é o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo (João 1:29), o Bom Pastor que dá a vida pelas
ovelhas (João 10:11-18). Embora os judeus o tenham entregado por inveja, Judas
o traído por dinheiro e Pilatos o condenado por covardia, acima de tudo, foi o
próprio Jesus quem se entregou, de forma consciente e amorosa, em favor da
humanidade.
No Calvário, ao perceber que sua missão estava concluída, Jesus
declarou com autoridade: “Está consumado!” (João 19:30). Essa expressão não é
um grito de derrota, mas uma proclamação gloriosa de vitória. A obra da
redenção estava finalizada. O plano do Pai havia sido cumprido em sua
totalidade. Na cruz, Jesus selou com seu sangue a nova aliança e abriu o
caminho da salvação para todos os que nele creem.
3. O
Sepultamento
“38 Depois
disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus — ainda que em segredo,
porque tinha medo dos judeus —, pediu a Pilatos permissão para tirar o corpo de
Jesus. E Pilatos deu permissão. Então José de Arimateia foi e retirou o corpo
de Jesus.39 E Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido
falar com Jesus à noite, também foi, levando cerca de trinta e cinco quilos de
um composto de mirra e aloés.40 Tomaram, pois, o corpo de Jesus
e o envolveram em lençóis com os óleos aromáticos, como é costume entre os
judeus na preparação para o sepultamento. 41 No lugar onde
Jesus foi crucificado havia um jardim; neste jardim havia um túmulo novo, no
qual ninguém ainda tinha sido colocado.42 Ali, por causa da
preparação dos judeus e porque o túmulo ficava perto, colocaram o corpo de
Jesus” (João 19:38-42).
Pela lei romana, os condenados à morte perdiam o direito à
propriedade e até mesmo o direito de serem sepultados. Frequentemente, o corpo
dos condenados de traição permanecia apodrecendo na cruz.
Todavia, após a morte de Jesus, dois discípulos até então
discretos — José de Arimateia e Nicodemos — se destacam de forma surpreendente.
José de Arimateia, que seguia Jesus em segredo por medo dos judeus, tomou
coragem e pediu a Pilatos o corpo do Mestre (João 19:38). Pilatos atendeu ao
pedido e permitiu que José o sepultasse. A escolha das palavras em grego
utilizadas nessa narrativa revela muito: José usou soma (corpo), que
expressa respeito e dignidade pela pessoa de Jesus; já Pilatos respondeu com ptoma
(cadáver), evidenciando indiferença.
Naquele momento em que os discípulos mais próximos haviam se
dispersado, José e Nicodemos assumem publicamente sua fé. Nicodemos, que antes
se encontrara com Jesus às escondidas (João 3:1-15), agora comparece à luz do
dia, levando cerca de 35 quilos de mirra e aloés — uma quantidade generosa,
usada apenas nos sepultamentos mais honrosos (João 19:39). Juntos, esses dois
homens envolveram o corpo de Jesus com os óleos aromáticos e lençóis, conforme
o costume judaico (João 19:40).
O corpo de Jesus foi então colocado em um túmulo novo, cavado em
rocha, pertencente a José de Arimateia, situado próximo ao local da
crucificação (João 19:41,42). O fato de nenhum parente ou discípulo imediato
ter reivindicado o corpo realça ainda mais a ousadia de José e Nicodemos. John
Charles Ryle, citado por Hernandes Dias Lopes, observa que enquanto muitos
honraram Jesus em vida, José o honrou na morte, quando Ele já estava frio e
ensanguentado.
Esse sepultamento não apenas cumpriu as profecias messiânicas (Is.53:9),
mas também confirmou a realidade da morte de Jesus. Sua ressurreição, no
terceiro dia, seria a grande prova de Sua vitória sobre a morte e a sepultura.
Sinopse II – CRUCIFICAÇÃO, MORTE E SEPULTAMENTO DE JESUS O Calvário representa o clímax da missão redentora de Cristo.
Após ser entregue por Pilatos, Jesus percorreu o doloroso caminho até o
Gólgota, onde foi crucificado entre dois criminosos, cumprindo as profecias
messiânicas. Sua morte na cruz não foi um acidente, mas o cumprimento do
plano divino para a salvação da humanidade. Com a declaração “Está
consumado”, Ele selou a vitória da redenção. Por fim, seu sepultamento por José de Arimateia e Nicodemos
confirmou a realidade de sua morte e a dignidade de seu corpo, sendo colocado
em um túmulo novo, como predito nas Escrituras. A cruz, portanto, não apenas
expôs a rejeição do mundo, mas também revelou o amor supremo de Deus. |
III – A
RESSURREIÇÃO DE JESUS
1. O
Túmulo Vazio
“1 Passado
o sábado, no começo do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria
foram ver o túmulo.2 E eis que houve um grande terremoto;
porque um anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, removeu a pedra e
sentou sobre ela.3 O aspecto dele era como um relâmpago, e a
sua roupa era branca como a neve.4 E os guardas, com medo do
anjo, tremeram e ficaram como se estivessem mortos.5 Mas o
anjo, dirigindo-se às mulheres, disse:
— Não
tenham medo! Sei que vocês procuram Jesus, que foi crucificado.6 Ele
não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham ver onde ele jazia”
(Mt.28:1-6).
A ressurreição de Jesus é o alicerce inabalável do cristianismo.
Sem ela, a fé cristã seria inútil e a pregação do Evangelho, vazia. Como afirmou
o apóstolo Paulo, Cristo morreu e ressuscitou “segundo as Escrituras” (1Co.15:3,4),
revelando que sua morte não foi um acidente nem sua ressurreição um evento
inesperado. Um Cristo derrotado pela morte não poderia salvar a si mesmo, muito
menos à humanidade.
Ao longo da história, várias tentativas foram feitas para
desacreditar a ressurreição. Alguns sugerem que Jesus apenas desmaiou na cruz e
recuperou-se no túmulo. Outros, seguindo a narrativa dos líderes religiosos
judeus, alegam que os discípulos roubaram seu corpo e inventaram a
ressurreição. Há ainda quem afirme que as mulheres foram ao túmulo errado ou
que os romanos transferiram o corpo para outro local.
Contudo, essas teorias se mostram frágeis diante da firmeza dos
fatos e do testemunho bíblico. Como destaca D.A. Carson, o roubo de túmulos era
crime tão comum que o imperador Cláudio instituiu a pena de morte para quem
violasse sepulturas, o que mostra a seriedade do contexto. Ainda assim, nenhuma
dessas acusações resistiu ao tempo nem à evidência do túmulo vazio.
A verdade prevalece: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os
mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (1Co.15:20). Sua ressurreição
é a prova irrefutável da vitória sobre o pecado e a morte, garantindo aos que
nele creem a esperança da vida eterna.
2. A
Ressurreição como base da fé cristã
A ressurreição de Cristo é a coluna central da fé cristã. Sem ela,
a mensagem do Evangelho perderia completamente o seu sentido e eficácia. O
apóstolo Paulo, ao escrever aos coríntios, afirmou de forma contundente: “Ora,
se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé” (1Co.15:14).
Isso demonstra que a realidade da ressurreição é o que valida tanto a mensagem
anunciada quanto a fé professada pelos cristãos.
Duas evidências destacam-se como fundamentos dessa fé. A primeira
é a própria palavra de Jesus, que afirmou repetidas vezes ser necessário que
Ele morresse e ressuscitasse dentre os mortos (João 20:9; cf. Mt.16:21). Sua
ressurreição não foi um evento imprevisto, mas o cumprimento do plano divino
anunciado por Ele com clareza.
A segunda evidência está ligada ao testemunho ocular de seus
seguidores. Pedro e João, ao ouvirem sobre o túmulo vazio, correram até lá e
constataram que o corpo de Jesus não estava mais ali (João 20:6,7). Embora
ainda não compreendessem plenamente a Escritura sobre a ressurreição, os sinais
começavam a apontar para a verdade que se revelaria de forma gloriosa.
Maria Madalena, por sua vez, tornou-se a primeira testemunha da
ressurreição. Inicialmente, ao ver o túmulo vazio, chorou desconsolada. Mas ao
olhar novamente, viu dois anjos que a confortaram com a notícia de que Jesus
estava vivo (João 20:11-13). Em seguida, ela teve um encontro pessoal com o
Cristo ressuscitado, ainda sem reconhecê-lo de imediato. Ao ouvir seu nome
chamado por Jesus, seus olhos se abriram, e ela se tornou a primeira a anunciar
a gloriosa notícia aos discípulos: “Vi o Senhor!” (João 20:18).
Esse testemunho de Maria, confirmado depois pelas aparições de
Jesus aos demais discípulos (João 20:19), reforça que a ressurreição não é
apenas uma doutrina, mas uma realidade vivida, que transforma tristeza em
esperança e incredulidade em fé inabalável.
3. O
Cristo Ressurreto quebra a incredulidade
Mesmo após ouvirem os testemunhos de Maria Madalena, de Pedro e
João, alguns discípulos ainda estavam tomados pelo medo e pela incredulidade.
Porém, no primeiro dia da semana, o próprio Jesus ressuscitado apareceu entre
eles e os saudou com a expressão: “Paz seja convosco!” (João 20:19). Essa manifestação
trouxe não apenas consolo, mas também a confirmação de que Ele realmente havia
vencido a morte. Em outras ocasiões, o Senhor também Se revelou aos discípulos,
como na margem do mar de Tiberíades, quando realizou o milagre da pesca
abundante (João 21:1-11), reafirmando Seu poder e identidade gloriosa.
A ressurreição de Jesus é o fato que fundamenta a fé cristã. Sem
ela, o cristianismo perderia totalmente seu significado, como afirmou o
apóstolo Paulo: “...se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã a
vossa fé” (1Co.15:14). Ela é o que distingue o Evangelho de toda e qualquer
filosofia ou religião humana. Enquanto todos os grandes líderes religiosos
morreram e seus túmulos permanecem ocupados, somente o de Jesus está vazio.
Como declararam os anjos às mulheres: “Ele não está aqui, porque já ressuscitou”
(Mt.28:6).
Nada, senão a ressurreição, poderia transformar discípulos
abatidos e temerosos em testemunhas ousadas e cheias de alegria. A ressurreição
é a prova de que o sacrifício de Cristo foi aceito por Deus, conforme Isaías
profetizou (Is.53:10-12). Assim como a saída viva do sumo sacerdote do Santo
dos Santos no Dia da Expiação confirmava o perdão divino ao povo (Lv.16:29-34),
a ressurreição de Jesus confirma que nossa redenção foi plenamente consumada.
Além disso, ela é a certeza de nossa própria vitória sobre a
morte: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os
mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo vivificará também o vosso corpo
mortal” (Rm.8:11; cf. 2Co.4:14; Ef.2:6; 1Ts.4:14). É também a maior prova da
eficácia do sacrifício de Cristo e o motivo de crermos n’Ele como nosso único e
suficiente Salvador (1Pd.1:21).
A ressurreição de Cristo nos convida a morrer para o pecado e
viver para Deus (Rm.6:4; 7:4; 2Co.5:15; Cl.2:12). Assim como Ele renunciou a
tudo por amor ao Pai e foi exaltado, nós também devemos buscar agradar a Deus,
sabendo que o mesmo destino glorioso nos espera.
Por fim, a ressurreição é a garantia segura de que Jesus voltará,
como prometeu, para buscar a Sua Igreja e livrá-la da ira futura (1Co.15:51-57;
1Ts.1:10). Aquele que ressuscitou foi exaltado à mais alta posição (Fp.2:9),
recebeu todo o poder no céu e na terra (Mt.28:18) e foi declarado como Filho de
Deus e Senhor sobre todas as coisas (Rm.1:4). Glórias sejam dadas a Ele!
Sinopse III – A RESSURREIÇÃO DE JESUS A ressurreição de Jesus é o fundamento essencial da fé cristã.
Sem ela, o cristianismo não teria sentido, e nossa esperança seria vã. A vitória de Cristo sobre a morte não foi um evento inesperado,
mas o cumprimento das Escrituras. Sua ressurreição refutou todas as
tentativas humanas de desacreditar o fato e provou que Ele é verdadeiramente
o Filho de Deus. A ressurreição é a base da nossa fé, pois confirma que o
sacrifício de Cristo foi aceito por Deus, garante a nossa justificação e
assegura a nossa esperança na vida eterna. O Cristo ressurreto venceu a incredulidade dos discípulos,
transformando tristeza em alegria e medo em ousadia. Ele apareceu a muitos,
dando provas infalíveis de que está vivo, exaltado e revestido de toda
autoridade. Essa verdade gloriosa nos chama a viver em santidade, a esperar a
sua volta e a proclamar com confiança que Jesus vive e reina para sempre. |
CONCLUSÃO
A ressurreição de Jesus é o clímax da obra redentora e o maior
marco da fé cristã. Por meio dela, o julgamento injusto, a crucificação cruel e
o sepultamento silencioso foram transformados em triunfo eterno. A morte não
pôde detê-lo, e o túmulo não pôde contê-lo. Ele ressuscitou como havia prometido,
validando suas palavras, confirmando sua missão e assegurando nossa salvação.
Esse acontecimento glorioso não é apenas um ponto doutrinário, mas a base da
nossa esperança presente e futura. Cremos que, assim como Cristo ressuscitou,
também nós ressuscitaremos com Ele para a vida eterna. Portanto, devemos viver
com fé firme, esperança renovada e compromisso constante com Aquele que venceu
a morte e reina para sempre como Senhor dos vivos e dos mortos.
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave –
Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. CPAD.
Dicionário VINE.CPAD.
O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática
Atual e exaustiva.
Rev. Hernandes Dias Lopes. João, as
glórias do Filho de Deus. Hagnos.