2º Trimestre/2022
Texto Base: Mateus
5:1-12
“Bem-aventurados sois
vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal
contra vós, por minha causa” (Mt.5:11).
Mateus 5:
1.Jesus,
vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os
seus discípulos;
2.e,
abrindo a boca, os ensinava, dizendo:
3.Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;
4.bem-aventurados
os que choram, porque eles serão consolados;
5.bem-aventurados
os mansos, porque eles herdarão a terra;
6.bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7.bem-aventurados
os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8.bem-aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9.bem-aventurados
os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10.bem-aventurados
os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos
céus;
11.bem-aventurados
sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal
contra vós, por minha causa.
INTRODUÇÃO
Neste
2º trimestre de 2022 vamos estudar um dos textos mais belos e conhecidos da
Bíblia Sagrada: o Sermão do Monte. Inicialmente, nesta primeira Aula,
trataremos do tema: “O Sermão do Monte: o caráter do Reino de Deus”. John Stott
afirma que o Sermão do Monte é o mais lido, o menos compreendido e o menos
praticado de todos os ensinos de Jesus. Ao estudá-lo, precisamos aceitar os
seus ensinamentos com o máximo de seriedade, pois ele contém os mais altos
padrões, os maiores valores, as prioridades do cristianismo. Encontramos nele
tudo aquilo que devemos ser e fazer.
O
evangelista Mateus introduz o Sermão de uma forma singela: “Jesus, vendo a multidão,
subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; e,
abrindo a boca, os ensinava...” (Mateus 5:1,2). Muitas vezes, Jesus apresentava
seus ensinos sobre um monte. Seus discípulos vinham até Jesus e Ele se sentava
para ensinar. A multidão de pessoas se reunia e se sentava nas encostas abaixo dele.
Provavelmente, Jesus dirigia esses ensinos principalmente aos doze discípulos,
mas as multidões estavam presentes e ouviram suas palavras. Este Sermão
desafiava os ensinos dos orgulhosos e legalistas líderes religiosos daquela
época. Ele conclamava o povo para ouvir as mensagens dos profetas do Antigo
Testamento que, como Jesus, haviam ensinado que Deus quer obediência sincera, e
não mera e legalista obediência às leis, tradições e rituais.
Ao
estudarmos o Sermão do Monte, devemos ir além do seu ensino moral, ético e espiritual;
precisamos ultrapassar a beleza das suas expressões e ilustrações, o perfeito
equilíbrio da sua estrutura, a harmonia dos seus ensinamentos, para chegarmos à
pessoa do seu Pregador: Jesus, o Mestre por excelência. O valor e a autoridade
desse sermão estão no próprio Jesus - Ele é mais importante que Seu sermão.
Quando tomamos consciência de que o Mestre era o próprio Senhor Jesus Cristo, o
Filho de Deus, nosso Salvador, não temos outra coisa a fazer a não ser aceitar
e praticar os Seus ensinos.
I. A
ESTRUTURA DO SERMÃO DO MONTE
1. Por que Sermão do Monte?
Porque
foi proferido sobre um monte, nas proximidades de Cafarnaum, no início do Seu
ministério público, após o Seu batismo e tentação. Depois de uma das suas
pregações do novo reino (Mt.4:23-25), chamou os doze discípulos sobre um monte,
e depois que os discípulos se acomodaram, Jesus proclamou o mais conciso e
ordenado código de ética e padrão de conduta, que abrangeu todos os seus
ensinamentos, e que os apóstolos deveriam saber de cor, e deviam observá-lo como
regra principal para permanência no Reino de Deus.
O
Sermão do Monte é um dos mais famosos ensinos de Jesus; no entanto, nem sempre
é fácil de interpretar, sendo frequentemente mal-entendido. É radical,
revolucionário, provocativo e simples; não obstante, profundo. Talvez não seja
acidental que Jesus comece seu ensino sobre a ética do novo Reino numa
montanha, da mesma maneira que Moisés deu a Lei no Monte Sinai. Ademais, Jesus
cita a antiga Lei neste Sermão, prossegue falando com autoridade sobre ela e a
amplia como se Ele estivesse maior autoridade que Moisés (cf.Mt.5:17,18). Para
ensinar, Jesus se senta, e os discípulos e a multidão sentam-se à sua volta –
habitual postura pedagógica dos rabinos naquela época.
Nesse
Sermão, Jesus faz uma síntese das leis morais que regem a humanidade. É
considerado a constituição do Reino de Deus, sendo todos os seus dispositivos -
capítulos e versículos – pétreos, ou seja, imutáveis e perpétuos. Não é por
acaso que esse Sermão está situado no início do Novo Testamento; essa posição
indica sua elevada importância. Nesse Sermão, o Rei resume o caráter e a
conduta esperados dos seus súditos.
Antes
do sermão começar, vemos no capítulo 4 o início do ministério de Jesus, quando
anuncia a vinda do Reino de Deus (Mateus 4:17,23). Para consolidar as leis desse
Reino, Jesus transmite este sermão com o objetivo de tornar claro a conduta
esperada dos seus súditos (seus seguidores, os cristãos de todo o período da graça).
Ali se achava tudo o que a alma necessitava saber a respeito de Deus, da
criação e da vida quotidiana, tanto naquela época como nas vindouras. Além dos discípulos,
uma numerosa multidão o aguardava para ouvir o seu verbo redentor. Foi ali que,
introdutoriamente, comunicou à humanidade inteira as oito regras básicas para
todo o comportamento dos seus súditos – as Beatitudes (Mt.5:3-12):
3.Bem-aventurados os
pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;
4.bem-aventurados os
que choram, porque eles serão consolados;
5.bem-aventurados os
mansos, porque eles herdarão a terra;
6.bem-aventurados os
que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7.bem-aventurados os
misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8.bem-aventurados os
limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9.bem-aventurados os
pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10.bem-aventurados os
que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus;
11.bem-aventurados sois
vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal
contra vós, por minha causa.
12.Regozijai-vos e
exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos
profetas que viveram antes de vós.
2. A Estrutura do Sermão do Monte
O
Sermão do Monte está estruturado em cinco grandes discursos proferidos por
Jesus Cristo e tem como público-alvo todos aqueles que nasceram de novo em
Cristo Jesus. É um discurso que pode ser lido no Evangelho de Mateus (Caps.
5-7) e no Evangelho de Lucas (fragmentado ao longo do livro). Nesses discursos,
Jesus Cristo profere lições de conduta e moral, ditando os princípios que
normatizam e orientam a vida cristã. Os cinco sermões de Jesus: (a) As Bem-aventuranças
(Mt.5:3-12); (b) Sal e Luz (Mt.5:13-16); (c) Jesus é o cumprimento da Lei
(Mt.5:17-48); (d) Os atos de justiça (Mt.6:1-18); (e) Declarações de sabedoria
(Mt.6:19-7:27). Pormenorizando melhor, podemos destacar a estrutura do Sermão
do Monte da seguinte maneira:
2.1. Introdução
a)
As Bem-Aventuranças (Mt.5:3-12).
Bem-aventurado significa "é feliz aquele". Essa é uma estrutura comum
na poesia e sabedoria hebraica para indicar onde está a felicidade ou quem é
feliz e por quê. Jesus surpreende seus ouvintes no seu ensino sobre a
felicidade, porque todos os que são bem-aventurados são pessoas que estão
sofrendo de alguma forma.
b)
O sal da terra e a luz do mundo (Mt.5:13-16). A missão básica dos seguidores
de Jesus no mundo: conservar e guiar.
Vós sois o sal da terra;
ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais
presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do
mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte (Mt.5:13,14).
c)
Jesus cumpre a Lei (Mt.5:17-20).
Jesus explica sua própria missão, que não é de revogar ou negar a Lei de
Moisés, mas de colocá-la em prática.
Não penseis que vim
revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir (Mt.5:17).
2.2. O que não deve fazer
a)
Homicídio (Mt.5:21-26). Jesus
amplia o nível da Lei de Moisés. Antes, o homicídio era o assassinato na prática;
agora, só o ódio já é considerado um homicídio, e quem ofende o próximo está
correndo risco de ser incriminado.
Ouvistes que foi dito
aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém,
vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará
sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a
julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de
fogo (Mt.5:21,22).
b)
Adultério (Mt.5:27-30).
No Sermão do Monte, Jesus dá um tom mais forte a este pecado. Antes, apenas o
adultério na prática era pecado; agora, só de pensar em possuir outra pessoa já
é adultério.
Eu, porém, vos digo:
qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já
adulterou com ela (Mt.5:28).
c)
Divórcio (Mt.5:31-32).
A vontade de Deus nunca foi que maridos e mulheres se separassem, mas abriu uma
única exceção: o adultério. Todo divórcio que não se deu por esse motivo, é
como se não existisse aos olhos de Deus, e o casal continuasse casado.
d)
Juramentos (Mt.5:33-37).
Jesus se opõe a má prática de juramento, que estava sendo abusada pelos judeus.
Ao invés de jurarem, Jesus instrui que ninguém jure como forma de validar suas
palavras, mas que cada um sempre cumpra o que disse.
e)
Vingança (Mt.5:38-42).
Jesus ensina que vingança não é sinônimo de justiça, e que na lógica do Reino
de Deus devemos retribuir positivamente aquilo que recebemos negativamente.
Eu, porém, vos digo:
não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita,
volta-lhe também a outra (Mt.5:39).
f)
Odiar os inimigos (Mt.5:43-48).
Subvertendo a ordem de que as pessoas deveriam odiar os seus inimigos, Jesus
instrui que amá-los é o jeito certo de tratar os inimigos. Ele diz, inclusive,
para que as pessoas orem a Deus em favor daqueles que os perseguem – “Eu,
porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt.5:44).
E mais, ele disse que para sermos filhos de Deus temos que cumprir este
duro mandamento – “para que vos torneis filhos do vosso Pai Celeste....” (Mt.5:45).
2.3. O que deve fazer
a)
Ajudar os necessitados (Mt.6:1-4). A prática de ajuda ou auxílio àqueles
que mais precisam é uma ordem clara de Cristo. Ele adverte, ainda, para que
ninguém anuncie isso esperando aprovação das outras pessoas.
Guardai-vos de exercer
a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra
sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai Celeste (Mt.6:1).
b)
Oração (Mt.6:5-15).
A oração é a ação mais básica esperada de um cristão, e Jesus ensina seus discípulos
a orarem com a conhecida Oração do Pai Nosso. Sua advertência anterior também
está presente: não anuncie que está orando, mas faça isso em secreto, porque o
Pai que vê em secreto assim recompensará.
c)
Jejum (Mt.6:16-18).
A terceira prática esperada dos cristãos é o jejum, e a sua advertência
continua presente: não mostrar aos outros que está jejuando.
2.4. Cuidados gerais
a)
Os tesouros no Céu (Mt.6:19-24).
Quem se preocupa demais com os bens materiais, se preocupa com aquilo que irá
naturalmente se degradar ou se perder. Quem se preocupa com as coisas do céu,
se preocupa com o que é eterno. Jesus ensina que ao invés de nos preocuparmos
em acumular tesouros nessa vida, devemos nos empenhar em acumular tesouros na
vida eterna.
b)
As preocupações da vida (Mt.6:25-34). Jesus instrui que as pessoas devem se
preocupar com as coisas eternas, em vez de coisas passageiras. O Reino de Deus
e a sua justiça deve ser a maior preocupação do cristão, não bens materiais, que
são efêmeros.
buscai, pois, em
primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas (Mt.6:33).
c)
Julgamento ao próximo (Mt.7:1-6).
Esse é um trecho muito mal interpretado, pois aqui Jesus não está proibindo as
pessoas de julgarem, mas as instrui para julgarem de maneira correta. Antes de
dizer que alguém está errado ou fazendo algo errado, deve-se investigar a si
mesmo para ver se não está tropeçando na mesma coisa, pois seria hipocrisia.
Hipócrita! Tira
primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro
do olho de teu irmão (Mt.7:5).
d)
Persistência na oração (Mt.7:7-12). Nesse trecho Jesus ressalta a confiança
que as pessoas devem ter em Deus, e que Ele suprirá nossas necessidades. Por
isso, devemos continuar orando e pedindo a Deus.
2.5. A Prática da verdade
a)
Porta estreita e porta larga (Mt.7:13-14). Este é um dos discursos
mais duros que Jesus já proferiu. Aqui ele explica que entrar no Reino dos Céus
não é algo fácil, e a vida de quem segue a Deus também não será, mas envolverá
perdas e restrições. Por outro lado, o caminho do mundo e da libertinagem é
muito mais fácil, mas certamente não levará ninguém a Deus.
Entrai pela porta
estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e
são muitos os que entram por ela) (Mt.7:13).
b)
A Árvore e seu Fruto (Mt.7:15-23).
Esse trecho serve para saber quem é de Deus e quem não é de Deus. Pelos frutos
se conhece a árvore. Quem possui bons frutos, deve ser uma pessoa boa; mas quem
tem maus frutos, deve ser uma pessoa má. Ainda assim, deve-se ter em vista que
Jesus está se referindo, em especial, aos falsos mestres (Mt.7:15), ou seja,
sua maior preocupação é com a qualidade do ensino que as pessoas estão apreendendo.
c)
O Prudente e o Insensato (Mt.7:24-27). Nesse trecho Jesus mostra a importância
do seu ensino. Quem o ouve e pratica os seus ensinamentos é sábio
e salva sua vida. Quem o ouve, mas não pratica os seus ensinamentos, é
tolo e encontrará somente perdição.
Todo aquele, pois, que
ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que
edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque
fora edificada sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e
não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre
a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com
ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.
3. A quem se destina o Sermão do Monte
O
Sermão do Monte foi dirigido, incialmente, aos seus discípulos (Mt.5:1,2), e a intenção
é ser a constituição, ou o sistema de leis e princípios que governam os súditos
do Rei no seu reinado. Portanto, não é uma apresentação do plano de salvação,
nem seus ensinamentos têm como alvo os descrentes. O Sermão do Monte tem um valor
distintamente judaico, como visto nas alusões ao Sinédrio (Mt.5:22), ao altar (Mt.5:23,24)
e a Jerusalém (Mt.5:35); mesmo assim, seria errado dizer que os ensinamentos
são exclusivamente para os crentes israelitas no passado ou futuro; são para
todos os que, em qualquer época, reconhecem Jesus Cristo como Rei. Quando
Cristo estava na terra, a aplicação direta do Sermão do Monte era aos Seus discípulos;
agora, que nosso Senhor reina dos céus, aplica-se a todos os que o coroam como Rei
no coração. Enfim, será o código de comportamento dos seguidores de Cristo durante
o período da graça e durante Seu futuro reinado na Terra.
II. AS BEM-AVENTURANÇAS
E O CARÁTER DOS FILHOS DE DEUS
1. O que são as Bem-aventuranças?
Há
pelo menos quatro considerações sobre as bem-aventuranças: (a) São um código de
ética para os discípulos e um padrão de conduta para todos os cristãos; (b)
contrastam os valores do Reino, que é eterno, com os terrenos, que são temporários;
(c) contrastam a fé superficial dos fariseus com a fé real que Cristo exige;
(d) demonstram que as expectativas do Antigo Testamento cumprir-se-ão no Reino
de Cristo.
Cada
bem-aventurança diz respeito a uma bênção de Deus, e abrange três seções: o
estado (isto é, “bem-aventurado”), a condição e a recompensa. Elas não prometem
riso, prazer ou prosperidade terrena. Para Deus, bem-aventurado é aquele que
tem uma experiência de esperança e alegria, independentemente das circunstâncias
exteriores. Para encontrar essa forma mais profunda de felicidade, a pessoa
precisa seguir a Jesus a despeito do preço a pagar. Jesus, nas bem-aventuranças,
nos dá a receita da verdadeira felicidade. Ele põe diante de nós o mapa que nos
leva a esse paraíso cobiçado. Os tesouros riquíssimos da verdadeira felicidade estão
ao nosso alcance, A felicidade não é uma utopia, mas algo factível, concreto,
tangível, ao nosso alcance. A boa notícia é que a felicidade não é algo que
compramos com dinheiro ou conquistamos com status, mas um presente que recebemos
de Deus.
O
mundo tem o seu próprio conceito de bem-aventurança, onde feliz é o homem
forte, rico, popular e satisfeito consigo mesmo. Mas, segundo afirma Hernandes
Dias Lopes, a felicidade não está nas coisas que vemos; é uma atitude do
coração. Não é um pagamento de nossas virtudes, mas um presente da graça de
Deus. Não é algo que conquistamos pelo nosso esforço, mas um dom que recebemos
pela fé. O que o mundo promete e não consegue dar, Jesus oferece gratuitamente.
É importante afirmar que esse roteiro está na contramão de todas as orientações
dadas pelo mundo. Não é algo que o homem faz para agradar a Deus, mas o que
Deus faz para o homem. A verdadeira felicidade não é prêmio, é presente; não é merecimento,
é graça.
2. O Reino de Deus e seu caráter
O
Reino de Deus é onde Jesus é rei. Na Bíblia, o Reino de Deus é um reino
espiritual que um dia dominará tudo. Esse reino começou agora, dentro do
coração de cada pessoa que aceitou Jesus como seu Senhor e Salvador. Deus reina
sobre tudo, nada acontece sem sua permissão. O mundo todo pertence a Deus,
porque Ele o criou. Mas quando o pecado entrou no mundo, o ser humano se
rebelou contra a soberania de Deus. Deus continua sendo o rei sobre tudo e sobre
todos, mas enquanto o ser humano estiver sob o poder do pecado ele rejeitará a
autoridade de Deus sobre ele; torna-se escravo do diabo. Por isso, Deus enviou
Jesus para restabelecer o Reino, através de Sua morte e ressurreição. Quem
aceita Jesus como seu salvador deixa de pertencer ao reino das trevas e se
torna cidadão do Reino de Deus (Cl.1:13,14).
O
Reino de Deus ainda não foi completamente estabelecido, mas já começou. Jesus
explicou isso na parábola do grão de mostarda - a semente do Reino foi lançada
e continua crescendo (Lc.13:18-19). Cada pessoa que aceita Jesus faz crescer o
Reino. Um dia o Reino encherá toda a terra, mas até lá ele cresce dentro de nossos
corações. No fim dos tempos, quando Jesus voltar, o Reino de Deus será
restabelecido para sempre. Será o tempo no qual cumprir-se-á a profecia de
Daniel em que os reinos deste mundo serão destruídos, o mal aniquilado,
restabelecer-se-á a comunhão perfeita com Deus e o Senhor reinará com justiça
para sempre. Não será o resultado da utopia socialista, do avanço dos
conhecimentos científicos, da unificação dos credos em uma só religião mundial,
nem de qualquer desenvolvimento moral da sociedade, mas do propósito original
para a criação.
Na
presente manifestação do Reino de Deus, ser salvo implica a libertação do poder
e dos valores do mundo, em Deus deter o poder de Satanás e dos demônios, mas em
sua dimensão escatológica traduz a ideia da redenção do corpo – “o livramento
da mortalidade” – em que o crente redimido assemelhar-se-á ao próprio Senhor em
sua imortalidade. Nessa bendita Era, o inimigo e os seus agentes já terão sido
banidos para o lago de fogo, o inferno. Com a plena ausência do mal e o pleno
triunfo do bem, será também a época em que a comunhão restaurada em sua
plenitude terá como símbolo maior o banquete entre Cristo e a Igreja. Não
haverá mais tristeza nem sofrimento, e a justiça e a paz reinarão (Rm.14:17). Quem
aceitar Jesus como seu salvador e não desistir herdará a vida eterna no Reino
de Deus.
3. Os súditos do Reino de Deus
Os
súditos do reino de Deus são os justos, os redimidos, aqueles que obedecem e praticam
o código de ética e padrão de conduta estabelecido por Jesus. Jesus disse que
se a justiça dos discípulos não excedesse em muito a dos escribas e fariseus,
jamais eles entrariam no Reino de Deus, ou seja, não seriam súditos do Reino
(Mt.5:20). Jesus deixa claro que os escribas e fariseus, que torciam a lei e oprimiam
o povo com um discurso legalista, ostentando uma santidade aparente e uma
justiça apenas exterior, estavam foram do reino de Deus. Para entrar no Reino
de Deus é necessário não ostentar, mas ser humilde de espírito. É necessário não
se gabar de sua justiça, mas chorar pelos seus pecados. É necessário não
defender seus direitos, mas ser manso. É necessário ter fome não de prestígio,
mas de justiça. É necessário não oprimir os necessitados e indefesos, mas ser
misericordioso. É necessário não agasalhar hipocritamente toda sorte de
imundícia no coração, mas ser limpo de coração. É necessário não criar contendas
e odiar as pessoas em nome de Deus, mas se dispor a sofrer por causa da
justiça. Essa é a justiça que excede em muito a justiça dos escribas e
fariseus.
III. SOMOS
BEM-AVENTURADOS
1. A beatitude na vida dos salvos
Beatitude
significa Bem-aventurança; estado de plenitude, de felicidade profunda,
experienciada pela presença de Deus na vida. As Beatitudes descrevem como os seguidores
de Cristo devem viver. O salvo em Cristo vive as beatitudes do Sermão do Monte
de maneira sincera e obediente. Cada uma das Beatitudes mostra como o crente
pode ser bem-aventurado. Ser bem-aventurado significa ter mais do que
felicidade; significa receber o favor e a aprovação de Deus. De acordo com os padrões
mundanos, os tipos de pessoas descritos por Jesus não parecem ser particularmente
abençoados por Deus. Mas a forma de vida que agrada a Deus geralmente contradiz
a forma de vida do mundo. Os súditos do Rei certamente receberão a recompensa pelo
modo de viver explicitado no Sermão do Monte. A consumação final de todas as
recompensas se encontra no futuro, na plenitude do Reino de Deus. Entretanto,
os crentes já podem compartilhar o Reino (que já foi revelado), vivendo de
acordo com as palavras de Jesus.
2. A prova de que o cristão é bem-aventurado
A
prova que o cristão é bem-aventurado pode ser inferida quando o seu caráter
cristão é aprovado por Deus. John Stott afirma que as bem-aventuranças enfatizam
oito sinais principais da conduta e do caráter cristãos, especialmente em
relação a Deus e aos homens. Assim como o fruto do Espírito (Gl.5:22) expressa o
caráter do cristão, e não as diversas facetas dele, de igual forma as
bem-aventuranças são oito atributos do mesmo grupo de pessoas. Um cristão maduro
tem todas essas oito qualidades, e não apenas algumas delas. As oito qualidades
(fruto do Espírito) juntas constituem as responsabilidades; e as oito bençãos
(as bem-aventuranças), os privilégios, a condição de cidadãos do Reino de Deus.
Portanto, um cristão bem-aventurado é resultado de um estreito relacionamento
com Deus, consigo mesmo e com o próximo. As oito bem-aventuranças apontam para
esse quádruplo relacionamento: atitude em relação a si mesmo (Mt.5:3,4); em
relação ao pecado (Mt.5:5,6); em relação a Deus (Mt.5:7-9); em relação ao mundo
(Mt.5:10-12). Contudo, é bom enfatizar que as bem-aventuranças não são qualidades
inatas ou adquiridas pelo esforço humano. Nenhuma pessoa poderia possuir essas bem-aventuranças
à parte da graça de Deus.
CONCLUSÃO
“O
Sermão do Monte é a base ética do Reino de Deus. Nele, constatamos o lado
divino de uma atitude amorosa do cristão para com Deus, bem como para com o próximo.
Se cada crente fizesse do Sermão do Monte o seu norte ético de vida, as polêmicas
não teriam lugar entre nós, não haveria espaço para meras opiniões
intelectuais, visto que o propósito desse Sermão é que cada crente seja como Deus
quer que ele seja” (Pr. Osiel Gomes).
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo
e Novo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Pr.
Hernandes Dias Lopes. Mateus – Jesus, o Rei dos reis.
Pr.
Caramuru Afonso Francisco. Bem-Aventuranças do Novo Testamento. PortalEBD_2012.