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domingo, 30 de agosto de 2020
Aula 10 – PROVAI SE OS ESPÍRITOS SÃO DE DEUS
3º Trimestre/2020
EDIÇÃO ESPECIAL
Texto Base: Neemias 6:10-14; 1Tessalonicenses 5:20,21; 1Coríntios 14:29
“Amados, não
creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1).
10.E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de
Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao
meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de
noite virão matar-te.
11.Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que
entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei.
12.E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia
falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram.
13.Para isso o subornaram, para me atemorizar, e para que eu assim
fizesse e pecasse, para que tivessem alguma causa a fim de me infamarem e assim
me vituperarem.
14.Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas
obras, e também da profetisa Noadias e dos mais profetas que procuraram
atemorizar-me.
1Tessalonicenses 5:
20.Não desprezeis as profecias.
21.Examinai tudo. Retende o bem.
1 Coríntios 14:
29.E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
INTRODUÇÃO
Nas Aulas anteriores tratamos dos
diversos ataques, dos de dentro e dos de fora, para paralisar ou arrefecer a
obra de Deus, desde quando o povo voltou do exílio. Mas, a pior perseguição é a
camuflada, quando o inimigo se veste de uma capa de piedade, quando ele se
parece com um santo. O inimigo nunca é tão perigoso como quando vem disfarçado,
com palavras lisonjeiras e com propostas sedutoras. Alguém disse “que quando o
diabo parece piedoso é melhor você se acautelar”.
Precisamos muito do auxílio do Espírito
Santo para reconhecer a verdadeira voz de Deus em todas as esferas de nossa
vida, seja no mundo material ou espiritual. Não podemos ser levados pelas
operações de erros, pois no mundo espiritual, isso pode ser um prejuízo fatal
com implicações graves na vida material. A exortação do apóstolo João ainda
ecoa em nossos dias: “provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos
falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1). Que o Senhor Jesus, com
o auxílio do Espírito Santo, nos ajude a estar atentos e despertados.
I. CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS!
“E, entrando eu em
casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de Meetabel (que estava encerrado),
disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as
portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te. Porém eu
disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e
viva? De maneira nenhuma entrarei. E conheci que eis que não era Deus quem o
enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o
subornaram(Ne.6:10-12).
1. Profeta a serviço do inimigo
O pior inimigo é aquele que se esconde
atrás da religião, é aquele que se diz nosso irmão, que é profeta (falso
profeta, claro), e vem disfarçado com palavras lisonjeiras e com propostas
sedutoras, como as do falso profeta Semaias, o qual trabalhava em conjunto com
a profetiza Noadias (Ne.6:14). O inimigo de Neemias, agora, está trajado com
vestes sacerdotais; ele não está mais do lado de fora, mas dentro dos muros da
Cidade de Jerusalém. Os muros foram levantados, mas o inimigo ficou do lado de
dentro dos muros; ele não tem mais a cara de um demônio, mas de um santo; ele
não parece mais um ímpio blasfemo, mas um sacerdote piedoso. Quando o diabo
fica piedoso e esconde seus dentes de leão, é melhor você se precaver. Cuidado
com os lobos vestidos com pele de ovelha.
Satanás usou Semaias para:
a) A sedução teológica. O inimigo não
desiste, sua arma agora é a sedução teológica, a mais perigosa e sutil das
tentações; porque advém de pessoas que estão infiltradas em nosso meio, que se
dizem “profetas”, que demonstram conhecer a Bíblia. O diabo conhece a Bíblia,
mas ele a torce e a usa para seduzir, para tentar; foi assim com Eva no Éden;
foi assim que ele conseguiu interromper a jornada espiritual de muitas pessoas.
Ele queria interromper a Obra de Jesus, só que se deu mal, muito mal.
O primeiro livro dos Reis de Israel
registra um episódio em que um profeta foi capaz de rejeitar riquezas e glórias
por fidelidade a Deus, mas não conseguiu escapar da sedução teológica. Ele
morreu porque acreditou na teologia do profeta velho, que lhe falava em nome de
Deus, que parecia que era verdadeiramente um enviado de Deus (1Rs.13:1-32).
Já que o inimigo não conseguiu levar
Neemias à mesa do diálogo, quer agora trancá-lo dentro do Templo. Só que o
conhecimento bíblico de Neemias o salva. Ele percebeu que Semaías era um falso
profeta, porque a sua mensagem não era coerente com as Escrituras Sagradas (Dt.13:1-5).
Na verdade, Semaías queria que Neemias cometesse o pecado da profanação. Ele
queria corromper Neemias, sugerindo a ele um pecado espiritual: esconder-se no
Templo, mesmo não sendo um sacerdote (cf.Nm.18:7). O rei Uzias ficou leproso
por desrespeitar o recinto sagrado (2Cr.26:16). Se Neemias tivesse se trancado
no Templo, possivelmente teria perdido sua vida, sua honra e sua causa. Se
Neemias tivesse atendido a esse falso conselho, teria incorrido no desagrado de
Deus e caído na desaprovação do povo; sua liderança estaria arruinada, e
estariam todos vendidos ao inimigo.
Esse tipo de traição a Deus e ao seu
reino, por falsos teólogos, que se dizem profetas, é uma das piores aflições
que os fiéis servos de Deus, às vezes, tem que suportar (ver At.20:28-31; 2Co.11:26).
Atualmente, muitos obreiros têm se desviado da sua fidelidade a Deus porque dão
ouvidos àqueles que falam em nome de Deus, mas torcem as Escrituras; falam em
nome de Deus, mas estão a serviço do inimigo usando a Bíblia para tentar e não
para edificar. [1]
b) A falsa profecia para impressionar – “...virão
matar-te” (Ne.6:10). O falso profeta faz ameaças assustadoras, e ainda
coloca um tom de urgência, de gravidade, de pressa - “sim, de noite virão matar-te”. A principal arma do diabo é a
mentira; ele amedronta as pessoas; ele intimida os fracos; ele faz ameaças
assustadoras. Muitos, por não conhecerem a Deus, vivem amedrontados pelo diabo.
Quem teme a Deus não tem medo do inimigo. Neemias temia a Deus, por isso nunca
se acovardou diante das bravatas do inimigo (Ne.5:15).
c) A falsa profecia para obter lucro – “mas essa
profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram”(Ne.6:12). Muitos profetas de
Jerusalém falavam mentiras para se locupletarem; Semaias era um deles. Ele deixou
de ser boca de Deus para ser arauto de Satanás. Em vez de pregar a Palavra, ele
usa a Palavra para ganhar dinheiro e enganar. Ele prostituiu o seu ministério e
vendeu sua consciência.
Há muitas pessoas, hoje, profetizando
em nome de Deus, guiando os indoutos com sonhos, visões e revelações em
desacordo com as Escrituras. São falsos profetas que nunca foram enviados por
Deus, que torcem a Palavra de Deus e fazem errar os imprudentes. Não são poucos
os ministros que têm mercadejado a Palavra de Deus numa volta vergonhosa às
indulgências da Idade Média. Há pastores que, inescrupulosamente, têm feito da Igreja
uma empresa familiar, do púlpito um balcão de comércio, do templo uma praça de
barganha, do evangelho um produto e dos crentes consumidores. [1]
Aqueles que torcem a Palavra de Deus,
negando sua inerrância e suficiência, e usando-a para fins lucrativos, são
falsos profetas. Precisamos nos acautelar, pois Deus está contra eles(cf. Ez.13:17-23).
2. Os falsos profetas de hoje
Nestes tempos pós-modernos, muitas Igrejas
Locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade,
como os falsos profetas e profetizas da época de Neemias(Ne.6:14); e o crente
precisa estar informado sobre este fato. Jesus adverte que nem toda pessoa que
professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor
evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros
obreiros são aquilo que dizem ser. Muitos desses obreiros “exteriormente
pareceis justos aos homens”(Mt.23:28); aparecem “vestidos como
ovelhas”(Mt.7:15); podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de
Deus e expor altos padrões de retidão; poderão realizar milagres, ter grande
sucesso e multidões de seguidores(ver Mt.7:21-23); 24;11,24; 2Co.11:13-15).
Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos
(ver Dt.13:3; 1Rs.18:40; Ne.6:12; Jr.14:14; Os.4:15), e aos fariseus do Novo
Testamento, cujas vidas eram “cheias de iniquidade e de hipocrisia”(Mt.23:28).
Que o Senhor, por sua misericórdia, levante homens e mulheres aptos a defender
a Igreja contra os falsos profetas desses últimos dias (Mt.24:11,24; 2Pd.2:1).
II. A BÍBLIA REVELA A EXISTÊNCIA DOS FALSOS PROFETAS
“Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas
interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis”(Mt
7:15,16).
1. No Antigo Testamento
Assim como Deus utilizou os seus
servos, os profetas, para transmitir sua verdade e seus desígnios, e também
cobrar do povo que andasse de forma correta e justa com seus irmãos, Satanás,
também, utilizou-se, no Antigo Testamento, de falsos profetas que traziam
mensagens contrárias às que Deus tinha enviado, como foi o caso de Zedequias,
filho de Quenaana, e seu grupo de profetas, que conseguiram impressionar o rei
Acabe (cf. 1Rs.22:5-28; 2Cr.18:4-27). Esses falsos profetas fizeram, em nome de
Jeová, promessas incoerentes e ludibriadores, que não podiam ser cumpridas, sem
levar em consideração a má condição moral e espiritual do povo. As
consequências foram cruentas e devastadoras, refletidas até hoje sobre o povo
judeu. Poderíamos mencionar vários outros exemplos de falsos profetas no Antigo
Testamento, mas vou citar apenas três:
a) O falso profeta Hananias (Jr.28:1). Ele representa todo
o grupo de profetas profissionais. Na época de Jeremias, a maioria dos profetas
era irrealista e falso, que desencaminhavam o povo com profecias enganosas.
Suas declarações eram muito positivas e soavam edificantes, até mesmo
encorajadoras aos ouvidos das pessoas. Eles prometiam muito, inclusive a
vitória. É o caso de Hananias, falso profeta, que apresentava uma “mensagem
maravilhosa” e tinha a ousadia, e até mesmo a insolência, de proclamá-la
abertamente, como se vê no capítulo 28:2-4 de Jeremias. Ele era do tipo que
impressionava com suas mensagens - falava como profeta, tinha discurso de
profeta e vestia-se como profeta. Aliás, era mais dramático que os profetas de
Deus. Além disso, só falava o que o povo queria ouvir. Pregava a paz e
determinava a prosperidade. Com um coração despreocupado fez, em nome de Jeová,
promessas inconsistentes que não podiam ser cumpridas. Ele esperava resultados
sem colocar os devidos alicerces para alcançá-los.
Com grande arrogância, Hananias
desafiou Jeremias no Templo de Jerusalém diante do povo e dos sacerdotes; ele
estabeleceu um limite de dois anos na sua profecia (cf. Jr.28:3), enquanto
Jeremias falava que eram setenta anos de cativeiro, pois era a vontade de Deus.
Hananias era um fanático, e fanáticos sempre estão com pressa.
b) Os falsos profetas de Acabe (1Rs.22:1-6). Depois de três anos
de paz entre a Síria e Israel, Acabe teve a ideia de reaver dos sírios a cidade
de Ramote-Gileade, que localizava-se
no lado oriental do rio Jordão. Na ocasião, Josafá, rei de Judá, estava
visitando Acabe e se mostrou disposto a cooperar na campanha militar. Primeiro,
porém, sugeriu que consultasse o Senhor por meio de profetas. Quatrocentos
profetas da corte de Acabe se pronunciaram a favor do plano e garantiram
vitória. É bem possível que fossem os mesmos quatrocentos profetas que não
compareceram ao confronto com Elias no Monte Carmelo (1Rs.18:19,22).
Josafá provavelmente ficou apreensivo,
pois perguntou se não havia algum profeta do Senhor que pudesse consultar.
Entra em cena o profeta do Senhor, chamado Micaías, o profeta destemido e
odiado por Acabe em razão de suas mensagens contundentes. Os que foram buscá-lo
disseram-lhe: “Vês aqui que as palavras
dos profetas, a uma voz, predizem coisas boas para o rei; seja, pois, a tua
palavra como a palavra de um deles, e fala bem”. Então disse Micaías: “O
que o Senhor me disser isto falarei”. Como Micaías profetizou, assim aconteceu:
Acabe morreu na batalha (1Rs.22:5-28,35-37).
“Quando profeta ou
sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e
suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após
outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse
profeta ou sonhador; porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se
amais o Senhor, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma
(Dt.13:1-3).
c) O profeta velho e sua falsa mensagem (1Reis
cap.13). Uma das características do profeta é a obediência a Deus. O porta-voz
deve não somente falar a mensagem de Deus, mas cumprir integralmente as ordens
que receber da parte do Senhor. Foi este o grande problema do homem de Deus que
levou aquela vigorosa mensagem ao rei Jeroboão. Embora tenha transmitido
integralmente a mensagem divina, acabou por desobedecer a Deus, iludido por um
profeta velho, o que causou a sua própria morte (1Rs.13:11-32).
O homem de Deus profetizou com muita
coragem advertindo o ímpio rei de Israel, que estava junto do altar queimando
incenso. Ele disse: “Altar, altar! Assim diz o SENHOR: Eis que um filho nascerá
à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os
sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se
queimarão sobre ti” (1Rs.13:2). E deu um sinal de que aquela palavra era do
Senhor: “Eis que o altar se fenderá, e a cinza [...] se derramará” (1Rs.13:3).
Ouvindo o rei aquela palavra, estendeu
a sua mão sobre o altar ordenando que prendessem o homem de Deus. Todavia, a
mão que ele estendeu contra o profeta secou-se, e não a podia tornar a trazer a
si. O altar se fendeu, e a cinza se derramou, como o profeta havia dito. A
pedido do rei, o profeta orou a Deus e a mão lhe foi restituída sā.
Todavia, havia naquele lugar um velho
profeta, cujo filho lhe contou o que fizera o profeta vindo de Judá. O velho
profeta foi ao encontro do homem de Deus, e convidou-o para comer pão. Mas,
havia uma ordem de Deus para que o profeta não comesse pão e nem bebesse água
naquele lugar, e que voltasse pelo mesmo caminho (1Rs.13:9). Ante a recusa do
homem de Deus, o velho profeta argumentou que um anjo lhe havia falado,
ordenando que convidasse o profeta de Judá a voltar, para comer pão em sua casa
(1Rs.13:11-15). O homem de Deus não discerniu a mentira e aceitou o convite do
velho profeta. E sucedeu que quando ele estava comendo pão, Deus tomou o velho
profeta em profecia e disse: “Visto que foste rebelde à boca do SENHOR, [...]
antes, voltaste, e comeste pão, [...] o teu cadáver não entrará no sepulcro de
teus pais” (1Rs.13:21,22). Caso a sentença pareça severa demais, devemos
lembrar que Deus trata com mais rigor aqueles a quem Ele ama e aos seus porta-vozes.
Depois de ter comido pão, voltou, e no
caminho um leão o matou, deixando-o prostrado na estrada (1Rs.13:23,24). Contrariando
todas as leis da natureza, o jumento pertencente ao profeta e o leão vigiaram
juntos seu cadáver na estrada. Quando o profeta velho soube da notícia,
percebeu de imediato que se tratava do juízo do Senhor por causa da
desobediência. Dirigiu-se à cena da tragédia, levou o corpo do homem de Deus de
volta a Betel e o sepultou no seu próprio sepulcro. Em seguida, instruiu seus
filhos sobre o que fazer quando ele morresse: deveriam sepultá-lo no sepulcro
junto com o homem de Deus. Ele percebeu que o sistema idólatra do qual fazia
parte estava condenado a ser destruído pelo Senhor (1Rs.13:26-32).
2. Como era possível distinguir o verdadeiro do falso profeta no Antigo
Testamento?
O capítulo 8 de Deuteronômio foi um
recurso revelado por Deus ao povo, por intermédio de Moisés, a fim de se
estabelecer algumas diretrizes para identificar o falso profeta. Podemos
aprender também com essas diretrizes que (adaptado
da revista Lições Bíblicas: Maturidade Cristã - Jovem e Adultos. Rio de
Janeiro, CPAD. 1993):
a) O verdadeiro profeta falava em nome do Senhor
dos Exércitos. Aliás, era costume dos profetas em Israel iniciar suas mensagens desta
forma: “Assim diz o Senhor dos Exércitos”.
Embora nem sempre os verdadeiros profetas usassem esta fórmula, ela
caracterizava o verdadeiro profeta. Daniel, por exemplo, não a usou; isto,
porém, não lhe descaracteriza a profecia.
b) As palavras enunciadas pelos profetas deveriam
estar em conformidade com a Palavra de Deus. Caso contrário, o
mensageiro seria execrado da comunidade de Israel. Em Isaías 8:20, lemos que
todos deveriam se ater à Lei e ao testemunho. E, se não falassem de acordo com
estas palavras jamais veriam a alva.
c) As profecias teriam que ter, necessariamente, um
cabal cumprimento. Caso contrário, seriam descaracterizadas como palavras de Deus.
Note bem: o cumprimento profético não poderia ter um cumprimento casuístico nem
circunstancial, como acontece hoje em muitas Igrejas Locais. O cumprimento
deveria ser atestado por todo o povo de Deus.
d) Se o profeta tentasse levar os israelitas ao
erro, seria considerado imediatamente um impostor. Jamais esse profeta haveria
de achar lugar entre os eleitos. Alguns, de fato, mostravam-se seguidores de
Jeová; no entanto, não passavam de filhos de Belial; não somente induziram os
israelitas ao erro, como também os levavam à derrocada nacional.
Embora vivamos noutro Testamento, as
mesmas regras continuam válidas para aferirmos a autenticidade dos mensageiros
do Senhor. Afinal, como afirma o apóstolo Paulo, tudo quanto foi escrito, para
nossa instrução foi escrito. Se nos dedicarmos mais ao estudo das Sagradas
Escrituras, não seremos tão facilmente enganados. Infelizmente, muitas igrejas,
hoje, são ludibriadas porque não têm mais as Sagradas Escrituras como a sua
única regra de fé e conduta.
3. No Novo Testamento
No Novo Testamento não há profeta do
estilo veterotestamentário. Diz o texto sagrado: “Porque todos os profetas
profetizaram até João”(Mt.11:13). Lucas 16:16: “A Lei e os Profetas duraram até
João”. Com estas palavras, o Senhor descreveu a dispensação da Lei, que começou
com Moisés e terminou com João Batista. Mas agora uma nova dispensação estava
sendo inaugurada, a dispensação da Graça.
Em Efésios 4:11, o apóstolo Paulo faz
menção a “profetas”, mas estes “profetas” referem-se a mensageiros usados pelo
Espírito Santo que cooperavam na edificação da Igreja (At.13:1), dedicando-se
ao ensino e à interpretação da Palavra de Deus. Os missionários, os que plantam
igrejas e os que ministram a palavra para edificação dos santos são profetas,
porém, não são “profetas” no sentido primário.
Assim como no Antigo Testamento, a
função instintiva do profeta do Novo Testamento é transmitir e interpretar a
Palavra de Deus através do Espírito Santo, para admoestar, exortar, animar,
consolar e edificar o povo de Deus (At.2:14-36; 3:12-26; 1Co.12:10; 14:3). É dever
do “profeta” do Novo Testamento, assim como fora do Antigo Testamento,
desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e
combater o mundanismo e mornidão espiritual entre o povo de Deus. Por causa da
sua mensagem de justiça, o “profeta” pode esperar ser rejeitado por muitos nas
igrejas, em tempos de mornidão e apostasia.
A obrigação profética da Igreja não é,
em absoluto, a autorização para que, mediante uma “tradição”, acrescente o que estar
revelado nas Escrituras a respeito de Cristo (João 5:39), mas tão somente a
divulgação, o anúncio, a explicação daquilo que está contido na Bíblia Sagrada,
que é a Verdade (João17:17), e que se encontra em posição superior à
própria Igreja, seja porque é fonte de sua santificação, seja porque a Palavra
se encontra engrandecida acima do próprio nome do Senhor (Sl.138:2), nome que
está acima de todo o nome (Fp.2:9), precisamente por ser Jesus o Verbo (João
1:1), aquele que é a própria Palavra de Deus (Ap.19:13). Por isso, quando não
se conhecem as Escrituras, cometem-se erros (Mt.22:29).
É bom deixar claro que assim como
existiam falsos profetas no meio do povo de Israel, como fizera questão de
deixar advertido Moisés (Dt.13:1-5; 18:20-22), há inúmeros falsos mestres,
pregadores se dizendo profetas, no meio do povo de Deus da Nova Aliança; há
inúmeros falsos profetas com o mesmo estilo daqueles profetas de Acabe: dotados
de espírito mentiroso, pregando mentiras (1Rs.22:22). A Bíblia adverte que nos
últimos tempos aparecerão falsos profetas (Mt.24:11,24).
-Tenhamos cuidado, pois, os falsos
“profetas” da atualidade têm amor ao dinheiro e trocam a glória celeste e a
vida eterna pelas riquezas desta vida, pelo vil metal. A Igreja passa a ser
meio de lucro e de enriquecimento, as almas passam a ser mercadorias; eles são
os legítimos sucessores de Balaão, o "profeta mercenário"
(1Tm.6:5,10; Jd.11; At.8:18-24; 20:33,34; João 10:12,13; Ap.2:14). Lamentavelmente,
já chegamos a observar certos "obreiros" que se gabam de serem
"bons obreiros" pelo fato de estar havendo maior contribuição
financeira nas Igrejas que dirigem e de haver medição de
"competência" exclusivamente sob este prisma. Estamos, realmente, vivendo
os últimos dias da Igreja. Pense nisso!
-Tenhamos cuidado, pois, os falsos
“profetas” abandonam o juízo correto e o senso espiritual, em troca da obtenção
do erro de Balaão, tornando-se lisonjeadores, a fim de obterem vantagens
financeiras. Os falsos mestres se utilizam da “religião” para obterem vantagens
pecuniárias; aproveitam-se dos sentimentos religiosos de outros a fim de
promoverem seu próprio enriquecimento. É triste a situação quando homens
supostamente espirituais se tornam 'comerciantes', e não profetas...". Estejamos,
pois, alertas para que não sejamos enganados por eles.
III. COMO DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS?
Obviamente, nem toda profecia vem de
Deus, ou o apóstolo João não teria escrito: “Amados,
não deis créditos a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem
de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1João 4:1).
Somos alertados para “provar os
espíritos”, porque todas as profecias vêm de Deus, da carne ou do Diabo através
de espírito malignos. Quando a verdade é negada, o engano é liberado. Falsos
profetas e falsas profecias estão no mundo atualmente.
Em nossos dias, temos visto que os
termos ”profecia“ e ”profetizar“ têm sido mal utilizados. Muitas pessoas falam
de si mesmas palavras boas como se estas fossem verdadeiras profecias, e ainda
motivam outras pessoas a fazerem o mesmo. Paulo perguntou: “... Porventura são
todos profetas? “ (1Co.12:29). Esta pergunta foi feita para mostrar que nem
todas as pessoas são profetas, ou seja, nem toda pessoa possui o dom de
profecia dado pelo Espírito Santo. A profecia deve ser julgada e que o profeta
deve obedecer aos ditames das Escrituras Sagradas (1Co.14:29-33).
Desejar uma bênção para o próximo ou
ter palavras de vitória tem sido encarado como uma profecia, o que é um erro
terrível, pois os verdadeiros profetas falavam o que recebiam do Senhor -
“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens
santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pd.1:21). Portanto, à
luz da Bíblia, nem todas as pessoas são profetas, e a vontade do homem, por
mais bondosa que seja, não pode originar uma profecia verdadeira.
Como devemos julgar as profecias?
1. Examinando as Escrituras Sagradas
As Escrituras falam de profetas
verdadeiros e de profetas falsos. Os primeiros constituem enorme bênção para o
povo de Deus; os últimos representam ameaça permanente. O povo de Deus não pode
renunciar a responsabilidade de prová-los, com os melhores elementos extraídos
das Escrituras Sagradas. A Palavra de Deus é o Prumo (Am.7:7,8). Uma mensagem
que estiver em desacordo com a Palavra de Deus, seja ela transmitida por quem
for, até por um anjo do céu, está reprovada e deve ser rejeitada, pois é
anátema (Gl.1:8).
Se um profeta é verdadeiro, sua
mensagem é de Deus, cheia de verdade e de autenticidade; seu testemunho
representa adequadamente a natureza, o caráter e a missão de Cristo; sua
mensagem está em harmonia e em correspondência com todas as revelações de Deus.
Repetidas vezes, a Palavra de Deus adverte contra falsos profetas. Precisamos
dar ouvidos a essas advertências. Jesus disse: "Acautelai-vos dos falsos
profetas" (Mt.7:15). "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e
enganarão a muitos... operando grandes sinais e prodígios para enganar, se
possível, os próprios eleitos" (Mt.24:11,24).
-Paulo compara os falsos profetas a
Janes e Jambres, que se opuseram a Moisés e Arão com sinais e maravilhas
operados pelo poder de Satanás - “E, como
Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade,
sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”(2Tm.3:8).
-Pedro advertiu que assim como houve
falsos profetas no tempo do Antigo Testamento, assim também haverá entre nós
falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras –
“E também houve entre o povo falsos
profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão
encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou,
trazendo sobre si mesmos repentina perdição”(2Pd.2:1).
-O apóstolo João declarou que já em
seus dias muitos falsos profetas atuavam entusiasticamente no meio da igreja –
“Amados, não creiais em todo espírito,
mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm
levantado no mundo” (1João 4:1).
Quanto mais hoje, portanto, devemos
estar alertas quanto aos falsos profetas à medida que a apostasia profetizada
para os últimos dias atinge o seu clímax, preparando o mundo e uma falsa
religião para a chegada do Anticristo.
Conhecer, amar e obedecer à Palavra de
Deus é o único meio seguro de não sermos enganados. Como é trágico que a Bíblia
Sagrada seja tão negligenciada hoje por aqueles que se chamam cristãos! Muitos
que professam conhecer a Deus e servi-lo têm pouca ou nenhuma sede por Sua
Palavra. Em vez disso, buscam sinais e maravilhas, experiências emocionais,
novas revelações, o último "mover" do Espírito, ou os dons em lugar
do Doador. Como resultado, são suscetíveis a todo "vento de doutrina"
(Ef.4:14) e caem vítimas de falsos mestres que “... movidos por avareza, farão
comércio de vós com palavras fictícias..." (2Pd.2:3), "supondo que a
piedade é fonte de lucro" (1Tm.6:5). A mentira popular da "$emente de
fé" – a ideia de que uma contribuição para um ministério abre a porta para
milagres e prosperidade – engana e promove cobiça entre os milhões que ignoram
a Palavra de Deus. Precisamos julgar as profecias e discernir os espíritos, a
fim de não sermos enganados pelos falsos profetas.
2. Através do dom de discernimento de espíritos
O crente que estuda a Palavra de Deus
sabe com facilidade discernir os falsos mestres, mas às vezes, as doutrinas
proferidas por eles são tão sutis que o discernimento se torna impossível sem a
ajuda do Espírito Santo. A Bíblia é clara ao dizer que sempre houve no meio do
povo de Deus manifestações espirituais por meio de falsos profetas (Dt.13:1-3),
falsos mestres, falsos apóstolos. Satanás é muito sagaz, ele usa todos os seus
ardis para ludibriar o povo de Deus. Está escrito que ele e os seus agentes se
transformam em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça
(2Co.11:13-15). Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram
falsas imitações, e só com o Dom de Discernimento é possível identificar a
fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade deste Dom
(1Co.12:10). Sem dúvida, no mundo espiritual, o Discernimento de espíritos é um
Dom imprescindível.
3. A diferença entre Adivinhação e Profecia bíblica
Quem
recebe de Deus uma mensagem profética não deve ser confundido com um adivinho,
nem pode agir como um. Profetas devem falar quando Deus mandar, e calarem-se
quando Deus assim ordenar. Adivinhos geralmente são pessoas compradas, que
falam mentiras em prol do dinheiro que poderão ganhar. Motivados pela ganância,
tentam predizer o futuro através de interpretação de sonhos, leitura de cartas
e outros meios que impressionam os incautos.
Ø A adivinhação faz
afirmações vagas e genéricas e não esclarece os fatos; a profecia bíblica é a
história escrita antes que aconteça. Ela parte do próprio Deus Todo-Poderoso,
que tem uma visão panorâmica das eras e as estabeleceu em Seu plano divino. O
próprio Senhor afirma: "lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade:
que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim;
que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as
coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei
toda a minha vontade" (Is.46:9,10).
Ø A adivinhação
interpreta algum tipo de sinal; a profecia
bíblica não depende da nossa interpretação, mas se sustenta exclusivamente
em sua própria realização.
Ø Adivinhação e interpretação de sinais
são baseados em mentiras; a profecia
divina é a mais absoluta verdade. Balaão era um "agoureiro" (Nm.24:1)
que Balaque, rei dos moabitas, queria usar para amaldiçoar Israel (Nm.23:24). E
justamente esse adivinhador foi obrigado a reconhecer: "Deus não é homem,
para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo
ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?" (Nm.23:19).
Ø A adivinhação cria
confusão mental, turva a visão para a verdade bíblica e bloqueia a disposição
das pessoas de crerem no Evangelho de Jesus Cristo; ela embota os sentidos das
pessoas, prende-as a falsos ensinos e torna-as inseguras em suas decisões; a profecia divina, entretanto, liberta
e dá segurança. Por isso, todos deveriam seguir o conselho de Deus: "Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei
este propósito, também o executarei. Ouvi-me vós..." (Is.46:11b-12a).
Qualquer pessoa que crê em Jesus Cristo e confia sua vida a Ele
tem um futuro seguro e não precisa ter medo de nada. Quem se entrega a Jesus
passa a viver sob a bênção da profecia encontrada em João 14:3: "E, quando eu for e vos preparar lugar,
voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós
também”.
CONCLUSÃO
Muitas pessoas têm acreditado em tudo o que veem ou ouvem.
Infelizmente, muitas ideias impressas e ensinadas não são verdadeiras. Os
cristãos devem ter fé, porém, não devem ser incautos. Devemos verificar toda
mensagem que ouvimos, ainda que a pessoa que a expressa afirme que é de Deus.
Se a mensagem for verdadeiramente de Deus, será consistente com os ensinamentos
de Cristo. Pense nisso!
----------
Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Hernandes Dias Lopes. Neemias – O líder que
restaurou uma nação.
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Comentário Bíblico NVI –
EDITORA VIDA.
[1] Hernandes Dias Lopes – Neemias -o líder que restaurou uma nação.
domingo, 23 de agosto de 2020
Aula 09 – COMO VENCER AS OPOSIÇÕES À OBRA DE DEUS
3º Trimestre/2020
EDIÇÃO ESPECIAL
Texto Base: Neemias 4:8-20; 1João 4:4; 5:5
“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm.8:37).
Neemias 4
8.E ligaram-se entre si todos, para virem atacar Jerusalém e para os
desviarem do seu intento.
9.Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia
e de noite, por causa deles.
10.Então, disse Judá: Já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó
é muito, e nós não poderemos edificar o muro.
11.Disseram, porém, os nossos inimigos: Nada saberão disso, nem verão,
até que entremos no meio deles e os matemos; assim, faremos cessar a obra.
12.E sucedeu que, vindo os judeus que habitavam entre eles, dez vezes nos
disseram que, de todos os lugares, tornavam a nós.
13.Pelo que pus guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos
altos; e pus o povo, pelas suas famílias, com as suas espadas, com as suas
lanças e com os seus arcos.
14.E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e aos magistrados, e ao
resto do povo: Não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e terrível, e
pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas.
15.E sucedeu que, ouvindo os nossos inimigos que já o sabíamos e que Deus
tinha dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um à sua obra.
16.E sucedeu que, desde aquele dia, metade dos meus moços trabalhava na
obra, e a outra metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos e as couraças;
e os chefes estavam por detrás de toda a casa de Judá.
17.Os que edificavam o muro, e os que traziam as cargas, e os que
carregavam, cada um com uma mão fazia a obra e na outra tinha as armas.
18.E os edificadores cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e
edificavam; e o que tocava a trombeta estava junto comigo.
19.E disse eu aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo: Grande e
extensa é a obra, e nós estamos apartados do muro, longe uns dos outros.
20.No lugar onde ouvirdes o som da buzina, ali vos ajuntareis conosco; o
nosso Deus pelejará por nós.
1 João
4:4.Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que
está em vós do que o que está no mundo.
5:5.Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de
Deus?
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula trataremos da oposição dos inimigos à obra realizada. Logo que a
reconstrução dos muros de Jerusalém começou, a oposição se levantou. O capítulo
4 de Neemias é um resumo do que aconteceu durante os 52 dias de reconstrução.
Sempre que o povo de Deus se levanta para fazer a Sua obra, isso incomoda o
inimigo. Variados foram os métodos do inimigo para tentar paralisar a obra, mas
Neemias resistiu a cada investida, porque ele confiava na vitória de Deus.
Ainda hoje, sempre que a Igreja de Deus se levanta para fazer a obra de Deus, o
inferno se agita, o mundo se levanta e há uma conspiração contra ela de todas
as forças aliadas. A vida cristã é uma guerra contínua, é uma batalha sem
trégua. É impossível realizar a Obra de Deus sem oposição.
I. QUAL A PROCEDÊNCIA DESSES ATAQUES?
A
procedência era maligna. Satanás usou os seus fantoches dos quatro pontos
cardeais do território de Israel para atacar o povo de Deus. Do Norte: Sambalate (governador de Samaria); do Leste, Tobias (da nobreza dos amonitas) e Gesém (o árabe – possível rei de Quedar, segundo descobertas
arqueológicas); do Sul, os arábios, os amonitas e os asdoditas (Ne.4:7) se
uniram a estes para se oporem ao povo de Deus. Houve uma orquestração maligna
contra o povo de Deus. Como não bastasse, os judeus que moravam fora de
Jerusalém trouxeram notícias de um ataque iminente. Neemias rapidamente colocou
o povo por detrás do muro e entregou armas aos trabalhadores, encorajando-os
com as palavras: “lembrai-vos do
Senhor[...] e pelejai” (ler Ne.4:7-14).
1. A ira dos adversários
“E sucedeu que, ouvindo Sambalate que
edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito...”(Ne.4:1).
A
restauração de Jerusalém provocou a ira dos adversários. Isso ocorreu desde o
início. Quando Neemias teve permissão e recursos para voltar a Jerusalém, a
oposição ficou profundamente perturbada (Ne.2:9,10); quando o povo declarou sua
intenção de reconstruir os muros, a oposição zombou dele e o desprezou
(Ne.2:18,19); quando o povo de fato começou a reconstruir os muros, a oposição
“ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus” (Ne.4:1); quando o
povo continuou a reconstruir os muros, a oposição ficou muito irada e conspirou
atacá-lo e criar confusão (Ne.4:6-8); e, por fim, quando o povo concluiu a reconstrução
dos muros, a oposição fingiu aceitar, mas queria prejudicá-lo (Ne.6:1-9).
Sambalate,
o líder opositor, mobilizou seu exército e procurou incitar o povo contra os
judeus (Ne.4:2; ler Ne.4:7). Esses inimigos não queriam a restauração do povo
de Deus. Enquanto Jerusalém estava debaixo de opróbrio, eles estavam calmos,
mas bastou a disposição para a reforma, e eles se agitaram e se levantaram com
grandes insultos.
Da
mesma forma, hoje, os nossos inimigos não ficam sossegados quando alguém luta
pela Igreja e se levanta para reconstruir a Casa de Deus. Onde o povo de Deus
busca restauração, avivamento, ocorre a fúria do inimigo.
2. A falsa acusação
“O que ouvindo Sambalate, o horonita, e
Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, zombaram de nós, e desprezaram-nos,
e disseram: Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?”(Ne 2:19).
Sambalate
e Tobias rotularam a reconstrução dos muros de Jerusalém como uma rebelião
contra o rei Artaxerxes e não uma reforma, provavelmente ameaçando denunciar os
construtores como traidores. Mas Neemias tinha uma resposta para eles que
revelava não apenas a sua própria determinação de realizar o trabalho até à sua
conclusão, porém mais significativamente a sua fé em Deus, que tinha o poder de
ajudá-lo a executar o trabalho para o qual o próprio Senhor o havia chamado.
3. A resposta à insinuação caluniosa
A
calúnia foi uma arma de ataque usada pelos inimigos. Neemias confiou em Deus, e
recusou dar ouvidos às falsas acusações dos inimigos. Neemias, sempre prudente
e sábio, respondeu-lhes:
“O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e
nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos...”(Ne.2:20).
A
confiança em Deus é o maior incentivo à obra. Isso sugere poderosa proteção:
"O Deus dos céus..." (Ne.2:20). Isso sugere também providencial
vitória: "[...] é quem nos fará prosperar[nos dará êxito –ARA]" (Ne.2:20).
Quem confia em Deus não teme os adversários, não se rende diante de suas
ameaças e falsas acusações.
Sem
a ajuda de Deus, o nosso trabalho é vão - "Se o Senhor não edificar a
cidade, em vão trabalham os que a edificam" (Sl.127:1). A Obra de Deus é
feita não por força nem por violência, mas pelo Espírito de Deus (Zc.4:6).
Jesus disse: "Sem mim, nada podeis fazer" (João 15:5). Paulo
pergunta: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm.8:31). João
foi contundente: "Maior é aquele que está em nós do que aquele que está no
mundo”(1João 4:4).
A
vitória vem de Deus, mas nós precisamos empunhar as ferramentas de trabalho e
as armas de combate. É preciso se dispor e reedificar. A soberania de Deus não
anula a responsabilidade humana. Neemias foi contundente diante da oposição:
“... nos levantaremos e edificaremos...”.
Quando
a reconstrução dos muros de Jerusalém terminou em cinquenta e dois dias, até mesmo
os inimigos dos judeus tiveram de reconhecer que essa obra fora concluída com a
ajuda de Deus (cf.Ne.6:15,16). Deus sempre cumpre a sua parte quando os fiéis
cumprem a sua, com fé perseverante.
Aprendemos
aqui que o verdadeiro líder não se deixa desencorajar por ataques pessoais
injustos; o verdadeiro líder se preocupa com a causa em que está envolvido. O
líder de Deus não se cansa enquanto não vê a obra das suas mãos concluída.
II. O INIMIGO PROCURA ATINGIR A NOSSA FÉ
Os
inimigos usaram a ridicularização para tentar dissuadir o povo de realizar a
obra de Deus. Usaram os meios mais diabólicos para causar desespero e desânimo
no povo de Deus.
1. O Inimigo ataca com a arma do escárnio
(Ne.4:1,3)
“Tendo Sambalate ouvido que edificávamos o muro, ardeu em
ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus” (Ne.4:1).
“Estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que
edifiquem, vindo uma raposa, derribará o seu muro de pedra” (Ne.4:3).
Esta
é uma arma poderosa que os inimigos sempre usaram para destruir a obra de Deus
e para desanimar o Seu povo, e os inimigos a usaram para enfraquecer o ânimo do
povo de Deus. Quando os servos de Deus sofrem escárnio, são tentados a ficarem
desanimados.
A
obra de Deus sempre foi alvo de zombaria e escárnios. Constantemente, os féis
de Deus enfrentam este tipo de agressão, pelo fato de, a cada dia, procurarem
viver uma vida de retidão entre os que não conhecem a Deus. Mas, isto está
escrito nas Escrituras que aconteceriam ao povo de Deus. Podemos lembrar aqui de
alguns exemplos de escárnios e zombarias registradas nas Escrituras Sagradas:
a) Escarneceram do
próprio Senhor Jesus. Jesus estava iniciando sua dolorosa caminhada rumo à cruz,
e Satanás, usando pessoas, utilizou a zombaria para atacar o Senhor de maneira
vil:
“E, despindo-o, o cobriram com uma capa de escarlate. E,
tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma
cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus!
E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois
de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o
levaram para ser crucificado”(Mt.27:28-31).
O
Senhor era de fato Rei, porém seu reino não era terreno (João 18:36).
Aproveitando a situação, o inimigo tentou humilhá-lo, através do escárnio e da
violência! Contudo, o diabo não conseguiu afastá-lo de seu objetivo que foi a
morte na cruz pelos nossos pecados. O "justo morreu pelos injustos, para
levar-nos a Deus" (1Pd.3:18).
b) Escarneceram da mensagem
de Paulo. Certa
feita, o apóstolo Paulo pregava no areópago, um centro de convenções na cidade
de Atenas. Nesse lugar, havia altares para os mais diversos deuses. Ali, ele
aproveitou o momento e, partir de um altar erigido ao "Deus
desconhecido", mostrou-lhes o caminho da salvação. Porém, quando falou
sobre a questão da ressurreição dos mortos, o clima de curiosidade foi
transformado num clima de zombaria! O desprezo tomou conta dos presentes, que
não queriam mais ouvi-lo:
“E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns
escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez”(At.17:32).
Como
povo do Deus vivo, não podemos perder de vista o fato de que sempre houve e
sempre haverá escarnecedores da obra de Deus. Tanto Pedro, como Judas nos alertam
que esta artimanha diabólica tenderá a crescer nos últimos dias.
- 2Pedro
3:3:
“sabendo primeiro isto: que nos últimos dias virão escarnecedores, andando
segundo as suas próprias concupiscências”.
- Judas
18:
“os quais vos diziam que, no último tempo, haveria escarnecedores que
andariam segundo as suas ímpias concupiscências”.
Esses
escarnecedores terão um estilo próprio e, escorados em suas tendências carnais
pecaminosas, investirão contra os servos de Deus e sua obra. Isto faz parte da
cruz que devemos aceitar quando seguimos a Jesus (Mt.10:38,39; 16:24,25). Os
que são carnais procuram escapar do escândalo da cruz (Gl.5:11).
2. O Inimigo ataca com a arma do desprezo
“Que fazem estes fracos judeus?” (Ne.4.2).
Os
inimigos tentaram diminuir a autoestima do povo de Deus, chamando-o de fraco. A
força de um povo é constatada pelas suas atitudes que, na verdade, são reflexos
da ação do seu líder, ou seja, a ação do líder determina a reação de um povo.
Um líder fraco enfraquece a forte gente; um líder forte fortalece a fraca
gente, e esta é uma realidade bíblica. Se Neemias tivesse demonstrado fraqueza
naquele momento de escárnio e zombaria, o povo tinha recuado e a liderança de
Neemias estaria arruinada.
Entre
os pastores da Palestina contava-se uma história interessante e auto didática:
Certo pastor de ovelhas, no seu pastoreio diário, cumpria
uma rotina de caminhada e, nesta caminhada, no início da tarde, chegava com
suas ovelhas ao pasto que considerava ele ser o melhor, um extenso gramado a
beira de um raso e calmo rio.
Certo dia, ao analisar minuciosamente o comportamento do
rebanho, percebeu que, mesmo parecendo, ele não estava fazendo o melhor por
suas ovelhas. Erguendo então os olhos, vislumbrou além do rio um pasto muito
melhor e decidiu fazer as ovelhas atravessarem o rio a fim de alcançarem melhor
pasto. Enfileirou-as e as instigava a atravessarem. Entretanto, a fila não
andava, pois não havia ovelha que ousasse entrar nas correntes mansas e rasas
do rio.
Então o pastor pensou e decidiu: “Vou colocar a mais
robusta e saudável no início da fila. Assim, ao fazê-la atravessar, todas as
outras a seguirão. Não adiantou, o rebanho não andou. Insistindo nisto várias
vezes, sem êxito, se irritou e disse consigo mesmo: eu vou atravessar, e quem
quiser o melhor me seguirá!”. As ovelhas o observaram atentamente.
O pastor empunhou o cajado com firmeza, olhou fixamente a
outra margem e entrou nas rasas e mansas águas do rio e para sua surpresa,
nenhuma das ovelhas deixou de atravessar. Até aquelas que ele julgava serem as
mais fracas seguiram-no; e todas atravessaram e alcançaram o melhor pasto. Moral
da história: se o líder quer que o povo faça, basta-lhe apenas dar o exemplo,
agindo corretamente, pois a ação do líder determina a reação do povo.
Quando
lemos o livro de Josué e sua trajetória de virtuosa liderança nos capítulos 3 e
4, na travessia do rio Jordão, nós compreendemos que as ações de Josué foram
determinantes. Ele levantou de madrugada, foi com os sacerdotes o primeiro a
pisar nas águas transbordantes do Jordão. Parou no meio do rio e, enquanto o
povo a pés enxutos atravessava, Josué ordenou que dali de perto das plantas dos
pés dos sacerdotes se tirassem doze pedras para com elas erigir um monumento
para memorial (ver Js.4:3).
Em
toda a história de Josué você não o encontra se lamentando, se lastimando,
desanimado, cabisbaixo ou coisa parecida. Desde Êxodo 17, nós o vemos lutando,
e no final de sua carreira, o encontramos dizendo: “Eu e minha casa serviremos
ao Senhor!” (cf. Js.24:15).
3. O inimigo tenta atacar a comunhão do povo e o culto a Deus
“...Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão?” (Ne.4:2).
Esta
é uma tática corriqueira de Satanás. Quando ele vê que o povo de Deus está em
comunhão, em consagração a Deus, fará de tudo para desfazer isso; por isso, o
povo de Deus precisa estar sob alerta e discernente com relação aos ardis de
Satanás.
4. O inimigo tenta desunir o povo de Deus
Percebendo
Sambalate, o líder dos opositores, que o povo de Deus estava unido, indagou:
”acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as
pedras que foram queimadas?” (Ne.4:2).
A
desunião e a divisão entre o povo de Deus são armas muito utilizadas por Satanás,
talvez as mais usadas contra a Igreja do Senhor. Atualmente, o adversário de
nossas almas tem conseguido causar grande prejuízo à obra de Deus porque tem
criado, no meio do povo de Deus, o espírito de divisão, o ânimo da competição,
gerando brigas, disputas e lutas entre quem deveria ser irmão. Este espírito
faccioso tem origem diabólica (Tg.3:15,16), gerando tão somente perversão e
animosidade. Fujamos, pois, de tal comportamento; busquemos estar debaixo da
mão potente de Deus, em comunhão com Ele e com o Príncipe da Paz; enquanto
depender de nós, devemos ter paz com todos os homens (Rm.2:13), o que significa
termos, sempre, paz com os irmãos (1Ts.5:13).
5. O inimigo zomba do povo de Deus, ridicularizando o valor e a
consistência do seu trabalho
“... Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará
facilmente o seu muro de pedra”(4:3).
O
mundo continuamente despreza os padrões morais do cristão e zomba da sua
dedicação a Cristo. O desprezo e a zombaria atacam nossas emoções e podem
provocar reações das mais diversas - como ira, ódio, agressão, etc. Porém, não
podemos nos deixar levar por estes sentimentos, pois o desequilíbrio da Igreja é
o que Satanás mais quer. Nossa confiança e nossa resposta devem ser as mesmas
de Neemias: “o Deus dos céus nos ajudará e por fim vindicará os justos” (Ne.2:20).
Apesar
de todos esses ardis dos inimigos do povo de Deus, Neemias não vacilou; em vez
de trocar insultos, se revestiu da maior arma: a oração (Ne.4:4,5). A oração é
a coisa mais prática que podemos fazer nos momentos que os inimigos escarnecem
de nós, zombam de nós, criticam-nos. Todavia, ela não é um substituto da ação.
Neemias
faz uma oração imprecatória por duas razões: Primeiro, porque os inimigos
estavam provocando a própria ira de Deus. Segundo, porque os inimigos estavam
desprezando o próprio povo de Deus. A oração nos capacita a dar vazão ao que
sentimos e nos capacita a olhar o problema da perspectiva de Deus. Quando
oramos, nossa ira e nossos ressentimentos se dissipam. Revestido desta arma,
Neemias recobrou o ânimo para trabalhar (Ne.4:6) - “Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade;
porque o coração do povo se inclinava a trabalhar”.
Esse
procedimento de Neemias nos traz duas belas lições:
·
Primeiro,
quando formos escarnecidos por causa de nossa fé ou criticados por fazermos o
que sabemos ser correto, recusemo-nos a responder da mesma maneira ou a
tornarmo-nos desencorajados; digamos a Deus como nos sentimos e lembremo-nos de
que a promessa dEle está conosco; isto nos dará encorajamento e força para
continuarmos.
·
Segundo,
não fomos chamados para contar os inimigos nem temê-los; fomos chamados para
fazer a obra de Deus apesar da oposição. Concentremo-nos, pois, em Deus e na
sua obra, e não teremos tempo para sermos distraídos pelas críticas do inimigo.
6. O Inimigo usa como arma as ameaças
“Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, os arábios, os amonitas
e os asdoditas que a reparação dos muros de Jerusalém ia avante e que já se
começavam a fechar-lhe as brechas, ficaram sobremodo irados. Ajuntaram-se todos
de comum acordo para virem atacar Jerusalém e suscitar confusão ali (Ne.4:7,8).
Os
inimigos dos judeus ameaçaram guerrear contra eles, a fim de espalharem medo e
pânico entre o povo de Deus. Porém, Neemias disse: “Oramos ao nosso Deus e
pusemos guarda contra eles!” (Ne.4:9). Os judeus não atacaram os samaritanos,
mas defenderam a sua área de trabalho (Ne.4:13-20).
Ao
perceberem que as sutilezas utilizadas não surtiram quaisquer efeitos sobre
Neemias e seus comandados, os inimigos ficaram tremendamente irados -
"...iraram-se sobremodo..." (Ne.4:7). Então, formaram uma grande
coligação e ensaiaram uma guerra contra o povo de Deus – "...coligaram-se
todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali"
(Ne.4:8).
A
confusão é tão perigosa quanto a violência do inimigo. A confusão visava a
distrair o povo e tirar os seus olhos do foco. Eles queriam não apenas causar
confusão, mas matar os judeus (Ne.4:11), obtendo, assim, o seu verdadeiro
objetivo: paralisar a obra (Ne.4:11).
Esta
é uma tática diabólica que assusta, mete medo! Muitos desistem dos planos de
restauração, quando a resistência atinge este nível ameaçador. Porém, olhando
para o texto bíblico, podemos perceber como Neemias orientou seu povo a não se
intimidar com as ameaças, mas preparou-se para um possível ataque. Ele usou
duas armas infalíveis contra Satanás: a oração e a vigilância – “Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos
uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles” (Ne.4:9).
7. Os inimigos se orquestraram para paralisar a Obra de Deus
(Ne.4:10-12)
10.Então, disse Judá: Já desfaleceram as forças dos
carregadores, e os escombros são muitos; de maneira que não podemos edificar o
muro.
11.Disseram, porém, os nossos inimigos: Nada saberão
disto, nem verão, até que entremos no meio deles e os matemos; assim, faremos
cessar a obra.
12. Quando os judeus que habitavam na vizinhança deles,
dez vezes, nos disseram: De todos os lugares onde moram, subirão contra nós,
Os
nossos inimigos estão sempre procurando uma brecha para nos atingir e assim
paralisar a obra de Deus. Eles usaram três expedientes para impedir o avanço da
obra de Deus:
a) Em primeiro lugar, os inimigos tentaram paralisar a obra provocando
desânimo interno (Ne.4:10). Os problemas internos são mais perigosos do
que os problemas externos. Os carregadores estavam sem forças, os escombros eram
muitos e a conclusão óbvia era: "não podemos edificar o muro". Eles
sentiram que não tinham capacidade para concluir a obra. Muitas vezes, o nosso
maior problema somos nós mesmos. O maior obstáculo da obra são os obreiros,
dizia Dwight Moody. Um povo desanimado sempre olha para as circunstâncias em
vez de olhar para o Senhor; escuta mais a voz do inimigo do que a voz de Deus.
b) Os inimigos
tentaram paralisar a obra espalhando boatos... (Ne.4:12). Aqueles
que moravam fora de Jerusalém, próximos desses inimigos, traziam comentários assustadores
e os espalhavam no meio do povo. Eles diziam:
"De todos os lugares onde moram, subirão
contra nós. Estamos completamente cercados, não temos a mínima chance".
O boato visa destruir o espírito de coragem e cooperação. Boatos
são setas do inimigo. Onde prospera a boataria, os obreiros de Deus ficam
alarmados e a obra de Deus é paralisada. Os boatos sempre superdimensionam os
problemas. Parecia uma invasão avassaladora, irresistível. O povo estava
guardando os muros, mas não estava guardando seus ouvidos do que os inimigos
diziam. Neemias enfrentou esse problema do desânimo de três formas diferentes:
· Advertiu o
povo: "Não os temais".
· Animou o
povo: "Lembrai-vos do Senhor".
· Motivou o
povo: "Pelejai pelas vossas famílias”.
“E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e
aos magistrados, e ao resto do povo: Não os temais; lembrai-vos do Senhor,
grande e terrível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas
mulheres e vossas casas” (Ne.4:14).
c) Os inimigos
tentaram paralisar a obra destruindo o povo de Deus (Ne.4:11). A Bíblia
diz que a nossa luta não é contra carne e sangue. O nosso inimigo é ladrão e
assassino. Ele veio roubar, matar e destruir. Ele tem arruinado muitas vidas,
destruído muitos lares, debilitado muitas igrejas, paralisado em muitos lugares
a obra de Deus. O povo de Deus precisa ter sabedoria e discernimento nestes momentos
de perseguição do inimigo, e tomar posse das armas adequadas de ataque e defesa
contra as potestades do mal. É o que Paulo recomenda em Efésios 6:11-18).
III. QUAIS SÃO AS ARMAS DE COMBATE ÀS AMEAÇAS E SUTILEZA DO INIMIGO?
Neemias
nos ensina cinco princípios (Adaptado do
Livro Neemias, de Hernandes Dais Lopes):
1. Cada um deve defender sua própria família (Ne.4:13,14b)
13.então, pus o povo, por famílias, nos
lugares baixos e abertos, por detrás do muro, com as suas espadas, e as suas
lanças, e os seus arcos;
14.inspecionei, dispus-me e disse aos nobres,
aos magistrados e ao resto do povo: não os temais; lembrai-vos do Senhor,
grande e temível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas,
vossa mulher e vossa casa.
Um líder
precisa saber como repreender, encorajar e motivar os outros. Não podemos ter
uma Igreja forte se não protegermos nossa própria família das investidas do
inimigo. Neemias era sábio o suficiente para saber que cada um devia defender
prioritariamente sua própria família. Neemias exorta: "[...] pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas,
vossa mulher e vossa casa".
2. Precisamos empunhar as armas de defesa e combate (Ne.4:13)
Não
podemos enfrentar os inimigos sem usarmos nossas armas de defesa e combate.
Cada obreiro é um soldado. Estamos em guerra. Nessa batalha espiritual
enfrentamos inimigos invisíveis e tenebrosos. Nessa batalha não há trégua nem
pausa. Nossos adversários não descansam, não tiram férias nem dormem. Eles
vivem nos espreitando e buscando uma oportunidade para nos atacar. Precisamos
vigiar e empunhar as armas.
As principais armas que Neemias utilizou para enfrentar a pressão
e o ataque dos inimigos foram: a Oração e a vigilância:
“Porém
nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite,
por causa deles”(Ne.4:9).
O apóstolo Paulo, também, exorta a Igreja a tomar posse destas
armas: “orando em todo tempo com toda
oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica
por todos os santos” (Ef.6:18).
a) A oração – “Porém nós oramos ao nosso Deus...”. Neemias era um homem
prático, um administrador por excelência. Ele tinha a capacidade de fazer as
perguntas certas, de contatar as pessoas certas, de mobilizar essas pessoas,
levantar seu ânimo e desafiá-las para uma grande obra. Mas, Neemias sabia que o
sucesso da obra de Deus dependia também e, sobretudo, de oração. Esse grande
líder sabia que fé (oração) e obra (puseram guarda) andam juntas. A oração
não é um substituto da ação. Não podemos enfrentar os inimigos sem o socorro de
Deus, sem a ajuda do céu.
b) Vigilânca – “...pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa
deles”. Neemias era um sujeito prático. Ele não era uma dessas pessoas de
quem algumas vezes dizemos que são tão religiosas que não têm qualquer
utilidade terrena. Ele mantinha os seus pés no chão. Ele sabia como organizar e
atuar. Mas ele decidiu que, enquanto orava e trabalhava, deveria haver uma
sentinela que vigiasse dia e noite, e que cada seção do muro deveria ser
guardada pela vigília de um homem atento ao inesperado ataque do inimigo.
Portanto, não basta orar, é preciso vigiar. É preciso manter os olhos abertos.
É preciso existir estreita conexão entre o céu e a terra, confiança e boa
organização, fé e obras. É preciso estar atento aos ardis, laços e ciladas do
inimigo. Muitos caem porque deixam de vigiar.
3. Precisamos ter uma liderança firme e exemplar (Ne.4:14)
Neemias não
abandonou o povo na hora da pressão. Ele inspecionou a obra. Ele tomou a
frente. Ele desafiou os líderes. Ele deu exemplo.
A liderança ocupa uma posição de absoluta importância na hora do
combate. Uma liderança fraca, medrosa, vacilante e sem vida não transmite
segurança para o povo na hora da crise. Só líderes fortes e incorruptos podem
conduzir o povo a grandes vitórias.
4. Precisamos colocar os olhos em Deus e não no inimigo (Ne.4:14)
O ponto básico do desafio de Neemias é: "Lembrai-vos do
Senhor". Observe o que Deus já fez. Olhe para a sua fidelidade no passado.
Veja os livramentos que Ele já deu ao Seu povo. Não será diferente agora.
Temos de ter muito cuidado com a festa da vitória. Nunca somos tão
vulneráveis quanto depois de uma grande vitória. A tendência depois de uma
consagradora vitória é ensarilhar as armas. Elias, depois de retumbante vitória
no Monte Carmelo sobre os profetas de Baal, tirou os olhos de Deus e fugiu
amedrontado diante das ameaças insolentes de Jezabel. O segredo da vitória contínua
é mantermos continuamente nossos olhos em Deus em vez de colocá-los nas
circunstâncias ou nas pessoas.
5. Precisamos redirecionar o foco do nosso temor (Ne.4:14)
“...lembrai-vos do Senhor, grande e temível”.
Em vez de temer o inimigo, devemos nos voltar para o nosso Senhor,
grande e temível. Quem teme a Deus, não teme aos homens. Quando colocamos os
nossos olhos em Deus, Ele frustra os desígnios do nosso inimigo. Muitos líderes
naufragam porque em vez de temer a Deus, temem os homens; em vez de agradar a
Deus, tentam agradar os homens; em vez de servir a Deus, tentam bajular os
homens.
CONCLUSÃO
Em cada época existem aqueles que odeiam o povo de Deus e tentam
impedir a realização dos seus propósitos. Mas, Deus é mais forte do que todos
os seus adversários. Se confiarmos nele, teremos bom êxito no trabalho. Neemias
sabia que o Senhor o havia enviado para Jerusalém, e que pelejava por eles.
Esta certeza, acompanhada do compromisso com a oração foram importantes para
que o servo do Senhor alcançasse êxito na sua missão.
“Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo
vos odeia”(1João 3:13).
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Hernandes Dias Lopes. Neemias – O líder que
restaurou uma nação.
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.