4°
Trimestre/2022
Texto
Base: Ezequiel 14:12-21
”Com o
puro te mostrarás puro e com o perverso te mostrarás indomável” (Sl.18:26).
Ezequiel
14:
12.Veio ainda a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
13.Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, gravemente
se rebelando, então, estenderei a mão contra ela, e tornarei instável o
sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e arrancarei dela homens e
animais;
14.ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé,
Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, livrariam apenas a sua alma, diz o Senhor
JEOVÁ.
15.Se eu fizer passar pela terra nocivas alimárias, e elas a
assolarem, que fique assolada, e ninguém possa passar por ela por causa das
feras;
16.ainda que esses três homens estivessem no meio dela, vivo eu,
diz o Senhor JEOVÁ, que nem a filhos nem a filhas livrariam; só eles ficariam
livres, e a terra seria assolada.
17.- Ou, se eu trouxer a espada sobre a tal terra, e disser:
Espada, passa pela terra: e eu arrancar dela homens e animais;
18.ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o
Senhor JEOVÁ, que nem filhos nem filhas livrariam, mas eles só ficariam livres.
19.Ou se eu enviar a peste sobre a tal terra e derramar o meu
furor sobre ela com sangue, para arrancar dela homens e animais;
20.ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu,
diz o Senhor JEOVÁ, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam a
sua própria alma pela sua justiça.
21.Porque assim diz o Senhor JEOVÁ: Quanto mais, se eu enviar os
meus quatro maus juízos, a espada, e a fome, e as nocivas alimárias, e a peste,
contra Jerusalém para arrancar dela homens e animais?
INTRODUÇÃO
Dando
prosseguimento ao estudo do livro de Ezequiel, trataremos nesta Aula da Justiça
e Deus. O objetivo é explicar a retribuição divina ao pecado da nação de Judá.
Está escrito que Justiça e Juízo são a
base do trono de Deus (Salmos 97:2). De acordo com Esequias Soares, a
“palavra ‘justiça’ significa ‘correto, retidão’, e, no que refere à Justiça de
Deus, tanto em teologia como nas Escrituras, é um atributo divino definido em
conformidade com a Sua Lei moral e espiritual, em harmonia com a santidade da
natureza de Deus”.
Uma das definições de justiça diz que ela “consiste em dar a cada um, em
conformidade com o Direito, o que por direito lhe pertence”. Mas, mesmo quando
assim acontece, é possível não se ter feito a verdadeira justiça, pois quando Parlamentares aprovam nossas leis
movidos por interesses próprios e por outras vergonhosas mordomias, sem sequer
ler, ou conhecer o que estão votando, não se poderá fazer justiça com a
aplicação de leis que não são filhas do direito, mas dos interesses do Governo.
Não obstante, a Justiça que estudaremos nesta Aula não se refere à justiça dos
homens, mas à justiça de Deus. Sempre
que a Santidade de Deus é ofendida, a Sua Justiça está pronta para reparar o
dano sofrido. Entretanto, o Senhor Deus, conquanto ofendido em Sua Santidade pelo pecado,
embora não podendo suportá-lo e desejando castigá-lo, persiste em amar o homem
que ele criou, não desejando seu castigo, sua ruína, sua morte. O desejo de
Deus é o de perdoar e salvar. Assim, porque o Amor reprime a Justiça, não somos
destruídos, conforme declarou o Profeta Jeremias – “As misericórdias do Senhor são
a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim”
(Lam.3:22). “Misericórdias” são uma manifestação do amor de Deus. Se assim é,
então, se não fora o Amor de Deus nenhum pecador sobreviveria, pois, conforme
afirmou o apóstolo João, “se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós
mesmos, e não há verdade em nós” (1João 1:8).
I. SOBRE A IDENTIFICAÇÃO DO JUÍZO DIVINO
1. O
discurso profético
O discurso profético de Ezequiel teve um caráter punitivo aos
falsos profetas, ao povo de Judá e aos seus líderes - os anciãos -, que
pertinaz mantinham-se nos pecados da idolatria. Depois da repreensão aos falsos
profetas, o discurso foi dirigido aos “anciãos de Israel” (Ez.14:1-3). O livro
de Ezequiel registra que pelo menos três vezes uma comitiva de “anciãos de
Israel” (Ez.14:1; 20:1), identificados também como “anciãos de Judá” (Ez.8:1),
foi consultar o profeta Ezequiel. Foi justamente quando eles estavam sentados
diante de Ezequiel que vieram da parte de Deus os discursos registrados nos
referidos capítulos. A Palavra do Senhor veio a Ezequiel como de repente,
palavra esta que foi direcionado aos seus destinatários, os líderes. Tudo
indica que o discurso da primeira parte do capítulo 14 (Ez.14:1-11) seja uma
repreensão aos anciãos de Judá (Ez.14:3).
Deus é amor (1João 4:8). Além de ser amor, Deus é longânimo, espera
até o último estágio da oportunidade de arrependimento. Com relação ao povo e
Judá, Deus ofereceu o perdão, se o povo arrependesse dos seus vis pecados, mas
isto não ocorreu; a mente do povo estava cauterizada pelo pecado, causando a
apostasia fatal. O perdão divino vem com o arrependimento como aconteceu com a
cidade de Nínive (Jn.3:10), mas o tempo dessa oportunidade já havia expirado
para o povo de Judá. Como bem afirma o pr. Esequias Soares, a vontade de Javé é
abençoar o seu povo e restaurar sua herança, mas como ajudar quem não se ajuda?
Por isso o castigo seria inevitável, tratava-se de uma questão de justiça e
santidade.
2. A
primeira parte do oráculo (Ez.14:13)
“Filho do
homem, quando uma terra pecar contra mim, cometendo graves
transgressões, estenderei a mão contra ela, e tornarei instável o sustento do
pão, e enviarei contra ela fome, e eliminarei dela homens e animais”
(Ez.14:13).
Segundo Esequias Soares, o discurso profético nos versículos 13-20
tem sua abrangência estendida para outros povos, locais e épocas, e não se
restringe a Israel como nos versículos 21-23 do capitulo 14. A expressão
“quando uma terra pecar contra mim” se refere a uma terra hipotética, e isso se
estende até o versículo 20. Ezequiel, com sua experiência de sacerdote, parece
ter usado a mesma estrutura hipotética da lei sacerdotal: “quando uma pessoa
pecar, e transgredir contra o Senhor” (Lv.6:2), em referência a qualquer
pessoa. Deus é soberano de todo o universo, pois Ele é o Criador, aquele que
com seu grande poder criou todas as coisas que há nos céus e na terra. As
nações lhe pertencem, e ele tem o direito de julgá-las. Ele tem o direito de
dominar sobre todos os povos da terra.
Veja os primeiros elementos da Justiça divina usados nos
julgamentos de Deus: “estenderei a mão contra ela, e tornarei instável o
sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e eliminarei dela homens e
animais”. Deus retira a sua bênção - a terra deixa de ser abençoada e, a
partir daí, vem a inflação desordenada e implacável, a fome e a mortandade, o
extermínio dos seus moradores e até dos animais; uma situação parecida com a
que foi vaticinado em Mateus 24:7 e Apocalipse 6:8 - uma grande crise econômica
nacional, que chamamos hoje de recessão econômica; Deus torna ”instável o
sustento do pão” (Ez.14:13; 4:16; 5:16).
Estas e outras formas são as que Deus usa para castigar e/ou
corrigir um desobediente contumaz, que se recusa ouvir e aceitar Sua Palavra. É
válido salientar que a pior época da terra ainda virá, quando os juízos de Deus
forem aplicados sobre a humanidade no período da Grande Tribulação, o período
mais terrível que ocorrerá na Terra, período em que Deus tratará com a
humanidade que rejeitou Seu Filho como único Senhor e Salvador; é o período do
“grande dia da Sua ira” (cf. Ap.6:17a). Quer saber mais sobre isto? Então,
acesse http://luloure.blogspot.com/2016/02/aula-08-grande-tribulacao.html.
3.
Descrição dos agentes do juízo divino (Ez.14:17,21)
“Ou, se eu
trouxer a espada sobre a tal terra, e disser: Espada, passa pela terra: e eu
arrancar dela homens e animais; Porque assim diz o Senhor JEOVÁ: Quanto mais,
se eu enviar os meus quatro maus juízos, a espada, e a fome, e as nocivas
alimárias, e a peste, contra Jerusalém para arrancar dela homens e animais?”.
Conforme estes textos, a descrição dos agentes hipotéticos do
juízo divino que poderão ser direcionados a qualquer nação da Terra, são: “a
espada, a fome, e a peste”. Segundo Esequias Soares, “espada, é a linguagem
figurada que designa guerra, e que resulta em fome e peste (Ez.6:3,12; 7:15); a
fome, é uma referência à escassez de alimento provocada pela destruição da
produção agropecuária ou pela crise financeira; a peste, é resultado da
epidemia causada pelas mortes nos campos de batalha” (Ez.14:13). Existem
inúmeras formas de Deus castigar um desobediente contumaz, que se recusa ouvir e
aceitar a Palavra de Deus.
Depois do anúncio dos pronunciamentos hipotéticos, Deus reitera os
mesmos julgamentos contra Jerusalém. Ora, se Deus julga qualquer nação com
severidade, quanto mais Jerusalém, onde estava seu Templo. Diz o texto sagrado:
”Pois assim diz o Soberano Senhor: Quanto pior será quando eu enviar contra
Jerusalém os meus quatro terríveis juízos: a espada, a fome, os animais
selvagens e a peste, para com eles exterminar os seus homens e os seus animais!
Contudo, haverá alguns sobreviventes - filhos e filhas que serão retirados
dela. “Eles virão a vocês, e, quando vocês virem a conduta e as ações deles,
vocês se sentirão consolados com relação à desgraça que eu trouxe sobre
Jerusalém. Vocês se sentirão consolados quando virem a conduta e as ações
deles, pois saberão que não agi sem motivo em tudo quanto fiz ali, palavra do
Soberano Senhor" (Ez.14:21-23 - NVI).
Estes castigos sobre o povo eram resultado da indignação divina em
relação à maldade da nação, à apostasia generalizada e à idolatria que envolvia
a prática de culto a outros deuses. Os quatro piores castigos estão à altura da
gravidade do pecado. A purificação haveria de vir, mas, primeiro, viria a
justiça divina para eliminar dela pessoas e animais. Até então, Deus ainda não
tinha revelado qual era o alvo de sua ira. A profecia diz que alguns sobreviveriam
para dar testemunho de que o castigo enviado pelo Senhor foi justificado
(Ez.14:22). Estes remanescentes são os que Nabucodonosor deixou em Judá depois
da destruição da cidade (2Rs.25:22); outros, porém, foram levados à Babilônia,
e sobre estes diz a palavra profética: “Eles virão a vocês, e, quando vocês
virem a conduta e as ações deles, vocês se sentirão consolados com relação à
desgraça que eu trouxe sobre Jerusalém. Vocês se sentirão consolados quando
virem a conduta e as ações deles, pois saberão que não agi sem motivo em tudo
quanto fiz ali, palavra do Soberano Senhor" (Ez.14:22,23). O livramento
desses poucos sobreviventes é uma prova da justiça divina, mas eles precisavam
ir ao cativeiro. A culpa de Judá era grande demais para ser perdoada, mesmo que
houvesse a interseção de Noé, Daniel e Jó (Ez.14:20). O que dizer, então, da
nossa sociedade atual com seus crimes, sua violência, imoralidade, idolatria,
suas drogas e seu degradante humanismo secular?
II. SOBRE A PETIÇÃO QUE DEUS NÃO ATENDE
“Encontramos em Jeremias e Ezequiel duas situações hipotéticas de
orações intercessórias de justos que Deus não atende: o exemplo de Moisés e
Samuel; o de Noé, Daniel e Jó” (LBM.CPAD).
1.
Exemplos de intercessão pelo pecador
As Escrituras Sagradas mostram que, em determinadas situações, a intercessão
do justo foi aceita por Deus em favor de outras pessoas como, por exemplo: Noé
pela sua família; Abraão por Abimeleque; Jó pelos seus amigos; Moisés e Samuel
pelo povo de Israel e pela sua família, nos casos dos pecados de rebeliões
(Êx.32:11,14; Nm.14:19,20; 1Sm.7:5,6,9; 12:19-25; Sl.99:6-8). A despeito dos
seus pecados de idolatria e imoralidade, Deus perdoou o povo de Israel várias
vezes em atenção à oração intercessória destes dois grandes homens de Deus.
Veja, por exemplo, o abominável culto ao bezerro de ouro, no
Sinai. Esta abominação era um insulto a Deus, uma clara rebelião contra o Deus
Todo-Poderoso que há pouco tempo os tinha tirado da escravidão do Egito. Deus
queria exterminá-los por completo (Ex.32:10), mas a intercessão de Moises em
favor deles arrefeceu o juízo fulminante de Deus sobre eles (Ex.32:11-14); eles
foram perdoados por Deus e o Concerto renovado (Êx.34:10). Também, Deus atendeu
a oração intercessória de Abraão, feita em favor das cidades de Sodoma e
Gomorra, aceitando não as destruir, caso houvesse pelo menos 10 justos em
Sodoma (Gn.18:32). E nós, movidos por essas experiências, continuamos
intercedendo pela salvação dos pecadores e pela obra de Deus, e uns pelos
outros (Ef.6:18,19; Tg.5:16)?
2. Um
castigo inevitável
A persistência no pecado do povo de Judá e sua indiferença à
mensagem dos profetas do Senhor, desaguou numa situação inapelável
(2Cr.36:15,16). O juízo de Deus seria inevitável, a ponto de Ele mesmo afirmar
ao profeta Ezequiel que nem mesmo os justos como Noé, Daniel e Jó, com toda a
justiça e piedade deles, podiam fazer alguma coisa pelo povo (Ez.14:20) –
“ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor
JEOVÁ, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam a sua própria
alma pela sua justiça”. Este oráculo está entre os mais severos da história de
Israel.
A situação pecaminosa do povo de Judá era tão impactante que o
Senhor chegou a dizer a Jeremias que perdoaria Jerusalém se ele encontrasse um
só homem que praticasse a justiça (Jr.5:1). Uma vez que não havia nenhum justo
sequer entre os judeus daquela época, a busca de Jeremias foi debalde. Por
isso, o juízo divino sobre o povo seria inevitável. Como o Senhor perdoaria um
povo que havia feito aliança com Ele, mas agora jurava por falsos deuses e se
entregava à idolatria e à imoralidade?
Deus ficou irado diante da falta de entendimento e da insensatez
do povo (Jr.5:20-31). O texto diz que o mar lhe obedece, mas o seu povo se
rebelava; não demonstrava nenhum desejo de temer àquele que dá a seu tempo a
chuva, nem mesmo quando Ele a retém. Como poderia deixar de castigar uma nação tão
rebelde e contumaz? Uma vez que todos as fontes de retidão moral estavam
contaminadas, era evidente que Deus não faria outra coisa senão enviar juízo; juízo
este que seria certo e indeclinável, violento qual ataque de um leão, de um
lobo do deserto e de um leopardo (Jr.5:6). O profeta Jeremias chegou a
interceder pelo povo (Jr.14:21), mas Deus endureceu Sua resposta ao profeta,
afirmando que nem mesmo Moisés e Samuel seriam atendidos se orassem em favor de
Judá (Jr.15:1). O juízo divino, portanto, estava decretado e irrevogável.
3. Quando
Deus não atende a oração intercessória de um justo
Vimos que, em determinadas situações, Deus não atendeu a oração
intercessória de seus servos. Em que situação ocorreu, ocorre e ocorrerá isto?
Responde o pr. Esequias Soares: “quando o pecado ultrapassa todos os limites”;
ou seja, quando o pecado é para morte. Na linguagem do apóstolo João, o “pecado
para morte” (1João 5:16) é a apostasia fatal, tanto individual quanto coletiva,
aquela que o indivíduo se aparta da fé e renuncia o seu Deus (Hb.10:28,29) de
forma deliberada e consciente.
A Bíblia ensina que a “oração feita por um justo pode muito em
seus efeitos” (Tg.5:16), mas quando a linha vermelha do pecado é ultrapassada,
Deus poderá não atender a oração intercessória, que foi o que ocorreu ao povo
de Judá à época de Jeremias e Ezequiel que, conforme está escrito, nem mesmo os
homens mais ilustres em sua justiça – Moisés, Samuel, Noé, Daniel e Jó -,
seriam atendidos por Deus.
A situação espiritual do povo estava tão putrefata que Deus disse
a Jeremias: “Jeremias, não ore por este povo. Não peça, nem implore em favor
deles; não insista comigo, porque eu não atenderei. Será que você não vê o que
eles andam fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? As crianças
apanham lenha, os homens acendem o fogo, e as mulheres assam bolos para
oferecer à deusa que é chamada de ‘Rainha do Céu’. Também derramam bebidas como
oferta a outros deuses e fazem isso para me irritar e ferir. Mas será que é a
mim que eles estão ferindo? Eu afirmo que não! Eles estão ferindo a si mesmos e
vão passar vergonha. Assim eu, o SENHOR Deus, derramarei a minha ira e o meu
furor sobre este lugar. Descarregarei o meu furor sobre as pessoas e os animais
e até sobre as árvores e as plantações. E a minha ira será como um fogo que
ninguém pode apagar” (Jr.7:16-20). Portanto, o pecado do povo era para
morte; logo, nenhuma intercessão, mesmo de um justo, não seria atendida; não
haveria nenhum perdão.
III. SOBRE A INTERCESSÃO DE NOÉ, DANIEL E JÓ
Estava chegando o tempo em que nem com a intercessão de Noé,
Daniel e Jó o povo seria poupado. Assim, “Ezequiel refuta o imaginário popular
de que Deus é obrigado a tolerar o pecado do povo por causa dos justos da
cidade” (LBM.CPAD).
1. Por que
o povo rejeitou os profetas?
Os profetas foram rejeitados pelo povo de Judá porque eles
transmitiam a menagem que o povo precisava ouvir, e não o que o povo queria
ouvir; e a mensagem que o povo ouviu foi de juízo divino sobre Jerusalém e o
Templo, mensagem de destruição e um cativeiro de longo prazo. Os falsos
profetas, porém, pregavam o oposto disto; pregavam que se houvesse justos em
Judá, e acreditavam que existiam muitos, e com base no texto de Gn.18:32, o
juízo divino anunciado pelos profetas não seria cumprido. Por isso, rejeitavam
a mensagem profética de Ezequiel e Jeremias. Mas, segundo a mensagem de Ezequiel,
Deus não é obrigado a tolerar o pecado do povo por causa dos justos da cidade.
Contudo, o próprio Deus se dispôs poupar a cidade e o Templo se
houvesse um só justo em Jerusalém, porém não existia um justo sequer, todos
estavam afastados de Deus, todos praticavam idolatria e imoralidade - “Deem uma
volta pelas ruas de Jerusalém, olhem, investiguem, procurem nas suas praças
para ver se acham alguém, se há uma pessoa que pratique a justiça ou busque a
verdade. Se acharem, eu perdoarei a cidade” (Jr.5:1). Aqui, Deus fez uma
declaração semelhante a que foi feita antes da destruição e Sodoma e Gomorra
(Gn.18:22). Religiosidade pífia, superficial, não demonstra vida piedosa para com
Deus (Jr.5:2). Ele abomina pessoas religiosas que não têm compromisso com a santidade
que Deus requer do seu povo. Isto nos traz uma lição importante: o bom
testemunho é essencial na cidade, no bairro, na comunidade, no condomínio onde
moramos. Podemos ser testemunhas e bênçãos de Deus para muitas pessoas. Que
assim seja!
2. ”Noé, Daniel
e Jó” (Ez.14:14,20)
Disse Deus, através do profeta Ezequiel: “tão certo como eu vivo,
diz o Senhor Deus, ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, não
salvariam nem a seu filho nem a sua filha; pela sua justiça salvariam apenas a
sua própria vida” (Ez.14:20). ”Noé, Daniel e Jó foram grandes homens na
história de Israel, renomados por seu relacionamento com Deus e por sua
sabedoria (ver Gn.6.8,9; Dn.2.47,48; Jó 1.1). Daniel foi levado cativo durante
a primeira invasão da Babilônia contra Judá em 605 a.C.; oito anos antes,
Ezequiel havia sido exilado. Na época em que Ezequiel pregou essa mensagem,
Daniel ocupava uma elevada posição no governo da Babilônia. Mas mesmo estes
grandes homens de Deus não poderiam ter salvado o povo de Judá, porque Deus já
havia julgado a nação devido à impiedade geral” (Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal).
Portanto, ainda que houvesse três homens justos como estes, Deus
não daria ouvidos aos clamores do povo, mas enviaria fome, feras, espada e
peste sobre a terra de Judá (Ez.14:20,21). Por que? Porque o pecado do povo era
para morte.
3. O
profeta Daniel
Quando Ezequiel atuava entre os exilados, Daniel vivia na corte de
Nabucodonosor e, no entanto, é mencionado junto com os homens justos de épocas
anteriores. Alguns questionam a identidade do Daniel apresentado no trio de
justos mencionado por Ezequiel (Ez.14:20). Alguns teólogos liberais argumentam
que o Daniel referido por Ezequiel não é o profeta do livro de Daniel, por
causa da grafia do nome “Daniel” empregada por Ezequiel, que difere da
empregada no livro de Daniel. Outros argumentam que Daniel era muito jovem para
ser contado entre os outros dois patriarcas mencionados. Mas, como afirma o pr.
Esequias Soares, “muitos expositores do Antigo Testamento consideram tais
argumentos insuficientes, pois não se deve dar importância demais à ortografia,
pois soletrações variantes nunca foram novidades na antiguidade bíblica. Além
disso, Daniel era contemporâneo de Ezequiel na Babilônia, e era ministro na
corte de Nabucodonosor (Dn.2:48,49)”. Indubitavelmente, o Daniel
mencionado por Ezequiel trata do mesmo Daniel do livro que leva o seu nome. Ainda
muito jovem foi levado para a Babilônia, uma terra eivada de idolatria. Foi
levado para esse panteão de divindades pagãs, para a capital mundial da
astrologia e da feitiçaria, para o meio de uma cultura sem Deus e sem absolutos
morais, porém, Daniel não se corrompeu.
Daniel foi levado como escravo à Babilônia, uma terra que não
conhecia Deus, onde não havia a Palavra de Deus, nem o temor de Deus, onde o
pecado campeava solto. Mas, mesmo na cidade das liberdades sem fronteiras, do
pecado atraente e fácil, Daniel manteve-se íntegro, fiel e puro diante de Deus
e dos homens. Sua vida é um farol a ensinar-nos o caminho certo no meio da escuridão
do relativismo. Seu testemunho rompeu a barreira do tempo e ainda encoraja
homens e mulheres em todo o mundo a viver com integridade no meio de uma
sociedade corrupta e decaída moral e espiritualmente.
O profeta Ezequiel foi marcado por uma profunda impressão de
Daniel, citando-o no seu livro como um homem de sabedoria e de justiça,
colocando-o no mesmo nível de Noé e de Jó (Ez.14:14). Não é verdade que
inexistem heróis e heroínas da fé nos dias de hoje, como havia no passado.
Porventura estamos dispostos a sermos um deles?
CONCLUSÃO
Concluímos esta Aula conscientes de que todo pecado constitui uma
agressão à Santidade de Deus, e que toda vez que sua Santidade é agredida, Sua
Justiça exige uma pronta reparação; esta reparação pode ser feita através do
arrependimento, e consequente perdão, ou pela aplicação da Justiça de Deus,
como ocorreu com o povo de Judá à época de Ezequiel e Jeremias. Deus, contudo,
sendo também Amor, no exercício de sua longanimidade procura não executar, de
pronto, sua justiça; no entanto, por razões que, pessoalmente, não sabemos
explicar, muitas vezes o juízo de Deus é imediato; temos, tanto no Antigo como
no Novo Testamento, bem como nos dias atuais, muitos exemplos da aplicação
imediata da Justiça de Deus, na punição daqueles que agrediram, pelo pecado, a
Sua Santidade. Atentemos, pois, ao conselho do sábio: “De tudo o que se tem
ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o
dever de todo homem” (Ec.12:13).
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento).
Ezequias Soares. A justiça divina: preparação do povo de Deus para
os últimos dias no Livro de Ezequiel. CPAD.
J.Kenneth Grider. O Livro de Ezequiel. Comentário Bíblico Beacon.
CPAD.
Pr. Caramuru Afonso Francisco. Salvação e justificação – os
pilares da vida cristã. PortalEBD_2006.