4° Trimestre/2022
Texto Base: Ezequiel 8:5,6,9-12,14,16
”E disse-me: Filho do
homem, vês tu o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de
Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário? Mas verás ainda maiores
abominações” (Ez.8:6).
Ezequiel 8:
5.E disse-me: Filho do homem, levanta, agora, os teus olhos para o
caminho do Norte. E levantei os meus olhos para o caminho do Norte, e eis que
da banda do Norte, à porta do altar, estava esta imagem de ciúmes, à entrada.
6.E disse-me: Filho do homem, vês tu o que eles estão fazendo? As
grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu
santuário? Mas verás ainda maiores abominações.
9.Então, me disse: entra e vê as malignas abominações que eles fazem aqui.
10.E entrei e olhei, e eis que toda forma de répteis, e de animais
abomináveis, e de todos os ídolos da casa de Israel estavam pintados na parede
em todo o redor.
11.E setenta homens dos anciãos da casa de Israel, com Jazanias, filho
de Safã, que se achava no meio deles, estavam em pé diante das pinturas, e cada
um tinha na mão o seu incensário; e subia uma espessa nuvem de incenso.
12.Então, me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de
Israel fazem nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? E eles
dizem: O SENHOR não nos ver, o SENHOR abandonou a terra.
14.E levou-me à entrada da porta da Casa do Senhor, que está da banda do
Norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando por Tamuz.
16.E levou-me para o átrio interior da Casa do SENHOR, e eis que estavam
à entrada do templo do SENHOR, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e
cinco homens, de costas para o templo do SENHOR e com o rosto para o oriente; e
eles adoravam o sol, virados para o oriente.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos das abominações praticadas no Templo na época do
profeta Ezequiel e Jeremias. Abominação é sinônimo de aversão, repulsão,
repugnância, repulsa; é o ato ou efeito de abominar, de sentir horror por
alguma coisa. Ezequiel teve uma visão das iniquidades e abominações chocantes
do povo de Judá em Jerusalém; ele viu a idolatria ser praticada no próprio Templo,
o lugar mais sagrado do povo judeu, onde a presença de Deus estava. Essas
abominações levaram a nação de Israel à ruína moral e espiritual, e o povo de Deus
da Nova Aliança não está isento desse perigo. Portanto, a presenta Aula tem o
propósito de levar os crentes em Jesus à conscientização da ruína moral e
espiritual, causada pela idolatria. É preciso vigilância constante e prudência
para não cairmos nas astutas ciladas de Satanás que, na modernidade, traz uma
idolatria com novas formas e estilos.
I. SOBRE A VISÃO
1. A segunda visão
“Sucedeu, pois, no
sexto ano, no mês sexto, no quinto dia do mês, estando eu assentado na minha
casa, e os anciãos de Judá, assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor
Jeová caiu sobre mim” (Ez.8:1).
A data referida aqui aponta para 592 a.C., catorze meses depois da
primeira visão, em 593 a.C., aquela da carruagem da glória de Deus, que ocorreu
“no quinto ano do cativeiro do rei Joaquim” (Ez.1:2). Enquanto a primeira visão
de Ezequiel (Ez.1-3) mostrava que o julgamento era de Deus, a segunda visão
mostrava que o pecado era a razão desse julgamento. O pr. Esequias Soares destaca
que a segunda visão, diferentemente da primeira, não foi da glória de Deus; o
que Ezequiel viu foram as abominações praticadas no Templo, o que justifica a
razão da ira divina sobre os moradores de Jerusalém (Ez.8:18). Percebe-se que,
nessa data, a cidade e o Templo não haviam ainda sido destruídos.
A segunda visão está registrada em quatro capítulos do livro de Ezequiel
– capítulos 8 a 11. Enquanto os capítulos 4 a 7 são os oráculos de juízo contra
Israel, os capítulos 8 a 11 tratam da partida da glória de Deus de Jerusalém. A
mensagem da segunda visão, exarada nos capítulos 8-11, é especialmente dirigida
a Jerusalém e seus líderes. No capítulo 8, está registrada a visão de Ezequiel
levado da Babilônia até o Templo em Jerusalém, para ver as abominações que ali
estavam sendo praticadas há gerações. O povo e seus líderes religiosos judeus
eram completamente corruptos.
É bom ressaltar que a visão trata de um período passado há muito tempo, 2600
anos, aproximadamente; mas isso não exclui o futurismo, pois anuncia eventos
que estavam para acontecer (Ez.8:18). Muito breve, Deus trará juízo sobre todos
os ímpios que praticam abominações, que insultam a Majestade de Deus com os
seus vis pecados.
2. As visões das
abominações do Templo
Numa visão, Deus levou espiritualmente Ezequiel até Jerusalém para que
ele visse de perto as terríveis abominações praticadas pelo povo e pelos líderes
do Templo (Ez.8:1-3). Em Ezequiel 8:3 é narrado que “Ele estendeu algo em forma
de mão e me pegou pelos cachos dos meus cabelos [...]”. A “forma de uma mão” (Ez.8:3)
parecia tomar o profeta pelo cabelo e transportá-lo a Jerusalém para ver as
abominações do Templo. Todas as abominações ali vistas estão ligadas aos
ídolos, e a afronta maior a Deus é o fato de os rituais serem praticadas no próprio
santuário, na Casa de Deus. Na capital de Judá, o profeta viu alguns exemplos terríveis
da idolatria do povo, como uma imagem idólatra abominável à entrada do Templo,
que provocou o “ciúme” do Senhor. Os anciãos tiveram de testemunhar o juízo que
não ajudaram a evitar. O mesmo acontece com frequência nos dias de hoje.
3. Como entender as
visões de Deus?
Segundo consta no livro do pr. Esequias Soares, Ezequiel estava em sua
casa na Babilônia e com ele estavam os anciões exilados. Provavelmente, foram
até ali para buscar um oráculo. Reunido com os anciãos de Judá, a mão do senhor
Deus caiu sobre Ezequiel (Ez.8:1); foi um evento repentino, como a descrição de
Atos 2:2 - ”de repente veio do céu”. Naquele momento, Ezequiel foi transportado
em espírito da Babilônia para o Templo de Jerusalém. Veja o que está
narrado em Ez.8:3 – “Estendeu ela dali uma semelhança de mão e me tomou pelos
cachos da cabeça; o Espírito me levantou entre a terra e o céu e me levou a
Jerusalém em visões de Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que
olha para o norte, onde estava colocada a imagem dos ciúmes, que provoca o
ciúme de Deus”. Era uma visão em tempo real, mas não foi física, e isso fica
claro porque o profeta diz “me trouxe a Jerusalém em visões de Deus” (Ez.8:3).
Portanto, o profeta não saiu de sua casa corporalmente, mas foi transportado
pelo Espírito até Jerusalém e, depois, levado de volta aos exilados na Babilônia
(Ez.11:24). Foi uma experiência parecida com a que ocorreu com o apóstolo João
em Apocalipse (cf.Ap.1:10). Deus introduz o profeta no interior do Templo e lhe
mostra oficiais da Casa de Deus e mulheres praticando o mais baixo grau de idolatria,
razão pela qual a sua destruição seria inevitável.
II. SOBRE AS ABOMINAÇÕES (PARTE 1)
1. A imagem de ciúmes
(Ez.8:5)
“Ele me disse: Filho
do homem, olhe para o norte. Olhei para lá, e eis que do lado norte, junto ao
portão do altar, na entrada, estava essa imagem dos ciúmes” (Ez.8:5).
Essa imagem era um ídolo que ficava no Templo em Jerusalém provocando “o
ciúme de Deus” (Ez.8:3). Pode ser que o profeta esteja se referindo à imagem de
madeira de Aserá, que estava lá no reinado de Manassés, pouco antes da reforma
do rei Josias. O rei Manassés pôs no Templo de Jerusalém essa imagem (2Rs.21:3,7),
mas que foi destruída pelo rei Josias (2Rs.23:3). Essa imagem havia
sido levada embora, mas pode ter retornado na época de Ezequiel (veja
2Cr.33:7,15). Esse ídolo pagão causava ciúmes a Deus em ver a sua Casa sendo violada
pela presença dele. Isto se explica porque a idolatria provoca ciúme de Deus
pelo seu povo (Ez.5:13; 16:38,42; 36:6; 38:19).
Os povos vizinhos de Israel adoravam ídolos, que são imagens de deuses.
Eles acreditavam que os deuses moravam dentro das imagens e que podiam ser
manipulados com rituais e sacrifícios. Muitos israelitas adotaram os ídolos e
os rituais idólatras desses povos (Juízes 2:11-12). Mas a Bíblia diz que só há
um Deus, que é espírito e não pode ser representado por imagens nem objetos
criados por homens (João 4:24). Deus não mora dentro de estátuas nem pode
ser manipulado. Não existem outros deuses; quem acredita neles acredita em uma
mentira. Portanto, adorar uma imagem é um ato ridículo. Um ídolo é só um objeto
formado por uma pessoa; não pode ver, ouvir nem falar, muito menos ajudar quem
ora para ele. Adorar um ídolo é como adorar um pedaço de lenha – inútil (Isaías
44:16-17).
Em alguns momentos da história de Israel, reis lidaram com a idolatria, derrubando
os ídolos, os prostitutos cultuais e tirando as coisas impuras do Templo. Foi o
caso do rei Asa (1Rs.15:12,13), da reforma religiosa de Ezequias (2Cr.29:15,16)
e do rei Josias; este destruiu a imagem de madeira de Aserá colocada por
Manassés (2Rs.21:3,7;23:6). No entanto, essa postura de obediência a Deus não estava
sendo padrão, como se percebe pela denúncia do profeta Jeremias contra a
idolatria na época do rei Jeoaquim (Jr.11:9-13).
A idolatria, portanto, ofende a Deus; é proibido no segundo mandamento
(Dt.5:8-10). Tudo que toma o lugar de Deus em nossa vida é idolatria. Só
Deus merece ser adorado.
2. O culto aos
animais e aos répteis (Ez.8:10)
“E entrei e olhei, e
eis que toda forma de répteis, e de animais abomináveis, e de todos os ídolos
da casa de Israel estavam pintados na parede em todo o redor”.
Ezequiel também viu pintado, na parede no interior da Casa de Deus, toda
sorte de animais abomináveis e répteis, além dos ídolos do povo (Ez.8:10). Podiam
ser pinturas ou baixo-relevo. Na verdade, o que ele viu foi adoração a essas representações
de animais. A porta por onde o profeta entrou o levou a uma sala onde estavam
criaturas que os israelitas não deveriam comer nem mesmo tocar, conforme registrado
em Levítico 11. Em Levítico 20:25 está o seguinte mandamento: “Fareis, pois,
distinção entre os animais limpos e os imundos e entre as aves imundas e as limpas;
não vos façais abomináveis por causa dos animais, ou das aves, ou de tudo o que
se arrasta sobre a terra, as quais coisas apartei de vós, para tê-las por
imundas” (Lv.20:25). A presença desses ídolos, portanto, era violação direta do
mandamento que proibia a representação de qualquer criatura em forma tangível
(Êx.20:4-6). A desobediência aos mandamentos de Deus pode levar as pessoas à
morte eterna, isto é, à separação eterna de Deus.
3. Os setenta
anciãos (Ez.8:11)
“E setenta homens dos
anciãos da casa de Israel, com Jazanias, filho de Safã, que se achava no meio
deles, estavam em pé diante das pinturas, e cada um tinha na mão o seu
incensário; e subia uma espessa nuvem de incenso”.
Os setenta anciãos de Judá eram uma instituição criada ainda no deserto,
nos dias de Moisés (Ex.24:1; Nm.11:16). Eram chefes dos clãs, e alguns chegaram
a ser conselheiros de reis (2Sm.5:3; 1Rs.12:6; 20:7). Esses homens importantes
de Israel estavam na sala das imagens impuras com incenso, praticando um ritual
secreto, cada um na sua sala de imagens. Os homens participantes dessa
idolatria certamente sabiam o quanto estavam profanando o Templo. Eles estavam
reunidos ali, cada um segurando um “incensário”, adorando imagens abomináveis
pintadas ”na parede em todo o redor”, da parte interior do Templo (Ez.8:10). Esses
ídolos eram adorados “nas trevas” (Ez.8:12), de forma secreta e clandestina. Eles
estavam praticando a zoolatria, adoração a animais. Como bem argumenta o pr.
Esequias Soares, a zoolatria era típica dos egípcios, que viam nos animais mais
que símbolos ou emblemas, eles os consideravam receptáculos das formas do poder
divino.
O texto cita a presença de Jazanias, provavelmente um homem conhecido
naqueles dias e descendente de Safã, que participou na reforma do rei Josias
(2Rs.22:11-14). Isso indica que Jazanias abandonou os caminhos de seu pai para
seguir a idolatria. A visão de Ezequiel, portanto, revela que os líderes de
Israel estavam envolvidos na adoração pagã dentro do Templo. Cada um tinha na
mão o seu incensário, e subia uma nuvem de incenso. O incenso era parte do
ritual do Dia da Expiação, e a nuvem representava a presença de Deus (Lv.16:1-3,13).
No entanto, o incenso também era parte dos cultos pagãos. Assim, a cena dos anciãos
pode representar um sincretismo religioso.
Segundo argumenta Esequias Soares em seu livro, esses anciãos haviam
perdido completamente a fé em Deus de seus pais, pois diziam: “O Senhor não nos
vê, o Senhor abandonou a terra”. Deus mostra a Ezequiel que os anciãos de
Israel estavam vivendo nas trevas e não mais criam que Deus protegeria Jerusalém
dos inimigos. Por isso, estavam entregues às práticas que ofendiam a Deus, procurando
agradar os falsos deuses pagãos dos estrangeiros. O sincretismo é abominação.
Porventura não estamos vendo isso em muitas denominações ditas evangélicas que
se dizem cristãs?
III. SOBRE AS ABOMINAÇÕES (PARTE 2)
1. O ritual de
Tamuz (Ez.8:14)
Ezequiel também viu, no lado norte do templo, mulheres chorando
por Tamuz, o deus sumério-babilônico da fertilidade – “E levou-me à
entrada da porta da Casa do Senhor, que está da banda do Norte, e eis que
estavam ali mulheres assentadas chorando por Tamuz” (Ez.8:14). O fato de estar
sendo feito junto às portas da casa do Senhor dá a entender não só idolatria
aberta e descarada, mas também a atribuição de Tamuz às bênçãos da fertilidade
que só o Senhor era capaz de conceder. Neste sentido, era violação do
mandamento que proíbe o uso do nome do Senhor de maneira vazia, pois o que
deveria ter sido designado a Ele era designado a Tamuz. Segundo o pr. Esequias Soares,
na religião babilônica, Marduque, deus principal dos caldeus, teria se casado
com Semíramis, e desse casamento teria nascido Tamuz, também chamado Adônis
pelos gregos; Osíris pelos egípcios. Nessa estrutura, ele é irmão da deusa
Isthar, a mesma Astarote (1Rs.11:5,33).
Os seguidores de Tamuz acreditavam que a vegetação secava e morria no
verão, porque Tamuz havia morrido e descido ao mundo inferior. Deste modo, os
adoradores choraram e lamentaram sua morte. Na primavera, quando a nova
vegetação aparecia, eles se regozijavam, acreditando que Tamuz ressuscitara. A
crença pagã era que ele ficava seis meses morto no submundo, no período da
seca; e seis meses vivo, no período das chuvas. Assim, era realizado, anualmente,
um ritual de lamento pelas carpideiras, em favor de Tamuz, no segundo dia do
quarto mês, para que ele ressuscitasse e fizesse chover. As carpideiras eram as
pranteadoras profissionais, cuja função era lamentar nos velórios e enterros,
para fazer com que os outros também chorem (Jr.9:17; Os.9:4; Mt.9:23; Mc.5:38;
Lc.8:52). Os hebreus, depois do cativeiro babilônico, deram ao quarto mês do
calendário religioso o nome de Tamuz - junho/julho.
O Senhor mostrou a Ezequiel que muitos do povo judeu não estavam mais
adorando ao verdadeiro Deus da vida e Criador da natureza. Nós também devemos
ter o cuidado de não desperdiçar tanto tempo pensando nos benefícios da
criação, perdendo de vista o Criador.
2. Os adoradores do
sol (Ez.8:16)
“E levou-me para o
átrio interior da Casa do SENHOR, e eis que estavam à entrada do templo do
SENHOR, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas
para o templo do SENHOR e com o rosto para o oriente; e eles adoravam o sol,
virados para o oriente”.
Deus, também, mostrou a Ezequiel o quarto exemplo de idolatria no átrio
de dentro do Templo, onde cerca de vinte e cinco homens, representando os
sacerdotes, adoravam o sol e seguiam as práticas lascivas desse culto. Esses
homens, de costas para o Templo e virados para o Oriente, adoravam o sol. Isto
era uma tremenda afronta ao Deus verdadeiro de Israel. Dantes, Moises já havia
alertado o povo a respeito dessa idolatria (cf.Dt.4:19) – “Guarda-te não
levantes os olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber,
todo o exército dos céus, sejas seduzido a inclinar-te perante eles e dês culto
àqueles, coisas que o Senhor, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de
todos os céus”. O sol era cultuado tanto na Babilônia como no Egito, e os
sacerdotes do Templo, desviados do Deus verdadeiro, estavam também prestando
culto a esse falso deus.
Então, Deus disse a Ezequiel: “Vês, filho do homem? Acaso, é coisa de
pouca monta para a casa de Judá o fazerem eles as abominações que fazem aqui,
para que ainda encham de violência a terra e tornem a irritar-me? Ei-los a
chegar o ramo ao seu nariz” (Ez.8:17). Segundo William Macdonald, a referência
ao “ramo”, aqui, é enigmática. “Chegar o ramo ao seu nariz” pode indicar escárnio
ou desprezo em relação a Deus. O ramo talvez fosse, ainda, um símbolo fálico
obsceno. Como bem argumenta o pr. Esequias Soares, “todo esse ritual às falsas
divindades revela a apostasia generalizada, todo o sistema estava corrompido,
não havia outro remédio a não ser a destruição do Templo e da Cidade”. Disse
Deus a Ezequiel: “Pelo que também eu os tratarei com furor; os meus olhos não
pouparão, nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos em alta voz, nem
assim os ouvirei” (Ez.8:18).
Isto ocorreu à época de Ezequiel, mas, atualmente, não é raro líderes
religiosos que se dizem cristãos aparecerem nas manchetes por causa de comportamento
ímpios e de heresias absurdas. Deus vê tudo isso e dará a última palavra.
3. Os anciãos na
casa do profeta
“No sexto ano, no
sexto mês, aos cinco dias do mês, estando eu sentado em minha casa, e os
anciãos de Judá, assentados diante de mim....” (Ez.8:1).
Esses anciões referidos em Ez.8:1, que estavam na casa do profeta, eram líderes
na comunidade do exílio na Babilônia. Eles frequentemente iam à casa de Ezequiel
em busca de algum oráculo (resposta divina) através do profeta acerca de alguma
consulta com relação ao futuro de Israel; as passagens de Ezequiel 14:1- 3 e 20:1
ratificam essa hipótese. Talvez eles estivessem simplesmente curiosos ou, mais
provavelmente, desejassem dar a impressão de estarem desejosos em ouvir a mensagem
de Deus. Mas se percebe, pelo texto de Ez.14:3, que eles eram idólatras. Deus
disse a Ezequiel: “estes homens levantaram os seus ídolos no seu coração”. A
Palavra do Senhor para eles era: “convertei-vos, e deixai os vossos ídolos, e
[...] todas as vossas abominações” (Ez.14:6).
Naquela época muitos falsos profetas se apresentavam dando notícias
duvidosas, principalmente com relação ao exílio; esses falsos profetas atrapalhavam
a vida espiritual dos exilados assim como em Jerusalém (Jr.29:20-22). Porventura,
hoje, não estamos vendo homens se dizendo profetas de Deus, profetizando falsas
promessas? Satanás para difundir as suas sutilezas ele usa até mesmo aqueles
que são parecidos com crente, mas não é de fato. Peçamos a Deus discernimento
para que não sermos iludidos com esses falsos profetas nestes últimos da Igreja.
CONCLUSÃO
Aprendemos nestas Aula que o Deus santo não tolera a idolatria. No
Antigo Testamento, todos os profetas exortaram os israelitas a que se
abstivessem deste terrível pecado, que trouxe ruína moral e espiritual ao povo
de Israel. O que dizer das advertências de Isaías, dos clamores de Oséias, dos desafios
de Amós? E o quanto não sofreu Jeremias a fim de reconduzir o seu povo ao Deus único
e verdadeiro? Foi em consequência da idolatria que Israel e Judá foram expulsos
de suas possessões e experimentaram o amargo cativeiro.
Se a idolatria era combatida com rigor no Antigo Testamento, não será
diferente no Novo. No Concílio de Jerusalém, os apóstolos e anciãos, inspirados
pelo Espírito Santo, recomendaram aos fiéis: “Que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação;
destas coisas fareis bem se vos guardardes” (Aros 15:29). Em suas diversas
epístolas, os apóstolos condenaram duramente o envolvimento dos cristãos com a
idolatria (1Co.10:14; 1Pd.4:3).
Hoje, talvez não mais encontremos por aí o horrendo Moloque nem Marduque
nem Tamuz nem Astarote nem a infame Diana dos efésios, mas a moderna idolatria,
além de seu aspecto tradicional e grosseiro (a adoração de imagens de
escultura) vem, de forma sorrateira, furtiva e até subliminar, minando a
resistência do povo de Deus. Muitos são os crentes que se vem deixando
contaminar pelos promotores desse perverso e ímpio sistema idolátrico que, nos
meios de comunicação, recebe os mais insinuantes títulos: humanismo, nova era,
filosofia holística e univérsica, regressão psicológica, prosperidade,
pensamento positivo, liberação sexual etc. Os agentes da impiedade não poupam
esforços; sabem como insuflar suas doutrinas até entre os crentes. Estejamos
alerta! Não podemos traficar com a glória divina, nem trocá-la pelos ídolos abomináveis,
sejam quais forem as formas com que estes se apresentem. O Senhor não negocia a
Sua majestade.
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia
de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William
Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário
Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Ezequias
Soares. A justiça divina: preparação do povo de Deus para os últimos dias no Livro
de Ezequiel. CPAD.
Severino
Pedro da Silva. Daniel – As visões para estes últimos dias. CPAD.
J.Kenneth Grider. O Livro de Ezequiel. Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
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