domingo, 29 de outubro de 2023

ORANDO, CONTRIBUINDO E FAZENDO MISSÕES

          4° Trimestre de 2023

Subsídio para a Lição 06

Texto Base: Efésios 6:18-20

“Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim” (Is.6:8).

Efésios 6:

18.orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos

19.e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho,

20.pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.

INTRODUÇÃO

“Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc.16:15; cf. Mt.28:19). Esta é a Missão máxima da Igreja, a qual deve ser cumprida em tempo e fora de tempo (2Tm.4:2), em quaisquer circunstancias, a judeus e a gentios em todo o mundo. Esta Missão está fundamentada em três pilares essenciais: orar, contribuir e ir.

-A oração é vista como uma ferramenta poderosa e essencial na evangelização mundial. Ao orar, os comissionados invocam a orientação divina, buscando discernimento sobre como melhor divulgar a mensagem do Evangelho. Orar também envolve interceder pelos missionários e pelas comunidades a serem alcançadas.

-Contribuir financeiramente é uma maneira prática e vital de apoiar a evangelização global. As contribuições financiam ações missionárias, projetos de ajuda humanitária, construção de igrejas, programas de educação e saúde, entre outros.

-O chamado para Ir é uma convocação para toda a Igreja se envolver ativamente no trabalho missionário. A ordem do Senhor é que devemos ir por todo o mundo: ir ao encontro dos pecadores e levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória de Cristo (2Co.4:4). Portanto, é tarefa da Igreja ir ao encontro de judeus e de gentios para lhes anunciar as boas-novas da salvação, mesmo que aquela pessoa seja, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, a pior pessoa que exista sobre a face da Terra.

Essas três ações combinadas refletem um compromisso profundo da Igreja em cumprir a Grande Comissão de Cristo, que é levar o Evangelho a todas as nações e fazer discípulos. Cada ação desempenha um papel crucial para alcançar esse objetivo e expandir o Evangelho de Salvação a todos as pessoas até os confins da terra.

I. ORANDO PELA CAUSA DE MISSÕES

1. A importância da oração na obra missionária

À luz da Bíblia Sagrada, a oração é considerada um alicerce vital para o sucesso e a eficácia da missão de espalhar o Evangelho a todo o mundo. É uma atitude fundamental e interligada à obra missionária.

A relação estreita entre oração e missões é uma característica central do ensinamento de Paulo sobre o ministério cristão. Embora considerado um “gigante na fé”, ele não dispensava as orações das igrejas, e deixa isso claro em Efésios 6:18-20 (NVI):

“Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos. Orem também por mim, para que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de que, destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador preso em correntes. Orem para que, falando dele, eu o manifeste como devo fazê-lo".

Esses versículos mostram como a oração é uma arma espiritual poderosa na vida do crente e no contexto da missão evangelística. Através da oração, os missionários são fortalecidos, capacitados e direcionados para proclamar o evangelho com ousadia e clareza. Paulo pede orações específicas para sua própria missão como embaixador do evangelho. Ele busca coragem e sabedoria para comunicar o mistério do evangelho de maneira destemida e apropriada.

Veja que Paulo exorta os crentes a orar constantemente, em todas as situações, inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo. Isso indica a necessidade de uma vida de oração contínua e profunda para estar em sintonia com Deus na missão. A perseverança na oração é destacada como um elemento crucial. A obra missionária muitas vezes enfrenta desafios, obstáculos e oposição. A oração constante é uma fonte de força e persistência para os missionários.

2. Interceder

Pode-se definir a Intercessão como a oração contrita e reverente, com fé e perseverança, mediante a qual o crente suplica a Deus em favor de outra pessoa ou pessoas que extremamente necessitem da intervenção divina. A oração de Daniel no capitulo 9 é uma oração intercessória, pois ele ora contritamente em favor da restauração de Jerusalém e de todo o povo de Israel (Dn.9:3-19).

O apóstolo Paulo merece menção especial, quanto à intercessão. Em muitas das suas Epístolas, ele discorre a respeito das suas próprias orações em favor de várias igrejas e indivíduos (veja Rm.1:9,10; 2Co.13:7; Fp.1:4-11; Cl.1:3,9-12; 1Ts.1:2,3; 2Ts.1:11,12; 2Tm.1:3; Fm.vv.4-6). Vez por outra ele fala de suas orações intercessórias (exemplos: Ef.1:16-18; 3:14-19; 1Ts.3:11-13). Ao mesmo tempo, também pede as orações das igrejas por ele, pois sabe que somente através dessas orações é que o seu ministério terá plena eficácia (Rm.15:30-32; 2Co.1:11; Ef.6:18-20; Fp.1:19; Cl.4:3,4; 1Ts.5:25; 2Ts.3:1,2).

Os crentes não são chamados a viver isoladamente, mas a apoiar uns aos outros através da oração, especialmente quando se trata da propagação do evangelho. A intercessão mútua ajuda a fortalecer e capacitar aqueles que estão envolvidos na obra missionária, permitindo que proclamem a mensagem de forma destemida e impactante.

3. Despertar a igreja local para a obra missionária

A oração não é apenas uma atividade passiva; ela inspira e motiva a participação ativa na missão. Os membros da igreja, ao orarem pelos missionários, muitas vezes sentem um chamado pessoal para contribuir de várias maneiras, seja financeiramente, com suas habilidades ou até mesmo como missionários voluntários. Nesse aspecto, é interessante destacar que os mesmos crentes que deveriam orar por ceifeiros em Mateus 9:35-38 são os que foram enviados por Jesus para ceifa em Mateus 10.

Portanto, a oração é uma poderosa ferramenta que catalisa o envolvimento ativo da igreja local na obra missionária. Ela serve para iluminar mentes, aquecer corações e motivar ações que levam a um testemunho mais eficaz e ao cumprimento da comissão dada por Jesus de fazer discípulos de todas as nações.

II. CONTRIBUINDO PARA MISSÕES

1. O sustento dos missionários

O tema do sustento dos missionários baseia-se nas orientações encontradas nas Escrituras, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. Deus estabeleceu princípios para o sustento daqueles que dedicavam suas vidas à pregação, ao serviço social e à liderança da Igreja Local.

-No Antigo Testamento, vemos que Deus ordenou que os sacerdotes e levitas fossem sustentados por meio das ofertas do povo (Lv.7:28-36; Nm.18:8-21). Eles não possuíam uma herança terrena, e sua subsistência dependia da generosidade e das contribuições do povo. Isso permitia que se dedicassem integralmente ao serviço do Templo e ao ensino da Lei.

-No Novo Testamento, o apóstolo Paulo faz referência a esse princípio ao instruir os coríntios sobre o sustento dos pregadores do evangelho. Ele afirma que, da mesma forma que os sacerdotes no Antigo Testamento eram sustentados pelo serviço no templo, os que pregam o evangelho devem viver do evangelho (1Co.9:14). Paulo reforça essa ideia em outras passagens, destacando a importância de sustentar aqueles que se dedicam ao ministério (1Tm.5:17,18). Após ter deixado a cidade de Filipos, o apóstolo Paulo foi à Tessalônica para pregar o Evangelho e os filipenses enviaram o apoio financeiro e material para o apóstolo (Fp.4:16).

Jesus também aborda essa questão em seus ensinamentos. Em Mateus 10:10, ele instrui os discípulos a não levar dinheiro ou provisões, pois receberiam sua comida e sustento daqueles para quem ministrassem. Essa abordagem tinha o propósito de demonstrar a dependência de Deus e a confiança na provisão divina através da generosidade daqueles que recebiam o evangelho.

Assim, o princípio do sustento dos missionários está enraizado nas Escrituras, com a responsabilidade da comunidade de fé de sustentar aqueles que se dedicam ao serviço religioso e à pregação do evangelho, permitindo que possam se dedicar integralmente a essa tarefa vital.

2. Contribuir para missões é juntar tesouros no céu

Jesus ensinou sobre a importância de investir nas coisas eternas, e contribuir para missões é uma maneira de colocar esse ensinamento em prática (Mt.6:19-21).

A Bíblia nos ensina sobre a importância e a bênção de contribuir financeiramente para a obra missionária e para o avanço do Reino de Deus. Na Epístola aos Filipenses, o apóstolo Paulo expressa sua gratidão e alegria pelos filipenses por sua cooperação financeira no ministério (Fp.1:5). Eles compartilharam suas posses materiais para apoiar Paulo enquanto ele pregava e ensinava o Evangelho. Essa contribuição não apenas supria as necessidades práticas de Paulo, mas também fortalecia a obra do evangelho e a expansão do Reino.

A cooperação financeira tem implicações profundas. Primeiramente, ela reflete um coração generoso e uma disposição de sacrificar recursos materiais para uma causa maior - a propagação do Evangelho. Além disso, contribuir para missões é uma expressão de obediência ao mandamento de Jesus de levar o Evangelho a todas as nações (Mt.28:19,20). Os recursos financeiros são essenciais para sustentar os missionários, tradutores, líderes e projetos missionários, possibilitando que alcancem pessoas ao redor do mundo com a mensagem de salvação.

Também é uma oportunidade para todos os crentes serem coparticipantes no ministério e na obra de Deus. Ao investir financeiramente, as pessoas tornam-se parte ativa da missão de espalhar o Evangelho e, assim, compartilham das recompensas eternas que resultam desse esforço (Fp.4:17).

Em resumo, contribuir para missões não apenas apoia a propagação do Evangelho e a sustentação dos obreiros, mas também reflete uma obediência ao chamado de Jesus e uma forma de investir em tesouros no céu, onde a recompensa é eterna e inestimável.

3. Contribuir para missões é um privilégio

Contribuir financeiramente para a disseminação do Evangelho e para a distribuição de Bíblias em regiões onde o Evangelho ainda não foi amplamente difundido é, de fato, um privilégio inestimável. Esse ato representa a extensão de nosso impacto além de nossas próprias igrejas locais, alcançando pessoas em todo o mundo, independentemente da distância geográfica.

Quando contribuímos financeiramente para missões e para a distribuição de Bíblias, estamos desempenhando um papel vital na expansão do Reino de Deus. A Bíblia é a Palavra de Deus e é a fonte da verdade e da esperança para a humanidade. Tê-la disponível em diferentes idiomas e regiões permite que mais pessoas tenham acesso ao conhecimento de Deus e à mensagem salvadora de Jesus Cristo.

Alcançar vidas nas Américas, África, Europa, Ásia e em todas as partes do mundo significa que estamos participando ativamente da Grande Comissão de Jesus, que nos chamou para fazer discípulos de todas as nações. Isso vai além de apenas proclamar a Palavra, significa alcançar corações, transformar vidas e trazer esperança a lugares onde a escuridão do desconhecimento sobre Jesus Cristo o Salvador pode prevalecer.

Esse privilégio de cooperação financeira não apenas impacta as pessoas que recebem a mensagem, mas também enriquece nossa própria fé e perspectiva. Nos ajuda a entender que fazemos parte de uma família global de crentes unidos pelo amor e pela missão de Deus. Além disso, nos lembra da nossa responsabilidade de compartilhar com generosidade o que temos recebido, seja em termos de recursos financeiros ou da mensagem poderosa do Evangelho.

Enfim, ao contribuir financeiramente para a propagação do Evangelho e a disseminação das Escrituras, estamos participando da transformação de vidas e da construção do Reino de Deus, um privilégio que tem um impacto duradouro e eterno.

III. A CHAMADA PARA IR

1. Deus quer usar cada crente

Cada crente, ou seja, cada seguidor de Cristo deve estar preparado para se dedicar ao trabalho missionário, levando a mensagem de salvação às pessoas que vivem tanto nas áreas urbanas quanto rurais. Isso inclui estudantes, donas de casa, órfãos, profissionais liberais, pessoas com deficiência, aqueles envolvidos em serviços sexuais, indivíduos com lutas relacionadas a vícios e outros grupos diversos.

Deus deseja que a sua igreja seja ativa em todos os cenários possíveis como, por exemplos, hospitais, prisões, abrigos, ilhas, comunidades indígenas, vilarejos, cidades, áreas rurais, praças e em eventos de grande porte, bem como em encontros individuais.

É importante estarmos cônscios de que, para pregar a mensagem do Evangelho, Deus não enviará seres angelicais, mas enviará homens e mulheres como instrumentos de pregação (Hb.2:16; 1Pd.1:12). Contudo, é essencial estar ciente de que há um compromisso a ser assumido, o qual implica obedecer ao chamado para a obra missionária.

2. A chamada missionária

Nas Sagradas Escrituras, observamos que Deus convoca indivíduos para empreenderem uma grande missão. O profeta Isaías foi chamado por Deus enquanto estava no Templo, em um momento de adoração (Is.6:8,9). Jeremias recebeu seu chamado divino antes mesmo de nascer (Jr.1:5). Jonas, o profeta, recebeu uma convocação específica para ir a uma cidade específica: Nínive (Jonas 1.2). O Senhor Jesus chamou seus discípulos quando muitos deles ainda estavam envolvidos em suas atividades profissionais cotidianas (Mt.4:18-22). O apóstolo Paulo experimentou sua chamada enquanto viajava em direção a Damasco (Atos 9:19-31). Isso nos mostra que não há um único modelo para o chamado missionário. No entanto, é crucial reconhecer que a convocação para qualquer tipo de serviço relacionado ao Reino de Cristo emana diretamente de Deus.

3. Caráter e testemunho na obra missionária

Compreender e responder ao chamado de Deus, expresso no "Ide" de Jesus, implica uma ação transformadora e proativa por parte dos discípulos de Cristo (Mt.5:13-16). Como fazer a diferença no cumprimento desse chamado?

a)    Compreendendo o Chamado. A compreensão do propósito desse chamado é o primeiro passo para fazer a diferença. Jesus instruiu seus discípulos a serem sal e luz, influenciando positivamente o mundo ao seu redor. Note as expressões: “Vós sois o sal da terra” (Mt.5:13); “Vós sois a luz do mundo” (Mt.5:14). Unindo essas metáforas, podemos entender que o cristão é chamado a ter um caráter autêntico e influente, marcando positivamente a vida das pessoas com a essência e valores de Cristo. Além disso, devem ser testemunhas visíveis, brilhando com a luz da verdade e do amor de Deus nas situações mais obscuras da vida cotidiana.

b)   Vivendo de acordo com o Chamado. Viver de acordo com o chamado implica em praticar o que Jesus ensinou no Sermão da Montanha. Isso inclui viver uma vida ética, amorosa, compassiva, justa e verdadeira. Ao fazer isso, os discípulos se tornam testemunhas vivas da mensagem de Cristo.

c)    Demonstrando amor e cuidado. O amor é central na mensagem de Jesus. Demonstrá-lo através de ações concretas, cuidando dos necessitados, apoiando os oprimidos e pregando o Evangelho com compaixão, é uma maneira de fazer a diferença no mundo.

d)    Com persistência e paciência. Cumprir o chamado de Jesus requer persistência e paciência. O impacto verdadeiro muitas vezes é gradual e contínuo. Manter-se fiel ao chamado, apesar dos desafios e dificuldades, é fundamental.

Portanto, para fazer a diferença no cumprimento do "Ide" de Jesus, os discípulos são chamados a viver uma vida autêntica e amorosa, a pregar a mensagem do Evangelho, a demonstrar cuidado e compaixão, e a persistir nessa jornada de fé com determinação. Isso implica viver a mensagem de Jesus não apenas em palavras, mas também em ações, buscando transformar o mundo ao redor para a glória de Deus.

4. O perfil do vocacionado

É necessário que haja na pessoa vocacionada qualidades essenciais para o desempenho do chamado missionário. Veja alguns pré-requisitos:

a)    Ser escolhido por Deus (Atos 9:15). O chamado missionário, em última instância, parte de Deus. A convicção de ser escolhido por Deus é um alicerce crucial para a missão, pois traz direção, propósito e confiança.

b)   Não ser neófito (1Tm.3:6). A maturidade espiritual é fundamental para liderar e desempenhar um papel de destaque em uma missão. A experiência e a sabedoria adquirida ao longo do tempo são valiosas.

c)    Ser cheio do Espírito Santo (Atos 1:8). O poder e a orientação do Espírito Santo são vitais para o sucesso da missão. Ele capacita os missionários a enfrentar desafios e testemunhar com eficácia.

d)    Ser reconhecido pela Igreja (Atos 1:21; Atos 13:1-3). O reconhecimento e o apoio da igreja local são importantes para a validação e a legitimação do chamado missionário.

e)    Ser aprovado nas tarefas Locais. Adquirir experiência e aprovação em atividades e tarefas locais é essencial, pois proporciona uma base sólida para enfrentar desafios culturais e contextuais em missões transculturais.

f)     Estar preparado espiritual, intelectual, psicológica e transculturalmente. A preparação abrangente, que inclui a formação espiritual, o conhecimento teológico, a resiliência psicológica e a compreensão da cultura alvo, é crucial para enfrentar as complexidades da missão.

g)    Depender de Deus (2Co.12:7). A dependência constante de Deus é um princípio fundamental para os missionários. Reconhecer a própria fraqueza e confiar em Deus para superar os desafios é uma atitude sábia e necessária.

h)    Perseverar em Deus (2Tm.4:2). A perseverança na fé e na missão, mesmo diante de obstáculos e oposições, é essencial para o êxito a longo prazo e o cumprimento do chamado missionário.

A busca contínua por crescimento e aprimoramento nessas áreas são essenciais para o sucesso e a eficácia no ministério missionário.

CONCLUSÃO

Nesta Lição tratamos dos três principais pilares da Obra Missionaria: Orar, Contribuir e Ir. Eles estão interligados e são complementares na execução da Grande Comissão. Vimos que: Orar traz a direção divina e a força espiritual necessária; Contribuir viabiliza recursos para a missão; e Ir coloca a fé em ação, compartilhando a mensagem do Evangelho com o mundo. É importante notar que, ao cumprir essa Missão, a Igreja é chamada a fazê-lo com amor e sensibilidade às diversas culturas e contextos das pessoas a quem ela se dirige, promovendo a paz, a justiça e o amor de Cristo em todo o mundo.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Caramuru Afonso Francisco – Evangelização, a Missão máxima da Igreja.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Atos, A ação do Espirito Santo na vida da igreja.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Efésios, a noiva gloriosa de Cristo.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Evangelização: a missão máxima da Igreja. PortalEBD_2007.

Ruben Tito Paredes. A Dimensão Transcultural do Evangelho.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

UMA PERSPECTIVA PENTECOSTAL DE MISSÕES

 4º Trimestre/2023

Subsídio para a Lição 05

Texto Base: Atos 2:1-8, 14-18

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1:8).

Atos 2:1-8, 14-18

1.Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;

2.e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.

3.E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.

4.E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

5.E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.

6.E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.

7.E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando?

8.Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

14.Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.

15.Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo esta a terceira hora do dia.

16.Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:

17.E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos;

18.e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão.

INTRODUÇÃO

A perspectiva pentecostal de missões é caracterizada por uma ênfase significativa na experiência do Espírito Santo e evangelismo vigoroso, buscando compartilhar sua fé com outros, tanto localmente quanto em contextos transculturais. Crê na experiência espiritual chamada "batismo no Espírito Santo", marcada por sinais externos como falar em línguas, profecia e outros dons espirituais; essa experiência capacita os crentes para um serviço mais eficaz e para realizar missões de maneira poderosa. Muitas vezes se envolve em missões transculturais que envolvem pioneirismo, ou seja, estabelecimento de igrejas em áreas onde o cristianismo ainda não está presente ou é pouco representado.

Em resumo, a perspectiva pentecostal de missões é enraizada na experiência do Espírito Santo, nas manifestações carismáticas, no evangelismo dinâmico, no pioneirismo e na plantação de igrejas, na busca pela transformação social e na importância do jejum, da oração e da manifestação dos dons espirituais. Esses elementos estão intrinsecamente ligados à teologia e à prática do movimento pentecostal.

Nesta lição, estudaremos algumas características que marcam o trabalho pentecostal em Missões, uma marca da obra do Espírito Santo nestes últimos dias.

I. UMA PERSPECTIVA PENTECOSTAL DE MISSÕES

1. Somos evangélicos

Eu não diria que somos evangélicos, e sim que somos seguidores de Cristo Jesus; somos cristãos de fato, ou seja, seguidores de Cristo em seu em sentido restrito, isto é, parecidos com Ele. Neste aspecto, historicamente, o cristão evangélico é conhecido como alguém que enfatiza:

a)    O compromisso pessoal com Jesus (Novo Nascimento). O "novo nascimento" é central para a experiência evangélica, marcando a transformação espiritual e pessoal na vida de um indivíduo. Esse compromisso pessoal com Jesus Cristo é um ponto de partida crucial para a fé cristã-evangélica. Ao aceitar a salvação e seguir a Jesus, uma pessoa experimenta uma mudança radical em sua vida, recebendo perdão, redenção e um novo propósito.

b)   A autoridade Bíblica. A autoridade da Bíblia é uma pedra angular do evangelicalismo. Os cristãos evangélicos entendem que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus e a fonte definitiva de orientação e verdade espiritual. Creem que ela é inerrante e infalível em questões de fé, prática e moral. Os cristãos evangélicos, em geral, buscam viver de acordo com os ensinamentos e princípios bíblicos em todas as áreas de suas vidas.

c)    O apelo de anunciar a Cristo em cumprimento à Grande Comissão de Cristo. A missão de proclamar o evangelho de Cristo é um chamado essencial para os cristãos evangélicos. É uma prática central e uma expressão natural do compromisso pessoal com Jesus. Isso pode ocorrer através de testemunho pessoal, pregação, ações benevolentes e diversas outras formas de comunicação da mensagem cristã.

Esses três princípios comuns unem os cristãos evangélicos, ou seja, os crentes em Cristo, em uma abordagem de fé e prática centrada na pessoa de Jesus Cristo, na orientação da Bíblia e no desejo de compartilhar o evangelho com todas as pessoas, em todo o mundo. Esses princípios, também, moldam a forma como os cristãos evangélicos interagem com questões culturais, sociais e éticas, influenciando suas perspectivas sobre a vida, a moral e o papel da igreja na sociedade.

2. Somos pentecostais

Ser pentecostal enfatiza a experiência direta e pessoal do Espírito Santo, conforme vivida pelos discípulos no dia de Pentecostes e ao longo da história da igreja. No início do século XX esse movimento teve forte influência e tem crescido significativamente em todo o mundo.

A experiência do Espírito Santo é o cerne da identidade pentecostal. Isso inclui a busca pelo batismo no Espírito Santo, muitas vezes evidenciado por manifestações como falar em línguas, profecias e curas. Essa experiência fortalece os crentes para o serviço cristão e proporciona uma comunhão mais profunda com Deus.

A convicção pentecostal sobre a importância do evangelismo e missões é forte. Os pentecostais veem a propagação do evangelho como uma prioridade e estão envolvidos em missões ao redor do mundo, plantando igrejas e compartilhando a mensagem de salvação.

Os pentecostais enfatizam uma vida de santidade e separação do mundo. São cônscios de que o Espírito Santo ajuda os crentes a viverem vidas que honram a Deus, demonstrando amor, honestidade, humildade e integridade em todos os aspectos da vida cotidiana.

Em resumo, ser pentecostal é estar imerso em uma fé vibrante, centrada na experiência do Espírito Santo, na busca pela santidade e no desejo de compartilhar o evangelho com todos aqueles que ainda não o experimentaram. A vivacidade do movimento pentecostal é evidente em sua adoração, compromisso missionário e busca pela presença e orientação contínuas do Espírito Santo.

3. Contribuições Pentecostais às Missões

Os pentecostais têm uma forte ênfase na evangelização e na plantação de igrejas em regiões onde o cristianismo ainda não foi amplamente anunciado. Somos cônscios de que é crucial levar o Evangelho a todos os cantos do mundo, especialmente em áreas onde o cristianismo é pouco conhecido ou inexistente, e o Espírito Santo é vital nesse processo, capacitando os missionários a superar barreiras culturais, linguísticas e espirituais que possam surgir. Nesse sentido, o sucesso das missões pentecostais está ligado diretamente ao “lugar” que damos ao Espírito Santo, um lugar semelhante ao que os crentes do Novo Testamento deram em Atos dos Apóstolos (Atos 16:6-10). Sem dúvida, para o êxito das Missões evangelísticas são indispensáveis a presença e o poder do Espírito; sem Ele é infrutífero qualquer esforço na evangelização.

II. A OBRA MISSIONÁRIA DEPOIS DO PENTECOSTES

1. A causa da obra missionária da primeira igreja

A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes é um evento significativo na história do Cristianismo e teve um impacto profundo no início e na propagação da obra missionária da primeira igreja. O relato desse evento é encontrado no livro de Atos, no Novo Testamento.

No dia de Pentecostes, que ocorreu cinquenta dias após a Páscoa, os discípulos estavam reunidos em Jerusalém, conforme a tradição judaica. Nesse dia, o Espírito Santo desceu sobre eles em forma de línguas de fogo, capacitando-os de maneira extraordinária. Eles foram revestidos de coragem, sabedoria e poder para compartilhar a mensagem do evangelho de Jesus Cristo com ousadia e clareza. Esse evento marcou o início da expansão da igreja cristã, pois os discípulos começaram a pregar em línguas diferentes, alcançando um público diversificado e multicultural que estava em Jerusalém naquele momento. As pessoas que ouviram a mensagem ficaram perplexas, pois podiam entender os discípulos em suas próprias línguas nativas. O impacto dramático da pregação no dia de Pentecostes resultou na conversão de cerca de três mil pessoas (Atos 2:41). Esse crescimento rápido foi o início da expansão da igreja e do alcance global do evangelho.

O Espírito Santo capacitou os discípulos com coragem e poder para testemunhar sobre Jesus Cristo, superando o medo e a hesitação que poderiam ter sentido anteriormente. Ali começou o poderoso movimento de Missões. Nesse sentido, os oito primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos explicam a razão desse crescimento: antes de sair para alcançar as nações com o Evangelho, os discípulos deveriam estar revestidos de poder (Atos 1:4).

Portanto, a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi um momento crucial na história da igreja primitiva, impulsionando a missão de propagar a mensagem do evangelho a todas as nações e estabelecendo os alicerces para a transformação espiritual e social que o cristianismo trouxe ao mundo.

2. A expansão missionária da Primeira Igreja

Após a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes e a capacitação dos discípulos, a obra missionária da igreja no primeiro século foi marcada por uma expansão notável além das fronteiras de Israel. Esse período foi crucial para o crescimento e estabelecimento do Cristianismo como uma fé global. Aqui estão alguns aspectos relevantes dessa expansão missionária:

a)    Testemunho poderoso e efeito transformador. Os discípulos, cheios do Espírito Santo, testemunharam com poder e autoridade a respeito de Jesus Cristo. Seu testemunho era convincente e muitas vidas foram transformadas, levando a um aumento rápido no número de convertidos.

b)   Missão além das fronteiras de Israel. Guiados pelo Espírito Santo, os discípulos começaram a levar a mensagem do evangelho para além de Isael, alcançando regiões vizinhas e eventualmente outras partes do Império Romano.

c)    Perseguições e Diáspora. Perseguições e conflitos internos, como a perseguição liderada por Saulo (que se tornou o apóstolo Paulo), levaram os cristãos a se dispersarem. Isso resultou na disseminação do Evangelho, pois muitos discípulos fugiram e compartilharam sua fé em Cristo onde quer que fossem.

d)    Viagens Missionárias de Paulo. O apóstolo Paulo desempenhou um papel fundamental na expansão missionária. Suas três principais viagens missionárias, registradas no livro de Atos, o levaram a diversas cidades e regiões, onde ele estabeleceu igrejas e pregou o Evangelho aos judeus e gentios.

e)    Estabelecimento de Igrejas. Os discípulos não apenas pregaram o Evangelho, mas também estabeleceram igrejas em várias cidades e regiões. Essas igrejas serviram como centros de adoração, ensino e crescimento espiritual.

f)     Epístolas e escritas do Novo Testamento. Além das pregações, os apóstolos, incluindo Paulo, escreveram Cartas e Epístolas às novas igrejas, fornecendo orientação, ensinamento e encorajamento, consolidando a fé e a prática cristã.

g)    Tolerância e rejeição. A mensagem cristã foi muitas vezes recebida com tanto entusiasmo quanto resistência. Alguns lugares receberam os apóstolos calorosamente, enquanto outros os rejeitaram, mas essa diversidade de reações não impediu a expansão da fé cristã.

h)    O desejo missionário atingiu a homens e mulheres. Embora o Livro de Atos destaque a atuação do apóstolo Paulo, considerado o maior missionário da Igreja Primitiva (1Co.16:8,9), pois ele estabeleceu igrejas nas quatro províncias romanas (Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia), também estão registrados trabalhos importantes de outros homens e mulheres de Deus, tais como: Barnabé, Pedro, Silas, Filipe, João Marcos, Apolo, Áquila, Priscila etc. Nesse aspecto, podemos dizer que o diácono-evangelista Filipe foi o primeiro missionário transcultural enviado a pregar para um africano (Atos 8:26-30).

Essa expansão missionária foi fundamental para a disseminação do cristianismo além dos termos de Israel, moldando a fé cristã e a cultura em todo o Império Romano e, eventualmente, em muitas partes do mundo. A coragem, dedicação e orientação do Espírito Santo capacitaram os discípulos a compartilhar a mensagem redentora de Jesus Cristo e estabelecer as bases para a fé cristã global que conhecemos hoje.

3. “Deus não faz acepção de pessoas”

Todos os seres humanos são alvos do amor de Deus (Atos 10:34,35; 11:17,18). Certa feita, Pedro teve uma visão na qual Deus lhe mostrou uma série de animais considerados impuros pela lei judaica. A mensagem da visão era que Deus não considera impuro o que Ele purificou. Logo após essa visão, Pedro foi chamado a pregar o Evangelho a Cornélio, um centurião romano, e sua família. Os gentios, até então considerados impuros pelos judeus, receberam o Espírito Santo da mesma forma que os judeus crentes. Esse evento foi revolucionário para a compreensão da graça de Deus e da universalidade da mensagem do Evangelho. Pedro percebeu que Deus não faz discriminação entre judeus e gentios quando se trata de oferecer Sua graça e salvação. Ele expressou isso claramente ao afirmar que Deus não faz acepção de pessoas (Atos 10:34,35). Isso significava que a salvação estava disponível a todas as pessoas, independentemente de sua origem étnica, status social ou quaisquer outras distinções humanas. Essa compreensão fundamental teve implicações profundas na expansão do Cristianismo, levando os primeiros cristãos a superar barreiras culturais e étnicas para pregar a mensagem de Cristo a todas as pessoas, e todos os lugares.

Paulo, outro apóstolo influente, ampliou essa mensagem, afirmando que, em Cristo Jesus, não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; todos são um em Cristo (Gl.3:28).

O apóstolo João relata que Deus se interessa pela salvação de todos os homens (Ap.5:9; 7:9). Com esse entendimento a respeito da natureza ilimitada do plano de salvação de Deus para os homens, e impulsionada pelo Espírito Santo, a Missão da Primeira Igreja atingiria a escala mundial.

Essa verdade continua sendo um dos princípios centrais do Cristianismo e molda a maneira como os cristãos são chamados a viver e compartilhar a fé. Enfatiza que o amor e a salvação de Deus estão disponíveis para toda a humanidade, independentemente de quaisquer diferenças externas, e incentiva a inclusão, a justiça social e a busca pela unidade e reconciliação entre as pessoas. É um chamado para espelhar o amor inclusivo e sem preconceitos de Deus em nossas vidas e em nossa interação com os outros.

III. A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO E A OBRA MISSIONÁRIA

1. A função do Espírito na obra missionária

Dentre as muitas funções do Espírito Santo estão as de ungir, inspirar, separar e enviar homens e mulheres para os quatro cantos da terra como missionários do Senhor. Por isso, a obra missionária é uma tarefa ligada à ação exclusiva do Espírito Santo.

-A unção do Espírito Santo capacita os missionários, conferindo-lhes habilidades, sabedoria e poder espiritual para enfrentar os desafios e alcançar as pessoas de maneira eficaz.

-A inspiração divina guia suas estratégias, mensagens e ações, garantindo que estejam alinhadas com a vontade de Deus e o propósito da missão.

-A separação pelo Espírito Santo indica a consagração dos missionários para esse serviço específico, marcando-os como enviados de Deus para cumprir a Grande Comissão.

-O envio pelo Espírito Santo é a comissão divina que impulsiona os missionários a irem além de suas fronteiras, levando o Evangelho a todos os cantos da Terra. Essa compreensão ressalta a centralidade da orientação divina na missão de espalhar o Evangelho por todo o mundo.

Essa perspectiva enfatiza a dependência da obra missionária da liderança e orientação do Espírito Santo, reconhecendo que o êxito e o impacto genuíno na disseminação da fé estão intrinsecamente ligados à submissão e cooperação com a direção divina. É uma chamada para confiar no Espírito Santo como o verdadeiro impulsionador da missão e abraçar humildemente seu papel na obra global de reconciliação e transformação que Deus busca realizar através da proclamação do Evangelho.

Portanto, a obra missionária é uma tarefa ligada à ação exclusiva do Espírito Santo. Logo no início da Igreja, em determinada ocasião, o Espírito Santo não permitiu que os apóstolos ficassem envolvidos com problemas sociais e quaisquer outras atividades que não fosse a evangelização (Atos 6:1-4).

De acordo com este texto, os apóstolos enfrentaram um desafio interno na comunidade cristã em Jerusalém relacionado à distribuição equitativa de alimentos entre os membros. Diante desse problema, os apóstolos perceberam que não seria adequado para eles se envolverem diretamente nesse aspecto das questões sociais, pois sua principal tarefa era a pregação do Evangelho e a oração. Eles decidiram, então, selecionar sete homens cheios do Espírito Santo para serem encarregados da administração das necessidades sociais da comunidade, permitindo que os apóstolos se concentrassem na oração e no ministério da Palavra. Isso ressalta a importância da delegação de responsabilidades para que a missão principal não fosse comprometida. Atos 6:1-4 enfatiza que, embora os problemas sociais fossem importantes e necessários para a comunidade cristã, os apóstolos reconheceram a necessidade de priorizar a evangelização e o ensino da Palavra de Deus, enquanto garantiam que outras necessidades fossem atendidas por outros membros da comunidade. Essa abordagem permitiu que a mensagem do Evangelho fosse disseminada eficazmente enquanto as necessidades sociais também eram atendidas.

2. O Espírito Santo capacita para a obra

O Espírito Santo desempenha um papel central na escolha, capacitação e envio de missionários para espalhar as Boas-Novas de salvação ao redor do mundo. Os textos de Atos 7:29; 13:2 e 20:8, por exemplos, mostram a importância da ação do Espírito Santo na obra missionária, desde a escolha dos indivíduos até sua capacitação e comissionamento. É o Espírito Santo quem capacita os missionários com dons e habilidades necessários para enfrentar os desafios da missão, orientando-os em sua jornada e garantindo que estejam alinhados com a vontade divina.

§ Atos 8:29 - Neste versículo, o Espírito Santo instrui Filipe a se aproximar da carruagem onde o eunuco etíope estava lendo as Escrituras. Isso demonstra a ação do Espírito Santo ao direcionar um indivíduo específico para uma situação missionária, indicando que o Espírito desempenha um papel na seleção e direcionamento de missionários para suas tarefas.

§ Atos 13:2 - Aqui, em Antioquia, o Espírito Santo instrui a comunidade cristã a separar Barnabé e Saulo para a obra missionária à qual foram chamados. Esse evento ressalta a influência direta do Espírito Santo na seleção e comissionamento de missionários, indicando que a escolha dos indivíduos e seu envio para a obra missionária é guiada pelo Espírito Santo.

§ Atos 20:28 – Aqui, Paulo, ao se despedir dos líderes da igreja de Éfeso, exorta-os a pastorear a igreja, lembrando-lhes que o Espírito Santo os havia colocado como bispos para cuidar da congregação. Isso enfatiza a responsabilidade dos líderes da igreja de serem guiados pelo Espírito Santo na condução e pastoreio do povo de Deus.

Complementando a estes textos, em Atos 16:4-7 temos uma revelação clara de como o Espírito Santo deseja que a ação missionária seja realizada. Nesta passagem, Paulo e Silas estão em uma jornada missionária e viajam por várias cidades, levando as decisões tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém, as quais foram orientadas pelo Espírito Santo. Aqui, vemos a importância de seguir as orientações e direcionamentos do Espírito Santo durante a missão. O Espírito não apenas direciona individualmente os missionários, mas também guia a Igreja como um todo na tomada de decisões que afetam a missão.

Nesse sentido, o Espírito Santo também é o instrutor dos ministros da Palavra de Deus no exercício da proclamação da mensagem no campo missionário. Em 1Corintios 2:1-18, Paulo, ao escrever para os crentes dessa Igreja, destaca a importância da sabedoria que vem do Espírito Santo na proclamação do evangelho. Ele salienta que sua pregação não se baseia na sabedoria humana, mas na demonstração do Espírito e do poder de Deus. Paulo enfatiza que os ministros da Palavra de Deus necessitam da sabedoria que vem do Espírito para comunicar eficazmente as verdades do evangelho. Isso ressalta a dependência dos missionários no Espírito Santo para a adequada proclamação da mensagem em contextos missionários diversos e muitas vezes desafiadores.

Esses textos reforçam a verdade de que o Espírito Santo é fundamental para o sucesso e a eficácia da missão cristã. Ele orienta na seleção e envio de missionários, bem como na proclamação da mensagem do evangelho. Sua sabedoria e orientação capacitam os ministros da Palavra a comunicar a mensagem de salvação de maneira relevante e impactante, alcançando vidas e transformando comunidades. Assim, a missão se torna não apenas um empreendimento humano, mas um processo divinamente orientado e capacitado, visando a glória de Deus e a salvação das pessoas. Tanto o ministério público de Jesus quanto o ministério público da Igreja Primitiva foram iniciados sob a experiência do Espírito Santo.

3. Deus age por meio do Espírito Santo

A atuação do Espírito Santo é vital para levar a mensagem do evangelho de maneira compreensível e eficaz para as pessoas de diferentes culturas. Ele capacita os missionários a superar barreiras linguísticas e culturais, garantindo que a mensagem seja transmitida de forma impactante e compreensível, tocando os corações e mentes das pessoas.

O Espírito Santo é o agente de transformação nas vidas das pessoas e nas comunidades. Ele capacita os convertidos a viverem vidas transformadas e a serem testemunhas eficazes do poder do evangelho. A igreja, quando guiada pelo Espírito Santo, é um "celeiro de evangelismo", onde os crentes são capacitados a compartilhar a fé de maneira autêntica e impactante, resultando em uma maior disseminação do evangelho.

O Pr. Wagner Gaby cita a obra “Verdades Pentecostais”, do pr. Antônio Gilberto, onde ele descreve a assistência do Espírito Santo na obra missionária. Ele mostra que o Espírito Santo escolhe, envia, capacita e direciona os evangelizadores. É o que observamos no livro dos Atos dos Apóstolos, quando o Espírito Santo age na vida da Igreja. Ali, fica claro que o Deus da Bíblia não é o deísta, isto é, impessoal, que se encontra longe do seu povo, mas Ele intervém de modo que deseja estabelecer um relacionamento vivo com a sua Igreja pelo poder ativo do Espírito Santo (Atos 17:28-30). Isto é pura verdade! A visão apresentada na Bíblia é definitivamente contrária à visão de um Deus deísta, que é impessoal e distante de Sua criação. O Deus descrito na Bíblia é pessoal, interventor e deseja estabelecer um relacionamento vivo e ativo com Seu povo, especialmente por meio da atuação direta do Espírito Santo.

O trecho de Atos 17:28-30 reflete essa visão ao afirmar que "Nele vivemos, nos movemos e existimos" - indicando a proximidade e a presença constante de Deus em nossas vidas. Além disso, o texto fala sobre Deus não apenas como o Criador, mas também como Aquele que deseja que as pessoas O busquem, reconheçam Sua presença e encontrem um relacionamento significativo com Ele.

O Espírito Santo, como Terceira Pessoa da Trindade, é uma manifestação desse desejo de Deus de se relacionar de maneira íntima e ativa com Sua igreja. O Espírito Santo é descrito nas Escrituras como aquele que consola, guia, ensina, capacita, intercede e habita nos crentes (João 14:16-17, Romanos 8:26, 1Coríntios 3:16). Sua presença é vital para a vida cristã, influenciando a maneira como os crentes vivem, amam, servem e compartilham a mensagem do evangelho.

CONCLUSÃO

Enfim, para os pentecostais, o Espírito Santo é indispensável à tarefa da obra missionária. Portanto, todo projeto missionário na Igreja de nosso tempo deve levar em conta a dependência da Pessoas do Espírito Santo para dirigir o início, o meio e o final de cada projeto evangelístico e pastoral. Assim ocorreu no ministério terreno de Jesus, bem como no ministério terreno da Igreja Primitiva. E é essa presença gloriosa e efusiva da Pessoa do Espirito Santo que garante o êxito e eficácia da obra missionária neste século XXI.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Caramuru Afonso Francisco – Evangelização, a Missão máxima da Igreja.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Atos, A ação do Espirito Santo na vida da igreja.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a Carta da liberdade cristã.