sábado, 30 de dezembro de 2017

SUICÍDIO É HOMICÍDIO


Estou absorto em meus pensamentos diante de mais uma notícia trágica de suicídio de uma pessoa que se dizia cristã, e desempenhava função de liderança em uma igreja evangélica, e que era esposa de pastor. Esse foi o quarto caso de líderes evangélicos brasileiros que cometeram suicídio no mês de dezembro/2017, sendo três pastores e um presbítero. O caso com maior repercussão foi o do pastor Júlio César Silva, ex-presidente da Assembleia de Deus Ministério Madureira em Araruama (RJ). O líder pentecostal era casado e tinha duas filhas, e foi encontrado pendurado em uma corda no último dia 12 de dezembro, mas não deixou nenhum bilhete ou recado detalhando sua motivação. Amigos e colegas de ministério comentaram, posteriormente, que ele havia enfrentado problemas de depressão. Os outros dois casos foram os do pastor Ricardo Moisés, 28 anos, da Igreja Assembleia de Deus em Cornélio Procópio (PR), que se enforcou na casa pastoral nos fundos da igreja; e o presbítero João Luiz Tavares, da Igreja Assembleia de Deus em Iguaba Grande, na Região dos Lagos (RJ), também enforcado.

Amados irmãos, o suicídio nada mais é que um autoassassinato. A Palavra de Deus não distingue entre matar a si próprio ou ao semelhante. Diz apenas o mandamento que não se deve matar, entendido aqui um ser humano, seja ele quem for, inclusive o próprio matador.

O suicídio, assim como o aborto e a eutanásia, são condenados pela Palavra de Deus, e que seus praticantes estão fora do reino dos céus:

 Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte.” (Ap.21:8);

Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira”(Ap.22:15).

No suicídio, o homem, além de se fazer juiz sobre a sua própria vida, o que lhe é vedado, pois já vimos que só Deus é o dono da vida – “O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela”(1Sm.2:6), além do mais demonstra total falta de confiança e de esperança em Deus, porquanto busca resolver seus problemas e dificuldades pondo fim à sua vida, demonstrando, com isso, que não confia em Deus.

O verdadeiro cristão, pelo contrário, ainda que esteja a passar problemas e dificuldades, não vai buscar a solução no suicídio, mas em Deus. A Palavra de Deus está repleta de promessas de que o Senhor sempre estará ao nosso lado, se nos mantivermos fiéis:

“Mas, agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome; tu és meu. Quando passares pelas águas, estarei contigo, e, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua semente desde o Oriente e te ajuntarei desde o Ocidente” (Is.43:1,2,5).

“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará” (Sl.91:1).

“....eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!” (Mt.28:20).

“Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse:

Não te deixarei, nem te desampararei. E, assim, com confiança, ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem” (Hb.13:5,6).

Não resta dúvida de que o suicida não chega a este gesto de forma fria ou insensível. Antes de se chegar a este extremo, o suicida passou por diversos problemas e desequilíbrios, muitas vezes causados por ele mesmo, mas o desespero que cerca atitudes como esta, o suicídio, não justifica, perante a lei de Deus.

Sempre se terá no suicídio um gesto de falta de fé em Deus, uma verdadeira manifestação de orgulho e de autossuficiência do suicida. Fazendo-se semelhante a Deus, o suicida recusa ser ajudado e orientado pelo Senhor e resolve pôr fim à sua vida, dando a si uma solução que, entretanto, somente lhe criará um problema eterno – a morte eterna, a eterna separação de Deus. Com efeito, o suicida morre no seu pecado e, portanto, estará irremediavelmente perdido (Ez.18:24), a menos que tenha tempo para se arrepender, o que é difícil de acontecer.

“Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá” (Ez.18:24).

Todos os exemplos que temos de suicidas na Bíblia Sagrada são de pessoas que se encontravam distanciadas de Deus, perdidas, numa clara demonstração de que o suicídio é algo que é contrário à vontade divina. Podemos mesmo dizer que o suicídio é sempre opção que vem diretamente dos infernos para a mente do suicida, e, para tanto, tomamos o exemplo de Judas Iscariotes, que a Bíblia diz ter permitido que o diabo nele entrasse(Lc.22:3). Até porque, quando se fala em morte, fala-se do que é próprio do diabo, homicida desde o princípio(João 8:44).

A oração, sem cessar, é a chave da vitória, pois por meio dela temos intimidade com Deus e rebemos dele a força necessária para atravessarmos as tempestades da vida; sem oração estamos fadados ao fracasso, pois vemos só escuridão à nossa frente. A leitura e o estudo sistemático da Palavra de Deus são a maior âncora e a bússola que nos ajudam a caminhar no caminho certo até o repouso prometido pelo Senhor Jesus; só chegaremos ao porto, seguro, se obedecermos à Palavra de Deus. Pense nisso!

Deus os abençoe sobremaneira!

Oremos pelos líderes de nossas igrejas!

Um feliz e abençoado 2018, sem suicídio!

 

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

DESEJOS PARA O NOVO ANO



Um jornal perguntou aos leitores o que eles desejavam para o novo ano. As respostas mostram o que se passa no coração das pessoas e o que é importante para elas:

– Desejo principalmente que eu tenha saúde e que possa viver sem preocupações e surpresas desagradáveis no novo ano.

– Por ter muito trabalho, eu gostaria que houvesse mais tempo para fazer tudo aquilo que acaba sendo deixado de lado.

– Desejo que, apesar de estar completando 50 anos, eu ainda tenha forças para começar coisas novas. Eu gostaria de iniciar uma empresa própria, para não ser mais empregado. Também desejo muitos dias bonitos para ir à praia e ter bons momentos de lazer.

– As pessoas deveriam ser mais abertas e preocupadas com o próximo. Há muitas situações em que, pelo excesso de atividades, não tomamos tempo para uma conversa ou para ouvir alguém. Desejo mais compreensão e que possa continuar a gozar a vida.

– Para mim importa somente o bem-estar da minha família.

– Espero que não haja guerras e conflitos. Quero também tirar umas férias realmente gostosas.

– Desejo sucesso financeiro, sorte no amor e êxito nos estudos. Eu também gostaria que houvesse mais alegria neste mundo.

– Saúde, paz e harmonia na família são as coisas mais importantes para mim. Estou preocupado com o meio ambiente e gostaria que ele fosse mais preservado. Colaboro na igreja e tento ser uma boa influência. Meu sonho? Uma casinha de campo.

– Desejo que o novo ano seja melhor que o velho, principalmente para os jovens que não encontram emprego, e que acabe a criminalidade.

Nenhuma das pessoas fez referência ao sentido da vida ou a Deus, o Criador. Parece que ninguém se importa realmente com a salvação e com aquilo que a Bíblia ensina. Os desejos são todos terrenos e não levam em consideração a vida futura e a eternidade. As pessoas parecem não perceber como é importante estar reconciliado com Deus. Todos querem viver bem e esperam que o mundo melhore, mas não levam em consideração o maior mandamento: Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt.22:37-39).

Assim compreendemos as palavras do pregador Salomão: “Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol” (Ec.2:11).

No final deste novo ano, muitos reconhecerão que nada melhorou, pelo contrário, que as coisas pioraram. E então as pessoas estabelecem novos propósitos, que normalmente também não são cumpridos. Como estava certo o salmista ao dizer: Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Sl.90:10). Isso só mudará se buscarmos a Deus e o Seu amor.

Buscar o Senhor é o mais importante na vida. Procure-O agora mesmo, e comece o novo ano com novas perspectivas!

Fonte: Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br

domingo, 24 de dezembro de 2017

O Verdadeiro Natal


O Natal é a data mais festejada do cristianismo. Nem mesmo os ateus conseguem fugir do Natal, e de uma ou outra maneira são confrontados com essa festa. Mas até que ponto conseguimos realmente compreender o significado do Natal?
Em pensamentos sempre lembramos da estrebaria e da criança na manjedoura. Mas esse é apenas um dos fragmentos visíveis do que aconteceu naquela ocasião. O Natal é muito mais. Ele é a primeira ligação entre o céu e a terra. Trata-se de um encontro da glória invisível de Deus com a nossa existência humana. O eterno e poderoso Deus, uma personalidade que não pode ser compreendida pelo nosso raciocínio, um poder que não pode ser expresso em palavras, enviou o Seu Filho Jesus para a terra. Cristo, o Filho de Deus, teve de tornar-se homem!

Certamente Deus poderia ter agido de outra maneira. Ele poderia ter dado uma aparência sobre-humana a Seu Filho, como a um anjo, enviando-O para a terra. Mas assim Jesus não teria se tornado homem, e Ele também seria sempre visto somente como um ser sobrenatural.

Jesus tornou-se homem. Ele começou a Sua vida como todos nós: Ele nasceu num mundo perdido. Ele não teve nenhum lar seguro, pois pobreza, inquietação e fuga caracterizaram os primeiros dias da Sua vida. Com Ele aconteceu exatamente o mesmo que ocorre a milhões de pessoas em nossos dias. Jesus foi homem como nós. Esta é a verdade sóbria do Natal. Mas a mensagem do Natal é o esplendor da glória de Deus que paira sobre todos esses acontecimentos. Embora Jesus tivesse se tornado homem, Sua verdadeira glória não pôde permanecer oculta. Até os magos do longínquo Oriente reconheceram: lá em Belém nasceu alguém que é mais que simples homem! Eles O procuraram e tiveram um encontro com Jesus.

O Natal é o convite de Deus a nós seres humanos: venham, vejam meu Filho! O verdadeiro encontro com Jesus, o verdadeiro Natal, também fez com que os magos do Oriente mudassem os seus planos de viagem: "Sendo por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra" (Mt.2:12). O encontro com Jesus protegeu-os de um novo encontro com o Seu adversário.

O Natal também é uma ordem de Deus a nós: siga por outro caminho! O grande perigo em relação ao Natal está na tradição exterior. Brilho de luzes e cânticos de Natal não fazem o Natal. Ele somente torna-se uma festa verdadeira se encontrarmos Jesus de verdade e se por meio disso ocorrer uma mudança no rumo da nossa vida. O encontro com Jesus abre os nossos ouvidos interiores para a exigência do Altíssimo: siga por outro caminho! Estamos dispostos a obedecer ao que Deus nos ordena?

domingo, 17 de dezembro de 2017

Aula 13 – GLORIFICADOS EM CRISTO


4º Trimestre/2017

Texto Base: 1Co.15:13-23

"Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp.3:20).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos a respeito da glorificação, última fase do processo da salvação. A salvação em Cristo será plenamente realizada quando estivermos para sempre com Cristo (Fp.3:20,21). Esse evento final da obra salvadora de Cristo se dará na Sua segunda vinda. Nesse evento, os salvos experimentarão a glorificação completa da natureza humana, pois seremos todos revestidos da glória de Deus. Assim que todos os mortos ressuscitarem, os crentes que estiverem vivos serão transformados, ou seja, os seus corpos físicos, corruptíveis, de carne e osso, serão revestidos da incorruptibilidade (1Co.15:52), o corpo material será absorvido por um corpo glorioso, um corpo espiritual, um corpo celestial que substituirá o corpo anterior. Será um momento de extraordinária grandeza e plena felicidade. Estaremos livres da presença do pecado e estaremos para sempre com o Senhor Jesus na sua glória. É a mais sublime e gloriosa esperança da Igreja.

I. A GLORIOSA ESPERANÇA DA RESSURREIÇÃO DOS SANTOS

1. A Ressurreição dos Santos. Assim como Jesus ressuscitou, também os crentes que morrerem antes da volta do Senhor ressuscitarão. Cristo foi feito as primícias dos que dormem, ou seja, foi o primeiro a ressuscitar, mas, depois dele, virão outros, aqueles que serão os frutos do seu trabalho salvador. O mesmo destino que teve Jesus, o de ressuscitar num corpo glorioso e ir para o Céu, será o destino que terão os demais crentes, ressuscitando aqueles que já tiverem morrido e, reunidos com os vivos, todos em corpos gloriosos, também irão para o Céu, para a Nova Jerusalém, onde habitarão para sempre com o Senhor.

É válido ressaltar que, na ressurreição dos mortos, os corpos tanto dos salvos como também dos ímpios terão uma natureza eterna, não podendo mais morrer. Desta feita, para aqueles casos que a Bíblia nos fala de que tendo morrido foram ressuscitadas, tornando a morrer outra vez, como é o caso do filho da viúva de Serepta(1Reis 17:23); o filho da Sunamita(2Reis 4:32-36); o defunto lançado na sepultura de Elizeu(2Reis 13:21); o Filho da viúva de Naim(Lc.7:11-17); a Filha de Jairo(Lc.8:49-56); Lázaro(João 11:17-45); Dorcas (Atos 9:36-40); Êutico (Atos 20:27), para estes casos, à Luz da Doutrina Bíblica da Ressurreição propriamente dita, não se encaixam como ressurreição, mas apenas como volta à vida natural.

A Bíblia fala em Primeira e Segunda Ressurreição, separadas uma da outra por um período de cerca de mil anos. De acordo com a Bíblia, e conforme afirmou o próprio Jesus, todos os mortos ressuscitarão – “... vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.  E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”(João 5:28,29). Paulo também afirmou: “Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos”(Atos 24:15). Este e muitos versículos desfazem a ideia de que os ímpios serão destruídos e de que não haverá condenação porque “Deus é amor”. Segundo a Bíblia, certamente todos ressuscitarão. O que precisamos saber é que os justos não irão ressuscitar juntamente com os ímpios.

A ressurreição dos mortos acontecerá em duas etapas diferentes: uma para os justos e a outra para os ímpios.

a) A Ressurreição dos justos – ou Primeira Ressurreição. Na Primeira Ressurreição serão ressuscitados todos os santos, de todos os tempos. Não haverá ressurreição dos ímpios, nesta oportunidade. Os santos receberão corpos glorificados, dotados de vida eterna, e conforme o corpo do Senhor Jesus, segundo o ensino de Paulo: “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”(Fp.3:20,21). Também o Apóstolo João, declarou: “...Mas sabemos que, quando ele se manifestar seremos semelhantes a ele...”(1João 3:2).

Em 1Tes,4:16 o apóstolo Paulo assim nos alerta: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”. Observe a expressão do apóstolo: “...e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”. Se aí estão incluídos os santos do Antigo Testamento, é questão de muito debate. Os que concordam lembram que a voz do arcanjo será ouvida nesse momento e que ele está estreitamente ligado com o destino de Israel (cf. Dn.12:1). Os que pensam que os santos do Antigo Testamento não serão ressuscitados no arrebatamento lembram o fato de que a frase “em Cristo (os mortos em Cristo)” jamais se refere a crentes que viveram antes da era da Igreja, por isso aqueles crentes serão ressuscitados provavelmente no fim da Grande Tribulação (cf. Dn.12:2). Em todo caso, é evidente que não se trata de uma ressurreição geral. Nem todos os mortos serão ressuscitados ao mesmo tempo, somente os mortos em Cristo. Essa é uma esperança do crente que tem como seu fundamento a ressurreição de Cristo, pois do mesmo modo que Ele ressuscitou, nós ressuscitaremos - "que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas" (Fp.3:21).

Hoje, o nosso corpo está sujeito às enfermidades e demais fragilidades, mas na ressurreição ele será revestido de incorruptibilidade; nunca mais morreremos, pois a ressurreição dos santos será a vitória final sobre a morte e o inferno (1Co.15:54,55). Em termos gerais, o corpo ressurreto do crente salvo será semelhante ao corpo ressurreto de Nosso Senhor (Rm.8:29; 1Co.15:20,42-44,49; Fp.3:20,21; 1João3:2). Mais especificamente, o corpo ressurreto do salvo em Cristo será:

Ø Um corpo que terá continuidade e identidade com o corpo atual e que, portanto, será reconhecível (cf.Lc.16:19-31).

Ø Um corpo transformado em corpo celestial, apropriado para o novo Céu e a nova Terra (1Co.15:42-44,47,48; Ap.21:1).

Ø Um corpo imperecível, não sujeito à deterioração e à morte (1Co.15:42).

Ø Um corpo poderoso, não sujeito às enfermidades, nem à fraqueza (1Co.15:43).

Ø Um corpo espiritual (isto é, um corpo não natural, mas sobrenatural), não limitado pelas leis da natureza (Lc.24:31; João 20:19; 1Co.15:44).

Ø Um corpo capaz de comer e beber (Lc.14:15; 22:16-18,30;24:43; At.10:41).

Ø Um corpo revestido da imortalidade (1Co.15:53).

Ø Um corpo glorificado, como o de Cristo (1Co.15:43; Fp.3:20,21).

b) A Segunda Ressurreição“...e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação”(João 5:29). Conforme se pode observar, esta é a ressurreição dos ímpios. Ela somente acontecerá depois do Milênio – “Mas os outros mortos não reviveram, ate que os mil anos se acabaram...”(Ap.20:5). Estes “outros mortos” são todos aqueles que morreram sem a salvação, tanto no Antigo como no Novo Testamento, ou seja, são os ímpios de todos os tempos. Diferente da primeira, na segunda Ressurreição todos os mortos ímpios ressuscitarão num só momento, não havendo etapas. Esse momento certamente que será diante do Trono Branco, o qual foi visto e descrito por João em Apocalipse 20:11-15.

2. O destino eterno dos salvos. Após a Primeira Ressurreição os salvos serão levados para o Céu. Sabemos que todos os santos do Antigo e do Novo Testamento estão, hoje, no Paraíso. Este Paraíso até a Ressurreição de Jesus ficava “para baixo”, nas regiões do “Hades” ou “Sheol”, pois segundo a Bíblia, todos os que morriam “desciam”. Porém, ao ressuscitar dos mortos o Senhor levou o Paraíso para cima, onde Ele ainda se encontra, conforme Paulo declarou: ”Ora, isto—ele subiu—que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas”(Ef.4:9,10). Porém, quando acontecer a Primeira Ressurreição todos os santos que estão no Paraíso serão levados para o Céu, ou na expressão usada por Jesus, para a “Casa de meu Pai”(João 14:1-3). Foi assim que Paulo ensinou aos Tessalonicenses: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”(1Tes.4:16-17).

II. A PLENA SALVAÇÃO NO CÉU

Morar no Céu é o objetivo de todo salvo. Mas, o que é o Céu? O Céu prometido por Jesus Cristo aos seus santos é a habitação presente de Deus e de seus anjos(Sl.33:13,14); é o lugar onde está o trono de Deus (Sl.2:4); é o local onde o Senhor está presente na plenitude de sua glória, um local “fixado”, “estabelecido” para que Ele se revele tal como Ele é, e não apenas pela expressão da suas obras, como o que ocorre com o Universo (Rm.1:20); é o lugar de sua presença, ao qual o Cristo glorificado retornou (At.1:11), e onde um dia o povo de Cristo estará com seu Salvador para sempre (João 17:5,24; 1Ts.4:16,17). Ele é retratado como um lugar de descanso (João 14:2), uma cidade (Hb.11:10) e um país (Hb.11:16). Logo, pensar no Céu como um lugar é corretíssimo.

Portanto, o Céu é um lugar onde habitaremos com o Senhor em glória, visto que, para ali entrarmos, necessariamente teremos de ser transformados, deixando este corpo de carne e sangue, este corpo abatido e recebendo um corpo glorioso, similar ao que Cristo teve quando ressurgiu dentre os mortos (Fp.3:21; 1Co.15:42,49-54). Se a vida com Cristo, já nesta vida, é uma vida de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm.14:15), que não será a vida no lugar da habitação de Deus, sem pecado, sem imperfeição, sem qualquer possibilidade de prejuízo na nossa comunhão com o Senhor! Paulo ao dizer que havia estado no terceiro Céu (no Paraíso), afirmou que o que viu e ouviu era simplesmente inefável, ou seja, incapaz de ser traduzido em palavras (2Co.12:4).

Jesus Cristo morreu na Cruz do calvário com o objetivo de reconciliar o ser humano com Deus e, finalmente, levá-lo para o Céu, o lugar de sua morada e dos santos anjos de Deus. Se a nossa esperança é a volta de Cristo, tal esperança se completa com a perspectiva de habitarmos eternamente na dimensão espiritual, assim como o Senhor, dimensão esta que as Escrituras denominam de “Céu”, pois seremos semelhantes a Ele e assim como é O veremos (1João 3:2). Todos os redimidos em Cristo estarão eternamente no lar celeste revestidos de um corpo glorioso (1Ts.4:16,17); é a plena Salvação.

No Céu a plena salvação se concretizará, pois lá tudo é perfeito.

1. Os habitantes são perfeitos. "Nunca mais haverá qualquer maldição" (Ap.22:3), isto é, não haverá mais pecado, o que resultará em santidade perfeita. Foi o pecado que trouxe toda sorte de maldição (ler Gn.3:17; Gl.3:13).

2. O serviço é perfeito. "Os seus servos o servirão" (Ap.22:3). O maior privilégio do homem é servir a Deus. O trabalho para Deus será então perfeito; culto perfeito; atividades perfeitas. Quantas maravilhas não aguardam os salvos!

3. A comunhão é perfeita. A Formosa Jerusalém é a restauração da convivência completa e perfeita entre Deus e os homens que havia antes que o pecado causasse o atual estado de divisão que existe entre Deus e a humanidade. João ouve uma proclamação vinda do Céu: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles”(Ap.21:3). Como povo de Deus, desfrutaremos comunhão mais próxima com Ele do que jamais imaginamos. Deus mesmo estará com todos os seus santos num relacionamento mais íntimo e afetuoso. Somente na Nova Jerusalém, esta comunhão será restabelecida por completo, ocorrendo aquilo que é dito pelo apóstolo João, de vermos Deus como Ele é (1João 3:2).

4. Teremos caráter perfeito. "E nas suas frontes está o nome dele" (Ap.22:4). Nome na Bíblia fala de caráter; daquilo que a pessoa de fato é. Haverá então uma perfeita identificação entre Deus e os seus remidos. No Antigo Testamento o sumo sacerdote levava gravadas numa lâmina de ouro puro, sobre a sua coroa sagrada, as palavras: "Santidade ao Senhor" (Êx.39:30), mas na Formosa Jerusalém, onde a santidade é perfeita, o próprio nome de Deus estará sobre a fronte dos seus filhos.

5. Conhecimento Perfeito. Hoje, conhecemos a Deus apenas em parte, mas na Formosa Jerusalém o nosso conhecimento será perfeito dentro do plano humano, em glória (cf.1Co.13:12).

6. Teremos interação perfeita. "E reinarão pelos séculos dos séculos" (Ap.22:5). Na Formosa Jerusalém, todos juntos, harmonicamente, e sempre, reinaremos. Isso jamais será conseguido aqui, mas no Perfeito Estado Eterno, sim!

7. Teremos ausência de pecados e dores. As Escrituras Sagradas prometem que o Céu será um lugar de perfeita bem-aventurança. Lá não haverá lugar para lágrimas, dor, tristeza e pranto. Lá o povo de Deus habitará com Ele por toda a eternidade, completamente livre de todos os efeitos do pecado e do mal. Lá, a morte estará completamente aniquilada (1Co.15:26), não assistiremos mais cerimônias fúnebres. Lá não haverá doença, fome, problemas ou tragédias, haverá apenas a alegria completa e bênçãos eternas. No Céu experimentaremos a eterna alegria, paz, fé, esperança e amor (Ap.22:1-5; 1Co.13:13).

Quantas coisas preciosas tem o Senhor reservadas à Sua amada Igreja! Concordo com o grande mestre, o pr. Antônio Gilberto, quando diz: “Se pudéssemos todos apreciar de fato, pela visão do Espírito, o que é o Céu, a eterna bem-aventurança dos salvos, teríamos tanto desejo de ir para lá, e nos desprenderíamos tanto das coisas daqui, que o Diabo não teria um só torcedor; um só amigo seu na terra. Inúmeros crentes por não terem essa visão estão demasiadamente presos às coisas deste mundo, que jaz no Maligno (1João 5:19)”.

CONCLUSÃO

Em breve, a Igreja, a "Noiva do Cordeiro", há de se encontrar com "o Noivo", nos ares (1Ts.4:17), glorificada, então haverá as "Bodas do Cordeiro", o casamento da Noiva (Igreja) com seu Noivo (Jesus) e a Noiva será elevada à condição de Esposa eterna, e viveremos felizes para todo o sempre, no Céu. É o estado final dos salvos. O apóstolo Paulo é claro ao dizer que a “nossa cidade está nos céus de onde esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp.3:20), ou seja, para que alguém entre no Céu é preciso que tenha sido salvo por Jesus e a salvação, como já tivemos oportunidade de estudar neste trimestre, somente se alcança mediante a fé em Jesus (Rm.5:1; Ef.2:8). Você é salvo? Se morrer hoje, vai para o Céu? Pense nisso!

Foi um prazer servi-los durante todo este ano. Que Deus os abençoe sobremaneira! No próximo ano, em Jerusalém celestial!

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 72. CPAD.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.
Claiton Ivan Pommerening. Obra da Salvação. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A vinda de Jesus e a ressurreição dos santos. Portal EBD.2005.
Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.

domingo, 10 de dezembro de 2017

Aula 12 – PERSEVERANDO NA FÉ


4º Trimestre/2017

Texto Base: 2Timóteo 4:6-8

"A que vencer, lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono" (Ap.3:21).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos a respeito da Perseverança na Fé. A palavra perseverança traduz a ideia de persistência, firmeza, constância, permanência. Jesus disse que com o aumento da iniquidade o amor de muitos esfriaria, mas também disse que quem perseverar firme até o fim será salvo. Jesus deixou claro que no mundo passaríamos por aflições (João 16:33); a pressão das potestades sobre a igreja seria muito forte. Paulo adverte: "Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2Tm.3:12). Como filhos de Deus precisamos perseverar fiéis até o fim; devemos buscar a Deus, rejeitar o pecado e resistir à apostasia. Os destinatários da carta aos hebreus estavam quase desistindo; por isso, receberam a seguinte exortação que se aplica também a nós: “Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque ainda dentro de pouco tempo aquele que vem virá, e não tardará; todavia, o meu justo viverá pela fé, e: se ele retroceder, nele não se compraz a minha alma. Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma” (Hb.10:36-39). Uma coisa é certa, sem perseverança na fé não há salvação.

l. A PERSEVERANÇA BÍBLICA

“Porém o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito e perseverou em seguir-me, eu o levarei à terra em que entrou, e a sua semente a possuirá em herança” (Nm.14:14).

1. Conceito bíblico de perseverança. Perseverar remonta a ideia de permanecer, resistir; na vida cristã, significa não desistir da fé cristã em tempos de tentação, aflição, angústia, provação e perseguição. Paulo era um homem perseverante (2Tm.4:6-8); preso em Roma, aguardava o momento da execução, não obstante, continuava a perseverar em as promessas de Cristo. Há pessoas que combatem o bom combate, porém antes de acabarem a carreira, abandonam a fé; abandonam o primeiro amor, não oram mais, não evangelizam mais, não se firmam mais nas promessas divinas. Se você já cruzou seus braços é tempo de recomeçar a trabalhar. Faça um novo pacto com Deus, sirva-o com dedicação e fidelidade, e sejas firme na fé em Cristo, esperando pacientemente nEle em tudo. 

Em Mateus 10:22, Jesus adverte os seus discípulos: “E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será Salvo”. Neste texto, Jesus quer nos mostrar que a perseverança é a autenticidade dos genuinamente salvos. Aqueles que permanecem até o fim nos tempos de perseguição mostram, por sua perseverança, que são crentes verdadeiros. Essa mesma afirmação se encontra em Mateus 24:13, onde se refere a um remanescente fiel de judeus que, durante a tribulação, recusará comprometer sua lealdade ao Senhor Jesus - “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo”. Sua perseverança os identifica como discípulos genuínos.

2. Provisão divina e cooperação humana. Na Carta endereçada à Igreja de Sardes, o Senhor faz sua promessa aos vitoriosos: “O que vencer será vestido de vestes brancas e, de maneira nenhuma, riscarei o seu nome do livro da vida, e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos Seus anjos” (Ap.3:5). A promessa aos vitoriosos é a de que jamais terão seus nomes riscados do livro da vida. Esta promessa do Senhor Jesus mostra que é perfeitamente possível alguém ter seu nome riscado do livro da vida durante a peregrinação terrena. Logo, a ideia popular de que "uma vez salvo, salvo para sempre" não tem amparo concreto nas Escrituras. A salvação é uma bênção que pode ser perdida ao longo de nossa existência. O Senhor já dissera a Moisés que “…aquele que pecar contra mim, a este riscarei eu do Meu livro…” (Ex.32:33), numa prova de que é perfeitamente possível que alguém, tendo sido salvo, volte à vida de pecados e, com isso, perca a sua salvação.

Uma pessoa verdadeiramente salva e convertida não pode perder a salvação por qualquer motivo e a qualquer momento, enquanto permanecer em Cristo (João 15:1-10; 10:26,27). Mas ela pode, sim, perdê-la se passar a ter uma vida relaxada e sem compromisso com a Palavra de Deus (1Co.15:1,2; 2Pd.2:20-22; 1Tm.4:1). Portanto, a perseverança da vida cristã é iniciada e garantida em Cristo (Fp.1:6), com o auxílio do Espírito Santo (João 14:26; Lc.11:13; Rm.8:26), juntamente com a cooperação e a sujeição do crente ao senhorio de nosso Senhor (2Pd.1:10; Tg.4:7-10).

No entanto, uma vez ocorrida a glorificação, último estágio do processo da salvação (Rm.8:30), a perda da salvação não mais será possível. Aos vencedores está prometida a imutabilidade do estado de salvação, visto que adentraremos na dimensão eterna, sendo como os anjos (Mt.22:30; Mc.12:25), ou seja, jamais podendo perder a comunhão com o Senhor, estando para sempre com o Senhor (1Ts.4:17). Por isso, amados irmãos, vale a pena perseverar até o fim.

II. O PERIGO DA APOSTASIA

1. Conceituando apostasia.  Apostasia deriva-se da expressa grega “apostásis”, que significa afastamento. Relacionada à fé cristã, apostasia significa abandonar a fé cristã de forma consciente e premeditada. Então, para que haja apostasia é necessário que a pessoa tenha experimentado o novo nascimento, ou seja, que tenha certeza de sua salvação e aí, de forma consciente e deliberada, abandona a fé e passa a negar toda verdade por ela experimentada. Ninguém pode abandonar aquilo que nunca teve. É, portanto, diferente daquela pessoa que vem para a Igreja, ou já nasce na Igreja, torna-se membro, porém, sem passar pela experiência da conversão e pelo fato da ausência de uma genuína doutrina bíblica em sua vida, e sem nenhuma experiência real de fé, vai para uma outra denominação, batiza-se novamente. Em casos como estes não se pode falar em apostasia; essa pessoa não tem qualquer noção do erro que está cometendo. O que ela precisa, na verdade, é de uma verdadeira conversão, ou de uma experiência real com Cristo. No Antigo Testamento, a apostasia era considerada adultério espiritual. Israel era chamado de “esposa de Jeová”, e sempre que Israel seguia a outros deuses, ou se curvava diante de ídolos, era acusado de apostasia. Esta foi, inclusive, a causa principal do cativeiro babilônico.

Não se pode confundir apostasia com heresia. Apostasia é a perda total da fé, enquanto heresia é a negação parcial, ou seja, é a negação de uma ou outra verdade da fé.

Também é importante não confundirmos apostasia com o pecado acidental. Acidentalmente, num momento de descuido, de falta de vigilância, o crente pode pecar, cair. Isto não significa estar desviado. O que caiu pode seguir o conselho de João e levantar-se: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo...Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”(1João 2:1; 1:9). Aconteceu com Davi. Num momento de descuido, de falta de vigilância, ele pecou, porém, não foi necessário desviar-se, afastar-se, ou ser afastado do Trono. Davi recomendou o seu pecado, confessando-o diante de Deus(Sl.51); foi perdoado e continuou sendo um homem de Deus. Davi caiu, porém, não se desviou. Contudo, é possível começar a afastar-se, ou desviar-se logo após uma queda acidental, ou seja, após ter cometido um pecado, que precisa ser confessado e ele não quer confessar. Pode, ainda, afastar-se devido a uma tristeza, ou uma decepção. Todavia, isto nada tem a ver com a apostasia.

O desviado pode, e deve voltar; o apóstata não voltará mais. Sobre a possibilidade de o desviado voltar, podemos entender através da parábola do filho pródigo (Lc.15:11-32) e de exemplos que já ocorreram várias vezes em nossas igrejas. O Senhor Jesus deixou clara a possibilidade do filho voltar à casa do Pai, embora tenha ido para muito longe, embora tenha sofrido e causado grandes prejuízos: “...desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente...”. Mediante o reconhecimento do seu erro, se sua decisão de retornar, e com humildade ter feito sua confissão e seu pedido de perdão –“Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho” -, o pai não impôs qualquer restrição, mas, recebeu-o novamente como filho – “Mas o pai disse aos seus servos: trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se”.

É certo que hoje, a casa do Pai, representada pela igreja, está com as portas abertas para receber todos aqueles seus filhos que, um dia foram embora. Satanás usa de suas artimanhas para convencer aquele crente que pecou, bem como aquele que se desviou, voltando para o mundo, de que não há mais perdão para ele, que ele cometeu pecado imperdoável e que está, realmente, perdido, que é um apóstata. Pecar, por um momento de descuido; afastar-se da Igreja, ou desviar-se, quer seja porque tenha pecado, quer seja por ter sofrido uma decepção, quer seja por ter perdido o ânimo, por falta de oração, de alimento espiritual, nada tem a ver com o pecado imperdoável ou com apostasia.

2. A prática da apostasia. O Inimigo de nossas vidas, juntamente com as hostes espirituais da maldade, deseja pelejar contra nós (Ef.6:12). Entretanto, a prática do pecado é uma responsabilidade pessoal e intransferível do indivíduo (Ez.18:4,20; cf. Rm.6:23). Nesse sentido, a apostasia sempre será praticada de maneira consciente, deliberada e voluntária. Veja alguns exemplos de apostasia nas Escrituras:

a) Aconteceu com Saul. Saul tinha plena consciência das coisas de Deus, no entanto, negou tudo que sabia sobre Deus e sua Palavra, ao decidir procurar uma feiticeira – “Então, disse Saul aos seus criados: buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela e a consulte...”(Sm.28:7). Veja que estado deplorável desse rei. Antes, foi um homem cheio do Espírito de Deus, teve profunda experiência com Deus - por ordem sua foram mortos aqueles que consultavam espíritos, ou seja, médiuns, adivinhos ou feiticeiros (1Sm.28:9). Agora, se submete aos ditames diabólicos, por intermédio de uma feiticeira. Saul não chegou a esse deplorável estado espiritual num só lance, mas, em muitas e sucessivas atitudes de rebeldia e pecaminosidade. Como “um abismo chama outro abismo”(Sl.42:7), Saul acabou, por fim, cometendo o terrível pecado da apostasia. Saul negou todas as verdades que conhecia e que tinha vivido, desprezou Deus e sua Palavra, de forma consciente e premeditada; nisto consiste o pecado da apostasia. Este é, pois, um perigo que corre com um desviado. O rei Saul era um desviado. O pecado da Apostasia não é cometido num só lance, ou num único ato. O pecado continuado leva o homem a perder todo temor de Deus, e a endurecer-se contra a verdade contida na Palavra de Deus. A partir daí a porta está aberta para a apostasia.

b) Aconteceu com Judas Iscariotes. Judas foi aceito por Jesus para ser apóstolo. Recebeu poder para pregar o evangelho do reino, curar enfermos e expulsar demônios – “E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, e para curarem toda a enfermidade e todo mal (Mt.10:1). Judas seguiu Jesus, conheceu-o profundamente, aprendeu com ele nos três anos de Ministério. Sendo um homem de confiança, foi escolhido para ser tesoureiro do grupo. Um dia, porém, usou parte do dinheiro em benefício próprio. Acostumou com esta prática pecaminosa, tornou-se ladrão, segundo afirmou o apóstolo João: ”...era ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava”(João 12:6).

O pecado continuado através da prática de desvio de dinheiro, ou de furto, levou Judas a perder sua sensibilidade espiritual. Certamente, que sua ambição pelo dinheiro e pelo poder, foi crescendo, gradativamente. Pressentindo que Jesus não seria proclamado Rei, tomou a decisão de entregá-lo às autoridades judaicas, por dinheiro, é claro! Com seus olhos espirituais cegos pela “avareza, que é idolatria”(Cl.3:5), Judas esqueceu-se de tudo o que havia feito através do poder de Deus que recebera, esqueceu-se de tudo que tinha visto Jesus fazer nos três anos que esteve com ele, desprezou o fato de saber que ele era o Filho de Deus, e  por trinta moedas de prata (Mt.26:14-16) consumou o pecado da apostasia. Não havia mais possibilidade de retorno para Judas – “...retirou-se e foi-se enforcar”(Mt.27:5). Tudo começou quando, sendo tesoureiro, usou algumas moedas em benefício próprio. A prática continuidade do furto tornou-o espiritualmente insensível às coisas de Deus, e ele se tornou um apóstata. Este é um risco que corre todo crente desviado. Nem todo crente desviado é um apóstata, porém, o endurecimento continuado do coração pode leva-lo à apostasia. Não é raro encontrar alguém que já foi uma bênção nas mãos de Deus, agindo, agora, com tanta incredulidade, e impiedade, como se nunca houvesse conhecido a Deus, como se fosse um ateu nato. Ele apostatou-se! 

c) Aconteceu com Israel. O pecado da Apostasia, normalmente, resulta como consequência da prática continuada de outros pecados. Israel conhecia Deus e tinha experiência com ele. Esta é uma condição básica para que alguém possa conhecer o pecado da apostasia. O apóstata tem que tomar sua decisão de forma consciente e premeditada. Apesar de tudo que Israel viu Deus fazer no Egito e em dois anos no deserto, mesmo assim Israel persistiu sendo rebelde, desobediente, duro de coração, incrédulo. Assim, em Cades Barnéia, no deserto de Parã, o cálice da ira de Deus se encheu, diante de mais uma provocação – “E disse Deus a Moisés: até quando me provocará este povo? E até quando me não crerão por todos os sinais que fiz no meu deles? Com pestilência o ferirei, e o rejeitarei...” (Nm.14:11,12). Agora, não havia mais a possibilidade de um acordo. A apostasia estava consumada.

Assim, baseado no que aconteceu com Israel, que, pela prática do pecado continuado, sem arrependimento real e sincero, acabou praticando o pecado da apostasia, também estamos sujeitos a cometer aquele mesmo erro. Este é um risco que corre o crente desviado.

Muitos homens que se dizem pastores e mestres torcem as Escrituras e vendem a alma ao Diabo, tentam introduzir o mundo na Igreja, sob a alegação de que esta não pode viver alheia à modernização – é a doutrina de Balaão. Tenhamos cuidado! A doutrina de Balaão continua a fazer estragos! Ela quer comprometer a Igreja, impregnando-a com a cultura e com os costumes do mundo (Rm.12:1).

III. SEGUROS EM CRISTO

Não existe nenhuma segurança verdadeira e definitiva, a não ser a segurança que temos em Cristo. A nossa segurança está ligada à nossa esperança, a esperança de que as nossas tribulações são leves e momentâneas em relação à glória que está no porvir (2Co.4:17).

1. Cristo garante a salvação. Só Cristo garante a salvação com o aval do seu sangue e com o penhor da sua ressurreição. Mas, a graça de Deus não exclui a minha escolha. Se qualquer salvo escolher “naufragar na fé” (1Tm.1:19,20), ou apostatar (1Tm.4:1), ou desviar-se, como fez Judas (At.1:25; 2Pd.2:1,20-22), com certeza abrirá mão da preciosa salvação pela graça. O homem possui, sim, a livre-vontade e pode rejeitar a obra de Cristo realizada na cruz. Por isso, Deus amou o mundo de tal maneira, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16). Deus é poderoso para nos guardar de tropeçar, desde que permaneçamos em Cristo (João 10:27,28).

Deus sempre quis que todos se salvassem (1Tm.2:4), e não tiraria a salvação de ninguém, posto que é misericordioso. Ele não tirou de Esaú o direito à primogenitura, mas Esaú a perdeu. Por quê? Porque foi profano. O próprio Inferno foi preparado para o Diabo e seus anjos (Mt.25:41), numa prova de que Deus não deseja que os seres humanos vão para lá, porém muitos homens irão para o Lago de Fogo (Ap.20.21:8; 22:15); e não irão para lá por não terem sido alcançados pela graça de Deus, e sim porque serão “julgados cada um segundo as suas obras” (Ap.20:13).

A Bíblia diz para nos achegar-nos a Deus (Tg.4:8; 1Pd.2:4). Ele faz a sua parte, porém temos de fazer a nossa.

2. A alegria da salvação. Uma das maravilhosas consequências que alcançamos quando aceitamos a Cristo é a alegria da salvação (Sl.51:12; Is.12:3; Lc.15:22-25,32). Quando observamos que a salvação nos traz alegria, vemos, claramente, que Deus é um Ser alegre, pois, ao sermos salvos, passamos a ter o caráter divino e a alegria é uma das qualidades deste caráter. Davi fala, no salmo 51, da “alegria da salvação” e, assim, percebemos que a salvação é a fonte inicial da alegria espiritual. A salvação gera no crente uma alegria espiritual permanente, que não se acaba e que só tende a aumentar, assim como a nossa vida com Cristo, que, sendo uma vida, impõe um crescimento contínuo. A forte impressão de prazer trazida pela regeneração, pelo novo nascimento tem de aumentar a cada passo de nossa comunhão com Cristo, pois, se buscarmos mais a Deus, certamente seremos cada vez mais ungidos com o “óleo da alegria”, ou seja, teremos cada vez mais intensa comunhão com o Senhor, numa proximidade com Deus (Tg.4:8a), que só nos fará aumentar esta alegria.

3. A certeza da vida eterna - "Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna..." (1João 5:13). A certeza de vida eterna não é presunção de alguém ou mérito de quem quer que seja. A Bíblia declara que ter a vida eterna é uma graça (favor não merecido) exclusiva de Deus. Se você crer em Jesus e o aceitar como único Senhor e suficiente Salvador e permanecer fiel até à morte(Ap.2:10) terá a vida eterna.

A vida eterna é a maior promessa que o Senhor, pela sua graça nos concedeu. João afirmou isso com firmeza em 1João 2:25 – “E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna”. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus (1João 5:11-13). Portanto, como filhos e herdeiros de Deus, temos a certeza da vida eterna. Esta garantia é para todos aqueles que um dia firmaram, por meio da fé, um compromisso com Cristo, isto é, creram em Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.

- Temos a certeza da vida eterna porque somos agora filhos de Deus – “Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele; Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”(1João 3:1,2). A verdade que Deus é nosso Pai celestial e que nós somos seus filhos é uma das maiores revelações do Novo Testamento. Ser filho de Deus é a base da nossa fé e confiança em Deus (Mt.6:25-34) e da nossa esperança da glória futura. Como filhos de Deus, somos herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm.8:16,17; Gl.4:7). O alvo final de Deus ao nos tornar seus filhos é salvar-nos para sempre (João 3:16) e nos conformar à imagem do seu Filho (Rm.8:29).

- Temos a certeza da vida eterna quando temos um intenso anelo e uma inabalável esperança pela volta de Jesus Cristo, para nos levar para si mesmo – “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos; E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro”(1João 3:2,3).

O nosso fundamento na certeza da vida eterna não está firmado no mérito próprio, mas única e exclusivamente no mérito da obra salvífica de Cristo Jesus (Hb.9:27,28).

“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”.

CONCLUSÃO

Perseverança não significa que ao proclamar a fé em Cristo já temos a segurança eterna, mas que dependemos cotidianamente do Espírito. A possibilidade de a apostasia acontecer deve ser levada a sério de acordo com a advertência do escritor de Hebreus: "Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério" (Hb.6:4-6). Não por acaso o Senhor Jesus advertiu: "Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus" (Lc.9:62). E mais: "Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem" (João 15:6). Bem como disse o apóstolo dos gentios aos gálatas: "Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído" (Gl.5:4). Veja outras advertências: 1Tm.1:19; 1Tm.4:1; 2Tm.2:12. O alerta para perseverarmos na fé é porque há sim a possibilidade de enfraquecermo-nos e apostatar-nos da fé.

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 72. CPAD.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.
Claiton Ivan Pommerening. Obra da Salvação. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. As Doutrinas da Graça de Deus. Portal EBD.2006.
Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.
Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.