domingo, 31 de julho de 2011

Aula 06 - A EFICÁCIA DO TESTEMUNHO CRISTÃO

Texto Básico: Mateus 5:13-16; Romanos 12:1,2

"Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo" (Fp 2.15).

INTRODUÇÃO
A vida cristã deve ser o modelo e o referencial para a sociedade. Por isso, o Testemunho Cristão não deve ser visto como uma opção, e sim, como um imperativo. Para que a missão integral da igreja seja eficaz é preciso ter como base a vivência na Palavra de Deus. Não se trata de uma experiência apenas intelectual, envolve também a prática. Precisamos viver o que pregamos, ou pregar o que vivemos. Não há uma dualidade entre o que o crente diz e faz, do tipo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. O testemunho é feito principalmente por meio de nossa vida. Ele fala aos nossos ouvintes mais alto até que nossas palavras. Por isso o apóstolo Paulo exorta-nos: "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”. É dever de todo cristão, ter uma vida íntegra, independente do modelo e dos padrões da sociedade moderna. Como disse o Senhor, por intermédio do profeta Malaquias: "Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não serve" (Ml 3.18); demonstrando, assim, que o mundo deve ver esta diferença em nós (2Rs 4.9; 1Tm 4.12).
Para ilustrar a importância do testemunho cristão, o Senhor Jesus utilizou-se de dois elementos comuns aos ouvintes: o sal e a luz(Mt 5:13,14). A ilustração do sal fala do nosso caráter; a luz fala do nosso testemunho. Observe que Cristo falou primeiro do sal da terra e depois da luz do mundo. Assim, o caráter precede o testemunho.
A importância vital desses dois símbolos pode ser observada pelos efeitos que exercem. Se o sal for insípido, perderá totalmente o seu valor (Mt 5:13). Se a luz estiver apagada ou escondida, nenhum benefício trará ao ambiente (Mt 5:14).
I. O CRISTÃO COMO SAL DA TERRA
“Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens”(Mt 5:14). Quando proferiu estas palavras, Jesus achava-se em Cafarnaum, cercado por grande multidão, num lugar que hoje é apontado como o Monte das Bem-aventuranças. Elas falam sobre a influência e a responsabilidade do cristão neste mundo. Estas palavras serviram para os ouvintes daquele tempo e é ainda útil para os cristãos hoje, pois através delas aprendemos que devemos ser exemplo para o mundo e, ao mesmo tempo, devemos militar contra o mal e a corrupção da sociedade.
Ao dizer que somos o “sal da terra”, o Senhor nos identificou a Ele, já que o sal era o elemento presente em todas as ofertas de manjares apresentadas ao Senhor (Lv 2:13) – “E toda a oferta dos teus manjares salgarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de manjares o sal da aliança do teu Deus; em toda a tua oferta oferecerás sal”. Nota-se que o sal era SINAL da aliança entre Deus e Israel. Por isso era chamado sal da aliança, mostrando que a aliança era inviolável. Também simbolizava a permanência no fato de que dava imunidade contra a corrupção. Também indicava comunhão e fidelidade, visto que as alianças eram seladas com uma refeição comum, na qual o sal era ingrediente importante. Conheça outras “alianças de sal” em Números 18:19, 3Crônicas 13:5 e Ezequiel 43:24.
1. Ser “sal da terra” é dar sabor ao ambiente onde vivemos. O sal dá sabor, faz com que o alimento se torne gostoso, temperado e agradável. Como crentes, devemos tornar o lugar onde estamos agradável, apetitoso, equilibrado. Como as pessoas se sentem quando estão conosco? Será que irradiamos paz, tranqüilidade, confiança, pureza, equilíbrio e moderação? Será que, com exceção daqueles que estão sob possessão maligna, nossa presença é um lenitivo espiritual para as pessoas que nos cercam? Ou será que nós, ao invés de sermos “sal da terra”, temos sido “vinagre”, azedando o ambiente, tornando-o ácido e de difícil convivência? Somos pacificadores ou, pelo contrário, por nosso intermédio é que se produzem as contendas e porfias nos relacionamentos?
Devemos ter muito cuidado para que o sal da nossa vida espiritual e do nosso testemunho não venha a perder o sabor: “O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor?”(Lc 14:34). Se ele perde o sabor, não servirá para mais nada, só para ser pisado pelos homens. "Se o sal for insípido, não mais presta senão para ser lançado fora e pisado pelos homens"(Mt 5.13b). Assim é o mau crente que perdeu o temor de Deus e procede desonestamente no seio da comunidade em que vive.
2. Ser “sal da terra” significa, também, trazer “calor humano”, solidariedade e amor ao lugar onde estamos. Com efeito, nos países temperados e frios, o sal é utilizado para impedir que o gelo e a neve se produzam nas estradas e ruas no rigor do inverno. O sal, portanto, impede que se consolide a frieza, que predomine o gelo. Temos sido instrumento para o aumento da amizade e do companheirismo entre as pessoas? Temos levado as pessoas a reavaliar a sua relação com Deus, ou somos os principais “refrigeradores” do ambiente onde estamos, levando as pessoas a se distanciar cada vez mais do “Sol da justiça” e do “fervor espiritual”?
3. Ser “sal da terra” é conservar o ambiente onde se encontra, é preservar a sua qualidade. Nos tempos antigos, e até mais recentes, este era o recurso para evitar a deterioração dos alimentos perecíveis, de modo que podiam ser ingeridos a qualquer tempo, sem a perda de seus valores nutricionais. Se o mundo ainda não apodreceu de vez, se tudo ainda não “degringolou” definitivamente, é porque ainda existe um povo que é o “sal da terra”: a Igreja. Em Apocalipse estão descritas uma série de pragas e destruição que serão desencadeadas com a nossa partida durante o arrebatamento, então de certa forma, estamos preservando também este mundo da sua iminente destruição.
4. Ser “sal da terra” é ser instrumento de resistência. O cristão, onde quer que se encontre, precisa ser um instrumento da resistência do Espírito Santo contra a corrupção, contra a degeneração total deste mundo (2Ts 2:7). Como se comportam as pessoas que conosco convivem quando vão encetar conversas imorais, chocarrices e outras más conversações? Será que se incomodam com a nossa presença? Será que nos respeitam? Ou será que somos os primeiros a nos assentar na roda dos escarnecedores? O ambiente aumenta de padrão moral com a nossa presença, ou não fazemos a menor diferença? Se somos “sal da terra”, evidentemente que somos um instrumento de resistência e, embora não possamos “consertar o mundo”, pelo menos um pouco de moralidade, pureza e santidade levaremos ao ambiente, pois, se somos “sal da terra”, não permitiremos a deterioração total do ambiente.
5. Ser “sal da terra” é estimular sede espiritual nos outros. Na falta de água doce o náufrago, na ânsia de matar a sede, pode chegar a ingerir a água do mar, e isto vai fazer com que sinta mais sede ainda, pois a água salgada aumentará a sudorese e, consequentemente, o náufrago irá desidratar-se mais rápido, aumentando assim a sua sede. Logo, está biologicamente comprovado que o sal produz sede. O cristão como o sal precisa produzir sede espiritual nos outros, como fez Jesus no 8º dia da festa dos tabernáculos (João 7:37b).
Como está a sua vida nessa área? Você tem salgado o seu ambiente? Através do seu testemunho cristão você tem se posicionado contra a corrupção? Esse é o desafio para o verdadeiro discípulo de Cristo.
II. O CRISTÃO COMO LUZ DO MUNDO
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte”(Mt 5:14). Como LUZ, o cristão, conduz as pessoas àquele que é a fonte da salvação.
1. O que é “ser luz do mundo”. Diferente do sal, que não é visto em ação, a luz só tem valor quando é percebida. A ausência da luz permite que a escuridão prevaleça. Mas, quando a luz chega, as trevas desaparecem.
a) Ser “luz do mundo” é iluminar o mundo. Isto significa fazer resplandecer a luz do Evangelho de Cristo (2Co 4:4), o que somente se faz quando praticamos a verdade, quando temos um comportamento de total submissão às Escrituras (2Co 4:2). Quando vivemos conforme a Palavra de Deus, os homens veem que estamos na luz e identificam que somos filhos de Deus e, por isso, glorificam ao nosso Pai que está nos céus, pois sabem que nossas obras são boas (Mt 5:16).
b) Ser “luz do mundo” é ter comunhão com Deus. Isto significa viver sem pecar e, se pecarmos por acidente, pedirmos imediatamente perdão a Deus e a quem ofendermos, como também termos comunhão uns com os outros, com a “família de Deus”(Ef 2:19), pois só assim teremos condição de estar debaixo do poder purificador do sangue de Cristo (1João 1:5-7).
c) Ser “luz do mundo” é amarmos o próximo como a nós mesmos. Não é apenas dizer que amamos, mas tomarmos atitudes reais que demonstram o nosso amor pelo outro (1João 3:17-19), guardando, assim, os mandamentos do Senhor (1João 3:24).
d) Ser “luz do mundo” é também trazer não só iluminação, mas também calor para o mundo. A luz também produz calor e é necessário que o cristão traga, ao mundo, fervor espiritual (Rm 12:11). Para termos fervor espiritual, faz-se mister que vivamos uma vida de santificação, de oração e de jejum, para que sejamos vasos de honra na casa do Senhor e nossas palavras possam “ferver”, atingindo os corações (Sl 45:1). Uma vida de separação do pecado é indispensável para que tenhamos “fervor”, que não se confunde com “barulho” nem tampouco com “emocionalismo” ou “movimentos carnais”.
e) Ser “luz do mundo” é produzir energia. O cristão verdadeiro traz ânimo e estimula os demais a buscar a Deus, a temer a Deus. Quando o cristão vive uma vida de sinceridade, todos que estão à sua volta percebem a sua condição de santo homem de Deus (2Rs 4:9) e, por isso, passam a desejar a sua companhia, ainda que inconscientemente, pois todo homem tem dentro de si um vazio do tamanho de Deus. Muitas vidas têm se rendido a Cristo por causa dos testemunhos destas “luzes do mundo” que estão a brilhar por este mundo afora (Fp 2:15). O verdadeiro cristão é um dínamo, uma testemunha de Cristo que, revestida de poder, leva multidões aos pés do Senhor com o seu exemplo (1Pe 2:21).
f) Ser “luz do mundo” é manter-se anônimo. Quando brilhamos, não fazemos aparecer a nossa imagem, pois somos apenas espelhos(2Co 3:18), luzeiros(Fp 2:15 ARA), que estão a refletir a imagem de Cristo, o único que deve aparecer e ser glorificado.
2. Algumas características de grande valor.
a) A luz não tem preconceitos.
Ela tanto brilha sobre um criminoso como sobre uma criança inocente. Ela tanto brilha sobre um lamaçal, como sobre uma imaculada flor. Assim deve ser o crente no desempenho de sua missão de luz no mundo, esparzindo a luz do Evangelho de Cristo sobre todos os povos e indivíduos, independente de idade, sexo, cor, religião, profissão e posição.
b) A luz precisa ser alimentada (ver Mt 5:15,16). A luz que iluminava as casas nos tempos de Jesus era de lamparina, alimentada através de um pavio mergulhado em azeite. O tipo de material da lâmpada variava, mas o combustível era um só: o azeite. O mesmo ocorre ao verdadeiro cristão. Ele depende sempre do óleo do Espírito Santo para difundir a luz de Cristo e a luz do Evangelho.
c) A luz não se mistura. Mesmo que ela ilumine lixo, sujeira, lamaçal, etc, ela não se contamina. Assim deve ser o crente: viver neste mundo tenebroso à difundir a luz de Cristo, sem se contaminar com o pecado e as obras infrutuosas das trevas. Os crentes primitivos tinham um testemunho tal que as pessoas não ousavam se aproximar e se misturar com eles (cf. At 5:13). Os crentes, pela sua vida de santidade, pela sua comunhão com o Senhor, geravam temor, respeito e estima entre os incrédulos. Isto também já presenciamos, décadas atrás, na nossa sociedade em relação à igreja evangélica brasileira. Entretanto, nos últimos tempos, não há mais isto em nosso meio. Pelo contrário, não são poucos os crentes que fazem questão de se parecer com os incrédulos, não são poucos os crentes que querem se envolver, se misturar com os incrédulos, de tal maneira que já não é tão fácil identificar uma pessoa que se diz crente da que não é. Não estamos aqui falando de aparência, de vestimenta ou de coisas semelhantes, mas de algo muito mais profundo: de uma espiritualidade diversa.
d) A luz resplandece. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”(Mt 5:16). Todos nós sabemos quão difícil é andar em lugares escuros; podemos tropeçar e cair. Resplandecer diante dos homens é dar condições a eles de verem o caminho certo e andar sem tropeçar. O importante é que devemos resplandecer diante deles, porque só assim a luz estará cumprindo a sua finalidade. Podemos resplandecer com a nossa fé e as nossas boas obras.
III. O TESTEMUNHO DO CRENTE
No antigo testamento, o “testemunho”
era algo que podia ser visto e observado, um sinal, uma prova de algo. Temos como exemplos o conteúdo da própria arca, a saber, as tábuas de pedra que reproduziam os dez mandamentos, escritos pelo dedo de Deus (Ex 31:18; 32:15; 34:29; 40:20; Lv 16:13; Nm 17:10). Encontramos, também, em algumas passagens na história de Israel, coisas que serviam de prova de fatos para o povo como o altar construído pelas tribos de Ruben, Gade e a meia tribo de Manassés (Js 22:34) ou a pedra que serviu de prova do pacto renovado por Israel na velhice de Josué (Js 24:27).
A importância do “Testemunho” era tanta que a própria arca foi chamada, por vezes, de “arca do testemunho” (Ex 25:22; 26:33,34; 30:6,26; 31:7; 39:35; 40:3,5,21; Nm 4:5; 7:89; Js 4:16). Também, foi chamado de “testemunho” a própria lei do Senhor (Dt 31:9; Sl 19;7; 78:5; 119:88). Uma demonstração, uma comprovação de que Deus havia dado Sua lei ao povo e que tal lei devia ser cumprida.
No período da Graça de Deus, o “testemunho” é mais forte do que as pedras das tábuas da lei. Neste novo pacto firmado na pessoa de Jesus Cristo, na nova aliança, a lei do Senhor não está mais gravada em tábuas de pedra, mas, sim, nos corações de cada pessoa salva (Jr 31:31-33; Hb 8:8-10). Este testemunho é superior ao anterior, porque é feito por intermédio de “pedras vivas” (1Pe 2:5), por pessoas que são verdadeiras cartas lidas e conhecidas por todos os homens (2Co 3:2). O poeta sacro Bruno Skolimovsky bem disse: “O povo de Deus aqui na Terra tem um sinal” (início da primeira estrofe do hino 455 da Harpa Cristã). Este sinal é o testemunho! Jesus Cristo disse que Seus discípulos seriam “testemunho” perante governadores e reis e perante os gentios (Mt 10:18; Mc 13:9; Lc 21:12,13), bem como que o próprio Evangelho seria “testemunho” para todos os povos (Mt 24:14).
Para ter o testemunho de Jesus é preciso crer em Jesus como o Filho de Deus (1João 5:10). É pela fé em Jesus que se inicia o testemunho do discípulo do Senhor, como, aliás, já ocorria com os antigos (Hb 11:2). Por isso, o testemunho cristão não vem do homem, mas, sim, de Deus (1João 5:9), porquanto a fé vem de Deus (Ef 2:8). Quem crê em Jesus começa a ter o testemunho, pois “…o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em Seu Filho” (1João 5:11).
1. O testemunho é algo que é reconhecido por todos os que o veem. O testemunho do crente, ou sua conduta, ou sua maneira de viver é o cartão de visita de sua Igreja. Um crente, sem dizer palavras, pode abrir ou fechar as portas para o Evangelho. Hoje, quando falamos de Jesus, ou de nossa Igreja, e alguém nos diz: “eu conheço um crente”, ou “eu tenho um parente que é crente”, nós já nos colocamos na defensiva, prontos para explicarmos sobre a existência das “virgens loucas e das prudentes”, dos “peixes bons e ruins”, do “joio e do trigo”.
Com tantas denominações ditas evangélicas, porém, sem ensino bíblico, com tanta gente mudando para a “religião evangélica”, sem mudança de vida, ou sem o Novo Nascimento, com os escândalos se multiplicando até mesmo entre os que são chamados de “obreiros”, o testemunho do crente está sendo desacreditado. Porém, ainda há crentes, homens de Deus, como Elizeu, que deixam um rastro de luz por onde passam, testificando das grandezas de Deus, mesmo sem dizer palavras. Falando de Elizeu, a Sunamita não disse ter ouvido o que ele falou, mas, “tenho observado”(cf 2Reis 4:8-9).
2. O Testemunho do cristão através do seu andar ou de seu modo de viver - “Andai com Sabedoria para com os que estão de fora...”. Aqui, a expressão de Paulo “os que estão de fora”, refere-se àqueles que não pertencem à Igreja, ou, que não são crentes, como nós. Desta forma, “os que estão de fora” podem estar dentro de nossa casa, ser nossos parentes; podem estar ao lado de nossa casa, ser nossos vizinhos; podem estar ao nosso lado, sendo nossos colegas de trabalho, ou de escola; podem estar nos caminhos por onde passarmos e nos locais onde convivemos.
Toda essa gente que nos cerca, que nos conhece, que convive conosco - pode não ler a Bíblia, mas, certamente, lê a nossa vida. Gostando do que leram em nós, poderão sentir desejo de ler, também, a Bíblia.
Fica claro que o crente não pode separar o que ele faz, daquilo que ele é. Não tendo uma maneira de andar conforme deve andar um seguidor de Jesus, então, também, não pode, ou não deve, falar que é um crente em Jesus. Conta-se que um “crente” estava falando de Jesus e de sua Palavra. Uma pessoa que o conhecia, disse-lhe: “O que você faz fala tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz”. Assim, para poder dizer que é um discípulo de Jesus, para poder dar o seu testemunho de crente, é preciso viver como um discípulo e ser um crente.
Portanto, “Andar com sabedoria para com os que estão de fora...”, pelo seu testemunho de crente, pode ser um ganhador de almas, mesmo sem dizer palavras.
3. O Testemunho do cristão confirmado pelo falar - “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal”(Cl 4:6). Esta é outra maneira do crente testemunhar, ou dar o seu testemunho do que o Senhor Jesus fez em sua vida. Para isto não precisa ser um eloqüente pregador, não precisa possuir nenhum diploma, não precisa ser uma pessoa influente - precisa ter o que falar de Jesus.
Uma palavra temperada com sal:
a) Traz equilíbrio.
O apóstolo Paulo, ao afirmar que a palavra do crente deve ser temperada com sal, mostra-nos que deve haver um equilíbrio, uma moderação nas nossas palavras. O crente deve saber avaliar os prós e os contras antes de abrir a sua boca. Deve controlar os seus sentimentos, as suas emoções, colocando todo o seu ser sob o controle do Espírito Santo. A temperança, o equilíbrio, a moderação, o autocontrole no falar é absolutamente necessário para que tenhamos um testemunho irrepreensível diante dos homens.
b) É agradável aos ouvintes. Uma palavra temperada com sal é uma palavra que traz agrado dos ouvintes, traz satisfação, emoções favoráveis. Paulo disse que a palavra deve ser sempre agradável, ou seja, causar simpatia, não repugnância; deve trazer alegria, não tristeza; deve trazer esperança, não desespero.
c) Proporciona edificação espiritual. Uma palavra temperada com sal é uma palavra que traz aos ouvintes edificação espiritual, que contribua para o seu progresso espiritual, para o próprio despertamento da espiritualidade na vida daqueles que não conhecem Jesus como Senhor e Salvador. Uma palavra que traz paz, equilíbrio, consolo, conforto; uma palavra que privilegia a vida, o respeito, a honra, enfim, os valores morais.
d) Traz cura para a alma. Uma palavra temperada com sal é uma palavra que traz cura para as feridas das pessoas, que é capaz de ser alívio e remédio para as dores das pessoas, não as dores físicas, mas de origem sentimental, emocional e espiritual. A palavra do cristão deve ser tal que produza conforto, consolo e alívio para os perdidos, de modo a levá-los ao conhecimento do Consolador, do Deus de toda a consolação.
Podemos dar nosso testemunho de crente? Se pudermos preencher as três condições acima, então demos nosso testemunho de cristão, vivendo como deve viver um crente em Jesus e contando a todos o que Ele fez em nós e por nós.
CONCLUSÃO
Para que o testemunho cristão seja eficaz é necessário que sejamos diferentes. Ser diferente é ser “pedra viva”, é ser testemunha de Jesus, e uma testemunha não pode ser comprometida com o mundo, alheia ao senhorio de Cristo, hipócrita, falsificadora da Palavra, interessada em coisas desta vida. Uma testemunha não pode estar presa às circunstâncias da vida, mas, como prova de Deus, tem de superar o tempo e todas as demais circunstâncias.
Temos sido testemunhas de Jesus? Há transformação à nossa volta por causa de nosso testemunho? O Senhor tem confirmado o nosso testemunho com demonstração de poder? Temos tido alguma relevância na sociedade em que vivemos? A ordem do Senhor é que sejamos Suas testemunhas onde estivermos.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Caramuru Afonso Francisco – A beleza do Testemunho cristão.

sábado, 30 de julho de 2011

HUMILDADE, SOBRETUDO DAS TESTEMUNHAS DE CRISTO







“... revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”(1Pedro 5:5).

Humildade é uma condição necessária para todo aquele que quiser ser uma testemunha de Cristo. A humildade foi uma das características marcantes na vida e no Ministério de Jesus -“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração...”(Mt 11:29).

Os Cristãos primitivos foram ensinados que o orgulho, a altivez, a soberba eram coisas do mundo e que “... Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes...”(Tiago 4:6). Neste mesmo sentido ensinou o Apóstolo Paulo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”(Fp 2:3).

Pelo que se pode observar, entre os crentes da Igreja primitiva não havia sentimentos de grandeza, orgulho, soberba, superioridade – “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam...” (Atos 4:32).

Portanto, para dar testemunho de Cristo é necessário andar em humildade. Contudo, existem muitas idéias erradas sobre o verdadeiro sentido da humildade. Assim, para que o crente sinta firmeza no seu testemunho de salvo em Cristo vamos considerar o que não é humildade.

1. Humildade não é pobreza. Normalmente quando alguém quer se referir a um irmão muito pobre costuma-se dizer “é um irmão muito humildezinho”. Porém, nem todo pobre é humilde, bem como nem todo rico é soberbo, ou orgulhoso. Existem pobres revoltados pelo simples fato de serem pobres. Não se conformam, têm inveja dos ricos. Humildade e inveja são dois sentimentos que não podem habitar juntos. A presença de um elimina o outro.

2. Humildade não é Ignorância. Costuma-se dizer: “aquele irmão é muito humilde, nem ler ele sabe”. Todavia, para ser orgulhoso, altivo, soberbo, não precisa saber ler. Nem todo analfabeto é humilde e nem todo letrado e sábio tem que ser altivo e soberbo. Por certo que temos muitos Obreiros, especialmente dos mais antigos, que não tiveram o privilégio de cursar nem o primeiro grau, porém, eles mesmos e um grande número de crentes que foram ganhos por eles estão vivendo como verdadeiras testemunhas de Cristo. Por outro lado existe uma nova geração de Obreiros que possuem vários diplomas de curso superior, são muito cultos, escritores, estes sempre gostam de escrever, pelo menos um “livrinho” para ser contado entre os escritores. Muitos destes que deixaram a verdadeira humildade correm o risco de nem estar vivendo como Salvos.

3. Humildade não é acomodação, falta de ideal. Ser testemunhas de Cristo não significa acomodar-se, perder o ideal, a vontade de progredir. Crescer, prosperar, ter objetivos, estabelecer alvos faz parte da natureza do homem e não prejudica sua Salvação, desde que esse homem não permita que nada ocupe o lugar de Deus, como Senhor em sua vida. O acomodado estando desempregado, não se preocupa. Sua casa está caindo, ele não toma qualquer providencia. O jovem acomodado não trabalha, não estuda, não aprende uma profissão. Não tem sonhos. Alguém diz: ele é muito humilde. Nós, porém, diríamos que é acomodado, é uma pessoa sem ideal, talvez doente.
Um homem de Deus, que dá testemunho de salvo, precisa ser humilde, mas, a humildade não pode anular o idealismo, desfazer os sonhos, neutralizar a vontade de vencer, de passar a limpo o que receber no rascunho, de virar para “direito” a roupa que lhe derem no “avesso”. Portanto, humildade não é sinônimo de acomodação.

4. Humildade não significa falta de Autoridade. Ser testemunha de Cristo não significa ser bobo, deixar-se enganar. Humildade não anula direitos. O crente humilde e que vive dando testemunho de salvo pode, em algum momento, julgar conveniente abrir mão de algum direito, mas, isto ele o faz de forma consciente, porque, às vezes, o perder é melhor do que o ganhar. Mas, são atitudes de grandeza espiritual e não incapacidade para fazer valer seus direitos, sua autoridade.
Professor que se julga muito humilde, não mantendo a ordem na sala de aula, não é um professor humilde, mas, um professor sem autoridade. Pais que se julgam muito humilde e que por isto deixam os filhos fazer o que quiserem, não são pais humildes, mas, são pais sem autoridade.
Obreiro que por se considerar muito humilde deixa o mundo e o pecado invadirem a “sua” Igreja por não querer se indispor com ninguém, pode não ser humildade, mas, sim, falta de autoridade de Deus em sua vida.

5. Humildade não é aparência exterior. Ser testemunha de Cristo não é necessário ter cara e nem jeito de “coitado”. Não é pela aparência exterior que identificamos uma pessoa humilde, um crente que esteja dando testemunho de salvo em Cristo. “Ele é muito humilde, não liga para nada, anda mal vestido, não tem vaidade”. Isto pode ser desleixo, falta de higiene, mau gosto no vestir, ou até sovinismo. Humildade não é alimentar-se e vestir-se mal, podendo alimentar-se e vestir-se bem; humildade não é ter um carro velho, podendo ter um novo; humildade não é morar num barraco, podendo morar numa casa confortável.
Quando o crente não pode ter o que é bom e Deus ainda não lhe quis dar, então ele segue vivendo como testemunhas de Cristo e dando glórias a Deus. Porém, quando o crente pode ter todo o conforto e regalias, então ele faz uso de seus bens materiais, segue sendo grato a Deus, vivendo como salvo e dando glórias a Deus.

6. A verdadeira humildade manifesta-se de dentro para fora, não é, apenas, aparência exterior. O Senhor Jesus, disse que era “... humilde e manso de coração”.. É certo que o jovem Jesus não tinha aparência de “coitado”, não andava sujo e mal cheiroso e nem coberto de farrapos. Na noite em que fora preso, sabendo que ia celebrar, primeiro, a Páscoa, pôs sua melhor roupa, uma túnica de alto preço com qual, talvez, tenha sido presenteado. Era uma túnica digna de um Príncipe – “... a túnica, porém, tecida de alto a baixo, não tinha costura”(João 19:23). Humildade é uma coisa, desleixo e mau gosto é outra coisa.
Portanto, para viver como uma testemunha de Cristo é preciso viver em humildade. Ela é o sobretudo do autêntico cristão. Você está vivendo em humildade?

Veja mais alguns textos bíblicos que nos instiga a viver em humildade:
Provérbio 22:4
– “O galardão da humildade e o temor do Senhor são riquezas, honra e vida”.
Atos 20:19 – “Servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lágrimas e tentações, que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram”.
Efésios 4:2 - “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor”.
Filipenses 2:3 – “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”.
Colossenses 3:12 – “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade”.

domingo, 24 de julho de 2011

Aula 05 - O REINO DE DEUS ATRAVÉS DA IGREJA

Texto Básico:Lucas 17:20,21; Mateus 18:1-5; Marcos 10:42-45

"Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho" (Mt 11.5).

INTRODUÇÃO
Depois da morte e ressurreição de Cristo, revela-se o mistério de Deus(Ef 3:1-6): a Igreja. Ao criar a Igreja, Jesus não pensou na formação de grupos sociais onde as pessoas apenas se confraternizassem e sentissem a presença de Deus em suas vidas, rotineira e habitualmente, algumas vezes por semana entre quatro paredes, mas, bem ao contrário, criou grupos de homens e mulheres que assumissem o compromisso de cumprirem deveres, obrigações, de executar ordens e tarefas deixadas pelo próprio Jesus para que as fizessem. Para tanto, o Senhor, inclusive, nos enviou como ovelhas ao meio de lobos (Mt 10:16).
Nesta aula, estudaremos a respeito da relação entre a Igreja e o Reino de Deus. Como a igreja se relaciona com o propósito do Reino? Qual o seu papel, a sua missão? Não podemos entender a sua missão independentemente da missão de Jesus, a Cabeça da Igreja. Portanto, se Jesus veio inaugurar o Reino, a missão da igreja não pode ser outra senão a manifestação, ainda que não plena, do Reino de Deus, em palavras e obras, no poder do Espírito Santo.
I. O REINO DE DEUS E A IGREJA
1. Igreja, representante do Reino.
Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”(1Pedro 2:9). No Antigo Testamento Deus constituiu o povo de Israel para representá-lo diante dos outros povos da Terra (Lv 26:12). Neste período da Graça de Deus, Ele comissionou a Igreja de Jesus Cristo para que o representasse neste mundo. Não nos referimos a uma congregação isoladamente, mas à Igreja universal, composta de todos aqueles que, em todas as épocas, nações, reinos e tribos, atenderam à mensagem do Evangelho e renderam-se à salvação ofertada por Deus em Jesus Cristo.
A Grande Comissão não foi dada por Cristo para outra instituição que não à Igreja. E Ele espera que todos, como corpo, possamos dar continuidade aos desafios inerentes a nossa vocação: ir atrás dos perdidos (e não apenas esperar que eles adentrem na igreja para ouvir a pregação), ensinar (utilizando o ensino como ferramenta para formação e fortalecimento de igrejas e crentes) e batizar (a identificação com Cristo em sua morte).
2. A Igreja é comissionada por Cristo. Depois de ter consumado a obra da redenção do homem no Calvário (João 19:30), sacrifício aceito pelo Pai como nos prova a ressurreição(At 3:25,26; 13:29,20), Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do reino de Deus (At 1:3), explicitamente determinou qual seria a Comissão Principal da Igreja. Mandou que o evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a criatura (Mc 16:15), uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão, a ponto de o apóstolo Paulo ter exclamado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!”(2Co 9:16).
Portanto, uma vez comissionada por Cristo, a Igreja representa o Reino de Deus na sociedade. É o maior agente, transformador do caráter do ser humano, mediante a mensagem do Evangelho. Evangelizando, a igreja muda o cenário da sociedade, na qual acha-se estabelecida. Pessoas dantes viciadas em drogas, álcool, prostituição, etc., mediante a aceitação da mensagem do Evangelho tornam-se pessoas de caráter irrepreensível.
Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno dessa missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co 12:27). Assim, tudo quanto fizermos nesta vida, em qualquer setor ou aspecto, deve levar em consideração, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33).
Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At 1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através de nossas boas obras, que Deus é nosso Pai, que somos filhos de Deus e, por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt 5:16).
3. A Igreja na sociedade. Também por estar no mundo e por se apresentar em grupos sociais, as chamadas “igrejas locais”, a Igreja acaba tendo de ter um papel importantíssimo perante a sociedade. Deus não nos tirou do mundo nem Jesus quis que isto se fizesse (João 17:15) e, diante desta realidade, assim como fez nosso Senhor, devemos, também, ter uma atuação social digna de nota, que sirva de testemunho de nossa comunhão com Deus.
Uma comunidade cristã que não interage com as pessoas à sua volta não completará a Grande Comissão, pois precisa justamente da interação para fazer Deus conhecido. Quando utilizamos essa expressão, não estamos dando a entender que a igreja precisa envolver-se com as práticas do mundo, ou associar-se a ele em seus pensamentos e ações. Não foi esse o projeto de Deus. Se uma igreja se associa com o mundo, acaba se parecendo com ele, perdendo sua característica de agente transformador comissionado pelo Senhor. Quando se fala em a Igreja interagir, isso implica viver e agir com o outro sem perder suas particularidades. Uma igreja pode envolver-se em ações sociais sem comprometer sua vocação e mensagem. Dependendo da sua estrutura, pode prestar assistência social - primeiramente aos domésticos da fé, como ordena a Palavra de Deus - a todos que precisarem, e oferecer-lhes o pão do céu, sempre mostrando que o alimento material é insuficiente sem o espiritual.
II. O REINO DE DEUS PRESENTE NA IGREJA
O Reino de Deus se faz presente na Igreja através da pregação cristocêntrica, da comunhão e do serviço.
1. Na pregação cristocêntrica. A Igreja deve manifestar o Reino de Deus neste mundo mediante a pregação do Evangelho. Pregação essa que deve ser cristocêntrica, ou seja, a pregação que tem por centro, por fundamento a pessoa de Jesus. Infelizmente, muitas igrejas locais não proclamam mais o Cristo crucificado. Reduzem Jesus a um mero psicólogo, mestre, executivo, almoxarife, bancário, etc. Mas a Igreja que tem o compromisso com o Reino de Deus tem como principal característica a pregação cristocêntrica.
A Igreja primitiva demonstrava com clarividência essa característica, que não deve ser alterada. No dia de Pentecostes, vemos Pedro, com ousadia, proclamando o Cristo crucificado e ressuscitado (At 2:31-36). Paulo foi o maior paradigma da Igreja com relação a esta característica. Ele mesmo diz: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado"(1Co 2:2).
Quando pregamos um evangelho voltado para o ser humano, para a satisfação das suas necessidades, para a vaidade e engrandecimento do homem, para glorificação de homens e de personalidades, estaremos a pregar um outro evangelho.
O Evangelho é o anúncio de Cristo, é a divulgação aos homens de que Cristo é o caminho, a verdade e a vida e que ninguém vai ao Pai a não ser por Jesus(João 14:6). Jamais Cristo deve ser substituído por nenhum outro assunto nos cultos e pregações.
2. Na comunhão. "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (At 2.42).
A ”Comunhão” é a principal característica da Igreja. É a sua marca perante a humanidade, a característica indispensável para que o Senhor possa realizar a sua obra através do seu povo. Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto assim é que o relato de Lucas a respeito da igreja primitiva termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At 2:47 ). O segredo para o rápido crescimento da Igreja Primitiva foi a comunhão entre os crentes. A Igreja somente progrediu mediante a comunhão e unidade de seus membros(At 2:47).
A expressão “comunhão” é típica da Igreja, tanto que só é encontrada nas Escrituras Sagradas em o Novo Testamento. Seu primeiro aparecimento na Bíblia é em At 2:42, na primeira descrição deste novo povo de Deus, quando se diz que os crentes perseveravam na doutrina dos apóstolos e na “comunhão”.
Várias metáforas são utilizadas para representar a Igreja quando se fala em comunhão. A igreja é comparada como uma “família”, um “exército”, um “templo’, uma ‘noiva”. Mas a figura predileta de Paulo para descrever a igreja é como um “corpo”. Um corpo tem interação, os órgãos se comunicam entre si. Cada parte é útil para o corpo como um todo e há interdependência delas (Ef 4:16; Cl 2:19). A Igreja é um corpo, cuja cabeça é Jesus Cristo. Ora, um corpo não pode subsistir sem que haja união entre seus membros, bem como entre os membros e a cabeça. Antes de existir comunhão precisa existir união. Uma é pré-requisito para a outra. Aceitar a Cristo é também aceitar fazer parte de seu corpo.
A bênção do Senhor depende da existência de um ambiente de união entre os irmãos. O salmo 133 mostra com clareza esse fato: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes; como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordenou a bênção, a vida para sempre”(Sl 133).
Este salmo revela que, somente num ambiente de união, o Espírito Santo atua plenamente; somente num ambiente de união, cada membro em particular do corpo de Cristo (figurado por Arão, o escolhido para o sacerdócio) se deixa envolver plenamente pelo Espírito Santo (figurado pelo azeite); somente num ambiente de união, o refrigério do Espírito Santo pode nos consolar e nos permitir, mesmo neste mundo de sequidão e necessidade, termos a paz, a alegria e o amor divinos (figurados pelo orvalho de Hermom); somente num ambiente de união, a Igreja prossegue vitoriosa para se encontrar com o seu Senhor nos ares, cheia de vida espiritual e abençoada nos lugares celestiais em Cristo (João 15:5,6; Ef 1:3), porque é no ambiente de união que “…o Senhor ordena a vida e a bênção para sempre”.
3. No serviço. “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt 24:46). O serviço é uma parte indissociável da vida do salvo. Todo salvo tem de servir a Deus, tem de lhe prestar um serviço e, para que não houvesse qualquer dúvida a respeito, o próprio Jesus foi chamado de “o Servo do Senhor”, notadamente no livro do profeta Isaías, onde há “quatro cânticos do Servo”(Is 42:1-4; 49:1-6; 50:4-9 e 52:13-53:12) a fim de nos dar o exemplo de que como deveríamos nos comportar enquanto Igreja, enquanto corpo de Cristo(1Co 12:27).
O Senhor concedeu a todos os que creem pelo menos o dom da salvação e da fala, e é com este talento que devemos negociar até que Ele volte. Paulo revela-nos que “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2Co 5:10).
Portanto, cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na igreja local; aperfeiçoando os santos mediante o estudo da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor; ajudando o próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na igreja local a que pertencemos. Temos feito isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?
Outrossim, a Igreja de Cristo é um organismo vivo e sua função não se limita à proclamação do Evangelho. Ela serve a Deus, mas também ao próximo (Mc 12:29-31). Aliviar os sofrimentos e as angústias de outras pessoas, principalmente dos necessitados, é serviço Cristão. Recomenda-nos o apóstolo Paulo: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”(Gl 6:2). Esse tipo de serviço é também um testemunho de amor cristão. Provavelmente Tiago tenha falado que a fé sem as obras seja morta, nos exortando ao serviço para o bem comum. Está escrito: “Aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado”(Tg 4:17). Jesus declarou o seguinte: “E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulos, em verdade vos digo, que de modo algum perderá sua recompensa”(Mt 10:42 ).
Portanto, a proclamação do Evangelho, a comunhão e o serviço farão da Igreja uma autêntica expressão do Reino de Deus (Tg 2:14-26). Pense nisso!
III. QUEM É O MAIOR NO REINO DE DEUS.
Em meio à Páscoa e à instituição da Ceia, surgiu uma questão entre os discípulos. Quem era o maior? Certamente eles não entenderam as palavras de Jesus a respeito da morte dEle. Ainda pensavam no Mestre apenas como um rei secular; estavam preocupados com as posições que ocupariam no reino que Ele ia instalar, por essa razão ignoraram as palavras de Jesus a respeito de sua morte e começaram a discutir sobre quem ocuparia o maior cargo. É triste que, estando Jesus tão perto da cruz, seus discípulos mais íntimos estavam tão longe do espírito dEle.
Essa discussão era um sinal de que os apóstolos ainda não entendiam nada do que estava acontecendo. Talvez motivados pelo anúncio da traição de um deles, ficaram discutindo sobre quem tinha traído e, consequentemente, sobre quem era o mais fiel, e essa discussão derivou para o grande tema da noite: Quem era o maior. Em vez de se humilharem, reconhecendo a fragilidade do momento, pelo contrário, desejaram o poder.
Mas os discípulos não se parecem conosco? Ah! Certamente! Dentro de nossas igrejas existem muitos que lutam pelas posições de poder, esquecendo-se do serviço, esquecendo-se de que o parâmetro estabelecido por Jesus é totalmente diferente.
Em resposta a essa cegueira espiritual, Jesus contrapôs o costume das nações, dos reis e governantes que dominam sobre as pessoas, e como devia ser o ambiente da comunidade dos discípulos: “O maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve”(Lucas 22:26). Portanto, quem é o maior no Reino de Deus? É aquele que é humilde, possui a sinceridade de uma criança e se faz servo de todos.
1. O “maior” em humildade. A verdadeira grandeza é vista no cristão que expressa sua fé e seu amor a Cristo, em sincera humildade, no desejo de servir tanto a Deus, quanto aos homens, e na disposição de ser considerado o menos importante no reino de Deus(Fp 2:3).
A verdadeira grandeza não está na posição, no cargo, na liderança, no poder, na influencia, nos diplomas de nível superior, na fama, na capacidade, nas grandes realizações, nem no sucesso. O que importa não é tanto o que fazemos para Deus, mas o que somos em espírito interiormente diante de Deus.
A cerca da humildade falou Salomão:O temor do Senhor é a instrução da sabedoria; e adiante da honra vai à humildade”(Pv 15:33); “Antes da ruína eleva-se o coração do homem; e adiante da honra vai à humildade”(Pv 18:12).
Davi falou:Ainda que o Senhor é excelso, contudo atenta para o humilde; mas ao soberbo, conhece-o de longe”(Sl 138: 6).
Dela também fala Paulo:Revestí-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade”(Cl 3:12).
Jesus ensinou a humildade: “Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus”(Mt 18:4).
Dentre tantas outras referencias bíblicas, citamos aqui algumas, para lembrarmos da importância da humildade na vida do Servo de Deus. Portanto, para ser grande no Reino de Deus precisa antes ser humilde: “O Senhor eleva os humildes, e humilha os perversos até a terra”(Sl 147:6).
2. O “maior” deve ser como uma criança. Pa mostrar aos discípulos quem eram o maior no reino de Deus, Jesus lhes apresentou uma parábola viva. Ele usou para essa lição um elemento totalmente inesperado para eles. Jesus tomou uma criança e, certamente, a colocou no colo e lhes ensinou: “Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus”(Mt 18:4).
A criança, além de ser o símbolo da despretensão, da fraqueza e da dependência, era o símbolo da pureza de fé, da humildade e principalmente da falta de hipocrisia, isto é, da sinceridade e da transparência. Naqueles dias, a criança não tinha qualquer valor na sociedade, assim como os escravos. E a lição ensinada acabava com qualquer pretensão: O menor é o maior, e quem recebe o menor recebe a Jesus e ao Pai que o enviou. Quem acolhe os pequenos, humildes e sinceros acolhe Jesus e a Deus que o enviou “(ler Lucas 18:46-48). Portanto, a pessoa maior no Reino de Deus é aquela que se humilha como uma criança.
3. O “maior” deve ser servo de todos. Jesus mudou completamente a maneira de nos relacionarmos. Ele inverteu o esquema do poder estabelecendo novas regras, regras que deviam ser respeitadas em sua nova comunidade. Nada de um dominando sobre o outro, mas um colaborando com o outro; um abençoando o outro. Tendo em vista a comunhão, o poder de dominação cedeu lugar ao poder do serviço e do amor. E, conforme atestou posteriormente o apóstolo Paulo, em Filipenses 2:7, o próprio Jesus é o nosso modelo.
As palavras de Jesus em Lucas 22:27 são contundentes: “Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve”. Jesus é o maior, mas está entre todos como aquele que serve. Ah! Quando soubermos respeitar e amar aquele que serve, certamente saberemos respeitar a todos.
Temos desejado o primeiro lugar? Ou estamos dispostos a servir até aquele que acha que devia servir-nos? Esse é o desafio do evangelho! Se Jesus se entregou por nós, por que não podemos nos entregar aos irmãos? Um dia, estaremos para sempre como o Senhor, mas enquanto esse dia não chega, sigamos o exemplo de Cristo, que sendo Deus, tomou a forma de servo (Fp 2:5-11).
CONCLUSÃO
Dada a importância da igreja no propósito de Deus, ela é chamada para expressar a realidade do reino, para ser o principal agente do reino de Deus no mundo. Para que isso aconteça, a igreja precisa manifestar os sinais do reino, ser instrumento do reino na vida das pessoas, da sociedade, do mundo. Sempre que a igreja buscar em primeiro lugar a glória de Deus, fazer a vontade de Deus, viver uma vida de humildade, amor, abnegação, altruísmo, solidariedade, etc., ela se torna agente transformador e instrumento do reino de Deus.
Aspectos do reino podem se manifestar, e com freqUência se manifestam, fora dos limites institucionais da igreja. Quando isso ocorre, a igreja deve se regozijar com essas manifestações, apoiá-las e incentivá-las. Todavia, existem aspectos do reino que só a igreja pode evidenciar, principalmente a proclamação do evangelho, das boas novas do amor de Deus revelado em Cristo. Que venhamos, como Igreja do Senhor Jesus Cristo, evidenciar o Reino de Deus neste mundo através de nossa vida, testemunho e proclamação do Evangelho.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Caramuru Afonso Francisco - Comunhão dos santos - a missão conciliadora da igreja.
Claudionor de Andrade – União Cristã, o vínculo da perfeição
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terça-feira, 19 de julho de 2011

O PACTO DE LAUSANNE- 1974, NA SUÍÇA




















Introdução

Nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, procedentes de mais de 150 nações, participantes do Congresso Internacional de Evangelização Mundial, em Lausanne, louvamos a Deus por sua grande salvação, e regozijamo-nos com a comunhão que, por graça dele mesmo, podemos ter com ele e uns com os outros. Estamos profundamente tocados pelo que Deus vem fazendo em nossos dias, movidos ao arrependimento por nossos fracassos e dasafiados pela tarefa inacabada da evangelização. Acreditamos que o evangelho são as boas novas de Deus para todo o mundo, e por sua graça, decidimos a obedecer ao mandamento de Cristo de proclamá-lo a toda a humanidade e fazer discípulos de todas as nações. Desejamos, portanto, reafirmar a nossa fé e a nossa resolução, e tornar público o nosso pacto.

1. O Propósito de Deus

Afirmamos a nossa crença no único Deus eterno, Criador e Senhor do Mundo, Pai, Filho e Espírito Santo, que governa todas as coisas segundo o propósito da sua vontade. Ele tem chamado do mundo um povo para si, enviando-o novamente ao mundo como seus servos e testemunhas, para estender o seu reino, edificar o corpo de Cristo, e também para a glória do seu nome. Confessamos, envergonhados, que muitas vezes negamos o nosso chamado e falhamos em nossa missão, em razão de nos termos conformado ao mundo ou nos termos isolado demasiadamente. Contudo, regozijamo-nos com o fato de que, mesmo transportado em vasos de barro, o evangelho continua sendo um tesouro precioso. À tarefa de tornar esse tesouro conhecido, no poder do Espírito Santo, desejamos dedicar-nos novamente.

2. A Autoridade e o Poder da Bíblia

Afirmamos a inspiração divina, a veracidade e autoridade das Escrituras tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, como única Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que ela afirma, e a única regra infalível de fé e prática. Também afirmamos o poder da Palavra de Deus para cumprir o seu propósito de salvação. A mensagem da Bíblia destina-se a toda a humanidade, pois a revelação de Deus em Cristo e na Escritura é imutável. Através dela o Espírito Santo fala ainda hoje. Ele ilumina as mentes do povo de Deus em toda cultura, de modo a perceberem a sua verdade, de maneira sempre nova, com os próprios olhos, e assim revela a toda a igreja uma porção cada vez maior da multiforme sabedoria de Deus.

3. A Unicidade e a Universalidade de Cristo

Afirmamos que há um só Salvador e um só evangelho, embora exista uma ampla variedade de maneiras de se realizar a obra de evangelização. Reconhecemos que todos os homens têm algum conhecimento de Deus através da revelação geral de Deus na natureza. Mas negamos que tal conhecimento possa salvar, pois os homens, por sua injustiça, suprimem a verdade. Também rejeitamos, como depreciativo de Cristo e do evangelho, todo e qualquer tipo de sincretismo ou de diálogo cujo pressuposto seja o de que Cristo fala igualmente através de todas as religiões e ideologias. Jesus Cristo, sendo ele próprio o único Deus-homem, que se deu uma só vez em resgate pelos pecadores, é o único mediador entre Deus e o homem. Não existe nenhum outro nome pelo qual importa que sejamos salvos. Todos os homens estão perecendo por causa do pecado, mas Deus ama todos os homens, desejando que nenhum pereça, mas que todos se arrependam. Entretanto, os que rejeitam Cristo repudiam o gozo da salvação e condenam-se à separação eterna de Deus. Proclamar Jesus como "o Salvador do mundo" não é afirmar que todos os homens, automaticamente, ou ao final de tudo, serão salvos; e muito menos que todas as religiões ofereçam salvação em Cristo. Trata-se antes de proclamar o amor de Deus por um mundo de pecadores e convidar todos os homens a se entregarem a ele como Salvador e Senhor no sincero compromisso pessoal de arrependimento e fé. Jesus Cristo foi exaltado sobre todo e qualquer nome. Anelamos pelo dia em que todo joelho se dobrará diante dele e toda língua o confessará como Senhor.

4. A Natureza da Evangelização

Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e Rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e crêem. A nossa presença cristã no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. Mas a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo.

5. A Responsabilidade Social Cristã

Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta.

6. A Igreja e a Evangelização

Afirmamos que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e sacrificial. Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço sacrificial da igreja a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho. Mas uma igreja que pregue a Cruz deve, ela própria, ser marcada pela Cruz. Ela torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização quando trai o evangelho ou quando lhe falta uma fé viva em Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade escrupulosa em todas as coisas, inclusive em promoção e finanças. A igreja é antes a comunidade do povo de Deus do que uma instituição, e não pode ser identificada com qualquer cultura em particular, nem com qualquer sistema social ou político, nem com ideologias humanas.

7. Cooperação na Evangelização

Afirmamos que é propósito de Deus haver na igreja uma unidade visível de pensamento quanto à verdade. A evangelização também nos convoca à unidade, porque o ser um só corpo reforça o nosso testemunho, assim como a nossa desunião enfraquece o nosso evangelho de reconciliação. Reconhecemos, entretanto, que a unidade organizacional pode tomar muitas formas e não ativa necessariamente a evangelização. Contudo, nós, que partilhamos a mesma fé bíblica, devemos estar intimamente unidos na comunhão uns com os outros, nas obras e no testemunho. Confessamos que o nosso testemunho, algumas vezes, tem sido manchado por pecaminoso individualismo e desnecessária duplicação de esforço. Empenhamo-nos por encontrar uma unidade mais profunda na verdade, na adoração, na santidade e na missão. Instamos para que se apresse o desenvolvimento de uma cooperação regional e funcional para maior amplitude da missão da igreja, para o planejamento estratégico, para o encorajamento mútuo, e para o compartilhamento de recursos e de experiências.

8. Esforço Conjugado de Igrejas na Evangelização

Regozijamo-nos com o alvorecer de uma nova era missionária. O papel dominante das missões ocidentais está desaparecendo rapidamente. Deus está levantando das igrejas mais jovens um grande e novo recurso para a evangelização mundial, demonstrando assim que a responsabilidade de evangelizar pertence a todo o corpo de Cristo. Todas as igrejas, portando, devem perguntar a Deus, e a si próprias, o que deveriam estar fazendo tanto para alcançar suas próprias áreas como para enviar missionários a outras partes do mundo. Deve ser permanente o processo de reavaliação da nossa responsabilidade e atuação missionária. Assim, haverá um crescente esforço conjugado pelas igrejas, o que revelará com maior clareza o caráter universal da igreja de Cristo. Também agradecemos a Deus pela existência de instituições que laboram na tradução da Bíblia, na educação teológica, no uso dos meios de comunicação de massa, na literatura cristã, na evangelização, em missões, no avivamento de igrejas e em outros campos especializados. Elas também devem empenhar-se em constante auto-exame que as levem a uma avaliação correta de sua eficácia como parte da missão da igreja.

9. Urgência da Tarefa Evangelística

Mais de dois bilhões e setecentos milhões de pessoas, ou seja, mais de dois terços da humanidade, ainda estão por serem evangelizadas. Causa-nos vergonha ver tanta gente esquecida; continua sendo uma reprimenda para nós e para toda a igreja. Existe agora, entretanto, em muitas partes do mundo, uma receptividade sem precedentes ao Senhor Jesus Cristo. Estamos convencidos de que esta é a ocasião para que as igrejas e as instituições para-eclesiásticas orem com seriedade pela salvação dos não-alcançados e se lancem em novos esforços para realizarem a evangelização mundial. A redução de missionários estrangeiros e de dinheiro num país evangelizado algumas vezes talvez seja necessária para facilitar o crescimento da igreja nacional em autonomia, e para liberar recursos para áreas ainda não evangelizadas. Deve haver um fluxo cada vez mais livre de missionários entre os seis continentes num espírito de abnegação e prontidão em servir. O alvo deve ser o de conseguir por todos os meios possíveis e no menor espaço de tempo, que toda pessoa tenha a oportunidade de ouvir, de compreender e de receber as boas novas. Não podemos esperar atingir esse alvo sem sacrifício. Todos nós estamos chocados com a pobreza de milhões de pessoas, e conturbados pelas injustiças que a provocam. Aqueles dentre nós que vivem em meio à opulência aceitam como obrigação sua desenvolver um estilo de vida simples a fim de contribuir mais generosamente tanto para aliviar os necessitados como para a evangelização deles.

10. Evangelização e Cultura

O desenvolvimento de estratégias para a evangelização mundial requer metodologia nova e criativa. Com a bênção de Deus, o resultado será o surgimento de igrejas profundamente enraizadas em Cristo e estreitamente relacionadas com a cultura local. A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele experimentou a queda, toda a sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas. As missões, muitas vezes têm exportado, juntamente com o evangelho, uma cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras. Os evangelistas de Cristo têm de, humildemente, procurar esvaziar-se de tudo, exceto de sua autenticidade pessoal, a fim de se tornarem servos dos outros, e as igrejas têm de procurar transformar e enriquecer a cultura; tudo para a glória de Deus.

11. Educação e Liderança

Confessamos que às vezes temos nos empenhado em conseguir o crescimento numérico da igreja em detrimento do espiritual, divorciando a evangelização da edificação dos crentes. Também reconhecemos que algumas de nossas missões têm sido muito remissas em treinar e incentivar líderes nacionais a assumirem suas justas responsabilidades. Contudo, apoiamos integralmente os princípios que regem a formação de uma igreja de fato nacional, e ardentemente desejamos que toda a igreja tenha líderes nacionais que manifestem um estilo cristão de liderança não em termos de domínio, mas de serviço. Reconhecemos que há uma grande necessidade de desenvolver a educação teológica, especialmente para líderes eclesiáticos. Em toda nação e em toda cultura deve haver um eficiente programa de treinamento para pastores e leigos em doutrina, em discipulado, em evangelização, em edificação e em serviço. Este treinamento não deve depender de uma metodologia estereotipada, mas deve se desenvolver a partir de iniciativas locais criativas, de acordo com os padrões bíblicos.

12. Conflito Espiritual

Cremos que estamos empenhados num permanente conflito espiritual com os principados e potestades do mal, que querem destruir a igreja e frustrar sua tarefa de evangelização mundial. Sabemos da necessidade de nos revestirmos da armadura de Deus e combater esta batalha com as armas espirituais da verdade e da oração. Pois percebemos a atividade no nosso inimigo, não somente nas falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus. Precisamos tanto de vigilância como de discernimento para salva guardar o evangelho bíblico. Reconhecemos que nós mesmos não somos imunes ao perigo de capitularmos ao secularismo. Por exemplo, embora tendo à nossa disposição pesquisas bem preparadas, valiosas, sobre o crescimento da igreja, tanto no sentido numérico como espiritual, às vezes não as temos utilizado. Por outro lado, por vezes tem acontecido que, na ânsia de conseguir resultados para o evangelho, temos comprometido a nossa mensagem, temos manipulado os nossos ouvintes com técnicas de pressão, e temos estado excessivamente preocupados com as estatísticas, e até mesmo utilizando-as de forma desonesta. A igreja tem que estar no mundo; o mundo não tem que estar na igreja.

13. Liberdade e Perseguição

É dever de toda nação, dever que foi estabelecido por Deus, assegurar condições de paz, de justiça e de liberdade em que a igreja possa obedecer a Deus, servir a Cristo Senhor e pregar o evangelho sem impedimentos. Portanto, oramos pelos líderes das nações e com eles instamos para que garantam a liberdade de pensamento e de consciência, e a liberdade de praticar e propagar a religião, de acordo com a vontade de Deus, e com o que vem expresso na Declaração Universal do Direitos Humanos. Também expressamos nossa profunda preocupação com todos os que foram injustamente encarcerados, especialmente com nossos irmãos que estão sofrendo por causa do seu testemunho do Senhor Jesus. Prometemos orar e trabalhar pela libertação deles. Ao mesmo tempo, recusamo-nos a ser intimidados por sua situação. Com a ajuda de Deus, nós também procuraremos nos opor a toda injustiça e permanecer fiéis ao evangelho, seja a que custo for. Não nos esqueçamos de que Jesus nos previniu de que a perseguição é inevitável.

14. O Poder do Espírito Santo

Cremos no poder do Espírito Santo. O pai enviou o seu Espírito para dar testemunho do seu Filho. Sem o testemunho dele o nosso seria em vão. Convicção de pecado, fé em Cristo, novo nascimento cristão, é tudo obra dele. De mais a mais, o Espírito Santo é um Espírito missionário, de maneira que a evangelização deve surgir espontaneamente numa igreja cheia do Espírito. A igreja que não é missionária contradiz a si mesma e debela o Espírito. A evangelização mundial só se tornará realidade quando o Espírito renovar a igreja na verdade, na sabedoria, na fé, na santidade, no amor e no poder. Portanto, instamos com todos os cristãos para que orem pedindo pela visita do soberano Espírito de Deus, a fim de que o seu fruto todo apareça em todo o seu povo, e que todos os seus dons enriqueçam o corpo de Cristo. Só então a igreja inteira se tornará um instrumento adequado em Suas mãos, para que toda a terra ouça a Sua voz.

15. O Retorno de Cristo

Cremos que Jesus Cristo voltará pessoal e visivelmente, em poder e glória, para consumar a salvação e o juízo. Esta promessa de sua vinda é um estímulo ainda maior à evangelização, pois lembramo-nos de que ele disse que o evangelho deve ser primeiramente pregado a todas as nações. Acreditamos que o período que vai desde a ascensão de Cristo até o seu retorno será preenchido com a missão do povo de Deus, que não pode parar esta obra antes do Fim. Também nos lembramos da sua advertência de que falsos cristos e falsos profetas apareceriam como precursores do Anticristo. Portanto, rejeitamos como sendo apenas um sonho da vaidade humana a idéia de que o homem possa algum dia construir uma utopia na terra. A nossa confiança cristã é a de que Deus aperfeiçoará o seu reino, e aguardamos ansiosamente esse dia, e o novo céu e a nova terra em que a justiça habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso, rededicamo-nos ao serviço de Cristo e dos homens em alegre submissão à sua autoridade sobre a totalidade de nossas vidas.

CONCLUSÃO

Portanto, à luz desta nossa fé e resolução, firmamos um pacto solene com Deus, bem como uns com os outros, de orar, planejar e trabalhar juntos pela evangelização de todo o mundo. Instamos com outros para que se juntem a nós. Que Deus nos ajude por sua graça e para a sua glória a sermos fiéis a este Pacto! Amém. Aleluia!

[Lausanne, Suíça – 1974]

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Aula 04 - A COMISSÃO CULTURAL E A GRANDE COMISSÃO

Texto Básico: Gênesis 1:26-30; Marcos 16:15-20

"Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19).

INTRODUÇÃO
Nesta aula, o foco principal é a Missão Integral da Igreja, a qual visa alcançar as nações com o evangelho de Cristo. Ela não abraça somente a transformação do homem no seu aspecto espiritual, mas, também, no aspecto cultural. O Evangelho é o agente transformador do caráter do ser humano, por isso Deus comissionou à Igreja fazer a evangelização a todos os povos e etnias(Mc 16:15), no afã de possibilitar a restauração do ser humano ao status quo da criação: imagem e semelhança de Deus(quanto ao caráter), dignidade, plena felicidade, comunhão com Deus e vida eterna. Cabe, portanto, à Igreja a responsabilidade de cumprir as ordenanças divinas – a comissão cultural e a grande comissão –, principalmente a Grande Comissão ordenada por Jesus(Mt 28:19,20; Mc 16:15) consoante o lema da Missão Integral da Igreja: “O Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens”.
I. MISSÃO INTEGRAL — UMA ORDENANÇA DIVINA
1. Uma responsabilidade que vai além da evangelização.
Somos cônscios que a evangelização é a missão máxima da igreja. Ela deve pregar o Evangelho em tempo e fora de tempo(2Tm 4:2), em quaisquer circunstancias, a judeus e a gentios, anunciar que Jesus veio salvar o homem, perdoar os nossos pecados e restabelecer a comunhão entre Deus e a humanidade. Todavia, a missão integral da igreja não se limita somente à evangelização, ela alcança todos os aspectos que direcionam o ser humano ao padrão que Deus sempre quis pra ele: paz, justiça, alegria, felicidade, equilíbrio, vida eterna.
No aspecto social, a Igreja deve ser paradigma para todos os segmentos religiosos. Deve estar ciente de que a evangelização e a atividade social não são mutuamente exclusivas. Não somente deve manter interesse pela assistência social, mas, também, deve partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão.
A igreja que não está preocupada com os problemas das pessoas e procura somente o bem espiritual de seus membros, negligenciando a necessidade daqueles que estão à sua volta, não tem manifestado o Reino de Deus; não tem sido sal para a Terra, nem luz para o mundo.
Como bem disse o pr. Wagner Gaby, “o ser humano não é composto apenas de corpo, alma e espírito, mas também possui necessidades físicas e emocionais”. Desta feita, cabe à igreja na plena responsabilidade que lhe foi dada por Jesus Cristo, cuidar do ser humano em sua forma integral(1Co 6.18-20; 1Ts 5.23), “promovendo a sua reconciliação com o Criador e proporcionando-lhe as condições necessárias para que ele sinta a plena comunhão da família de Deus”. A proclamação do Evangelho sempre foi acompanhada de demonstração.
Toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo [...] A fé sem obras é morta” (Pacto de Lausanne, 1974 – Suíça).
2. A Missão Integral da Igreja. Alguns dizem que a missão da igreja é adorar a Deus. Paulo ensina, em Romanos 12, que o verdadeiro culto a Deus é oferecer-se em sacrifício vivo, o que implica algo mais que a adoração e o louvor na compreensão popular dos conceitos. Alguns dizem que a missão da igreja é evangelizar o mundo. É verdade. Mas aqui cabe perguntar o que isso significa. Seria apenas levar os homens a se decidirem por Cristo? A se tornarem membros de igrejas evangélicas? Ou seria a difusão do Reino de Deus? Ou seria ainda mais a infusão dos valores do Reino na cultura e sociedade?
Missão integral da Igreja é a significância especial do Evangelho, pois ele contempla todas as necessidades do ser humano. O seu conteúdo não contempla somente o aspecto espiritual, mas tudo aquilo que produz no ser humano mudança radical do seu caráter, a partir do que a pessoa humana e tudo quanto ela produz passam a servir aos interesses do Reino de Deus, existindo e funcionando em alinhamento ao caráter perfeito do Senhor.
Missão integral da Igreja é a proclamação da mensagem da salvação mediante a pregação e as ações da Igreja, tendo sempre uma visão integral da natureza humana (o homem é corpo, alma e espírito – 1Tes 5:23).
Em fim, Missão integral da Igreja é: proclamar o evangelho; suprir as necessidades humanas; pregar a justiça social e a ética cristã. Abrange tudo o que a Igreja pode e deve fazer para expandir o Reino de Deus no mundo atual.
3. O marco histórico da Missão Integral. Em julho de 1974, na Lausanne, Suíça, houve um Congresso Mundial de Evangelização, do qual resultou um documento chamado “Pacto de Lausanne”, com o lema: “O Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens”, vislumbrando uma ação integral entre evangelização e responsabilidade social. Esse documento produzido, composto de 15 capítulos, foi assinado por 2.300 líderes de 150 países, vindos de diferentes regiões do planeta.
Esse Pacto é considerado relevante instrumento para a definição permanente da identidade evangélica em um período de intensa relativização e de fluidificação das identidades institucionais e pessoais.
Ser evangélico não é uma questão de se aferrar intransigentemente a este ou aquele grupo de conceitos doutrinários, mas uma questão de comprometer-se com o propósito de Deus, a saber: ser servo e testemunha de Deus, ou seja, ser uma comunhão de pessoas que persegue em comum o alvo de viver à altura do Reino e da Glória de Deus, edificando-se a si mesmo como o Corpo de Cristo que anuncia a todo o mundo o reino de Deus”.
Hoje, vivemos em meio a uma realidade evangélica totalmente estigmatizada pela teologia da prosperidade, pelos escândalos de seus líderes, e fragmentada em centenas de organizações eclesiásticas que não conseguem responder ao neoliberalismo, à globalização, e à nova forma de opressão ao ser humano. Diante de tudo isso, será que a igreja, hoje, não está precisando de estudo e de reflexão do Pacto de Lausanne, com o desejo de buscar diretrizes básicas mais nítidas e saudáveis a serem implementadas por todos nós?
A IGREJA E A EVANGELIZAÇÃO
Afirmamos que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e sacrificial. Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço sacrificial da igreja a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho. Mas uma igreja que pregue a Cruz deve, ela própria, ser marcada pela Cruz. Ela torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização quando trai o evangelho ou quando lhe falta uma fé viva em Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade escrupulosa em todas as coisas, inclusive em promoção e finanças. A igreja é antes a comunidade do povo de Deus do que uma instituição, e não pode ser identificada com qualquer cultura em particular, nem com qualquer sistema social ou político, nem com ideologias humanas”(pacto de Lausanne).
II. COMISSÃO CULTURAL — UMA CONVOCAÇÃO À IGREJA
1. Um chamado à responsabilidade.
Comissão cultural é a chamada para, através da Graça Comum, criar uma cultura debaixo do senhorio de Cristo. Cultura essa que reflita a ordem original da criação em todos os aspectos: na família, no trabalho, na ciência, nas artes, na política, etc (cf. Gn 1:26). Como Igreja de Deus, temos essa missão a cumprir junto à sociedade como sal da terra e luz do mundo (Mt 5:13,14). Nossa missão é transformá-la através do poder do Evangelho de Cristo.
“Deus se importa não só com a redenção das almas, mas também com a restauração de sua criação. Ele nos chama para sermos agentes não apenas de sua graça salvadora, mas também de sua graça comum. Nosso trabalho não é somente construir a Igreja, mas também construir uma sociedade para a glória de Deus”(COLSON, Charle; PEARCEY. E Agora, Como Viveremos? 2. ed. Rio dejaneiro : CPAD, 2000, pp. 53,54).
“... A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele experimentou a queda, toda a sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas. As missões, muitas vezes têm exportado, juntamente com o evangelho, uma cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras. Os evangelistas de Cristo têm de, humildemente, procurar esvaziar-se de tudo, exceto de sua autenticidade pessoal, a fim de se tornarem servos dos outros, e as igrejas têm de procurar transformar e enriquecer a cultura; tudo para a glória de Deus”(Pacto de Lausanne – Evangelização e Cultura).
2. Restaurando a dignidade humana. Deus criou o ser humano perfeito, mas ao consumar o pecado foi destituído da presença de Deus(Rm 3:23), perdeu a dignidade. O distanciamento do Criador fez com que o ser humano empreendesse inúmeras formas de cultura, que se desenvolveram conforme a conveniência de sua natureza carnal, na maioria das vezes plenamente destoantes dos princípios morais de Deus. Mas Deus não desistiu do seu precioso plano para regenerar o ser humano à sua forma plena: não somente espiritual, também, física e cultural. O desejo de Deus que o comportamento humano se mantenha ajustado à Sua lei moral, justifica a indelével ordenança da Comissão Cultural aos seus fiéis mordomos. Deus nunca aboliu do homem a responsabilidade de administrador da Terra(cf Gn 3:23). Desta feita, a Comissão Cultural nunca foi anulada.
Ao longo da história humana Deus implementou diversas maneiras de tratar com o ser humano sempre no afã de restaurar a sua identidade perdida. Neste período da Graça de Deus está sendo apresentada ao ser humano a mensagem do Evangelho. A mensagem de que “o tempo está cumprido e que o reino de Deus chegou”, ou seja, que Jesus salva o homem e o liberta do pecado, pondo-o, novamente, em comunhão com Deus, restaurando-lhe, assim, a dignidade originalmente concedida na criação, bem como lhe assegurando a vida eterna.
Ao aceitar a mensagem do Evangelho o ser humano passa a se comportar de maneira condizente com a vontade de Deus; passa refletir a respeito dos princípios e valores, que se encontram na Palavra de Deus, em todos os níveis de nossas relações: na família, na igreja, na escola, no trabalho e nas amizades. Isto equivale dizer que o Evangelho de Cristo não visa apenas salvar o homem do pecado e do inferno, mas também levá-lo a agir como instrumento transformador da sociedade na qual acha-se inserido.
III. GRANDE COMISSÃO —A IGREJA PROCLAMA O EVANGELHO NO MUNDO
IDE... ENSINAI (FAZEI DISCÍPULOS)... BATIZANDO”(Mt 28:19). Estas palavras constituem a Grande Comissão de Cristo a todos os seus seguidores, em todas as gerações. Elas declaram o alvo, a responsabilidade e a outorga da tarefa missionária da Igreja.
Uma igreja só se envolverá de maneira séria e responsável com a Grande Comissão, quando estiver sob forte poder e unção do Espírito Santo. Na igreja primitiva, a evangelização atingiu o ápice quando experimentava um efusivo derramamento do Espírito Santo (At 2:1-4). Essa unção extraordinária modificou a estrutura espiritual de um grupo de homens assustados em verdadeiras brasas ardentes, e os levou a testemunharem do amor de Deus com o sacrifício de suas próprias vidas.
A liderança da igreja em Antioquia, em atenção à Grande Comissão, enviou o que possuía de melhor em seu ministério para as missões transculturais: Barnabé e Saulo. Isto porque existiam duas práticas lá hoje quase extintas: jejum e oração. Além disso, essa igreja vivia o que ensinava: o amor, o quebrantamento espiritual e um profundo senso de responsabilidade pela Grande Comissão. Isto levou aquela igreja a se tornar o centro de missões mundiais na igreja primitiva.
1. A Grande Comissão. Ir (proclamar o Evangelho em palavras e ações a toda criatura), Ensinar (tanto aos novos convertidos como aos maturados na fé, tornando-os fiéis seguidores de Cristo); e Batizar (integrá-los na igreja local, a fim de que cresçam na graça e no conhecimento por intermédio da ação do Espírito Santo em sua vida, desfrutando sempre da comunhão dos santos) – é, sem sombra de dúvidas, a suprema tarefa da igreja.
As palavras de Jesus Cristo, relatadas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, apontam para alvo e objetivo que a igreja deva alcançar. Templos, escolas, orfanatos, asilos para idosos, creches e hospitais devem ser encarados no contexto da igreja local como acessórios, entretanto a evangelização dos povos deve ocupar a primazia dos recursos financeiro e pessoal. A igreja pode fazer tudo aqui na terra, mas se não fizer missões e evangelismo, não fez nada. Missões é urgente e importante!
A Grande Comissão vai além do simples ato de falar de Jesus, o que denominamos comumente de evangelizar. Trata-se de um processo pelo qual Jesus se torna vivo e presente na vida dos fiéis, de forma que eles ajam de acordo com os padrões divinos. É tornar o Evangelho uma prática na vida das pessoas. Não é apenas falar de Jesus e esperar que a pessoa se decida por influência da pregação.
É bom ressaltar que “pregar o evangelho” não é apenas fazer um sermão, uma exposição da Palavra de Deus a um grupo de ouvintes, com eloqüência, com unção do Espírito Santo. Isto também é pregar, mas não é esta a única forma que se tem para pregar o Evangelho, nem a só a isto que Jesus Se refere na “Grande Comissão”.
Pregar o evangelho” é mostrar antecipadamente o Cristo, de forma adiantada, antes que se mostre quem é Ele nas Escrituras, que dEle testificam (João 5:39). Mas como podemos mostrar Jesus antes que O mostremos na Bíblia Sagrada? Através de nossas próprias vidas! O povo de Antioquia, ao ouvir a mensagem do Evangelho, começou a chamar os discípulos de cristãos, porque, ao compararem o modo de vida de cada crente com o que era mostrado nas Escrituras, descobriram que os crentes daquela igreja eram “parecidos com Cristo”, ou seja, eram “cristãos”. Portanto, a melhor e mais impressionante forma de pregarmos o Evangelho é vivermos de acordo com o Evangelho, é termos uma vida sincera e irrepreensível diante de Deus e dos homens.
2. O "ide". A ordem do Senhor é que devemos ir por todo o mundo: ir ao encontro do mundo; ir ao encontro dos pecadores, levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória de Cristo (2Co 4:4). Portanto, é tarefa da Igreja ir ao encontro de judeus e de gentios para lhes anunciar as boas-novas da salvação.
A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, seja a pior pessoa que exista sobre a face da Terra. Não cabe à Igreja julgar os homens e dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra. O Senhor foi enfático em dizer que toda criatura deve ouvir a mensagem do Evangelho, seja esta pessoa quem for. É interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo, e nós, o que estamos a fazer?
Também, o "ide" de Jesus significa atravessar fronteiras. Anunciar o Evangelho em uma cultura diferente é o grande desafio da Obra Missionária. Como diz certo teólogo, Timóteo Carriker, “a igreja que não for missionária não pode ser igreja, pois nega a razão de sua existência (1Pe 2: 9, 10). Por isso, a igreja que não for missionária, logo se tornará um campo missionário”.
A Igreja do Senhor no Brasil tem aproximadamente 35 milhões de membros, entretanto, em vista deste número, a quantidade de missionários transculturais é insignificante. É preciso uma mudança profunda na visão dos líderes das igrejas, em suas prioridades e em seus corações.
No “ide” de Jesus, a igreja não pode desprezar a cultura de um povo a quem pretendemos evangelizar, nem impingir-lhe a nossa. Deve, sim, ser avaliada e provada pelas Escrituras.
3. A ordem é fazer discípulos em todas as nações – “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações...”(Mt 28:19 – ARA). Este é o propósito da Grande Comissão. Esta ordem tem o sentido de “estar com” as pessoas e torná-las seguidora de Cristo. A intenção de Cristo não é que o evangelismo e o testemunho missionário resultem apenas em decisões de conversões. As energias espirituais não devem ser concentradas meramente em aumentar o número de membros da igreja, mas, sim, em fazer discípulos que se separam do mundo, que observam os mandamentos de Cristo e que o seguem de todo o coração, mente e vontade(cf João 8:31). Paulo foi um exímio formador de discípulo. O propósito do seu ensino era: “Cristo formado em vós”(Gálatas 4:19). Observe que ele não diz: Cristo informado em vós, mas “Cristo formado em vós”.
Todavia, antes de fazer discípulos precisamos ser discípulos. Jesus estipulou quatro condições para sermos considerados discípulos dEle. São elas:
a) Um discípulo verdadeiro coloca e ama a Jesus em primeiro lugar(cf Lucas 9:23; 14:26,27 e 33). Você ama a Cristo mais do que a si mesmo? Mais do que a sua família? Mais do que a seu conforto? Mais do que às suas posses? Mais que sua própria vida? O discípulo deve vir após Cristo. Isso quer dizer que ele deve viver o tipo de vida que Cristo viveu: uma vida de renúncia, humilhação, perseguição, opróbrio, tentação e contradição dos pecadores contra si mesmo.
b) Um discípulo verdadeiro ama a Palavra de Deus – “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos(João 8:31). Você estuda A Bíblia Sagrada diariamente? O simples fato de termos a Bíblia Sagrada é o suficiente para que entendamos que a leitura devocional da Palavra de Deus é imprescindível para o nosso relacionamento com o Senhor.
c) Um discípulo verdadeiro ama aos outros irmãos. Disse Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(João 13:35). Ao testemunharmos, o que é mais importante: aquilo que falamos ou o que fazemos?
d) Um discípulo verdadeiro gera frutos, isto é, forma discípulos - ama as almas perdidas – “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”(João 15:8). Formar discípulos é a razão de ser da Noiva do Cordeiro na Terra; é a essência da Missão Integral da Igreja.
CONCLUSÃO
“Para que existe no mundo a Igreja Cristã? Ela não é uma grande arca, em que podem flutuar os favoritos, felizes, e sem cuidado algum, por sobre o mar da vida até chegar à praia áurea. Ela não é uma companhia de seguros, à qual se podem pagar prêmios! A Igreja não é um clube social, cujos membros se reúnem ocasionalmente para gozar a companhia uns dos outros, se divertirem e trocarem idéias! Não é uma casa de saúde em que os deformados espirituais e os moralmente anêmicos tratam de seus males hereditários. Não. A Igreja de Cristo é uma instituição ganhadora de almas, a proclamar, a tempo e fora de tempo, que Jesus Cristo salva a todos os homens que O aceitarem...”(Orlando Boyer - Esforça-te para ganhar almas).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Caramuru Afonso Francisco – Evangelização, a Missão máxima da Igreja.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

VIVENDO A FIDELIDADE E A INTEGRIDADE





Se Deus procura os fiéis da terra para que estejam com Ele, a fidelidade, entre outras virtudes, é algo que atrai a atenção de Deus.

O que é fidelidade? É a característica de quem tem bom caráter, é fiel e demonstra respeito por alguém e pelo compromisso assumido com outrem; é sinônimo de lealdade. Fiel é aquele que cumpre aquilo a que se obrigou.

A fidelidade a Deus está sustentada em quatro pilares. Podemos ver isso na vida de Noé, que deu um dos maiores exemplos de fidelidade na Bíblia.

Em Gênesis 6.9, é dito que Noé era varão justo em toda a sua geração. Sabe o que significa isso? Que Noé era íntegro, tinha bom caráter; era um modelo de retidão e fidelidade a Deus para sua geração. Aqui está o primeiro pilar da fidelidade a Deus: ter uma vida reta, íntegra. Ninguém pode ser fiel a Deus sem integridade, sem retidão.

Eu fico triste e envergonhado com a falta de caráter de gente que diz ser cristã! É terrível constatar a falta de integridade de muitos que carregam a Bíblia debaixo do braço. Onde vamos parar com isso?

Por que certas pessoas que se dizem evangélicas compram e não pagam? Por que passam cheques sem fundos, mentem, enganam, falam mal de todo mundo, falam palavrão, entregam-se à pornografia, adquirem produtos piratas, que financiam o tráfico de drogas e outras coisas ilegais?

Porque jovens criados na igreja, filhos de cristãos fiéis, cultivam amizade profunda com pessoas ímpias e deixam-se influenciar por estas, em vez de eles as influenciarem? “Que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? “(2Coríntios 6.14).

Como um empregado que se diz cristão tem coragem de processar injustamente um patrão, para tomar dinheiro dele? Como uma pessoa que afirma temer a Deus pode associar-se a grupo de cambalacheiros e armar tramóias para tirar dinheiro do patrão ou lesar a empresa, porque um advogado mau caráter os orientou?

Como pode um patrão evangélico não assinar a carteira do seu empregado ou fazer ele trabalhar mais de 8 horas por dia sem pagar hora extra?

Com essas atitudes levianas, muitos que alegam ser cristãos estariam demonstrando fidelidade a Deus? Claro que não, pois a fidelidade a Ele está baseada na integridade pessoal. Fidelidade sem integridade não passa de religiosidade vazia.

Como pode o povo de Deus agir assim? Que sal é esse que não salga? Que luz é essa que não ilumina?

Em Filipenses 2:12b-16, Paulo exorta a Igreja: “Operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo; retendo a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão”.

A fidelidade a Deus é sustentada pela integridade. Você quer atrair a atenção de Deus, a fim de ser abençoado por Ele? Então, acate a recomendação em Provérbios 3:3,4: “Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração, e acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens”.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Aula 03 - A VIDA DO NOVO CONVERTIDO

Texto Básico:2Corintios 5:17; Tito 2:11-13; 3:38

"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17).

INTRODUÇÃO
O Novo Convertido é um “recém-nascido espiritual”, logo, deve-se cuidar dele, nos seus primeiros passos, “como a ama que cria os seus filhos”(1Tess 2:7). Paulo assim procedia, como se percebe neste texto. Enquanto o novo convertido for um “recém-nascido espiritual”, um “bebê”, é imperioso que o pregador do evangelho lhe sustente, lhe dê uma assistência nutridora, alimentando-o com a Palavra de Deus, com os rudimentos doutrinários (Hb 6:1), “o leite espiritual” (1Co 3:2).
Assim como o recém-nascido tem de ser objeto de um cuidado específico e diferenciado na vida física, também na vida espiritual o novo convertido deve ser objeto de um cuidado especial, devendo existir, em toda igreja local, um segmento que cuide especificamente dele, de modo a acompanhá-lo na sua nova vida com Cristo, orientando-o e socializando-o, de modo a que possa ser integrado na igreja local como novo membro do corpo de Cristo.
O apóstolo Paulo ia de cidade em cidade, abrindo igrejas, mas jamais se descuidava de passar a essas igrejas os rudimentos doutrinários, o leite espiritual, inclusive voltando pouco tempo depois da evangelização e, quando não o pôde fazer por motivos alheios à sua vontade, como foi o caso de Tessalônica, mandava-lhes duas cartas com esta finalidade - “Decorridos alguns dias, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades em que temos anunciado a palavra do Senhor, para ver como vão”(Atos15:36). O discipulado é a missão educadora da Igreja!
I. O NOVO CONVERTIDO É UMA NOVA CRIATURA
Por ocasião da conversão, não apenas viramos uma página de nossa vida, começamos uma nova vida sob o controle do Mestre: Jesus Cristo. Os cristãos não são reformados, reabilitados, ou reeducados – somos recriados (nova criação) - e passamos a viver em uma união vital com Cristo(Cl 2:6,7). As Escrituras afirmam: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2Co 5:17). Perceba que Paulo não diz se alguém está numa igreja evangélica, mas: “... se alguém está em Cristo”. Mudar, apenas, de religião, passar a pertencer e frequentar a “religião” evangélica, não é o que Deus quer para o ser humano. O que Deus quer é que o ser humano, através de Seu Filho Jesus, se torne um novo homem, ou uma nova criatura, pelo milagre da transformação que é o Novo Nascimento.
Em qualquer Igreja evangélica é possível entrar, ou tornar-se membro, através do batismo nas águas, mas, para alguém estar “em Cristo” é somente através do batismo em Cristo. O batismo nas águas é feito pelo homem, mas, o batismo em Cristo só pode ser feito pelo Espírito Santo, conforme escreveu Paulo à Igreja de Corinto: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo...”(1Co 12:13). Este “um corpo” não fala de denominação evangélica, mas, sim, da Igreja Universal, do Corpo de Cristo, onde existem somente crentes salvos. É neste mesmo sentido que Paulo escreve aos Gálatas: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo”(Gl 3:28). Estar revestidos de Cristo tem o mesmo significado de “está em Cristo”. Isto, biblicamente, só é possível através do Novo Nascimento, de nenhuma outra maneira.
O homem, originalmente, tal como Deus o criou, era justo. Possuía aquilo que, de acordo com a teologia, denomina-se justiça original. O homem era, pois, bom, por natureza. Nem poderia ser de outra forma visto ter sido criado à imagem e conforme a semelhança de Deus”(Gn 1:26). Mas, o homem pecou! Perdeu a condição de justo! Deus, contudo, no seu plano, elaborado desde “a fundação do mundo”(Ap 13:8), já havia previsto um meio para que o homem pudesse readquirir sua condição original de justo. Seria através da justificação pela fé em Cristo.
A Justificação é o processo pelo qual a culpa do homem é transferida para Jesus, que já a pagou através de seu sacrifício expiatório da cruz, e pode cobrir o homem com sua justiça. É por isto que Paulo diz: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é...”. Note que o texto bíblico não diz "será", mas, sim, "é". Isto significa que o novo convertido sofreu uma mudança radical de vida.
A Justificação não é um simples perdão. É muito mais! No perdão não há pagamento, mas na Justificação houve pagamento. O homem é justificado, gratuitamente, porque Jesus pagou o preço exigido pela Justiça de Deus para que o pecador não fosse morto(cf Cl 2:14).
Justificação é, pois, este processo pela qual os pecados dos homens foram transferidos para Jesus, o qual, em consequência deles, sofreu o peso da Justiça de Deus, e o homem é declarado justo, sem nenhuma culpa. Assim, agora, ele deixa de ser um fugitivo, ou um “procurado”, porque – “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus...”(Rm 8:1).
O homem justificado não é um homem “reformado”, mas, é um novo homem. Este novo homem é visto por Deus como se nunca tivesse pecado. A justificação não deixa resíduos dos pecados dantes cometidos. Isto por causa daquele “... que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fossemos feitos justiça de Deus”(2Co 5:21).
Antes da Justificação o homem era culpado, agora não há mais nenhuma culpa – “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica”(Rm 8:33).
Antes, o homem estava condenado, agora “quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós”(Rm 8:34).
Antes, morto, espiritualmente, o homem estava separado de Deus, agora “quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angustia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Rm 8:35).
Portanto, para o homem Justificado não há mais culpa, não há mais condenação, não há e nem haverá mais separação. Isento da culpa do pecado, o homem readquiriu a vida eterna, conforme afirmou Jesus: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer...”(João 10:28). É realmente uma mudança radical; é uma nova dimensão de vida; é uma nova criatura.
Diante de tudo o que foi exposto, ainda há dúvida de que o novo convertido é uma nova criatura?
II. O PASSADO SE FOI E EIS QUE TUDO É NOVO
”... EIS QUE TUDO SE FEZ NOVO”(2Co 5:17). O Novo Nascimento significa uma mudança completa, total, absoluta. Aliás, ninguém poderá viver como salvo, ou como um crente fiel, sem o Novo Nascimento, pois, o padrão ético do Reino de Deus não pode ser vivido pelo homem natural. O viver como salvo só é possível para aquele que, pelo Novo Nascimento, se torna filho de Deus e, portanto, participante da Natureza Divina, pois, é, agora, filho, conforme afirma o apóstolo João: “Amados, agora somos filhos de Deus...”(1João 3:2).
Quando, de fato, a pessoa é transformada pelo poder do evangelho, é liberta do poder das trevas, do poder do pecado, e passa a ter um novo pensar e agir - “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”(João 8.32). A Palavra de Deus é a verdade. E quem é a Palavra? É o próprio Jesus Cristo (João 1:1-4). O homem liberto do pecado é transformado em uma nova criatura.
Depois que a pessoa crê em Jesus e o aceita como Salvador, tomando séria decisão de obedecer-lhe, uma coisa muito maravilhosa e inexplicável acontece: o desejo de praticar o mal vai desaparecendo à medida que a fé em Jesus vai aparecendo, e tudo se torna novo, diferente; a maneira de pensar, sentir e agir toma outro rumo. Isto indica, então, uma “nova pessoa”, com um desejo ardente de praticar o bem; começa a brotar no coração uma alegria singular que ocupa o lugar da tristeza, surge um conforto espiritual, uma paz que inunda todo o ser, um sentimento de amor vai se apossando e vai crescendo, dia após dia, tornando a pessoa mais cordial, mais compreensiva, mais sensata, perdoadora e com uma imensa vontade de viver para louvar e glorificar a Jesus (Rm 6:10-13). Estes são fatores indicativos da conversão, da transformação, do novo nascimento.
O passado, portanto, ficou pra trás; “eis que tudo se fez novo”. Agora, avançamos, "olhando para Jesus, o autor e consumador da fé" (Hb 12.2). Temos um alvo a atingir: a perfeita união entre nós e Cristo, nossa salvação final e nossa ressurreição dentre os mortos.
No decurso da nossa vida, há todos os tipos de distrações e tentações, tais como os cuidados deste mundo, as riquezas e os desejos ímpios, que ameaçam sufocar nossa dedicação ao Senhor. Necessário é esquecer-se das “coisas que atrás ficam”, isto é, o mundo iníquo e nossa velha vida de pecado, e avançar para as coisas que estão adiante(Fp 3:13), a saber, as responsabilidades da vida cristã, seja a adoração, seja o serviço, seja o desenvolvimento de nosso caráter cristão.
III. QUANDO ESTAMOS EM CRISTO
1. Temos um novo olhar.
“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé...”(Hb 12:2). Olhar para Jesus é olhar para a Palavra de Deus, pois Jesus é a Palavra (Ap 19:13). Isto significa que o cristão tem uma nova maneira de viver, pois há diante dele a “regra de fé e prática”. Uma nova maneira de viver só é possível para aquele que “está em Cristo”, ou seja, que experimentou o milagre do Novo Nascimento, ou da Regeneração.
Para o Novo Convertido, seu crescimento na caminhada cristã deve ter como meta não olhar para o passado, mas adequar-se às novas demandas da sua vida para o agora e o futuro. Não dizemos com isso que o passado de uma pessoa deva ser apagado da memória. Ele ainda existirá, mas as histórias do passado não nortearão negativamente a nossa vida, e sim as novas experiências advindas da nova relação com Cristo.
Vivemos agora como salvos. Nenhum crente salvo, filho de Deus, integrante do Reino de Deus aqui na terra, do qual é embaixador(2Co 5:20), poderá pensar ser possível viver de qualquer maneira. Seria triste engano pensar que o Rei Jesus poderia reconhecer como seu embaixador alguém que não pensasse como ele pensa, que não agisse como ele próprio agiria, que não falasse como ele falou.
O salvo, diz a Bíblia, “... deve andar como ele[Jesus] andou”(1João 2:6). Deve andar em amor, santidade, união, honestidade, humildade, dentre outras virtudes. Os não salvos, sem compromissos com Deus e nem com a salvação seguem “... andando segundo as suas próprias concupiscências”(2Pedro 3:3).
2. Temos uma nova atitude - “... as coisas velhas já passaram...”. Quando estamos em Cristo nossas atitudes passam a ser pautadas segundo a Palavra de Deus. Ela é a baliza do cristão. Quando as nossas atitudes ficam fora dos seus limites não podemos afirmar que estamos em Cristo e que Cristo está em nós. Ser “nova criatura” é ter um novo caráter, pois passa a realizar boas obras (Mt.5:16), a produzir o “fruto do Espírito” (Gl.5:22) e não mais as velhas obras, as “obras da carne” (Gl.5:19-21). Trilhamos, agora, “pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne”(Hb 10:20). Portanto, “Andemos honestamente, como de dia, não em glutonaria, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e invejas”(Rm 13:13). “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2).
3. Temos uma nova vida abençoada.O homem fiel será coberto de bênçãos...”(Pv 28:20). “... será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará” (Sl 1:1-3). “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”(Ef 1:3).
De acordo com as Escrituras Sagradas, as “bênçãos de Deus” podem ser Condicionais ou Incondicionais. Na sua maioria, elas são condicionais e, portanto, dependem que primeiro realizemos a nossa parte, em obediência às orientações de Deus. Nesse sentido, revelação contundente foi feita a Moisés, que foi repassada ao povo Hebreu, conforme registrado no Antigo Testamento, no livro de Deuteronômio, capítulo 28, versículos 1 a 14, quando Deus condicionou a prosperidade do trabalho e da vida à decisão prévia de ouvi-lo e obedecer-lhe.
Também, para os que cristãos dizem ser alcançarem as bênçãos que Deus dispõe ao seu povo, guardar os mandamentos do Senhor Deus, obedecer à Sua voz e fazer o que é reto diante dEle são condições sine qua non.
Muitos pregadores e líderes renomados têm exigido bênçãos divinas, como se Deus fosse um empregado, um almoxarife. E muitos deles ficam descontrolados, quando alguém diz que as bênçãos de Deus são condicionais. Aliás, na vida secular tudo é condicional: se eu pagar a conta da energia elétrica terei luz em casa; se eu pagar o financiamento do carro, um dia ele será meu; se eu obedecer às leis do trânsito, não serei multado. Se no nosso mundo cheio de falhas funciona dessa maneira, por que pensar que Deus é obrigado a nos abençoar, mesmo que não atentemos a nenhuma de suas condições? Portanto, as condições impostas por Deus, exaradas em Deuterômio 28: 1-14 , onde o Senhor promete toda a sorte de benção para os israelitas, são perfeitamente aplicadas ao seu povo na atualidade (a Igreja – o Israel de Deus – Gl 6:16).
Jesus Cristo aprofunda a orientação divina do atendimento de condições prévias para sermos abençoados, ao chamar a atenção para o comportamento esperado dos seus seguidores. O Senhor Jesus deseja um relacionamento íntimo com Ele e que Suas palavras permaneçam no coração. Assim fazendo, as respostas às orações chegarão e as bênçãos de Deus acontecerão. Ele diz: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”(João 15:7).
É bom ressaltar que o compêndio doutrinário da Igreja, o Novo Testamento, não diz que a verdadeira felicidade do cristão é o seu engrandecimento de bens materiais. De acordo com as Escrituras Sagradas, todas as bênçãos são de natureza espiritual (Ef 1:3) e se constitui em boas dádivas do Pai Celestial, doador de todas as coisas às pessoas: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação” (Tiago 1:17).
Muitos buscam ser feliz pela aquisição de bens materiais, mas a real felicidade é o resultado de uma mudança radical em nosso ser. A busca da felicidade e da alegria é acima de tudo a busca incessante por Jesus. O ser humano sem Cristo, de modo geral é infeliz. Até as pessoas que parecem ter alcançado tudo o que este mundo pode oferecer em brilho e glória, muitas vezes dão provas de sua infelicidade.
A felicidade que Jesus nos dá não é um constante "andar nas nuvens", uma contínua sensação de bem-estar, livre de todos os desconfortos, mas é a certeza de estarmos abrigados nEle. Seguindo a Jesus, um filho de Deus não é poupado de todos os sofrimentos; mas a felicidade consiste exatamente em sabermos que, no meio de todo sofrimento, no meio de toda angústia estamos ancorados em Jesus Cristo; que nEle temos uma esperança viva e que o sofrimento jamais é o fim, e sim, a vida com Jesus; vê-lO um dia e estar com Ele por toda a eternidade. A Bíblia diz: "Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra"(Sl 34:19). Davi diz o seguinte, e nos anima: “Temei ao Senhor, vós os seus santos, pois não têm falta alguma aqueles que o temem."(Sl 34:9).
Jó era um homem feliz, a despeito do ambiente hipócrita em que ele estava envolto; talvez abatido, com medo, mas justificado, e isto lhe proporcionara felicidade.
Para o autêntico cristão Deus nos concede bênçãos especiais: a vida (1João 5.12), a liberdade (2Co 3.17), a alegria (João 16.22), o perdão (1João 1.7), a paz (Rm 5.1), o propósito de vida (Fp 1.21), a provisão (Fp 4.19), o futuro com Cristo (João 14.2,3), a vida Eterna(1João 2:25).
BÊNÇÃO INCONDICIONAL. A bênção incondicional de Deus assume outras características. Pela Sua multiforme Graça, Ele decide a quem, quando e de que forma abençoar, conforme Seu plano eterno. Independe do mérito da pessoa. É uma decisão unicamente pela Graça de Deus, manifestando Sua misericórdia e amor ao ser humano.
Deus não é apenas o Criador da Terra, do homem, e de tudo que nela há, mas, pela sua Graça comum, ou universal, ele é também, o Sustentador de todas as coisas, incluindo a existência do homem, conforme afirmou Paulo, em Atenas: “Porque n’Èle vivemos, e nos movemos, e existimos...”(Atos 17:28).
Sem a Graça comum, ou universal, que é um favor imerecido que ele quis e continua concedendo ao homem, não haveria vida sobre a terra. Deus, através de sua Graça Comum, abençoa todos os homens, crentes, incrédulos, ou ímpios. Foi o que o Senhor Jesus deixou claro, quando afirmou: “...porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos”(Mt 5:45).
Assim, quer o homem saiba disto ou não; quer reconheça ou não a misericórdia de Deus; quer seja grato ou não, na verdade a sua vida está nas mãos de Deus e é sustentado pela sua Graça. É ele, Deus, que controla o dia e a noite, que administra as estações do ano, que mantém a regularidade dos movimentos de rotação e translação da terra, que mantém o equilíbrio da cadeia alimentícia, que regula o sistema de defesa do corpo humano, entre tanto outros benefícios concedidos pela sua Graça Comum, ou Universal. Isto são bênçãos incondicionais. Por isto, nós que conhecemos a Palavra de Deus, dizemos que: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim”(Lm 3:22).
CONCLUSÃO
Para que o Novo Convertido permaneça firme na fé é fundamental que ele tenha conhecimento de Deus e a certeza do perdão dos pecados. Daí a necessidade de Classes Especiais em nossa Escola Dominical para que se possa ministrar aos crentes novos o ensino básico e essencial para levá-los ao progresso espiritual, como diz Pedro “...para que, por ele, vades crescendo”.
Esses neófitos precisam firmar a convicção que tudo o que foi feito no passado, mediante o arrependimento e pelo perdão alcançado através do nome de Jesus, caiu no esquecimento de Deus, como ele próprio afirma: “Eu, eu mesmo, sou o que apaga as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados me não lembro”(Is 43:25). Precisam firmar a convicção de que toda obra de feitiçaria, todas as pragas que lhe foram rogadas, todas as maldições suas ou de seus antepassados, tudo o que fez ou que lhe fizeram de mal, tudo o que constava da sua “folha corrida”, mediante seu arrependimento e o perdão, tudo, tudo está apagado, através do Sacrifício Vicário realizado por Jesus - “Havendo riscado a célula que era contra nós nas suas ordenanças, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”(Cl 2:14). Precisam firmar a convicção de que para um grande pecador, existe um grande Salvador. Por isto, aos novos convertidos, como também a todos nós, Paulo afirma: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”(2Co 5:17). Qualquer ensino contrário a este princípio bíblico será uma heresia.
Amém?
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Geremias do Couto - E agora como viveremos? A resposta cristã para tempos de crise e calamidade.