4º Trimestre/2021
Texto Base: Atos 26:1-7
“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este
é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos
reis, e dos filhos de Israel." (At 9.15)
V.P.: “Segundo a sua
soberana vontade, Deus usa as circunstâncias para fazer uma grande obra”.
Atos 26:
1.Depois, Agripa disse a Paulo:
Permite-se-te que te defendas. Então, Paulo, estendendo a mão em sua defesa,
respondeu:
2.Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa,
de que perante ti me haja, hoje, de defender de todas as coisas de que sou
acusado pelos judeus,
3.mormente sabendo eu que tens
conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que
te rogo que me ouças com paciência.
4.A minha vida, pois, desde a mocidade,
qual haja sido, desde o princípio, em Jerusalém, entre os da minha nação, todos
os judeus a sabem.
5.Sabendo de mim, desde o princípio (se
o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião,
vivi fariseu.
6.E, agora, pela esperança da promessa
que por Deus foi feita a nossos pais, estou aqui e sou julgado,
7.à qual as nossas doze tribos esperam
chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei
Agripa, eu sou acusado pelos judeus.
INTRODUÇÃO
Iniciamos mais um trimestre de estudos
da Palavra de Deus por ocasião da Escola Bíblica Dominical, o quarto e último
trimestre de 2021. Trataremos da vida e do ministério de um dos maiores
personagens do Novo Testamento usado por Deus: o apóstolo Paulo. É uma
oportunidade especial para aprendermos e colocarmos em prática princípios
eternos que nortearam a vida desse mui digno homem de Deus. Sem dúvida, Saulo
de Tarso, o apóstolo Paulo, é um dos personagens bíblicos mais conhecidos por todos
os cristãos; ele é considerado o maior líder do cristianismo. Nesta primeira Aula,
vamos estudar sobre o “mundo do apóstolo Paulo”; trataremos, de forma bem
superficial, da atuação do apóstolo Paulo nos três “mundos” de então: o romano,
o grego e o judeu. Como cidadão romano, ele teve certa liberdade para
peregrinar dentro do império e propagar as Boas Novas de Salvação em Cristo
Jesus aos judeus e ao povo gentil (romanos e gregos). Se comunicou na língua
predominante da época, o grego koinê, bem como fez uso da vasta literatura de
seu tempo. À luz do mundo político, cultural e religioso vivido por esse grande
apóstolo de Cristo, o que podemos aplicar na pregação do Evangelho no mundo de
hoje, cujas circunstâncias são diametricamente diferentes?
I. O MUNDO DE PAULO NO IMPÉRIO ROMANO
1. Entendendo a
origem de Paulo
Paulo, nome romano de Saulo,
nasceu em Tarso na Cilícia (Atos 16:37; 21:39; 22:25). Esta era uma cidade universitária que ficava
próxima da costa nordeste do Mar Mediterrâneo. Segundo o próprio apóstolo,
Tarso era uma “cidade não pouco célebre na Cilícia” (Atos 21:39); ao contrário,
era um grande centro da cultura grega. Embora tenha nascido um cidadão romano,
Paulo era um judeu da Dispersão, um israelita circuncidado da tribo de
Benjamin, e membro zeloso do partido dos Fariseus (Rm.11:1; Fp.3:5;
Atos 23:5).
Desde seu nascimento até seu
aparecimento em Jerusalém como perseguidor dos cristãos, conforme os relatos do
livro de Atos dos Apóstolos, há pouca informação sobre a vida do apóstolo
Paulo. Sobre o seu nascimento, não temos data precisa; talvez tenha ocorrido no
ano 5 a.C. Dessa forma, quando o nosso Senhor foi crucificado, Paulo poderia
ter entre 30 e 35 anos de idade.
Paulo foi educado em Jerusalém, sob o
ensino do renomado doutor da lei, Gamaliel, neto de Hillel. Paulo conhecia
profundamente a cultura grega. Ele também falava o aramaico, era herdeiro da
tradição do farisaísmo, estrito observador da Lei e mais avançado no judaísmo
do que seus contemporâneos (Gl.1:14; Fp.3:5,6). Considerando todos estes
aspectos, pode-se afirmar que sua família desfrutava de posição proeminente na
sociedade.
O apóstolo Paulo possuía cidadania
romana. Sobre isso, ele próprio afirmou ser cidadão romano de nascimento (Atos
22:28). Provavelmente essa declaração indica que sua cidadania foi herdada de
seu pai. Estima-se que naquele tempo pelo menos dois terços da população do
Império Romano não possuíam cidadania romana. Não se sabe ao certo como o pai
do apóstolo conseguiu tal cidadania. Algumas pessoas importantes e abastadas
conseguiam comprar a cidadania (Atos 22:28); outras, conseguiam tal cidadania
ao prestar algum trabalho relevante ao governo romano. A cidadania romana
concedia alguns privilégios, dentre os quais citamos:
Ø A garantia do
julgamento perante César, se exigido, nos casos de acusação.
Ø Imunidade legal dos
açoites antes da condenação.
Ø Não poderia ser
submetido à crucificação, a pior forma de pena de morte da época.
2. A geografia do
mundo de Paulo
À época de Paulo o mundo estava sob o
domínio do Império Romano, que se estendia do Rio Reno para o Egito,
chegava à Grã-Bretanha e à Ásia Menor. Desta forma, estabelecia uma conexão com
a Europa, a Ásia e África. Assim, era considerada a maior civilização da
história ocidental. Durou cinco séculos - começou em 27 a.C. e terminou em 476
d.C. Até 117 d.C., ao menos 6 milhões
de quilômetros quadrados estavam sob o domínio do Império Romano.
Segundo os historiadores, sob o domínio deste poderoso Império, estavam 6
milhões de habitantes. Roma, nessa fase, segundo os historiadores, foi habitada
por 1 milhão de habitantes. Entre os pontos fundamentais para o sucesso do
império estava o exército, que era profissional e atuava como uma legião. Sob o
comando de astutos generais, Roma expandiu o poderio para o Mediterrâneo.
Conforme historiadores, os imperadores romanos contemporâneos de Paulo, desde seu nascimento até sua morte, foram: Tibério, Calígula, Claudio e Nero, o seu carrasco.
Devido à grande
extensão geográfica do Império, e a permissão para que os povos dominados
praticassem a sua própria religião, e devido a chamada "pax romana", a geografia e os meios
de transporte urbanos e do campo, contribuíram para a propagação do Evangelho. Segundo
informes da história, a malha viária abrangia em torno de 300 mil quilômetros,
sendo que 90 mil quilômetros apresentavam condições excelentes para viajar. As
estradas do império, bem como as vias marítimas, foram de grande importância
para a expansão da fé cristã. Deus permitiu todas estas possibilidades para que
os seguidores de Cristo difundissem o santo Evangelho por todo o império. Na
verdade, os maiores inimigos do apóstolo Paulo não foram os dominadores e
governantes romanos, mas os próprios judeus; estes foram os mais danosos
inimigos e perseguidores do apóstolo Paulo, desde a sua conversão.
Portanto, a
geografia do mundo paulino teve papel essencial para a implantação das
primeiras igrejas. Por isso, devemos pensar nas oportunidades que Deus nos dá
para a eficiência da evangelização urbana e do campo. É claro que o mundo de
hoje é totalmente diferente daquele; vivemos num mundo globalizado e de uma
dinâmica inteligente e célere. Para se falar com alguém do outro lado do
planeta não se demora mais de um minuto, e ao vivo; isto no mundo de Paulo era
inimaginável. Os recursos que temos para evangelizar para o mundo inteiro está
na palma da nossa mão. É difícil não acreditar que o evangelho não esteja no mundo
inteiro, a não ser naqueles lugares onde ainda não há meios de comunicação
rápida e inteligente, como a internet. Fiquei impressionado quando soube que no
ano de 2019 existia mais de um milhão de crentes no Irã, e de mais cem milhões
de crentes na China. Isto é um feito extraordinário, pois nestes países o
cristianismo é perseguido com muita fúria. Deus seja louvado! Oremos pela
igreja na China e no Irá.
3. Paulo, chamado
para evangelizar aos gentios
A conversão
de Paulo e seu chamado para evangelizar aos gentios foram os fatos mais
marcantes na história da Igreja depois do Pentecostes. Lucas ficou tão
impressionado com a importância da conversão de Paulo, que a relata três vezes
em Atos (cap.:9,22,26). O primeiro aspecto da mudança na vida do apóstolo Paulo
pode ser percebido quando, imediatamente, ele respondeu à voz de
Cristo: “Senhor, que queres que eu faça?” (Atos 9:6). Essa pergunta
marcou o começo de seu novo relacionamento com Cristo (Gl.2:20) e a disposição de
cumprir qualquer missão que lhe fosse dada. Nenhum homem exerceu tanta
influência no evangelismo como o apóstolo Paulo.
Jesus trabalhou
na vida de Paulo antes de ele se render no caminho de Damasco; vários fatos
ocorreram para que ele enxergasse a Verdade. Paulo era como um touro bravo que
recalcitrava contra os aguilhões (Atos 26:14). Ele teve que ser derrubado como
se fosse um touro bravo. De acordo com a própria narrativa de Paulo, Jesus lhe
disse: “Dura cousa é recalcitrares contra os agulhões” (Atos 26:14). Jesus
comparou Paulo a um touro jovem, forte e obstinado.
Antes de se
render no caminho de Damasco, Jesus espetava sua consciência quando ele viu Estêvão
sendo apedrejado e pediu ao Senhor para perdoar seus algozes. A oração de Estevão
latejava na alma de Paulo. Também, Jesus espetava a consciência de Paulo quando
ele prendia os cristãos e dava seu voto para matá-los, e eles morriam cantando.
Mas, como
esse “touro” selvagem não amansou com as espetadas, Jesus apareceu a ele, o
derrubou ao chão e o subjugou totalmente no caminho de Damasco. Paulo precisou
ser jogado ao chão e ficar cego para se converter. Na época de Daniel, Nabucodonosor
precisou ir para o campo comer capim com os animais para se dobrar e reconhecer
que só o Senhor é Deus.
Enfim, o
“touro bravo” foi rendido e os seus olhos espirituais foram abertos, e sua consciência
foi despertado para reconhecer que Jesus é o Senhor. A sua pergunta – “Senhor,
que queres que eu faça?” (Atos 9:6) -, logo foi respondida: ele seria chamado
para levar as Boas Novas do Evangelho aos gentios (Atos 9:15), Boas Novas estas
que chegaram até nós. O próprio Senhor Jesus disse que Paulo fora escolhido
para levar sua Palavra aos gentios – “este é para mim um vaso escolhido para
levar o meu nome diante dos gentios...” (Atos 9:15). Um ministério que lhe
traria muito sofrimento por amor ao nome de Jesus – “E eu lhe mostrarei quanto
deve padecer pelo meu nome” (Atos 9:16).
Agora, o
perseguidor seria perseguido; e o Livro de Atos mostra que ele foi severamente
perseguido: foi perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusalém, apedrejado em
Listra, preso e açoitado em Filipos, escorraçado de Tessalônica e Bereia,
chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto, foi preso em Jerusalém
e acusado em Cesareia, foi levado preso a Roma e mais tarde foi decapitado pela
guilhotina do imperador Nero.
II. O MUNDO CULTURAL DE PAULO
1. A língua mundial
daqueles dias era o grego
Na época de
Paulo o hebraico e o aramaico eram as línguas nativas; todavia, em virtude do
domínio do império romano, que impôs como língua comum do império o grego
koiné, então prevaleceu entre o povo do médio-oriente esta língua. O Novo
Testamento foi escrito no grego koinê, e o apóstolo Paulo falava e escrevia
fluentemente tanto o grego como o hebraico e o aramaico.
Mas, o que
era a língua koiné? Koiné é a palavra grega para "comum". Muitas
pessoas podem reconhecer a palavra koiné da
palavra koinonia, que significa
"comunhão"; comunhão é ter algo em comum. Portanto, o grego koiné era
simplesmente a língua comum do mundo mediterrâneo no primeiro século. Quando
Alexandre, o Grande, conquistou o "mundo civilizado" de seu tempo,
ele espalhou a língua e a cultura gregas. Assim como o inglês tem se tornado
hoje a língua internacional, o grego se tornou a "língua
internacional" mais comum e difundida da época. Visto que a maioria das
pessoas conseguia entender o koiné, ele era o único adequado para proclamar o
evangelho em todo o mundo. Obviamente Deus estava nesse negócio, pois lhe
interessava que sua Palavra fosse difundido e compreendida numa língua comum.
O grego koiné
não era apenas comum no sentido de ser amplamente utilizado por todo o Império
Romano, mas também era comum no sentido de que não era a língua das elites
intelectuais e acadêmicas. O grego clássico era usado pela classe instruída; o
grego koiné era a língua do trabalhador, do camponês, do vendedor e da dona de
casa - não havia nada de pretensioso nele; era o vernáculo, ou linguagem
vulgar, da época. As grandes obras da literatura grega foram escritas no grego
clássico. Nenhum erudito hoje se importaria em estudar qualquer coisa escrita
em grego koiné, exceto pelo fato de que é a língua do Novo Testamento. Deus
queria que Sua Palavra fosse acessível a todos e escolheu a linguagem comum da
época, o koiné. Deus faz uso de uma linguagem comum e humilde para expressar as
verdades incríveis do Evangelho.
2. O mundo cultural
do apóstolo Paulo
No mundo da
época de Paulo, que estava sob o domino do Império Romano, prevalecia a cultura
grega, cultura essa que estava intimamente associada à religião e se
manifestava por meio da literatura, da música e do teatro. As manifestações artísticas eram utilizadas
para homenagear os feitos dos heróis e de sua relação com os deuses gregos que eram
adorados no monte Olimpo. Como bem diz o Pr. Elienai Cabral, “o Império Romano
respeitava a diversidade religiosa, desde que se respeitassem os deuses do
império. Em Roma, havia os cultos a entidades gregas como Eteusis,
Dionísio, Atis, que se integravam com divindades egípcias como Osíris, Ísis,
Serapis, bem como as divindades orientais Mitras e Asclépio, uma divindade de
cura”.
Essa
liberdade de religião que era adotada pelo Império Romano facilitou
sobremaneira para que o apóstolo Paulo tivesse pleno acesso a todos os lugares
e, de forma inteligente, difundisse as Boas Novas do Evangelho, como ele fez de
forma eficiente no areópago de Atenas (Atos 17:15-34). Observe neste texto que
o apóstolo não chegou criticando a religião e os falsos deuses que eram
adorados na Grécia e nos diversos lugares do Império Romano. É isto que um bem
treinado pregador transcultural deve agir. Bem diz o pr. Elienai Cabral: “a
realidade atual das diversidades culturais e religiosas pode abrir caminhos
para que, de maneira inteligente, evangelizemos o mundo, nos termos do apóstolo
Paulo, no areópago de Atenas”.
3. A influência da
filosofia grega
A liberdade religiosa
e cultural no Império Romano foram sobremodo importante, mas a influência da
cultura da época expôs suas raízes em muitos cristãos incautos que deram
espaços para essas raízes daninhas entrarem em suas vidas; não foram vigilantes
o suficiente para manterem suas vidas submissas à doutrina apostólica aplicada.
À medida que
o cristianismo se expandia no mundo romano, a Igreja Primitiva enfrentava
muitas questões e desafios novos, e os apóstolos e profetas do Novo Testamento
não mediram esforços para orientar e advertir o novo povo de Deus a ficarem
livres da influência cultural predominante da época, principalmente o
gnosticismo, que era multo forte e que influenciou o pensamento de muitos
cristãos do primeiro século. O gnosticismo era uma espécie de filosofia
religiosa que tentava fazer um concubinato entre a fé cristã e a filosofia
grega. Os gnósticos, influenciados pelo dualismo grego, acreditavam que a
matéria era essencialmente má e o espírito essencialmente bom. Esse engano
filosófico desembocou em grave erro doutrinário. Os gnósticos diziam que o
corpo, sendo matéria, não podia ser bom. Por conseguinte, negavam a encarnação
de Cristo. Muitos cristãos incautos caíram nesta arapuca.
As principais
crenças do gnosticismo são: a impureza da matéria e a supremacia do
conhecimento. O gnosticismo ensinava que a salvação podia ser obtida por
intermédio do conhecimento, em vez da fé. Esse conhecimento era esotérico e
somente poderia ser adquirido por aqueles que tinham sido iniciados nos
mistérios do sistema gnóstico.
O gnosticismo
ensinava que o corpo era uma vil prisão em que a parte racional ou espiritual
do homem estava encarcerada, e da qual precisava ser libertada pelo
conhecimento (gnosis). Os
gnósticos acreditavam na salvação pela iluminação. Essa iluminação podia ser
mediante a comunicação de um conhecimento esotérico em alguma cerimônia secreta
de iniciação.
Diante de tão
vil perseguição, “os líderes da Igreja da época tiveram de refutar com
veemência as teorias do gnosticismo, cujos adeptos queriam misturá-las com a
doutrina pura de Cristo. Naturalmente, pelo fato de ter vivido naquele mundo,
Paulo teve de fortalecer a doutrina cristã sobre Deus, fé, Jesus, Espírito
Santo, graça e salvação. O apóstolo, indiscutivelmente, se tornou o grande
defensor do Evangelho de Cristo”.
Como
proclamadores do Evangelho, devemos pensar em estratégias a fim de que nossos
jovens e adolescentes, e também os adultos poucos maduros na fé, possam
expressar com firmeza e sabedoria as razões da fé diante dos não crentes
(1Pd.3:15).
III. O MUNDO RELIGIOSO DE PAULO
1. Paulo se
identifica como judeu
Paulo era
judeu por nascimento. Seus pais eram judeus. O sangue que corria em suas veias
era o mesmo que corria nas veias do patriarca Abraão. Em sua defesa em
Jerusalém, após sua dramática prisão, teve a oportunidade de se dirigir à
multidão alvoroçada, dizendo: “Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia...”
(Atos 22:3). Ao combater a ideia errada dos falsos mestres judaizantes, que
nutriam uma falsa confiança na sua linguagem judaica, Paulo respondeu: “Bem que
eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na
carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da
tribo de Benjamim, hebreu de hebreus...” (Fp.3:4,5). Paulo era um judeu puro de
sangue. Um judeu da gema. Procedia da mais importante tribo israelita, a tribo
de Benjamim.
2. Paulo foi criado
dentro da fé judaica
Paulo nasceu
em Tarso da Cilícia. Seus pais o educaram na fé judaica, uma vez que foi
circuncidado ao oitavo dia (Fp.3:5). Desde sua infância, bebeu o leite da piedade
e aprendeu os preceitos da lei de Deus. Jamais foi um jovem devasso. O zelo
sempre ardeu em seu peito. Seu propósito em servir a Deus foi o vetor que
governou sua vida. Dominava com grande desenvoltura o conhecimento da Lei e as
opiniões mais importantes dos grandes mestres de sua época. Ele se destacava
dentro do judaísmo. Chegou mesmo a declarar: “E, na minha nação, quanto a
judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das
tradições de meus pais” (Gl.1:14).
Perante grande
multidão em Jerusalém, Paulo dá seu testemunho: “...criei-me nesta cidade e
aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da Lei de nossos
antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de
hoje” (Atos 22:3). Jerusalém era a cidade santa. Lá estavam os escribas e
doutores da Lei. Lá estavam o Templo e os sacrifícios. Lá estavam a Lei e as
cerimônias. Lá estavam os sacerdotes e os rabinos. Lá estavam o sinédrio. Essa
cidade transpirava a religião judaica. Tudo girava em torno do sagrado. Nessa
cidade, Paulo foi instruído aos pés de Gamaliel, o maior e o mais ilustre
rabino daquela época, homem culto, sábio e piedoso. Ele foi instruído segundo a
exatidão da Lei dos seus antepassados. Conhecia bem de perto as tradições do
seu povo. Sabia de cor as inúmeras regras e preceitos criados pelos anciãos. A
tradição oral, fruto da interpretação meticulosa e extravagante dos escribas,
era observada cuidadosamente por esse jovem brilhante.
Paulo era
fariseu, membro da seita mais rigorosa dos judeus. Escrevendo aos filipenses, descreveu sua vida pretérita nestes termos:
“...quanto à lei, [eu era] fariseu...” (Fp.3:5). Diante do rei Agripa, quando
estava sendo acusado, em Cesareia, disse: “...porque vivi fariseu conforme a
seita mais severa da nossa religião” (Atos 26:5). Como fariseu, Paulo era
zeloso da Lei. Como fariseu, era extremamente zeloso das tradições de seus pais
(Gl.1:14). Como fariseu, frequentava assiduamente a sinagoga. Como fariseu,
dava o dízimo criteriosamente e jejuava regularmente. Ele chegou a afirmar que,
quanto à justiça que há na Lei, era irrepreensível (Fp.3:6). Os fariseus eram
separados. Eles compunham o grupo religioso mais ortodoxo de Israel. Os
fariseus estavam de lado oposto dos saduceus, grupo religioso que negava a
ressurreição e a existência dos anjos.
Paulo era
membro do sinédrio judaico, que era governado principalmente pelos sacerdotes,
da seita dos saduceus. O sinédrio era o concilio maior dos judeus, composto de
setenta homens maduros, cuja função principal era legislar e julgar a vida
religiosa e moral do povo judeu. Paulo era o maior embaixador do sinédrio
judaico no sentido de promover a fé de seus pais. Ser membro do sinédrio era
ser considerado um dos principais dos judeus (João 3:1). Este posto de honra
dava a Paulo projeção e grande destaque na sociedade. Era um homem respeitado
pelo seu conhecimento, pela sua religiosidade e pelo zelo com que se devotava à
causa do seu povo.
3. O mundo: palco
da mensagem de Paulo ao povo gentílico
Paulo tornou-se
o maior embaixador de Cristo e o maior pregador do evangelho (Atos 9:20-22).
Deus mesmo escolheu Paulo para levar o evangelho aos gentios e reis, bem como
perante os filhos de Israel (Atos 9:15). Ele pregou nas sinagogas de Damasco
afirmando que Jesus é o Filho de Deus (Atos 9:20) e, mais tarde, demonstrando
que Jesus é o Cristo (Atos 9:22). Paulo pregou a tempo e fora de tempo; pregou em
prisão e em liberdade; pregou com saúde ou doente; pregou nos lares, nas
sinagogas, no templo, nas ruas, nas praças, na paria, em navio, nos salões dos
governos, nas escolas; pregou com senso de urgência, com lágrimas e no poder do
Espírito Santo. Aonde Paulo chegava, os corações eram impactados com o
evangelho. Ele pregava usando não apenas palavras de sabedoria, mas com
demonstração do Espírito Santo e de poder (1Co.2:4; Tt.1:5).
Paulo foi o
maior evangelista, missionário, pastor, pregador, teólogo e plantador de
igrejas da história do cristianismo. Ele iniciou igrejas na região da Galácia,
na Europa e na Ásia. Não apenas fundou igrejas, mas as pastoreou com intenso
zelo, profundo amor e grande senso de responsabilidade. Pesava sobre ele a
preocupação com todas as igrejas (2Co.11:28). Ele pregou em Israel, na Ásia e
na Europa. Por ter os judeus rejeitado o Evangelho, o mundo dos gentios foi o
palco que o Espírito Santo montou para que Paulo pregasse o nome de Jesus e
estabelecesse novas igrejas por onde passasse. Nosso Senhor continua a chamar
pessoas para o ministério missionário; elas precisam estar sensíveis à voz do
Espírito Santo a lhes chamar.
CONCLUSÃO
O mundo que o
apostolo Paulo viveu era bem diferente do de hoje; a cultura, os meios de
comunicação, a dinâmica de locomoção, da economia, do relacionamento entre as
pessoas são muito diferentes; e a pandemia do covid-19 dificultou ainda mais a
pregação e implantação de igrejas. Contudo, a mesma carência de salvação que o
mundo (a população) de Paulo apresentava, o mundo de nossa época necessita,
talvez muito mais ainda. Urge que preguemos o evangelho de Salvação através dos
meios que dispomos (que não são poucos) e sejamos sensíveis à chamada do Espírito
Santo, pedindo a Deus que nos mostre estratégias inovadoras nestes tempos
difíceis em que vivemos.
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Novo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos -A ação do
Espírito Santo na vida da Igreja.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Paulo, o maior
líder do Cristianismo.
Pr. Ciro Sanches Zibordi. Evangelhos que Paulo
jamais pregaria. CPAD.