domingo, 28 de julho de 2024

O CASAMENTO DE RUTE E BOAZ – A REMIÇÃO DA FAMÍLIA

 


SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 05

Texto Base: Rute 3:8-10; 4:11

“Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (Rt.3:11).

Rute 3:

8.E sucedeu que, pela meia-noite, o homem estremeceu e se voltou; e eis que uma mulher jazia a seus pés.

9.E disse ele: Quem és tu? E ela disse: Sou Rute, tua serva; estende, pois, fita aba sobre a tua serva, porque tu és o remidor.

10.E disse ele: Bendita sejas tu do Senhor, minha filha; melhor fizeste esta tua última beneficência do que a primeira, pois após nenhum jovem foste, quer pobres quer ricos.

Rute 4:

11.E todo o povo que estava na porta e os anciãos disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Léia, que ambas edificaram a casa de Israel; e há-te já valorosamente em Efrata e faze-te nome afamado em Belém.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição trataremos do casamento de Rute e Boaz. Após ver de perto morte na família e pobreza extrema, Noemi vislumbra um novo horizonte em sua vida e na vida de Rute. Essa mudança radical e bendita passaria pela experiência do casamento de Rute com Boaz. Noemi buscou um lar para a sua nora (Rute 3:1). Ela queria que sua nora se casasse, fosse feliz e tivesse um filho para perpetuar a memória de sua família.

A crise não dura para sempre. A vida não é feita só de turbulência. Depois da tempestade vem a bonança. Depois do choro, vem a alegria. Depois da dor, vem o refrigério. Depois de anos de tristeza, uma porta se abre para Rute e Noemi, e um novo futuro se descortina diante dos seus olhos. Deus não apenas preparou um marido para Rute, mas um remidor para ambas. Deus não apenas deu um lar a Rute, mas um lar feliz. Deus não apenas fez dela uma mulher rica, mas a avó do grande rei Davi e a ancestral do Messias (Rute 4:17; Mty.1:5).

I. O COMPROMISSO DE BOAZ COM RUTE

1. No lugar da bênção

O período da colheita da cevada e do trigo havia chegado ao fim, e Rute continuava servindo e obedecendo fielmente a Noemi (Rt.2:23). Ela seguia o lema: “Tudo quanto me disseres farei” (Rt.3:5). Rute se manteve fielmente ao lado de Noemi e não se deixou levar por ilusões de independência ou liberdade que poderiam afastá-la de seu destino (Rute 3:10). Ela não buscou falsas liberdades, como as propagadas por algumas ideologias atuais. Sua dedicação e obediência não passaram despercebidas por Boaz, que reconheceu em Rute uma mulher virtuosa e digna de compromisso. Sua lealdade e submissão fortaleceram em Noemi o desejo de vê-la casada novamente. Ter um novo lar era essencial para a felicidade e segurança de Rute.

O casamento é uma instituição divina crucial para a solidez da família, da igreja e de toda a sociedade (Gn.2:18; Ec.4:9-12; Hb.13:4). A bênção de Rute estava próxima, e ela permaneceu no lugar certo para recebê-la.

Por estar no lugar certo, Rute encontrou sua bênção. Seu compromisso com Noemi e sua disposição em seguir seus conselhos a colocaram no caminho certo para receber a promessa de uma nova vida ao lado de Boaz. Assim, a história de Rute nos ensina sobre a importância de estarmos no lugar certo e de sermos fiéis e obedientes para que possamos receber as bênçãos que Deus tem para nós.

2. A iniciativa de Noemi

Após a colheita dos cereais, os grãos eram levados para a eira, um local plano preparado para a debulha das espigas. Noemi, conhecendo os costumes de sua época e sabendo que Boaz estaria trabalhando na eira naquela noite, viu ali uma oportunidade para Rute se aproximar dele e demonstrar seu interesse em ser remida.

Com sabedoria e carinho, Noemi orientou Rute sobre o que deveria fazer. Rute deveria esperar que Boaz terminasse seu trabalho e se deitasse. Em seguida, sem ser notada, deveria se aproximar dele, descobrir-lhe os pés e deitar-se discretamente. Este ato, embora possa parecer estranho aos nossos olhos modernos, era um costume reconhecido na época, simbolizando um pedido de proteção e remissão. Boaz, ao perceber a presença de Rute, entenderia imediatamente o que ela desejava, pois o gesto tinha um significado claro: o pedido de casamento e de redenção familiar (Rt.3:4-7).

Quando Rute seguiu as instruções de Noemi e se deitou aos pés de Boaz, ele acordou e perguntou quem era. Rute respondeu: "Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és remidor" (Rt.3:9). Este ato de estender a capa simbolizava a intenção de compromisso de casamento. Boaz, ao cobrir Rute com sua capa, estava declarando sua disposição em protegê-la e cuidar dela, assumindo a responsabilidade de redimi-la e integrá-la à sua família.

Esse costume também é mencionado em Ezequiel 16:8, onde Deus usa a metáfora de estender a capa para ilustrar Seu compromisso e aliança com Israel. Assim como Boaz estendeu sua capa sobre Rute, Deus declarou Seu amor e proteção sobre Seu povo, selando um pacto de cuidado e fidelidade.

A iniciativa de Noemi não foi apenas um gesto de carinho e cuidado com Rute, mas também uma demonstração de sua sabedoria e compreensão dos costumes e leis de sua cultura. Sua orientação levou Rute a encontrar um futuro seguro e abençoado ao lado de Boaz, mostrando como a obediência e a fé podem conduzir às bênçãos de Deus.

3. Respeitando o processo

Para se encontrar com Boaz, Rute deveria seguir um ritual de preparação: tomar banho, se perfumar e vestir sua melhor roupa (Rt.3:3). Isso mostra que a santidade, embora cheia de ternura, não exclui a beleza, desde que seja apresentada com simplicidade, pureza e moderação (Gn.24:16; Is.39:2; 1Tm.2:9,10). Assim, ao se preparar adequadamente, Rute mostrou respeito tanto pelo processo quanto por Boaz, demonstrando seu desejo de remissão de maneira digna e respeitosa.

Por volta da meia-noite, Boaz acordou assustado ao perceber uma mulher deitada a seus pés e perguntou: “Quem és tu?” (Rt.3:9). Seguindo a orientação de Noemi, Rute se identificou e lembrou-lhe de sua condição de parente remidor, pedindo que estendesse sua capa sobre ela. Este ato simbolizava um pedido de proteção e compromisso de casamento, que Boaz prontamente entendeu. No entanto, ele informou a Rute que havia outro parente mais próximo, que tinha prioridade na remissão. Boaz afirmou: "Se ele não quiser redimir-te, vive o Senhor, que eu te redimirei" (Rt.3:13). Era necessário aguardar e respeitar o processo estabelecido.

O caráter íntegro de Boaz e Rute se manifestou novamente durante esse encontro. Sem qualquer contato íntimo, Rute passou o restante da noite deitada aos pés de Boaz e saiu bem cedo, para não ser percebida (Rt.3:9-14). Esta atitude reflete o respeito ao processo e a espera pelo tempo certo para que a bênção se concretize.

A história de Rute e Boaz nos ensina a importância de respeitar os processos e tempos certos para que as bênçãos de Deus se manifestem plenamente. Mesmo estando tão próxima da remissão, Rute e Boaz mostraram paciência e integridade, aguardando que tudo fosse feito de acordo com as normas e costumes da época. Assim como está escrito no Salmo 27:14 - "Espera no Senhor, anima-te, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no Senhor"; e em Provérbios 20:21: "A herança que no princípio é adquirida às pressas, no fim não será abençoada" -, devemos aprender a esperar e respeitar os processos para alcançar as bênçãos duradouras de Deus.

II. O CASAMENTO ENTRE BOAZ E RUTE

1. Concluindo o negócio

Rute, orientado pela sua sogra, sugeriu que Boaz fosse o remidor. Essa sugestão de Rute foi uma ação corajosa e estratégica, uma vez que ela estava pedindo a Boaz para assumir uma responsabilidade significativa em sua vida. Boaz aceitou, porém, havia uma questão a resolver: a preferência de um parente mais próximo, que tinha o direito inicial de redimir a terra e casar-se com Rute.

A situação exigia que Boaz tomasse uma decisão rápida e eficaz. E ele agiu rapidamente para resolver a questão, como Noemi havia previsto: “Sossega, minha filha, […] aquele homem não descansará até que conclua hoje este negócio” (Rt.3:18). Boaz demonstrou determinação e diligência, convocando uma reunião com os anciãos da cidade e o parente mais próximo para resolver a situação de forma legal e transparente (Rt.4:1-10).

A atitude de Boaz serve como um exemplo importante sobre a liderança masculina, especialmente no contexto do casamento e vida conjugal. Ele mostrou que um homem deve estar preparado para tomar iniciativas e resolver questões de forma decisiva. A liderança masculina não se refere apenas à autoridade, mas envolve tomar decisões com responsabilidade, amor e honra à mulher.

A história de Boaz e Rute exemplifica como o amor e a responsabilidade são componentes essenciais de um relacionamento conjugal saudável. Boaz tomou uma atitude proativa, protegendo e honrando Rute, enquanto ela confiou e respeitou sua liderança. Este modelo de relacionamento reflete o equilíbrio que deve existir em um casamento: a liderança responsável do homem e a cooperação respeitosa da mulher.

2. Resgate e lei do Lvirato

Boaz foi para a porta da cidade e encontrou o parente mais próximo (Rt.4:1). Ao se dirigir à porta da cidade, Boaz estava seguindo uma prática comum da época: a porta da cidade servia como um lugar de encontro público onde negócios e questões legais eram discutidos e resolvidos (Rt.4:1). Este evento não parece ser uma coincidência, mas sim mais um exemplo da providência divina guiando as ações para o cumprimento do plano de Deus.

Boaz iniciou a negociação com o parente mais próximo na presença de dez homens importantes da cidade, que serviram como testemunhas do ato (Rt.4:2). Esta formalidade assegurava a legitimidade e a publicidade da transação, conforme os costumes legais da época.

Inicialmente, o remidor estava disposto a adquirir as terras que pertenciam a Elimeleque, pois isso parecia ser um bom investimento (Rt.4:4). No entanto, ao ser informado por Boaz de que o resgate das terras incluía também o dever de se casar com Rute, a moabita, para garantir a continuidade da linhagem de Elimeleque, o parente mais próximo reconsiderou (Rt.4:5).

A necessidade de casar-se com Rute para suscitar descendência ao falecido Elimeleque combinava duas prescrições distintas da Lei de Moisés:

ü  Lei do Resgate (Goel). Quando um israelita se via obrigado a vender suas terras por dificuldades financeiras, o parente mais próximo tinha o dever de comprar as terras para mantê-las na família (Lv.25:25-28). Esta lei visava garantir que as propriedades permanecessem dentro da família e da tribo, preservando a herança israelita.

ü  Lei do Levirato. Quando um homem morria sem deixar filhos, seu irmão ou parente próximo tinha o dever de casar-se com a viúva para gerar descendentes que manteriam o nome e a herança do falecido (Dt.25:5-10). Esta prática garantia a continuidade do nome do falecido e a proteção da viúva dentro da comunidade.

Ao ser informado da necessidade de casar-se com Rute, o parente próximo desistiu da transação, alegando motivos econômicos (Rt.4:6). Ele considerou que não seria vantajoso investir recursos em terras que eventualmente seriam herdadas pelos filhos que Rute poderia ter, que seriam legalmente considerados descendentes de Elimeleque. Este custo adicional e a responsabilidade de manter a herança dentro da família de Elimeleque tornaram o acordo menos atraente para ele.

Boaz, por outro lado, demonstrou estar disposto a assumir essa responsabilidade, não apenas como um dever legal, mas também como um ato de amor e lealdade. Ele se comprometeu a redimir as terras e casar-se com Rute, garantindo assim a preservação do nome e da herança de Elimeleque (Rt.4:9,10).

3. O registro público

Para formalizar a transferência do direito de resgate, Boaz e o parente mais próximo seguiram um antigo costume israelita: o remidor descalçou o sapato e entregou-o a Boaz (Rt.4:7,8). Este ato simbólico servia como um sinal público e visível de que o remidor estava cedendo seu direito de resgate a Boaz. Este costume, embora estranho aos olhos modernos, era uma prática legal reconhecida e significativa na cultura da época.

Boaz então declarou publicamente sua intenção de redimir as terras de Elimeleque e casar-se com Rute. Ele fez isso na presença de todos os que estavam na porta da cidade, garantindo que houvesse testemunhas para validar a transação e o compromisso (Rt.4:9,10). A presença dos anciãos e do povo da cidade assegurava que o ato fosse registrado e reconhecido legalmente.

A resposta da comunidade foi unânime e afirmativa. Todos os presentes confirmaram sua aceitação do acordo e ofereceram uma bênção a Boaz e Rute: “Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Léia, que ambas edificaram a casa de Israel” (Rt.4:11). Este desejo colocava Rute no mesmo nível das matriarcas Raquel e Léia, que foram fundamentais na formação das doze tribos de Israel. Tal bênção não só reconhecia Rute como parte integral da comunidade israelita, mas também lhe conferia grande honra e prestígio.

A acolhida de Rute pela comunidade com tão elevadas honras sublinha a aceitação e a inclusão plena de uma estrangeira dentro do povo de Deus. Este ato demonstra que a graça e a providência divinas não conhecem fronteiras étnicas ou sociais. A história de Rute culmina em sua integração total na comunidade israelita, refletindo a fé e a lealdade que ela demonstrou ao escolher servir ao Deus de Israel e apoiar sua sogra, Noemi.

III. A REMIÇÃO DA LINHAGEM DE DAVI ATRAVÉS DE RUTE E BOAZ

1. O nascimento de Obede

Após a resolução dos direitos de resgate e o casamento, Boaz tomou Rute como esposa. A narrativa bíblica nos informa que "o Senhor lhe deu conceição, e ela teve um filho" (Rt.4:13). Este versículo destaca a intervenção divina na concepção de Obede, sublinhando que Deus abençoou a união de Boaz e Rute com um filho, assegurando a continuidade da linhagem familiar.

O nascimento de Obede foi recebido com grande celebração pelas mulheres de Belém. Elas reconheceram que Deus estava agindo em favor de Noemi, transformando sua amargura em alegria (Rt.4:14). Esta celebração comunitária não só destaca a importância do nascimento de Obede para a família imediata, mas também para a comunidade mais ampla, que viu nele um sinal das bênçãos divinas.

Noemi, que anteriormente se sentia amargurada e acreditava estar sob castigo divino (Rt.1:13,20,21), agora experimentava uma renovação de vida. As mulheres de Belém proclamaram que Obede seria "renovação da vida" para Noemi e que ele cuidaria dela em sua velhice (Rt.4:15 - NAA). Este reconhecimento público sublinha a transformação que Deus operou na vida de Noemi, restaurando sua alegria e esperança através do nascimento de seu neto.

Obede não é apenas um filho de Boaz e Rute; ele é o avô de Davi, o grande rei de Israel (Rt.4:17). Esta genealogia é significativa, pois conecta a história pessoal de Rute e Noemi com a história mais ampla da redenção de Israel. Através de Obede, a linhagem de Davi é estabelecida, preparando o caminho para o surgimento do Messias, Jesus Cristo, o "Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi" (Ap.5:5).

2. Boaz, um tipo de Cristo

Várias características de Boaz demonstram que ele é um perfeito tipo de Cristo no Antigo Testamento. Vejamos:

a) Redentor e Protetor

Boaz é frequentemente visto como um tipo de Cristo no Antigo Testamento devido à sua função como redentor e protetor. Em Rute, Boaz desempenha o papel de "goel" (parente remidor), resgatando a herança de Noemi e casando-se com Rute para manter a linhagem familiar de Elimeleque. Este ato de resgate e proteção é uma antecipação da obra redentora de Cristo, que nos resgatou da escravidão do pecado e nos trouxe para o Reino de Deus.

Paralelo com Cristo:

  • Redenção. Assim como Boaz redimiu Rute e Noemi, Cristo redimiu a humanidade pelo seu sacrifício na cruz. Em Efésios 1:7, lemos: "Nele temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça".
  • Proteção. Boaz assegurou que Rute fosse tratada com respeito e protegida de qualquer mal enquanto colhia nos campos. Da mesma forma, Cristo protege e cuida dos seus seguidores, conforme João 10:28: "Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão".

b) Generosidade e Graça

Boaz demonstrou uma generosidade e graça excepcionais ao permitir que Rute colhesse espigas em seus campos e garantindo que ela fosse bem tratada. Ele foi além das obrigações legais, mostrando misericórdia e bondade.

Paralelo com Cristo:

  • Generosidade. Boaz não apenas seguiu a lei, mas também demonstrou graça abundante. Cristo, de forma semelhante, nos concede graça abundante além de qualquer mérito nosso, como descrito em João 1:16: "Todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça".
  • Hospitalidade. Boaz convidou Rute a comer com ele e ofereceu proteção e provisão. Jesus também chama todos a virem a Ele para encontrar descanso e sustento espiritual, conforme Mateus 11:28: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei".

c) Amor e Inclusão

Boaz aceitou Rute, uma moabita, como sua esposa, mostrando que o amor e a redenção de Deus não estão limitados por etnia ou origem.

Paralelo com Cristo:

  • Inclusão. Assim como Boaz incluiu Rute, Jesus inclui todos no seu plano de salvação, independentemente de suas origens. Em Efésios 2:14, Paulo escreve: "Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade".
  • Amor Universal. A aceitação de Rute por Boaz prefigura o amor universal de Cristo, que veio para salvar tanto judeus quanto gentios (Romanos 10:12).

d) Relacionamento Restaurador

Boaz, ao casar-se com Rute, restaurou a honra e a esperança à vida de Noemi e Rute. Esse relacionamento trouxe uma nova vida e uma nova esperança.

Paralelo com Cristo:

  • Restauração. Cristo restaura nosso relacionamento com Deus, trazendo-nos nova vida e esperança. Em 2Coríntios 5:17, Paulo afirma: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo".
  • Esperança. A união de Boaz e Rute deu origem à linhagem de Davi e, eventualmente, ao Messias, trazendo esperança de salvação. Cristo é a esperança da humanidade, como expresso em 1Pedro 1:3: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos".

Portanto, Boaz é um tipo de Cristo porque seu papel como redentor, protetor, sua generosidade, sua inclusão de Rute e seu relacionamento restaurador prefiguram a obra redentora e inclusiva de Cristo. Assim como Boaz foi um instrumento de graça e provisão para Rute e Noemi, Jesus é o Redentor e Protetor de toda a humanidade, oferecendo graça abundante, inclusão amorosa e restauração eterna.

CONCLUSÃO

O casamento de Boaz e Rute, com toda a sua profundidade teológica e humana, é um testemunho da graça redentora de Deus e da transformação que Ele pode trazer às vidas dos que Nele confiam. A história culmina em alegria e celebração, demonstrando que, independentemente das circunstâncias, Deus está sempre pronto para redimir, restaurar e renovar. Assim, somos inspirados a buscar uma fé profunda e a viver vidas que refletem a graça e a redenção que encontramos em Cristo, o verdadeiro Redentor.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Rute – uma perfeita história de amor.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do cristão. CPAD.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 2.

domingo, 21 de julho de 2024

O ENCONTRO DE RUTE COM BOAZ

 


SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 04

Texto Base: Rute 2:1-4; 11,12,14

 “O Senhor galardoe o teu feito, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar” (Rt.2:12).

Rute 2:1-4; 11, 12, 14

1.E tinha Noemi um parente de seu marido, homem valente e poderoso, da geração de Elimeleque; e era o seu nome Boaz.

2.E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. E ela lhe disse: Vai, minha filha.

3.Foi, pois, e chegou, e apanhava espigas no campo após os segadores; e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de Boaz, que era da geração de Elimeleque.

4.E eis que Boaz veio de Belém e disse aos segadores: O Senhor seja convosco. E disseram-lhe eles: O Senhor te abençoe.

11.E respondeu Boaz e disse-lhe: Bem se me contou quanto fizeste à tua sogra, depois da morte de teu marido, e deixaste a teu pai, e a tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que, dantes, não conheceste.

12.O Senhor galardoe o teu feito, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.

14.E, sendo já hora de comer, disse-lhe Boaz: Achega-te aqui, e come do pão, e molha o teu bocado no vinagre. E ela se assentou ao lado dos segadores, e ele lhe deu do trigo tostado, e comeu e se fartou, e ainda lhe sobejou.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, exploraremos o significativo encontro de Rute com Boaz, um momento crucial na narrativa do Livro de Rute. Boaz, introduzido no capítulo dois, é descrito como um homem próspero e respeitado em Belém. Seu encontro com Rute, uma viúva moabita, revela a providência divina em ação, mostrando como Deus estava resolvendo problemas familiares e, simultaneamente, configurando o plano de salvação que seria plenamente revelado em Jesus Cristo, nosso Salvador.

O encontro ocorre no contexto dos campos de cevada, onde Rute estava colhendo espigas para sustentar a si mesma e sua sogra, Noemi. Boaz, dono das terras, admira Rute e demonstra um profundo respeito e generosidade para com ela. Este ato de bondade e proteção vai além das expectativas culturais e legais da época, destacando o caráter justo e compassivo de Boaz.

A presença de Boaz e seu interesse em Rute não são meras coincidências, mas parte de um plano divino. Deus, em Sua sabedoria e providência, estava trabalhando para transformar uma situação de perda e desespero em uma história de redenção e esperança. Este encontro não apenas resolve uma necessidade imediata, mas também prepara o terreno para o cumprimento dos propósitos divinos mais amplos, incluindo a linhagem do Messias.

A união de Rute e Boaz, que começa com este encontro, resulta na linha genealógica que leva a Davi e, eventualmente, a Jesus Cristo. Assim, vemos como Deus estava configurando a salvação da humanidade através de eventos aparentemente ordinários e encontros significativos.

Ao estudar o encontro de Rute com Boaz, somos lembrados da fidelidade de Deus e do papel crucial da obediência e da compaixão em Seu plano redentor. Este encontro não é apenas um momento de bênção para Rute e Noemi, mas um passo importante na preparação do caminho para o advento do nosso Salvador, Jesus Cristo.

I. BOAZ, O REMIDOR

1. Um homem próspero

Descrito no capítulo 2 como um “homem valente e poderoso, da geração de Elimeleque” (Rt.2:1), Boaz é mais que um simples agricultor; ele é um exemplo de integridade, generosidade e prosperidade.

Os termos "valente" e "poderoso" utilizados para descrever Boaz não se referem apenas à força física, mas também ao seu caráter e posição na comunidade de Belém. Ele é um homem de influência e respeito, conhecido por sua integridade e capacidade de liderança. Sua reputação é tal que seus trabalhadores e colegas o respeitam profundamente, e ele exerce uma autoridade benevolente e justa sobre seus domínios.

Boaz era um grande produtor rural, possuindo vastas plantações de cevada e trigo. Sua prosperidade econômica é evidente na quantidade de terra que possuía e no número de trabalhadores que empregava (Rt.2:5,6,23). Este sucesso material não apenas destaca sua competência na gestão dos recursos, mas também o posiciona como uma figura central na economia local. Sua riqueza, no entanto, é acompanhada por um profundo senso de responsabilidade e generosidade, características que se manifestam em seu tratamento dos trabalhadores e dos necessitados.

A prosperidade de Boaz é acompanhada por uma profunda responsabilidade moral e espiritual, servindo como um modelo para todos os que aspiram viver uma vida de fé e serviço aos outros. Ele é uma prova de que, mesmo em tempos de dificuldade e apostasia, a fidelidade e a bondade podem prevalecer e fazer uma diferença significativa na vida das pessoas.

2. “Goel” e “Levir”

a) "Goel" (resgatador). A palavra "goel" é um termo hebraico que significa "resgatador" ou "redentor". No contexto da Lei Mosaica, um “goel” tinha várias responsabilidades relacionadas à proteção e resgate dos membros de sua família. Estas responsabilidades incluíam:

ü  Redenção da propriedade. Quando um israelita empobrecido vendia suas terras, o parente mais próximo (o goel) tinha a obrigação de comprá-las de volta para manter a herança dentro da família. Este ato de resgate impedia que a terra, considerada uma dádiva divina e um meio de subsistência, fosse permanentemente perdida para estranhos (Lv.25:25-28).

ü  Libertação de escravos. Se um israelita fosse vendido como escravo a um estrangeiro, o “goel’ tinha a responsabilidade de comprá-lo de volta para garantir sua liberdade. Este resgate visava preservar a dignidade e a identidade do povo de Deus (Lv.25:47-49).

ü  Vingança de sangue. O “goel” também poderia ser o "vingador de sangue" (goel ha-dam), responsável por vingar a morte de um parente assassinado, garantindo que a justiça fosse feita (Nm.35:19).

Boaz se qualifica como “goel’ para Noemi e Rute, pois ele é um parente próximo de Elimeleque, o falecido marido de Noemi. Noemi, ao retornar a Belém, apela ao direito de resgate da terra que pertencia a Elimeleque. Boaz, ao descobrir a situação, mostra-se disposto a cumprir este papel, porém, de acordo com a lei, verifica primeiramente se há um parente mais próximo que poderia exercer esse direito (Rt.3:12; 4:1-6).

b) "Levir" (marido de substituição). O termo "levir" vem do latim "levir", que significa "cunhado". A lei do levirato, detalhada em Deuteronômio 25:5-10, estipula que o irmão de um homem falecido deveria se casar com a viúva do irmão para produzir um herdeiro que continuasse o nome e a linhagem do falecido. Esse herdeiro herdaria a propriedade do falecido, assegurando que a linhagem e a herança permanecessem dentro da família.

ü  Casamento Levirato. A principal função do casamento levirato era suscitar descendência ao falecido. O filho primogênito deste casamento seria considerado o herdeiro do falecido, preservando seu nome e evitando que sua linhagem se extinguisse (Dt.25:5,6).

ü  Rejeição do Levirato. Se o irmão do falecido recusasse casar-se com a viúva, a lei permitia um rito público de reprovação e humilhação, mostrando que ele falhou em sua responsabilidade familiar (Dt.25:7-10).

c) Boaz e os papéis de “Goel” e “Levir”. No caso de Boaz, ele desempenhou uma função que combina elementos tanto do “goel” quanto do “levir”. Embora não fosse explicitamente o irmão de Malom (o falecido marido de Rute), Boaz, como parente próximo, assumiu a responsabilidade de resgatar a propriedade e casar-se com Rute para preservar a linhagem de Elimeleque e Malom. Este ato vai além do simples resgate econômico, englobando também o dever de proporcionar uma descendência ao falecido.

ü  Reconhecimento legal. Boaz reconhece a presença de um parente mais próximo que ele, que teria o primeiro direito de resgate. Após este parente renunciar ao direito, Boaz assume a responsabilidade, demonstrando seu compromisso com as tradições e leis de Israel (Rt.4:1-10).

ü  Relação com Rute. Boaz se casa com Rute, não apenas para resgatar a terra de Elimeleque, mas também para suscitar descendência para a linhagem de Malom. Este ato de bondade e responsabilidade consolida seu papel como um verdadeiro redentor, prefigurando o papel redentor de Cristo.

Boaz exemplifica a união das funções de “goel” e “levir”, mostrando que o compromisso com a lei de Deus e o cuidado pela família são essenciais. Seu ato de resgate reflete a fidelidade de Deus em preservar a linhagem de Davi, da qual viria o Messias, Jesus Cristo, o Redentor definitivo.

3. Temor e respeito

O capítulo 2 de Rute oferece uma visão detalhada do caráter de Boaz, especialmente em sua interação com seus empregados. A saudação de Boaz, "o Senhor seja convosco" (Rt.2:4), indica claramente que ele era um homem que temia a Deus. Temor a Deus implica reverência e reconhecimento da soberania divina sobre todas as esferas da vida, incluindo as relações de trabalho. Boaz demonstra que sua liderança e prosperidade estão fundamentadas em princípios divinos, criando um ambiente onde a presença de Deus é reconhecida e buscada.

Respeito aos empregados. Boaz não se limitou a uma relação formal e autoritária com seus empregados. Em vez disso, ele os saudou com uma bênção, o que é prontamente retribuído com outra bênção: "O Senhor te abençoe" (Rt.2:4). Este intercâmbio respeitoso indica uma relação de reciprocidade e respeito. Boaz tratava seus empregados com dignidade, reconhecendo sua importância e contribuição para o sucesso das operações agrícolas.

A interação de Boaz com seus empregados oferece lições valiosas para os dias de hoje. Em um mundo onde as relações de trabalho podem ser frequentemente marcadas por exploração e desrespeito, o exemplo de Boaz destaca a importância de incorporar princípios de temor a Deus e respeito mútuo nas relações profissionais.

Patrões e empregados que adotam essa abordagem não só promovem um ambiente de trabalho saudável, mas também refletem os valores do Reino de Deus em suas interações diárias. Este modelo de comportamento pode servir como uma poderosa testemunha da fé cristã no contexto secular, mostrando que o temor a Deus e o respeito pelos outros são fundamentais em todas as áreas da vida.

II. O CARINHO DE BOAZ PARA COM RUTE

1. A pureza não exclui a ternura

No capítulo 2 do livro de Rute, Boaz demonstra um cuidado especial e ternura ao notar Rute entre os que respigavam em seu campo. Ao ser informado sobre quem ela era, ele a tratou com um carinho e respeito excepcionais. Chamando-a de "filha," ele a convidou a continuar colhendo espigas em seu campo e garantiu sua segurança ao assegurar que os homens não a molestassem (Rt.2:9). Este cuidado reflete um comportamento protetor e compassivo, especialmente notável num tempo e cultura onde a vulnerabilidade das mulheres podia ser explorada facilmente.

Boaz tomou medidas para proteger Rute do assédio, o que mostra seu caráter íntegro e seu compromisso com a justiça. Em uma era onde o assédio moral e sexual são questões graves e persistentes no ambiente de trabalho, o exemplo de Boaz é relevante. Ele cria um espaço seguro e respeitoso para Rute, garantindo que ela não fosse molestada ou desrespeitada por seus trabalhadores.

A conduta de Boaz contrasta fortemente com as atitudes rudes e descorteses que muitas vezes são associadas a um viver santo. Boaz mostra que é possível ser justo e santo sem ser áspero. Ele é um exemplo de como a santidade pode ser acompanhada por gentileza e ternura.

Referências bíblicas como 2Reis 4:8,9 e as interações de Jesus com pessoas de todas as esferas da vida (Mc.2:15-17; Jo.4:3-27) reforçam esta visão. O profeta Eliseu, por exemplo, foi respeitosamente tratado pela sunamita, o que demonstra uma reciprocidade de respeito e hospitalidade. Jesus, o mais puro dos homens, convivia com todos, independentemente de suas falhas e pecados, mostrando amor e compaixão em todas as suas interações.

2. Deus estava agindo

A atitude de Boaz em relação a Rute é notável e cheia de significado, evidenciando como Deus estava agindo por trás dos acontecimentos. Para Rute, uma estrangeira e viúva pobre, a realidade de sua posição social e econômica era dura e repleta de incertezas. O tratamento que ela receberia poderia variar drasticamente, desde hostilidade até indiferença. No entanto, Boaz a surpreende com sua gentileza e proteção.

Rute, ciente de sua condição, se comportava com extrema educação e discrição ao respigar nos campos (Rt.2:7). A ação inesperada de Boaz, ao se aproximar dela e oferecer-lhe proteção e respeito, a pegou de surpresa. Em resposta, ela se inclinou ao chão em um gesto de humildade e gratidão, reconhecendo que não merecia tão generoso tratamento (Rt.2:10). Sua resposta revela tanto sua humildade quanto sua gratidão pela bondade que lhe foi mostrada.

A motivação por trás da generosidade de Boaz não era simplesmente baseada na simpatia momentânea. Ele estava ciente da reputação de Rute e da bela história de dedicação e lealdade que ela tinha para com sua sogra, Noemi (Rt.2:11). Esse bom testemunho de Rute havia precedido sua chegada aos campos de Boaz, e ele reconheceu e honrou essa virtude.

A história de Rute e Boaz ilustra um princípio importante: um bom testemunho pode abrir muitas portas. A conduta exemplar de Rute, sua lealdade e trabalho árduo não passaram despercebidos. A notícia de sua bondade e dedicação chegou a Boaz, que foi movido a agir com bondade e proteção. Este exemplo serve como um lembrete de que nossas ações e nosso caráter podem influenciar as percepções e as atitudes dos outros em relação a nós.

3. Sensível e espiritual

Boaz era um homem que equilibrava admiravelmente a firmeza moral com a sensibilidade; ele manifestava ternura e espiritualidade em suas ações. Sua interação com Rute ilustra sua capacidade de unir essas qualidades de maneira harmoniosa.

Boaz demonstrou firmeza moral em suas decisões e ações, mantendo-se íntegro e justo. Ao mesmo tempo, ele foi sensível às necessidades e circunstâncias de Rute, uma estrangeira e viúva, oferecendo-lhe proteção e respeito. Essa combinação de qualidades fez de Boaz um modelo de liderança e caráter.

A ternura de Boaz se manifestou em sua maneira carinhosa e respeitosa de tratar Rute. Chamando-a de "filha" e assegurando-lhe proteção contra qualquer forma de assédio (Rt.2:9), ele mostrou uma preocupação genuína pelo bem-estar dela. Sua espiritualidade era profunda, como evidenciado em suas palavras a Rute, que constituem um versículo chave do livro: "O Senhor retribua o teu feito, e seja cumprida a tua recompensa do Senhor Deus de Israel, sob cujas asas vieste buscar refúgio" (Rt.2:12).

Boaz tinha uma compreensão espiritual que transcendia as limitações territoriais e étnicas. Ele reconhecia que o Deus dos hebreus, Yahweh, não estava confinado às fronteiras de Israel, mas era o Senhor de toda a criação. Ele viu em Rute, uma piedosa moabita, uma busca sincera por refúgio sob as “asas” de Yahweh. Essa percepção espiritual permitiu que Boaz se tornasse um canal de bênçãos para Rute.

As palavras de Boaz tiveram um impacto profundo no coração de Rute. Elas não apenas lhe ofereceram conforto e encorajamento, mas também reafirmaram sua fé e esperança em um futuro sob a proteção divina. Rute respondeu com gratidão, expressando como as palavras de Boaz a haviam confortado e encorajado (Rt.2:13) - “Então Rute disse: Meu caro senhor, você está me favorecendo muito, pois me consolou e falou ao coração desta sua serva, e eu nem mesmo sou como uma das suas servas”.

III. A COLHEITA DE RUTE E A SUA SOBREVIVÊNCIA

1. A lei da semeadura

Rute, uma moabita, fez uma escolha decisiva ao decidir servir ao Deus de Israel em vez de continuar adorando “Quemós”, o falso deus dos moabitas. A adoração a “Quemós” era marcada por práticas abomináveis, incluindo o sacrifício de crianças (Nm.21:29; 1Rs.11:7; 2Rs.3:26,27). Ao renunciar tais práticas e abraçar a fé em Yahweh, Rute iniciou uma jornada de fé que a levaria a experimentar a provisão divina de maneira inesperada e extraordinária.

A decisão de Rute de seguir o Deus de Israel foi um ato de fé e confiança. Abandonar a segurança de sua terra natal e os deuses de seus antepassados para seguir um Deus desconhecido, mas reverenciado por sua sogra Noemi, foi um testemunho de sua lealdade e coragem. Essa decisão crucial colocou Rute sob a proteção e provisão de Yahweh, que é conhecido como Jeová-Jireh, o Deus que provê.

À medida que Rute trabalhava nos campos de Boaz, ela começou a experimentar a mão invisível de Jeová-Jireh agindo em seu favor. Através das ações generosas de Boaz, que era justo e bondoso, Rute encontrou um meio de sustento e proteção. Boaz, seguindo as leis de Deus para os pobres e estrangeiros, permitiu que Rute respigasse em seus campos, assegurando que ela tivesse o suficiente para comer e sustentar a si e a Noemi.

A experiência de Rute ilustra a aplicação da lei da semeadura e colheita, que é um princípio espiritual universal encontrado nas Escrituras. 2Coríntios 9:6 diz: "Aquele que semeia pouco, pouco também colherá; e o que semeia em abundância, em abundância colherá”. Gálatas 6:7 diz: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará".

Rute, ao semear fidelidade, amor e devoção a Deus e à sua sogra, colheu abundantes bênçãos. Sua disposição para trabalhar arduamente nos campos foi recompensada com a generosidade de Boaz, que reconheceu sua virtude e a abençoou com proteção e provisão.

2. Os “acasos” de Deus

O Livro de Rute ilustra maravilhosamente como Deus trabalha de maneira soberana e providencial, muitas vezes por meio de eventos que, à primeira vista, podem parecer meros acasos. O exemplo mais claro disso é a decisão aparentemente aleatória de Rute de ir apanhar espigas no campo de Boaz (Rt.2:3).

Para Rute, escolher aquele campo específico parecia um simples acaso, uma escolha sem qualquer significado maior. No entanto, do ponto de vista divino, isso foi um ato orquestrado por Deus. A narrativa nos mostra que a escolha de Rute de trabalhar justamente no campo de Boaz não foi coincidência, mas uma manifestação clara da providência de Deus. Deus estava guiando os passos de Rute, mesmo que ela não percebesse.

Este episódio sublinha a verdade de que Deus está no controle de todas as coisas e age em favor daqueles que o amam. Romanos 8:28 nos assegura: "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados segundo o seu propósito". Na vida de Rute, vemos esta promessa se desenrolando de maneira concreta e prática. Deus estava trabalhando por trás dos bastidores, dirigindo cada detalhe para que Rute encontrasse Boaz, um parente remidor que desempenharia um papel crucial em sua vida e na história de Israel.

Quando Rute retornou para casa e contou a Noemi sobre o campo onde havia trabalhado, a resposta de Noemi foi de exultação e esperança renovada (Rt.2:20). Noemi reconheceu a mão de Deus na escolha de Rute e viu uma nova esperança surgindo para elas. Este momento marcou uma mudança significativa na história de Rute e Noemi, revelando que mesmo em meio às dificuldades, Deus estava providenciando uma solução.

A reação de Noemi ao saber que Rute havia encontrado favor nos olhos de Boaz não foi apenas de alegria, mas de uma profunda esperança renovada. A pobre viúva, que anteriormente havia expressado sua amargura e desespero, agora viu um raio de esperança. O encontro de Rute com Boaz era um sinal claro de que Deus não havia abandonado elas e que Sua providência estava ativa em suas vidas.

3. O resultado da colheita

A história de Rute nos mostra que as bênçãos de Deus podem ser colhidas tanto de imediato quanto ao longo do tempo. Algumas ações trazem frutos instantâneos, enquanto outras requerem paciência e perseverança para que seus resultados se manifestem. Rute experimentou essa realidade ao colher cereais abundantemente nos campos de Boaz.

A generosidade e a graça com que Boaz tratou Rute permitiram que ela colhesse cereais em abundância diariamente (Rt.2:17,21). Essa colheita não apenas garantiu a sobrevivência dela e de sua sogra, Noemi, mas também proporcionou segurança e estabilidade em tempos difíceis. A bondade de Boaz e a providência divina se uniram para abençoar Rute e Noemi.

Rute trabalhou arduamente durante toda a estação de colheita. Entre março e abril, ela colheu cevada; de abril a junho, foi a vez do trigo. Esse trabalho constante e dedicado foi essencial para a sua sobrevivência e a de sua sogra (Rt.2:23). A perseverança de Rute no campo de Boaz é um exemplo de diligência e fé em meio às dificuldades.

Apesar do trabalho árduo e das colheitas imediatas, Rute estava destinada a uma colheita ainda maior e mais significativa em tempo oportuno (Ec.3:1). A história dela é uma poderosa ilustração de como Deus trabalha em favor daqueles que esperam nEle. A paciência e a confiança de Rute em Deus não apenas garantiram sua sobrevivência imediata, mas também prepararam o caminho para bênçãos futuras e duradouras.

O testemunho de Rute e sua colheita diária demonstram a fidelidade de Deus em prover para aqueles que confiam nEle. Isaías 64:4 nos lembra que Deus trabalha por aqueles que esperam nEle. A colheita de Rute é um exemplo tangível dessa promessa, mostrando que, mesmo em meio às tarefas diárias e às dificuldades, Deus está ativamente trabalhando para o bem de seus servos.

CONCLUSÃO

O Encontro de Rute com Boaz nos ensina sobre a importância da integridade, da bondade e da obediência às leis divinas. Ele ilustra como Deus usa as interações cotidianas e os relacionamentos humanos para realizar Seus propósitos maiores. A história de Rute e Boaz nos encoraja a confiar na providência divina e a reconhecer que, mesmo em tempos de dificuldade, Deus está presente e ativo em nossas vidas.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Rute – uma perfeita história de amor.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do cristão. CPAD.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 2.