segunda-feira, 30 de junho de 2014

Aula 01 – TIAGO – FÉ QUE SE MOSTRA PELAS OBRAS


3º Trimestre_2014

 
Texto Base: Tiago 2:14-26

 

“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2:17).

INTRODUÇÃO


Mais um trimestre inicia-se. “Fé e Obras – Ensinos de Tiago para uma vida Cristã Autêntica” - é o tema deste trimestre. Tenho certeza de que este ensino, que foi entregue aos santos irmãos do primeiro século, encaixa-se perfeitamente em nossos dias. Eu creio que não há discordância de que os ensinos da Epístola de Tiago são plenamente necessários à igreja contemporânea. Nenhum outro livro do Novo Testamento é tão direto e enfático sobre a relação entre a fé e as obras na vida do verdadeiro cristão. Tiago preocupa-se com a prática do cristianismo. Para ele não basta ter um credo, fazer uma profissão de fé ortodoxa, é preciso viver de forma digna diante de Deus. Todo o livro de Tiago é comparado ao sermão do monte; tem princípios práticos. Ele tange os grandes temas da vida cristã de forma clara e direta. Os teólogos o consideram o livro de Provérbios do Novo Testamento.

Almejo que, no final do trimestre, após estudarmos os temas propostos, tenhamos plena consciência de que o Evangelho não admite uma vida cristã acompanhada de um discurso desassociado da prática. A nossa fé deve ser confirmada através das obras. É isto o que Tiago nos ensina: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:17).

I. AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1:1)

1. Autoria. “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na Dispersão, saudações”. Percebe-se por este versículo que o autor da Epístola foi Tiago. Mas, qual Tiago? O nome Tiago não era incomum nos dias de Jesus, e no Novo Testamento ocorrem ao menos quatro citações a pessoas que tinham esse nome:

a) Tiago, apóstolo, filho de Zebedeu, irmão de João. Foi um dos primeiros apóstolos seguir a Jesus em seu Ministério (Mc 1:19). Junto com João, seu irmão, e Pedro tornou-se um dos apóstolos mais íntimos de Jesus (cf. Mc 5:37; 9:2; 10:35).

b) Tiago, apóstolo, filho de Alfeu. É mencionado apenas nas listas dos apóstolos e (possivelmente) em Marcos 15:40, como “Tiago, o menor” (apenas “Tiago” no texto paralelo de Mt 27:56).

c) Tiago, pai de Judas (Lc 6:16). Este Judas, que é um dos doze, se distingue do Judas Iscariotes (vide João 14:22); provavelmente deve estar relacionado ao nome Tadeu, em Mateus 10:3 e Marcos 3:18. Por ser ainda mais desconhecido, é razoável descartá-lo como o autor da Epístola.

d) Tiago, “o irmão do Senhor” (Gl 1:19). No começo, ele não cria em Jesus (João 7:2-5), porém, mais tarde, tornou-se um proeminente líder na vida da igreja de Jerusalém (At 12:17; 15:13; 21:18; Gl 2:9).

Dos quatro Tiago descritos acima, apenas o filho de Zebedeu e o irmão do Senhor destacam-se como proeminentes. Entretanto, Tiago – o filho de Zebedeu – morreu martirizado em 44 d.C (At 12:2), e é improvável que a Epístola tenha sido escrita numa época tão remota. Desta feita, é notório que Tiago – irmão do Senhor - seja o mais provável autor da epístola que leva o seu nome.

Tiago foi uma das seletas pessoas para quem Cristo apareceu depois da ressurreição (1Co 15:7). Ele estava no cenáculo, com os apóstolos no Pentecostes (At 1:14). Paulo o chamou de pilar da igreja de Jerusalém (Gl 2:9). Paulo viu Tiago quando foi a Jerusalém depois de sua conversão (Gl 1:19), bem como em sua última viagem a Jerusalém (At 21:18).

Quando Pedro saiu da prisão, falou para seus amigos contarem a Tiago (At 12:17). Tiago foi o líder do importante concílio de Jerusalém (At 15:13). Judas identificou-se simplesmente como o irmão de Tiago (Jd 1).

De incrédulo a crente, de crente a líder, de líder a servo de Cristo. Ele não se apresenta como irmão do Senhor, mas como seu servo. Ele é um homem humilde. Essa é a transformação que o evangelho produz! É impossível alguém ser um verdadeiro cristão sem primeiro ser humilde de espírito.

Tiago foi apedrejado em 62 d.C., pelo sinédrio. Embora amado pelo povo, Tiago era odiado pela aristocracia sacerdotal que governava a cidade. O sumo sacerdote da época (Ananias?) levou Tiago ao sinédrio, sendo ele condenado e apedrejado, sobretudo pelas posições severas que tomara contra a aristocracia abastada que explorava os pobres, e à qual o sumo sacerdote da época pertencia (Tg 5:1-6).

2. Local e data. Tiago talvez tenha sido o primeiro livro escrito do Novo Testamento e, portanto, possui um tom claramente judaico. Flavo Josefo afirma que Tiago foi morto em 62 a.C., de modo que a carta é anterior a essa data. Tendo em vista a ausência de qualquer menção às decisões tomadas no Concícilio de Jerusalém (c. 49 ou 50 d.C) presidido por Tiago (At 15), costuma-se datá-la entre 45 e 49 d.C. Está escrito no Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal  -  que Tiago escreveu esta carta em Jerusalém, onde vivia.

3. Destinatário. “... às doze tribos que se encontram na Dispersão…” (Tg 1:1). A Epístola é dirigida às doze tribos que se encontram na Dispersão (gr. Diáspora), uma referência aos judeus de nascimento, pertencentes às doze tribos de Israel. O relato do dia de Pentecostes mostra que, naquela ocasião, havia em Jerusalém judeus devotos de todas as partes do mundo conhecido (At 2:4). Tais indivíduos poderiam ser chamados corretamente de judeus da Dispersão. Mas, a Epístola de Tiago foi destinada, originalmente, aos judeus cristãos (Tg 2:1;5:7,8) que possivelmente se converteram no Pentecostes e foram dispersos depois do martírio de Estêvão (At 8:1; Tiago 1:1). Vemos em Atos 8:1 que os primeiros cristãos (a maioria de origem judaica) se espalharam pela Judéia e Samaria devido à perseguição promovida, entre outros, por Saulo de Tarso. Essa dispersão volta a ser mencionada em Atos, na passagem que diz que os cristãos se espalharam até a Fenícia, Chipre e Antioquia (At 11:19).

Por força ou por escolha, os judeus estavam vivendo por toda parte do Império Romano. Eles eram crentes, mas eram perseguidos. Eles eram cidadãos dos céus, mas viviam dispersos na terra. Eles eram crentes, mas tiveram seus bens saqueados. Eles eram crentes, mas eram pobres e, muitos deles, estavam sendo oprimidos pelos ricos (Tg 5:1-6). Eles eram crentes, mas ficavam enfermos (Tg 5:14). Eles eram crentes, mas sofriam (Tg 5:13). Vida cristã não é uma redoma de vidro, uma estufa espiritual, uma colônia de férias, antes, é um campo de batalha. Não somos poupados dos problemas, mas nos problemas.

Conquanto não façamos parte do público-alvo original da Epístola, podemos aplicá-la a nós, pois todos os cristãos verdadeiros são estrangeiros e peregrinos neste mundo (Fp 3:20; 1Pe 2:11).

II. O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO

1. Orientar. Tiago, através de orientações práticas, exorta os cristãos, destinatários de sua Epístola, acerca da profundidade da verdadeira, pura e imaculada religião para com Deus, que é: (a) visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações; (b) não fazer acepção e pessoas e; (c) guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1:27). Aqui, Tiago nos ensina que a religião pura e verdadeira vai muito além de doutrinas e ritos; envolve prática, ação. Quando ele diz que há uma religião pura e sem mácula aceitável diante de Deus, significa dizer que há uma religião que não é aceitável para Deus; qual é ela? É aquela apenas de palavras, de uma fé, superficial, que não tem obras.

Hoje há um grande abismo entre o que dizemos e o que fazemos; entre a nossa profissão de fé e a nossa prática de vida; entre o cristianismo teórico e o cristianismo prático. Esse distanciamento entre essa falta de consistência e coerência, dá à luz uma religião esquizofrênica e farisaica.

Concordo plenamente com o Rev. Hernandes Dias Lopes, quando diz que o verdadeiro religioso não é egocêntrico, não é narcisista, não vive só para si, não vive recuado só no seu mundo, só olhando para si. Ele sai do casulo, da caverna da omissão. Ele se levanta da poltrona da indiferença. Ele age. Tem mãos abertas e coração dadivoso. Não é dado à verborragia, mas à ação. Não ama apenas de palavra, mas de coração. Abomina o sentimentalismo inócuo. Usa a razão, e por isso dá pão a quem tem fome. Ele celebra a liturgia da generosidade e evidencia a verdadeira religião. (1)

2. Consolar. No princípio, a igreja enfrentou terríveis perseguições – lembre-se de que Tiago estava escrevendo a crentes que tinham se espalhado pelo mundo devido à perseguição. Muitas destas provações vinham de fora. Judeus fanáticos ou “zelosos”, como Saulo de Tarso antes de sua conversão, prendiam e matavam os seguidores de Cristo (At 6:8-7:60). O reconhecimento público de Cristo como Salvador e Senhor não levava à popularidade, ao poder, ou ao prestígio. Tiago também sabia das lutas que ocorriam internamente. Uma provação pode colocar à prova a fé dos crentes, causando dúvidas e desânimo e tornando-os suscetíveis a inúmeras tentações. E Satanás tenta usar os tempos difíceis para dividir a igreja. Assim, Tiago incentivou os cristãos, destinatários de sua Epístola, a permanecerem concentrados em Deus e em sua bondade (Tg 1:17,18), e a resistirem aos ataques sutis de Satanás (Tg 4:7).

Todos os dias, os cristãos enfrentam dezenas de decisões que podem resultar em serem “perseguidos” pela sua fé. Além disto, a adversidade é parte da vida, um resultado de sermos mortais e humanos. Vivemos em um mundo arruinado, e as pessoas, todas as pessoas, ficam doentes, lutam pela vida e, no final, morrem. Deus não promete nos poupar destas dificuldades e nos dar saúde e riqueza; Ele promete, sim, estar conosco em tudo o que tivermos que enfrentar (vide João 16:31-33; Rm 8:35-39).

Quando somos provados, desenvolvemos a paciência triunfadora. Quando somos provados somos aprovados por Deus. Quando somos provados temos a oportunidade de demonstrar nosso amor por Deus. A Bíblia diz que nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co 4:17).

Como você está reagindo às provações que atacam a sua vida? Você está se entregando ou está conservando a fé? Reaja com alegria às provações, porque elas operam para produzir uma fé mais profunda, mas forte e mais segura.

3. Fortalecer. Além das perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos ricos e defraudados e afligidos pelos empregadores – “Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos(Tg 5:4).

Deus sempre condenou com veemência essa prática injusta e desleal; mas, infelizmente, ela foi notória em todas as épocas, e ainda é muito atual (Ml 3:5; Mc 10:19; 1Ts 4:6). À época de Tiago os trabalhadores que ceifavam os campos eram privados do pagamento a que tinham direito. Mesmo que esses ceifeiros reclamassem, dificilmente seriam indenizados, pois não tinham quem defendesse sua causa com sucesso.

Os ricos não apenas estavam retendo o salário dos trabalhadores, mas estavam retendo o salário deles com fraude. Eles estavam ricos por roubar dos pobres (Pv 22:16,22). A lei de Moisés proibia ficar com o salário do trabalhador até à noite: "Não oprimirás o trabalhador pobre e necessitado, seja ele de teus irmãos, ou dos estrangeiros que estão na tua terra e dentro das tuas portas. No mesmo dia lhe pagarás o seu salário, e isso antes que o sol se ponha; porquanto é pobre e está contando com isso; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado" (Dt 24:14,15). Prossegue Moisés: "Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã" (Lv 19:13).

Os trabalhadores foram contratados por um preço, e fizeram o seu trabalho, mas não receberam. Mas, seus clamores chegaram aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Portanto, Tiago exorta os santos a não desanimarem na fé, pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto e certamente cobrará muito caro por isso. Aquele que comanda aos hostes no Céu defende o povo oprimido na Terra. O Senhor Deus Onipotente o socorrerá e vingará. Assim, a Bíblia condena não apenas o acúmulo de bens, mas também o enriquecimento por meios desonestos. A queda de quem explora o trabalhador não tardará (Tg 5:1-3).

Além do pecado da desonestidade com os pobres, com pagamento de salários insuficientes, Tiago também poderia ter mencionado a sonegação de impostos, a desonestidade no uso de pesos e medidas, o suborno de fiscais ou outros servidores, a propaganda enganosa e a falsificação de recibos de despesa. O cristão genuíno deve ser honesto para pagar suas dívidas e cumprir com os seus compromissos financeiros.

III. ATUALIDADE DA EPÍSTOLA

1. Num tempo de superficialidade. Tiago escreveu para corrigir a fé do tipo “é fácil crer”, o tipo de fé superficial em Cristo, que é uma mera aceitação intelectual – a atitude que transforma a fé em uma ortodoxia fria, em que a pessoa meramente crê nos fatos corretos a respeito de Deus e de Jesus. Tiago assim explicou: “Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem“ (Tg 2:19). Obviamente, os demônios não são cristãos, e ainda assim, de certa forma, eles são “crentes”. O seu tipo de fé está longe de ser a fé que salva.

A igreja de Jerusalém tinha passado por um tremendo crescimento. Com este crescimento, havia, sem dúvida, muitas pessoas que queriam fazer parte da multidão cristã, mas que não tinham profundidade em sua fé. Ananias e Safira parecem ter se encaixado nesta categoria. A sua falsa declaração e as suas mortes dramáticas abalaram a jovem igreja (ver At 5:1-11). Percebe-se pelas Epístolas apostólicas que outras pessoas também abandonaram a sua fé em Cristo, quando se tornou mais difícil participar da comunidade cristã: “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1João 2:19).

Para lidar de frente com este problema, sob a inspiração do Espírito Santo, Tiago declarou que uma fé superficial, que simplesmente crê nos fatos sobre Jesus Cristo, não é suficiente. A verdadeira fé envolve uma confiança irrestrita e sincera em Jesus Cristo, e será evidenciada por uma vida transformada. Em outras palavras, a verdadeira fé irá produzir boas obras.

O problema enfrentado por Tiago, no século I, é um problema predominante hoje. As igrejas estão cheias de pessoas que afirmam serem seguidoras de Cristo. No entanto, infelizmente, as reivindicações de muitos destes ditos seguidores são vazias, porque a sua fé é superficial – as suas vidas contradizem que eles dizem, por ações e atitudes não-cristãs específicas ou pelo que eles deixam de fazer. A aplicação deste tema na Epístola de Tiago é clara: a igreja deve constantemente chamar as pessoas à genuína fé em Cristo – uma fé que resulta em vidas transformadas. E os cristãos devem avaliar, individualmente, o seu próprio nível de obediência ao seu Mestre e voltar a se comprometer a realizar as boas obras que resultam de serem salvos. (2)

2. Num tempo de confusão entre “salvação pela fé” ou “salvação pelas obras”. Uma pessoa desavisada ao ler a Epístola de Tiago pode pensar que ela contradiz o apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação mediante a fé. Muitos já criticaram a Epístola de Tiago porque entenderam que ela contradiz o que Paulo escreveu em Romanos (Rm 3:28 com Tg 2:24; Rm 4:2,3 com Tg 2:21). Até mesmo Lutero entendeu mal esta Epístola.

Segundo Douglas J. Moo, o ponto de atrito estava na tensão que via entre Tiago e os “principais” livros do Novo Testamento, a respeito da questão da justificação pela fé. Disse Lutero: “Tiago desfigura as Escrituras e, assim, opõe-se a Paulo e a todo texto sagrado”; ele também caracterizou a Epístola como “epístola de palha”. Mas, apesar de Lutero ter tido claras dificuldades com Tiago, tendo chegado às raias de lhe conferir um “status” secundário do cânon, seu espírito crítico não deve ser exagerado. Ele não excluiu Tiago do cânon, e tem sido estimado que em suas obras ele cita mais da metade dos versículos de Tiago como textos detentores de autoridade.

Mas será que Tiago está contradizendo Paulo? Absolutamente não! Eles se completam!  Paulo falou que a causa da salvação é a justificação pela fé somente. Tiago diz que a evidência da salvação são as obras da fé. Paulo olha para a causa da salvação e fala da fé. Tiago olha para a consequência da salvação e fala das obras. Paulo deixa isso claro: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:8-10).

A questão levantada por Paulo era: “como a salvação é recebida?”. A resposta é: “pela fé somente”. A pergunta de Tiago era: “como essa fé verdadeira é reconhecida?”. A resposta: “pelas obras!”. Assim, Tiago e Paulo não estão se contradizendo, mas se completando. Somos justificados diante de Deus pela fé, somos justificados diante dos homens pelas obras. Deus pode ver a nossa fé, mas os homens só podem ver as nossas obras. Portanto, a salvação é só pela fé, mas a fé salvadora se evidencia pelas obras.

3. Uma fé posta em prática. Mais que um conjunto resumido de práticas e dogmas, a verdadeira fé é voltada para a prática. César Moisés Carvalho, pedagogo e autor do livro Marketing para a Escola Dominical, editada pela CPAD, disse certa vez que o problema de muitos cristãos de nossos dias não é a ortodoxia – saber fazer o que é certo à luz da Bíblia -, e sim a ortopraxia – viver aquilo que sabemos ser o certo à luz da Bíblia.

Alexandre Coelho diz que, para Tiago, é preciso conjugar o que falamos com o que fazemos, ou nossas palavras cairão no vazio. Não basta falar bonito ou saber o que falar, se não houver ação. Agir de forma conjugada faz a diferença na vida do servo de Deus. Sem dúvida, esse tem sido um dos maiores problemas da igreja em nossos dias. Não raro, muito do que é falado nos púlpitos raramente é praticado, e isso tem colocado o testemunho de muitos em desvantagem.

Ser sensível às necessidades do nosso próximo – daquele que é absolutamente necessitado - e procurar maneiras para podermos nos envolver pessoalmente é uma maneira de colocar a fé em prática - “Se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo com a ti mesmo, bem farás” (Tg 2:8). A verdadeira fé salvífica é tão vital que não poderá deixar de se expressar por ações, e pela devoção a Jesus Cristo; Tiago chama isso de “religião pura e imaculada para com Deus” (Tg 1:27). Portanto, as obras sem a fé são obras mortas; a fé sem obras é fé morta.

CONCLUSÃO


A mensagem de Tiago denota maior ênfase à vida prática do cristão. Falar da fé cristã não é suficiente, diz Tiago; devemos vivê-la - “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?”(Tg 2:14). A prova da realidade da nossa fé é uma vida transformada. Tornemo-nos, pois, cristãos praticantes da Palavra do Senhor (Tg 1:22-25).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 58 – CPAD.

William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.

Douglas J. Môo. Tiago - Introdução e Comentário. Vida Nova.

(1) Rev. Hernandes Dias Lopes – Tiago (Transformando Provas em Triunfo). Hagnos.

(2) Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé & Obras – Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica. CPAD.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - 3º TRIMESTRE DE 2014


 




 

 

No 3º Trimestre de 2014 estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “FÉ E OBRAS – Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica”.

As lições serão comentadas pelo pastor Eliezer de Lira e Silva, e estão distribuídas sob os seguintes títulos:

Lição 1 – Tiago — Fé que se Mostra pelas Obras.

Lição 2 – O Propósito da Tentação.

Lição 3 – A Importância da Sabedoria Humilde.

Lição 4 – Gerados pela Palavra da Verdade.

Lição 5 – O Cuidado ao Falar e a Religião Pura.

Lição 6 – A Verdadeira Fé não Faz Acepção de Pessoas.

Lição 7 – A Fé se Manifesta em Obras.





Lição 12 – Os Pecados de Omissão e de Opressão.

Lição 13 – A Atualidade dos Últimos Conselhos de Tiago.

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Neste trimestre temos a grata satisfação de estudar a Epístola de Tiago, sob o tema: “Fé e Obras – Ensino de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica”.

Segundo Matthew Henry, a epístola de Tiago é um dos escritos mais instrutivos do Novo Testamento. Dirigida principalmente contra erros particulares da época produzidos entre os cristãos judaicos, não contém as mesmas declarações doutrinárias completas das outras epístolas, porém apresenta um admirável resumo dos deveres práticos de todos os crentes. Aqui estão manifestadas as verdades principais do cristianismo, e ao ser consideradas com atenção, se verá que coincidem por inteiro com as declarações de Paulo acerca da graça e a justificação, abundando ao mesmo tempo em sérias exortações à paciência da esperança e a obediência da fé e do amor, misturadas com advertências, repreensões e exortações conforme aos caracteres tratados. As verdades aqui expostas são muito sérias e é necessário que se sustentem e se observem em todo tempo as regras para sua prática. Em Cristo não há ramos mortos ou sem seiva; a fé não é uma graça ociosa; onde quer que esteja, gera fruto em obras. (1)

Tiago é um dos livros mais atuais e necessários para a igreja contemporânea. É comparado ao sermão do monte; tem princípios práticos. Ele tange os grandes temas da vida cristã de forma clara e direta. É considerado o livro de Provérbios do Novo Testamento.

Tiago preocupa-se com a prática do cristianismo. Para ele não basta ter um credo, fazer uma profissão de fé ortodoxa, é preciso viver de forma digna de Deus.

Muitos já criticaram a Carta de Tiago porque entenderam que ela contradiz o que Paulo escreveu em Romanos (Rm 3:28 com Tg 2:24; Rm 4:2,3 com Tg 2:21). Mas será que Tiago está contradizendo Paulo? Absolutamente não! Eles se completam!

Paulo falou que a causa da salvação é a justificação pela fé somente. Tiago diz que a evidência da salvação são as obras da fé.

Paulo olha para a causa da salvação e fala da fé. Tiago olha para a consequência da salvação e fala das obras.

Paulo deixa isso claro: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:8-10).

A questão levantada por Paulo era: “Como a salvação é recebida?”. A resposta é: “Pela fé somente”. A pergunta de Tiago era: “Como essa fé verdadeira é reconhecida?”. A resposta: “Pelas obras!”. Assim, Tiago e Paulo não estão se contradizendo, mas se completando.

Somos justificados diante de Deus pela fé, somos justificados diante dos homens pelas obras. Deus pode ver a nossa fé, mas os homens só podem ver as nossas obras.

Portanto, a salvação é só pela fé, mas a fé salvadora se evidencia pelas obras.

Espero que após estudarmos esta preciosa Carta, sob os títulos propostos, tenhamos plena consciência de que o Evangelho não admite uma vida cristã acompanhada de um discurso desassociado da prática. A nossa fé deve ser confirmada através das obras.

“Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:17).

 

Luciano de Paula Lourenço

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(1) Matthew Henry – Comentário Bíblico do Novo Testamento.

domingo, 22 de junho de 2014

Aula 13 – A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS


2º Trimestre_2014

 
Texto Básico: Efesios 3:8-10; 1Pedro 4:7-10

 
“Para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3:10)

 

INTRODUÇÃO


A multiforme sabedoria de Deus-Pai é Cristo, “o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos” (Cl 1:26). No Novo Testamento, “mistério” é uma verdade que não fora revelada, porém agora é manifesta aos filhos dos homens por meio dos apóstolos e profetas do Novo Testamento. Trata-se de uma verdade que o homem jamais poderia atingir pela própria inteligência, mas que Deus, por sua graça, quis revelar: Cristo em nós, a esperança da glória. É a multiforme sabedoria do Pai manifestando-se para pessoas simples como eu e você.
Efésios 3:10 mostra que Cristo é a Sabedoria de Deus, o qual se expressa de muitas maneiras através da Sua Igreja. Cristo é tão grande, tão precioso, que Ele não pode ser expresso só por uma ou duas pessoas; necessita de toda a igreja para fazê-lo. Só a igreja, em sua pluralidade, pode expressar totalmente a Cristo. Cada vez que a igreja se reúne, dá testemunho e expressa o Senhor Jesus Cristo.
Estudamos neste trimestre os cinco ministérios relacionados em Efésios 4:11 -  Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres. Através destes ministérios, o Senhor capacita a igreja; mas na realidade, estes cinco ministérios são cinco expressões de Cristo; eles expressam cinco aspectos da maravilhosa Pessoa de Cristo - Cristo é o verdadeiro Apóstolo, o verdadeiro Profeta, o grande Evangelista, o bom Pastor e o grande Mestre.
Estudamos, também, nove Dons Espirituais definidos pelo apóstolo Paulo em 1Co 12:8-11. Estes dons testificam das qualidades, ou virtudes do Doador; eles são a glorificação de Cristo por meio da edificação do Corpo de Cristo - a Igreja. Através destes dons o Senhor torna a Igreja mais capaz de cumprir a missão como agente do Reino de Deus na Terra (cf At 9:31).
E em Gálatas 5:22, encontramos as nove manifestações do fruto do Espírito, que é o caráter de Cristo.
Assim é expressa a multiformidade de Cristo, a sabedoria do Pai, manifestando-se em e para pessoas simples como eu e você.

I. OS DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS


Ao longo deste trimestre estudamos sobre os Dons Espirituais e Ministeriais. O que foi exaustivamente estudado dá-nos uma visão clara de que a Sabedoria de Deus é multiforme e plural, e que se “manifesta em seus dons espirituais e ministeriais nas mais variadas comunidades cristãs espalhadas pelo mundo”.

1. DONS ESPIRITUAIS

Neste bloco, estudamos três grupos de dons espirituais, a saber: três Dons de Revelação (Palavra de sabedoria, Palavra de ciência - ou conhecimento e Discernimento de espíritos); três Dons de Poder (Fé, Cura e Operação de milagres); três Dons de Elocução (Profecia, Variedade de línguas e Interpretação de línguas). É certo que em nenhum destes grupos o objetivo de Paulo foi o de quantificar os Dons, ou seja, definir quantos são, mas o de qualificá-los, ou seja, discorrer sobre o objetivo e o uso correto de cada um. Vejamos uma rápida revisão do que foi estudado.

a) DONS DE REVELAÇÃO (1Co 12:8,10). Estes Dons são dados pelo Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu povo. Por intermédio dos Dons de Revelação, a Igreja de Cristo manifesta sabedoria, ciência e discernimento sobrenaturais. Eles são de grande necessidade aos santos, habilitando-os a entenderem muito mais e a combaterem os espíritos do erro e suas artimanhas por toda parte.

Hoje, estamos presenciando a proliferação, inclusive dentro das igrejas, de falsas doutrinas, de imitação dos dons, de modernismos teológicos, de inovações antibíblicas, de falsos avivalistas, de "milagreiros" ambulantes, etc. Por isso que é tão importante a manifestação destes Dons na Igreja. São Dons necessários ao pastoreio – na administração e liderança da Igreja.

b) DONS DE PODER (1Co 12:4,9-11). Estes Dons mostram a Soberania de Deus, a sua Onipotência, a sua autoridade sobre as forças da natureza, sobre o ser humano, sobre os demônios. Eles são concedidos pelo Espírito Santo à Igreja a fim de auxiliá-la na propagação do evangelho, para que o nome do Senhor seja glorificado. Através dos Dons de Poder a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da igreja são confirmadas. Jamais devem ser utilizados para a exaltação pessoal.

c) OS DONS DE ELOCUÇÃO (1Co 12:10). São dons de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus (1Co 14:3). A igreja precisa ter muito cuidado com a manifestação destes Dons, pois atualmente, há muita confusão e falta de sabedoria no uso dos mesmos, principalmente o de profecia. Precisamos de bastante cuidado e discernimento para que não sejamos enganados pelos falsos profetas que têm ardilosamente se infiltrados no meio do povo de Deus.

2. OS DONS MINISTERIAIS


Os Dons Ministeriais encontram-se relacionados em Efésios 4:11, a saber: Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres. É importante que se faça distinção entre os Dons Ministeriais e os “títulos ministeriais” ou os “cargos eclesiásticos”. Nos nossos dias, muitos têm confundido estes dois aspectos, que são completamente diferentes. O dom é uma concessão de Cristo, que vem diretamente do Senhor para o crente; já os “títulos ministeriais” e os “cargos eclesiásticos”, são posições sociais criadas dentro das igrejas locais.

Rememoremos, em resumo, o significado destes Dons estudados.

a) O MINISTÉRIO DE APÓSTOLO. O termo grego “apostolos” significa literalmente “enviado” ou “mensageiro”; ocorre pela primeira vez na literatura do Novo Testamento em Mateus 10:2. O Senhor Jesus Cristo é reconhecido como o Supremo Apóstolo (Hb 3:1), tendo sido o modelo para os Doze, assim como para Paulo, o qual veio a ser escolhido por Deus para ser seu apóstolo entre os gentios (At 13:1-3; Gl 1:14,15; 2:7-8). A partir do Pentecostes, os Doze assumiram a proclamação do Evangelho ao mundo, tornando-se juntamente com os profetas o fundamento da Igreja (Ef 2:20).

b) O MINISTÉRIO DE PROFETA. No Novo Testamento, o ministério de profeta foi instituído por Cristo (Ef 4:7,11), para a Igreja, com o propósito de ser o porta-voz de Deus, não mais para a revelação do plano de Deus ao homem, mas para trazer mensagens divinas ao Seu povo no sentido de encorajar o povo a se manter fiel à Palavra e para nos fazer lembrar as promessas contidas nas Escrituras. Neste Novo Pacto, a profecia precisa ser entendida dentro de um contexto específico. Ela não pode ser considerada superior à revelação escrita, ou seja, as Escrituras Sagradas. Nenhuma palavra “profética” pode ter o objetivo de substituir ou revogar a Revelação Escrita, pois esta é a suprema profecia.

c) O MMINISTÉRIO DE EVANGELISTA. Os Apóstolos e Profetas lançaram o fundamento da igreja, e os evangelistas edificaram sobre esse fundamento, ganhando os perdidos para Cristo. Cada membro da igreja deve ser uma testemunha de Cristo (At 2:41-47; 8;4; 11:19-21), mas há pessoas a quem Jesus dá o Dom especial de ser um evangelista. No início da Igreja, o trabalho dos evangelistas era uma obra itinerante de pregação orientada pelos apóstolos, e parece ser justo chamá-los de “a milícia missionária da igreja”. O fato de não termos esse Dom não nos desobriga de evangelizar.

d) O MINISTÉRIO DE PASTOR. Conforme o texto de 1Pedro 5:1-4, podemos dizer que, em termos eclesiásticos, pastor é aquele que supervisiona o rebanho; é aquele que serve debaixo da autoridade do “Supremo Pastor” cuidando das “ovelhas” de Cristo; ou melhor, ele é um mordomo do Senhor, por isso deve guardar cada uma das ovelhas que lhe confiou o Sumo Pastor. O seu ministério é o de sábio conselho, correção, encorajamento e consolo. O pastor não é um voluntário, mas uma pessoa chamada por Deus. Seu ministério não é procurado, é recebido. Sua vocação não é terrena, mas celestial.

e) O MINISTÉRIO DE MESTRE. O Dom Ministerial de Mestre - ou o Dom de Ensino - é concedido por Deus a alguns de seus servos, que são vocacionados por Ele e capacitados pelo Espírito Santo, tendo como objetivo, por meio deles, instruir os discípulos do seu rebanho e defender a fé cristã contra os inimigos da Igreja. O termo mestre, que aparece em Efésios 4:11, significa literalmente ensinador, isto é, aquele que ensina segundo os processos e métodos didáticos, apelando para as faculdades lógicas da mente, da razão, inspirado pelo Espírito Santo. Aquele que tem o Dom de Mestre ocupa-se, prioritariamente, da doutrina, do ensino bíblico.

Dentro do bloco de estudo dos dons ministeriais, estudamos também as “funções eclesiásticas”, ou seja, as posições sociais na igreja local mediante as quais se exercem os dons ministeriais com reconhecimento de todos os membros daquele grupo social. Conforme vimos, duas são as funções eclesiásticas na igreja local: presbíteros e diáconos (Fp 1:1).

2.1. O PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO.

Na acepção do Novo Testamento, os presbíteros são cristãos maduros, de excelente caráter e que detêm liderança espiritual em uma igreja local. Os vocábulos: presbítero, ancião e bispo, são usados no compêndio neotestamentário com o mesmo significado (ler 1Pedro 5:1-9).

De acordo com a Bíblia de Estudo Palavras-Chaves, o termo presbíteros do grego “presbyteros” é uma forma comparativa da palavra grega “presby” que significa: “uma pessoa experiente, madura, mais velha, anciã”. Os presbíteros tomavam parte ativa no apascentamento da igreja (At 20:28) e também no ensino, pois uma das qualidades exigidas do candidato ao presbitério era que fosse “apto para ensinar” (1Tm 3:2).

Ao longo da história da igreja, a atividade do presbítero, ou bispo, caracterizou-se pelo ministério de apascentador do rebanho do Senhor e governo da igreja local, e pela dedicação ao ensino da Palavra de Deus. É o obreiro que colabora com o pastor titular da igreja, ajudando-o no cuidado e zelo do rebanho do Senhor Jesus Cristo.

2.2. O DIACONATO.

A palavra “diácono” significa “aquele que serve”. O diácono – dákonos – é o servo que coopera com aqueles que se dedicam à oração e ao ministério da Palavra. Os primeiros diáconos foram nomeados assistentes dos apóstolos.

Há dois ministérios na Igreja: a diaconia das mesas (At 6:2,3) – ação social – e a diaconia da Palavra – a pregação do Evangelho. O ministério das mesas não substitui o ministério da Palavra, nem o ministério da Palavra dispensa o ministério das mesas. Nenhum dos dois ministérios é superior ao outro. Ambos são ministérios cristãos que exigem pessoas espirituais, cheias do Espírito Santo, para exercê-los. A única diferença está na forma que cada ministério assume, exigindo dons e chamados diferentes.

O diaconato não é uma plataforma de privilégios, mas de serviço aos outros. Aqueles que se esmeram no ministério de servir aos outros em nome de Deus, recebem de Deus a recompensa – “Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus” (1Tm 3:13). Estêvão e Filipe foram os diáconos mais destacados no Novo Testamento. Como se segue no livro de Atos, encontramos Filipe servindo como evangelista, e Estêvão, como mestre. Uma pessoa que fielmente cumpre uma tarefa, mesmo pequena, logo será respeitada e estimada pela confiança e devoção.

II. BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS


Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pedro 4:10). “Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co 4:2).

A expressão “despenseiro” indica o administrador da casa, o oikonomos. Cabia a esse administrador a distribuição de mantimentos e a divisão dos trabalhos para os demais servos. Mesmo tendo tal responsabilidade, tinha a consciência de que era um servo, um escravo.

Paulo declara que fora indicado para manejar a mensagem da salvação de Deus, não como alguém que tem o controle da situação, mas de quem é responsável diante do Mestre. Em 1Co 4:2 ele nos exorta a sermos fiéis na administração dos dons que o Senhor nos dispensou: “Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel”.

Se, no sentido bíblico, despenseiro é aquele que administra bens alheios, então, o detentor de um Dom Espiritual é um despenseiro de Deus. É válido ressaltar que os Dons de Deus não são dados em forma de presentes, mas, como instrumentos de trabalho. Todo servo, por mais simples que seja, recebendo um instrumento de trabalho de seu senhor e relacionado com o serviço que faz, pode saber qual o objetivo da entrega daquele instrumento: é para ser usado no serviço de seu senhor. Assim, ele será infiel se fizer como fez aquele servo que recebeu um talento – “Mas o que recebeu um talento foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor”(Mt 25:18). No dia do acerto de contas foi chamado de inútil, e condenado – “Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes”(Mt 25:30).

Assim, aquele que recebe um Dom Espiritual tem o dever de trabalhar com ele tendo como objetivo a edificação, ou o desenvolvimento da Igreja no seu todo. Será infiel se usar o Dom que recebeu em beneficio de seus interesses pessoais, e particular. O apóstolo Pedro nos exorta:Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”(1Pe 4:10).

III. OS DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO


1. Os Dons, o Fruto e a Maturidade Cristã. A Bíblia Sagrada nos ensina que a maturidade espiritual do crente depende do desenvolvimento do Fruto do Espírito e dos Dons do Espírito. É válido enfatizar, que a importância do Fruto do Espírito em relação aos dons é evidente no fato que entre os dons está o fruto. Não há como o crente progredir no exercício dos dons sem o Fruto.

A salvação é instantânea, pois a vida é um milagre - surge repentinamente; o crescimento, porém, exige uma continuidade, ou seja, a formação do Fruto do Espírito não acontece num único ato, mas, é um processo formado por muitos atos “até que todos cheguemos... a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4:13). É, pois, um longo processo de formação, desenvolvimento e maturação.

A formação de qualquer fruto - da semente gerada ao fruto maduro -, será sempre um tempo prolongado. Assim, o Fruto do Espírito representa o que o homem é, fala do seu tempo andando com Deus. É, pois, o Fruto do Espírito que credencia um homem de Deus a ser respeitado, e ouvido; não são os Dons Espirituais.

2. Os Dons espirituais são diferentes do Fruto do Espírito. Este é gerado pela ação do Espírito Santo, e se desenvolve dentro do homem, ou “homem interior”; ele passa a fazer parte da personalidade do novo homem. Sendo gerado dentro do homem, o Fruto testifica das qualidades do homem, conforme ensinou o Senhor Jesus – Ou fazei a árvore boa, e o fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore” (Mt 12:33). Sendo assim, então o Fruto do Espírito testifica das qualidades do homem, ou seja, como ele na verdade o é.

Já os Dons Espirituais vêm de fora; são dados pelo Espírito Santo, que sendo Deus, no uso de sua Soberania, dá a quem Ele quer, e quando Ele quer – “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas repartindo particularmente a cada um como quer”(1Co 12:11).

Em suma, o Fruto do Espírito é gerado no homem interior, num processo que pode ser demorado, até alcançar a maturação; enquanto o Dom Espiritual é dado pelo Espírito Santo, inteiramente pronto, completo e para uso imediato.

3. Os dons são variados, porém o fruto é único com nove características singulares. Atente bem no que diz este texto: “Mas o fruto do Espírito é...” (Gl 5:22). O artigo “o” está no singular; o “fruto” está no singular; o verbo ser (é), também, está no singular. Temos ouvido, com muita frequência, as pessoas afirmarem que os “Frutos do Espírito são nove”; outras, dizendo que “não são apenas nove”. Porém, a Bíblia diz que “o Fruto do Espírito é”; ela não diz que os Frutos do Espírito são. Portanto, o Fruto do Espírito é UM, somente. Também é verdade que esse Fruto é indivisível. Ele começa a ser formado no interior do “novo homem” ou do “crente salvo”, a partir do novo nascimento, ou regeneração.

O Fruto do Espírito pode ser comparado a uma laranja, que, sendo apenas uma, é, no entanto, formada por diversos gomos, ou partes. Neste sentido, sim, Paulo menciona nove virtudes constantes da natureza de Deus, presentes no Fruto do Espírito. Paulo menciona apenas nove, embora não se possa afirmar quantas são ao todo, porque Deus não pode ser limitado, pois é infinito.

Quantos aos Dons Espirituais são muitos e a distribuição dos mesmos não é uniforme. Insistimos na afirmação que, sendo Deus infinito, não pode ser limitado, ou quantificado naquilo que nele existe, ou no que possui. O próprio Paulo em, 1Coríntios 12:1, diz: “Acerca dos dons espirituais...”, destacando-se a pluralidade dos mesmos.

CONCLUSÃO

“A multiforme sabedoria de Deus manifesta-se, no meio da igreja, através da intervenção sobrenatural do Espírito Santo, através dos dons espirituais, dos dons ministeriais, e de outros dons, necessários ao crescimento espiritual dos crentes. Sejam quais forem os dons, os que os possuem devem fazer uso deles com humildade e fidelidade, não buscando seus interesses. Todos os dons são necessários à edificação e segurança dos salvos em Cristo Jesus” (Pr. Elinaldo Renovato).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 58 – CPAD.

William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.

Pr. Elinaldo Renovato -  Dons Espirituais & Ministeriais(servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário). CPAD.

Efésios (Igreja, noiva gloriosa) – Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Wayne Grudem - Teologia Sistemática. Vida Nova.

Carlos Alberto R. de Araújo – A Igreja dos Apóstolos. CPAD