Texto Base:
Hebreus 9:11-15; Apocalipse 21:1-4
“Porque nos convinha um sumo sacerdote como
este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e exaltado acima
dos céus” (Hb.7:26).
“Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote perfeito, porque, sendo Ele a Oferta e o
Ofertante, garantiu-nos, no Calvário, uma salvação eficaz e eterna”.
Hebreus 9:11-15
11-Mas, vindo Cristo, o
sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não
feito por mãos, isto é, não desta criação,
12-nem por sangue de
bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário,
havendo efetuado uma eterna redenção.
13-Porque, se o sangue
dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os
santificam, quanto à purificação da carne,
14-quanto mais o sangue
de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus,
purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?
15-E, por isso, é
Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a
promessa da herança eterna.
Apocalipse 21:1-4
1-E vi um novo céu e uma
nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já
não existe.
2-E eu, João, vi a Santa
Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa
ataviada para o seu marido.
3-E ouvi uma grande voz
do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles
habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu
Deus.
4-E Deus limpará de seus
olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor,
porque já as primeiras coisas são passadas.
INTRODUÇÃO
Pela graça de Deus,
chegamos ao final de mais um trimestre letivo. Tivemos o privilégio de caminhar
dentro do Tabernáculo e entender o processo de nossa salvação. De tudo o que
estudamos até a presente Aula, podemos dizer que o Tabernáculo levítico é um
tipo do “Tabernáculo Celestial”, e Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote desse
Tabernáculo Celestial, em que a Sua Igreja é constituída de sacerdotes. O
antigo santuário terreno, com seu complexo sistema de ritos, dera lugar a um
novo santuário, o celestial, onde o próprio Jesus oficia como Sumo Sacerdote.
Mas Ele não é apenas um Sumo Sacerdote, Ele é o Sumo Sacerdote-Rei, que está
assentado à destra do Pai para interceder pelo seu povo (Rm.8:34).
I. O SACERDÓCIO CELESTIAL TEM UM ÚNICO SUMO
SACERDOTE
No livro do Êxodo constam
as instruções dadas por Deus a Moisés para a construção do Santuário
(Êx.25:1-9). As recomendações dadas a Moisés, conforme expõe o registro
sagrado, eram destinadas à construção de um santuário, onde Deus habitaria com
eles (Êx.25:8). Essa era, portanto, a finalidade terrena do Tabernáculo móvel e
era nesse Tabernáculo que tanto os sacerdotes como o sumo sacerdote exerciam
seus ministérios. Todavia, foi no Santuário Celestial que Cristo entrou para
oficiar, como Sumo Sacerdote, em nosso favor. Para o escritor aos Hebreus, esse
Tabernáculo é o próprio Céu, que é chamado de "verdadeiro
Tabernáculo" por pertencer a dimensão celestial.
1. Cristo: o Sumo Sacerdote da Nova Aliança
Os sacerdotes de Israel
eram apenas sombras do nosso grande Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus Cristo.
Algumas referências bíblicas nos dão uma compreensão da perfeição encontrada no
caráter sacerdotal de Cristo:
a) Como Sacerdote, Cristo foi designado e escolhido
por Deus Pai (Hb.5:5). Cristo foi constituído Sumo Sacerdote pelo Pai desde a eternidade.
Realizou seu ministério de acordo com um propósito eterno. Todo sumo sacerdote
procedia da tribo de Levi e da família de Arão; esse ministério era hereditário
e sucessivo. Cristo, porém, não foi sacerdote da mesma ordem. Ele era da tribo
de Judá. Por isso, não pertencia à classe sacerdotal levítica. Foi constituído
sacerdote de uma ordem eterna, a ordem de Melquisedeque.
"Assim também Cristo não se glorificou a si
mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho,
Hoje te gerei".
b) Como Sacerdote, Cristo foi consagrado com um
juramento (Hb.7:20-21). O sacerdócio araônico foi instituído por lei divina; o sacerdócio de
Cristo, por juramento divino. Uma lei pode ser anulada, um juramento dura para
sempre. O sacerdócio de Cristo não vem de uma linhagem humana, mas do juramento
divino. Os sacerdotes precisavam provar que pertenciam à tribo de Levi
(Ne.7:63-65) e preencher os requisitos físicos e cerimoniais (Lv.21:16-24). O
sacerdócio de Cristo, porém, foi estabelecido com base em sua obra vicária na
cruz, em seu caráter impoluto e no juramento de Deus (Sl.110:4).
"E visto como não é
sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos
sacerdotes, mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e
não se arrependerá; tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de
Melquisedeque)".
c) O sacerdócio de Cristo está fundamentado numa
Aliança superior (Hb.7:22) - “de tanto melhor concerto
Jesus foi feito fiador” (Hb.7:22).
Cristo é o fiador de uma
Nova Aliança - a Aliança firmada em seu sangue. O termo “fiador” significa
aquele que garante que os termos de um acordo serão cumpridos. Judá se dispôs a
servir de fiador para Benjamim, a fim de garantir ao pai que o menino voltaria
para casa em segurança (Gn.43:1-4). Paulo se dispôs a servir de fiador para o
escravo Onésimo (Fm.18:19).
Jesus é o fiador da Nova
Aliança no sentido de que Ele mesmo é a Garantia. Por meio de sua morte,
sepultamento e ressurreição, Ele proveu uma base de justiça sobre a qual Deus
pode cumprir os termos da Aliança. Seu eterno sacerdócio também está vitalmente
ligado ao infalível cumprimento dos termos da Aliança. Como nosso representante
diante de Deus, Ele cumpre perfeitamente os termos da lei em nosso nome. Jamais
seríamos capazes, por conta própria, de cumprir esses termos; mas, uma vez que
cremos nele, ele nos salvou e garantiu que nos guardará.
d) O sacerdócio de Cristo é demonstrado pela sua atividade
permanente (Hb.7:23-25). Os sacerdotes da ordem levítica não eram apenas imperfeitos, mas também
tinham seu ministério interrompido pela morte.
Nenhum sacerdote em
Israel viveu para sempre. Uma geração de sacerdotes dava lugar à próxima
geração. Enquanto novos sacerdotes entravam, os mais antigos estavam se
aposentando ou morrendo. Permanecia o sacerdócio, mas não havia um sacerdote
específico de quem se pudesse depender o tempo todo.
O ministério de Cristo,
porém, é perfeito e dura para sempre, pois ele morreu pelos nossos pecados,
venceu a morte, ressuscitou para a nossa justificação, voltou ao Céu e está à
destra do Pai intercedendo por nós. Ele vive para sempre (Ap.1:18); isso quer
dizer que, quando nos aproximamos de Deus por meio dele, ele está sempre
presente, sempre à disposição e jamais se ausenta. Sua presença no Céu como
representante do pecador é garantia de que ninguém que nele confia será
rejeitado. É sempre bem-sucedida e permanente a sua intercessão em favor dos
fracos e falhos pecadores. Sua morte vicária foi consumada na cruz, mas seu
ministério sacerdotal continua no Céu. Ele é o Advogado, o Justo (1João 2:1).
Nenhuma condenação prospera contra aquele que está em Cristo, pois ele morreu,
ressuscitou e está à destra de Deus, de onde intercede por nós (Rm.8:1,34,35).
Ele é o único Mediador - "Porque há
um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem"
(1Tm.2:5).
"E, na verdade, aqueles foram feitos
sacerdotes em grande número, porque, pela morte, foram impedidos de permanecer;
mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto,
pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles".
e) O Seu oferecimento é perfeito e definitivo
(Hb.7:26-28). Os sacerdotes levitas precisavam oferecer sacrifícios primeiro por si
mesmos, pois eram pecadores. Mas Jesus é o sacerdote perfeito, santo,
inculpável, separado dos pecadores. Ele é o sacerdote perfeito que não precisou
oferecer oferta por si mesmo. Ele é a oferta perfeita e o ofertante perfeito.
Nele, não havia pecado; ao contrário, ele é o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo.
“Porque nos convinha tal
sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais
sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de
oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e,
depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do
juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre”.
2. Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote no Céu
Atente para o seguinte
texto sagrado:
“Ora, a suma do que temos
dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do
trono da Majestade, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o
Senhor fundou, e não o homem” (Hb.8:1,2).
Veja neste texto algumas
preciosas características da superioridade do sumo sacerdócio de Cristo.
a) A dignidade
superior da Pessoa de Cristo – “Ora, a suma do que temos dito é
que temos um tal sumo sacerdote...”.
A expressão “sumo sacerdote tal” faz referência à
dignidade de Cristo e a glória de Sua pessoa. Ele é santo, inocente, imaculado,
separado dos pecadores e mais sublime que os céus (Hb.7:26). Os sacerdotes da
ordem levítica eram homens imperfeitos, realizando sacrifícios imperfeitos, em
favor de homens imperfeitos. Mas Jesus, nosso Sumo Sacerdote, é perfeito,
ofereceu um sacrifício perfeito, a fim de aperfeiçoar para sempre homens
imperfeitos.
b) A dignidade
superior da Posição de Cristo – “...que está assentado nos céus à destra do
trono da Majestade...”.
Na ordem levítica, um
sacerdote não podia exercer a realeza nem o rei podia assumir o papel de
sacerdote. Altar e trono estavam separados. Mas, Jesus, segundo a ordem de
Melquisedeque, é tanto rei como sacerdote. Como Sacerdote, ele ofereceu a si
mesmo na cruz, como o sacrifício perfeito; e, como Rei, ele foi exaltado,
entronizado e está à destra da Majestade nos céus.
"Sentar-se" era frequentemente uma
característica de honra ou autoridade no mundo antigo: um rei se sentava para
receber seus súditos; uma corte se sentava, para julgar; e um professor
sentava-se, para ensinar. O livro de Apocalipse, em particular, descreve Deus
assentado no trono (Ap.4:2,10; 5:1,7,13; 6:16; 7:10,15; 19:4; 21:5), e Jesus
como compartilhando esse trono (Ap.1:4,5; 3:21; 7:15-17; 12:5). O trono de Deus
e o santuário (o verdadeiro tabernáculo) colocam o Rei e o Sumo Sacerdote
juntos no mesmo lugar.
Portanto, Jesus não
ministra no tabernáculo ou no templo, que são sombras terrenas da realidade
celeste. Ele ministra na própria realidade celestial, na habitação do próprio
Deus. Ele voltou aos Céu (Hb.4:14), foi feito mais alto do que os céus
(Hb.7:26) e assentou-se à destra do trono da Majestade nos céus (Hb.8:1).
Glórias sejam dadas a Ele!
c) A dignidade superior
do Ministério de Cristo – “...ministro do santuário e do verdadeiro
tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem”.
Os sacerdotes da tribo de
Levi ministravam numa tenda feita pelo homem, um tabernáculo terreno, sombra do
verdadeiro tabernáculo celestial, erigido por Deus, e não pelo homem (Hb.9:24).
Deus deu a Moisés uma cópia do tabernáculo verdadeiro (Êx.25:9,40; 26:30). A
cópia estava na terra; mas o verdadeiro tabernáculo está no Céu. O tabernáculo
e o trono estão interligados.
O profeta Isaías diz que
viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes
enchiam o templo (Is.6:1). Nenhum sacerdote jamais foi exaltado à destra de
Deus nem se assentou no trono à mão direita de Deus Pai. Embora Jesus tenha
consumado sua obra de redenção na cruz, continua como nosso Advogado junto ao
Pai (1João 2:1). Do tabernáculo de Deus, no Céu, fluem bênçãos que ultrapassam
quaisquer bênçãos do sistema sacrificial levítico.
3. O sacerdócio coletivo dos cristãos
Jesus é o Sumo Sacerdote
da Nova Aliança, e os cristãos são seus sacerdotes (1Pd.2:9; Ap.1:6; 5:10).
“Mas vós sois a geração
eleita, o sacerdócio real...” (1Pd.2:9).
“Aquele que nos ama, e em
seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus
e seu Pai, a ele, poder e glória para todo o sempre. Amém” (Ap.1:5,6).
O Sacerdote Celestial
está conosco; nEle somos o sacerdócio real, o Corpo de Cristo chamado para
servir. No Sacerdócio Celestial de Cristo é que está fundamentado o sacerdócio
universal dos crentes.
Note que todos os crentes
são sacerdotes, e não uma só pessoa de uma tribo especifica. Na Nova Aliança
não existe mais a figura do sacerdote, que, na Antiga Aliança, era o mediador
entre o povo e Deus. O pastor não é sacerdote, ele é despenseiro; despenseiro é
aquele que cuida da despensa. E dentro dessa despensa existem ovelhas (filhos
de Deus – a igreja), e essas ovelhas tem dono, seu nome é Jesus Cristo, o nosso
Sumo Pastor (1Pd.5:4).
Portanto, hoje, a
mediação entre Deus e o ser humano não se aplica a nenhum indivíduo, senão ao
próprio Cristo, que se constituiu Sumo Sacerdote do povo redimido. Na Nova
Aliança, Cristo é o único mediador entre nós e o Pai Celeste (1Tm.2:5).
II. O SACERDÓCIO UNIVERSAL DA IGREJA
Sacerdote é o que se
coloca diante de Deus no lugar do homem, levando suas necessidades à presença
dAquele que pode intervir miraculosamente na vida da raça humana.
A Igreja é o corpo de
Cristo (1Co.12:27; Ef.4:12), e esta figura bíblica nos fala de que cabe à
Igreja, na atual dispensação, iniciada com a subida de Cristo aos céus e a
vinda do Espírito Santo para não deixar a Igreja órfã (Jo.14:18), continuar e
ampliar as obras feitas por Jesus em Seu ministério terreno (Jo.14:12), de modo
que a Igreja tem o dever de exercer os três ofícios que eram exercidos pelo
Senhor Jesus. Assim, a Igreja é a portadora legítima e exclusiva dos
ministérios profético, sacerdotal e real.
1. A Igreja, que é formada de sacerdotes, tem como
Sumo Sacerdote o Senhor Jesus
Jesus é descrito nas
Escrituras como o bom Pastor, o Pastor Supremo (João 10:11; 1Pd.5:4),
Rei (Ap.19:16; Atos 2:29-36), Profeta (Dt.18:17-19; Atos 3:22-23;
Lc.13:33), Mediador (Hb.8:6; 1Tm.2:5), Salvador (Ef.5:23). Cada
uma destas descrições salienta alguma função que Jesus desempenha no plano da
salvação. Contudo, a mais completa descrição de Jesus com respeito a sua obra
redentora seja a de Sumo Sacerdote (Hb.5:10).
“Sendo por Deus chamado
sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque”.
O Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo, foi imolado. Agora, uma nova ordem perpétua foi
inaugurada. Cristo é sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque.
Ele morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras. Foi sepultado e
ressuscitou segundo as Escrituras (1Co.15:3). Sua morte não foi um acidente nem
sua ressurreição foi uma surpresa. Ele está no Céu intercedendo por nós, por
isso pode salvar-nos totalmente (Hb.7:25).
Como Sumo Sacerdote
segundo a ordem de Melquisedeque, Ele é maior que o sacerdócio do Antigo
Testamento (Hb.4:14,15), porque está ligado a uma Nova Aliança (Hb.8:6-13) e ao
culto do templo celestial (Hb.9:1-28).
Portanto, o sacerdócio de
Cristo, segundo a ordem de Melquisedeque, é a consumação do sacerdócio
levítico. Aquele era temporário e transitório, este é permanente e eterno; aquele
era sombra, este é a realidade.
2. A Igreja foi chamada a exercer o sacerdócio
Pedro denominou a Igreja
como sendo “o sacerdócio real” que tem como finalidade “anunciar as virtudes
daquele que chamou a Igreja das trevas para a maravilhosa luz de Jesus”
(1Pd.2:9), sendo corroborado por João que nos diz, no Apocalipse, que Jesus nos
fez “reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai” (Ap.1:6); reis e sacerdotes que, a
exemplo do próprio João, testificam da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus
Cristo e de tudo o que têm visto (Ap.1:2). A Igreja deve exercer, na qualidade
de corpo de Cristo, os ofícios sacerdotal, real e profético.
Ocupar a função sacerdotal implica necessariamente
em ministrar a Deus a favor dos homens. É verdade que todos têm acesso a Deus,
através de Cristo Jesus, porém, é também verdade que a Bíblia nos exorta a orar
uns pelos outros e fazer súplicas e intercessões por todos os homens. É um
imperativo, um chamado, um dever, um privilégio.
Todavia, é válido
ressaltar que o papel da Igreja não é o perdão dos pecados, muito menos a
mediação entre Deus e os homens, como, equivocadamente, defendem alguns
segmentos religiosos, como o catolicismo romano ou o mormonismo. O sacerdócio
da Igreja não é o sumo sacerdócio, que é exclusivo de Cristo. Por isso, é falso
o ensino a respeito do chamado “sacerdotalismo”, ou seja, a ideia de que, entre
os fiéis, existem dois tipos de pessoas: os “sacerdotes”, estabelecidos para
fazer a mediação entre Deus e os homens e os “leigos”, meros integrantes da
Igreja.
3. Como sacerdotes, a Igreja deve exercer a
Adoração, a Intercessão, a Santificação e o ensino da Palavra de Deus.
a) O exercício da Adoração. Cabe aos sacerdotes a
responsabilidade pela oferta de sacrifícios, não mais sacrifícios pelo pecado,
vez que Jesus removeu, com seu único sacrifício o pecado, mas de sacrifícios
pacíficos ou “ofertas pacíficas”, que é o nosso “culto racional” (Rm.12:1),
como também o nosso louvor (Os.14:2; Hb.13:15).
É importante que tenhamos
uma liturgia apropriada e adequada em nossas reuniões, como também devemos ter
uma vida de sincera, genuína e verdadeira adoração ao Senhor, para que não
venhamos a ser reprovados como foram os filhos de Arão, que, por apresentarem
fogo estranho perante o Senhor, foram mortos (Lv.10:1-3), algo que continua a
ocorrer nos nossos dias (1Co.11:29,30), visto que, como a Igreja é um povo
espiritual, a morte dos sacerdotes também é espiritual e não física, como se
deu no caso de Nadabe e Abiú.
b) O exercício da Intercessão. “Interceder” significa
“intervir a favor de alguém, pedir, rogar, suplicar”, palavra que vem do latim
“intercedo”, cujo significado é “interpor-se, mediar”. É tarefa da Igreja
pôr-se entre cada membro seu e o Senhor, entre cada ser humano e o Senhor,
pedindo o favor do Senhor para aquela pessoa em favor de quem se intercede,
seja esta pessoa salva, ou não.
A Igreja é convocada para
orar por si mesma (26:41; Lc.22:40), uns pelos outros (Tg.5:16), pela paz
em Jerusalém (Sl.122:6), pelos inimigos da Igreja (Mt.5:44; Lc.6:28), pelos
ministros do Evangelho e pela obra do Senhor (Ef.6:19; 1Ts.5:25;
Hb.13:18), como também pelas autoridades constituídas (1Tm.2:2), como por todos
os homens (1Tm.2:1).
Portanto, a intercessão é
uma tarefa que incumbe à Igreja que se encontra nesta dimensão terrena. Aqueles
que partiram para a eternidade não podem interceder por pessoa alguma que está
sobre a face da Terra (Ec.9:10), pois não há comunicação entre mortos e vivos,
como Jesus deixou bem claro ao nos contar a história do rico e de Lázaro
(Lc.16:19-31). É falso, portanto, o ensino de que os crentes promovidos à
glória possam interceder a favor dos salvos, como ensina, por exemplo, o
catolicismo romano.
c) O exercício da Santificação. Os sacerdotes precisam
ser santos (Lv.21:7). A Igreja é uma nação santa (1Pd.2:9) e, por isso, tudo
quanto é levado até o altar tem de ser santo (Ag.2:12-15).
A Igreja precisa
continuamente se santificar (Ap.22:11), devendo, para tanto, meditar de dia e
de noite na Palavra de Deus, que a santifica (João 17:17), como, também,
continuamente se deixar à disposição do Espírito Santo (2Ts.2:13; 1Pd.1:2),
além de manter uma vida de oração (1Tm.4:5).
d) O exercício do ensino da Palavra. Cabe aos sacerdotes a
instrução do povo de Deus (2Cr.17:7-9; Ed.7:6,10; Ne.8:7,8). Assim, toda a
Igreja deve se dedicar ao ensino da Palavra (Cl.3:16), mas, especialmente, os
pais em relação aos filhos (Dt.6:6-9) e os pastores e mestres nas igrejas
locais (At.6:2,4; Ef.4:11; 1Tm.3:2).
III. O MAIOR E MAIS PERFEITO TABERNÁCULO
O Céu é o maior e o mais
perfeito Tabernáculo. Cristo serviu e serve neste Tabernáculo. Ele é o Sumo
Sacerdote eterno e perfeito.
“Porque Cristo não entrou
num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para
agora comparecer, por nós, perante a face de Deus” (Hb.9:24).
O Tabernáculo e o Templo
terrenos eram sombras imperfeitas do verdadeiro e perfeito lugar de adoração: o
Santuário Celestial (Hb.8:5). Os caminhos “antigos” do sacerdócio judeu não
mais existem, eles foram substituídos por Jesus, que é o Caminho, a Verdade, e
a Vida (João 14:6). Antes da vinda de Cristo, o sumo sacerdote só podia entrar
em um lugar especial, o Santo dos Santos, para estar na presença de Deus. Hoje,
através da oração, nós podemos entrar na sala do trono, no Céu, e um Dia nós
viveremos eternamente na presença do Senhor.
1. O Santuário terrestre
O Santuário terrestre era
transitório; foi feito por mãos humanas.
Os sacerdotes do
santuário terrestre ministravam apenas as sombras ou imagens das coisas
celestiais; Cristo ministrou a própria substância que lançava aquelas sombras -
a vida e a luz eterna.
Os sacerdotes do santuário
terrestre ofereciam o sangue de animais; Cristo ofereceu o próprio sangue.
Os sacerdotes do
santuário terrestre entravam no santuário muitas vezes porque ofereciam o
sangue de animais pelos pecados do povo; Cristo entrou de uma vez por todas
porque ofereceu o seu próprio sangue.
O ministério dos
sacerdotes do santuário terrestre era contínuo e insuficiente; o de Cristo foi
único e obteve redenção eterna para nós.
Os sacrifícios do
santuário terrestre eram isentos de mácula apenas física; Cristo entregou-se a
si mesmo sem mancha a Deus, isento de toda mácula moral e espiritual. Ele não
conheceu pecado. As bênçãos advindas por meio do santuário terrestre eram
temporais; as que Cristo oferece são espirituais e eternas.
2. O Santuário Celestial
Este Santuário não foi
feito por mãos humanas (Hb.8:2; 9:11). Neste santuário, Deus habitará para
sempre com os seus filhos (Ap.21:3).
“Mas, vindo Cristo, o
sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não
feito por mãos, isto é, não desta criação” (Hb.9:11).
Os sacerdotes da ordem de
Levi entravam no santuário feito por Moisés, obra das mãos de homens, mas
Cristo, o Sumo Sacerdote da ordem de Melquisedeque, entrou no Santuário
Celestial, não feito por mãos humanas.
“Ora, a suma do que temos
dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do
trono da Majestade, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o
Senhor fundou, e não o homem” (Hb.8:1,2).
Por isso, o Santuário
Celestial é infinitamente muito superior ao terreno, porque o Cristo exaltado é
o Sumo Sacerdote desse santuário. Ele serve assumindo o seu lugar de direito
como nosso Salvador e Mediador. Aliás, Ele é o único mediador entre Deus e o
ser humano (1Tm.2:5). Nesse Santuário celeste, habita a plenitude da divindade.
3. O sacrifício perfeito de Cristo
Jesus claramente exerceu
o papel de Sumo Sacerdote da Nova Aliança sobre a terra, quando ofereceu a si
mesmo como o perfeito sacrifício por nossos pecados; mas, foi trazido à vida
novamente para exercer a função de Sumo Sacerdote para sempre, servindo no
Santuário Celeste, à mão direita de Deus Pai (Hb.8:1,2).
Os sacerdotes da ordem
levítica eram homens imperfeitos, realizando sacrifícios imperfeitos, em favor
de homens imperfeitos. Mas Jesus, nosso Sumo Sacerdote, é perfeito, ofereceu um
sacrifício perfeito, a fim de aperfeiçoar para sempre homens imperfeitos.
Portanto, Jesus não é
apenas o sacerdote perfeito, mas ofereceu o sacrifício perfeito e eterno. Ele é
a própria oferta. Ele é o próprio sacrifício. Ele entregou a si mesmo, como
oferta pelo nosso pecado. Sua oferta foi perfeita, completa e eficaz.
Resta afirmar, portanto,
que, sendo Jesus Cristo o nosso Sumo Sacerdote, nunca haverá um tempo em que,
ao nos aproximarmos de Deus, seremos rejeitados. Consequentemente, desviar-se
de Cristo é uma consumada tolice, e a apostasia, a mais incontroversa loucura.
“porque é impossível que
o sangue dos touros e dos bodes tire pecados. mas este, havendo oferecido um
único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus”
(Hb.10:4,12).
CONCLUSÃO
O Tabernáculo mosaico findou-se. Agora temos
um Santuário superior e irremovível, um sacrifício perfeito e uma salvação
definitiva e perenal. Na Antiga Aliança, somente o sumo sacerdote podia entrar
uma vez por ano no Santo dos Santos, mas nós, por causa do sangue de Cristo,
podemos ter intrepidez para entrar livremente no Santo dos Santos, ou seja, na
presença de Deus. A santidade de Deus não nos mantém do lado de fora. Podemos
entrar porque a penalidade que merecíamos foi carregada por Cristo na cruz
quando ele padeceu e morreu por nós. Existe acesso irrestrito a todo aquele que
foi lavado no sangue de Cristo. Com a morte de Cristo, o Véu foi rasgado de
alto a baixo, e o caminho para Deus foi aberto (Hb.10:20). Esse caminho é um
novo e vivo caminho. Esse caminho não é um ritual, uma cerimônia ou uma
liturgia, mas uma Pessoa. Esse caminho é Jesus (João 14:6). Glórias a Deus!
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Luciano de Paula Lourenço
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Paul
Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo
G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor
P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Elienai
Cabral. O Tabernáculo – Símbolos da Obra redentora de Cristo. CPAD.
Alvin
Sprecher. Estudo Devocional do Tabernáculo no Deserto. CPAD.
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de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.
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Hernandes Dias Lopes. Hebreus – a superioridade de Cristo.