quinta-feira, 29 de julho de 2010

Aula 06 - PROFETAS MAIORES E MENORES

Texto Base: Romanos 9.25-29
"E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras"(Lc 24.27).
INTRODUÇÃO
O ministério profético é uma das peculiaridades que Deus destinou a Seu povo, Israel. Nenhuma outra nação teve este privilégio. No Antigo Testamento o Profeta era uma figura de Jesus - era o intermediário entre Deus e os homens. Era o porta-voz de Deus. Hoje, aquela função de intermediário não é mais atribuição dos Profetas, pois “... há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem”(1Timóteo 2: 5). Esta verdade ficou bem patente no Monte da Transfiguração, onde num primeiro momento estavam Moisés e Elias, como representantes da Lei e dos Profetas, mas, num segundo momento, o Senhor Jesus estava sozinho, quando então os discípulos ouviram a voz do Pai, que dizia - “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo: escutai-o” (Mateus 17: 5).
Dentre os profetas, houve aqueles que escreveram as suas mensagens, os chamados profetas escritos. Dentre os profetas escritos, há aqueles cujos livros são bem volumosos, os chamados profetas maiores - quatro profetas compõem este grupo. Os demais livros proféticos, cujos volumes são curtos, constituídos de doze livros, que leva o nome dos respectivos profetas, são considerados profetas menores. Estes dezesseis profetas exerceram seus Ministérios num período de cerca de 450 anos. Depois de cerca de 400 anos de silêncio profético, aparece João Batista, o último dos profetas do Antigo Testamento, que encerra a sucessão profética iniciada por Moisés e Arão, e recebe a nobre incumbência de preparar o povo para receber o Messias e, também, apresentá-lo à nação de Israel(Lc 16:16; Mc 1:2; João 1:31). Era o fim de uma era e o início de outra para Israel e para todas as nações.
Afora os profetas escritores há, também, os considerados profetas “não canônicos”, também chamados de “profetas oradores” - são aqueles que profetizaram verbalmente e que não deixaram suas mensagens escritas. O primeiro que a Bíblia menciona foi Enoque - “E destes profetizou também Enoque...” (Judas 14); dentre estes a Bíblia cita Abraão (Gênesis 20: 7), Natã, Gade, Elias, Elizeu, Micaias, etc., etc.
Nesta aula, apresentaremos uma breve explanação acerca dos “profetas maiores” e “profetas menores” e, em seguida, um breve estudo do texto de Rm 9:25-29.
I. CLASSIFICAÇÃO DOS LIVROS PROFÉTICOS
Os livros proféticos ocupam 2/5 dos livros do Antigo Testamento, sendo divididos entre Profetas Maiores e Menores, de acordo com o volume dos seus escritos. Mas é bom ressaltar, que a importância de um profeta na história não pode ser medida por estas duas categorias. Elias e Eliseu, por exemplo, são profetas oradores, contudo, eles, com sucesso, resistiram aos vigorosos esforços de Acabe e Jezabel em substituir Yahweh por Baal como deidade 'oficial' de Israel (1Rs 16; 2Rs 10).
Agostinho (354-430 d.C), o grande filósofo e teólogo cristão, foi quem criou as expressões "profetas maiores" e "profetas menores", para designar os profetas cujos livros são mais volumosos e os demais livros, que são curtos, tão curtos que haviam sido reunidos na versão grega do Antigo Testamento (a Septuaginta) em apenas um livro, que foi chamado de "Dodecapropheton", ou seja, "Doze Profetas. O objetivo, certamente, não foi afirmar ser este, ou aquele, mais ou menos importante. Trata-se de uma divisão material e teórica, para fins didáticos.
1. Os Profetas Maiores. São quatro os Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. São cinco os Livros por eles escritos, visto que Jeremias escreveu dois. Eles são chamados de "maiores" por causa do volume do seu conteúdo literário. Os três mais volumosos são Isaías, Jeremias e Ezequiel.
2. Os Profetas Menores. São os doze os profetas menores:: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. A designação deve-se ao pequeno volume dos seus respectivos livros em comparação aos dos profetas maiores, e não quanto à qualidade da inspiração divina.
O nome dos livros leva o nome do seu autor, e é de destacar que os três últimos exerceram o seu ministério após o cativeiro da Babilônia. Todos estes profetas tiveram o seu ministério de 835 a 400 a.C., seguindo-se um período de silêncio de 400 anos, conhecido também por Período Interbíblico.
Oséias, cujo nome significa “Salvação”, profetiza sobre a condição do povo judeu, seu pecado, o juízo divino e a restauração de Israel. Deus ordenou ao profeta para casar com uma mulher de prostituições (Os 1.2), a fim de ilustrar a infidelidade espiritual do povo.
Joel, que significa “O Senhor é Deus”, é o profeta que prevê o derramamento do Espírito Santo (Jl 2.28), citado pelo Apóstolo Pedro no dia de Pentecostes (At 2.17-18).
Amós significa “carga”. O livro contém várias profecias contra as nações vizinhas de Israel, e termina com a promessa da restauração do remanescente e o seu regresso à Judá (Am 9.11). Obadias, que quer dizer “Servo de Jeová”, profetizou contra os Edomitas por eles se terem aliado aos Caldeus contra Judá. Este livro é o menor dos livros proféticos.
Jonas ou “pombo” é chamado por Deus para profetizar na cidade de Nínive, capital da Assíria, para que se arrependessem de seus pecados, mostrando assim a misericórdia divina para com todos os homens. Jesus faz menção direta sobre o profeta em um de seus ensinos (Mt 12.41).
Miquéias, que tem como significado: “Quem é semelhante a Jeová?”, prediz com exatidão a queda de Israel, assim como a de Judá. Miquéias também profetiza a cidade natal do Messias (Mq 5.2).
Naum, que tem por significado “consolo”, traz uma profecia de destruição para o império Assírio e de consolo para o povo de Deus, sabendo que Ele é soberano e que preserva a justiça no mundo.
Habacuque, que significa “Abraço ardente”, escreveu para ajudar o remanescente compreender os caminhos de Deus. Adverte ainda o povo que “o justo viverá pela fé” (Hc 2.4) e não pela razão ou entendimento humano.
Sofonias, que significa “O Senhor esconde”, traz a profecia ao povo para o Juízo divino — “o Grande Dia do Senhor” (Sf 1.14), ou ainda “o Dia da Ira” (Sf 1.15).
Ageu, cujo nome é “festivo” em hebraico, traz a palavra para o povo, para o governador Zorobabel, e para o sumo-sacerdote Josué; exortando-os a reedificarem o Templo, e priorizarem a obra de Deus nas suas vidas (Ag 2.18).
Zacarias, que significa “Jeová se lembrou”, contem dois tipos de profecia: Para os judeus, advertindo-os a perseverar na obra de Deus – reconstrução do Templo; e revelando as promessas futuras para o povo, os últimos dias de Israel e a vinda de Jesus em glória (Zc 14.2-4).
Malaquias, ou “mensageiro de Jeová”, tem seu ministério em mais um período de declínio espiritual do povo Judeu. A decadência e indiferença espiritual do povo era notória, apesar do Templo já estar reconstruído. Sendo assim, Malaquias, o último dos mensageiros da Velha Aliança, traz a profecia para o povo que à medida que a sua fé diminuía, se tornara indiferente à palavra, insensível à lei, e desobediente na contribuição para a obra (Ml 3.8).
3. A autoridade do ministério profético do Antigo Testamento na Nova Aliança. Conforme o texto base desta aula, Romanos 9:25-29, o apóstolo Paulo citou Oséias(pertencente ao grupo dos menores) e Isaias(pertencente ao grupo dos maiores). Não somente Paulo citou livros proféticos no Novo Testamento. Com exceção de Lamentações, Ezequiel, Obadias e Sofonias, que não são citados diretamente em o Novo Testamento, todos os demais livros são citados diretamente pelo Senhor Jesus e pelos seus apóstolos: Isaías é citado em Mateus 3:3; Menção de Jeremias em Mateus 16:14; 2:17; Menção de Daniel pelo Senhor Jesus Cristo – Mt 24:15; Jonas é mencionado por Jesus – Mt 12:39-41; O profeta Joel é mencionado em Atos – Atos 2:16. Depois do livro dos Salmos, Isaías é o mais citado em o Novo Testamento. Reconhece-se com isso a inspiração verbal e plenária pelo Espírito Santo, e a autoridade divina dos livros proféticos.
Um contraste: enquanto o povo caminha rapidamente para a apostasia, Deus Se revela de forma esplendorosa através destes servos de Deus. É, precisamente, o retrato dos últimos dias de nossa dispensação: ao lado da apostasia cada vez maior (cfr.Mt 24:10-12; 1Tm 4:1-3; 1João 2:18,19), o Espírito Santo está, como nunca, operando através da Igreja(Mt 24:14; 1Tm 4:6-16; 1Co 2:9-16; 1João 2:20-29).
II. OSEIAS - O PROFETA MENOR
Oséias é o primeiro dos livros dos chamados "Profetas Menores". Ele foi um Profeta do Reino do Norte, ou Reino de Israel. Ele exerceu seu Ministério entre 780 e 725 ou 722 a.C., ano em que Israel foi levado para o Cativeiro, na Assíria. No período em que Oséias profetizou, tem início o auge do ministério profético em Israel, precisamente a época dos "profetas canônicos" ou "profetas literários", que somente findaria, após o retorno do exílio, com Malaquias.
São profetas contemporâneos de Oséias: Isaías, que foi o maior revelador do Messias para o povo judeu, a ponto de seu livro ser chamado, pelos estudiosos da Bíblia, de "o evangelho do Antigo Testamento"; Miquéias, outro profeta que foi especialmente usado por Deus para revelar o Messias; Amós, que denunciou, ao lado de Oséias, o pecado no reino do norte (embora fosse do reino do sul).
O profeta Oséias foi levantado por Deus para profetizar à nação de Israel, no reino do Norte, num período de apostasia, rebeldia, incredulidade e afastamento de Deus. Aquele reino do norte durou duzentos e nove anos. Desde a morte de Salomão em 931 a.C., até 722 a.C., quando a Assíria levou aquele reino para o cativeiro. Nesse período houve dezenove reis, de oito diferentes dinastias e nenhum destes reis andou com Deus. Todos se desviaram e se afastaram de Deus.
Foi um tempo de apostasia religiosa, durante o qual as pessoas até iam ao Templo, mas não adoravam a Deus. Elas sacrificavam e faziam suas oferendas, entregavam fielmente as suas ofertas, tocavam suas músicas e celebravam as suas festas, mas não era a Deus que elas adoravam. O povo tinha se desviado de Deus.
A multiplicação da religião nos dias de hoje não significa que o povo está mais perto de Deus. Multiplicam-se os altares para as pessoas pecarem ainda mias. Era assim no passado e, lamentavelmente, é assim ainda hoje.
Deus enviou profetas e enviou mensageiros; Deus suscitou no meio do povo até mesmo filhos consagrados e nazireus. Mas a Bíblia diz que aos profetas eles perseguiram e aos nazireus eles desencaminharam. Deus falou muitas vezes, de muitas maneiras, aos pais pelos profetas(Hb 1:1), mas eles não quiseram de forma alguma ouvir a voz de Deus.
Então Deus levanta Oséias, não para falar ao povo, mas para demonstrar algo realmente importante ao povo. Deus fala agora com o povo não por palavras, mas fala por gestos, fala por atitudes, fala usando exemplo. Deus queria mostrar para o seu povo seu profundo amor por ele, a sua graça, a sua fidelidade, suas entranhadas misericórdias.
E o que Deus fez então? Deus chamou o profeta Oséias, que havia se casado com Gômer, uma mulher bonita, uma mulher inteligente, uma mulher amada, para representar o casamento de Deus com Israel. Oséias representaria Deus e Gômer representaria a nação de Israel.
Logo depois do casamento veio o primeiro filho, e Oséias coloca um nome muito estranho naquele menino, Jezreel(Os 1:4), que significa "chacina, massacre, holocausto, derramamento de sangue". Oséias pôs esse nome no seu filho para instruir ao povo de Israel que se ele não se arrependesse dos seus vis pecados e não se voltasse para Deus era isso que ia acontecer com Israel.
Gômer, novamente, fica grávida, mas a Bíblia não diz que esse segundo filho seja filho de Oséias. Possivelmente era alguém gerado na prostituição e quando Gômer dá a luz, é uma menina, e chama o nome daquela menina de Lo-Ruama(Os 1:6), que significa "Desfavorecida" ou “não é mais compadecida” ou “ela não recebe compaixão e amor”. Oséias pôs esse nome estranho na sua filha para instruir ao povo que Israel não terá mais o favor de Deus. Deus, em sua santidade, declara ter chegado a hora de cessar a sua longanimidade, e acionar a sua justiça. O juízo finalmente teria de vir contra o povo pecaminoso e rebelde. Israel tem se rebelado contra Deus, tem pecado contra Ele, tem endurecido a sua cerviz e não tem se curvado diante do Senhor. Por isso este povo não terá mais o favor de Deus e será levado para o cativeiro, e Deus não mais perdoará este povo.
Gômer prossegue agora na sua vida de infidelidade, de adultério, e quando ela fica grávida pela terceira vez, nem Oséias nem o povo têm dúvidas de que aquele terceiro filho não era de Oséias. Quando a criança nasce Oséias pôs o nome nele de Lo-Ami(Os 1:9), que significa “Não meu Povo”. Isso era uma mensagem para a nação de Israel: “Vocês não são mais o meu povo”. Vocês quebraram a minha aliança. Vocês não querem mais o meu jugo. Vocês não querem mais andar comigo em fidelidade. Vocês romperam comigo e agora vocês não são mais o meu povo. O povo do Reino do Norte já não poderia esperar que Deus o abençoasse e o livrasse de seus adversários. Oséias estava aprendendo, através de sua própria angústia, sobre como se achava o coração de Deus por causa dos pecados de seu povo.
Diz a Bíblia que quando Gômer desmamou seu filho Lo-Ami(Não meu Povo), ela foi embora de casa, mergulhando de cabeça na vida de imoralidade e foi viver com seus amantes. E ela tornou-se absoluta e declaradamente infiel ao seu marido. E aqui estava o retrato eloqüente e vivo da infidelidade do povo ao Deus que tanto o amara, o tirara com mão forte e poderosa da escravidão do Egito. Do Deus que sustentara esta nação milagrosamente no deserto. Daquele que provera os recursos necessários para a sua sobrevivência. O Deus que levantara profetas e lhes dera sua boa palavra e as suas ricas promessas. Mas este povo rebelde e desobediente não quis Deus, não quis escutar a voz de Deus. Nem quis receber a mensagem dos profetas de Deus. Este povo tornou-se como uma esposa infiel e adúltera.
Mas, apesar de tudo, Oséias continuou amando a sua mulher. Passado algum tempo, a situação de imoralidade e infidelidade de Gômer chegou a tal ponto que ela foi para o templo dos ídolos, para o templo pagão, para servir de sacerdotisa cultual, de prostituta cultual. Gômer caiu e foi ao fundo do poço, no fosso mais lamacento e sujo do pecado. Ela se prostituiu, se degradou, se arruinou física e moralmente. Ela era a esposa do profeta Oséias, e está agora mergulhada na lama mais suja, mais nojenta do pecado, da infidelidade, do adultério e da prostituição. Oséias foi desprezado, ele foi humilhado e publicamente pela infidelidade de sua mulher.
Diz a Palavra de Deus, que um dia em que Oséias caminhava pelas ruas de Samaria, foi surpreendido por um quadro que chocou violentamente seu coração. Ele olha e de repente vê a sua mulher, Gômer, sendo arrastada pelas ruas da cidade, como escrava, gasta, suja, quebrada, ferida, machucada, envelhecida, sem nenhum atrativo, e ela foi levada para o mercado, para um leilão de escravos. Quando Oséias olhou aquele quadro, se infiltrou rapidamente no meio da multidão, e foi para aquele grande leilão. Assim que as pessoas começaram as propostas para comprar Gômer como escrava, diz a Bíblia que Oséias dá o maior lance, e compra, então, a sua própria mulher.
Contudo, em vez de humilhá-la, em vez de torná-la uma escrava, ele a abraçou, recebeu-a com ternura e afeto e disse: Gômer, eu ainda amo você; você é importante para mim; quero receber você como minha amada; eu quero desposar você em justiça e em amor; quero levar você para mim e que a sua vida seja limpa e seja purificada.
E nesse momento, diz a Bíblia, que Oséias se volta para a nação e diz: Israel, é deste jeito que Deus o ama; é deste jeito que Deus o quer; é deste jeito que Deus está pronto para lhe perdoar. Oséias demonstra, assim, para nação de Israel, o grande amor que Deus tem para com ela e o seu grande desejo que esse povo se reconcilie com Ele. Apesar de Israel haver pecado, Deus restauraria o seu povo à condição de filhos. Ele reuniria as doze tribos para formar uma única nação sob um único líder. A promessa de reunificação anuncia o Messias vindouro (cf. Os 1:10,11).
Esta mensagem de Deus para o povo de Israel se aplica perfeitamente a todos nós, hoje. Deus nos ama assim também. Você desviou-se de Deus tantas vezes, pecou contra Ele, entristeceu seu coração. Tantas vezes Deus chamou você por amor e você fechou os seus ouvidos. Tantas vezes você escutou a Palavra de Deus e desviou-se dos caminhos dEle. Tantas vezes Deus mandou alguém para falar com você, mas você não quis ouvir. Você se afastou, se desviou, entrou pelos caminhos tortuosos da desobediência, da rebeldia, da infidelidade. Você desistiu de Deus, mas Deus não desistiu de você! Deus não pode abrir mão da sua vida porque Ele ama você com amor eterno e Ele provou este amor por você porque deu seu Filho, o seu único Filho, para morrer em seu lugar e em seu favor para que você possa ter a vida eterna. Este é o tempo de Deus na sua vida. Não deixe mais o tempo passar. Não protele essa decisão. é um grande risco para você. Hoje é o dia da reconciliação (Hebreus 3:7,8).
A VOCAÇÃO DOS GENTIOS PREVISTA EM OSÉIAS
O livro de Oséias tem sua autoridade escriturística reconhecida pelo apóstolo Paulo, que vê neste livro prevista a vocação dos gentios como povo de Deus. No texto base desta aula, a saber, Romanos 9:25-26, o apóstolo Paulo cita dois versículos de Oséias para demonstrar que o chamado dos gentios não devia surpreender os judeus:
O primeiro é Oséias 2.23: “Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada”. Em Oséias, essas palavras se referem a Israel, e não aos gentios. Antevêem um tempo em que a nação de Israel será restaurada como povo de Deus e sua amada. Mas quando Paulo as cita aqui em Romanos, as aplica ao chamado dos gentios. A profecia contempla um fim glorioso para Israel: "[...] a Lo-Ami direi: Tu és meu povo!" (Os 2.23). Entretanto, Paulo aplica esta mensagem aos gentios que se convertem mediante o evangelho de Cristo: "Chamarei meu povo ao que não era meu povo" (Rm 9.25). Que direito o apóstolo tem de fazer uma mudança tão radical? O Espírito Santo que inspirou essas palavras quando foram escritas no Antigo Testamento tem o direito de reinterpretá-las ou reaplicá-las
O segundo versículo é Oséias 1:10: “E no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo”. Mais uma vez, no Antigo Testamento, esse versículo não se refere aos gentios, mas à futura restauração de Israel ao favor de Deus. No entanto, Paulo o aplica ao fato de Deus reconhecer os gentios como seus filhos. Temos aqui mais um exemplo da liberdade do Espírito Santo de citar versículos do Antigo Testamento no Novo Testamento e aplicá-los de maneira distinta do contexto original.
III. ISAÍAS - O PROFETA MAIOR
Isaias é o primeiro dos livros dos profetas maiores ou dos profetas posteriores, segundo a nomenclatura hebraica. A declaração de abertura do livro de Isaias: “Visão de Isaias, filho de Amós”(Is 1:1), identifica o profeta e revela a natureza da sua inspiração. O nome Isaias significa “o Deus eterno é Salvação”. Aqui, a palavra visão indica simplesmente “uma revelação divina” ou “uma visão de Deus a respeito de eventos futuros”. Essa visão envolvia Judá e Jerusalém. A visão de Isaias foi recebida durante os reinados de quatro dos grandes reis de Judá: Usias, Jotão, Acaz e Ezequias. Oséias, também, profetizou durante o reinado destes reis (Os 1:1).
1. Explanação apostólica (Rm 9:27). O profeta Isaías, preanunciando a destruição do Reino do Norte pelos assírios predisse que apesar da possibilidade de Israel se tornar uma nação extremamente numerosa, apenas uma minoria dos filhos de Israel seria salva (Is 10:22). O apóstolo Paulo aplica essa profecia de Isaías acerca do remanescente fiel aos judeus de sua geração, porque apenas uma minoria deles veio a crer em Jesus. Embora procurasse primeiro os judeus, apenas alguns aceitaram as Boas Novas.
O plano divino para a salvação do mundo sempre será levado a efeito pelo remanescente que realmente crê na Palavra e a obedece, e não por aqueles que meramente professam que creem (ver Rm 4:16; 9:27;11:5).
2. O cumprimento das promessas de Deus (Rm 9:28). Quando Isaias disse: “Porque o Senhor cumprirá a sua Palavra sobre a Terra, cabalmente e em breve (Is 10:23), estava se referindo à invasão de Israel pelos Assírios e ao exílio subseqüente do povo de Israel(as 10 tribos do Norte). O cumprimento dessa palavra é o julgamento a ser realizado por Deus. Ao fazer essa citação, Paulo está dizendo que tais experiências passadas de Israel poderia se repetir em seu tempo.
3. A graça de Deus prenunciada por Isaías (Rm 9:29). Neste versículo, Paulo cita o profeta Isaias, fazendo alusão ao capítulo 1:9 do seu livro. Como Isaias disse: “Se o Senhor dos Exércitos do céu não [...] tivesse deixado sobreviventes, Israel teria sido exterminado como Sodoma e [...] Gomorra”. O apóstolo Paulo está, com isso, advertindo os judeus a reconhecerem a graça de Deus e a converterem-se ao Senhor, a fim de serem salvos (Rm 3.9,23,30; Gl 3.22).
CONCLUSÂO
Embora sejam classificados em maiores e menores, os profetas do Antigo Testamento foram todos, de igual modo, inspirados verbal e plenariamente pelo Espírito Santo de Deus. Espiritualmente, só Deus pode avaliar a importância que cada um de seus Profetas representa no Reino de Deus. Moisés exerceu um Ministério, no deserto, por 40 anos. Escreveu, certamente, cinco Livros, totalizando 187 Capítulos. João Batista exerceu um curtíssimo Ministério, não deixou nada escrito. Porém, o Senhor Jesus, disse - “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista ...”(Mateus 11: 11). Isaías exerceu um Ministério Profético por cerca de sessenta anos; escreveu um Livro com 66 Capítulos. João Batista exerceu um curtíssimo Ministério e não deixou nada escrito, porém, o Senhor Jesus, disse: “... entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista ...”. João Batista foi o único que viu o que todos os Profetas desejaram ver - ele viu o Filho de Deus, encarnado. Não apenas viu, mas, tocou-O. Não apenas tocou-O, mas, batizou-O. João Batista foi escolhido, por Deus, para apresentar Seu Filho, ao mundo - “... Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”(João 1: 29). O nosso julgamento pessoal a respeito de um homem e a nossa avaliação sobre o trabalho desenvolvido por cada um, pode não corresponder ao pensamento e a avaliação feita por Deus. Só Deus pode mensurar a importância do nosso trabalho, para o Seu Reino.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia - Isaias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

domingo, 25 de julho de 2010

Aula 05 - A ATENTICIDADE DA PROFECIA

Texto Base: Isaías 53:2-9
"E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Mq 5:2).
INTRODUÇÃO
A autenticidade da profecia bíblica pode ser averiguada através de sua precisão e fiel cumprimento. Se somente uma profecia houvesse falhado, então saberíamos que Deus não seria verdadeiramente Deus, porque o criador de todas as coisas, inclusive do tempo, não pode errar em predizer o futuro. Se uma profecia é autêntica, se vem da parte de Deus, ela deve ter um cumprimento na história. Da abundância de profecias relacionadas ao nascimento, à vida e à morte de Jesus, destacamos, como exemplo, o Salmo 22.16-17: "...traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos...". Não há dúvida de que essa passagem fala da crucificação, pois o sofrimento descrito pelo salmista só acontece nesse tipo de morte. Entre os judeus a crucificação jamais foi uma forma de execução de condenados à morte e ainda não era conhecida quando o salmo foi escrito. Bem mais tarde os romanos copiaram dos cartagineses a pena de morte por crucificação. Portanto, seria muito mais lógico se o salmista tivesse descrito a morte por apedrejamento ou pela espada. Numa época tão remota (1000 a.C.), por que ele falou da morte pela cruz, completamente desconhecida dos judeus? A resposta é que o salmista, inspirado pelo Espírito de Deus, era um profeta e apontava a morte futura de Jesus(Lc 23:33). “Mas tudo isso aconteceu para que se cumpram as Escrituras dos profetas” (Mt 26:56).
“Conforme o Dr. Roger Liebi, 330 profecias extremamente exatas e específicas referentes ao Messias sofredor se cumpriram literalmente por ocasião da primeira vinda de Cristo”((Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br). Mas, nessa aula, nos deteremos a analisar apenas as profecias messiânicas registradas em Isaías 53.
I. O DESPREZO DO SENHOR
Neste tópico estudaremos que a autenticidade profética é reconhecida mediante o cumprimento das profecias vetero-testamentárias relativas à apresentação, aparência, rejeição e mensagem do Senhor.
1. A apresentação do Senhor. A apresentação de Jesus como “O Servo Sofredor do Senhor” está exarada em Isaias 52:13 – 53:12. Esta passagem é a mais importante entre todas as profecias messiânicas do Antigo Testamento. Quem, além de Isaias, poderia ter escrito um milagre literário dessa magnitude? E quem, além do Espírito Santo, poderia ter inspirado seus detalhes? Policarpo chamou-a de passagem dourada do Antigo Testamento. Nessa passagem é anunciado e descrito de forma tão clara como se o próprio profeta estivesse parado sob a cruz observando a crucificação. Essas predições foram cumpridas em Jesus Cristo. Assim, o Servo do Senhor não é ninguém mais do que o próprio Filho do Homem. É dessa maneira que o Novo Testamento se refere a Ele(cf Is 53:7-8 com At 8:26-35; cf. também Lc 24:25-27; 44-47). O apóstolo Paulo comenta acerca de Isaias 53 em Filipenses 2:5-11.
2. A mensagem do Senhor. Jesus era Profeta. Ele mesmo assim o disse: “Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém"(Lc 13:13); “Então Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua própria casa”(Mc 6:4). Ora, se Jesus se intitulou como profeta, quem somos nós para desmenti-lo? Jesus, por várias vezes, disse estar a anunciar as palavras do Pai, a revelá-las, a cumprir com aquilo que Lhe havia sido determinado (João 17:14,25,26). E o profeta além de predizer o futuro e operar sinais e maravilhas, anunciava a Palavra de Deus. Jesus pregou o Evangelho, ou seja, as boas novas de salvação (Mc 1:14,16), tendo, por algumas vezes, dito explicitamente que o que falava era por determinação do Pai (João 7:16-18; 14:10; 15:15). Sendo assim, sua mensagem era singular e despertava interesse e admiração entre o povo(Mt 7:14; 7:29); (João 7:46).
Suas mensagens de ensino e os sinais e maravilhas que operava caracterizaram a singularidade do seu ministério profético e demonstravam que Ele não somente era um profeta, mas o Messias prometido, o “Servo Sofredor”. Conquanto Jesus fosse o Messias de Deus, muitos o rejeitariam e, portanto ficariam sem a salvação(ver João 12:38; Rm 10:16). Houve relativamente poucos salvos entre os judeus na primeira vinda de Jesus. Até mesmo os de sua casa não compreenderam o seu ministério (Mc 3.21; Jo 7.5). Essa rejeição da mensagem do Senhor tinha sido previsto pelo profeta Isaias quando diz: “Quem deu crédito à nossa pregação?”(Is 53:1).
3. A aparência e a rejeição do Senhor.
A aparência do Senhor.
Ao longo dos anos, todos, de uma forma em geral, nos acostumamos a "identificar" a figura do Senhor Jesus na forma "tradicional": olhos azuis (?), cabelos longos em madeixas, barba longa, semblante de um jovem de aparência bonita... Todavia, não há relatos bíblicos suficientes para se ter uma idéia de Sua aparência. Há somente uma profecia de como ele seria quando estivesse sofrendo na cruz: Isaías 52.14 - “Como pasmaram muitos à vista dele, pois a sua aparência estava tão desfigurada, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura, mais do que a dos outros filhos dos homens". Este versículo descreve os maus tratos que os judeus e os soldados romanos infligiam a Jesus, no seu julgamento e crucificação (cf Sl 22:6-8; ver Mt 26:67).
Em Isaias 53:2, também descreve a aparência do Messias Sofredor: “Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos". Aqui, demonstra que não havia nada nele majestoso ou de caráter nobre que atraísse a admiração humana. A pergunta nos dias de Jesus era: “Pode alguma coisa boa vir de Nazaré”?
O Messias não teria grandeza terrestre e nem atrativos físicos. Deus sempre contempla mais o caráter, santidade e obediência da pessoa, e não primeiramente a sua condição social terrestre, nem sua beleza física(cf 1Sm 16:7).
A rejeição do Senhor - “Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum”(Is 53:3). Duas vezes este versículo afirma que Ele era "desprezado" e termina dizendo: "não fizemos dele caso algum". Tal descortesia cumpre-se de forma notória nos Evangelhos (João 1.10,11).
O Criador do mundo, a segunda Pessoa da Trindade, o Deus Filho, estava aqui no mundo, mas este não o reconheceu, conforme descreve João 1:10,11 – “estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu [seu próprio lugar, a Terra que criara], e os seus [seu próprio povo, Israel] não o receberam”. Os herdeiros da aliança, os descendentes físicos de Abraão, não o receberam. Este tema é destaque e percorre todo o Evangelho de João: a rejeição de Jesus. Desde o tempo de seu nascimento em Belém até o dia em que voltou aos céus, ele estava exatamente no mesmo mundo em que vivemos. Ele fez o mundo, sendo seu Proprietário por direito. Em vez de reconhecê-lo como Criador, os homens pensaram que Ele era apenas outro homem qualquer. Eles o trataram como um estranho e réprobo. Especificamente, a nação judaica foi o povo escolhido por Ele; quando veio ao mundo, Ele apresentou-se aos judeus como o Messias, mas eles o rejeitaram.
Quando Jesus pregava, alguns judeus zombavam. Quando Jesus disse: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se”, os judeus na sua incredulidade, retrucaram: “Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?” Então Jesus declarou: “Antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.57, 58). Aqui Jesus mostra claramente a sua divindade. Ele não disse: Antes que Abraão existisse, eu era. Isto poderia simplesmente significar que Ele veio a existir antes de Abraão. Antes, Ele usou o nome de Deus: EU SOU. O Senhor Jesus habitou com Deus Pai desde toda a eternidade. Nunca houve um momento em que Ele não existiu. Por essa razão Ele disse: Antes que Abraão existisse, EU SOU. Ele é o Messias prometido, contudo, foi rejeitado pelos judeus, até o dia de hoje.
II. A PAIXÃO E A MORTE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Neste tópico estudaremos que a autenticidade profética é reconhecida mediante o cumprimento das profecias vetero-testamentárias relativas à paixão e sofrimento de Cristo.
1. O sofrimento sem igual de Jesus – “Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores”(Is 53:3). A missão de Jesus envolveria muita dor, sofrimento, desagrado e pesar, por causa dos pecados da humanidade. Seus sofrimentos físicos começaram no Getsêmani. Lá, seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue”(Lc 22:44). Esse homem de dores era – e ainda é – desprezado e rejeitado por muitos. Alguns rejeitam a Cristo ao colocar-se contra Ele. Outros desprezam não só a Ele como a sua grande dádiva: o perdão. Você o aceita, rejeita ou despreza?
Médico francês reconstitui o sofrimento de Jesus
Sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei anatomia a fundo. Posso, portanto escrever sem presunção a respeito de morte como aquela. 'Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra'.
O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão de um clínico. O suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.
Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.
Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.
Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).
Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.
Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz. Quem já tirou ma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim.
O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor.
Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.
Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.
Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: ‘Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem’. Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável!
Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui.
Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: ‘Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?’. Jesus grita: ‘Tudo está consumado!’. Em seguida num grande brado diz: ‘Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito’. E morre. Em meu lugar e no seu”(
Dr. Barbet, médico francês).
2. O silêncio de Jesus – “Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca”(Is 53:7). Cumprimento desta profecia: Mateus 26: 63(diante do sumo sacerdote no Sinédrio); 27:12-14(perante Pôncio Pilatos).
Não abriu a sua boca”. Essa observação do profeta acerca do Sofredor paciente ocorre duas vezes neste versículo. Ele não abriria a sua boca. Em primeiro lugar, Ele não precisava se defender, visto que nenhuma acusação válida foi feita contra Ele. Em segundo lugar, seu julgamento foi apenas uma farsa judicial conduzida por hipócritas sem princípios, reivindicando motivos piedosos, enquanto naquele exato momento estavam violando as leis judaicas da jurisprudência; por conseguinte, nenhuma defesa faria diferença. Ela falou ao Sinédrio somente quando o silêncio significaria uma renúncia da sua divindade e de ser o Messias(Mt 26:63,34). Diante de Pilatos, Ele somente falou quando o silêncio significaria a renúncia da sua realeza. E diante do incestuoso Herodes, o Tetrarca, não falou uma só palavra(Lc 23:9). Como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim o nosso Senhor suportou em silêncio.
3. A crucificação e a sepultura de Jesus
A crucificação de Jesus.
“[...]porquanto derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”(Is 53:12). Cumprimento desta profecia: Marcos 15:27,28,34.
A morte de Jesus Cristo na cruz do calvário foi uma morte vicária, isto é, substitutiva. Ele veio ser a vítima do sacrifício necessário, veio substituir toda a humanidade, morrendo em lugar dos homens (Rm 5:8; 1Ts 5:10), para satisfazer a justiça divina e, por meio do derramamento do seu sangue, permitir que se restabelecesse a comunhão entre Deus e o homem(Ef 2:13-16), algo que só poderia ocorrer mediante a remoção dos pecados e não somente a sua desconsideração por força da morte de animais, como ocorria com a lei (Hb 7:26,27; 9:7-10). Deus, em sua santidade, exigia a penalidade do pecado. Nos sacrifícios do Antigo Testamento era indispensável uma vitima para ser oferecida pelo pecado, mas era uma oferta imperfeita, pois só apenas cobria o pecado, não o extinguia; agora surge o sacrifício perfeito do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”(João 1:29). O sacrifício no Antigo testamento era realizado em substituição ao pecador, assim o Cordeiro de Deus, santo, imaculado, assumiu o nosso lugar.
A morte de Cristo na cruz é o ponto central da história. Para lá todas as estradas do passado convergem; e de lá saem todas as estradas do futuro. Somente conhecemos a Cristo vendo-o na cruz. Somente encontramos Jesus se pudermos vê-lo como Cristo crucificado. Não podemos vê-lo antes da cruz somente, nem depois somente. Muitos param antes da cruz. Outros tentam encontrá-lo somente como ressuscitado. Muitos evitam a cruz, e assim fazendo rejeitam a Jesus. É bom ressaltar que não estamos simplesmente falando do madeiro em si mesmo, mas da “cruz” de Cristo que representa a sua obra redentora mediante sua morte substitutiva no Calvário.
A Sepultura de Jesus - “E puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico, na sua morte; porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca”(Is 53:9). Cumprimento: Mateus 27:57,58,60. O termo: “E puseram a sua sepultura com os ímpios”, pode significar que os soldados romanos pretendiam sepultá-lo juntamente com os dois malfeitores. Sem dúvida, seus inimigos planejavam lançar o corpo no vale de Hinon, para ser consumido pelas chamas da lixeira ou comido pelas raposas. Mas Deus Pai prevaleceu sobre os planos deles usando um homem rico, chamado José, da cidade de Arimatéia, membro do Sinédrio(Mc 15:43) para assegurar que Jesus fosse sepultado com os ricos, ou seja: o Filho de Deus foi enterrado honrada e dignamente. José cedeu seu túmulo novo, que havia aberto em rocha, para que neste fosse posto o corpo do Senhor (Mt 27:57,58,60). Podemos tentar imaginar a surpresa de Pilatos, e a provocação aos judeus, que um membro do Sinédrio se posicionasse publicamente ao lado do crucificado.
III. LIÇÕES DOUTRINÁRIAS DO SACRIFÍCIO DE CRISTO
Neste tópico estudaremos algumas lições doutrinárias do sacrifício de Cristo: nossas dores, enfermidades, nossos pecados, a humildade e o amor de Jesus Cristo.
1. As nossas dores e as nossas enfermidades. “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades”(Is 53:4). Aqui, o profeta mostra a vicariedade do sacrifício de Jesus Cristo. Isto é, Ele padeceu em nosso lugar, tomando sobre si "as nossas enfermidades e as nossas dores". O Novo Testamento cita este versículo em Mateus 8:17, com referência ao ministério de Jesus, na cura dos enfermos – tanto física, como espiritualmente(ver 1Pe 2:24). O Messias sofreria o castigo que nos era devido, para nos livrar das nossas enfermidades e doenças, e não somente as doenças do pecado. É, portanto, bíblico orarmos pela cura física. Assim, como Ele levou sobre si os nossos pecados, Ele também levou a doença e a aflição que nos atinge.
A promessa da cura é destinada aos que crêem. Todavia, não devemos esquecer de que o propósito da cura divina não é a saúde física de alguém, mas a glorificação do nome do Senhor, a confirmação da palavra da pregação e a comprovação da presença de Deus no meio do seu povo. Por causa disso, nem sempre Jesus cura, pois a cura tem propósitos que não se confundem com a nossa vontade ou com os nossos caprichos.
2. Os nossos pecados. “[...] quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias, e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão. O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.”(Is 53:10,11).
A morte de Jesus, o justo que morreu no lugar dos injustos, o derramamento do seu sangue para satisfação da justiça divina, era uma necessidade. O texto bíblico aponta esta necessidade (Mt 16:21; Mc.8:31; Lc 9:22; 24:46,47; João 12:24). Sem que o justo entregasse sua vida em favor dos injustos, não seria possível a salvação. Para que o pecado fosse removido fazia-se absolutamente necessário que um não pecador morresse em lugar dos pecadores. A morte de Jesus, o derramamento do seu sangue, era absolutamente imprescindível para que houvesse o resgate da humanidade. Por isso, Jesus disse que veio para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mc 10:45).
3. A humildade e o amor de Jesus Cristo (Fp 2:3-11). O Senhor Jesus esvaziou-se de sua glória para assumir a forma humana, viver entre os homens, derrotar Satanás e o pecado, e dar oportunidade para que o homem se reconciliasse com Deus. Em sua encarnação, o Cristo tornou-se em tudo semelhante a nós, exceto quanto à natureza pecaminosa e ao pecado (Fp 2.7,8 - ARA). Tal humildade e amor benevolente servem-nos de exemplo para que possamos agir da mesma forma em relação aos nossos semelhantes (João 3.16; 1João 3.16).
É bom ressaltar que Jesus não deixou de ser Deus quando se tornou homem, mas, por livre e espontânea vontade, para cumprimento da vontade do Pai (Hb 10:5-9), veio a este mundo, despindo-se da sua glória (Fp 2:5-8), cumprindo a lei (Mt 5:17), fez-se oferta e sacrifício ao Pai para a salvação dos pecadores (Is 53:4-9). “Isto não quer dizer que perdeu ou desvencilhou totalmente da sua divindade, mas precisou sujeitar-se ao corpo humano e, portanto, ficou sujeito a certas limitações pelas quais passam os homens. Mas, quando ressuscitou e adquiriu corpo glorioso, voltou a possuir plenamente todos os atributos, como o Pai.…” (SILVA, Osmar J. da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.1, p.23).
CONCLUSÂO
Profecias cumpridas são uma forte evidência de que Deus é o autor da Bíblia porque, quando se olha a probabilidade matemática de uma profecia ser totalmente cumprida, rapidamente se vê um projeto, um propósito e uma mão guiando os fatos por trás da Bíblia. Quando alguém indagar sobre a inspiração da Bíblia, uma das melhores maneiras de provar a sua inspiração é examinar as profecias. Existem muitos livros religiosos no mundo que dizem muitas coisas boas, mas somente a Bíblia está repleta de profecias -- tanto já realizadas, como ainda por realizar. A Bíblia nunca errou no passado, e não errará no futuro. Isto sustenta a sua inspiração por Deus (2Tm 3:16). Tudo está debaixo do Seu controle. Somente Ele, então, sabe ao certo o que acontecerá no futuro.
“A Bíblia contém 6.408 versículos com declarações proféticas, das quais 3.268 já se cumpriram. Não se sabe de nenhum caso em que uma profecia bíblica tivesse se cumprido de forma diferente da profetizada. Esses números equivalem à chance de que ao jogar-se 1.264 dados, todos caiam, sem exceção, com o número 6 para cima. Essa probabilidade é tão pequena que exclui toda e qualquer obra do acaso”(Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br). A única explicação racional para o fiel cumprimento das profecias da Bíblia é que Deus tudo revelou aos seus profetas.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia - Isaias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

terça-feira, 20 de julho de 2010

MODISMOS SUPERTICIOSOS NO COTIDIANO DO POVO EVANGÉLICO

APÊNDICE DA AULA 04 - Profecia e Misticismo

I. INTRODUÇÃO
Uma das principais características destes tempos trabalhosos em que estamos a viver é a apostasia, ou seja, o afastamento do homem do caminho do Senhor, o desvio espiritual de muitos que, uma vez, haviam sido resgatados da sua vã maneira de viver (cfr. 2Pedro 2:1). E a apostasia não se dá apenas pela rejeição pura e simples do Evangelho, mas, também, pela substituição da Palavra de Deus, da sã doutrina, por doutrinas outras, criadas pelos homens. A Igreja de Cristo não precisa de novidades, e sim, de constante renovação no Espírito Santo. É dever de todo crente sincero e temente a Deus, preservar a sã doutrina.
Crendices, práticas e comportamentos totalmente sem respaldo bíblico têm conseguido invadir as igrejas locais e desvirtuado a fé de muitos. Quem já não viu alguém procurar se proteger com um galho de arruda, com ferradura de cavalo na porta de casa, com sal grosso ou usar uma figa esperando obter sucesso? Os supersticiosos estão inclinados a acreditar em tudo, menos na Palavra de Deus.
Normal seria esperar que a superstição não tivesse lugar nem espaço no meio do povo de Deus, já que não há comunhão entre a luz e as trevas (2Corintios 6:14), e quem está em Cristo, anda na luz (1João 1:7; 2:10). Contudo, existem aqueles que dizem estar na luz, mas estão em trevas (1João 2:9), os falsos cristãos, aqueles que embora estejam entre nós, não são dos nossos (1João 2:19) e que, no tempo de Deus, serão revelados (Mateus 10:26; Marcos 4:22; Lucas 12:2). Daí porque haver, lamentavelmente, em nosso meio, práticas supersticiosas, numa onda de “misticismo” que tem causado enorme prejuízo espiritual.
II. O QUE É SUPERSTIÇÃO?
Segundo o dicionário Aurélio, é o sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes; crendice; apego exagerado e/ou infundado a qualquer coisa.
A superstição seria uma tentativa do desejo humano de solucionar seus problemas, através de práticas que possam manipular forças sobrenaturais para o seu próprio proveito. A idéia inclui fazer com que Deus, os anjos ou até mesmo demônios possam estar ao seu serviço. Eles seriam uma espécie de gênio-da-lâmpada-de-Aladim. O “xis” da questão está no fato de a pessoa achar que ela mesma poderá resolver todos os seus problemas, independente de Deus. Na proporção em que o homem se desvia do Deus verdadeiro, ele se inclinará à superstição.
A superstição é a fé desviada de seu curso natural, Deus. A raiz da superstição está no fato de o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, feito para sua glória, recorrer a objetos e fórmulas aparentemente mágicas a fim de resolver seus próprios problemas, sem levar em conta seu Criador. Tal desejo de independência de Deus é um pecado, um desvio da verdadeira fé, que é direcionada para coisas, como rezas, talismãs, cristais, pêndulos, pirâmides etc.
A superstição produz no ser humano um comportamento descontrolado, irrazoável, sem qualquer critério de racionalidade ou de dignidade para com o homem. Por isso, vemos os homens praticando atos totalmente sem sentido e sem propósito, não raras vezes levando as pessoas à morte ou a comprometimentos sérios seja de sua vida, seja de sua saúde, seja de sua moral ou, mesmo, de sua vida financeira. Quantos prédios não partem do 12º para o 14º andar, só para evitar o número “13”? Quantos não se intoxicam por causa de ingestão de substâncias para satisfazer as “simpatias” ou atender a conselhos de “benzedeiros” e curandeiros de toda espécie? Quantos não se endividam por causa de “trabalhos”, de “sacrifícios” ou “fogueiras santas” para ter prosperidade e “sorte no amor?”.
Bem diferente, porém, é o servo de Deus. Seu comportamento é pautado pela moderação, pelo equilíbrio, pois, como alguém que produz o fruto do Espírito, é uma pessoa que tem como qualidade de seu caráter a temperança (Gálatas 5:22), ou seja, o autodomínio, o autocontrole, a moderação. É uma pessoa que, mesmo passando por grande aflição, como a sunamita, não se descabela, nem se desespera, mas vai até a presença de Deus para solicitar a solução para o seu problema.
III. ALGUNS EXEMPLOS DE MODISMOS SUPERSTICIOSOS NO COTIDIANO DO POVO EVANGÉLICO
1. Unção de Objetos. A unção de objetos é uma prática supersticiosa, que não tem qualquer respaldo bíblico. Para proceder à unção de objetos, os defensores desta prática costumam recorrer a textos do Antigo Testamento, onde se relata que objetos eram ungidos, em especial, as peças do tabernáculo, que foram ungidos por Moisés (Lv 8:10). Com base nisto, entendem ser possível a unção de objetos na atualidade.Temos aqui, uma vez mais, uma distorção do texto bíblico, ou seja, a prática da Eisegese. Só para lembrar: a Eisegese é o inverso da exegese. A preposição grega “eis”, “para dentro”, indica movimento de “fora para dentro”. Trata-se de uma maneira de contrabandear para o texto das Escrituras Sagradas as crenças e práticas particulares do intérprete. A serpente, no Éden, argumentou com Eva algo que Deus não havia falado (Gn 2.16,17; 3.1).
A unção de objetos é relatada na Bíblia única e exclusivamente no Antigo Testamento. Por quê? Porque tudo o que foi escrito ali foi escrito para nosso ensino (Rm 15:4). O tabernáculo que Deus mandou Moisés construir era figura de Cristo, era sombra da realidade espiritual que seria revelada plenamente com a vinda do Senhor Jesus (Hb 8:5; 10:1). Desta maneira, o fato de Moisés ter ungido as peças do tabernáculo na sua consagração tem um significado simbólico, qual seja, o de que Jesus, que é tipificado pelo tabernáculo (que era, a exemplo de Jesus, a presença de Deus no meio do povo, o Emanuel, o Deus conosco), seria ungido pelo Espírito Santo para cumprir a Sua missão sobre a face da Terra (At.10:38). Depois que Jesus veio e cumpriu a Sua missão, realizando-se, assim, aquilo que fora figurado na antiga aliança, não há mais motivo algum para que se proceda à unção de objetos, pois um objeto não é santificado ou consagrado pelo derramamento de azeite em si, mas, sim, nós, como filhos de Deus, é que devemos ter a unção do Espírito Santo e, em função da nossa santificação, utilizarmos dos nossos bens para que façamos boas obras e, por meio destas obras, os homens glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16).
A prática de ungir objetos, para que eles sejam “santificados” é pura superstição, é resquício de animismo, pois só tem sentido falarmos em “purificação”, “santificação” ou “consagração” de objetos na medida em que entendemos que este objeto possui uma “energia vital”, uma “alma” e isto nada mais é que “animismo”. Muitos assim agem, porque são idólatras e reconhecem nas coisas e nas criaturas não só a presença de espíritos ou almas, mas até mesmo uma condição divina.
Só para lembrar: Animismo é a crença que atribui vida espiritual ou alma a coisas inanimadas. Os animistas acreditam que plantas e animais possuem alma, que a natureza está carregada de seres espirituais e que o espírito dos mortos vagueia pelos lugares onde as pessoas viviam ou costumavam freqüentar (Isaias 34.14). A crença de que fenômenos e forças da natureza são capazes de intervir nos assuntos humanos constitui o fundamento de todas as idéias religiosas consideradas animistas.
Há, ainda, aqueles que dizem que devemos ungir os objetos apenas como um “reforço à fé”, uma “materialização da fé”, um “meio” para que a fé das pessoas progrida, cresça, desenvolva-se. Este argumento, porém, não tem cabimento algum. A fé existe quando não precisamos “ver algo”. Ela é a prova das coisas que não se vêem. A fé não é por vista (2Corintios 5:7), mas, pelo contrário, quem realmente crê é aquele que não vê (João 20:29).
A única unção que se verifica autorizada nas Escrituras, depois da vida, morte e ressurreição de Cristo, é a unção com óleo sobre os crentes enfermos (Tiago 5:14), unção a ser feita apenas pelos presbíteros da Igreja, isto é, pelos ministros do Evangelho, nos casos de enfermidade, e esta unção deve ser feita à moda bíblica, ou seja, na cabeça, pois assim é a unção que se encontra nas Escrituras (2Reis 9:3,6; Salmo 133:2). Não há qualquer base para se fazer a unção nas partes enfermas, como tem sido feito em alguns lugares, para não dizer de unção de partes íntimas para “santificação”, “purificação sexual” ou “libertação da prostituição”, como se vêem nestes “encontros” gedozistas. Fora esta hipótese, não se deve proceder a qualquer unção, pois a “necessidade de unção” em outras hipóteses, mesmo sobre pessoas, é fruto de superstição, é resquício de animismo, sem qualquer base bíblica.
Práticas de unção de pessoas separadas para o ministério, também, não têm respaldo bíblico. Esta prática também é supersticiosa, porque repete costumes gentílicos, observados nas várias religiões pagãs e que acabou sendo absorvida, inadvertidamente, por algumas igrejas ditas cristãs e pelas Igrejas orientais ao longo dos séculos. A unção dos profetas, reis e sacerdotes na antiga aliança, a exemplo do que ocorre com a unção de objetos, apontava para o tríplice ofício de Cristo, que é Rei(Mateus 2:2), Profeta(João 4:19) e Sacerdote(Hebreus 6:20). Agora, os ministros devem ter a unção do Espírito Santo (At 1:8; 6:3), devendo, no ato da separação, haver tão somente a imposição das mãos sobre os escolhidos (At 6:6; 13:3; 1Tm 4:14).
2. Amuletos e talismãs. Diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa que amuleto é “objeto, fórmula escrita ou figura (medalha, figa etc.) que alguém guarda consigo e a que se atribuem virtudes sobrenaturais de defesa contra desgraças, doenças, feitiços, malefícios etc.”; palavra que vem do latino “amuletum”, que era “remédio supersticioso que preservava contra feitiços, venenos etc.”. Também é conhecido como “talismã”, “objeto a que é atribuído um poder mágico efetivo fora do comum”, “efeito desse poder mágico; encantamento”, “tudo que produz um efeito súbito e fantástico”, palavra de origem grega, vinda do árabe, que significa “rito religioso”, “amuleto”.
É comum associarmos o uso de amuletos ou de talismãs ao baixo espiritismo ou a práticas animistas de povos primitivos, mas, lamentavelmente, também os há no meio daqueles que se dizem cristãos, apesar de isto ser explicitamente condenado pelas Escrituras (Levíticos 20:27; Deuteronômio 18:11).
· Porventura, não se trata de amuleto uma Bíblia que esteja aberta seguidamente no Salmo 91, como se vê em muitas casas de crentes? Não é a Bíblia um amuleto quando posta nestas circunstâncias, como se ela, enquanto um objeto, um livro, tivesse poder para proteger o ambiente ou o lar das pessoas? A Bíblia diz que quem nos protege é o próprio Deus, sob cujas asas encontramos descanso (Salmo 91:1). Não é o salmo que traz proteção, mas, sim, “habitar no esconderijo do Altíssimo”, ou seja, viver em comunhão com Deus, obedecer-Lhe e ter os pecados perdoados pela nossa fé em Cristo Jesus. Quando vamos a Cristo, somos recebidos em Sua mão e ali estamos bem seguros (João 6:37; 10:27-29).
· Porventura, não se tem um amuleto, um talismã quando se usa a Bíblia para repreender um espírito maligno que esteja a possuir alguém, como se a Bíblia fosse o objeto dotado de poder para tal libertação? (há, ainda, as pessoas que não se contentam em usar a Bíblia, mas em batê-la na pessoa possessa, muitas vezes na cabeça…). Entretanto, a Bíblia diz que a expulsão de demônios não é resultado do uso deste ou daquele objeto, pois é um sinal que segue aquele que tem fé em Cristo Jesus (Marcos 16:17). Trata-se, portanto, de um poder trazido pela aceitação do Evangelho, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1:16,17).
· Não é sequer o nome de Jesus, enquanto uma fórmula mágica, que opera a expulsão dos demônios, como nos mostra claramente o episódio que envolveram os filhos de Ceva, que, embora tivessem usado “a fórmula do nome de Jesus”, foram humilhados pelo inimigo, pois não tinham o essencial, que é a comunhão com Cristo (At.19:13-16).
· Porventura não se tem a Bíblia como um amuleto, como um talismã, quando é ela aberta aleatoriamente, para se “tirar uma palavra”, num verdadeiro exercício de “bibliomancia”, que é “adivinhação do futuro através da interpretação de uma passagem de um livro, aberto ao acaso”? É triste vermos pessoas que têm reduzido a Palavra de Deus a um mero exercício de futurologia, a uma simples questão de sorte ou de palpite. A Bíblia não é para ser consultada ao acaso, como se fosse um instrumento de adivinhação, mas deve ser lida diariamente, com devoção, para que saibamos qual é a vontade de Deus para as nossas vidas. Não somos contra as pessoas terem uma “caixinha de promessas”, mas desde que esta “caixinha” não seja um instrumento divinatório, desde que não substitua a leitura constante e profunda das Escrituras, que é dever de todo o cristão. Não se deve “consultar” a Bíblia, mas, sim, lê-la, pois, caso contrário, estaremos diante de uma prática supersticiosa. Lembremos que Jesus não leu as Escrituras a esmo, mas achou onde estava escrito (Lucas 4:17).
3. “Bênção da Água”. Na prática da “bênção da água”, tem-se, mais uma vez, nítido animismo inserido indevidamente no meio do povo de Deus. Esta prática nada mais é que uma “roupagem evangélica” para a “água benta”, umas das primeiras práticas pagãs absorvidas pelo romanismo.
Não é pela água que se purifica alguma coisa, nem que se consegue alguma bênção, muito menos que se espantam demônios ou espíritos malignos, mas por uma vida de comunhão com Cristo Jesus. A água, na Bíblia, é símbolo da Palavra de Deus e é por ela que somos santificados e regenerados (João 17:17; Efésios 5:26; 1João 5:7,8). O único momento em que usamos água com significado espiritual é o instante do batismo, em que, por imersão em água, testificamos publicamente que cremos em Jesus, nascemos de novo e estamos mortos para o mundo (Romanos 6:3,4). É um instante singular, único em que usamos a água.
4. ”Coreografias”. Estes movimentos têm invadido muitas igrejas locais, para a “invocação do Espírito de Deus”. Há pessoas que, na atualidade, para “sentirem a presença de Deus”, começam a dançar, a criar “círculos de dança” em volta de pessoas, para que elas sejam “batizadas com o Espírito Santo” ou “sintam o poder de Deus”, em meio a cantorias e ritmos que são verdadeiras repetições de “pontos de macumba” e sons a eles muito semelhantes. Trata-se de pura superstição, quando não de absorção de rituais satânicos dentro da liturgia evangélica, sob o pretexto de “avivalismo” e “presença do poder de Deus”.
A verdadeira adoração a Deus, o culto que se presta ao Senhor é “racional’ (Romanos 12:1,2), ou seja, não é feito sem propósito, sem objetivo, sem finalidade. É uma adoração genuína e que é marcada pela simplicidade que há em Cristo Jesus (2Coríntios 11:3).
O culto genuíno a Deus traz alegria aos corações, uma sensação de comunhão com Deus, não uma histeria ou uma situação de transe e de inconsciência, como temos visto em diversas manifestações que se dizem “demonstradoras do poder de Deus”, tais como “risadas santas”, “vômitos santos”, “quedas pelo poder de Deus” e tantas outras coisas que pela sua extravagância e pela falta de edificação espiritual e de resultado no comportamento das pessoas só nos fazem lembrar as estranhas e sobrenaturais artimanhas feitas pelo adversário de nossas almas, com seus encantamentos e manifestações ao longo da história sagrada.
5. “queima dos pedidos de oração”, “queima das necessidades” ou, ainda, “queima dos pecados dos antepassados” ou “queimas das maldições hereditárias”. Esta prática de se levar ao fogo para destruição ou purificação de algo é, nitidamente, uma prática retirada dos cultos pagãos, que o digam os sacrifícios feitos a Moloque, abomináveis aos olhos do Senhor (2Reis 16:3; 17:17; 21:6; 23:10; 2Crônicas 33:6; Ezequiel 20:31; 23:37). Por que fazer algo que o Senhor já declarou, explicitamente, em Sua Palavra, que abomina? Isto é puro animismo, pois é dar ao fogo o poder espiritual de atendimento às nossas preces, o que contraria totalmente o que ensinam as Escrituras. Repudiemos este “falso ensino”, verdadeiro exercício de feitiçaria!
O fogo não tem mais nenhum papel no culto a Deus, sendo, tão somente, símbolo da presença do Espírito Santo em nossas vidas, verdadeiro fogo purificador (Mateus 3:11; Lucas 3:16; Atos 2:3), ou, então, símbolo do julgamento divino dos homens, crentes ou não (Mateus 3:12; 5:22; 25:41; João 15:6; 1Coríntios 3:13).
Dizem os defensores desta prática que os sacrifícios eram levados ao fogo, para serem consumidos e que o fogo representaria a prova desta confiança na consumação, na destruição da dificuldade e da necessidade. Trata-se, mais uma vez, de grande distorção da Palavra de Deus. Os sacrifícios do antigo concerto apontavam para Cristo, que, tendo morrido uma só vez, aboliu a prática de sacrifícios. Nossos sacrifícios, agora, são apenas ofertas pacíficas ao Senhor, representados pelo nosso culto racional (Romanos 12:1,2) e pelos louvores (Hebreus 13:15), porquanto Jesus já Se sacrificou por nós, removendo o pecado do mundo (João 1:29).
6. “Oração no monte”. É muito praticada pelos evangélicos neopentecostais. Há aqueles que somente adoram a Deus “no monte”, que somente sentem a presença do Senhor “no monte”, já que lá Deus realmente se manifesta, até porque costumam ocorrer certas manifestações “sobrenaturais”, como o “brilho de galhos de árvore, de plantas” e outras “provas da presença do Senhor”. Para dar “respaldo bíblico” a suas teses, os defensores da “oração no monte” não cessam de dar exemplos de várias manifestações divinas nos montes, como Abraão no monte Moriá, Moisés no monte Sinai e até mesmo de Jesus no monte da transfiguração, para não dizer que Jesus morreu no monte Calvário e ascendeu aos céus no monte das Oliveiras, aonde retornará para derrotar o Anticristo…
A utilização de montes como lugar de adoração, no entanto, nada tem que ver com estas narrativas bíblicas. Jesus orou no monte, é bem verdade, mas também orou no jardim do Getsêmani, que fica ao pé do Monte das Oliveiras, portanto em lugar plano, uma das orações mais fervorosas de seu ministério. O próprio Jesus nos ensina que não é o lugar da adoração o que importa, mas, sim, que sejamos verdadeiros adoradores, que adoram ao Pai em espírito e em verdade, ou seja, em qualquer lugar (João 4:20-24). Aliás, há uma recomendação de Jesus que deve ser atendida por todos nós: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará”(Mateus 6:6).
A utilização dos montes e dos lugares altos como local de adoração é algo que remonta à Antigüidade e que era comum nos cultos idolátricos e pagãos. As Escrituras não cessam de dizer que os israelitas, imitando os costumes dos outros povos (Isaias 16:12; Jeremias 48:35), cultuavam a Deus e a outras divindades nos “lugares altos”, algo que era reprovado pelo Senhor, vez que não era esta a prescrição da lei de Moisés (1Reis 3:3; 13:33; 22:43; 2Reis 15:4,35; 16:4; 17:32; 2Crônicas 28:4; 33:17 Ezequiel 16:16).
7. “purificação de ambientes”, para “proteção do crente e de sua família”. Nestas chamadas “purificações” são utilizados os mais variados elementos tais como “sal grosso”, “rosa ungida”, “óleo de Israel”, “água do rio Jordão” e tantas outras besteiras. Queridos irmãos em Cristo, isto é pura idolatria, misturada com a mais banal feitiçaria. Como pode um servo de Deus, lavado e remido no sangue do Cordeiro, crer que, para estar livre dos espíritos malignos, deve ter sal grosso em casa, rosa ungida ou ter um frasco com água do rio Jordão? Qual a diferença deste proceder com aqueles que usam patuás, fitas benzidas, pés de coelho, figas ou outros conhecidos amuletos e talismãs? Evidentemente que é nenhuma!
As pessoas crentes que se deixam levar por isto são tão cegas quanto os incrédulos, para não dizer que estão ainda mais longe da salvação do que aqueles, pois, por pura ignorância, não sabem que Jesus liberta de tudo isto e não impõe estas coisas, como é defendido pelos pregadores deste falso e supersticioso evangelho. Tudo isto é resultado da ignorância espiritual, da falta do ensino da Palavra de Deus, do menosprezo que o ensino da Bíblia tem tido nas nossas igrejas locais. Somente a verdade pode libertar do pecado (João 8:32,36) e a verdade é a Palavra de Deus(João 17:17), a única que testifica de Cristo (João 5:39).
8. “Campanhas seriadas”. Prática supersticiosa que se tem disseminado é a da “campanha seriada”, também chamadas de “correntes de oração” e outras denominações decorrentes da criatividade marqueteira dos mercenários da fé. Tem sido costume dos mercenários da fé estabelecer “novenas”, “sete semanas de oração”, “quarenta dias de oração”, “mês de jejum” e outras iniciativas, que procuram enfatizar o caráter “mágico” de certos números que se encontram na Bíblia, o que nada mais é que uma versão “evangélica” de “numerologia”, que é o ”estudo do significado oculto dos números e sua influência no comportamento e no destino dos homens”, algo que, como admite o próprio dicionário, é vinculado diretamente ao “ocultismo”, a práticas de magia e de adivinhação.
Dizer que é preciso orar “sete semanas”, “sete sextas-feiras”, “quarenta dias”, “quarenta semanas” é pura superstição. Não é na repetição que Deus nos ouvirá (Mt.6:7), nem podemos prender Deus a alguma “força oculta” na quantidade de semanas, dias ou reuniões que compareçamos. Também, não têm fundamento algum as “correntes de oração”, como se fosse necessário que houvesse a formação de um “cerco de Jericó perpétuo” para que Deus atenda aos pedidos do Seu povo. Verdade é que devemos promover a oração intercessória, ou seja, que uns devem orar pelos outros e que podemos nos unir em oração em busca da bênção divina (1Tm 2:1; Tg.5:16); trata-se de uma demonstração de amor e de fé em direção a Deus, jamais de uma “tática” ou “estratégia” para “mover a mão de Deus” de forma obrigatória e inexorável, como crêem os defensores destas “correntes de oração”, que, assim, nada mais fazem do que reafirmar antigas superstições do paganismo.
A propósito, notamos, também, uma certa superstição com relação aos “dias” das campanhas. Há em relação a “campanhas de libertação”, “descarregos” e coisas similares uma preferência pelas “sextas-feiras”, a denunciar a inegável inspiração que tais movimentos têm dos cultos afro-brasileiros e do espiritismo em geral, que também escolheram este dia da semana como o preferencial para seus rituais e sessões. Pode coisa assim ser considerada como genuína de um servo de Deus? Tudo isto é resultado da ignorância espiritual, da falta de leitura e estudo devocional da Palavra de Deus. PENSE NISTO, AMADO IRMÃO E AMIGO EM CRISTO!
IV - CONCLUSÃO
Viver de modo supersticioso, pois, é distanciar-se de Deus, é criar uma indesejável distância entre o homem e a verdade, que é Cristo. Uma pessoa que se diz crente e que começa a adotar modismos supersticiosos é alguém que, voluntariamente, vai se distanciando de Deus. A superstição é feitiçaria, e sendo feitiçaria é uma expressão de rebeldia contra Deus, de insubmissão à vontade do Senhor (1Samuel 15:23). Crer em coisas triviais, ou nas aparentemente bíblicas, é rejeitar a fé em Deus ou acrescentar algo além dEle. Nós cremos num Deus que pode guardar-nos de todos os males (2Timóteo 1:12).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Professor EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
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Fonte de Pesquisa: Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco:"Superstições religiosas"; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo das Profecias; Bíblia de Estudo Pentecostal.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Aula 04 - PROFECIA E MISTICISMO

Texto Base: Deuteronômio 13:1-5; 18:10-12
"Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos que sonhais"(Jr 29:8).

INTRODUÇÃO
No orbe religioso, evangélico ou não, as questões espirituais que envolvem o “misticismo” são bastante enfatizadas, principalmente através dos meios de comunicação. Nesta aula, daremos ênfase, embora resumidamente, ao misticismo enganoso que se camufla por trás da nomenclatura de Profecia. Usaremos como base as manifestações ocultistas e esotéricas dos místicos no Antigo Testamento, os quais tentaram imitar a autêntica experiência dos verdadeiros profetas de Israel. Como saber se a manifestação mística é ou não divina? Em Deuteronômio 13:1-5; 18:10-12, texto base deste assunto, revela-nos que o sobrenatural pode ser usado para desviar o povo de Deus. A Palavra do Senhor esclarece que, qualquer experiência antes de ser aceita, deve ser submetida ao exame minucioso da Escritura Sagrada. No tempo hodierno, não são poucos os falsos mestres e pastores que usam a ingenuidade dos indoutos e incautos, a fim de ludibriá-los. Precisamos estar alerta, e à luz da Palavra de Deus, que é a regra de fé e prática do genuíno cristão, refutar os procedimentos místicos que invadem o universo evangélico (com destaque a espiritualização de objetos, como, por exemplo: roupas, fotos, plantas, flores, sal, água, óleo de Israel, etc.), usados a fim de alcançar algum tipo de favor "divino". Conquanto o sobrenatural fascine o ser humano, muito do que ocorre, nesse âmbito, não procede de Deus. O astuto Satanás utiliza as mais engenhosas estratagemas para instigar a prática do misticismo dentro das igrejas. Para que isto não ocorra, é preciso que estejamos atentos e julguemos essa prática de forma rigorosa, para que o rebanho do Senhor não seja desviado do caminho traçado por Deus.
I. O QUE É MISTICISMO?
Segundo o dicionário Aurélio, é a crença ou doutrina religiosa dos místicos; disposição para crer no sobrenatural. Místico: Misterioso e espiritualmente alegórico ou figurado; religioso; aquele que procura atingir o estado extático de união direta com a divindade.
Pode-se ainda dizer que: “Misticismo (do latim mystica, espiritual) é uma atitude mental de busca da união íntima e direta do homem com a divindade, baseada mais na intuição e no sentimento do que no conhecimento racional”(Lições Bíblicas – CPAD – MESTRE).
O Misticismo tem estado presente em todas as épocas da humanidade. O Evangelho e as cartas de João e Colossenses foram escritos para combater o pensamento gnóstico que era cheio de misticismo (Cl 2:16-23). O Misticismo está intimamente ligado ao panteísmo (tudo é Deus e Deus é tudo).
Nos Estados Unidos houve um movimento chamado transcendentalismo que foi influenciado pela filosofia hindu; paralelamente a isso foi fundado o movimento teosófico por Helena (Madame) Blavatsky, escritora russa. Paralelamente surgiu a Ciência Cristã. O que eles tinham em comum? A idéia de que o homem deve desenvolver a sua divindade. Descobrir o pleno poder que existe dentro dele. Poder sobre a enfermidade, dos problemas etc. Essek Kenyon, pastor evangélico, estudou numa das escolas da Ciência Cristã. Começou a pregar que nós somos pequenos deuses, que temos o poder de criar a realidade pelo que nós dizemos. Ele discipulou pela sua literatura Kenneth Hagin que introduziu grandes heresias dentro da igreja evangélica. No Brasil, a literatura de Hagin foi introduzida por R. R. Soares.
1. O misticismo atual no meio do povo evangélico. Quase sempre, os místicos são induzidos a prescindir a Bíblia e se basear apenas em suas experiências. Este é um dos grandes problemas dos neopentecostais, pois eles colocam suas experiências acima da Bíblia e dão a ela uma interpretação particular fora dos recursos hermenêuticos. O Misticismo neopentecostalista é a mistura de figuras, objetos e símbolos para representarem elementos espirituais. Eles tomam figuras do Antigo e Novo Testamento e as espiritualizam, transformando-as em "proteções" semelhantes às usadas pelas magias pagãs. E deste ato aparecem crentes com fitinhas no braço, com medalhas de símbolos bíblicos, ungindo portas e janelas com azeite, colocando sal ao redor da casa para impedir a entrada de maus espíritos; outros bebem copos de água abençoada, usam óleos consagrados em Jerusalém, guardam gravetos que misteriosamente aparecem brilhando nos montes, ungem roupas para libertar as pessoas e etc. Tudo isso ao arrepio da Palavra de Deus.
2. Profetismo sem Bíblia. Escutamos frequentemente: “Eu profetizo!”; “Profetize pra seu irmão”. A Bíblia ensina que a profecia não depende do "EU" querer: “... porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirado pelo Espírito Santo”(2Pe 1:21). É bom observarmos que os homens santos de Deus também não usaram essa frase; ao contrário, quando profetizaram, disseram: “Assim veio a mim a palavra do Senhor...” (Jr 1:4); “Assim diz o Senhor...” (Jr 2:5; Is 56:1; 66:1); “Ouví a palavra do Senhor...” (Jr 2:4); “E veio a mim a palavra do Senhor”(Jr 2:1; 16:1); (...) “disse o Espírito Santo...” (At 13:2); “... Isto diz o Espírito Santo...” (At 21:11); “Mas o Espírito expressamente diz...” (1Tm 4:1). Em todos os casos, não aparece o "EU", aparece a pessoa divina. Outro fator a pensar é este: as pessoas que profetizam bênçãos não esclarecem que tipos de bênçãos. As profecias bíblicas sempre especificaram que tipo de bênção ou de juízo sobreviria ao povo. Mas, hoje, é só isto: "Eu te abençôo". É um procedimento totalmente fora da palavra de Deus. Deus é quem abençoa.
3. Uso de chavões:Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, "Eu decreto", são pronunciados sem a menor reflexão ou sentido de responsabilidade. Os crentes e, infelizmente, muitos líderes, comportam-se como se fossem Deus; colocam o "EU" na frente e soltam palavras que não fazem parte dos estatutos divinos, da graça divina, da misericórdia divina, do amor divino. Falam da forma como Deus não mandou falar, declaram o que Deus não mandou declarar. “Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, "Eu determino" são expressões despidas da espiritualidade ensinada na palavra de Deus; são frases que revelam a altivez do coração humano, são palavras que, por não terem respaldo bíblico, não mudam situação alguma. Tudo isto é resultado da ignorância espiritual, da falta do ensino da Palavra de Deus.
Toma posse da bênção”. Comparando isso com o procedimento de Jesus e dos apóstolos, afirmamos que é errado usar o termo "toma posse da bênção" como meio de termos as bênçãos divinas concretizadas em nossa vida. Os discípulos e o próprio Jesus em lugar de dizerem: "Toma posse da bênção”, eles disseram: “... se tu podes crer; tudo é possível ao que crê” (Mc 9:23); “... Tende fé em Deus...” (Mc 11:22), “... grande é a tua fé!...” (Mt 9:28) “... Seja-vos feito segundo a vossa fé” (Mt 9:23); “Em nome de Cristo, o nazareno, levanta-te e anda...” (At 3:6). Assim, em vez de as bênçãos serem direcionadas para o homem, a Palavra de Deus ensina as pessoas a direcionarem suas esperanças para Deus, através da fé.
II. AVALIAÇÃO DA PROFECIA
1. Como posso saber se uma palavra profética é verdadeira? Quando a verdade é negada, o engano é liberado. Falsos profetas e falsas profecias estão no mundo atualmente. A falsa profecia leva ao engano e faz com que o crente seja manipulado ou dominado por falsos profetas que têm objetivos malignos e planos escusos. O apóstolo João declarou enfaticamente: “Amados, não deis créditos a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora”(1João 4:1). Somos alertados para “provar os espíritos”, porque todas as profecias vêm de Deus, da carne ou do Diabo através de espíritos malignos.
Por falta de espaço neste subsídio irei citar apenas quatro princípios para julgar uma profecia:
Princípio 1: A profecia deve estar de acordo com a Palavra de Deus! Todas as profecias verdadeiras vêm do Espírito Santo, que é o autor da Palavra de Deus. Assim, toda profecia tem de estar de acordo, de fato, e em espírito, com a Palavra de Deus. Qualquer mensagem que não concorde com a Palavra de Deus é uma falsa profecia.
Princípio 2: Se uma profecia contém predições que não se realizam, a profecia é falsa. Dt 18:22 diz: “sabe que quando esse profeta falar, em nome do Senhor, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o Senhor não disse; com soberba, a falou o tal profeta”.
Princípio 3: Se uma profecia se cumprir e promover a desobediência contra Deus ou contra as Escrituras, não é uma profecia verdadeira. A Bíblia diz: “Quando o profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador”(Dt 13:13). Moisés claramente afirmou que somente porque a profecia se cumpriu, não significa que a pessoa que deu a profecia é de Deus. Se esta profecia faz com que você olhe para outra fonte de orientação espiritual, como horóscopo, consultas a médiuns e quiromantes, espiritismo, você está vivendo adultério espiritual.
Princípio 4: Qualquer profecia que se cumpre mas não dá glória e honra ao Senhor Jesus Cristo é um espírito de advinhação. O fato da profecia se cumprir não é prova de que vem de Deus. (Veja Dt 13:13, que também é usado para apoiar o princípio 3 acima).
Profetas que se enquadram neste princípio são considerados "embusteiros" (enganador, desonesto, trapaceador). Em Deuteronômio 13:1 os vocábulos "profeta" ou "sonhador", referem-se a alguém que se apresenta como tal, e é possível que ele realize perante o povo "um sinal ou prodígio". Contudo, tal milagre em si não é garantia de que o seu ministério seja de origem divina. O apóstolo Paulo nos adverte dizendo que até "Satanás se transfigura em anjo de luz" (2Co 11:14). Assim, à luz do texto sagrado, é possível alguém manifestar tais sinais e maravilhas sem necessariamente ser um servo de Deus.
2. Como identificar a fonte do milagre? (Dt 13:2). A Palavra de Deus é a baliza do cristão. Portanto, qualquer profecia fora do seu conteúdo sagrado considere-se anátema. Também, os profetas devem ser avaliados pelos seus frutos. Disse Jesus: "[...] por seus frutos os conhecereis" (Mt 7:16). Nem sempre é fácil reconhecer a procedência de certas manifestações, e entre elas, a profecia. Por isso, muitos falsos profetas acham guarida em congregações desavisadas, ávidas de sinais e prodígios e pouco interessadas na Palavra. Frutos são o resultado da natureza, da espécie de cada ser. Os frutos de um falso profeta serão conhecidos não apenas pela forma com que vive, mas pelo resultado de suas profecias. Da mesma forma que o fracasso das previsões feitas pelos adivinhadores dos tempos bíblicos identificavam sua ruína, o mesmo se dará com quem fala em nome do Senhor sem que o Senhor tenha falado.
3. Deus usa o falso profeta para provar os seus servos (Dt 13:3). É fundamental à comunhão do crente com o Senhor, a sua fidelidade a Deus e à Palavra revelada dEle(Dt 8:3). Os versículos de Deuteronômio 13:1-5 mostram que a tentação visando a destruir nossa lealdade a Deus, às vezes, surge através de pessoas parecendo espirituais. Várias interferências decorrem disso, para nossa vida como crentes:
(a) Deus, às vezes, testa a sinceridade do nosso amor e dedicação a Ele e à sua Palavra(cf Dt 8:2).
(b) Deus, às vezes, nos prova permitindo que surja entre o seu povo, pessoas afirmando que são profetas de Deus, e que realizam “sinal ou prodígio”(Dt 13:1,2). Tais pessoas, às vezes, falam com muita “unção”, predizem corretamente o futuro, e operam milagres, sinais e prodígios. Ao mesmo tempo, porém podem pregar um evangelho contrário à revelação bíblica, acrescentar inovações à Palavra ou subtrair parte dela(cf Dt 4:2; 12:32). Aceitar esses falsos pregadores, significa abdicar da fidelidade total a Deus e à sua Palavra inspirada(Dt 13:5).
(c) O Novo Testamento, por sua vez, adverte que falsos profetas e falsos mestres perverterão grandemente o evangelho de Cristo nos últimos dias desta era. O crente deve ter firme determinação quanto a sua fidelidade à revelação escrita de Deus, a Bíblia. A autenticidade do ministério de uma pessoa e do seu ensino não deve ser avaliada apenas pela sua pregação talentosa, alocuções proféticas poderosas, realização de milagres ou número de decisões. Esses critérios tornam-se cada vez menos dignos de confiança à medida que se aproximam os tempos do fim. O padrão da verdade sempre deverá ser a infalível Palavra de Deus.
III. PRÁTICAS DIVINATÓRIAS
O Senhor sempre demonstrou ao homem que o futuro não se mostra ao ser humano a não ser por revelação divina. Na lei de Moisés, havia severas prescrições de proibição ao exercício da adivinhação ou do agouro (Lv 20:27; Dt 18:10), tendo sido conduta que sempre foi censurada e considerada abominável aos olhos do Senhor em todas as Escrituras (1Sm 28:7; 2Rs 21:6; Jr 14:14). Jesus ratificou este ensinamento ao dizer que o crente não deveria se preocupar com o dia de amanhã (Mt 6:34).
1. As abomináveis práticas divinatórias (Dt 18:9-11). As práticas divinatórias são uma forma infame de idolatria e satanismo e, portanto, repulsivas aos olhos de Deus. Em Deuteronômio 18:10- 11 são enumeradas algumas práticas divinatórias comuns nas religiões de Canaã, as quais eram abomináveis a Deus e proibidas por Ele – “Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der,não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações”(18:9). Entre o povo de Deus do Antigo Testamento quem praticava tais coisas era morto(Lv 20:27). Por sua vez, o Novo Testamento declara que quem pratica tais coisas não entrará no reino de Deus(Gl 5:20,21; Ap 22:15).
2. Adivinhador, prognosticador, agoureiro, feiticeiro, encantador, necromante e mágico (18:10,11) – “Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos".
O "adivinhador" ou "adivinho" é quem pratica a adivinhação. Como parte da magia, essa prática é uma antiga arte de predizer o futuro por meios diversificados: intuição, explicação de sonhos, cartas, leitura de mão etc. A adivinhação do futuro pode envolver puro e simples engano visando o lucro fácil. Seja como for, ela sempre é mentirosa, pecaminosa e de origem diabólica. O reformador Martim Lutero declarou, com razão: "O Diabo também sabe profetizar – e mente ao fazê-lo". O "prognosticador" significa "fazer agouros pela nuvem"; é aquele que pratica magia, vaticínio, presságio, prognóstico, e tenta prever o futuro por meio de sortilégios. O "agoureiro" é o que pratica agouros, uma forma de magia especializada em tentar predizer males e desgraças (2Rs 17:17). O "feiticeiro", também conhecido por "bruxo", é aquele que faz uso da magia, de fórmulas ou encantamentos. No Egito, fazia parte do grupo de conselheiros de Faraó, com os seus sábios e magos (Êx 7:11). O "encantador de encantamentos" denota "amarrar" alguém por meio de mágica; é o praticante de macumba, de despacho etc. O “necromante” é aquele que procura interrogar os mortos; os praticantes deste seguimento divinatório abrangem: médium, espírita e também mágico (Lv 19.31; 20.6; Is 8.19; 29.4).
3. Diferença entre Adivinhação e Profecia bíblica. Quem recebe de Deus uma mensagem profética não deve ser confundido com um adivinho, nem pode agir como um. Profetas devem falar quando Deus mandar, e calarem-se quando Deus assim ordenar também. Adivinhos geralmente são pessoas compradas, que falam mentiras em prol do dinheiro que poderão ganhar. Motivados pela ganância, tentam predizer o futuro através de interpretação de sonhos, leitura de cartas e outros meios que impressionam os incautos.
a) A adivinhação faz afirmações vagas e genéricas e não esclarece os fatos. A profecia bíblica é a história escrita antes que aconteça. Ela parte do próprio Deus Todo-Poderoso, que tem uma visão panorâmica das eras e as estabeleceu em Seu plano divino. O próprio Senhor afirma: "lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is 46:9-10).
b) A adivinhação interpreta algum tipo de sinal. A profecia bíblica não depende da nossa interpretação, mas se sustenta exclusivamente em sua própria realização.
c) Adivinhação e interpretação de sinais são baseados em mentiras, enquanto a profecia divina é a mais absoluta verdade. Balaão era um "agoureiro" (Nm 24:1) que Balaque, rei dos moabitas, queria usar para amaldiçoar Israel (Nm 23-24). E justamente esse adivinhador foi obrigado a reconhecer: "Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?" (Nm 23:19).
Qualquer pessoa que crê em Jesus Cristo e confia sua vida a Ele tem um futuro seguro e não precisa ter medo de nada. Quem se entrega a Jesus passa a viver sob a bênção da profecia encontrada em João 14:3: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também(Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br).
IV. A NECESSIDADE DA PROFECIA BÍBLICA
1. A voz de Deus na terra. A profecia bíblica prova a inspiração divina da Palavra de Deus. A Bíblia é diferente de todos os outros livros religiosos. Os livros que são o fundamento das principais religiões e cultos interpretam o presente e tratam do passado. Nenhum deles tenta interpretar o futuro. Nenhuma profecia das Escrituras veio das idéias, ou raciocínio do seu escritor, mas, sim, do Espírito Santo – “que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pe 1:20,21). Portanto, a profecia bíblica é a voz de Deus na terra para nortear homens e mulheres no caminho seguro para o céu e contradiz as práticas pagãs; é também chamada de a "profecia da Escritura" (2Pe 1:20).
2. Revelação dos arcanos divinos. Muitos, atualmente, rejeitam a profecia bíblica como sendo irrelevante para a nossa época, porque, em sua opinião, ela não tem lógica ou exatidão. Eles consideram a profecia bíblica uma paixão de fanáticos religiosos ou obsessão dos desequilibrados mentalmente. Pedro quebra essa opinião sobre a profecia bíblica dizendo: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração”(2Pe 1:19).
Primeiramente verifique a afirmação “E temos, mui firme, a palavra dos profetas” ou “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética”(ARA). Pedro testifica que ele e os outros apóstolos foram testemunhas oculares da vida, milagre, morte, ressurreição e ascensão aos céus de Jesus Cristo. Num tribunal de justiça, o relato de uma testemunha ocular é considerado um padrão absoluto de verdade e exatidão. A mesma lógica pode ser usada para descobrir a verdade nas Escrituras. Pedro estabelece quatro pontos neste versículo que os cristãos modernos não devem deixar passar despercebido:
Primeiro, ele diz que a profecia bíblica é mais exata do que o relato de uma testemunha ocular. Sua verdade é absoluta.
Segundo, ele diz à igreja: “fazeis bem em atendê-la”. A Bíblia quando foi escrita, era 25 por cento de profecia. De Gênesis a Apocalipse, inúmeras profecias foram dadas, e a maioria foi cumprida de forma exata. Isso confirma a inspiração, validade e autoridade da Bíblia. “A Bíblia contém 6.408 versículos com declarações proféticas, das quais 3.268 já se cumpriram. Não se sabe de nenhum caso em que uma profecia bíblica tivesse se cumprido de forma diferente da profetizada. Conforme o Dr. Roger Liebi, 330 profecias extremamente exatas e específicas referentes ao Messias sofredor se cumpriram literalmente por ocasião da primeira vinda de Cristo”((Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br).
Terceiro, Pedro fala sobre “uma candeia que brilha em lugar tenebroso”. As trevas aqui são trevas espirituais, que, certamente, descrevem o mundo. Pedro diz que a profecia bíblica é uma luz divina nos guiando através das trevas espirituais desta geração.
Quarto, Pedro afirma que a profecia bíblica será benéfica à igreja “até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração”. O clarear de um novo dia é a vinda do Senhor Jesus Cristo. A “estrela da alva” não é nada senão Jesus Cristo.
Nessa expressão, Pedro declara ousadamente, que a profecia bíblica será benéfica à Igreja até a Segunda Vinda de Jesus Cristo e o final dos tempos.
CONCLUSÂO
Diante do que foi visto, torna-se preciso que tenhamos o devido discernimento de tudo o que acontece à nossa volta e de tudo o que se quer introduzir no nosso meio. Cada crente em Jesus deve ser sóbrio e vigilante diante da atual avalanche de crenças e práticas divinatórias disseminadas no atual universo evangélico. Devemos ter a mesma estrutura da igreja de Éfeso que pôs à prova os que se diziam apóstolos, mas não o eram (Ap 2:2).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia Ezequiel e Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 2. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

domingo, 11 de julho de 2010

Aula 03 - AS FUNÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS DA PROFECIA

Texto base: Jeremias 34:8-11,16,17
"Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem-aventurado"(Pv 29.18).
INTRODUÇÃO
Ninguém no universo tem mais interesse no bem-estar dos seres humanos do que o próprio Criador. Deus ao criar o ser humano fê-lo com um propósito de que ele fosse eternamente feliz, socialmente bem entrosado e solidário, e economicamente bem dotado. A pobreza, quer espiritual, quer material, é conseqüência do pecado, que separa o homem de Deus(Is 59:2), fonte de toda prosperidade. Deus disse a Adão quando da sua sentença: ”[...] maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida”(Gn 3:17). O pecado afastou toda a raça humana do seu Criador, trazendo terríveis sequelas, até mesmo para o meio-ambiente, mas Ele nunca a abandonou e propiciou meios para continuar a comunicação interrompida com a Queda no Éden. Partiu do próprio Deus a iniciativa de se comunicar com Adão e Eva(Gn 3:8), mesmo depois de terem pecado, e nunca deixou de manter contato com seus descendentes, os seres humanos: ”muitas vezes e de muitas maneiras”(Hb 1:1); dentre elas está o ministério profético, instituído pelo próprio Deus(Os 12:10). Através do ministério profético, Deus se comunicou e se comunica com o povo revelando a sua vontade. A mensagem dos profetas, escrita ou não, serviu não somente para o seu povo em sua geração, mas a todos os povos em todas as épocas. Eles combatiam a injustiça social com o mesmo ímpeto com que atacavam a idolatria. O objetivo precípuo desses homens de Deus era preconizar um modelo ético de alto nível para a sociedade de Israel e para todos os povos, mesmo que tivessem de sofrer o desprezo de todos e enfrentar até mesmo a morte. Com a criação da Igreja, Deus tem dado continuidade ao implemento da justiça social que tanto a sociedade almeja. Não resta dúvida que a Igreja ao longo da sua história teve e tem um papel social relevante na sociedade.
POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL
POLÍTICA
– “É o conjunto de práticas relativo ao Estado ou a uma sociedade”. A política é algo que está presente em qualquer grupo humano. O próprio Deus, quando criou o homem, afirmou que ele deveria dominar sobre o restante da criação (Gn 1:26), bem como, no jardim onde o colocou, disse que ele deveria guardá-lo (Gn 2:15), numa clara demonstração que a natureza humana envolvia o exercício do poder, consequência do próprio livre-arbítrio de que ele era dotado. Ora, toda relação de poder é uma relação política e, neste sentido, certíssimo estava Aristóteles, o grande filósofo grego, ao afirmar que o homem é um animal político.
Após o dilúvio, Deus renovou o pacto com o gênero humano e nele foi mantido o papel de domínio e de poder sobre o restante da criação (Gn 9:2), ainda que bem demonstrada a limitação da autoridade humana, como se lê em Gn 9:5,6. Não tardou muito e surgiu o primeiro grande dominador do povo (Ninrode – Gn 10:8,9) e o governo humano apresentou-se desafiador contra Deus, a ponto de o Senhor ter destruído aquela comunidade política única por meio do juízo de Babel (Gn 11:7-9). Bem se vê, portanto, que a existência de governo, de poder, de domínio, de política não é algo contrário à ordenação divina, mas, sim, seu mau exercício.
Deus, então, diante do fracasso da comunidade política única, resolve formar uma nação e Seu projeto inicia-se com a chamada de Abrão (Gn 12:2). Esta nação, que seria Israel, não deixou de ser uma nação em que existiram governo e relações de poder. Ainda que o projeto primitivo de Deus tenha sido o de, pessoalmente, reinar sobre os israelitas(Ex 19:5,6; 1Sm8:7), jamais deixou de existir um governo que fizesse cumprir as leis (Ex 18:14-26; 22:9; Nm 1:4-16; Jz 2:16-19).
Quando o povo de Israel quis ter uma estrutura política semelhante aos dos demais povos, Deus lho concedeu, tendo, então sido criada a monarquia, com o governo sendo dirigido por um rei, segundo regras que já haviam sido estabelecidas por Moisés (Dt 17:14-20), renovadas por Samuel (1Sm 8:9-22). Até o cativeiro da Babilônia, no reino do sul, os israelitas foram governados por reis e, depois, estiveram sob domínio estrangeiro até a destruição de Jerusalém no ano 70, salvo o pequeno intervalo, no período intertestamentário, em que tiveram independência e foram governados pela dinastia dos Asmoneus(142 – 63a.C).
JUSTIÇA SOCIAL – “É o conjunto de ações sociais estabelecido na sociedade para suprimir as injustiças de todos os níveis”. Não resta dúvida de que a situação atual de crescente desigualdade social, de cada vez mais intensa injustiça social em todas as nações, até mesmo nos países desenvolvidos, é resultado direto de uma situação pecaminosa. Pecado é iniquidade (1João 3:4) e, portanto, onde abunda o pecado, abunda, necessariamente, um estado de injustiça, inclusive na sociedade, como, aliás, denunciaram gravemente os profetas, como Isaías (Is 1:21-31), Miquéias (Mq 2:1-3) e João Batista (Lc 3:7-14).
É no seu relacionamento com o pecado que as Escrituras consideram todas as calamidades que oprimem o homem na sua existência pessoal e social. As Escrituras mostram que todo o curso da história tem uma ligação misteriosa com a ação do homem que, desde o princípio, abusou de sua liberdade ao se levantar contra Deus e buscar alcançar seus fins sem Deus. O Gênesis indica as consequências deste pecado original na natureza penosa do trabalho e do parto, na opressão do homem sobre a mulher e na morte. Os seres humanos, privados da graça divina, herdaram a natureza mortal comum, incapaz de escolher o que é bom, e inclinada à concupiscência. Tendo se tornado o seu próprio centro, o homem pecador tende a se afirmar e a satisfazer seu desejo pelo uso das coisas: riqueza, poder e prazer, desprezando outras pessoas e as pilhando injustamente, bem como as tratando como objetos ou instrumentos.
No entanto, não é possível que removamos estruturas sociais injustas e, com isto, restauremos o homem espiritualmente. A regeneração não é obra que se faça no campo da matéria, da vida terrena, como nos ensinou Jesus, mas resultado de uma transformação espiritual (João 3:3-8). Assim, de nada adianta mudarmos regimes políticos, sistemas econômicos ou relações sociais se, antes, não for eliminado o problema do pecado na humanidade. Não é coincidência, pois, que, para que se estabeleça um governo perfeito e justo sobre a face da Terra, como será o reino milenial de Cristo, a primeira providência que será tomada será o aprisionamento do diabo por mil anos (Ap 20:2), a fim de que se diminua drasticamente o pecado naquele tempo. “Vem, Senhor Jesus!”.
I. O PAPEL POLÍTICO E SOCIAL DA PROFECIA NAS ESCRITURAS
A profecia exerceu um papel fundamental na esfera política e social do povo de Israel. Os profetas como emissários de Deus, tomavam parte ativa na sociedade e na política, servindo muitas vezes como conselheiros, como, por exemplo, Natã e Gade(2 Sm 7:17; 24:18,19). Suas profecias tinham não somente uma função política, mas também eram importantes para a manutenção da ordem social. À medida que o tempo foi passando, os profetas foram ficando à margem da sociedade, pelo fato de os reis aos poucos afastarem-se de Deus e detestarem ouvir as palavras do Senhor(cf Jr 36:21-23). Ainda assim, Deus utilizou seus servos para clamarem por justiça.
O PAPEL POLÍTICO. Antes da instauração da monarquia em Israel, os profetas eram os únicos canais humanos e legítimos de comunicação entre Deus e o povo. Alguns deles foram conselheiros de reis, vivendo na corte como Daniel e Isaías, cooperando com eles nos assuntos espirituais e políticos. Outros, como Jeremias, tiveram de enfrentar reis e autoridades incrédulas, buscando o bem-estar do povo.
Os profetas falavam em nome de Jeová, Deus de Israel, e suas profecias vinham diretas do Espírito Santo, que dava a eles o discernimento para interpretar os acontecimentos passados, os acontecimentos contemporâneos e os futuros. Além do mais, os profetas de Israel eram profundos conhecedores de seu povo e do sistema político, social e religioso de sua nação. Eles conheciam assuntos da casa real, das políticas interna e externa, e o pecado na nação, de seus príncipes e até dos sacerdotes, bem como os problemas sociais do povo.
Encontramos Isaias dando orientação sobre política internacional a Acaz(Is 7:3-7). O mesmo aparece com Jeremias(Jr 37:5-9) e, muitas vezes, na política interna, ele anunciou o fim de Jeoacaz, a quem chama de Salum(Jr 22:11-12) e de Zedequias(Jr 38:17,18). Daniel ocupou alto cargo na política da Babilônia (Dn 6:2-3). Oséias reprovou a aliança insensata do Reino do Norte com o Egito (Os 7:11) e denunciou os abusos e a luxúria nas festas da coroação dos reis(Os 7:5). O profeta Samuel julgava o povo em suas demandas, mostrando que ser profeta era ter um senso crítico muito correto em relação às questões terrenas, dirigido por Deus e de forma muito ética. Isto era tão sério que dava a Samuel uma importância muito grande entre o povo, a ponto de, por ocasião de sua velhice, o povo pedir que um rei lhes fosse dado, pois os filhos de Samuel não andavam como ele diante do Senhor.
Todas as profecias destes profetas tiveram papel fundamental e influenciador na política interna e externa do povo de Israel. Isso sem contar os profetas pré-clássicos como Natã, Gade, Elias, Eliseu, dentre tantos outros.
Depois de cerca de 400 anos de silêncio profético, aparece João Batista, o último dos profetas do Antigo Testamento, que encerra a sucessão profética iniciada por Moisés e Arão, e recebe a nobre incumbência de preparar o povo para receber o Messias e, também, apresentá-lo à nação de Israel(Lc 16:16; Mc 1:2; João 1:31). Era o fim de uma era e o início de outra para Israel e para todas as nações.
O PAPEL SOCIAL. As Escrituras demonstram que Deus não se importa apenas com o nosso bem-estar espiritual. Também, Ele se importa, e muito, com a prática da justiça social entre os homens, e principalmente entre aqueles que dizem ser seus servos. Nesse aspecto, Deus utilizou os profetas para clamarem por justiça e equidade, pois o próprio povo de Deus esqueceu-se de que a Lei dada por Deus regulava não apenas o relacionamento entre o homem com Deus e consigo mesmo, mas igualmente regulava o relacionamento do homem com seu próximo.
Quando os líderes não agiam conforme as diretrizes de Deus estabelecidas em suas leis, Ele chamava atenção através dos seus Profetas. Veja o que Deus diz através do profeta Ezequiel contra os líderes infiéis de Israel: “2. Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? 3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. 4. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. 5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. 6. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque”(Ez 34:2-6).
Nota-se que as palavras do Senhor dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta: "Ai dos pastores de Israel". O profeta os acusa de estarem cuidando de si mesmos em vez de estarem cuidando das ovelhas: "Ai dos pastores que se apascentam a si mesmos!". Como se não fosse terrível o bastante ignorarem as necessidades das ovelhas por estarem por demais ocupados consigo mesmos, estes líderes ainda tratavam o povo com extrema brutalidade, pois o profeta diz: “Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas" e "dominais sobre elas com rigor e dureza". O interesse daqueles líderes estava muito mais nos benefícios materiais que poderiam receber das ovelhas: “carne, gordura, lã”, do que nos benefícios espirituais que poderiam e deveriam repartir no cuidado do rebanho. Para Ezequiel, o interesse daqueles líderes não estava centrado no chamado de Deus e na liderança e sim no poder e no controle que exerciam sobre o povo.
Outra triste constatação que o profeta descreve é a de que os líderes estavam negligenciando por completo suas responsabilidades, mesmo as mais básicas. O profeta diz: “A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes”. Mas que situação tão terrível! Por que estes líderes agiam assim desta maneira? Além da absoluta falta de interesse verdadeiro pelo povo, eles agiam desta maneira em parte por ignorância e em parte por preguiça. O despreparo dos líderes é notório e a preguiça de muitos deles também. Dizem eles: “deixa o rebanho pra lá; o rebanho só me interessa pelo que posso conseguir dele, o resto é realmente irrelevante”. Pensam e agem assim porque sabem que o povo os tem em alta estima e ninguém vai realmente querer peitar o "ungido do Senhor".
O resultado direto deste descaso e ignorância não demora a ser sentido. Ovelhas sem cuidados pastorais e maltratadas tendem a se espalhar, por não haver pastor, e acabam por tornar-se pasto para todas as feras do campo. Este é o triste fim de todas as situações de abuso espiritual que encontramos, mesmo nos dias de hoje: ovelhas dispersas, abandonadas e sendo devoradas por todos os tipos de "feras" – é um claro descaso com a justiça social. Todavia, Deus tratará com firmeza aqueles que não viverem à altura dos compromissos assumidos como pastores e servos a serviço do povo de Deus. Ele diz: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor”(Jr 23:1). Porque somos ovelhas do pasto do Senhor, e Ele se mostra aborrecido quando somos maltratados por aqueles que deveriam realmente cuidar de nós.
II. O PROFETA É ENVIADO AO REI
“Então, enviou o rei Zedequias e fez vir à sua presença Jeremias, o profeta, à terceira entrada, que estava na Casa do Senhor; e disse o rei a Jeremias: Pergunto-te uma coisa; não me encubras nada”(Jr 38:14).
Logo depois do resgate de Jeremias da cisterna, Zedequias procurou falar com ele mais uma vez. O profeta foi levado até à “terceira entrada” do Templo (local exato desconhecido) para encontrar-se com o rei. Essa acabou sendo sua última entrevista com o monarca infeliz. O rei parecia fora de si e desesperado, esperando ouvir alguma palavra positiva da parte do Senhor, ao pedir a Jeremias: “não me encubras nada”. Ao mesmo tempo, ele não estava disposto a fazer aquilo que salvaria sua vida e a do seu povo.
Jeremias inquiriu o rei severamente: “Se eu lhe der uma resposta, você não me matará? E, aconselhando-te eu, ouvir-me-ás?”(38:15). Zedequias então “jurou” não fazer mal a Jeremias, e que não permitiria que os príncipes lhe fizessem mal. Convencido pelo juramento do rei de que ele estava sendo sincero, Jeremias aconselhou-o a entregar-se aos príncipes do rei da Babilônia(38:17). Ele assegurou a Zedequias que, se ele o fizesse, não salvaria apenas a sua vida, da sua família, mas também salvaria a cidade de Jerusalém: “esta cidade não será queimada”. Jeremias declarou, por outro lado, que se Zedequias não se entregasse, a cidade seria queimada e ele não escaparia das mãos dos caldeus (38:18).
A angústia mental do rei ficou evidente ao confessar a Jeremias: “receio-me dos judeus que se passaram para os caldeus; que me entreguem nas suas mãos e escarneçam de mim”(Jr 38:19). Mas Jeremias assegurou-lhe que isso não ocorreria em seu caso(Jr 38:20), se o rei acolhesse os conselhos de Deus, que eram propostos através do profeta.
Jeremias continua a advertir Zedequias sobre o preço da recusa em se render. E termina sua advertência, dizendo: “E esta cidade ele queimará”(Jr 38:23), isto é, a culpa pela destruição da cidade recairá sobre Zedequias. Mesmo assim, o rei não conseguiu encontrar forças para seguir o conselho do profeta.
Fica claro com base nesse incidente que os termos de Deus para nossa salvação sempre são difíceis para a carne e o sangue: (1) Eles atacam nosso orgulho; (2) Eles subjugam nossa obstinação; (3) Eles requerem uma fé real.
III. A QUESTÃO DE ORDEM SOCIAL
A palavra que do SENHOR veio a Jeremias, depois que o rei Zedequias fez concerto com todo o povo que havia em Jerusalém, para lhes apregoar a liberdade: que cada um despedisse forro o seu servo e cada um, a sua serva, hebreu ou hebréia, de maneira que ninguém se fizesse servir deles, sendo judeus, seus irmãos. E ouviram todos os príncipes e todo o povo que entrou no concerto que cada um despedisse forro o seu servo e cada um, a sua serva, de maneira que não se fizessem mais servir deles; ouviram, pois, e os soltaram. Mas, depois, se arrependeram, e fizeram voltar os servos e as servas que tinham libertado, e os sujeitaram por servos e por servas”(Jr 34:8-11).
Neste tópico falaremos do conselho de Deus, através do profeta Jeremias, acerca dos escravos em Israel à época do cerco babilônico, narrado em Jeremias 34:8-22. O cerco da cidade de Jerusalém pelo exército de Nabucodonosor foi um momento escuro na história de Israel. Nessa época, o rei Zedequias fez um pacto com o povo para libertar seus escravos hebreus.
Em Israel, a legislação hebraica sobre o escravo hebreu era diferente da praticada em outras sociedades do mundo antigo. Por razões de falência econômica, o israelita se vendia como escravo ao seu irmão, mas somente seria mantido como escravo por um período de seis anos, sendo liberto no início do sétimo ano de escravidão, conforme determinava a lei mosaica(cf. Ex 21:2; Dt 15:2). Ao final desse tempo, seu senhor deveria libertá-lo, suprindo-o generosamente com recursos suficientes para iniciar uma nova vida. Em suma: na lei mosaica, a escravidão era mecanismo social destinado a proteger o pobre, habilitando-o a alcançar a condição de auto-sustento. Todavia, em Judá a escravidão fora corrompida, pois as pessoas ricas escravizaram sem interrupção seus patriotas judeus. A intenção inicial de uma provisão caridosa ao pobre se desvirtuara ao se transformar numa instituição opressora.
O texto de Jeremias 34:15,19 indica que uma aliança solene havia sido realizada no Templo entre o povo e seus escravos. É possível sentir uma onda de piedade varrer a cidade. “Todo o povo”, incluindo “príncipes [...], passou por meio das porções do bezerro”(34:19), isto é, juraram libertar seus escravos. Esse, aliás, era um método dos povos antigos de ratificar um tratado (Gn 15:10,17). Esse ritual significava que a parte que violasse o pacto teria o mesmo destino do animal sacrificado. Assim, este era um ato ignominioso de traição e de deslealdade, acrescido do perjúrio (Êx 34:18,20). Jeremias aprovou de todo coração essa atitude, pois indicava um passo primoroso em direção a Deus.
Logo depois que isso foi feito, o exército babilônico subitamente levantou o cerco contra Jerusalém e foi embora. Quando lemos o texto de Jeremias 37:1-10 percebemos que o exército egípcio havia chegado do sul. Então, Nabucodonosor imediatamente deslocou suas tropas para enfrentá-lo. Jerusalém, por um tempo, esteve livre e houve grande júbilo na cidade. Visto que os campos do lado de fora da cidade podiam ser trabalhados novamente, os líderes em Jerusalém rapidamente deixaram de reconhecer suas promessas. Os escravos que haviam sido libertos foram escravizados novamente e colocados para trabalhar.
Em termos muito claros, Jeremias denunciou o rei e o povo. Ele disse: ”Recentemente vocês se arrependeram [...] Mas, agora, voltaram atrás e profanaram o meu nome”(Jr 34:15,16 NVI). Visto que não deram ouvidos a Deus para apregoarem a “liberdade, cada um ao seu irmão”, Ele declara: “eis que eu vos apregoo a liberdade [...] para a espada, para a pestilência e para fome”(Jr 34:17). Além disso, Deus disse: “eu darei ordem [...] e os (babilônios) farei tornar a esta cidade [...] e pelejarão [...] a tomarão, e a queimarão”(Jr 34:22). Aqui vemos a clara indignação divina. Em vez dos babilônios, foi o próprio Deus quem liberou a espada para a destruição de Judá.
Um estudo das ações de Zedequias e do povo revela a pobreza moral de Judá nessa hora triste: (1) Os líderes da nação tinham quebrado uma aliança que fizeram voluntariamente e a ratificaram na casa de Deus; (2) Eles, consequentemente, profanaram o caráter de Deus, em cujo nome o juramento havia sido feito; (3) Eles eram indecisos e inconstantes na sua devoção a Deus; (4) Eles rapidamente se dobraram diante da lei da conveniência; (5) Seu arrependimento foi superficial, porque: (a) foi motivado pelo medo das conseqüências; (b) foi uma mudança de conduta sem uma verdadeira mudança de coração; (c) seus resultados foram superficiais e temporários.
CONCLUSÃO
Não resta dúvida que os profetas no Antigo Testamento foram incansáveis no afã de promover a justiça social ao povo de Israel. Entretanto, suas profecias, em muitas ocasiões, não foram bem recebidas pelos líderes que se desviaram das leis do Senhor. A consequência disso foi a deterioração do sistema política e social, com sequelas irreversíveis no padrão moral e espiritual do povo de Israel. Até hoje, o povo de Israel ainda sofre pelos erros cometidos no passado e por não darem créditos às profecias dos homens escolhidos por Deus, os profetas. Apesar de não terem sido ouvidos em sua geração, os seus ideais permanecem vívidos e influenciam a todos aqueles que, sem preconceito, procuram direcionamento nas suas realizações espiritual, bem como no orbe político e social. Todavia, a maior expectativa que o mundo pode ter com relação à prática governamental justa e equânime será, sem dúvida, no iminente governo milenial de nosso Senhor Jesus Cristo, o príncipe da Paz(Is 9:6).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia Ezequiel e Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.