INTRODUÇÃO
O ministério profético é uma das peculiaridades que Deus destinou a Seu povo, Israel. Nenhuma outra nação teve este privilégio. No Antigo Testamento o Profeta era uma figura de Jesus - era o intermediário entre Deus e os homens. Era o porta-voz de Deus. Hoje, aquela função de intermediário não é mais atribuição dos Profetas, pois “... há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem”(1Timóteo 2: 5). Esta verdade ficou bem patente no Monte da Transfiguração, onde num primeiro momento estavam Moisés e Elias, como representantes da Lei e dos Profetas, mas, num segundo momento, o Senhor Jesus estava sozinho, quando então os discípulos ouviram a voz do Pai, que dizia - “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo: escutai-o” (Mateus 17: 5).
Dentre os profetas, houve aqueles que escreveram as suas mensagens, os chamados profetas escritos. Dentre os profetas escritos, há aqueles cujos livros são bem volumosos, os chamados profetas maiores - quatro profetas compõem este grupo. Os demais livros proféticos, cujos volumes são curtos, constituídos de doze livros, que leva o nome dos respectivos profetas, são considerados profetas menores. Estes dezesseis profetas exerceram seus Ministérios num período de cerca de 450 anos. Depois de cerca de 400 anos de silêncio profético, aparece João Batista, o último dos profetas do Antigo Testamento, que encerra a sucessão profética iniciada por Moisés e Arão, e recebe a nobre incumbência de preparar o povo para receber o Messias e, também, apresentá-lo à nação de Israel(Lc 16:16; Mc 1:2; João 1:31). Era o fim de uma era e o início de outra para Israel e para todas as nações.
Afora os profetas escritores há, também, os considerados profetas “não canônicos”, também chamados de “profetas oradores” - são aqueles que profetizaram verbalmente e que não deixaram suas mensagens escritas. O primeiro que a Bíblia menciona foi Enoque - “E destes profetizou também Enoque...” (Judas 14); dentre estes a Bíblia cita Abraão (Gênesis 20: 7), Natã, Gade, Elias, Elizeu, Micaias, etc., etc.
Nesta aula, apresentaremos uma breve explanação acerca dos “profetas maiores” e “profetas menores” e, em seguida, um breve estudo do texto de Rm 9:25-29.
I. CLASSIFICAÇÃO DOS LIVROS PROFÉTICOS
Os livros proféticos ocupam 2/5 dos livros do Antigo Testamento, sendo divididos entre Profetas Maiores e Menores, de acordo com o volume dos seus escritos. Mas é bom ressaltar, que a importância de um profeta na história não pode ser medida por estas duas categorias. Elias e Eliseu, por exemplo, são profetas oradores, contudo, eles, com sucesso, resistiram aos vigorosos esforços de Acabe e Jezabel em substituir Yahweh por Baal como deidade 'oficial' de Israel (1Rs 16; 2Rs 10).
Agostinho (354-430 d.C), o grande filósofo e teólogo cristão, foi quem criou as expressões "profetas maiores" e "profetas menores", para designar os profetas cujos livros são mais volumosos e os demais livros, que são curtos, tão curtos que haviam sido reunidos na versão grega do Antigo Testamento (a Septuaginta) em apenas um livro, que foi chamado de "Dodecapropheton", ou seja, "Doze Profetas. O objetivo, certamente, não foi afirmar ser este, ou aquele, mais ou menos importante. Trata-se de uma divisão material e teórica, para fins didáticos.
1. Os Profetas Maiores. São quatro os Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. São cinco os Livros por eles escritos, visto que Jeremias escreveu dois. Eles são chamados de "maiores" por causa do volume do seu conteúdo literário. Os três mais volumosos são Isaías, Jeremias e Ezequiel.
2. Os Profetas Menores. São os doze os profetas menores:: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. A designação deve-se ao pequeno volume dos seus respectivos livros em comparação aos dos profetas maiores, e não quanto à qualidade da inspiração divina.
O nome dos livros leva o nome do seu autor, e é de destacar que os três últimos exerceram o seu ministério após o cativeiro da Babilônia. Todos estes profetas tiveram o seu ministério de 835 a 400 a.C., seguindo-se um período de silêncio de 400 anos, conhecido também por Período Interbíblico.
Oséias, cujo nome significa “Salvação”, profetiza sobre a condição do povo judeu, seu pecado, o juízo divino e a restauração de Israel. Deus ordenou ao profeta para casar com uma mulher de prostituições (Os 1.2), a fim de ilustrar a infidelidade espiritual do povo.
Joel, que significa “O Senhor é Deus”, é o profeta que prevê o derramamento do Espírito Santo (Jl 2.28), citado pelo Apóstolo Pedro no dia de Pentecostes (At 2.17-18).
Amós significa “carga”. O livro contém várias profecias contra as nações vizinhas de Israel, e termina com a promessa da restauração do remanescente e o seu regresso à Judá (Am 9.11). Obadias, que quer dizer “Servo de Jeová”, profetizou contra os Edomitas por eles se terem aliado aos Caldeus contra Judá. Este livro é o menor dos livros proféticos.
Jonas ou “pombo” é chamado por Deus para profetizar na cidade de Nínive, capital da Assíria, para que se arrependessem de seus pecados, mostrando assim a misericórdia divina para com todos os homens. Jesus faz menção direta sobre o profeta em um de seus ensinos (Mt 12.41).
Miquéias, que tem como significado: “Quem é semelhante a Jeová?”, prediz com exatidão a queda de Israel, assim como a de Judá. Miquéias também profetiza a cidade natal do Messias (Mq 5.2).
Naum, que tem por significado “consolo”, traz uma profecia de destruição para o império Assírio e de consolo para o povo de Deus, sabendo que Ele é soberano e que preserva a justiça no mundo.
Habacuque, que significa “Abraço ardente”, escreveu para ajudar o remanescente compreender os caminhos de Deus. Adverte ainda o povo que “o justo viverá pela fé” (Hc 2.4) e não pela razão ou entendimento humano.
Sofonias, que significa “O Senhor esconde”, traz a profecia ao povo para o Juízo divino — “o Grande Dia do Senhor” (Sf 1.14), ou ainda “o Dia da Ira” (Sf 1.15).
Ageu, cujo nome é “festivo” em hebraico, traz a palavra para o povo, para o governador Zorobabel, e para o sumo-sacerdote Josué; exortando-os a reedificarem o Templo, e priorizarem a obra de Deus nas suas vidas (Ag 2.18).
Zacarias, que significa “Jeová se lembrou”, contem dois tipos de profecia: Para os judeus, advertindo-os a perseverar na obra de Deus – reconstrução do Templo; e revelando as promessas futuras para o povo, os últimos dias de Israel e a vinda de Jesus em glória (Zc 14.2-4).
Malaquias, ou “mensageiro de Jeová”, tem seu ministério em mais um período de declínio espiritual do povo Judeu. A decadência e indiferença espiritual do povo era notória, apesar do Templo já estar reconstruído. Sendo assim, Malaquias, o último dos mensageiros da Velha Aliança, traz a profecia para o povo que à medida que a sua fé diminuía, se tornara indiferente à palavra, insensível à lei, e desobediente na contribuição para a obra (Ml 3.8).
3. A autoridade do ministério profético do Antigo Testamento na Nova Aliança. Conforme o texto base desta aula, Romanos 9:25-29, o apóstolo Paulo citou Oséias(pertencente ao grupo dos menores) e Isaias(pertencente ao grupo dos maiores). Não somente Paulo citou livros proféticos no Novo Testamento. Com exceção de Lamentações, Ezequiel, Obadias e Sofonias, que não são citados diretamente em o Novo Testamento, todos os demais livros são citados diretamente pelo Senhor Jesus e pelos seus apóstolos: Isaías é citado em Mateus 3:3; Menção de Jeremias em Mateus 16:14; 2:17; Menção de Daniel pelo Senhor Jesus Cristo – Mt 24:15; Jonas é mencionado por Jesus – Mt 12:39-41; O profeta Joel é mencionado em Atos – Atos 2:16. Depois do livro dos Salmos, Isaías é o mais citado em o Novo Testamento. Reconhece-se com isso a inspiração verbal e plenária pelo Espírito Santo, e a autoridade divina dos livros proféticos.
Um contraste: enquanto o povo caminha rapidamente para a apostasia, Deus Se revela de forma esplendorosa através destes servos de Deus. É, precisamente, o retrato dos últimos dias de nossa dispensação: ao lado da apostasia cada vez maior (cfr.Mt 24:10-12; 1Tm 4:1-3; 1João 2:18,19), o Espírito Santo está, como nunca, operando através da Igreja(Mt 24:14; 1Tm 4:6-16; 1Co 2:9-16; 1João 2:20-29).
II. OSEIAS - O PROFETA MENOR
Oséias é o primeiro dos livros dos chamados "Profetas Menores". Ele foi um Profeta do Reino do Norte, ou Reino de Israel. Ele exerceu seu Ministério entre 780 e 725 ou 722 a.C., ano em que Israel foi levado para o Cativeiro, na Assíria. No período em que Oséias profetizou, tem início o auge do ministério profético em Israel, precisamente a época dos "profetas canônicos" ou "profetas literários", que somente findaria, após o retorno do exílio, com Malaquias.
São profetas contemporâneos de Oséias: Isaías, que foi o maior revelador do Messias para o povo judeu, a ponto de seu livro ser chamado, pelos estudiosos da Bíblia, de "o evangelho do Antigo Testamento"; Miquéias, outro profeta que foi especialmente usado por Deus para revelar o Messias; Amós, que denunciou, ao lado de Oséias, o pecado no reino do norte (embora fosse do reino do sul).
O profeta Oséias foi levantado por Deus para profetizar à nação de Israel, no reino do Norte, num período de apostasia, rebeldia, incredulidade e afastamento de Deus. Aquele reino do norte durou duzentos e nove anos. Desde a morte de Salomão em 931 a.C., até 722 a.C., quando a Assíria levou aquele reino para o cativeiro. Nesse período houve dezenove reis, de oito diferentes dinastias e nenhum destes reis andou com Deus. Todos se desviaram e se afastaram de Deus.
Foi um tempo de apostasia religiosa, durante o qual as pessoas até iam ao Templo, mas não adoravam a Deus. Elas sacrificavam e faziam suas oferendas, entregavam fielmente as suas ofertas, tocavam suas músicas e celebravam as suas festas, mas não era a Deus que elas adoravam. O povo tinha se desviado de Deus.
A multiplicação da religião nos dias de hoje não significa que o povo está mais perto de Deus. Multiplicam-se os altares para as pessoas pecarem ainda mias. Era assim no passado e, lamentavelmente, é assim ainda hoje.
Deus enviou profetas e enviou mensageiros; Deus suscitou no meio do povo até mesmo filhos consagrados e nazireus. Mas a Bíblia diz que aos profetas eles perseguiram e aos nazireus eles desencaminharam. Deus falou muitas vezes, de muitas maneiras, aos pais pelos profetas(Hb 1:1), mas eles não quiseram de forma alguma ouvir a voz de Deus.
Então Deus levanta Oséias, não para falar ao povo, mas para demonstrar algo realmente importante ao povo. Deus fala agora com o povo não por palavras, mas fala por gestos, fala por atitudes, fala usando exemplo. Deus queria mostrar para o seu povo seu profundo amor por ele, a sua graça, a sua fidelidade, suas entranhadas misericórdias.
E o que Deus fez então? Deus chamou o profeta Oséias, que havia se casado com Gômer, uma mulher bonita, uma mulher inteligente, uma mulher amada, para representar o casamento de Deus com Israel. Oséias representaria Deus e Gômer representaria a nação de Israel.
Logo depois do casamento veio o primeiro filho, e Oséias coloca um nome muito estranho naquele menino, Jezreel(Os 1:4), que significa "chacina, massacre, holocausto, derramamento de sangue". Oséias pôs esse nome no seu filho para instruir ao povo de Israel que se ele não se arrependesse dos seus vis pecados e não se voltasse para Deus era isso que ia acontecer com Israel.
Gômer, novamente, fica grávida, mas a Bíblia não diz que esse segundo filho seja filho de Oséias. Possivelmente era alguém gerado na prostituição e quando Gômer dá a luz, é uma menina, e chama o nome daquela menina de Lo-Ruama(Os 1:6), que significa "Desfavorecida" ou “não é mais compadecida” ou “ela não recebe compaixão e amor”. Oséias pôs esse nome estranho na sua filha para instruir ao povo que Israel não terá mais o favor de Deus. Deus, em sua santidade, declara ter chegado a hora de cessar a sua longanimidade, e acionar a sua justiça. O juízo finalmente teria de vir contra o povo pecaminoso e rebelde. Israel tem se rebelado contra Deus, tem pecado contra Ele, tem endurecido a sua cerviz e não tem se curvado diante do Senhor. Por isso este povo não terá mais o favor de Deus e será levado para o cativeiro, e Deus não mais perdoará este povo.
Gômer prossegue agora na sua vida de infidelidade, de adultério, e quando ela fica grávida pela terceira vez, nem Oséias nem o povo têm dúvidas de que aquele terceiro filho não era de Oséias. Quando a criança nasce Oséias pôs o nome nele de Lo-Ami(Os 1:9), que significa “Não meu Povo”. Isso era uma mensagem para a nação de Israel: “Vocês não são mais o meu povo”. Vocês quebraram a minha aliança. Vocês não querem mais o meu jugo. Vocês não querem mais andar comigo em fidelidade. Vocês romperam comigo e agora vocês não são mais o meu povo. O povo do Reino do Norte já não poderia esperar que Deus o abençoasse e o livrasse de seus adversários. Oséias estava aprendendo, através de sua própria angústia, sobre como se achava o coração de Deus por causa dos pecados de seu povo.
Diz a Bíblia que quando Gômer desmamou seu filho Lo-Ami(Não meu Povo), ela foi embora de casa, mergulhando de cabeça na vida de imoralidade e foi viver com seus amantes. E ela tornou-se absoluta e declaradamente infiel ao seu marido. E aqui estava o retrato eloqüente e vivo da infidelidade do povo ao Deus que tanto o amara, o tirara com mão forte e poderosa da escravidão do Egito. Do Deus que sustentara esta nação milagrosamente no deserto. Daquele que provera os recursos necessários para a sua sobrevivência. O Deus que levantara profetas e lhes dera sua boa palavra e as suas ricas promessas. Mas este povo rebelde e desobediente não quis Deus, não quis escutar a voz de Deus. Nem quis receber a mensagem dos profetas de Deus. Este povo tornou-se como uma esposa infiel e adúltera.
Mas, apesar de tudo, Oséias continuou amando a sua mulher. Passado algum tempo, a situação de imoralidade e infidelidade de Gômer chegou a tal ponto que ela foi para o templo dos ídolos, para o templo pagão, para servir de sacerdotisa cultual, de prostituta cultual. Gômer caiu e foi ao fundo do poço, no fosso mais lamacento e sujo do pecado. Ela se prostituiu, se degradou, se arruinou física e moralmente. Ela era a esposa do profeta Oséias, e está agora mergulhada na lama mais suja, mais nojenta do pecado, da infidelidade, do adultério e da prostituição. Oséias foi desprezado, ele foi humilhado e publicamente pela infidelidade de sua mulher.
Diz a Palavra de Deus, que um dia em que Oséias caminhava pelas ruas de Samaria, foi surpreendido por um quadro que chocou violentamente seu coração. Ele olha e de repente vê a sua mulher, Gômer, sendo arrastada pelas ruas da cidade, como escrava, gasta, suja, quebrada, ferida, machucada, envelhecida, sem nenhum atrativo, e ela foi levada para o mercado, para um leilão de escravos. Quando Oséias olhou aquele quadro, se infiltrou rapidamente no meio da multidão, e foi para aquele grande leilão. Assim que as pessoas começaram as propostas para comprar Gômer como escrava, diz a Bíblia que Oséias dá o maior lance, e compra, então, a sua própria mulher.
Contudo, em vez de humilhá-la, em vez de torná-la uma escrava, ele a abraçou, recebeu-a com ternura e afeto e disse: Gômer, eu ainda amo você; você é importante para mim; quero receber você como minha amada; eu quero desposar você em justiça e em amor; quero levar você para mim e que a sua vida seja limpa e seja purificada.
E nesse momento, diz a Bíblia, que Oséias se volta para a nação e diz: Israel, é deste jeito que Deus o ama; é deste jeito que Deus o quer; é deste jeito que Deus está pronto para lhe perdoar. Oséias demonstra, assim, para nação de Israel, o grande amor que Deus tem para com ela e o seu grande desejo que esse povo se reconcilie com Ele. Apesar de Israel haver pecado, Deus restauraria o seu povo à condição de filhos. Ele reuniria as doze tribos para formar uma única nação sob um único líder. A promessa de reunificação anuncia o Messias vindouro (cf. Os 1:10,11).
A VOCAÇÃO DOS GENTIOS PREVISTA EM OSÉIAS
O livro de Oséias tem sua autoridade escriturística reconhecida pelo apóstolo Paulo, que vê neste livro prevista a vocação dos gentios como povo de Deus. No texto base desta aula, a saber, Romanos 9:25-26, o apóstolo Paulo cita dois versículos de Oséias para demonstrar que o chamado dos gentios não devia surpreender os judeus:
O primeiro é Oséias 2.23: “Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada”. Em Oséias, essas palavras se referem a Israel, e não aos gentios. Antevêem um tempo em que a nação de Israel será restaurada como povo de Deus e sua amada. Mas quando Paulo as cita aqui em Romanos, as aplica ao chamado dos gentios. A profecia contempla um fim glorioso para Israel: "[...] a Lo-Ami direi: Tu és meu povo!" (Os 2.23). Entretanto, Paulo aplica esta mensagem aos gentios que se convertem mediante o evangelho de Cristo: "Chamarei meu povo ao que não era meu povo" (Rm 9.25). Que direito o apóstolo tem de fazer uma mudança tão radical? O Espírito Santo que inspirou essas palavras quando foram escritas no Antigo Testamento tem o direito de reinterpretá-las ou reaplicá-las
O segundo versículo é Oséias 1:10: “E no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo”. Mais uma vez, no Antigo Testamento, esse versículo não se refere aos gentios, mas à futura restauração de Israel ao favor de Deus. No entanto, Paulo o aplica ao fato de Deus reconhecer os gentios como seus filhos. Temos aqui mais um exemplo da liberdade do Espírito Santo de citar versículos do Antigo Testamento no Novo Testamento e aplicá-los de maneira distinta do contexto original.
III. ISAÍAS - O PROFETA MAIOR
Isaias é o primeiro dos livros dos profetas maiores ou dos profetas posteriores, segundo a nomenclatura hebraica. A declaração de abertura do livro de Isaias: “Visão de Isaias, filho de Amós”(Is 1:1), identifica o profeta e revela a natureza da sua inspiração. O nome Isaias significa “o Deus eterno é Salvação”. Aqui, a palavra visão indica simplesmente “uma revelação divina” ou “uma visão de Deus a respeito de eventos futuros”. Essa visão envolvia Judá e Jerusalém. A visão de Isaias foi recebida durante os reinados de quatro dos grandes reis de Judá: Usias, Jotão, Acaz e Ezequias. Oséias, também, profetizou durante o reinado destes reis (Os 1:1).
1. Explanação apostólica (Rm 9:27). O profeta Isaías, preanunciando a destruição do Reino do Norte pelos assírios predisse que apesar da possibilidade de Israel se tornar uma nação extremamente numerosa, apenas uma minoria dos filhos de Israel seria salva (Is 10:22). O apóstolo Paulo aplica essa profecia de Isaías acerca do remanescente fiel aos judeus de sua geração, porque apenas uma minoria deles veio a crer em Jesus. Embora procurasse primeiro os judeus, apenas alguns aceitaram as Boas Novas.
O plano divino para a salvação do mundo sempre será levado a efeito pelo remanescente que realmente crê na Palavra e a obedece, e não por aqueles que meramente professam que creem (ver Rm 4:16; 9:27;11:5).
2. O cumprimento das promessas de Deus (Rm 9:28). Quando Isaias disse: “Porque o Senhor cumprirá a sua Palavra sobre a Terra, cabalmente e em breve (Is 10:23), estava se referindo à invasão de Israel pelos Assírios e ao exílio subseqüente do povo de Israel(as 10 tribos do Norte). O cumprimento dessa palavra é o julgamento a ser realizado por Deus. Ao fazer essa citação, Paulo está dizendo que tais experiências passadas de Israel poderia se repetir em seu tempo.
3. A graça de Deus prenunciada por Isaías (Rm 9:29). Neste versículo, Paulo cita o profeta Isaias, fazendo alusão ao capítulo 1:9 do seu livro. Como Isaias disse: “Se o Senhor dos Exércitos do céu não [...] tivesse deixado sobreviventes, Israel teria sido exterminado como Sodoma e [...] Gomorra”. O apóstolo Paulo está, com isso, advertindo os judeus a reconhecerem a graça de Deus e a converterem-se ao Senhor, a fim de serem salvos (Rm 3.9,23,30; Gl 3.22).
CONCLUSÂO
Embora sejam classificados em maiores e menores, os profetas do Antigo Testamento foram todos, de igual modo, inspirados verbal e plenariamente pelo Espírito Santo de Deus. Espiritualmente, só Deus pode avaliar a importância que cada um de seus Profetas representa no Reino de Deus. Moisés exerceu um Ministério, no deserto, por 40 anos. Escreveu, certamente, cinco Livros, totalizando 187 Capítulos. João Batista exerceu um curtíssimo Ministério, não deixou nada escrito. Porém, o Senhor Jesus, disse - “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista ...”(Mateus 11: 11). Isaías exerceu um Ministério Profético por cerca de sessenta anos; escreveu um Livro com 66 Capítulos. João Batista exerceu um curtíssimo Ministério e não deixou nada escrito, porém, o Senhor Jesus, disse: “... entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista ...”. João Batista foi o único que viu o que todos os Profetas desejaram ver - ele viu o Filho de Deus, encarnado. Não apenas viu, mas, tocou-O. Não apenas tocou-O, mas, batizou-O. João Batista foi escolhido, por Deus, para apresentar Seu Filho, ao mundo - “... Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”(João 1: 29). O nosso julgamento pessoal a respeito de um homem e a nossa avaliação sobre o trabalho desenvolvido por cada um, pode não corresponder ao pensamento e a avaliação feita por Deus. Só Deus pode mensurar a importância do nosso trabalho, para o Seu Reino.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia - Isaias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.